SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
A aula de hoje
destaca o processo da salvação, com destaque para as doutrinas da justificação,
santificação e o novo nascimento. É importante destacar que o novo nascimento,
ou mais propriamente, o nascimento de cima, é condicional para que se possa ver
o reino de Deus. E mais, ao ser regenerado, o ser humano é justificado,
declarado justo perante Deus, é o que também estudaremos na aula de hoje. É
preciso, também, viver em santificação, cooperando com o Espírito para que esse
produza Seu fruto em nós.
1. JUSTIFICAÇÃO
Em hebraico, o
verbo justificar é sadaq, que ocorre cerca de quarenta vezes no Antigo
Testamento, e significa “declarar justo”. Em relação aos seres humanos, diz
respeito à afirmação ou declaração de um comportamento correto. Esse é o verbo
usado por Judá em referência a sua cunhada em Gn. 38.26. Mas esse termo também
é utilizado para se referir à prática religiosa de tentar justificar a si
mesmo. A respeito dessa tentativa, identificamos, na narrativa de Jó, o desejo
humano de ser aceito perante Deus através dos seus atos (Jo. 4.17; 15.14; 25.4).
A sadaq, muito desejada na Antiga Aliança, é alcançada plenamente por um ato
divino, sendo expressa nitidamente no Novo Testamento. Nesta parte da Bíblia
encontramos a palavra grega dikaiosis, proveniente do verbo dikaioõ, que
significa justificar. Apesar da sua pouca utilização neotestamentária, por ser
encontrada predominantemente na Epístola de Paulo aos Romanos, a doutrina da
justificação é de capital relevância para a doutrina cristã. Em Rm. 4.25, a
dikaiosis está relacionada à ressurreição de Cristo, juntamente com Sua morte,
que é o fundamento da justificação. Em virtude da morte e ressurreição de
Cristo, pecadores culpados, quando creem em Sua morte e ressurreição, passam a
ser declarados justos por Deus. É por esse motivo que, de acordo com Rm. 5.18,
a dikaiosis, cujo fundamento é a morte e ressurreição de Cristo, funciona como
antídoto contra a condenação eterna, repassada através das gerações, desde
Adão. O termo dikaioma, que se encontra em Rm. 5.18, reforça o
ensinamento bíblico que a dikaiosis se trata de um dom gratuito (Rm. 6.23). O
fundamento para a justificação não está nas obras, mas na fé no sangue de
Cristo (Rm. 5.9). Paulo recorre à tipificação de Abraão como um exemplo de
pecador justificado perante Deus, que não dependeu dos méritos humanos. O
patriarca hebreu, tendo crido no Senhor, encontrou a sadaq/dikaiosis divina
(Rm. 4.2).
2. SANTIFICAÇÃO
A santificação é
importante porque o próprio Deus é santo – qodesh – tanto em caráter quanto em
poder. Pelo fato dEle ser Santo, todos aqueles que exerciam funções sacerdotais
deveriam também ser santos (Lv. 19.2). O termo hebraico qadosh, geralmente
traduzido por santo – é atribuído a YHWH em diversos textos, com muita
frequência no livro do profeta Isaias (Is. 1.4; 5.19,24; 10.20; 12.6; 17.7;
29.19; 30.11, 12, 15). A santidade de Deus é intrínseca, isto é, é da Sua
natureza, e, ao mesmo tempo, o padrão de santidade (Lv. 19.2). Sendo Deus
qadosh, Ele está livre de imperfeições morais e das fraquezas comuns aos seres
humanos (Os. 11.9). Por conseguinte, é fiel para cumprir as Suas promessas (Sl.
22.3-5), por essa razão temos motivo para confiar nos Seus cuidados (Hc. 1.12).
A santidade de Deus também é o fundamento para não nos prostrarmos perante
outros deuses (Js. 24.19). Israel, como povo da aliança, foi separado por Deus
para servi-LO, devendo, portanto, viver em qodesh. O povo de Deus deveria viver
na esfera do sagrado, em seus espaços (o templo), tempo (festas), objetos
(utensílios e alimentos) e pessoas (sacerdotes e sumo-sacerdotes). Mas esse
princípio deixou de estar atrelado a essas circunstâncias na revelação bíblica
do Novo Testamento. A santificação deixa de ser um ritual e passar a ter um
caráter profético, o sagrado não está mais sobre as coisas e lugares, mas na
manifestação do Espírito Santo. A santificação – hagiasmos em grego – ainda que
tenha um sentido moral, está mais associada a um fruto que redunda em vida
eterna (Rm. 6.19-22). Por isso é preciso cautela para não confundir a hagiasmos
de Deus com as hosios humanas. Esta última diz respeito às imposições
religiosas que não poucas vezes são confundidas com a verdadeira santificação.
A santificação genuína é tanto um processo quanto uma condição, então, os
salvos por Cristo são, ao mesmo tempo, chamados de santos – hagios (Rm. 1.7; I
Co. 1.2) e a ser santos, através do Espírito (Rm. 8.14; 12.1). A hagiasmos
produzida pelo e com o Espírito Santo naquele que crê é manifestada no amor a
todos os santos (Ef. 1.15). Sendo assim, a santificação é algo que acontece de
dentro para fora, não de fora para dentro. A qodesh/hagiasmos não está
intrinsecamente relacionada a ritos exteriores. Antes a uma operação divina,
resultante do relacionamento do crente com Cristo (I Co. 1.30) e com o Espírito
Santo (II Ts. 2.13; I Pe. 1.2). Jesus continua sendo o maior exemplo de
santidade, Ele é o hagios de Deus (Mc. 1.24; Lc. 1.35; Ap. 3.7).
3. NOVO NASCIMENTO
Nicodemos, pelo
que sabemos do Evangelho, era um fariseu, um membro dessa religião, sendo
membro do sinédrio (Jo. 7.50). A fim de se preservar dos críticos, esse homem
decidiu se aproximar de Jesus, mas o fez a noite, para não ser identificado. Ao
que tudo indica, era uma pessoa de boa índole, extremamente religioso, e como a
maioria dos fariseus, moralista. Os fariseus era um grupo separatista dentro do
judaísmo, que buscava agradar a Deus através dos rituais religiosos (At. 26.5;
Gl. 1.14; Fp 3.5). O problema dessa religião, como todas as demais, é a
tentativa de autojustificação perante Deus. Mas conforme já destacamos em aulas
anteriores, o salário do pecado é a morte (Rm. 6.23), e ninguém pode se
justificar através de méritos próprios (Ef. 2.8,9). Nicodemos ficou bastante
perplexo com a declaração de Jesus, de que era necessário nascer de novo, pois
ele acreditava que sua religião era suficiente. A religião acomoda o ser
humana, tira-lhe a responsabilidade, isenta-o da preocupação com o outro. A
maioria das pessoas religiosas se fiam em seus preceitos, e acham que agradarão
a Deus simplesmente pelo que fazem, ou deixam de fazer. Nicodemos reconheceu
que os sinais que Jesus realizava eram provenientes de Deus, mas Jesus não se
deixou levar pelo elogio, antes o advertiu quanto a necessidade premente do
novo nascimento. A religião é uma torre de Babel, não passa de uma construção
meramente, incapaz de levar o homem a Deus. Como o ser humano é incapaz de
salvar a si mesmo, necessita passar pela experiência do novo nascimento. Jesus
foi enfático a esse respeito: “aquele que não nascer de novo não pode ver o
Reino de Deus” (Jo. 3.3). Esse novo nascimento é diferente do nascimento na
carne, pois todas pessoas nasceram do ventre de uma mãe. Mas o novo nascimento
é de natureza sobrenatural, na verdade, é espiritual, e procede do Pai. É uma
obra do Espírito Santo, que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo
(Jo.3.5;16.8). Essa experiência também é denominada de regeneração, pois
acontece quando somos gerados de novo pela palavra de Deus (I Pe. 1.23). O
termo “novo”, no grego neotestamentário, é anothen, pode ser mais precisamente
traduzido por “de cima”. Essa ideia faz oposição ao nascimento biológico,
assegurando que é uma obra divina, pela agência do Espírito Santo, pois o vento
sopra, através da Palavra. Ainda que as pessoas sejam boas, tais como Nicodemos
e tantos outros moralistas, fato é que todos precisam nascer de cima. As boas
ações não podem salvar as pessoas, para efeito salvífico, não têm qualquer
valore (Is. 41.29). Não podemos esquecer que “todos pecaram” (Rm. 3.23), por
conseguinte, todos precisam nascer de cima. Esse nascimento traz implicações
éticas para a vida daquele que passou por essa experiência, isso porque passa a
ser nascida de Deus (I Jo. 2.29), e é identificada como nova criatura (II Co.
5.17).
CONCLUSÃO
A religião, ainda
que bem-intencionada, é incapaz de salvar o homem. O pecado distancia-o do Seu
criador, e o reduz a uma condição desumana (Rm. 3.23). Por causa disso, Deus
providenciou um plano para salvar os pecadores, através do sacrifício de Cristo
na cruz do calvário (Jo. 3.16; Rm. 6.23). Quando o pecador crer em Cristo, e
tem um encontro pessoal com Ele, passa pelo processo da regeneração, e nasce de
novo, ou melhor, de cima. O processo da salvação, portanto envolve, a
justificação, santificação, mas tudo tem início pelo novo nascimento.
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O processo de
salvação na vida do crente se dá em três aspectos: na justificação outorgada
por Deus; na regeneração operada pelo Espírito Santo; na santificação como
consequência de uma vida com Cristo. Todo esse processo é alcançado pela fé na
crucificação, morte e ressurreição de Cristo Jesus, nosso Senhor. [Comentário: A doutrina bíblica da
“salvação” (Gr. sotēria) refere-se à ampla gama da atividade de Deus em salvar
pessoas da rebelião e restaurá-las para que tenham um relacionamento bom e
correto com ele. Devido a este sentido amplo, o termo “salvação” e o verbo
“salvar” são usados na Bíblia com sentido de passado, presente e futuro.
Assim, estudaremos a respeito dos três aspectos da salvação: justificação, regeneração
e santificação. É um erro comum entre muitos pensar sobre a
salvação somente em termos da experiência de fé. Mas a Palavra de Deus nunca
limita a salvação a um tempo, a um lugar ou a uma experiência. Quando Paulo
escreve, “porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio
cremos” (Rm 13.11), ele está claramente falando da salvação como um
processo contínuo de graça. É um processo de graça que começou na eternidade
passada, antes do começo do tempo, que é experimentado pela fé em Cristo no
tempo, e que será consumado na eternidade porvir, quando o tempo não mais
existirá. Esta grande obra de salvação é a obra de Deus somente. Ela foi
planejada por Deus, adquirida por Deus, produzida por Deus, é preservada por
Deus, e será aperfeiçoada por Deus. Do princípio ao fim a “salvação é do
Senhor!” (Jn 2.9). Portanto, somente Deus terá o louvor por ela. A obra da
graça de Deus que é chamada “salvação” deve ser entendida como uma obra
consistindo de três coisas.
I. JUSTIFICADOS
POR DEUS
1. A natureza da Justificação. A justificação evoca a ideia
de um tribunal jurídico em que pesam terríveis e verdadeiras acusações contra
nós, mas que por meio do sacrifício expiatório e substitutivo de Cristo, se
tornaram nulas (Rm 4.24,25). Assim, somos declarados inocentes, pois nossa
condenação foi substituída pela pena paga por Cristo na cruz (2 Co 5.21). É um
ato gracioso e amoroso de Deus para nós, sem interferência dos méritos humanos,
cabendo ao homem somente crer mediante a fé na obra que Jesus operou (Rm 5.1).
Entretanto, cabe ressaltar que a fé é o meio instrumental para nos unir a
Cristo, o nosso justificador, e não a causa da justificação. Logo, a
justificação tem como consequência direta o perdão dos pecados, a reconciliação
do pecador com Deus, a segurança da salvação e a santificação da vida. [Comentário: Quando João 19. 30 diz:
“está consumado”, que é a expressão grega tételestai, ele quer
dizer que tudo está pago. Isto representa a salvação para o cristão. Tudo foi
comprado no calvário. Abrange cada fase de nossas necessidades e dura de
eternidade a eternidade. Inclui a libertação do pecado no presente e a
apresentação contra as invasões do pecado no futuro (Jd 1.24-25; Tt 2.11-13).
Explicando o termo justificação, o site Got Question? Apresenta: “Para
colocar de forma simples, justificar significa declarar justo; fazer alguém
justo diante de Deus. Justificação é quando Deus declara justo todo aquele que
recebe a Cristo, baseado na justiça de Cristo sendo debitada às contas daqueles
que O recebem. Apesar de que podemos achar justificação como um princípio por
todas as Escrituras, a passagem principal que descreve justificação em relação
aos crentes é Romanos 3.21-26.”3. A justificação é definida
por Wayne Grudem (1999, p. 604) da seguinte maneira: “Justificação é um ato
instantâneo e legal da parte de Deus pelo qual ele (1) considera os nossos
pecados perdoados e a justiça de Cristo como pertencente à nós e (2)
declara-nos justos à vista dele”.]
2. A necessidade de
Justificação. A necessidade da justificação
é para que nos encontremos justos e santos diante de Deus, a fim de que sejamos
participantes das bênçãos da salvação e para que o Diabo não acuse o crente dos
pecados que Cristo perdoou (Rm 8.33,34). Nesse sentido, a pessoa justificada
está livre de condenação e é herdeira da vida eterna, tendo como resultado
prático a paz com Deus (Rm 5.1). [Comentário: Somos justificados
(declarados justos) no momento de nossa salvação. Justificação não nos faz
justos, mas declara nossa justiça. Nossa justiça vem de colocarmos nossa fé no
trabalho completo de Jesus Cristo. Seu sacrifício cobre o nosso pecado,
permitindo com que Deus nos veja como perfeitos e sem qualquer mancha. Por
causa do fato de que como crentes estamos em Cristo, Deus vê a justiça de
Cristo quando Ele olha para nós. Isso alcança as exigências de Deus para
perfeição; portanto, Ele nos declara justos – Ele nos justifica. Romanos
5:18-19 resume esse conceito muito bem: "Pois assim como, por uma só
ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por
um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação
que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se
tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se
tornarão justos." Por que esse pronunciamento de justiça é tão importante?
"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5:1). É por causa da justificação que a paz
de Deus pode governar em nossas vidas. É por causa do FATO de justificação que
crentes podem ter a garantia de salvação. É o FATO de justificação que deixa
Deus começar o processo de santificação – o processo pelo qual Deus torna
realidade em nossas vidas a posição que já ocupamos em Cristo.]
3. A impossibilidade da
autojustificação. Os que reconhecem a
necessidade de justificação são alcançados por ela. Para ilustrar essa
realidade espiritual, o Senhor Jesus ensinou sobre a justificação apresentando
a história de um fariseu que se justificava orgulhosamente por evitar certos
pecados, mas não alcançou a justificação; enquanto o publicano, que reconhecia
a sua miséria diante de Deus, teve os seus pecados perdoados e sua vida
justificada (Lc 18.9-14). Nesse aspecto, a justificação não se refere ao
esforço humano por pureza ou santidade, mas ao estado de retidão diante de Deus
por meio de Jesus, o justo, que morreu tomando sobre si todas as acusações
contra nós. Por isso, quando Deus nos olha, após nos tornarmos em nova criação,
ainda mesmo com os nossos defeitos e falhas, em Cristo, nos enxerga sem pecado
(1Co 6.11). Assim, o pecador é justificado pela graça de Deus somente, jamais
por méritos pessoais (Rm 3.21,26,28; 4.5; Gl 3.11). [Comentário: Esta grande obra de
salvação é a obra de Deus somente. Ela foi planejada por Deus, adquirida por
Deus, produzida por Deus, é preservada por Deus, e será aperfeiçoada por Deus.
Do princípio ao fim a “salvação é do Senhor” (Jn 2.9). O pecador que,
por natureza, é inimigo de Deus, sendo justificado pela fé em Cristo pode
desfrutar de uma completa e perfeita paz e harmonia com Deus (Rm 5.1). Como
escreve o Rev Ronaldo P Mendes: “A Bíblia diz que não somos justificados por
nossas próprias boas obras, mas pelo que é acrescentado pela fé, ou seja, a
justiça de Cristo. Deus transferiu a nós a justiça de Cristo. E o apóstolo
Paulo nos ensina como ocorre a justificação: “sabendo, contudo, que o homem não
é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também
temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e
não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.”
(Gálatas 2.16). Paulo indica que a fé vem primeiro com o propósito de sermos
justificados”. Para descrever a ação de Deus a justificar-nos, os
termos empregados pelo Antigo Testamento (heb. tsaddiq: Êx 23.7; Dt 25.1; 1Rs
8.32; Pv 17.15) e pelo Novo Testamento (gr. dikaioõ: Mt 12.37; Rm 3.20;
8.33,34) sugerem um contexto judicial e forense. Não devemos, no entanto,
considerá-la uma ficção jurídica, como se estivéssemos justos sem no entanto
sê-lo. Por estarmos nEle (Ef 1.4,7,11), Jesus Cristo tornou-se a nossa justiça
(l Co 1.30). Deus credita ou contabiliza (gr. logizomaí) sua justiça em nosso favor.
Ela é imputada a nós".]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
A Justificação
“Assim como a regeneração leva a efeito uma mudança
em nossa natureza, a justificação modifica a nossa situação diante de Deus. O
termo ‘justificação’ refere-se ao ato mediante o qual, com base na obra
infinitamente justa e satisfatória de Cristo na cruz, Deus declara os pecadores
condenados livres de toda a culpa do pecado e de suas consequências eternas,
declarando-os plenamente justos aos seus olhos. O Deus que detesta ‘o que
justifica o ímpio’ (Pv 15.17) mantém sua própria justiça ao justificá-lo,
porque Cristo já pagou a penalidade integral do pecado (Rm 3.21-26). Constamos,
portanto, diante de Deus como plenamente absolvidos.
Para descrever a ação de Deus a justificar-nos, os
termos empregados pelo Antigo Testamento (heb. tsaddiq: Êx 23.7; Dt 25.1; 1Rs
8.32; Pv 17.15) e pelo Novo Testamento (gr. dikaioõ: Mt 12.37; Rm 3.20;
8.33,34) sugerem um contexto judicial e forense. Não devemos, no entanto,
considerá-la uma ficção jurídica, como se estivéssemos justos sem no entanto
sê-lo. Por estarmos nEle (Ef 1.4,7,11), Jesus Cristo tornou-se a nossa justiça
(1Co 1.30). Deus credita ou contabiliza (gr. logizomaí) sua justiça em nosso
favor. Ela é imputada a nós” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma
perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.372).
II. REGENERADOS
PELO ESPÍRITO SANTO
1. A natureza da
Regeneração. Regeneração é a
ação divina de criar um novo homem, dando-lhe um novo coração, transformando-o
em nova criação (2 Cr 5-17), tornando-o filho de Deus (Jo 1.12,13) e fazendo-o
passar da morte para a vida (Jo 5.24). Aqui, é importante distinguir
regeneração da conversão. Esta é a resposta humana à regeneração no processo de
salvação, que é voltar-se inteiramente para Deus; enquanto aquela é um milagre
operado por Deus na natureza humana, um fenômeno incompreensível à mente
natural (Jo 3.3,7). Logo, Deus é o operador dessa transformação, fazendo com
que a pessoa, outrora apática para as coisas divinas, agora se encontre em
plena vitalidade para com as coisas espirituais (Rm 8.28-30; Tt 3.5). [Comentário: A regeneração
precede a conversão? A resposta a essa pergunta é sim, mas antes de
explicar o porquê de ser assim, os termos “regeneração” e “conversão”
precisam ser brevemente explanados: Regeneração significa que
alguém nasceu de novo ou nasceu do alto (Jo 3.3,5,7,8). O novo nascimento é a
obra de Deus, de tal modo que todo aquele que é nascido de novo é “nascido do
Espírito” (Jo 3.8). Ou, como diz 1 Pedro 1.3, é Deus quem “segundo a sua muita
misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança”. O meio que Deus usa para
conceder essa nova vida é o evangelho, pois os crentes foram “regenerados não
de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a
qual vive e é permanente” (1Pd 1.23; Tg 1.18). A regeneração ou o nascer de
novo é um nascimento sobrenatural. Assim como não podemos fazer nada para
nascermos fisicamente – isso simplesmente acontece conosco! – assim também não
podemos fazer nada para causar o nosso renascimento espiritual. A conversão ocorre
quando pecadores voltam-se para Deus em arrependimento e fé para salvação.
Paulo descreve a conversão dos tessalonicenses em 1 Tessalonicenses 1.9: “pois
eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso
no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para
servirdes o Deus vivo e verdadeiro”. Os pecadores são convertidos quando se
arrependem de seus pecados e voltam-se, em fé, para Jesus Cristo, confiando
nele para o perdão de seus pecados no Dia do Juízo.]
2. A necessidade de
Regeneração. Para fazermos
parte do Reino de Deus é preciso nos tornar nova criatura e nascermos do
Espírito (Jo 3.5) que opera a vivificação em nós, pois Ele é o agente da
regeneração. O Espírito Santo faz brotar entusiasmo espiritual e vida abundante
(Jo 7.38), onde outrora havia morte, ofensa e pecado (Ef 2.1). É o agir do
Espírito pela Palavra que faz germinar vida no coração do salvo (Tg 1.18). [Comentário: A
regeneração produz nova vida.É isso o que declaram tais passagens como João
6.63: “O espírito é o que vivifica” e 2º Coríntios 3.6: “O espírito
vivifica”. De um estado de morte espiritual, o homem é instantaneamente
transformado num ser espiritualmente vivo por meio da operação do Espírito de
Deus. Assim, o homem recebe a vida de Deus, conforme diz A. J. Gordon: A
regeneração restaura o homem à sua vida que perdeu na queda, a vida nunca
decaída do Filho de Deus, a vida que jamais vacilou em sua comunhão firme com o
Pai. “Eu lhes dou vida eterna”, diz Jesus. É a vida eterna sem fim? Sim; e da
mesma forma verdadeiramente sem começo. É uma existência que não foi criada,
diferente da existência totalmente criada; é a vida eu sou de Deus, em
contraste com a vida eu me torno de todas as almas humanas. Por meio do
nascimento espiritual adquirimos uma hereditariedade divina com tanta certeza
quanto por meio do nascimento natural adquirimos uma hereditariedade humana. —
The Ministry of the Spirit (O Ministério do Espírito), p. 102. Judson Press,
Philadelphia, 1949. Essa nova vida é a própria essência da regeneração, pois a
velha vida do homem é a vida natural, mas essa nova vida é a vida sobrenatural,
a própria vida de Deus transmitida ao homem. É isso que é ensinado na visão do
vale de ossos secos em Ezequiel 37. Esses ossos estavam secos e sem vida até
que o poder de Deus os chamou em ordem, então os vivificou com a própria vida
de Deus. Assim é na esfera espiritual; o poder de Deus tem de trabalhar
preparando o indivíduo, e então realmente produzir a vida dentro dele. Por
isso, ensinava-se isso no começo da história dos hebreus, pois está escrito: “E
o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência,
para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para
que vivas”. (Dt 30.6). Aí, como em João 3:5 e Tito 3:5, vemos a natureza
dupla da regeneração; primeiro vem a purificação, aí chamada de circuncisão ou
remoção do coração, e então vem a renovação ou real vivificação da natureza
espiritual do homem. Esses dois elementos têm uma ligação tão íntima que de
fato não dá para separá-los. Muitas vezes, porém, só se apresenta o aspecto da
“vivificação”.]
3. Consequências da
Regeneração. É possível
verificar se somos regenerados por meio de algumas mudanças que passam a fazer
parte do nosso viver: o amor intenso a Deus (1Jo 4.19; 5.1); o amor pelos
irmãos (1Jo 3.14); a rejeição das coisas mundanas (1Jo 2.15,16); o amor à
Palavra de Deus (51119.103; 1Pe 2.2); o amor pelas almas perdidas (Rm 9.1-3); o
desejo de estar em comunhão com Deus e adorá-lo (SI 42.1,2; 63.1; Ef 5.19,20);
a vitória sobre o pecado, a carnalidade e as práticas contrárias ao Evangelho
(1Jo 5.18; Cl 5.16; 2 Co 5.17); o conhecimento da vontade de Deus (1Co 2.12); o
testemunho interior do Espírito Santo atestando nossa filiação ao Pai (Rm
8.16); o intenso interesse de praticar a justiça (1Jo 2.29). Claro que não
somos perfeitos e que muitas vezes nos depararemos com a impossibilidade de
manifestar essas mudanças o tempo todo, mas substancialmente elas estão
presentes na regeneração da pessoa. [Comentário: O subtópico é autoexplicado e desnecessário
acrescentar algo mais, senão que, o que transcrevo a seguir: O RESULTADO DA REGENERAÇÃO
É APTIDÃO PARA O SERVIÇO. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus
para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef
2.10) A palavra traduzida “preparou” é a mesma palavra que é
traduzida “dantes preparou” em Romanos 9.23, e vemos aqui a
revelação do fato de que mediante a regeneração Deus prepara de antemão toda
pessoa regenerada para servi-Lo. Portanto, não sobra desculpa
alguma para a negligência. É verdade que nem todo crente tem o mesmo cargo ou
trabalho, mas todos têm o dever de servir a Deus em seu respectivo lugar e
cargo, e alguém dizer “não posso” é contradizer a Palavra de Deus que declara
que somos preparados e equipados para o serviço. Na maior parte das vezes o
problema maior é uma negação de trabalhar pelo Senhor do que uma falta de
aptidão. Paulo admoesta os crentes a realizar boas obras para que com elas eles
se beneficiem espiritualmente, pois ele escreve a Tito: “Fiel é a palavra, e
isto quero que deveras afirmes, para que os que crêem em Deus procurem
aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens… E os
nossos aprendam também a aplicar-se às boas obras, nas coisas necessárias, para
que não sejam infrutuosos.” (Tito 3.8,14). Há muito que este escritor crê
que Deus não distribui talentos e capacidades indiscriminadamente, mas que a
capacidade de realizar alguma obra determinada no serviço de Deus é uma
evidência da vontade de Deus que de ela seja feita por essa pessoa que tem essa
capacidade. Deus não espera que nenhuma pessoa faça aquilo que ela não pode
fazer, mas toda pessoa que experimentou a graça de Deus pode cumprir esta
ordem: “Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas
o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti”. (Mc 5.19) Essa é a essência
do testemunho cristão, e toda pessoa regenerada tem aptidão para esse
testemunho, pois “nenhum filho de Deus jamais nasceu mudo”.]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Regeneração
“A regeneração é a ação decisiva e instantânea do
Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior. O
substantivo grego (palingenesia) traduzido por ‘regeneração’ aparece apenas
duas vezes no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com referência aos tempos
do fim. Somente em Tito 3.5 refere-se a renovação espiritual do indivíduo.
Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega
várias figuras de linguagem para descrever o que acontece. O Senhor ‘tirará da
sua carne o coração de pedra e lhes dará um coração de carne’ (Ez 11.19). Deus
diz: ‘Espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados... E vos darei um
coração novo e porei dentro de vós um espírito novo... E porei dentro de vós o
meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos’ (Ez 36.25-27). Deus
colocará a sua lei ‘no seu interior e a escreverá no seu coração’ (Jr 31.33).
Ele ‘circundará o teu coração... para amares ao Senhor’ (Dt 30.6)” (HORTON, Stanley
M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD,
1996, pp.369,370).
III. SANTIFICADOS
EM CRISTO
1. Uma consequência da
salvação. A santificação é o
processo pelo qual o crente se afasta (separa) do pecado para viver uma vida
inteiramente consagrada a Deus, desenvolvendo nele a imagem de Cristo (Rm
8.29). É um processo de cooperação entre o crente e o Espírito Santo que se
inicia no momento da justificação do salvo, isto é, Deus vê o crente como
santo, ainda que a santidade dele precise ser aperfeiçoada (Ef 4.12). No
processo de conversão, a santificação é outorgada ao cristão porque Deus o vê
santo, separado e amado por Ele, o nosso Pai (Cl 3.12). Nesse sentido estamos
firmados em Cristo e os pecados não têm mais lugar em nossas vidas (1 Jo 3.6). [Comentário: A
Palavra de Deus demonstra enfaticamente que a nossa salvação não é um fim em si
mesma, antes é o início da vida cristã, através da qual nos tornamos filhos de
Deus e progredimos em santificação até à consumação de todo propósito de Deus
em nossa vida. Devemos estar atentos para o fato de que a salvação
(justificação, regeneração, união com Cristo), não é a linha de chegada da vida
cristã; antes, é o ponto de partida 10. Um dos maiores
desafios da vida para o cristão resume-se numa única pergunta: “Como viver de
forma santa num mundo de tanta corrupção, podridão moral e apelos sexuais?”.
Diante de tudo isso, fica difícil para o homem tomar decisões morais e éticas
sob o prisma da santidade, vivendo em um mundo dominado pelo pecado e por
operações malignas. Sem o Espírito Santo seria impossível andarmos em
santidade. Em “1Pe 2.9-10 “Vós, porém,” nos versículos 1 a 8 Pedro
estabelece um contraste entre aqueles que obedecem à Palavra e os que não
obedecem a ela; entre os que aceitam e os que rejeitam a Cristo (1Pe 1.22;
2.8). Daí o motivo de ele começar o versículo 9 com uma conjunção adversativa –
“porém”. Somos escolhidos para fazer parte do Reino de Deus, da nação santa,
fomos eleitos pelo próprio Senhor! Temos um papel importante na história do
mundo. Estamos aqui para declarar louvores a Deus àqueles que não O conhecem,
para que possam receber o Seu amor e a Sua Graça, pois o Senhor nos tirou do
mundo de trevas e escuridão e nos trouxe para Sua maravilhosa luz. “A palavra
nação refere-se a um grupo de pessoas, isto é, um conjunto de pessoas que
pertencem a uma comunidade humana por falarem a mesma língua e compartilharem
uma cultura e uma história comum. (Shedd, ob. cit., p.46). Aos Efésios, o
apóstolo declarou que a igreja tem “um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um
só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em
todos” (Ef 4.5-6). Sendo assim, a igreja compartilha de muitas coisas em comum
e, por isso, pode ser chamada de nação. Essa nação é “santa” porque o Deus que
a escolheu é Santo. A ideia bíblica de santidade de Deus é dupla. Primeiro, Ele
é absolutamente distinto de todas as Suas criaturas e exaltado sobre elas em
infinita majestade (Ec 5.2); segundo, Ele não tem comunhão com o pecado (Jó
34.10; Hc 1.13; 1Jo 1.5). Desde há muito o Senhor vem dizendo ao Seu povo que
Sua vontade é que ele seja santo – separado (Lv 19.1-2; 2Co 6.14-7.1; 1Ts 4.3;
1Pe 1.13-16).”]
2. Um esforço pessoal. As Escrituras revelam que devemos almejar e priorizar a
santificação (Hb 12.14), pois a nossa natureza pecaminosa insiste em resistir a
esse processo (Rm 7.14,21). Deus anela pela santificação dos seus filhos, não
por capricho divino, mas porque o pecado nos fere de morte e o nosso Pai de
amor não quer ver os seus filhos feridos, mortos no pecado, pois isso contraria
sua natureza amorosa. Assim, para sarar a ferida do pecado. Ele enviou o seu
filho para nos libertar do pecado a fim de vivermos uma vida santa. [Comentário:Santificação
bíblica significa basicamente separação para uso e posse de Deus. Uma boa
definição é a de Paulo em Atos 27.23: “...do Senhor, de quem sou e a quem
sirvo”. Santificação não é apenas a pessoa pertencer a Deus, mas também
servi-lo. Se o leitor é um santo de Deus, certamente está servindo a Deus. Há
muita santificação por aí que pode ser tudo, menos bíblica. A santificação
posicional, deve tornar-se experimental no viver diário do crente. A
santificação é primeiramente interna, isto é, pureza interior, purificação do
pecado, refletindo isso em nosso exterior, traduzido em separação do pecado e
dedicação a Deus. É um termo ligado ao culto a Deus e consagração ao seu
serviço, conforme se vê no livro de Levítico, através de pessoas e coisas,
sacerdotes, templo, objetos etc. Quem pensa ser santo deve ser separado do mal
e dedicado a Deus para seu uso (2Tm 2.21). A santificação, como aca¬bamos de
ver, tem um lado posicional e outro prático: um santo viver. A justiça é
comparada a um vestido (Jó 29.14 e Is 59.17). Mas o corpo, que recebe esse
vestido, como deve estar? É razoável um vestido limpo em corpo sujo? A
santificação é o que Deus faz em nós. Nesse sentido, a salvação é progressiva.
Uma criança nova é perfeita, mas não é adulta. Uma frutinha é também perfeita
ao formar-se, mas não é madura (Ef 4.13). Tendo sido justificado, o crente
progride e prossegue para a perfeição, de que em seguida nos ocuparemos.
Portanto, ao estudarmos a santificação precisamos vê-la quanto à posição do
crente em Jesus Cristo, e quanto ao estado do crente em si mesmo.]
3. O desafio de sermos
santos. Às vezes achamos
que podemos ser continuamente bons e santos (1Jo 1.10). Na verdade, a nossa
meta deve ser essa, mas não podemos deixar de reconhecer que somos
simultaneamente justos e pecadores, ou seja, em Cristo, Deus nos vê
absolutamente santos; no entanto, em relação à nossa natureza inclinada ao
pecado, nossa santificação sofre revezes (Rm 7.15). Por isso é exigido um
esforço pessoal e dependência contínua do Espírito Santo para sermos santos. [Comentário: A
Bíblia diz que todo salvo já é santo! Quando você se arrepende de seus pecados
e aceita Jesus como seu salvador, você dedica sua vida a Deus. Agora Jesus, o
Santo, mora dentro de você e lhe purificou de todos os seus pecados (1Co 6.11).
Você pode se aproximar de Deus sem ter medo de ser destruído pelo pecado. Agora
que você é santo, sua vida é dedicada a agradar a Deus. Isso significa que
mudanças vão acontecer ao longo de sua vida (2Co 7.10). Esse processo se chama
santificação. Deus disponibilizou três meios para a santificação: o sangue de
Jesus, o Espírito Santo e a própria Palavra de Deus: 1. O Sangue de
Cristo: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos
comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de
todo pecado” (1 Jo 1.7). O Sangue fala da nossa posição perante Deus. É uma
obra consumada que concede ao pecador arrependido um lugar na presença de Deus
(Hb 13.12; 10.10, 14; 1 Jo 1.7). Observemos que, como resultado da obra
consumada de Cristo, o pecador arrependido é transformado de pecador impuro em
adorador santo. A santificação é o resultado dessa maravilhosa obra redentora
do Filho de Deus, ao oferecer-se no Calvário para aniquilar o pecado pelo seu
sacrifício. Em virtude desse sacrifício, o crente é eternamente separado para
Deus; sua consciência é purificada e ele próprio é unido em comunhão com o
Senhor Jesus Cristo (Hb 12.11; 9.14). À luz de 1 Jo 1.7 fica claro que o que
remove essa barreira, que é o pecado, entre o ser humano e Deus, para que flua
entre ambos a comunhão, é o Sangue eficaz de Jesus Cristo. Não há ninguém
perfeito, mas é possível andar em comunhão com Deus, desde que o Sangue do
Cordeiro esteja nos purificando. Não há comunhão com Deus se não debaixo do
sangue de Cristo (1 Jo 1.9). 2. O Espírito Santo: “E não vos
embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef
5.18). É impossível a santificação sem a operação do Espírito Santo. Diríamos
que Ele é o agente, o dinamizador. O ensino bíblico deixa bem claro este fato
(1 Co 6.11; 1 Pe 1.1, 2; Rm 15.16). “Da mesma forma que o Espírito Santo
pairava sobre o caos original (Gn 1.2), seguindo-se o estabelecimento da ordem
pelo Verbo de Deus assim o Espírito paira sobre a alma humana, fazendo-a
abrir-se para receber a luz e a vida de Deus” (2 Co 4.6). O Espírito Santo toma
o imundo e o leva ao santo. Fez o que aconteceu na casa de Cornélio (At 10). E
agora os gentios são aceitos na família de Deus porque foram santificados,
separados pelo Espírito Santo. Para uma vida de santidade o Espírito Santo terá
de entrar em cena. Homens e mulheres santos são aqueles em que o Espírito Santo
trabalha. 3. A Palavra de Deus: “Eu sou a videira verdadeira,
e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o
corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já
estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.1-3). Os cristãos são
descritos como sendo gerados pela Palavra de Deus (1 Pe 1.23). A Palavra de
Deus desperta as pessoas para compreenderem a insensatez e impiedade de suas
vidas. Quando dão importância à Palavra, arrependendo-se e crendo em Cristo,
são purificados pela Palavra que lhes fora falada. Esse é o início da
purificação, que deve continuar através da vida do crente. No início de sua
consagração ao ministério, o sacerdote israelita tomava um banho cerimonial
completo, banho que nunca se repetia, era uma obra feita uma vez para sempre.
Todos os dias, porém, era obrigado a lavar as mãos e os pés. Da mesma maneira,
o regenerado foi lavado (Tt 3.5, Jo 13.10); mas precisa de uma separação diária
das impurezas e imperfeições conforme lhe foram reveladas pela Palavra de Deus,
que serve como espelho para a alma (Tg 1.22-25). Deve lavar as mãos, isto é,
seus atos devem ser retos; deve lavar os pés, isto é, “guardar-se das
imundícias em que tão facilmente tropeçam os pés do peregrino, que anda pelas
estradas deste mundo.]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Santificação
A santificação precisa ser distinguida da
justificação. Na justificação, Deus atribui ao crente, no momento em que recebe
a Cristo, a própria justiça de Cristo, e a partir de então vê esta pessoa como
se ela tivesse morrido, sido sepultada e ressuscitada em novidade de vida em
Cristo (Rm 6.6-10). É uma mudança que ocorre ‘de uma vez por todas’ na condição
legal ou judicial da pessoa de Deus. A santificação, em contraste, é um
processo progressivo que ocorre na vida do pecador regenerado, momento a
momento. Na santificação ocorre uma cura substancial da separação que havia
ocorrido entre Deus e o homem, entre o homem e os seus companheiros, entre o
homem e si mesmo, entre o homem e a natureza” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2009, p.1762).
CONCLUSÃO
Convêm que os crentes, como
pessoas justificadas, regeneradas e santificadas, demonstrem ao mundo perdido,
por meio das consequências positivas que esse processo de salvação traz sobre
nossa vida, que somente Jesus pode salvar e transformar o pecador. [Comentário: Somos posicionalmente
santos e esta posição nos obriga a vivermos em santidade. A santidade implica
principalmente na mortificação do pecado que habita em nós e em viver de acordo
com a vontade de Deus revelada nas Escrituras. Sabemos que embora santificados,
o velho homem permanece em nós e carece de ser mortificado diariamente, pelo
poder do Espírito Santo. Sendo pelo poder do Espírito Santo, a santificação
deve ser um processo irresistível na vida do verdadeiro salvo; o alvo da
escolha de Deus é que sejamos santos e irrepreensíveis diante dele (Efésios
1.4), para isso nos escolheu mediante a santificação do Espírito (2Ts 2.13).] “... corramos, com
perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor
e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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