sábado, 9 de dezembro de 2017

LIÇÃO 11: ADOTADOS POR DEUS

 
SUBSÍDIO I

O CONCEITO BÍBLICO DE ADOÇÃO
No sentido bíblico, os seres humanos são criaturas de Deus, e não filhos. Para tornar-se filho de Deus, é preciso crer e receber o sacrifício de Cristo, que tem o poder de tornar a criatura em filho de Deus (Jo 1.12); assim, antes da salvação, todos são criaturas, depois se tornam filhos por adoção (Gl 4.5). Em seguida, passam a fazer parte da família de Deus e chamá-lo de Aba (paizinho) (Gl 4.6), numa relação filial amorosa e relacional íntima, onde todos os demais membros da família passam a chamá-los e considerá-los irmãos em Cristo (1 Ts 2.14). A possibilidade da adoção só é possível por causa de Cristo, em quem fomos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo (cf. Ef 1.5).
Os crentes são filhos de Deus por adoção. Isso significa que eles não são filhos de Deus por natureza, pois nem todos os seres humanos são filhos de Deus. Somente aqueles que possuem um relacionamento filial com Deus por meio de Cristo são filhos de Deus. Por meio dessa adoção, Deus coloca o pecador no estado de filho e passa a tratá-lo como filho. Em virtude de sua adoção, os crentes são inseridos na família de Deus e passam a ter direito a todos os privilégios da filiação. Por um lado, eles são adotados por Deus como filhos. Por outro, eles passam a comportarem-se como filhos de Deus. Paulo mostra-nos esses dois elementos da adoção funcionando lado a lado: “[...] Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gl 4.4-6). O Espírito de Cristo regenera-nos, e santifica-nos, e estimula-nos a dirigirmo-nos a Deus cheios de confiança, vendo-o como nosso Pai. Por isso, devemos assumir nossa relação filial com Deus e comportarmo-nos como seus filhos. 
Fazer parte de uma família, e, nesse caso, da família de Deus (Ef 2.19) traz inúmeros benefícios como, por exemplo, segurança, confiança e conhecimento imediato de pertencer a uma casa paterna. Casa lembra um lugar de refúgio, paz e descanso; portanto, num mundo conturbado em que vivemos, encontrar a casa do Pai é um grande alívio e também um antídoto contra perturbações, angústias e aflições que este mundo traz. Portanto, a possibilidade de chamar Deus de Pai é um privilégio ímpar, pois já não somos mais escravos, e sim filhos (cf. Gl 4.7).
Na Oração do Pai Nosso, Jesus deixou claro que a realidade de ser filho altera o relacionamento com Deus. Antes, as orações eram frias, repetitivas e enfatizavam apenas a grandeza de Deus. Ele, agora, importa-se também com as fraquezas e necessidade humanas. No seu ensino sobre a oração, Jesus enfatiza que Ele é o “teu Pai que vê em oculto”, que Ele recompensa seus filhos, que Ele conhece as necessidades antes de pedirmos, que podemos pedir pelo pão diário — ou seja, todas as necessidades básicas —, que Ele está pronto a perdoar nossos pecados e que Ele nos livra da tentação. Tudo isso mostra um Deus cheio de cuidados paternos que não poupa esforços em prol dos seus filhos.
O Espírito Santo testifica no íntimo de nossos corações, dizendo-nos que somos realmente filhos de Deus (Rm 8.16) porque fomos adotados por Deus e passamos a fazer parte de sua família e desfrutar do privilégio de sermos herdeiros (Tt 3.7). “E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” (Rm 8.17). Com a adoção, deixamos de ser escravos, sem herança nem direitos, e tornamo-nos filhos (Gl 4.7) com todos os privilégios da casa do Pai. A herança maior é incorruptível, incontaminável e imarcescível e está reservada nos céus para nós (1 Pe 1.4).
Chamar Deus de Pai ajuda a livrar a mente humana da perturbação às vezes presente em situações em que não se compreende corretamente a pessoa de Deus — isso é o que leva a pessoa a pensar que Ele é um Deus vingativo, irado e pronto a castigar. Essa imagem de Deus é extremamente maléfica e é vencida na compreensão da doutrina da adoção, que faz compreender que Ele nos tem concedido seu amor (1 Jo 3.1); que Ele entende cada um de nós, pois é “como um pai [que] se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece daqueles que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó” (Sl 103.13-14); toma todos os cuidados em nossas necessidades, pois “vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas” (Mt 6.32); Ele dá a nós bons presentes como gesto de amor, pois “se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mt 7.11); Ele concede-nos também seu Espírito Santo para confortar e consolar nas angústias (Lc 11.13).
Texto extraído do livro “A Obra de Salvação”, Editora CPAD, 2017.

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na aula de hoje estudaremos a respeito da adoção, inicialmente destacamos que Deus tem filhos por criação: os anjos; por posição: Cristo; e por adoção: os crentes. Destacaremos, nessa aula, a condição dos crentes, que em Cristo, e pelo Espírito, se tornaram filhos de Deus, e coerdeiros com Ele, das promessas divinas. Ao final, ressaltaremos que ser filho de Deus é, ao mesmo tempo, um privilégio, e uma responsabilidade.
                                                                                                       
1. O SIGNIFICADO BÍBLICO DE ADOÇÃO

O termo adoção, no grego do Novo Testamento, é huiothersia, comumente usado nas epístolas paulinas para se referir a adoção divina dos seus filhos em Cristo Jesus. Isso porque Cristo é o filho posicional de Deus, enquanto que os crentes foram feitos filhos de Deus em Cristo (Rm. 9.4). Nesse contexto, Paulo lembra que o povo judeu foi adotado por Deus como filho, ainda nos tempos do Antigo Testamento (Ex. 4.22). Mas nos dias atuais, a adoção ocorre por meio de Jesus Cristo (Gl. 4.5; Ef. 1.5), pelo poder do Espírito Santo (Rm. 8.15), ainda que, estamos aguardando, com expectação a plenitude da nossa adoção (Rm. 8.23), quando nos tornaremos participantes das promessas divinas, por ocasião da volta de Jesus, para arrebatar os Seus (I Ts. 4.13-17). O conceito de adoção – ainda que não esteja explicitado – pode ser identificado também nos escritos joaninos, no Evangelho que traz seu nome, destaca que: a todos quantos receberem Jesus, ou seja, que acreditam em Seu nome, receberam também o direito de serem chamados filhos de Deus (Jo. 1.12). Em I Jo. 3.1-2, aprendemos que somos filhos de Deus, e que ainda não é manifestado o que seremos, mas quando Jesus retornar, seremos semelhantes a Ele, em glorificação. A huiothersia é uma doutrina basilar para a fé cristã, pois nos coloca em uma nova posição diante de Deus.

2. A DOUTRINA BÍBLICA DA ADOÇÃO

A adoção era uma prática comum entre os gregos e os romanos, se não houvesse um filho na família, o marido poderia adotar um filho, qual seria concedida uma herança. Quando uma criança era adotada, o pai natural perderia todo direito sobre ela, sendo esse assumido pelo pai que a adotava. É a partir dessa realidade que Paulo assume que os crentes se tornaram filhos de Deus em Cristo (Gl. 4.7). Por conseguinte, temos a promessa de uma herança, que é incorruptível e imaculada (Rm. 8.15-17; Gl. 4.5-7). Essa adoção é um ato voluntário do Pai, que exerceu Sua soberania, ao nos fazer Seus filhos (Ef. 1.5). Por esse motivo, carregamos em nós o nome dAquele que nos adotou, de modo a poder chama-lo de “aba”, papaizinho (Rm. 8.15). De modo a ter prerrogativas não mais de servo, ou de escravo, mas de filho, recebendo a compaixão e o cuidado do Pai Celestial (Ef. 1.3-6). Na dimensão escatológica, toda criação será beneficiada dessa filiação, na medida em que o adotado recebe a libertação de seu corpo de decadência e morte (Rm. 8.23), passando esse pelo processo de glorificação, semelhante ao corpo glorificado de Cristo. Desse modo, sabemos que a adoção já se completou, podemos ser chamados filhos de Deus, mas ainda não recebemos tudo que o Senhor nos prometeu, devemos aguardar com expectativa até aquele dia, quando o que é mortal será revestido da imortalidade.

3. ADOTADOS POR DEUS, FILHOS DE DEUS

Ser filho de Deus é um privilégio, ao mesmo tempo em que é também uma responsabilidade. A huithersia divina nos dá segurança, pois podemos confiar no Pai, a quem podemos orar com confiança, com certeza que Ele nos ouve (Hb. 4.15; I Jo. 5.14). Essa condição também nos favorece autoridade, pois deixamos de ser meros escravos, pois na casa de Aba, fomos aceitos como filhos amados, o que nos conferiu um status diferenciado (Rm. 8.14,15). Isso também nos traz intimidade com o Pai, pois podemos clamar Aba, justamente a maneira que Jesus nos ensinou a orar, ressaltando a proximidade que temos com nosso Pai Celestial (Mt. 6.7,8). E como filhos de Deus, fomos feitos herdeiros, um futuro glorioso nos aguarda, somos participantes das riquezas celestiais em Cristo (Ef. 1.3). Como filhos de Deus, também somos disciplinados por Ele, pois o Pai corrige a filho que ama (Hb. 12.9-10), por isso não estamos isentos de sofrimentos (Rm. 8.17). Muito pelo contrário, sofrer por Cristo deve ser um privilégio para todo filho de Deus, é uma demonstração de que fazemos parre da família dEle. Os sofrimentos, nesse contexto, servem para que amadureçamos, e nos tornemos cada vez mais parecidos com Cristo (Rm. 8.29), por isso passamos por perseguições (At. 5.41; I Pe. 4.13).

CONCLUSÃO

Muitas pessoas se gloriam do fato de serem filhos de celebridades, pessoas que são conhecidas no mundo artístico, e principalmente no contexto político. Nós temos um privilégio ainda maior, podemos ser chamados filhos de Deus, dAquele que é o Criador de todas as coisas. Essa posição, no entanto, exige responsabilidade, a de que tenhamos as características espirituais do nosso Pai Celestial, que sejamos cada vez mais parecidos com Ele.


Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

A adoção espiritual é uma bênção proveniente da obra salvífica de Cristo Jesus. Isso significa que deixamos a condição de criaturas, servos e servas do pecado, para viver a condição de filhos libertos que desfrutam dos privilégios da obra de salvação. Embora usufruamos das inumeráveis bênçãos dessa condição atualmente, temos a esperança de, num futuro bem próximo, desfrutarmos da adoção plena e gloriosa nos céus. [Comentário: Convém distinguir a adoção da “regeneração, que tem a ver com nossa vida espiritual interior. A justificação tem a ver com nossa posição diante da lei de Deus. Mas a adoção tem a ver com nossa comunhão com Deus como nosso Pai, e, por causa da adoção, são-nos dadas muitas das maiores bênçãos, das quais nos lembraremos por toda a eternidade.” (GRUDEM, 1999, p. 618.). A adoção é um dos resultados da morte de Cristo, onde passamos de criaturas de Deus e servos do pecado para a condição de filhos libertos, desfrutando de todos os privilégios que essa posição traz no presente e também no futuro quando desfrutaremos a adoção plena em glória. “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele” (1 Jo 3.1).]

I. CONCEITO BÍBLICO DE ADOÇÃO
                                
1. Conceito bíblico e teológico. No sentido bíblico, o ser humano caído em pecado é uma criatura e não filho de Deus. Para se tornar filho de Deus é preciso crer no sacrifício vicário de Cristo para então ser recebido pelo Pai como filho por adoção (Jo 1.12; Gl 4.5). Assim, é possível fazer parte da família de Deus, desfrutando de uma relação terna e amorosa cuja expressão mais peculiar para descrevê-la é Aba (paizinho), Pai (Gl 4.6). É um privilégio ser membro de uma família em que todos passam a chamar e a considerar uns aos outros, irmãos em Cristo (1Ts 2.14). Toda essa bênção só é possível porque fomos feitos “filhos de adoção por Jesus Cristo” (Ef 1.5). [Comentário: Os crentes são filhos de Deus por adoção. Isso significa que eles não são filhos de Deus por natureza, pois nem todos os seres humanos são filhos de Deus. Somente aqueles que possuem um relacionamento filial com Deus por meio de Cristo são filhos de Deus. Por meio dessa adoção, Deus coloca o pecador no estado de filho e passa a tratá-lo como filho. Em virtude de sua adoção, os crentes são inseridos na família de Deus e passam a ter direito a todos os privilégios da filiação. Por um lado, eles são adotados por Deus como filhos. Por outro, eles passam a comportarem-se como filhos de Deus. Paulo mostra-nos esses dois elementos da adoção funcionando lado a lado: “[...] Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gl 4.4-6). O Espírito de Cristo regenera-nos, e santifica-nos, e estimula-nos a dirigirmo-nos a Deus cheios de confiança, vendo-o como nosso Pai. Por isso, devemos assumir nossa relação filial com Deus e comportarmo-nos como seus filhos.]
2. Benefícios da adoção. Fazer parte de uma família, e nesse caso da família de Deus (Ef 2.19), traz inúmeros benefícios: segurança, confiança e sentido de pertencimento a uma casa eterna. Este termo lembra um lugar de refúgio, paz e descanso. Nesse sentido, num mundo conturbado em que vivemos, encontrar a casa do Pai é um grande alívio e um antídoto contra as perturbações, angústias e aflições nos dias atuais. Além disso, a adoção divina nos tira o senso de inferioridade que o pecado carrega, nos coloca num lugar elevado, tirando-nos “da potestade das trevas” e transportando-nos “para o Reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13). [Comentário: Na Oração do Pai Nosso, Jesus deixou claro que a realidade de ser filho altera o relacionamento com Deus. Antes, as orações eram frias, repetitivas e enfatizavam apenas a grandeza de Deus. Ele, agora, importa-se também com as fraquezas e necessidade humanas. No seu ensino sobre a oração, Jesus enfatiza que Ele é o “teu Pai que vê em oculto”, que Ele recompensa seus filhos, que Ele conhece as necessidades antes de pedirmos, que podemos pedir pelo pão diário — ou seja, todas as necessidades básicas —, que Ele está pronto a perdoar nossos pecados e que Ele nos livra da tentação. Tudo isso mostra um Deus cheio de cuidados paternos que não poupa esforços em prol dos seus filhos.
3. Herdeiros da promessa. O Espírito Santo testifica ao nosso coração que somos filhos de Deus (Rm 8.16). Somos filhos porque fomos adotados pelo Pai, passamos a fazer parte de sua família e a desfrutar do privilégio de sermos os seus herdeiros (Tt 3.7; Rm 8.17). Por meio da adoção divina, deixamos de ser escravos, sem herança nem direito, para nos tornarmos filhos portadores de todos os privilégios da casa do Pai (Gl 4.7). Logo, temos uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível que está reservada nos céus para nós (1Pe 1.4). [Comentário: Chamar Deus de Pai ajuda a livrar a mente humana da perturbação às vezes presente em situações em que não se compreende corretamente a pessoa de Deus — isso é o que leva a pessoa a pensar que Ele é um Deus vingativo, irado e pronto a castigar. Essa imagem de Deus é extremamente maléfica e é vencida na compreensão da doutrina da adoção, que faz compreender que Ele nos tem concedido seu amor (1 Jo 3.1); que Ele entende cada um de nós, pois é “como um pai [que] se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó” (Sl 103.13-14); toma todos os cuidados em nossas necessidades, pois “vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas” (Mt 6.32); Ele dá a nós bons presentes como gesto de amor, pois “se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mt 7.11); Ele concede-nos também seu Espírito Santo para confortar e consolar nas angústias (Lc 11.13).]

SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO
                               
Adoção
“Huiothesia, formado de huios, ‘filho’ e thesis, ‘posição’ cognato de tithemi, ‘pôr’, significa o lugar e condição de filho dados àquele a quem não lhe pertence por natureza. A palavra só é usada pelo apóstolo Paulo.
Em Romanos 8.15, é dito que os crentes receberam ‘o espírito de adoção’, quer dizer, o Espírito Santo que, dado como as primícias, os primeiros frutos de tudo o que será dos crentes, produz neles a realização da filiação e a atitude pertencente a filhos. Em Gálatas 4.5, é dito que eles receberam ‘adoção de filhos’, ou seja, a filiação dada em distinção de uma relação que é meramente consequentemente no nascimento; aqui dois contrastes são apresentados: (1) entre a filiação do crente e a não originada filiação de Cristo; (2) entre a liberdade desfrutada pelo crente e a escravidão, quer da condição natural pagã, quer de Israel sob a lei” (Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e Novo Testamento. 14ª Edição. RJ: CPAD, 2011, p.374).

II. A ADOÇÃO NO TEMPO PRESENTE

1. Parecidos com o Pai. O apóstolo João afirma que há uma esperança dos que são chamados filhos de Deus (1Jo 3.3): “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1Jo 3.2). Aguardamos solenemente por esse dia. Entretanto, portamos a imagem de Deus hoje (Gn 1.26) e, uma vez em Cristo, essa imagem é potencializada pela manifestação do amor de Deus em nós (Ef 5.1,2; Jo 14.21 ), porque Deus é amor (1Jo 4.8). Quem é filho de Deus tem o “DNA” do Pai impregnado nele. Em Cristo, somos filhos do mesmo Pai (Is 64.8; Jo 14.20) e, por isso, temos a garantia da filiação eterna para sermos livres da condenação do pecado. [Comentário: Agora, o assombro da culpa do pecado, das angústias da perdição eterna e a insignificância de ser escravo do pecado não perturbam mais (Ef 6.23). E, na comunhão do Pai, podemos morrer gradualmente para nossas ilusões de poder e controle, que fatalmente nos afastam do Pai, e podemos dar ouvidos à voz de amor paterno escondida no centro de nosso ser que nos chama para seus braços.]
2. Ser amado pelo Pai. O processo de adoção pelo qual passamos ao aceitar a obra de salvação de Cristo é a prova do grande amor de Deus por nós, os seus filhos (1Jo 3.1). Assim, a culpa do pecado, as angústias do medo da perdição eterna e a escravidão do pecado não nos afrontam mais, pois em Cristo, não há mais condenação (Rm 8.1). Aqui, podemos compreender exatamente o que o apóstolo João quis dizer, quando maravilhado, afirmou: “nós o amamos porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19). [Comentário:  Os amados do Pai são guiados pelo Espírito de Deus (Rm 8.14) e mortificam a carne com seus apetites desordenados porque neles habita a vida do Espírito de Deus (Rm 8.13). Eles manifestam sua aversão ao mundo e aos valores do mundo porque retribuem o amor do Pai amando da mesma forma (1 Jo 2.15). Portanto, há um antagonismo claro entre amar o Pai e amar o mundo, pois o filho de Deus não pode ter um coração dividido. Para permanecer em seu amor, é preciso guardar os seus mandamentos, que sempre serão contrários aos do mundo (Jo 15.10).]
3. Os direitos e os deveres na adoção. Por intermédio da adoção espiritual, os filhos de Deus têm alguns direitos espirituais: foram legitimamente enxertados na Boa Oliveira, que é Cristo (Rm 11.17); passarão a ter um novo nome (Ap 2.17); passaram a fazer parte de uma nova família (Ef 2.19); foram emancipados da lei que gera morte (Gl 3.25); todos os povos e raças, desde que tenham aceitado a Cristo, tornam-se filhos de Deus sem distinção (Gl 3.28). Mas da mesma forma que temos direitos, também temos deveres espirituais: apartar-se do mundo e do que é imundo (2Co 6.17,18; Ap 21.7); praticar a justiça e amar o irmão (1Jo 3.10); buscar a perfeição do Pai (Mt 5.48); amar os inimigos, bendizer os que maldizem, fazer o bem aos que nos odeiam e orar pelos que nos maltratam e perseguem (Mt 5.44); e glorificar a Deus por meio de todos esses deveres espirituais (Mt 5.16). [Comentário:  Como filhos, temos o grande privilégio de fazermos parte da família de Deus. Dessa forma, desfrutamos da comunhão com nossa grande família de irmãos, que mutuamente se cuidam e se nutrem espiritualmente, formando a comunidade do Espírito, que se torna um sinal gracioso da presença, já neste mundo, do Reino vindouro de Deus, quando o amor será a marca mais
evidente deste Reino. A comunhão dos irmãos permite que nossa verdadeira identidade de filhos seja sempre de novo reafirmada e também que a tentação de distanciar-se de Deus seja impedida através do cuidado dos irmãos, renovando a voz interior de que somos filhos amados do Pai, lugar onde nossa verdadeira identidade está ancorada. A compreensão dessa realidade evita a destrutiva competição entre os irmãos e encoraja a todos para cooperarem uns com os outros e contribuírem assim para amenizar a dor e o sofrimento de um mundo tomado pela avareza, individualidade, consumismo e ignorância relacional. A Bíblia afirma que aqueles que agem contrariamente ao comportamento de filhos de Deus em relação a seus irmãos são “filhos do diabo” (1 Jo 3.10).]

SUBSÍDIO LÉXICO

“A ‘adoção’ é um termo que envolve a dignidade da relação de crentes como filhos; não é um colocar na família por meio do nascimento espiritual, mas um colocar na posição de filhos. Em Romanos 8.23, a ‘adoção’ do crente é algo que ainda ocorre no futuro, visto que incluiu a redenção do corpo, quando a vida será transformada e aqueles que dormiram serão ressuscitados. Em Romanos 9.4, a ‘adoção’ é pertencente a Israel, conforme declaração em Êxodo 4.22; ‘Israel é meu Filho’ (cf. Os 11.1). Israel foi colocado numa relação especial com Deus, uma relação coletiva, não desfrutada por outras nações (Dt 14.1; Jr 31.9, etc.)” (Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e Novo Testamento. 14ª Edição. RJ: CPAD, 2011, p.374).

III. A ADOÇÃO PLENA NO FUTURO

1. Filhos eternos. Embora desfrutemos, aqui na Terra, dos benefícios da adoção espiritual, a alegria plena dessa realidade se dará somente quando da manifestação plena e literal de Jesus Cristo, na ocasião da sua gloriosa vinda. Quando essa gloriosa realidade celestial ocorrer, então, teremos acesso à “incorruptível coroa de glória” prometida pelas Escrituras Sagradas (1Pe 5.4). É verdade que há uma luta interna nos filhos de Deus quanto a essa esperança, conforme escreve o apóstolo Paulo: “nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23). Mas prevalece a esperança de que, no céu, a nossa redenção será completa, perfeita e plena, em que o que é mortal será absorvido pela vida (2Co 5.4). Um dia, assim como Cristo foi glorificado, nós o seremos. Uma realidade que não se pode comparar com as aflições deste mundo (Rm 8.18). Bendita esperança! [Comentário: Como filhos de Deus, podemos viver num mundo que proporciona tanto alegria quanto sofrimento, em que estamos sujeitos a receber tanto elogios quanto reprovação, mas tudo isso pode ser visto como uma oportunidade de afirmarmos nossa identidade básica de filhos, pois essa identidade está ancorada em Deus, transcendendo todo louvor ou condenação que se possa receber.]
2. Esperando a adoção completa. Embora estejamos adotados na família de Deus (1Jo 3.1), só conheceremos a plenitude do que realmente isso significa quando o Senhor nos ressuscitar dentre os mortos (1Ts 4.17). Então, receberemos a herança completa do Pai Celestial e viveremos eternamente em sua maravilhosa presença. [Comentário: Nossa adoção futura prevê que teremos uma grande herança nos céus. É nessa entrada nos céus que seremos herdeiros de todas as coisas conquistadas por Cristo na cruz e teremos acesso à “uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a salvação já prestes para se revelar no último tempo” (1 Pe 1.4-5).
3. A casa do pai. Uma vez filhos de Deus, somos peregrinos em terra estranha (1Pe 2.11), por isso experimentamos os infortúnios e as dores do tempo presente (Rm 8.22,23). “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20). Ansiamos pelo momento em que adentraremos à casa do Pai Eterno, e habitaremos com Ele eternamente. Ali, nossa relação com o Pai não se dará provisoriamente, mas num tempo ininterrupto, em que estaremos para sempre diante de sua santa presença (Ap 22.3-5). [Comentário: Por causa do que ainda nos espera de herança como filhos, Paulo afirmou que “nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23). Essa redenção, embora precária aqui na terra, será completa, perfeita e plena no céu. Queremos que “o mortal seja absorvido pela vida.” (2 Co 5.4). Assim como Cristo foi glorificado, nós também o seremos; assim sendo, essa glorificação é incomparável em relação às aflições que aqui passamos (Rm 8.15-18). Que bendita esperança!]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A ‘adoção’, um termo jurídico, é o ato da graça soberana mediante o qual Deus concede a todos os direitos, privilégios e obrigações da filiação àqueles que aceitam Jesus Cristo. Embora o termo não apareça no Antigo Testamento, a ideia se acha ali (Pv 17.2). A palavra grega huiothesia, aparece cinco vezes no Novo Testamento, somente nos escritos de Paulo e sempre no sentido religioso. Ressalve-se que, ao sermos feitos filhos de Deus, não nos tornamos divinos. A divindade pertence ao único Deus verdadeiro.
A doutrina da adoção, no Novo Testamento, leva-nos, desde a eternidade passada e através do presente, até a eternidade futura (se for apropriada semelhante expressão). Paulo diz que Deus ‘nos elegeu nele [em Cristo] antes da fundação do mundo’ e ‘nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo’ (Ef 1.4,5). Diz também, a respeito de nossa experiência presente: ‘Porque não recebeste o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebeste o espírito de adoção de filhos [huiothesia], pelo qual clamamos [em nosso próprio idioma]: Aba [aramaico: Pai], Pai [gr. ho pater]’ (Rm 8.15). Somos plenamente filhos, embora ainda não sejamos totalmente maduros. Mas, no futuro, ao deixarmos de lado a mortalidade, receberemos ‘a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo’ (Rm 8.23). A adoção é uma realidade presente, mas será plenamente realizada na ressurreição dentre os mortos. Deus nos concede privilégios de família mediante a obra salvífica do seu Filho incomparável, daquEle que não se envergonha de nos chamar irmãos” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.374).

CONCLUSÃO

A doutrina da adoção nos mostra que somos filhos de Deus e que um dia fomos aceitos por Ele por causa do seu grande amor. Foi a obra de Cristo na cruz que tornou esse processo de adoção possível. Agora, nos tornamos herdeiros de todas as coisas juntamente com Cristo Jesus.
Firmados na doutrina gloriosa da adoção, podemos nos sentir amados e cuidados por Deus, em Cristo Jesus, pois somos objetos do seu inefável amor. 
 [Comentário: Todos aqueles que aceitam a Cristo como seu Salvador são elevados, de uma posição abaixo dos anjos, para serem herdeiros dos céus. Tudo isso é possível por causa da provisão da “reconciliação” que Cristo efetuou, ao consumar a obra da salvação. Embora o homem estivesse alienado de Deus, sem esperança da vida eterna, mediante a provisão de Cristo, este homem passa de “inimigo de Deus”, “a filho de Deus”. “Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.10). O homem no pecado encontrava-se separado, inimigos de Deus. Mas pelo Seu imensurável amor somos reconciliados através da fé no sacrifício de Jesus.]

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