quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

LIÇÃO 10: O PROCESSO DA SALVAÇÃO

  
SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

A aula de hoje destaca o processo da salvação, com destaque para as doutrinas da justificação, santificação e o novo nascimento. É importante destacar que o novo nascimento, ou mais propriamente, o nascimento de cima, é condicional para que se possa ver o reino de Deus. E mais, ao ser regenerado, o ser humano é justificado, declarado justo perante Deus, é o que também estudaremos na aula de hoje. É preciso, também, viver em santificação, cooperando com o Espírito para que esse produza Seu fruto em nós.
                                                                                                       
1. JUSTIFICAÇÃO

Em hebraico, o verbo justificar é sadaq, que ocorre cerca de quarenta vezes no Antigo Testamento, e significa “declarar justo”. Em relação aos seres humanos, diz respeito à afirmação ou declaração de um comportamento correto. Esse é o verbo usado por Judá em referência a sua cunhada em Gn. 38.26. Mas esse termo também é utilizado para se referir à prática religiosa de tentar justificar a si mesmo. A respeito dessa tentativa, identificamos, na narrativa de Jó, o desejo humano de ser aceito perante Deus através dos seus atos (Jo. 4.17; 15.14; 25.4). A sadaq, muito desejada na Antiga Aliança, é alcançada plenamente por um ato divino, sendo expressa nitidamente no Novo Testamento. Nesta parte da Bíblia encontramos a palavra grega dikaiosis, proveniente do verbo dikaioõ, que significa justificar. Apesar da sua pouca utilização neotestamentária, por ser encontrada predominantemente na Epístola de Paulo aos Romanos, a doutrina da justificação é de capital relevância para a doutrina cristã. Em Rm. 4.25, a dikaiosis está relacionada à ressurreição de Cristo, juntamente com Sua morte, que é o fundamento da justificação. Em virtude da morte e ressurreição de Cristo, pecadores culpados, quando creem em Sua morte e ressurreição, passam a ser declarados justos por Deus. É por esse motivo que, de acordo com Rm. 5.18, a dikaiosis, cujo fundamento é a morte e ressurreição de Cristo, funciona como antídoto contra a condenação eterna, repassada através das gerações, desde Adão.  O termo dikaioma, que se encontra em Rm. 5.18, reforça o ensinamento bíblico que a dikaiosis se trata de um dom gratuito (Rm. 6.23). O fundamento para a justificação não está nas obras, mas na fé no sangue de Cristo (Rm. 5.9). Paulo recorre à tipificação de Abraão como um exemplo de pecador justificado perante Deus, que não dependeu dos méritos humanos. O patriarca hebreu, tendo crido no Senhor, encontrou a sadaq/dikaiosis divina (Rm. 4.2).

2. SANTIFICAÇÃO

A santificação é importante porque o próprio Deus é santo – qodesh – tanto em caráter quanto em poder. Pelo fato dEle ser Santo, todos aqueles que exerciam funções sacerdotais deveriam também ser santos (Lv. 19.2). O termo hebraico qadosh, geralmente traduzido por santo – é atribuído a YHWH em diversos textos, com muita frequência no livro do profeta Isaias (Is. 1.4; 5.19,24; 10.20; 12.6; 17.7; 29.19; 30.11, 12, 15). A santidade de Deus é intrínseca, isto é, é da Sua natureza, e, ao mesmo tempo, o padrão de santidade (Lv. 19.2). Sendo Deus qadosh, Ele está livre de imperfeições morais e das fraquezas comuns aos seres humanos (Os. 11.9). Por conseguinte, é fiel para cumprir as Suas promessas (Sl. 22.3-5), por essa razão temos motivo para confiar nos Seus cuidados (Hc. 1.12). A santidade de Deus também é o fundamento para não nos prostrarmos perante outros deuses (Js. 24.19). Israel, como povo da aliança, foi separado por Deus para servi-LO, devendo, portanto, viver em qodesh. O povo de Deus deveria viver na esfera do sagrado, em seus espaços (o templo), tempo (festas), objetos (utensílios e alimentos) e pessoas (sacerdotes e sumo-sacerdotes). Mas esse princípio deixou de estar atrelado a essas circunstâncias na revelação bíblica do Novo Testamento. A santificação deixa de ser um ritual e passar a ter um caráter profético, o sagrado não está mais sobre as coisas e lugares, mas na manifestação do Espírito Santo. A santificação – hagiasmos em grego – ainda que tenha um sentido moral, está mais associada a um fruto que redunda em vida eterna (Rm. 6.19-22). Por isso é preciso cautela para não confundir a hagiasmos de Deus com as hosios humanas. Esta última diz respeito às imposições religiosas que não poucas vezes são confundidas com a verdadeira santificação. A santificação genuína é tanto um processo quanto uma condição, então, os salvos por Cristo são, ao mesmo tempo, chamados de santos – hagios (Rm. 1.7; I Co. 1.2) e a ser santos, através do Espírito (Rm. 8.14; 12.1). A hagiasmos produzida pelo e com o Espírito Santo naquele que crê é manifestada no amor a todos os santos (Ef. 1.15). Sendo assim, a santificação é algo que acontece de dentro para fora, não de fora para dentro. A qodesh/hagiasmos não está intrinsecamente relacionada a ritos exteriores. Antes a uma operação divina, resultante do relacionamento do crente com Cristo (I Co. 1.30) e com o Espírito Santo (II Ts. 2.13; I Pe. 1.2). Jesus continua sendo o maior exemplo de santidade, Ele é o hagios de Deus (Mc. 1.24; Lc. 1.35; Ap. 3.7).

3. NOVO NASCIMENTO

Nicodemos, pelo que sabemos do Evangelho, era um fariseu, um membro dessa religião, sendo membro do sinédrio (Jo. 7.50). A fim de se preservar dos críticos, esse homem decidiu se aproximar de Jesus, mas o fez a noite, para não ser identificado. Ao que tudo indica, era uma pessoa de boa índole, extremamente religioso, e como a maioria dos fariseus, moralista. Os fariseus era um grupo separatista dentro do judaísmo, que buscava agradar a Deus através dos rituais religiosos (At. 26.5; Gl. 1.14; Fp 3.5). O problema dessa religião, como todas as demais, é a tentativa de autojustificação perante Deus. Mas conforme já destacamos em aulas anteriores, o salário do pecado é a morte (Rm. 6.23), e ninguém pode se justificar através de méritos próprios (Ef. 2.8,9). Nicodemos ficou bastante perplexo com a declaração de Jesus, de que era necessário nascer de novo, pois ele acreditava que sua religião era suficiente. A religião acomoda o ser humana, tira-lhe a responsabilidade, isenta-o da preocupação com o outro. A maioria das pessoas religiosas se fiam em seus preceitos, e acham que agradarão a Deus simplesmente pelo que fazem, ou deixam de fazer. Nicodemos reconheceu que os sinais que Jesus realizava eram provenientes de Deus, mas Jesus não se deixou levar pelo elogio, antes o advertiu quanto a necessidade premente do novo nascimento. A religião é uma torre de Babel, não passa de uma construção meramente, incapaz de levar o homem a Deus. Como o ser humano é incapaz de salvar a si mesmo, necessita passar pela experiência do novo nascimento. Jesus foi enfático a esse respeito: “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo. 3.3). Esse novo nascimento é diferente do nascimento na carne, pois todas pessoas nasceram do ventre de uma mãe. Mas o novo nascimento é de natureza sobrenatural, na verdade, é espiritual, e procede do Pai. É uma obra do Espírito Santo, que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo.3.5;16.8). Essa experiência também é denominada de regeneração, pois acontece quando somos gerados de novo pela palavra de Deus (I Pe. 1.23). O termo “novo”, no grego neotestamentário, é anothen, pode ser mais precisamente traduzido por “de cima”. Essa ideia faz oposição ao nascimento biológico, assegurando que é uma obra divina, pela agência do Espírito Santo, pois o vento sopra, através da Palavra. Ainda que as pessoas sejam boas, tais como Nicodemos e tantos outros moralistas, fato é que todos precisam nascer de cima. As boas ações não podem salvar as pessoas, para efeito salvífico, não têm qualquer valore (Is. 41.29). Não podemos esquecer que “todos pecaram” (Rm. 3.23), por conseguinte, todos precisam nascer de cima. Esse nascimento traz implicações éticas para a vida daquele que passou por essa experiência, isso porque passa a ser nascida de Deus (I Jo. 2.29), e é identificada como nova criatura (II Co. 5.17).


CONCLUSÃO

A religião, ainda que bem-intencionada, é incapaz de salvar o homem. O pecado distancia-o do Seu criador, e o reduz a uma condição desumana (Rm. 3.23). Por causa disso, Deus providenciou um plano para salvar os pecadores, através do sacrifício de Cristo na cruz do calvário (Jo. 3.16; Rm. 6.23). Quando o pecador crer em Cristo, e tem um encontro pessoal com Ele, passa pelo processo da regeneração, e nasce de novo, ou melhor, de cima. O processo da salvação, portanto envolve, a justificação, santificação, mas tudo tem início pelo novo nascimento.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

O processo de salvação na vida do crente se dá em três aspectos: na justificação outorgada por Deus; na regeneração operada pelo Espírito Santo; na santificação como consequência de uma vida com Cristo. Todo esse processo é alcançado pela fé na crucificação, morte e ressurreição de Cristo Jesus, nosso Senhor. [Comentário: A doutrina bíblica da “salvação” (Gr. sotēria) refere-se à ampla gama da atividade de Deus em salvar pessoas da rebelião e restaurá-las para que tenham um relacionamento bom e correto com ele. Devido a este sentido amplo, o termo “salvação” e o verbo “salvar” são usados na Bíblia com sentido de passado, presente e futuro. Assim, estudaremos a respeito dos três aspectos da salvação:  justificaçãoregeneração santificação. É um erro comum entre muitos pensar sobre a salvação somente em termos da experiência de fé. Mas a Palavra de Deus nunca limita a salvação a um tempo, a um lugar ou a uma experiência. Quando Paulo escreve, “porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos” (Rm 13.11), ele está claramente falando da salvação como um processo contínuo de graça. É um processo de graça que começou na eternidade passada, antes do começo do tempo, que é experimentado pela fé em Cristo no tempo, e que será consumado na eternidade porvir, quando o tempo não mais existirá. Esta grande obra de salvação é a obra de Deus somente. Ela foi planejada por Deus, adquirida por Deus, produzida por Deus, é preservada por Deus, e será aperfeiçoada por Deus. Do princípio ao fim a “salvação é do Senhor!” (Jn 2.9). Portanto, somente Deus terá o louvor por ela. A obra da graça de Deus que é chamada “salvação” deve ser entendida como uma obra consistindo de três coisas.

I. JUSTIFICADOS POR DEUS
                                
1. A natureza da Justificação. A justificação evoca a ideia de um tribunal jurídico em que pesam terríveis e verdadeiras acusações contra nós, mas que por meio do sacrifício expiatório e substitutivo de Cristo, se tornaram nulas (Rm 4.24,25). Assim, somos declarados inocentes, pois nossa condenação foi substituída pela pena paga por Cristo na cruz (2 Co 5.21). É um ato gracioso e amoroso de Deus para nós, sem interferência dos méritos humanos, cabendo ao homem somente crer mediante a fé na obra que Jesus operou (Rm 5.1). Entretanto, cabe ressaltar que a fé é o meio instrumental para nos unir a Cristo, o nosso justificador, e não a causa da justificação. Logo, a justificação tem como consequência direta o perdão dos pecados, a reconciliação do pecador com Deus, a segurança da salvação e a santificação da vida. [Comentário: Quando João 19. 30 diz: “está consumado”, que é a expressão grega tételestai, ele quer dizer que tudo está pago. Isto representa a salvação para o cristão. Tudo foi comprado no calvário. Abrange cada fase de nossas necessidades e dura de eternidade a eternidade. Inclui a libertação do pecado no presente e a apresentação contra as invasões do pecado no futuro (Jd 1.24-25; Tt 2.11-13). Explicando o termo justificação, o site Got Question? Apresenta: “Para colocar de forma simples, justificar significa declarar justo; fazer alguém justo diante de Deus. Justificação é quando Deus declara justo todo aquele que recebe a Cristo, baseado na justiça de Cristo sendo debitada às contas daqueles que O recebem. Apesar de que podemos achar justificação como um princípio por todas as Escrituras, a passagem principal que descreve justificação em relação aos crentes é Romanos 3.21-26.3. A justificação é definida por Wayne Grudem (1999, p. 604) da seguinte maneira: “Justificação é um ato instantâneo e legal da parte de Deus pelo qual ele (1) considera os nossos pecados perdoados e a justiça de Cristo como pertencente à nós e (2) declara-nos justos à vista dele”.]
2. A necessidade de Justificação. A necessidade da justificação é para que nos encontremos justos e santos diante de Deus, a fim de que sejamos participantes das bênçãos da salvação e para que o Diabo não acuse o crente dos pecados que Cristo perdoou (Rm 8.33,34). Nesse sentido, a pessoa justificada está livre de condenação e é herdeira da vida eterna, tendo como resultado prático a paz com Deus (Rm 5.1). [Comentário: Somos justificados (declarados justos) no momento de nossa salvação. Justificação não nos faz justos, mas declara nossa justiça. Nossa justiça vem de colocarmos nossa fé no trabalho completo de Jesus Cristo. Seu sacrifício cobre o nosso pecado, permitindo com que Deus nos veja como perfeitos e sem qualquer mancha. Por causa do fato de que como crentes estamos em Cristo, Deus vê a justiça de Cristo quando Ele olha para nós. Isso alcança as exigências de Deus para perfeição; portanto, Ele nos declara justos – Ele nos justifica. Romanos 5:18-19 resume esse conceito muito bem: "Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos." Por que esse pronunciamento de justiça é tão importante? "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5:1). É por causa da justificação que a paz de Deus pode governar em nossas vidas. É por causa do FATO de justificação que crentes podem ter a garantia de salvação. É o FATO de justificação que deixa Deus começar o processo de santificação – o processo pelo qual Deus torna realidade em nossas vidas a posição que já ocupamos em Cristo.]
3. A impossibilidade da autojustificação. Os que reconhecem a necessidade de justificação são alcançados por ela. Para ilustrar essa realidade espiritual, o Senhor Jesus ensinou sobre a justificação apresentando a história de um fariseu que se justificava orgulhosamente por evitar certos pecados, mas não alcançou a justificação; enquanto o publicano, que reconhecia a sua miséria diante de Deus, teve os seus pecados perdoados e sua vida justificada (Lc 18.9-14). Nesse aspecto, a justificação não se refere ao esforço humano por pureza ou santidade, mas ao estado de retidão diante de Deus por meio de Jesus, o justo, que morreu tomando sobre si todas as acusações contra nós. Por isso, quando Deus nos olha, após nos tornarmos em nova criação, ainda mesmo com os nossos defeitos e falhas, em Cristo, nos enxerga sem pecado (1Co 6.11). Assim, o pecador é justificado pela graça de Deus somente, jamais por méritos pessoais (Rm 3.21,26,28; 4.5; Gl 3.11). [Comentário: Esta grande obra de salvação é a obra de Deus somente. Ela foi planejada por Deus, adquirida por Deus, produzida por Deus, é preservada por Deus, e será aperfeiçoada por Deus. Do princípio ao fim a “salvação é do Senhor” (Jn 2.9). O pecador que, por natureza, é inimigo de Deus, sendo justificado pela fé em Cristo pode desfrutar de uma completa e perfeita paz e harmonia com Deus (Rm 5.1). Como escreve o Rev Ronaldo P Mendes: “A Bíblia diz que não somos justificados por nossas próprias boas obras, mas pelo que é acrescentado pela fé, ou seja, a justiça de Cristo. Deus transferiu a nós a justiça de Cristo. E o apóstolo Paulo nos ensina como ocorre a justificação: “sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.” (Gálatas 2.16). Paulo indica que a fé vem primeiro com o propósito de sermos justificados”. Para descrever a ação de Deus a justificar-nos, os termos empregados pelo Antigo Testamento (heb. tsaddiq: Êx 23.7; Dt 25.1; 1Rs 8.32; Pv 17.15) e pelo Novo Testamento (gr. dikaioõ: Mt 12.37; Rm 3.20; 8.33,34) sugerem um contexto judicial e forense. Não devemos, no entanto, considerá-la uma ficção jurídica, como se estivéssemos justos sem no entanto sê-lo. Por estarmos nEle (Ef 1.4,7,11), Jesus Cristo tornou-se a nossa justiça (l Co 1.30). Deus credita ou contabiliza (gr. logizomaí) sua justiça em nosso favor. Ela é imputada a nós".]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
                               
A Justificação
“Assim como a regeneração leva a efeito uma mudança em nossa natureza, a justificação modifica a nossa situação diante de Deus. O termo ‘justificação’ refere-se ao ato mediante o qual, com base na obra infinitamente justa e satisfatória de Cristo na cruz, Deus declara os pecadores condenados livres de toda a culpa do pecado e de suas consequências eternas, declarando-os plenamente justos aos seus olhos. O Deus que detesta ‘o que justifica o ímpio’ (Pv 15.17) mantém sua própria justiça ao justificá-lo, porque Cristo já pagou a penalidade integral do pecado (Rm 3.21-26). Constamos, portanto, diante de Deus como plenamente absolvidos.
Para descrever a ação de Deus a justificar-nos, os termos empregados pelo Antigo Testamento (heb. tsaddiq: Êx 23.7; Dt 25.1; 1Rs 8.32; Pv 17.15) e pelo Novo Testamento (gr. dikaioõ: Mt 12.37; Rm 3.20; 8.33,34) sugerem um contexto judicial e forense. Não devemos, no entanto, considerá-la uma ficção jurídica, como se estivéssemos justos sem no entanto sê-lo. Por estarmos nEle (Ef 1.4,7,11), Jesus Cristo tornou-se a nossa justiça (1Co 1.30). Deus credita ou contabiliza (gr. logizomaí) sua justiça em nosso favor. Ela é imputada a nós” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.372).

II. REGENERADOS PELO ESPÍRITO SANTO

1. A natureza da Regeneração. Regeneração é a ação divina de criar um novo homem, dando-lhe um novo coração, transformando-o em nova criação (2 Cr 5-17), tornando-o filho de Deus (Jo 1.12,13) e fazendo-o passar da morte para a vida (Jo 5.24). Aqui, é importante distinguir regeneração da conversão. Esta é a resposta humana à regeneração no processo de salvação, que é voltar-se inteiramente para Deus; enquanto aquela é um milagre operado por Deus na natureza humana, um fenômeno incompreensível à mente natural (Jo 3.3,7). Logo, Deus é o operador dessa transformação, fazendo com que a pessoa, outrora apática para as coisas divinas, agora se encontre em plena vitalidade para com as coisas espirituais (Rm 8.28-30; Tt 3.5). [Comentário: A regeneração precede a conversão? A resposta a essa pergunta é sim, mas antes de explicar o porquê de ser assim, os termos “regeneração” e “conversão” precisam ser brevemente explanados: Regeneração significa que alguém nasceu de novo ou nasceu do alto (Jo 3.3,5,7,8). O novo nascimento é a obra de Deus, de tal modo que todo aquele que é nascido de novo é “nascido do Espírito” (Jo 3.8). Ou, como diz 1 Pedro 1.3, é Deus quem “segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança”. O meio que Deus usa para conceder essa nova vida é o evangelho, pois os crentes foram “regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1Pd 1.23; Tg 1.18). A regeneração ou o nascer de novo é um nascimento sobrenatural. Assim como não podemos fazer nada para nascermos fisicamente – isso simplesmente acontece conosco! – assim também não podemos fazer nada para causar o nosso renascimento espiritual. A conversão ocorre quando pecadores voltam-se para Deus em arrependimento e fé para salvação. Paulo descreve a conversão dos tessalonicenses em 1 Tessalonicenses 1.9: “pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro”. Os pecadores são convertidos quando se arrependem de seus pecados e voltam-se, em fé, para Jesus Cristo, confiando nele para o perdão de seus pecados no Dia do Juízo.]
2. A necessidade de Regeneração. Para fazermos parte do Reino de Deus é preciso nos tornar nova criatura e nascermos do Espírito (Jo 3.5) que opera a vivificação em nós, pois Ele é o agente da regeneração. O Espírito Santo faz brotar entusiasmo espiritual e vida abundante (Jo 7.38), onde outrora havia morte, ofensa e pecado (Ef 2.1). É o agir do Espírito pela Palavra que faz germinar vida no coração do salvo (Tg 1.18). [Comentário: A regeneração produz nova vida.É isso o que declaram tais passagens como João 6.63: “O espírito é o que vivifica” e 2º Coríntios 3.6: “O espírito vivifica”. De um estado de morte espiritual, o homem é instantaneamente transformado num ser espiritualmente vivo por meio da operação do Espírito de Deus. Assim, o homem recebe a vida de Deus, conforme diz A. J. Gordon: A regeneração restaura o homem à sua vida que perdeu na queda, a vida nunca decaída do Filho de Deus, a vida que jamais vacilou em sua comunhão firme com o Pai. “Eu lhes dou vida eterna”, diz Jesus. É a vida eterna sem fim? Sim; e da mesma forma verdadeiramente sem começo. É uma existência que não foi criada, diferente da existência totalmente criada; é a vida eu sou de Deus, em contraste com a vida eu me torno de todas as almas humanas. Por meio do nascimento espiritual adquirimos uma hereditariedade divina com tanta certeza quanto por meio do nascimento natural adquirimos uma hereditariedade humana. — The Ministry of the Spirit (O Ministério do Espírito), p. 102. Judson Press, Philadelphia, 1949. Essa nova vida é a própria essência da regeneração, pois a velha vida do homem é a vida natural, mas essa nova vida é a vida sobrenatural, a própria vida de Deus transmitida ao homem. É isso que é ensinado na visão do vale de ossos secos em Ezequiel 37. Esses ossos estavam secos e sem vida até que o poder de Deus os chamou em ordem, então os vivificou com a própria vida de Deus. Assim é na esfera espiritual; o poder de Deus tem de trabalhar preparando o indivíduo, e então realmente produzir a vida dentro dele. Por isso, ensinava-se isso no começo da história dos hebreus, pois está escrito: “E o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas”. (Dt 30.6). Aí, como em João 3:5 e Tito 3:5, vemos a natureza dupla da regeneração; primeiro vem a purificação, aí chamada de circuncisão ou remoção do coração, e então vem a renovação ou real vivificação da natureza espiritual do homem. Esses dois elementos têm uma ligação tão íntima que de fato não dá para separá-los. Muitas vezes, porém, só se apresenta o aspecto da “vivificação”.]
3. Consequências da Regeneração. É possível verificar se somos regenerados por meio de algumas mudanças que passam a fazer parte do nosso viver: o amor intenso a Deus (1Jo 4.19; 5.1); o amor pelos irmãos (1Jo 3.14); a rejeição das coisas mundanas (1Jo 2.15,16); o amor à Palavra de Deus (51119.103; 1Pe 2.2); o amor pelas almas perdidas (Rm 9.1-3); o desejo de estar em comunhão com Deus e adorá-lo (SI 42.1,2; 63.1; Ef 5.19,20); a vitória sobre o pecado, a carnalidade e as práticas contrárias ao Evangelho (1Jo 5.18; Cl 5.16; 2 Co 5.17); o conhecimento da vontade de Deus (1Co 2.12); o testemunho interior do Espírito Santo atestando nossa filiação ao Pai (Rm 8.16); o intenso interesse de praticar a justiça (1Jo 2.29). Claro que não somos perfeitos e que muitas vezes nos depararemos com a impossibilidade de manifestar essas mudanças o tempo todo, mas substancialmente elas estão presentes na regeneração da pessoa. [Comentário: O subtópico é autoexplicado e desnecessário acrescentar algo mais, senão que, o que transcrevo a seguir: O RESULTADO DA REGENERAÇÃO É APTIDÃO PARA O SERVIÇO. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10) A palavra traduzida “preparou” é a mesma palavra que é traduzida “dantes preparou” em Romanos 9.23, e vemos aqui a revelação do fato de que mediante a regeneração Deus prepara de antemão toda pessoa regenerada para servi-Lo. Portanto, não sobra desculpa alguma para a negligência. É verdade que nem todo crente tem o mesmo cargo ou trabalho, mas todos têm o dever de servir a Deus em seu respectivo lugar e cargo, e alguém dizer “não posso” é contradizer a Palavra de Deus que declara que somos preparados e equipados para o serviço. Na maior parte das vezes o problema maior é uma negação de trabalhar pelo Senhor do que uma falta de aptidão. Paulo admoesta os crentes a realizar boas obras para que com elas eles se beneficiem espiritualmente, pois ele escreve a Tito: “Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que crêem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens… E os nossos aprendam também a aplicar-se às boas obras, nas coisas necessárias, para que não sejam infrutuosos.” (Tito 3.8,14). Há muito que este escritor crê que Deus não distribui talentos e capacidades indiscriminadamente, mas que a capacidade de realizar alguma obra determinada no serviço de Deus é uma evidência da vontade de Deus que de ela seja feita por essa pessoa que tem essa capacidade. Deus não espera que nenhuma pessoa faça aquilo que ela não pode fazer, mas toda pessoa que experimentou a graça de Deus pode cumprir esta ordem: “Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti”. (Mc 5.19) Essa é a essência do testemunho cristão, e toda pessoa regenerada tem aptidão para esse testemunho, pois “nenhum filho de Deus jamais nasceu mudo”.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Regeneração
“A regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior. O substantivo grego (palingenesia) traduzido por ‘regeneração’ aparece apenas duas vezes no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com referência aos tempos do fim. Somente em Tito 3.5 refere-se a renovação espiritual do indivíduo. Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o que acontece. O Senhor ‘tirará da sua carne o coração de pedra e lhes dará um coração de carne’ (Ez 11.19). Deus diz: ‘Espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados... E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo... E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos’ (Ez 36.25-27). Deus colocará a sua lei ‘no seu interior e a escreverá no seu coração’ (Jr 31.33). Ele ‘circundará o teu coração... para amares ao Senhor’ (Dt 30.6)” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, pp.369,370).

III. SANTIFICADOS EM CRISTO

1. Uma consequência da salvação. A santificação é o processo pelo qual o crente se afasta (separa) do pecado para viver uma vida inteiramente consagrada a Deus, desenvolvendo nele a imagem de Cristo (Rm 8.29). É um processo de cooperação entre o crente e o Espírito Santo que se inicia no momento da justificação do salvo, isto é, Deus vê o crente como santo, ainda que a santidade dele precise ser aperfeiçoada (Ef 4.12). No processo de conversão, a santificação é outorgada ao cristão porque Deus o vê santo, separado e amado por Ele, o nosso Pai (Cl 3.12). Nesse sentido estamos firmados em Cristo e os pecados não têm mais lugar em nossas vidas (1 Jo 3.6). [Comentário: A Palavra de Deus demonstra enfaticamente que a nossa salvação não é um fim em si mesma, antes é o início da vida cristã, através da qual nos tornamos filhos de Deus e progredimos em santificação até à consumação de todo propósito de Deus em nossa vida. Devemos estar atentos para o fato de que a salvação (justificação, regeneração, união com Cristo), não é a linha de chegada da vida cristã; antes, é o ponto de partida 10. Um dos maiores desafios da vida para o cristão resume-se numa única pergunta: “Como viver de forma santa num mundo de tanta corrupção, podridão moral e apelos sexuais?”. Diante de tudo isso, fica difícil para o homem tomar decisões morais e éticas sob o prisma da santidade, vivendo em um mundo dominado pelo pecado e por operações malignas. Sem o Espírito Santo seria impossível andarmos em santidade. Em “1Pe 2.9-10 “Vós, porém,” nos versículos 1 a 8 Pedro estabelece um contraste entre aqueles que obedecem à Palavra e os que não obedecem a ela; entre os que aceitam e os que rejeitam a Cristo (1Pe 1.22; 2.8). Daí o motivo de ele começar o versículo 9 com uma conjunção adversativa – “porém”. Somos escolhidos para fazer parte do Reino de Deus, da nação santa, fomos eleitos pelo próprio Senhor! Temos um papel importante na história do mundo. Estamos aqui para declarar louvores a Deus àqueles que não O conhecem, para que possam receber o Seu amor e a Sua Graça, pois o Senhor nos tirou do mundo de trevas e escuridão e nos trouxe para Sua maravilhosa luz. “A palavra nação refere-se a um grupo de pessoas, isto é, um conjunto de pes­soas que pertencem a uma comunidade humana por falarem a mesma língua e compartilharem uma cultura e uma história comum. (Shedd, ob. cit., p.46). Aos Efésios, o apóstolo declarou que a igreja tem “um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4.5-6). Sendo assim, a igreja compartilha de muitas coisas em comum e, por isso, pode ser chamada de nação. Essa nação é “santa” porque o Deus que a escolheu é Santo. A ideia bíblica de santidade de Deus é dupla. Primeiro, Ele é absolutamente distinto de todas as Suas criaturas e exaltado sobre elas em infinita majestade (Ec 5.2); segundo, Ele não tem comunhão com o pecado (Jó 34.10; Hc 1.13; 1Jo 1.5). Desde há muito o Senhor vem dizendo ao Seu povo que Sua vontade é que ele seja santo – separado (Lv 19.1-2; 2Co 6.14-7.1; 1Ts 4.3; 1Pe 1.13-16).]
2. Um esforço pessoal. As Escrituras revelam que devemos almejar e priorizar a santificação (Hb 12.14), pois a nossa natureza pecaminosa insiste em resistir a esse processo (Rm 7.14,21). Deus anela pela santificação dos seus filhos, não por capricho divino, mas porque o pecado nos fere de morte e o nosso Pai de amor não quer ver os seus filhos feridos, mortos no pecado, pois isso contraria sua natureza amorosa. Assim, para sarar a ferida do pecado. Ele enviou o seu filho para nos libertar do pecado a fim de vivermos uma vida santa. [Comentário:Santificação bíblica significa basicamente separação para uso e posse de Deus. Uma boa definição é a de Paulo em Atos 27.23: “...do Senhor, de quem sou e a quem sirvo”. Santificação não é apenas a pessoa pertencer a Deus, mas também servi-lo. Se o leitor é um santo de Deus, certamente está servindo a Deus. Há muita santificação por aí que pode ser tudo, menos bíblica. A santificação posicional, deve tornar-se experimental no viver diário do crente. A santificação é primeiramente interna, isto é, pureza interior, purificação do pecado, refletindo isso em nosso exterior, traduzido em separação do pecado e dedicação a Deus. É um termo ligado ao culto a Deus e consagração ao seu serviço, conforme se vê no livro de Levítico, através de pessoas e coisas, sacerdotes, templo, objetos etc. Quem pensa ser santo deve ser separado do mal e dedicado a Deus para seu uso (2Tm 2.21). A santificação, como aca¬bamos de ver, tem um lado posicional e outro prático: um santo viver. A justiça é comparada a um vestido (Jó 29.14 e Is 59.17). Mas o corpo, que recebe esse vestido, como deve estar? É razoável um vestido limpo em corpo sujo? A santificação é o que Deus faz em nós. Nesse sentido, a salvação é progressiva. Uma criança nova é perfeita, mas não é adulta. Uma frutinha é também perfeita ao formar-se, mas não é madura (Ef 4.13). Tendo sido justificado, o crente progride e prossegue para a perfeição, de que em seguida nos ocuparemos. Portanto, ao estudarmos a santificação precisamos vê-la quanto à posição do crente em Jesus Cristo, e quanto ao estado do crente em si mesmo.]
3. O desafio de sermos santos. Às vezes achamos que podemos ser continuamente bons e santos (1Jo 1.10). Na verdade, a nossa meta deve ser essa, mas não podemos deixar de reconhecer que somos simultaneamente justos e pecadores, ou seja, em Cristo, Deus nos vê absolutamente santos; no entanto, em relação à nossa natureza inclinada ao pecado, nossa santificação sofre revezes (Rm 7.15). Por isso é exigido um esforço pessoal e dependência contínua do Espírito Santo para sermos santos. [Comentário: A Bíblia diz que todo salvo já é santo! Quando você se arrepende de seus pecados e aceita Jesus como seu salvador, você dedica sua vida a Deus. Agora Jesus, o Santo, mora dentro de você e lhe purificou de todos os seus pecados (1Co 6.11). Você pode se aproximar de Deus sem ter medo de ser destruído pelo pecado. Agora que você é santo, sua vida é dedicada a agradar a Deus. Isso significa que mudanças vão acontecer ao longo de sua vida (2Co 7.10). Esse processo se chama santificação. Deus disponibilizou três meios para a santificação: o sangue de Jesus, o Espírito Santo e a própria Palavra de Deus: 1. O Sangue de Cristo: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1.7). O Sangue fala da nossa posição perante Deus. É uma obra consumada que concede ao pecador arrependido um lugar na presença de Deus (Hb 13.12; 10.10, 14; 1 Jo 1.7). Observemos que, como resultado da obra consumada de Cristo, o pecador arrependido é transformado de pecador impuro em adorador santo. A santificação é o resultado dessa maravilhosa obra redentora do Filho de Deus, ao oferecer-se no Calvário para aniquilar o pecado pelo seu sacrifício. Em virtude desse sacrifício, o crente é eternamente separado para Deus; sua consciência é purificada e ele próprio é unido em comunhão com o Senhor Jesus Cristo (Hb 12.11; 9.14). À luz de 1 Jo 1.7 fica claro que o que remove essa barreira, que é o pecado, entre o ser humano e Deus, para que flua entre ambos a comunhão, é o Sangue eficaz de Jesus Cristo. Não há ninguém perfeito, mas é possível andar em comunhão com Deus, desde que o Sangue do Cordeiro esteja nos purificando. Não há comunhão com Deus se não debaixo do sangue de Cristo (1 Jo 1.9). 2. O Espírito Santo: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). É impossível a santificação sem a operação do Espírito Santo. Diríamos que Ele é o agente, o dinamizador. O ensino bíblico deixa bem claro este fato (1 Co 6.11; 1 Pe 1.1, 2; Rm 15.16). “Da mesma forma que o Espírito Santo pairava sobre o caos original (Gn 1.2), seguindo-se o estabelecimento da ordem pelo Verbo de Deus assim o Espírito paira sobre a alma humana, fazendo-a abrir-se para receber a luz e a vida de Deus” (2 Co 4.6). O Espírito Santo toma o imundo e o leva ao santo. Fez o que aconteceu na casa de Cornélio (At 10). E agora os gentios são aceitos na família de Deus porque foram santificados, separados pelo Espírito Santo. Para uma vida de santidade o Espírito Santo terá de entrar em cena. Homens e mulheres santos são aqueles em que o Espírito Santo trabalha. 3. A Palavra de Deus: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.1-3). Os cristãos são descritos como sendo gerados pela Palavra de Deus (1 Pe 1.23). A Palavra de Deus desperta as pessoas para compreenderem a insensatez e impiedade de suas vidas. Quando dão importância à Palavra, arrependendo-se e crendo em Cristo, são purificados pela Palavra que lhes fora falada. Esse é o início da purificação, que deve continuar através da vida do crente. No início de sua consagração ao ministério, o sacerdote israelita tomava um banho cerimonial completo, banho que nunca se repetia, era uma obra feita uma vez para sempre. Todos os dias, porém, era obrigado a lavar as mãos e os pés. Da mesma maneira, o regenerado foi lavado (Tt 3.5, Jo 13.10); mas precisa de uma separação diária das impurezas e imperfeições conforme lhe foram reveladas pela Palavra de Deus, que serve como espelho para a alma (Tg 1.22-25). Deve lavar as mãos, isto é, seus atos devem ser retos; deve lavar os pés, isto é, “guardar-se das imundícias em que tão facilmente tropeçam os pés do peregrino, que anda pelas estradas deste mundo.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Santificação
A santificação precisa ser distinguida da justificação. Na justificação, Deus atribui ao crente, no momento em que recebe a Cristo, a própria justiça de Cristo, e a partir de então vê esta pessoa como se ela tivesse morrido, sido sepultada e ressuscitada em novidade de vida em Cristo (Rm 6.6-10). É uma mudança que ocorre ‘de uma vez por todas’ na condição legal ou judicial da pessoa de Deus. A santificação, em contraste, é um processo progressivo que ocorre na vida do pecador regenerado, momento a momento. Na santificação ocorre uma cura substancial da separação que havia ocorrido entre Deus e o homem, entre o homem e os seus companheiros, entre o homem e si mesmo, entre o homem e a natureza” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.1762).

CONCLUSÃO

Convêm que os crentes, como pessoas justificadas, regeneradas e santificadas, demonstrem ao mundo perdido, por meio das consequências positivas que esse processo de salvação traz sobre nossa vida, que somente Jesus pode salvar e transformar o pecador. [Comentário: Somos posicionalmente santos e esta posição nos obriga a vivermos em santidade. A santidade implica principalmente na mortificação do pecado que habita em nós e em viver de acordo com a vontade de Deus revelada nas Escrituras. Sabemos que embora santificados, o velho homem permanece em nós e carece de ser mortificado diariamente, pelo poder do Espírito Santo. Sendo pelo poder do Espírito Santo, a santificação deve ser um processo irresistível na vida do verdadeiro salvo; o alvo da escolha de Deus é que sejamos santos e irrepreensíveis diante dele (Efésios 1.4), para isso nos escolheu mediante a santificação do Espírito (2Ts 2.13).] “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2)

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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