sexta-feira, 3 de setembro de 2021

LIÇÃO 10: O CATIVEIRO DE ISRAEL: REINO DO NORTE

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

O cativeiro de Israel ocorreu durante o reinado do rei Oseias. Nessa época, a Assíria começava a crescer e a se tornar um grandioso império, controlando várias nações, inclusive Israel. Durante os últimos trinta anos de Israel, o país foi acometido de muitas tragédias, injustiças e assassinatos, em razão de desprezarem e desobedecerem aos mandamentos de Deus. A nação israelita entrou em decadência política, social, econômica e religiosa. – As advertências de Deus para que os israelitas abandonassem a idolatria e fossem poupados não surtiu efeito. A nação afundava-se nos seus pecados cada vez mais. A solução de Deus para o seu povo escolhido foi a dispersão por meio do cativeiro, não sem antes agir com misericórdia e amor, como demonstrado pelo profeta Oseias. Por causa da sua recusa ao chamado do Senhor e a sua constante idolatria eles experimentaram o cativeiro da Assíria. A Assíria foi um dos primeiros grandes impérios e ficou conhecida pela sua força bélica e a sua crueldade desferida contra os seus inimigos, cortando os seus lábios, língua, membros sexuais, orelha e nariz e, ainda por cima, obrigando-os a trabalhar como escravos. Além disso, eles tinham métodos de matança ainda mais cruéis: os inimigos eram esfolados vivos, queimados ou espetados numa estaca até ficarem totalmente exauridos. Os assírios espalhavam o horror por onde passavam, causando muito medo em todas as nações e fazendo com que quase ninguém lhes oferecesse resistência. O poderio de terror assírio somente seria vencido quando surgiu Nabopolassar e o seu filho Nabucodonosor, que venceram o Império Assírio e fortaleceram o Império Babilônico.

 I. SAMARIA É CERCADA PELO REI DA ASSIRIA

1. Israel sob o reinado de Jeroboão II. A nação de Israel experimentou prosperidade econômica e reconquistas de territórios perdidos para a Síria que, durante algum tempo, dominava a Palestina. Mas infelizmente, conforme nos adverte os profetas Amós e Oseias, esses resultados foram alcançados através de corrupção, injustiça social, hipocrisia religiosa e sincretismo (2 Rs 17.2,29-33). Os períodos de prosperidade não fizeram o povo retornar a Deus para adorá-lo, conforme a Lei.

2. A traição do rei Oseias. O rei da Assíria, Salmaneser, descobriu que Oseias, seu vassalo, o traíra ao buscar apoio do Egito e interromper o pagamento dos tributos ao seu reino (2 Rs 17.3,4). Enfurecido, o soberano mandou prender Oseias, marchou com seus exércitos contra Samaria, e a sitiou por três anos (2 Rs 17.5). A partir daí, Israel não teria mais chances de negociação; só lhe restaria a guerra e a consequente deportação.

3. A advertência dos profetas. O aumento da riqueza nacional, especialmente sob o reinado de Jeroboão II, fez com que pequenos proprietários fossem espoliados pelos mais ricos, até que se tornassem pobres e servos desses usurpadores. Enquanto os mais abastados viviam na extravagância, os pobres eram vilipendiados e permaneciam na miséria. Essas injustiças fizeram com que os profetas Amós e Oseias formalizassem graves denúncias (Am 5.6-9). Todos estes brutais pecados da nação de Israel foram apontados pelos profetas com pesadas advertências ao arrependimento, e apelos à misericórdia e ao amor de Deus (Os 7.11-14).

O Todo-Poderoso sempre abominou o sincretismo em Israel, em que o povo adorava os ídolos e ao mesmo tempo oferecia cultos a Deus. Foi por isso que o profeta Amós advertiu àquela obstinada nação com tanta severidade (Am 5.21-27). Deus não se deixa escarnecer, e não tolera um coração dividido com outros deuses ou objetos de adoração. Esses falsos deuses influenciavam o coração do povo, inclinando-o contra a vontade de Deus declarada em sua Palavra.

Oseias foi considerado um rei rebelado quando buscou apoio do Egito e interrompeu o pagamento dos tributos de reino vassalo. Isso enfureceu tanto o rei Assírio Salmeneser V que ele fez um cerco a Samaria que durou três anos. Agora, Israel não teria mais chances nem negociações, e somente a guerra e a deportação resolveriam a situação. – Os cercos a qualquer cidade na Idade Antiga eram repletos de muitos sofrimentos, pois as entradas da cidade eram fechadas; ninguém podia sair; os campos ficavam sem cultivo; as mercadorias necessárias não entravam na cidade, prejudicando, assim, o comércio e o escambo; a água muitas vezes era racionada e extremamente escassa, de forma que uma pesada angústia era infligida ao povo. Essa estratégia de guerra era utilizada pelo exército inimigo para esvair as forças de resistência da cidade a ser conquistada; portanto, três anos de cerco foi um longo tempo de desespero para uma nação que já fazia tempo que não se importava mais com o culto a Deus.

Incansavelmente, Deus enviou os seus profetas, em especial Amós e Oseias no Reino do Norte, com apelos para que a terrível sentença fosse revogada pelo arrependimento. “Buscai o Senhor e vivei, para que não se lance na casa de José como um fogo, e a consuma, e não haja em Betel quem o apague” (Am 5.6). Deus abominou o sincretismo que o povo estava praticando, adorando os ídolos, sendo injustos e infiéis e, ao mesmo tempo, querendo oferecer culto a Deus, misturando a sua devoção com outros deuses. Por isso, o profeta Amós advertiu: “Aborreço, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me dão nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei delas, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos. Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça, como o ribeiro impetuoso. Oferecestes-me vós sacrifícios e oblações no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel? Antes, levastes a tenda de vosso Moloque, e o altar das vossas imagens, e a estrela do vosso deus, que fizestes para vós mesmos. Portanto, vos levarei cativos, para além de Damasco, diz o Senhor, cujo nome é Deus dos Exércitos”. (Am 5.21-27)

Deus não se deixa escarnecer. Ele especialmente não tolera quando o coração está dividido com outros deuses que disputam lugar e dão ordens ao coração humano; ou seja, o ser humano passa a fazer escolhas segundo o seu falso deus em detrimento das sábias escolhas da Palavra de Deus, que são vida.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

O professor deve ser capaz de escolher, usar e eventualmente desenvolver métodos de ensino. Há dois componentes nessa tarefa. Primeiro, o docente deve ser capaz de trabalhar de forma independente com os métodos pedagógicos habituais, abrangendo os seguintes componentes: objetivos, conteúdo, recursos, modo de operar, formas de prover acompanhamento, organização de ensino e avaliação. Segundo, também deve conhecer as diversas formas de se conceber um método pedagógico.

Espera-se do professor que:

• Escolha objetivos pedagógicos e didáticos coerentes com a sua identidade, seu trabalho e com o programa de sua Escola Dominical;

• Escolha e maneje com eficácia as diferentes formas de trabalho e atividades didáticas;

• Conheça diferentes tipos de métodos pedagógicos;

• Assegure um bom manejo de classe.

II.  OS PECADOS DO POVO E SUA QUEDA

1. O terrível pecado da idolatria. Desde que o reino de Israel foi dividido, o Norte se inclinou mais intensamente à idolatria que o Sul. Provavelmente esta foi a razão de Israel ter sido levado para o cativeiro algumas dezenas de anos antes de Judá.

Apesar do caos espiritual e rejeição de Israel, Deus queria salvar o povo. Foi então que o Senhor convocou o profeta Oseias para uma situação bastante estranha. Pediu que ele se casasse com uma prostituta e tivesse filhos com ela (Os 1.2). Essa prostituta representaria a nação de Israel.

Oseias cumpriu a ordem do Senhor e se casou com Gômer (Os 1.3) e teve três filhos. Cada filho que o profeta tinha com a prostituta mostrava a desaprovação divina com o povo de Israel. Deus colocou o casamento do profeta Oseias como uma lição prática da infidelidade do reino do Norte. Nesta metáfora, a prostituta (Israel) deixa seu marido (Deus) para se deleitar com seus amantes (Egito e Assíria) e ainda pagava para estar com eles. Hoje se pode ver o mesmo padrão de vida imoral sempre que o povo de Deus se desvia da genuína dedicação ao Todo-poderoso (Pv 5.3).

2. Outras causas do cativeiro. Os pecados relacionados à exploração e indiferença para com o pobre foram duramente criticados pelos profetas. Percebe-se que tais iniquidades são colocadas em pé de igualdade com a idolatria. O profeta Amós condenou estas transgressões de maneira implacável: “Ouvi esta palavra, vós, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, que oprimis os pobres, que quebrantais os necessitados […] Ouvi isto, vós que anelais o abatimento do necessitado e destruís os miseráveis da terra (Am 4.18.4). A situação era tão grave que até os sacerdotes fizeram um conluio com os governantes para extorquir o povo (Os 6.9,10). Deus fez um juramento dizendo que jamais se esqueceria das maldades de Israel (Am 8.4-7).

 Para mostrar o seu grande amor pelo povo escolhido, Deus chamou o profeta Oseias como um exemplo vivo daquilo que Ele estava fazendo com Israel. Casou-se com uma prostituta, muito amada por ele, mas o relacionamento deles aconteceu entre as fugas da esposa e os apelos para que voltasse que Oseias fez incansavelmente. A metáfora da sua própria vida que Oseias utiliza é que a prostituta (Israel) deixa o seu marido (Deus) para deleitar-se com os seus amantes (Egito e Assíria) e ainda pagava para estar com eles. Da união com Gômer, nasceram-lhes filhos, cujos nomes que o profeta colocou indicavam o momento em que Israel estava vivendo com Deus por causa dos seus pecados. Assim, os adultérios de Gômer, esposa de Oseias, eram uma ilustração do que Israel estava vivendo em relação a Deus. Ao primeiro filho, Oseias colocou o nome de Jezreel, que significa “Deus semeia”, referindo-se ao local onde Deus julgou os filhos idólatras de Acabe, cumprindo-se a profecia de Elias; ou seja, Deus trataria com a nação idólatra como tratou com Acabe. A segunda filha foi chamada de Lo-ruhamah, que significa “desfavorecida”, simbolizando o sofrimento de Israel por causa da desobediência, mas o Senhor não teria compaixão dela. A terceira filha chamou-se Lo-ammi, que significa “não-meu-povo”, simbolizando que Deus estava rejeitando Israel por causa do seu pecado.

Desde que o reino foi dividido entre o Norte e o Sul, a opção do Reino do Norte foi aplicar-se à idolatria. Além da inclinação natural a esse mal, havia um receio de que o povo do Norte nostalgicamente quisesse ir adorar a Jeová em Jerusalém, o que seria um grave problema político, pois poderia ocasionar a fragilização por meio da religião ao Reino do Norte. Dessa forma, assim que ocorreu a divisão, houve uma preocupação em estabelecer locais de culto a Jeová como em Betel, Gilgal e Jericó, mas também em aproveitar a inclinação à idolatria do povo, e, nesses mesmos locais e em outros de Israel, foram erguidos locais de culto para divindades pagãs. Assim, havia várias opções para o povo não se dirigir a Jerusalém. Essa política foi iniciada por Jeroboão I, motivo pelo qual ele tornou-se referência principal para a idolatria e o sincretismo religioso em todo o livro de Reis. – A inclinação de Israel para a idolatria foi muito maior que a do Reino de Judá. Certamente, esse foi o motivo por que o cativeiro de Israel aconteceu algumas dezenas de anos antes do de Judá. A lista de reis de Israel que constam no livro de Reis não tem nenhum que tenha sido bom no sentido de encaminhar o povo para um compromisso com Deus. A maioria deles praticou idolatria abertamente e ainda incentivou o povo a fazê-lo; já outros adoravam os ídolos e a Deus como se fossem divindades de um mesmo páreo (2 Rs 17.33).

O profeta Oseias faz um brilhante trocadilho com a falsidade existente na adoração aos deuses, referindo-se ao fato de que os falsos deuses adorados por Israel não lhes socorreram no momento de maior aflição. Tais deuses, ante os quais a nação de Israel prostrava-se com rituais, cultos e sacerdotes, eram impotentes para socorrê-la: “Os moradores de Samaria serão atemorizados pelo bezerro de Bete-Áven, porquanto o seu povo se lamentará por causa dele, como também os seus sacerdotes (que nele se alegravam), e por causa da sua glória, que se apartou dela.” (10.5) – Especialmente grave era a forma como os sacerdotes entraram em conluio com os administradores e governantes para extorquir o povo. Vejamos o que escreveu Oseias sobre isso: “Como hordas de salteadores que espreitam alguém, assim é a companhia dos sacerdotes que matam no caminho para Siquém; sim, eles têm praticado abominações. Vejo uma coisa horrenda na casa de Israel: ali está a prostituição de Efraim; Israel é contaminado.” (Os 6.9,10)

Tempo depois, o profeta Jeremias profetizou algo parecido para Judá: “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; e que fareis no fim disso?” (Jr 5.30,31). Jeremias aponta para um faz-de-conta, como num acordo coletivo silencioso e subjetivo, em que o clero e o povo fazem de conta que servem a Deus. Além das causas morais, sociais e espirituais descritas anteriormente e que ocasionaram o cativeiro, outras causas também podem ser apontadas, mas que certamente são consequências do declínio moral e espiritual: “A divisão do reino deixou Israel enfraquecido e este não pode enfrentar sozinho os seus inimigos. As alianças que Israel fez com as nações vizinhas também o enfraqueceram, pois muitas vezes ele teve que pagar elevados tributos. Além do mais, enfraqueceu-se lutando contra Judá. Sobretudo, os reis do norte eram indignos. Houve várias revoltas, acompanhadas muitas vezes de regicídios e mudanças de dinastia. Dezenove reis e nove dinastias reinaram nos dois séculos de sua existência, e dentre estes reis, dez morreram de forma violenta. 

Essa situação espiritual calamitosa de Israel atraiu a indignação divina, até que, conforme relato de Reis, Ele expulsou-os da sua presença. Os israelitas foram levados cativos pela Assíria em 722 a.C., ao final do cerco a Samaria, que durou três anos. Segundo os registros do rei assírio Sargão II, foram exilados 27.280 cativos. Os deportados nunca mais voltaram, exceto alguns poucos para repovoar Samaria; certamente, os exilados desapareceram para sempre, absorvendo as práticas pagãs e misturando-se com os demais povos.

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

“A Aversão de Deus à Idolatria. Deus não tolerará nenhuma forma de idolatria.

(1) Ele advertia frequentemente contra ela no AT.

(a) Nos dez mandamentos, os dois primeiros mandamentos são contrários diretamente à adoração a qualquer deus que não seja o Senhor Deus de Israel (ver Êx 20.3,4 notas). (b) Esta ordem foi repetida por Deus noutras ocasiões (e.g., Êx 23.13,24; 34.14-17; Dt 4.23,24; 6.14; Js 23.7; Jz 6.10; 2 Rs 17.35,37,38). (c) Vinculada à proibição de servir outros deuses, havia a ordem de destruir todos os ídolos e quebrar as imagens de nações pagãs na terra de Canaã (Êx 23.24; 34.13; Dt 7.4,5; 12.2,3).

(2) A história dos israelitas foi, em grande parte, a história da idolatria.

Deus muito se irou com o seu povo por não destruir todos os ídolos na Terra Prometida. Ao contrário, passou a adorar os falsos deuses. Daí Deus castigar os israelitas, permitindo que seus inimigos tivessem domínio sobre eles. (a) O livro de Juízes apresenta um ciclo constantemente repetido, em que os israelitas começavam a adorar deuses-ídolos das nações que eles deixaram de conquistar. Deus permitia que os inimigos os dominassem; o povo clamava ao Senhor; o Senhor atendia o povo e enviava um juiz para libertá-lo. (b) A idolatria no Reino do Norte continuou sem dificuldade por quase dois séculos. Finalmente, a paciência de Deus esgotou-se e Ele permitiu que os assírios destruíssem a capital de Israel e removeu dali as dez tribos (2 Rs 17.6-18). (c) O Reino do Sul (Judá) teve vários reis que foram tementes a Deus, como Ezequias e Josias, mas por causa dos reis ímpios como Manassés, a idolatria se arraigou na nação de Judá (2 Rs 21.1-11). Como resultado, Deus disse, através dos profetas, que Ele deixaria Jerusalém ser destruída (2 Rs 21.10-16). A despeito dessas advertências, a idolatria continuou (e.g., Is 48.4-5; Jr 2.4-30; 16.18-21; Ez 8) e, finalmente, Deus cumpriu a sua palavra profética por meio do rei Nabucodonosor de Babilônia, que capturou Jerusalém, incendiou o templo e saqueou a cidade (2 Rs 25).

(3) O Novo Testamento também adverte todos os crentes contra a idolatria. (a) A idolatria manifesta-se de várias formas hoje em dia. Aparece abertamente nas falsas religiões mundiais, bem como na feitiçaria, no satanismo e noutras formas de ocultismo. A idolatria está presente sempre que as pessoas dão lugar à cobiça e ao materialismo, ao invés de confiarem em Deus somente. Finalmente, ela ocorre dentro da igreja, quando seus membros acreditam que, a um só tempo, poderão servir a Deus, desfrutar da experiência da salvação e as bênçãos divinas, e também participar das práticas imorais e ímpias do mundo. (b) Daí, o NT nos admoestar a não sermos cobiçosos, avarentos nem imorais” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.447).

III. OS ESTRANGEIROS OCUPAM SAMARIA

1. A mistura de gente e o sincretismo. Após o exílio, alguns israelitas pobres permaneceram em Samaria e região. A política dos assírios era que os territórios espoliados fossem reocupados por povos de outras etnias e origens; promovendo assim, uma grande migração e reassentamento de pessoas. O objetivo era misturar as nacionalidades para evitar possíveis rebeliões e enfraquecer as províncias. Essa mistura de gente (Ne 13.3Jr 25.20) fez com que o povo de Israel, que restou em Samaria junto aos deportados de outras nações, tornasse a religião israelita ainda mais sincrética. É por isso que lemos no Evangelho de João: “os judeus não se comunicam com os samaritanos” (Jo 4.9).

2. Jesus e os samaritanos. Apesar do antagonismo entre judeus e samaritanos, Jesus os contemplou com muito amor. Ele deu atenção à mulher samaritana e lhe anunciou o Reino, fazendo-a conhecedora da Fonte de Água que sacia a sede humana de forma definitiva (Jo 4.13,14). E, em razão da dúvida daquela mulher sobre o legítimo lugar de adoração a Deus, Jesus foi enfático em dizer que o lugar não é físico ou geográfico, e sim espiritual: o coração do homem (Jo 4.23,24).

Na parábola do “bom samaritano”, Jesus contrasta a religiosidade excessiva dos líderes religiosos judeus com a natural espiritualidade de um samaritano. Foi aquele homem, considerado indigno, que mostrou compaixão para com o ferido à beira do caminho: “Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lc 10.33). O Mestre quebrou paradigmas de religiosidade e espiritualidade ao se relacionar de forma amável e acolhedora com os samaritanos.

Havia sobrado uns poucos israelitas pobres que ficaram após o exílio em Samaria e região. A política Assíria era de que o território espoliado e vencido seria reocupado por povos de outras regiões e etnias, provocando, assim, uma grande migração e reassentamento de pessoas, misturando-se às nacionalidades para evitar rebeliões e enfraquecer as províncias. – Esse procedimento do império fez com que o povo que restou em Samaria, aliado aos que foram para ali deportados pelos assírios, tornasse a religião ainda mais sincrética. Veja a lista de deuses que eram adorados nesse novo momento da história samaritana: Sucote-Benote, Nergal, Asima, Nibaz, Tartaque, Adrameleque e Anameleque (2 Rs 17.30-31). – Essa mistura de gente em Israel após o cativeiro assírio deu início ao povo samaritano, uma raça mista e odiada pelos judeus, em que qualquer pessoa era nomeada sacerdote ao bel-prazer daquele que tinha condições de sustentar um sacerdote. Como a terra ficou muito menos habitada do que era antes, leões começaram a proliferar e atacar as pessoas. Foi daí que surgiu a lenda de que atacaram pelo motivo de que não estavam adorando o deus da terra. Por causa disso o imperador assírio enviou um sacerdote a Betel que conhecia os costumes judaicos para tentar aplacar a ira de Deus. Israel, no entanto, já não adorava mais ao Senhor Deus fazia muito tempo. “Mesmo quando esses povos adoravam o Senhor, também prestavam culto aos seus ídolos. Até hoje seus filhos e seus netos continuam a fazer o que os seus antepassados faziam” (2 Rs 17.41, NVI).    

A mistura de etnias, culturas e religiosidades em Samaria após o cativeiro assírio gerou uma mistura de gente e um sincretismo tão grande que Judá, o Reino do Sul, passou a não suportar mais essa situação e condenou tal atitude — embora alguns reis posteriores tenham chamado algumas pessoas do Norte para adorarem a Deus em Jerusalém. É por esse motivo que a Bíblia afirma que “os judeus não se comunicam com os samaritanos” (Jo 4.9). Embora houvesse uma preocupação com a mistura e a adoração a falsos deuses por parte dos judeus, isso também criou uma cultura de intolerância religiosa que Jesus Cristo utilizou para denunciar muitas práticas hipócritas dos judeus da sua época. – O antagonismo com os samaritanos era tão grande que as autoridades religiosas de Israel dos tempos de Jesus afirmaram: “[...] Não dizemos nós bem que és samaritano e que tens demônio?” (Jo 8.48). Essa afirmação foi feita pelas autoridades quando Jesus falou-lhes que tinham por pai o Diabo e que lhes faziam as vontades, e não a vontade do seu Pai (Jo 8.42-47). - Apesar desse antagonismo entre judeus e samaritanos, Jesus olhou com muito carinho para estes. Certa vez, Ele intentou passar a noite numa aldeia samaritana, mas foi impedido por eles (Lc 9.52,53). – Apesar disso, Ele recebeu com carinho a mulher samaritana e anunciou a ela o Reino de Deus, mostrando a fonte da água que sacia a sede de forma a nunca mais ter sede. Jesus também a informou sobre qual é o verdadeiro lugar de adoração diante da dúvida dela quando afirmou que o coração é o lugar mais ideal para praticar a adoração, e não um lugar geográfico específico. Jesus desmontou o antagonismo entre judeus e samaritanos que existia há séculos quando afirmou que até mesmo os sincretistas samaritanos seriam aceitos por Deus se o adorassem em espírito e em verdade. – Outro episódio de Jesus que envolve samaritanos é a parábola do Bom Samaritano. Nesse caso, Jesus está contrastando a religiosidade excessiva dos líderes religiosos judeus com a espiritualidade cotidiana do samaritano, que, indigno e idólatra aos olhos da liderança religiosa judaica, mostrou compaixão para com o ferido à beira do caminho, contrastando com o cerimonialismo religioso do levita e do sacerdote. “Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lc 10.33). Jesus quebrou paradigmas de religiosidade e espiritualidade quando contou essa parábola e, por conseguinte, quando se relacionou de forma acolhedora com os samaritanos.

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

“Israel é levada cativa. Finalmente, Israel teve de pagar pelos seus pecados. Deus permitiu que a Assíria derrotasse e dispersasse o povo. Eles foram levados em cativeiro, engolidos pelo poderoso e ímpio Império Assírio. O pecado sempre traz disciplina, e as consequências do pecado são, às vezes, irreversíveis.

O Senhor julgou o povo de Israel, porque ele havia copiado os maus costumes das nações vizinhas, adorando falsos deuses, adotando costumes pagãos, e seguindo seus próprios desejos. Aqueles que criam sua própria religião tendem a viver de maneira egoísta. E viver para si mesmo, como Israel aprendeu, traz sérias consequências da parte de Deus. Às vezes, seguir a Deus é difícil e doloroso, mas considere a alternativa. Você pode morrer com Deus, ou morrer sozinho. Decida ser uma pessoa de Deus, e fazer o que ele diz, independentemente do custo que isso lhe traga. O que Deus pensa a seu respeito é infinitamente mais importante do que pensam os que estão à sua volta.

A destruição veio a Israel, tanto por causa de seus pecados públicos como pelos secretos. Os israelitas não apenas toleravam a iniquidade e a idolatria em público, como cometiam pecados ainda piores em particular. Os pecados secretos são aqueles que não desejamos que os outros conheçam, porque são vergonhosos ou incriminadores” (Veja Rm 12.1-2; 1 Jo 2.15-17)” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 830).

CONCLUSÃO 

Não faltou advertências para que Israel abandonasse a idolatria e fosse poupado do cativeiro. Todavia, nada surtiu efeito. Cada vez mais a nação afundava em seus pecados. A maneira drástica, porém misericordiosa e amorosa, de Deus retornar seu povo ao aconchego do seu amor, foi, infelizmente, conduzi-lo ao cativeiro e à dispersão. – Que Deus nos ajude a atentarmos mais para a sua Palavra a fim de não colhermos os amargos frutos da desobediência. – Como os profetas de Deus haviam advertido, Israel foi levado ao exílio. Tudo aquilo que o Senhor prediz acontece. Isto é claro, é uma boa notícia para aqueles que confiam nEle e lhe obedecem – podem acreditar em suas promessas; porém é uma triste notícia para aqueles que o ignoram e lhe desobedecem. Tanto as promessas como as advertências que Deus tem apresentado em sua palavra seguramente se cumprirão.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 535.

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 9. Rio de Janeiro: CPAD, 29, ago. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010. 


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