sexta-feira, 27 de agosto de 2021

LIÇÃO 9: O REINADO DE JOÁS


COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

Com apenas sete anos de idade, Joás começou a reinar. Como era muito jovem, recebia orientações e conselhos do sacerdote Joiada. Durante os anos em que foi orientado, teve um brilhante reinado e fez o que era reto aos olhos do Senhor. Porém, como as suas convicções sobre Deus não eram suficientemente fortes, após a morte de Joiada, Joás deixou-se influenciar por maus conselhos que fizeram Judá retornar à idolatria.

O rei Joás governou o reino de Judá logo após a sua avó Atalia ter usurpado o trono de Judá com a morte de Acazias, pai de Joás, cujo reinado foi bastante curto, de apenas um ano. Acazias era filho de Jorão e sucedeu-lhe no trono. Este se casara com Atalia, filha de Acabe. Portanto, Jorão e Atalia eram pais de Acazias, que era pai de Joás. Tanto Jorão quanto Acazias foram péssimos reis no sentido de promover a idolatria em Judá, incentivados por Atalia, que aprendera muito bem adorar a Baal e a Aserá com os seus pais Acabe e Jezabel. Acazias foi morto por Jeú enquanto visitava o seu tio Jorão (rei de Israel), que estava convalescendo de um ferimento de guerra (2 Rs 9.16-18; 24-26; 2 Cr 22.6-9). A morte de Acazias foi cumprimento de profecia (2 Cr 22.8) proferida por um dos filhos dos profetas da escola de Eliseu. Conforme o relato bíblico, ele profetizou assim: “E ferirás a casa de Acabe, teu senhor, para que eu vingue o sangue de meus servos, os profetas, e o sangue de todos os servos do Senhor da mão de Jezabel. E toda a casa de Acabe perecerá; e destruirei de Acabe todo varão, tanto o encerrado como o livre em Israel (2 Rs 9.7,8).”

 I. O LIVRAMENTO DE JOÁS

1. As tramas reais. Tanto em Israel quanto em Judá, existiam acirradas disputas pelo poder, envolvendo interesses políticos e econômicos. A casa real de Judá havia se aparência com a casa real de Israel através de Atalia, neta de Acabe e Jezabel Atalia se casou com Jorão, filho de Josafá, rei de Judá. Quando Jorão foi assassinado por Jeú (2 Rs 9.24), Atalia usurpou o trono e começou a reinar em seu lugar (2 Cr 22.12b).

2. A coragem do sacerdote Joiada. Atalia herdara a perversidade de Acabe e Jezabel. Para se assentar no trono ela matou todos os membros da família real, incluindo seus próprios netos (2 Cr 22.10). Apenas Joás, filho de Acazias, escapou. Ele tinha um ano de idade e foi escondido em uma sala por sua tia Jeoseba, esposa do sacerdote Joiada, e lá ficou durante seis anos (2 Rs 11.2,3). Nesse período, Joiada preparou lhe ensinou as leis mosaicas.

3. A estratégia bem-sucedida. Quando Joás completou sete anos, Joiada armou uma estratégia para empossar o legítimo rei. Combinou com os capitães da guarda e, no dia planejado por eles, destituíram Atalia do trono e proclamaram Joás como rei (2 Cr 23.11). Joiada naturalmente passou a ser corregente com Joás, pois este não tinha condições de reinar por ainda ser criança (2 Rs 12.2). O sacerdote, como um homem temente a Deus, destruiu os sacerdotes de Baal e conclamou o povo para remover seu templo, despedaçar imagens e altares, e refazer a aliança com Deus (2 Cr 23.16,17).

As tramas reais envolvendo interesses políticos, tanto no reino de Israel quanto no de Judá, estavam acirradas na época anterior a Joás. A casa real de Judá havia-se aparentado com a casa real de Israel, que era muito perversa e idólatra, por meio da filha de Acabe e Jezabel, que haviam sido reis de Israel. Atalia, a filha de Acabe, casou-se com Jorão, rei de Judá, que era filho de Josafá. Atalia, mãe de Acazias, usurpou o trono e começou a reinar no seu lugar quando este foi assassinado por Jeú (2 Rs 9.24), como cumprimento da profecia de que todos os descendentes de Acabe seriam mortos (2 Rs 10.10). – A filha da casa real de Israel, Atalia, viu a morte de seu filho não como uma tragédia, mas como uma maneira de submeter Judá ao controle de Israel. Atalia supunha que isto seria vital para que a linhagem de Omri [pai de Acabe], fosse restabelecida em Samaria. – O povo de Judá estava, de certa forma, acostumado com a adoração a Baal e Aserá, mas a inventiva de Atalia de aprofundar e incrementar a adoração a esses falsos deuses foi demais para o povo, especialmente para o sacerdote Joiada, cujo zelo por Jeová estava aceso e fez de tudo para que a idolatria cessasse e a adoração a Deus fosse novamente implantada. Portanto, a sedição para derrubar a rainha-mãe foi bem-sucedida porque os intentos malignos e a astúcia de Atalia logo se tornaram um pesado fardo para o povo; por isso, foi fácil para Joiada conseguir derrubar a usurpadora do trono e colocar o legítimo descendente de Davi. Um dos artífices usados por Atalia para incrementar a adoração a Baal foi a apropriação dos utensílios sagrados do Templo do Senhor, que foram levados para o templo de Baal. Também havia um sumo sacerdote dessa falsa divindade que se chamava Matã, que foi morto na época da restituição do trono para a dinastia de Davi através de Joás. – Certamente que a ascensão prematura ao trono de um menino em Judá reflete a situação periclitante em que o povo vivia sob o reinado de Atalia, a tal ponto de ela nem ser considerada rainha, apesar de assim ter sido, na linhagem dos reis de Judá. Atalia foi uma rainha perversa e má, tanto ao cometer assassinatos em série quanto em promover a adoração a falsas divindades. Seguramente, ela era uma rainha difícil de conviver, tendo em vista a sua índole de matar os próprios familiares para ter acesso ao trono. Sendo assim, qualquer outra atrocidade cometida contra o povo seria possível da parte dela.

Como Atalia havia herdado a perversidade de Acabe e Jezabel, ela matou todos os membros da família real para assentar-se no trono, inclusive os seus próprios netos, ao extremo de somente Joás, filho de Acazias, com apenas um ano de idade, ter escapado porque foi escondido numa sala do Templo pela sua tia Jeoseba, irmã de Acazias (pai de Joás), que era esposa do sumo sacerdote Joiada. A loucura de Atalia quase dizimou a casa real davídica, restando apenas Joás. Portanto, Joiada e Jeoseba passaram a ser os tutores de Joás, que ficou escondido durante seis anos nessa sala do Templo e foi ensinado nas leis mosaicas por esse sumo sacerdote, que o preparou para assumir o trono. A linhagem messiânica por pouco não foi extirpada, e a lâmpada de Davi, apagada (1 Rs 11.36; Sl 132.17). Somente foi poupada por causa do zelo do sacerdote Joiada, usado por Deus, que prometeu a Davi um herdeiro perpétuo: “A sua descendência durará para sempre, e o seu trono será como o sol perante mim” (Sl 89.36).

Quando Joás, cujo nome significa “Yahweh é forte”, completou sete anos, Joiada armou a estratégia para empossar o legítimo rei no trono, e foi combinado que seria num dia de sábado, quando o povo vinha ao Templo para oferecer os seus sacrifícios e para não despertar suspeitas. A estratégia envolveu os capitães da guarda e os levitas que trabalhavam no Templo. Na hora combinada, Joás foi proclamado rei. Assim, destituíram Atalia do trono e, em seguida, quando ela veio depressa ao Templo para ver o que estava acontecendo, foi levada para fora e morta. – Logicamente que Joiada passou a ser corregente com Joás (2 Rs 12.2), pois este não tinha condições de reinar sendo criança. O sacerdote Joiada, por ser temente a Deus, destituiu os sacerdotes de Baal e conclamou o povo para derribar o seu templo, despedaçar as imagens e os altares, além de refazer a aliança do povo com Deus. Iniciou-se, portanto, um grande reavivamento do culto a Jeová em Judá. Essas atitudes de Joiada tiveram uma influência muito positiva sobre o reinado de Joás. No reinado de Joás e sob a influência de Joiada, foram feitas várias reformas religiosas importantes, dentre elas: extirpou-se parcialmente o culto a Baal e foi derrubado o seu templo; renovou-se o pacto com o Deus de Israel; os levitas foram reorganizados em grupos conforme havia sido na época de Davi e descritas por Moisés; e foram feitas reparações importantes no Templo, como veremos adiante

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Um elemento importante para se conseguir e conservar a atenção é o envolvimento pessoal dos alunos. Qualquer tempo gasto sem que o aluno esteja profundamente envolvido na lição é tempo perdido. O que fazer para se obter esse interesse? Primeiro precisamos conhecer bem as necessidades básicas de cada aluno, e os problemas que aparecem em cada área da vida deles. O que os motiva? De que gostam? Nós professores não temos obrigação de criar a atenção, mas de captá-la, de tornar cativante até mesmo a situação mais desinteressante. Temos que fazer o aluno envolver-se na lição.

II.  O REINADO DE JOÁS E A REPARAÇÃO DO TEMPLO

1. A arrecadação para reparar o templo. O reinado de Joás foi muito próspero enquanto Joiada o aconselhava (2 Rs 12.2). Como a adoração a Baal havia sido muito incentivada pelos reis anteriores, nenhuma manutenção fora feita no Templo do Senhor e, por isso, ele estava em condições precárias. Logo, Joás incentivou o povo e os sacerdotes a arrecadarem ofertas para a manutenção do Templo (2 Rs 12.4.5).

2. A fidelidade dos tesoureiros. Um detalhe muito importante nessa arrecadação foi a fidelidade com que os sacerdotes e tesoureiros reais administravam o dinheiro (2 Rs 12.15). Numa época, como hoje, esse exemplo dos funcionários de Joás é um importante modelo a ser seguido para desfrutarmos das bênçãos do Senhor.

3. Fidelidade, um atributo que enobrece. Não importa a quantia que está sendo administrada. Deus jamais se agradará de qualquer subtração de valores financeiros ou vantagens pessoais. A Palavra de Deus incentiva a prática da fidelidade: “Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração e acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens” (Pv 3.3,4). A fidelidade enobrece a alma e traz respeito a quem a pratica. 

Enquanto Joás era aconselhado por Joiada o seu reinado foi muito próspero (2 Rs 12.2). Nesse tempo, aconteceu a restauração do Templo de Jerusalém, que havia sido construído por Salomão. Como a adoração a Baal fora muito incentivada pelos reis anteriores, nenhuma manutenção havia sido feita no Templo do Senhor; por isso, ele estava em condições precárias. Portanto, Joás incentivou o povo e os sacerdotes a arrecadarem ofertas para a manutenção do Templo. O povo contribuiu com muita liberalidade (2 Rs 12.10), e a reforma foi efetivada, e ainda sobraram recursos para ornamentar o Templo. A reforma demorou muitos anos a ser feita entre a ordem dada por Joás até a sua consumação, pois o sacerdote Joiada não deu andamento às obras, até que Joás interveio e mudou a forma de arrecadação, e o plano de reformas para, então, as obras terem início. – No Novo Testamento, o salvo, que é o templo do Espírito Santo, conforme Paulo escreveu: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3.16). Dessa forma, é preciso que o crente cuide desse templo, não apenas do corpo, mas também do coração, cuidando deles para que não sejam destruídos pela lassidão e relaxamento espiritual, bem como pela falta de manutenção, de modo que outras coisas ocupem o lugar de Deus no coração. A advertência de Joás ao sacerdote Joiada, “Por que não reparais as fendas da casa?” (2 Rs 12.7b), ainda serve para os dias atuais. A diligência em reparar as fendas que se instalam no coração no decorrer do tempo (Jo 13.10a) são responsabilidade do crente que quer manter a habitação do Espírito Santo em bom estado.

Quando lemos sobre a fidelidade dos Sacerdotes lembramos que numa época como hoje, muitas pessoas importantes acabam achando normal desviar dinheiro e misturar as contas pessoais com as contas das instituições, de forma que não se sabe o que é uma coisa ou outra. Ou, ainda, onde algumas vezes os honestos são tratados como bobos e muitas vezes são coagidos a agirem de forma desonesta; esse exemplo dos funcionários de Joás é um importante modelo para ser seguido.

A Bíblia incentiva a honestidade da seguinte maneira: “Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração e acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens” (Pv 3.3,4). Portanto, a fidelidade enobrece a alma da pessoa e ainda faz com que a pessoa seja benquista e respeitada em todos os lugares, pois o Senhor faz com que o caminho do justo seja todo plano (ver Is 26.7).

Fidelidade (pistis) é a característica da pessoa que é fiel, que não trai alguém, que não desvia recursos ou, ainda, que não se esquiva de um princípio importante. Ela materializa-se em lealdade constante e inabalável a alguém com quem se está unido por promessa, compromisso ou convicções. É uma das partes do Fruto o Espírito (Gl 5.22), que significa uma convicção inabalável de que certos valores são inegociáveis na vida, ainda que se corram sérios riscos e que se possa ter perdas financeiras, de reputação ou mesmo da vida para mantê-los. A fidelidade não se dá apenas na presença da parte interessada ou quando ninguém está vendo. Ela é uma característica que acompanha o sujeito em qualquer lugar ou situação.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“A religião de Baal, introduzida por Atalia, havia ocasionado uma séria negligência em relação aos serviços e a adoração no Templo. A rainha, de fato, era a responsável por uma considerável destruição do ambiente sagrado e de seus objetos, e pelo confisco de ofertas destinadas a Deus, que ela reverteu para a causa de Baal (2 Cr 24:7).

Joás confia aos sacerdotes a tarefa de reparar o Templo (12.4-8). Os recursos destinados aos sacerdotes e a manutenção do Templo normalmente provinham de três origens: (a) o dinheiro daquele que passa (4), isto é, o dinheiro da análise do censo (Êx 30.13); (b) o dinheiro de cada uma das pessoas, o dinheiro da alma ou da redenção (cf. Nm 18.15.16), e, (c) o dinheiro que trouxer cada um voluntariamente, as ofertas espontâneas. Os sacerdotes deveriam utilizar esses recursos para reparar o Templo. O fato de terem deixado de fazer esses reparos quando Joas já tinha chegado aos vinte e três anos não indica necessariamente que houve uma apropriação indébita. Parece, antes, que os proventos esperados, através das fontes naturais, não eram tão elevados quanto o necessário, e que os sacerdotes talvez não tivessem sido muito cuidadosos a respeito da apropriação do dinheiro para seu uso pessoal, como deveriam ser. “Conhecidos” (5,7) significa ‘eleitores ou ‘apoiadores” (Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.358,359)

III. A CONSPIRAÇÃO CONTRA JOÁS

1. O declínio do reinado. A história de Joás nos revela que ele não tinha firmeza em suas convicções e se deixava levar facilmente por qualquer sugestão (2 Cr 24.17). Quando o sacerdote Joiada morreu, o rei não conseguiu manter-se inteiramente fiel ao Senhor, passou a adorar ídolos (2 Cr 24.18) e a confiar em suas próprias forças (2 Rs 12.17,18). As más decisões de Joás e sua desobediência resultaram na falta de prosperidade do reino, na perda de sua confiança em Deus, e, mais tarde, na conspiração de assassinato contra ele (2 Cr 24.25). 

Essa é uma trágica consequência da desobediência: perder a confiança em Deus por causa de uma consciência contaminada. Assim aconteceu com o rei Joás. Quando conhecemos bem os caminhos do Senhor, e entramos pelo caminho tortuoso, o da apostasia, a consequência trágica é inevitável.

2. Conspiração e morte no reino. A idolatria de Joás teve início após a morte do sacerdote Joiada. O rei, em vez de seguir tudo o que o sacerdote lhe ensinara, passou a tomar conselhos com os príncipes de Judá (2 Cr 24.17), abandonou o Senhor e se voltou aos ídolos. Sua capacidade de discernir estava tão prejudicada que, ao ser repreendido por Zacarias, filho de Joiada, o matou (2 Cr 24.20,21). O juízo de Deus veio até Joás através do exército sírio, que pelejou contra ele. Após a batalha, ferido, os próprios servos de Joás conspiram contra ele e o matam em sua cama (2 Cr 24.25). 

Quão perigoso é abandonar os bons conselhos do céu para buscar os maus conselhos terrenos (cf. Fp 4.8,9). Não podemos deixar de discernir as coisas do Espirito, pois a Palavra de Deus diz que nós temos a mente de Cristo (1 Co 2.16). 

O Declínio do Reinado A herança espiritual pervertida dos antepassados de Joás não foi de todo eliminada da sua vida, pois, quando morreu o seu tutor e principal conselheiro, o sacerdote Joiada, Joás não conseguiu manter-se inteiramente fiel ao Senhor. O texto bíblico dá a entender que Joás não tinha muita determinação nem convicções firmes e deixava-se levar facilmente por qualquer sugestão (2 Rs 12.6,7). Os seus súditos sugeriram-lhe que voltassem a adorar imagens, e ele consentiu. – Assim, eles afastaram-se do caminho do Senhor, o que atraiu sérias consequências sobre Judá (2 Cr 24.17-18). Essa situação de Joás ilustra o seu “caráter fraco, que depende da boa ou má influência de outros. Ser fraco conduz ao mal, tarde ou cedo, e o mal leva ao desastre.” Uma das consequências dessa desobediência foi que a ira de Deus veio sobre Judá, mas, antes, a desobediência foi denunciada pelo sacerdote Zacarias, filho de Joiada, como também por outros profetas (ver 2 Cr 24.19). – A desobediência de Joás fez com que Hazael, o rei da Síria, invadisse Judá. Com medo do rei sírio e para livrar-se do ataque dele, Joás deu todos os utensílios de ouro do Templo do Senhor (2 Rs 12.18) em vez de confiar no livramento divino. Essa é uma trágica consequência da desobediência. Joás perdeu a confiança em Deus com a sua consciência culpada, pois conhecia muito bem os caminhos do Senhor, e entrou por caminhos tortuosos e empobrecedores. Por fim, houve uma conspiração contra o rei, e este foi assassinado, findando-se, assim, o seu reinado de forma triste (2 Cr 24.21). – Os bons inícios do reinado de Joás e o fracasso final atestam para o fato de que o excesso de poder e a proximidade de pessoas de má influência facilmente corrompem a pessoa que já tem inclinações para o mal. É o mesmo caso de Salomão, que, inicialmente, fez um bom reinado, mas depois se deixou influenciar por pessoas com interesses próprios e escusos. Ainda hoje em dia, vemos muitos líderes que entram por esse mesmo caminho. No início, parecem muito sinceros e assertivos, mas, ao longo da sua caminhada, corrompem-se e, muitas vezes, o final é trágico. 

Um Assassinato Conveniente A principal tragédia do reinado de Joás foi o assassinato do sacerdote Zacarias, que, por denunciar os desmandos do reino e as transgressões dos mandamentos divinos, foi trágica e ingratamente morto pelo rei, mesmo sendo filho do homem que preparou a sua condução ao trono quando Joás estava destinado a ser morto. – A referência que Jesus faz a Zacarias em Lucas (11.51) talvez seja desse sacerdote morto por Joás. Jesus estava censurando a hipocrisia das autoridades do Templo e dos detentores do poder eclesiástico por rejeitarem a palavra dos profetas. Com essa rejeição, estavam concordando com aqueles que mataram os profetas do passado. A censura de Jesus faz a denúncia de que as autoridades do Templo estavam sobrecarregando o povo com ordenanças e leis, mas eles mesmos não as cumpriam. Eles levavam ao pé da letra ordenanças simples, mas recusavam-se a praticar a justiça e o amor e procuravam ser honrados nas reuniões e, também, os assentos mais destacados (Lc 11.37-44). Mais tarde, essas mesmas autoridades mataram Jesus, comprovando o que Ele estava dizendo. – Mas também podem acontecer assassinatos de pessoas sem que haja morte física. Basta que, para tal, as vozes proféticas sejam silenciadas pelos detentores do poder com as mais variadas formas e artimanhas. Os poderosos, como Joás, erroneamente acham que podem fazer qualquer coisa, mas os olhos do Senhor estão voltados para os seus filhos que são justos, assim como Jesus denunciou este pecado de Joás muito tempo depois. – As consequências para Joás por causa da morte do sacerdote Zacarias é a prova de que Deus está assentado no trono e governa tudo de forma absoluta, muito embora Ele dê plena liberdade para os seus filhos.

SUBSÍDIO HISTÓRICO

“As razões da conspiração contra Joás não foram explicadas nos livros dos Reis. Podemos supor, com base em 2 Crônicas 24 15-22, que ele havia contrariado os interesses da religião quando se voltou para o culto a Baal depois da morte do sumo sacerdote. Ac ser condenado devido a esse ato por Zacarias, filho de Joiada, ordenou que este fosse apedrejado. A expressão casa de Milo (20) possivelmente seja uma referência a uma estrutura construída sobre uma plataforma de terra batida, provavelmente localizada na região noroeste da cidade de Davi. O local chamado Sila não pode ser identificado; talvez esta seja uma referência a um bairro da cidade” (Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.359).

CONCLUSÃO 

Joás foi levado ao trono por uma ação divina organizada pelo sacerdote Joiada. No início de seu reinado, ele reparou o Templo e mandou construir vários artefatos para o ofício sagrado. Porém, após a morte do sacerdote Joiada, começou a fazer o que era mau aos olhos do Senhor. Passou a adorar ídolos e perdeu completamente a noção de justiça ao mandar assassinar o profeta Zacarias. Seu reino entrou em decadência e ele acabou assassinado por dois de seus servos.

Vemos pela Palavra de Deus como Joás deliberadamente matou Zacarias, desta forma ele colheu as consequências do seu ato injusto quando os siros, com um pequeno exército menor que o de Judá, invadiram o reino, mataram vários príncipes e feriram gravemente a Joás. Este, para aplacar a avidez de Hazael, rei da Síria, enviou-lhe todo o ouro do Templo como presente para Hazael desistir de atacar Jerusalém (2 Rs 12.17-28; 2 Cr 24.23,24). – O medo do rei sírio, aliado à morte de Zacarias, fez com que dois dos oficiais de Joás tramassem e executassem a sua morte. No seu leito de enfermidade, eles assassinaram-no, entronizando o seu filho no seu lugar. A lição desse rei nos mostra que devemos em tudo obedecermos ao Senhor, pelo contrário sofreremos as duras consequências.

REFERÊNCIAS

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 9. Rio de Janeiro: CPAD, 29, ago. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário