sábado, 14 de agosto de 2021

LIÇÃO 7: O MINISTÉRIO DE ELISEU

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

O ministério de Eliseu foi marcado por acontecimentos extraordinários. Nesta lição estudaremos sobre três deles: o milagre das águas que alagaram um vale, sem que houvesse chuva; a multiplicação do azeite da viúva; e a aniquilação da morte presente na panela de ensopado servido por um dos servos do profeta. Nos três eventos estão evidentes a fé, a obediência e a poderosa unção de Deus sobre o profeta Eliseu. Eliseu foi um dos profetas que mais realizou prodígios, mais até do que Elias, o seu mestre. Listaremos alguns deles: (1) dividiu o rio Jordão em duas partes para passar a seco (2 Rs 2.14); (2) sarou as águas de Jericó (2.22,23); (3) quarenta e dois adolescentes foram despedaçados por duas ursas (2.23,24); (4) providenciou água a três reis e aos seus exércitos (3.15,16,20); (5) previu a vitória desses reis (3.19); (6) aumentou o azeite da viúva de um dos filhos dos profetas (4.6,7); (7) profetizou que a sunamita teria um filho (4.16); (8) mais tarde, ressuscitou o filho da sunamita quando este havia ficado doente e morreu (4.19,35); (9) tirou a morte da panela (4.41); (10) multiplicou pães (4.42-44); (11) curou Naamã de lepra (5.14); (12) colocou a lepra de Naamã em Geazi, o seu auxiliar (5.27); (13) fez flutuar um machado (6.6,7); (14) cegou os homens do exército siro (6.18); (15) devolveu-lhes a visão (6.20); (16) profetizou o fim da fome e do cerco da Síria (7.1); (17) predisse a morte do capitão do rei (7.2); (18) profetizou a morte de Ben-Hadade e o reinado de Hazael (8.10,13); (9) e, depois de morto, ressuscitou um defunto (13.21). – Eliseu, assim como Elias, era de um temperamento forte. Assim que Elias foi tomado dele, talvez pela dor da ausência do seu mentor, ele bateu nas águas do rio Jordão com a capa de Elias e questionou: “Onde está o Senhor, Deus de Elias?” (2 Rs 2.14). Ele irritou-se com os meninos que caçoaram da sua calvície (2.23,24), foi irônico com o rei idólatra Jorão (3.13) e castigou a Geazi com a lepra de Naamã por causa da sua ganância e mentira (5.27). Esses episódios demonstram que Eliseu não escondia os seus sentimentos de ninguém, bem como apontam para a sua honestidade e verdade nas palavras e ações. – A personalidade de Eliseu é muito bela quando da sua rejeição à espetacularização ministerial. No caso de Naamã, numa conversa com esse alto oficial do rei, Eliseu trata-o como qualquer outra pessoa, apenas lhe enviando um recado. Já na ressurreição do filho da mulher que havia sido estéril, ele tranca-se num quarto sozinho com o menino e ressuscita-o sem que ninguém o veja. Ele poderia ter usado esses episódios para promover-se diante da opinião pública ou de pessoas importantes, pois o primeiro personagem era um político influente, e a mulher era rica; ele, porém, preferiu deixar que a glória fosse de Deus nos milagres que realizou. – Outras qualidades de Eliseu ficam em evidência diante de alguns episódios da sua vida. Por exemplo, ele não aceitou presentes em troca do milagre de Naamã. Esse desprendimento já havia sido mostrado quando do seu chamado, em que abandonou tudo o que possuía para seguir Elias. Depois, ele teve a oportunidade de matar um exército inteiro da Síria, que era inimigo de Israel, mas, ao invés disso, pediu que lhes servissem comida e que os liberassem vivos. Eliseu também chorou de compaixão ao entregar uma profecia a Hazael, pois percebeu o sofrimento que este infligiria sobre Israel.

 I. ELISEU SALVA TRÊS REIS E SEUS EXÉRCITOS  

1. Reis bons e maus. No período do reino dividido houve a alternância de reis bons e maus. Esta distinção entre bons e maus não leva em conta apenas o modo como esses reis administravam o reino ou lideravam o povo, mas a forma como eles se relacionavam com Deus. Portanto, ao se referir a um determinado rei como mau, o autor do livro de Reis está dizendo que esse monarca além de desobedecer e desprezar a Deus em seu culto, promovia a adoração de ídolos.

2. Três reis vão à guerra contra os moabitas. Jorão, rei de Israel, que como seu pai Acabe, fora reprovado pelo Senhor; Josafá, rei de Judá, considerado um excelente monarca, em razão de promover a adoração ao verdadeiro Deus; e o rei de Edom, que era vassalo de Judá (2 Rs 3.9). O que motivou a guerra foi a rebelião dos moabitas que, à época, pagavam pesados impostos ao rei de Israel (2 Rs 3.5).

3. A predição de Eliseu se cumpriu. Em respeito a Josafá, Eliseu, cheio do poder de Deus, previu que águas em abundância alagariam, milagrosamente, toda aquela região, sem a ação dos ventos e sem chuva (2 Rs 3.17). O Senhor não apenas realizaria este milagre, mas também lhes entregaria a vitória sobre os moabitas (2 Rs 3.18).

Na linha sucessória dos reis de Israel e Judá, durante o reino dividido, sucederam-se bons e maus reis. O Reino do Norte, Israel, geralmente com reis maus, e, no Reino do Sul, Judá, geralmente com bons reis. A classificação em bons e maus não leva muito em conta a administração e liderança de tal rei, mas, sim, como teologicamente esse rei relacionava-se com Deus; portanto, quando se fala de um mau rei, o autor do livro de Reis refere-se ao fato de que esse rei desprezava ao Senhor na sua adoração e promovia a adoração a ídolos. – Com a morte de Acabe, quem assumiu o reino de Israel foi o seu filho Acazias, mas este logo morreu, e Jorão, o seu irmão, assumiu o seu lugar. O seu reinado foi marcado pela continuidade, embora mais branda, da adoração aos deuses falsos que foram promovidos por Acabe e Jezabel. Quando o rei de Moabe, que era vassalo do reino de Israel, soube da morte de Acabe e do curto reinado do seu filho Acazias, aproveitou a oportunidade da fragilidade de Israel para rebelar-se e não enviou mais os impostos que foram exigidos como reino vassalo de Israel. Esse foi o motivo pelo qual o rei Jorão convidou o rei de Judá, Josafá, e o rei de Edom para guerrearem contra Moabe e reaverem o domínio sobre esse reino. – O episódio em que Eliseu salva os três reis acontece quando eles vão à guerra contra Mesa, rei dos moabitas, que, nessa época, era vassalo de Israel e pagava-lhe impostos. O rei de Israel era Jorão e, como visto anteriormente, foi um mau rei. O rei de Judá era Josafá, e este foi classificado como um bom rei, pois promovia a adoração a Deus. O outro rei era de Edom, e o texto não cita o seu nome. Josafá foi um bom rei em Judá, porque instituiu reformas administrativas, religiosas e jurídicas importantes para a organização e melhor funcionamento do povo de Deus, além de ter dado instruções para que os juízes agissem de forma justa e equânime em todos os julgamentos e questões. Para que isso acontecesse, ele percorreu pessoalmente várias regiões de Judá para organizar essas questões. Ele também cuidou para que terminasse a longa inimizade dos seus predecessores com o reinado de Israel. Para tal, casou o seu filho Jorão com Atalia, filha de Acabe. Josafá também se aliançou com Acabe, rei idólatra e rebelde contra Deus, para guerrear. Essas alianças foram uma falha contra a fidelidade de Deus, ao que foi repreendido pelo profeta Jeú: “Devias tu ajudar ao ímpio e amar aqueles que ao Senhor aborrecem? Por isso, virá sobre ti grande ira de diante do Senhor” (2 Cr 19.2,3). A sua aliança com Acabe quase lhe custou a vida. Mais adiante, ele também fez aliança com Jorão, o filho de Acabe, para lutar contra Moabe, como visto neste texto.

A viagem que os três exércitos empreenderam para subjugar Moabe durou sete dias, e faltou água para o exército, o que comprometeu a campanha de guerra. Assim, o rei Josafá, temente a Deus, solicitou um profeta do Senhor para resolver o problema. Um súdito lembrou-se de que Eliseu estava nas proximidades, e mandaram chamá-lo. Eliseu pediu que lhe trouxessem um músico para profetizar aquilo que seria a vontade de Deus para aquele momento. Isso demonstra que algumas profecias de Eliseu foram proferidas estando o profeta em um estado de êxtase espiritual. A profecia de Eliseu foi estranha. Ele ordenou que cavassem muitos poços, pois se encheriam de água, mas sem que houvesse chuva. Em respeito a Josafá, Eliseu predisse a abundância de água que, milagrosamente, haveria no dia seguinte e ainda predisse a vitória dos três reis sobre os moabitas.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Mais uma vez, estimule em seus alunos o estudo das lições bíblicas. Copie no quadro o seguinte esquema:

• Ore ao Senhor dando-lhe graças e suplicando sua direção e iluminação.

• Tenha à mão todo o material de estudo: Bíblia, revista, dicionário bíblico, atlas geográfico, concordância, caderno para apontamentos etc.

• Leia toda a unidade ou seção indicada pelo professor. Procure obter uma visão global da mesma e o propósito do escritor.

• Leia outra vez a mesma unidade. À medida que for estudando, sublinhe palavras, frases e trechos-chave. Faça anotações nas margens do caderno ou revista.

• Feche a revista e tente recompor de memória as divisões principais da unidade de estudo. Não conseguindo, abra a revista e veja.

• Repita o passo acima.

• Sem consultar a revista, responda todas as perguntas do questionário. Em seguida consulte a matéria para ver se as respostas estão completas e corretas

II. ELISEU AUMENTA O AZEITE DA VIÚVA

1. A situação das viúvas em Israel. A vida das viúvas nos tempos bíblicos era bem difícil, pois as mulheres daquela época dependiam dos seus maridos para prover-lhes o sustento. É o caso da viúva de um dos discípulos dos profetas de Israel. Após a morte do marido, a mulher ficou numa situação complicada: falta de suprimentos, dívidas e a ameaça de seus filhos serem vendidos como escravos (2 Rs 4.1,2). Deus ouviu o clamor daquela viúva e supriu suas necessidades (2 Rs 4.3-7).

2. Uma única botija de azeite foi suficiente para Deus operar o milagre. Após ouvir da mulher que não tinha nada além de uma vasilha de azeite, o profeta disse a ela que tomasse vasilhas emprestadas com os vizinhos, e que ao entrar em casa com os filhos, fechasse a porta. A ordem era derramar, em cada vasilha disponível, o pouco de azeite que possuía, e pô-las à parte à medida que ficassem cheias (2 Rs 4.2-4). E foi justamente o que ela fez. Quando acabaram as vasilhas, o azeite cessou. Ela vendeu o azeite, pagou a dívida e ainda pôde manter o sustento da família com o que sobrou (2 Rs 4.6,7).

3. Fé, obediência e família unida. Neste episódio da multiplicação do azeite, percebe-se que a fé e a obediência são os ingredientes necessários para que as bênçãos divinas sejam abundantes na vida de quem crê (Hb 11.6a). Às vezes, o milagre que buscamos não acontece a partir de coisas extraordinárias. Basta trabalharmos com o que Deus já nos deu, e exercer a fé em sua Palavra. Ao pedir à mulher para fechar a porta, o profeta indicou que o milagre deveria acontecer na intimidade da família (2 Rs 4.4,5). Isso significa que Deus se agrada de uma família unida em torno de um ideal sagrado.

Embora o hábito de escravizar pessoas em troca de dívidas fosse uma prática comum no Antigo Oriente, a Lei Mosaica era mais branda a respeito, estipulando um prazo para o pagamento da dívida para que ninguém se tornasse escravo para sempre de alguém. Bentho salienta que se caso o marido deixasse alguma dívida, a viúva era obrigada a assumir os compromissos financeiros do faltoso, o que implicava, às vezes, a venda dos bens, na entrega dos filhos à servidão, e a todo tipo de exploração da parte dos credores. Em Deuteronômio 10.18 o estado de inópia (penúria) da viúva é declarado: falta pão e vestido — elementos básicos à vida e à dignidade humana, enquanto em Jó é denunciado o pecado de se levar da viúva o único boi como penhor (Jó 24.3). – Essa viúva foi afligida pelo seu credor, que exigia o pagamento da dívida ou, então, a escravização dos seus filhos, muito embora a Lei Mosaica previsse a assistência à viúva: “A nenhuma viúva nem órfão afligireis. Se de alguma maneira os afligirdes, e eles clamarem a mim, eu certamente ouvirei o seu clamor” (Êx 22.22,23). Deus, que está sempre atento ao clamor do oprimido, ouviu a angústia da viúva e o seu risco de ficar sem os filhos e, consequentemente, o fato de ela estar sem nenhum amparo e sustento.

Eliseu, como um profeta do Senhor e exercendo um ministério ainda mais extraordinário que o de Elias, pôde mostrar grande coragem e ousadia para confrontar reis poderosos. Todavia, ele também foi sensível à necessidade de uma pobre e insignificante viúva. Eliseu pediu à viúva que disponibilizasse o que tinha em casa: apenas uma botija de azeite. Isso, porém, foi o suficiente para o milagre acontecer. Uma pequena quantidade de azeite foi o suficiente para ela e os seus filhos pagarem a dívida e ainda sobreviverem do resto, mesmo em tempos de escassez. – Aquela mulher, num gesto de fé em Deus e confiança na palavra do homem de Deus, tomou emprestado todas as vasilhas que encontrou entre os vizinhos e, em obediência à palavra do profeta, começou a derramar o azeite da botija nas vasilhas, ao que, milagrosamente, se encheram várias vasilhas de azeite, que ela vendeu. O milagre foi do tamanho exato para que a necessidade da viúva fosse suprida. Quando as vasilhas acabaram, também acabou de correr o azeite da botija. – Essa experiência demonstra o cuidado de Deus nos momentos de crise mais profunda, provendo meios de onde não poderiam vir naturalmente, mas que, ao mesmo tempo, demonstram que o milagre provém daquilo que se tem nas mãos, ainda que seja pouco.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Situação das viúvas no Antigo Testamento. (a) Pobreza e vulnerabilidade (1 Rs 17.8-15 [A viúva de Sarepta]. Na sociedade patriarcal israelita, a condição de viúva era um risco social à mulher, deixando-a vulnerável econômica e socialmente. Em Êxodo 22.21-24, a viúva é classificada juntamente com o órfão e os estrangeiros. Elas são frágeis e vulneráveis, razão pela qual necessitam de proteção legal e profética (Is 1.16-23; Jr 22.3). Além da angústia que acompanhava a viuvez, a perda da proteção legal do esposo colocava a viúva em situação de pobreza e penúria.

Caso o marido deixasse alguma dívida, a viúva era obrigada a assumir os compromissos financeiros do faltoso, o que implicava, às vezes, na venda dos bens, da entrega dos filhos à servidão, e a todo tipo de exploração da parte dos credores” (BENTHO, Esdras Costa & PLÁCIDO, Reginaldo Leandro. Introdução ao Estudo do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p.255).

III. A MORTE QUE HAVIA NA PANELA

1. A escola de profetas. Os filhos, ou discípulos, dos profetas estavam radicados em BetelJericó e Gilgal (2 Rs 2.3,5,7,154.38). Nessas escolas, os alunos eram encorajados a buscar uma melhor compreensão da Palavra de Deus, desenvolviam um relacionamento com o Senhor e contribuíam na manutenção da resistência contra a apostasia e a idolatria que imperavam em Israel. Por isso eles eram perseguidos por alguns reis (1 Rs 18.4).

2. A morte na panela. Foi na escola de profetas de Gilgal que Eliseu ordenou ao seu servo que fizesse um ensopado para alimentar os discípulos (2 Rs 4.38). Provavelmente pela falta de conhecimento sobre plantas e diante da escassez de alimentos, o rapaz pegou junto com os legumes uma espécie de pepinos silvestres que continham veneno (2 Rs 4.39). A comida foi servida aos homens, mas logo que a provaram, gritaram: “Há morte na panela!” (2 Rs 4.40). Eliseu pediu um pouco de farinha, colocou no caldeirão e declarou que não havia mais perigo algum. Deus havia realizado o milagre!

Havia uma escola de profetas em Gilgal, provavelmente estabelecida por Samuel e agora dirigida por Eliseu. Este realizou três dos seus milagres em favor da escola de profetas: (1) tirou o veneno que havia na panela; (2) multiplicou os pães e (3) fez o machado que havia afundado na água flutuar. Os alunos eram chamados de filhos de profetas porque eram como que adotados pelos seus mestres para aprenderem com eles. – Nessa escola, os alunos aprendiam as leis de Deus, desenvolviam um relacionamento com o Senhor da mesma forma como os profetas e, especialmente, contribuíam como uma forma de manter a resistência contra a apostasia e a idolatria que imperavam em Israel. – Eles também eram como uma espécie de reserva moral e espiritual, pois os sacerdotes, que deveriam ser responsáveis pelo ofício de ensinar o povo, haviam-se corrompido na tentativa de manter o poder das instituições e com as benesses das ofertas dos reis. Por isso, os profetas foram perseguidos por alguns reis (1 Rs 18.4) e tiveram que ser protegidos. – Em todo tempo e lugar, os profetas verdadeiros são perseguidos, pois estes “se intrometem” nas causas que os poderosos acham corretas e justas. Profetas intrometem-se na injustiça, no pecado e no sofrimento desnecessário que vêm sobre todas as criaturas por causa da negligência dos homens poderosos. Profetas são comprometidos com a justiça e a compaixão. Esse chamado profético de intrometermo-nos na injustiça vale para todos nós. Como Jesus mesmo disse: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus” (Mt 5.10).

Eliseu, através do Senhor retirou a morte que havia na panela. Aprendemos que a alimentação espiritual deve ser feita com muito cuidado, pois facilmente se dão alimentos contaminados por falsas doutrinas, muitas vezes até mesmo levados pela ignorância, mas com bons motivos, só que esses bons motivos podem conter palavras envenenadas pela inexperiência dos que se propõem a ensinar e pela escassez de alimento saudável, que é a genuína Palavra de Deus. – Alimentação estragada na escola de profetas aponta para o fato de que muito facilmente se podem inserir doutrinas estranhas na mente de pessoas que ainda estão em fase de crescimento espiritual, o que pode levá-las à morte espiritual. Portanto, é preciso ter discernimento e rapidez na ação, como o fez Eliseu, para conter qualquer indício de morte em nossas escolas, seminários e estudos bíblicos. Isso não significa que se deve tolher e proibir a liberdade de pensamento e de criatividade que o Espírito Santo concede àqueles que se debruçam sobre novos aprendizados. Muito pelo contrário! Tirar a morte da panela igualmente significa conter aquilo que vai trazer morte, estagnação ou mesmice, que também leva à morte.

SUBSÍDIO HISTÓRICO

“Eliseu tornou-se discípulo e aprendeu com seu mestre para, mais tarde, substituí-lo no ministério. Em algum ponto, outros jovens profetas também se associaram a Elias e Eliseu e, quando Elias foi levado para o céu, eles já existiam como uma comunidade de número considerável, cuja base de ação eram as cidades de Betel e Jericó. Não há dúvida de que esses homens viviam em um regime de internato, bem próximo ao sistema monástico. Isto é evidente pelo fato de se multiplicarem em Jericó a ponto de o lugar tornar-se pequeno. Então Eliseu os encorajou a construir alojamentos apropriados (2 Rs 6.1,2).

Antes de Elias ser transladado para o céu, foi considerado em sua comunidade como o grande mestre. A transferência de seu manto para o discípulo Eliseu significava indubitavelmente que este agora substituía o mestre; e prontamente foi reconhecido pelos jovens profetas.

O termo que utilizavam para referir-se aos seus mentores era ‘pai’, o que esclarece não apenas a forma como se sentiam a respeito de seus líderes, mas também a significação da frase ‘filhos de profetas’.

[…] Geralmente se faz uma distinção entre os profetas canônicos que escreveram suas profecias e aqueles que, como Elias e Eliseu, não deixaram nenhum registro (com exceção da breve carta de Elias em 2 Cr 21.12-15). Algumas vezes conclui-se, baseado nos escritos preservados, que os profetas canônicos foram de alguma forma superiores ou mais teológicos que os demais. Mas isso é uma proposição sem base, pois dois dos maiores profetas – Moisés e Samuel – não são contados entre os canônicos […]” (MERRILL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.403,04).

CONCLUSÃO 

Nos três milagres apresentados na lição, percebe-se que aconteceram mediante alguma iniciativa ou trabalho humano. Isto significa que os milagres operados por Deus, na vida dos seus servos, acontecem em cooperação com algum tipo de trabalho ou atitude humana. Deus tem compromisso com pessoas de fé, mas que também sejam operantes e diligentes. Nesses três milagres de Eliseu — a salvação do exército com o provimento de água, a multiplicação do azeite da viúva e a extinção da morte que havia na panela —, percebe-se que eles acontecem após trabalhos que precisavam ser feitos para que ocorressem: na água para o exército, foi preciso cavar muitas covas; no milagre da multiplicação do azeite da viúva, foi preciso buscar vasilhas e derramar o azeite da botija dentro delas; no episódio da morte na panela, mandou-se colocar farinha. Isso demonstra que os milagres que Deus opera na vida dos seus servos acontecem muitas vezes em cooperação com a operosidade humana, pois o Senhor tem compromisso com pessoas que têm fé, mas também com aqueles que são diligentes e trabalhadores. Não se pode ficar sentado esperando um milagre. Eles acontecem no dia a dia, na operosidade, no estar andando e na ação cotidiana. Pode até haver interrupções momentâneas no fluxo normal do andamento da vida diante das grandes dificuldades, mas o passo seguinte é a ação que prepara o ambiente para o acontecimento do milagre, que é antecedido pela ação humana em fé na promessa do cuidado divino.

REFERÊNCIAS

BENTHO, Esdras Costa; PLÁCIDO, Reginaldo Leandro. Introdução ao estudo do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 7. Rio de Janeiro: CPAD, 15, ago. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010. 

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