COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO I
A QUEDA, UM EVENTO HISTÓRICO E
LITERAL
A apostasia de Adão e Eva deu-se
em consequência do conflito entre o livre-arbítrio humano e a soberania divina.
Nesse episódio, registrado em Gênesis capítulo três, ressaltam-se a
possibilidade da Queda, a realidade da tentação e a historicidade da apostasia
de nossos primeiros genitores. Deixamos claro que, embora possa haver
confrontos entre o livre-arbítrio humano e a soberania divina, não há
incompatibilidade entre ambos. Quando vivemos uma vida direcionada pelo
Espírito Santo, nosso arbítrio, apesar de livre e desimpedido, só tem uma
tendência: servir, louvar e enaltecer a Deus.
1. A possibilidade
da Queda. Em sua
inquestionável soberania, Deus criou Adão e Eva livres, facultando-lhes o
direito de obedecê-lo ou não. Todavia, a ordem do Senhor, concernente à árvore
da ciência do bem e do mal, era bastante clara (Gn 2.16,17). Se eles optassem
por ignorá-la, teriam de arcar com as consequências de seu ato: a morte
espiritual seguida da morte física.
Não sabemos por
quanto tempo, nossos protogenitores residiram no Jardim do Éden. A esse
respeito, a Bíblia cala-se mui sabiamente. Mas acredito que foi o suficiente
para Adão e Eva conhecerem a Deus e, com Ele, manterem profunda e doce
comunhão.
Na viração do dia,
o Senhor se lhes aparecia, para conversar e ensinar a cuidar do planeta
recém-inaugurado, pois, naqueles idos, tudo era novo: a Terra, as plantas, os
animais e o próprio ser humano. E, por ser tudo novo, tudo requeria cuidado e
desvelo. Sim, querido leitor, tudo requeria desvelo e cuidado, inclusive o
coração de Adão e Eva. Por desconhecerem ainda os efeitos nefastos do pecado, a
possibilidade de eles pecarem era ainda maior, pois a tentação era-lhes uma
ameaça sempre presente, ainda que não a pressentissem.
2. A realidade da
tentação. Ao ser tentada
pela serpente, Eva deixou-se enganar pela velha e bem arquitetada mentira de
Satanás — a possibilidade de o homem vir a ser um deus (Gn 3.1-6; 2 Co
11.3). No instante seguinte, a mulher, já instrumentalizada pelo Diabo, levou o
esposo a pecar, e este voluntariamente pecou (1 Tm 2.14). Tendo em vista a
representatividade de Adão, foi ele responsabilizado pela entrada do pecado no
mundo (Rm 5.12).
Será que, àquelas
alturas, Adão e Eva já tinham algum conhecimento acerca do que ocorrera nos
Céus — a rebelião do querubim ungido e a sua consequente expulsão das moradas
divinas? Sabiam eles, por acaso, que o mais celebrado dos anjos tornara-se um
adversário formidável e perigoso, pronto a arruinar toda a criação
divina?
Não sabemos até
que ponto ia o seu conhecimento angelológico. Todavia, eu não preciso ser
especialista em satanologia, a fim de precaver-me quanto às astutas ciladas do
Inimigo; basta-me esta advertência de Pedro:
Sede sóbrios e
vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge
procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que
sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada
pelo mundo. (1 Pe 5.8,9, ARA)
Estejamos, pois,
alertas quanto às artimanhas de Satanás. Por meio de sua dialética, quer
política, quer teológica, vem ele destruindo lares, nações e igrejas. O
Inimigo, seja opondo-se sistematicamente aos santos, seja lançando calúnias
muito bem urdidas entre os redimidos, é astutíssimo em suas ciladas (Ef
6.11).
Tendo em vista o
pecado que tão de perto nos assedia, oremos e vigiemos, para não nos enredarmos
nas teias de Satanás. Sim, querido leitor, há a possibilidade de virmos a cair,
conforme o apóstolo Paulo alertou os irmãos de Corinto: “Mas receio que, assim
como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a
vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2 Co 11.3,
ARA).
Se por um lado, há
a possibilidade de o crente vir a fracassar na vida cristã; por outro, há uma
possibilidade, ainda maior, de nos preservarmos, na força do Espírito Santo,
até o dia de nossa redenção. Consolemo-nos, pois, nestas palavras de
Judas:
Ora, àquele que é
poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação,
imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus
Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as
eras, e agora, e por todos os séculos. Amém! (Jd 24, ARA)
3. A historicidade
da Queda. A narrativa da
Queda do ser humano tem de ser acolhida de forma literal, pois o livro de
Gênesis não é uma coleção de parábolas mitológicas, mas um relato histórico
confiável (2 Co 11.3; Rm 15.4). Aliás, se não aceitarmos a literalidade dos
primeiros 11 capítulos de Gênesis, não teremos condições de entender o restante
da História Sagrada. Tratemos, com temor e tremor, a Bíblia Sagrada — a
inspirada, a inerrante, a infalível e a completa Palavra de Deus.
A hermenêutica
pós-moderna, manejando ferramentas e armas forjadas no inferno, ataca impiedosa
e malignamente os 11 primeiros capítulos de Gênesis, como se tais passagens
fossem meras parábolas morais. E, dessa forma, em repetidos e monótonos golpes,
intenta destruir as bases, as colunas e o majestoso edifício da soteriologia
bíblica. O que esses pretensos exegetas e hermeneutas não sabem é que a
Doutrina da Salvação, qual penha de comprovada solidez, jamais será desgastada
por seus martelos. Antes, como já tem ocorrido tantas vezes, são estes a se
agastarem, e não aquela, porquanto o Calvário, apesar desses dois milênios já
decorridos, continua tão firme hoje, quanto na tarde em que o Filho de Deus,
entregando o Espírito ao Pai, exclamou: “Está consumado”.
Querido irmão, ao
ler o Gênesis, o aceite, desde o primeiro até ao último versículo, exatamente
como este livro é: uma narrativa histórica, verídica, fiel e literal. Caso
contrário, todas as nossas doutrinas serão desacreditadas, porquanto todas
elas, sem qualquer exceção, têm a sua origem justamente nos primeiros 11
capítulos dessa maravilhosa obra divina. Direta ou indiretamente, todas as
verdades concernentes à nossa salvação estão ali: da criação do mundo à
dispersão de Babel.
Texto extraído da
obra “A Raça Humana: Origem, Queda e Redenção”, editada pela CPAD.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos sobre a realidade da
queda do ser humano à luz das Escrituras; veremos também, que o homem foi
criado com o livre-arbítrio e que Deus não é o autor do pecado; pontuaremos o
que o pecado trouxe para o ser humano e quais as consequências deste terrível
ato contra Deus.
I – A ORIGEM DO
PECADO À LUZ DA BÍBLIA
A palavra hebraica: “hatah” e a grega:
“hamartia” originalmente significam respectivamente: “errar o alvo, falhar no
dever” (Rm 3.23). Existem outras várias designações bíblicas para o pecado,
muito mais do que há para o bem. Cada palavra apresenta a sua contribuição para
formar a descrição completa desta ação horrenda contra um Deus santo. Em um
sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer
em ato, disposição ou estado” (CHAVES, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda
que: “O pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1Jo 3.4). Quanto a origem do
pecado, vejamos:
1.1 Deus não é o
autor do pecado. Precisamos
destacar que de modo algum Deus pode ser responsabilizado pela entrada do
pecado no universo. Atribuir a culpa a Deus, torna-se uma blasfêmia contra o
seu caráter moral, que é absolutamente perfeito (Dt 32.4; 2Sm 22.31; Jó 34.10;
Sl 18.30), sendo um erro gravíssimo afirmar como fazem alguns, que o Senhor
decretou o pecado. Pois afirma Tiago: “[…] Deus não pode ser tentado pelo mal e
ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13- ARA).
1.2 O pecado no
mundo espiritual. De acordo com a
Bíblia um número incontável de anjos foram criados por Deus (Hb 12.22); estes
eram bons por natureza, assim como tudo o que Senhor criou (Gn 1.31). Mas
ocorreu uma Queda no mundo angélico, no qual, vários anjos se apartaram de Deus
(Jd 6). Pouco se diz sobre o que ocasionou essa Queda, mas pelo que encontramos
em alguns textos, podemos concluir que foi o orgulho e a cobiça de desejar ser
semelhante a Deus, fez com que Lúcifer (nome tradicional dado a este anjo
tirado de Is 14.12, da expressão ‘estrela da manhã’, na tradução latina da
Bíblia – Vulgata Latina) fosse banido e destinado ao inferno (1Tm 3.6; Is
14.11-23; Ez 28.11-19; Lc 10.18; Ap 12.9). Como alguém acertadamente ressalta:
“Deus criou Lúcifer, mas, Lúcifer fez-se Satanás” (CHAVES, 2015, p. 133).
1.3 O pecado no
mundo físico. No que diz
respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia nos informa que
se deu pelo ato deliberado, perfeitamente voluntário de Adão e Eva (Gn 3; Rm
5.12,19). Sobre a causa que levou ao pecado, diz Geisler: “[…] Deus não fez com
que Adão pecasse, pois, como já analisamos, Deus não pode pecar, nem tentar
ninguém nessa direção. Tampouco Satanás fez com que Adão pecasse, pois, o
tentador fez somente aquilo que o seu nome sugere, ele não o forçou, nem fez
nada no seu lugar […] Deus criou criaturas livres, e se é bom que sejamos
livres, então a origem do mal é o mal-uso da liberdade” (2010, p. 70,75). A
resposta real é que Adão pecou porque escolheu pecar.
II – A REALIDADE
DO LIVRE-ARBÍTRIO HUMANO E A SOBERANIA DIVINA
2.1 O
livre-arbítrio humano. O dicionário
Vine (2010, pp. 608,756) diz que livre-arbítrio vem do termo grego: “eklégo”,
“escolher, selecionar, eleger” e, “eléutheros”, “liberdade de ir onde quer”. O
dicionário Houaiss define como: “possibilidade de decidir, escolher em função
da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa
determinante”. A palavra livre vem do latim: “liber”, que significa: “livre” e
o termo arbítrio: “arbiter”, que é “uma pessoa escolhida para decidir sobre uma
questão” (2001, p. 1774). A Declaração de Fé das Assembleia de Deus no Brasil
nos diz: “CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus
[…], dotado por Deus de livrearbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre
o bem e o mal […] essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo
7.17). Deus dotou Adão do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de
obedecer quanto de desobedecer ao Criador” (SOARES, 2017, pp. 77,99). Mesmo
depois de haver pecado e se tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef
2.1) e, portanto, um pecador, em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3),
Adão não se tornou tão completamente depravado a ponto de não mais ouvir a voz
de Deus e poder responder de maneira livre (Gn 3.9-10).
2.2 A soberania
divina. A soberania de Deus consiste
em sua onipotência, expressa em relação ao mundo criado, mormente no tocante à
responsabilidade moral das criaturas diante dele (Mt 23.37). Além de mandar na
sua criação sem que alguém possa intervir nas decisões divinas (Sl 24.1; Sl
2.3,4; Is 43.1 Mt 20.15; Rm 9.20,21), a Bíblia nos ensina que essa soberania é
exercida tendo em vista galardoar a piedade e castigar a rebeldia (Rm 11.22).
Isso nos mostra que Deus não age arbitrariamente, movido por capricho, quando
determina as coisas conforme os ditames de sua soberana vontade. Deus usa o
livre-arbítrio do homem sem destruí-lo para exercer sua vontade soberana. Como
ele faz isso? Única e exclusivamente baseado no Pré conhecimento que Ele tem
das escolhas humanas. Há alguns segmentos evangélicos que defendem não haver
qualquer harmonia entre esses dois conceitos, pois, segundo eles, se Deus é
soberano o homem não pode ter o livre arbítrio essa é uma visão distorcida de
duas verdades absolutas reveladas nas Escrituras.
III – O PECADO NO
HOMEM
Tudo o que Deus criou, o fez perfeitamente (Gn
1.31; Ec 7.29). Contudo, por causa do mal uso do livre-arbítrio, o pecado teve
o seu lugar na humanidade, manchando (não destruindo) a imagem de Deus (imago
Dei) no homem. Sobre alguns efeitos ou consequências do pecado no homem,
podemos destacar:
3.1 O pecado
herdado. Uma controvérsia gerada no
século V, foi a que a raça humana não teria sido afetada pela transgressão de
Adão, ou seja, que o homem não herda o pecado original de seu primeiro pai. No
entanto, o que a Bíblia afirma é que, pelo fato de Adão ser o cabeça e o
representante de toda a raça humana, seu pecado afetou a todos (Rm 3.23;
5.12-19), por isso que todos possuímos a “natureza pecaminosa”, herança que
recebemos de nossos pais Adão e Eva (Rm 6.6,12, 19; 7.5,18; 2 Co 1.17; Gl 5.13;
Ef 2.3; Cl 2.11,18), dessa forma todos somos por natureza, culpados diante de
Deus (Ef 2.1-3). Até um bebê recém-nascido (Sl 51.5), antes mesmo de cometer o
seu primeiro pecado, já é pecador (Sl 58.3; Pv 22.15); no entanto, as crianças
apesar de nascerem com natureza pecaminosa ainda não conhecem experimentalmente
o pecado. Elas não são responsabilizadas por seus atos antes de terem condições
morais e intelectuais para discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado
(Is 7.15; Jn 4.11; Rm 9.11) (SOARES, 2017, p. 92 – grifo nosso).
3.2 O pecado
afetou todo o ser do homem. O pecado no
homem não é meramente um hábito adquirido, ele é uma herança natural do ser
humano, ninguém precisa ser ensinado a pecar, mas, o faz naturalmente (Rm 3.10;
Gl 5.19-21; Ef 2.3). A relação com Deus e com o próximo foram afetadas pelo
pecado (Gn 3.7-10), além de trazer a morte física, espiritual e eterna (Gn
2.16,17; Rm 6.23; Ef 2.1-3; Ap 20.14,15). A Declaração de Fé das AD (2017, p.
101) nos diz: “A corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua
composição: corpo (Rm 8.10), alma (Rm 2.9) e espírito (2 Co 7.1). Isso
prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam: intelecto (Is 1.3), emoção
(Jr 17.9), vontade (Ef 4.18), consciência (1 Co 8.7), razão (Tt 1.15) e
liberdade (Tt 3.3)”.
3.3 O pecado não
destruiu totalmente a imagem de Deus. Embora o homem
tenha sido afetado extensivamente pelo pecado, isto não significa dizer que a
imagem de Deus no homem tenha sido destruída completamente (Rm 2.12-14).
Encontramos um mandamento para não amaldiçoar outras pessoas, pois elas também
foram criadas a imagem de Deus, e isto seria o mesmo que amaldiçoar a
representação do próprio Deus (Tg 3.9,10) (GEISLER, 2010, p. 125). Veja também:
(Gn 9.6).
3.4 O pecado não
anulou a capacidade de escolha. Embora tenha
pecado e se tornado espiritualmente morto (Gn 2.17; Ef 2.1), passando a ter a
natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não perdeu totalmente a capacidade de ouvir
a voz de Deus e também de responder (Gn 3.9-10); a imagem de Deus, que inclui o
livre arbítrio permanece, ainda que desfigurada nos seres humanos (Jo 1.11;
5.40; 6.37; 7.17). As Escrituras afirmam claramente que mesmo o homem tendo sua
volição (vontade) afetada pelo pecado, não foi anulada (Dt 30.19; Js 24.15; Rm
1.18-20; 2.14,15) (Declaração de Fé das Assembleias de Deus, 2017, p. 101 –
acréscimo nosso).
IV - AS
CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA DO HOMEM
Indiscutivelmente, o pecado trouxe graves
consequências ao Universo, especialmente a vida na Terra. A Bíblia faz várias
declarações a respeito da universalidade do pecado (1Rs 8.46; Rm 1.18; Rm
3.10-12, 23; 6.23). Portanto, vejamos algumas consequências que o pecado trouxe
ao homem depois da Queda.
·
O pecado fez com
que a terra fosse amaldiçoada (Gn 3.17.18)
·
O pecado trouxe ao
homem a punição da morte física, espiritual e eterna (Gn 3.19; Rm 5.12; 6.23;
Tg 2.26)
·
O pecado acarretou
punições naturais e físicas na vida do homem (Gn 3.16; Rm 8.20-23)
·
O pecado deu
origem a lei da morte atuante sobre a totalidade da raça humana (1Co 15.21,22;
Ef 2.1,2)
·
O pecado
escravizou o homem e interrompeu a comunhão com Deus (Jo 8.34; Rm 3.23)
·
O pecado exclui o
homem do céu (Ap 22.15)
CONCLUSÃO
Como pudemos ver na aula de hoje, o pecado só
trouxe ruína e destruição. A queda nos fala do patamar que tínhamos, de uma
comunhão quebrada e que o homem em si nunca poderá restaurar. O pecado foi um
ato deliberado contra a santidade de Deus, como consequência a morte nos
âmbitos e físicos e espirituais foram o salário recebido por tamanho mal.
Louvamos a Deus por Jesus Cristo, que tem poder sobre o pecado como também para
nos restaurar.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Estudaremos, hoje, o
capítulo mais trágico da História: a queda do ser humano. No transcorrer da
aula, mostraremos que a narrativa do pecado de Adão e Eva, longe de ser uma
parábola, foi um evento real, cuja literalidade não pode ser questionada, pois
acha-se referendada em toda a Bíblia.
Inicialmente,
examinaremos o livre-arbítrio e as suas implicações na experiência humana. Em
seguida, averiguaremos a queda em si. E, depois, focaremos as consequências da
rebelião adâmica. Trata-se, pois, de uma temática imprescindível ao estudo da
doutrina do homem, conforme a encontramos na Bíblia Sagrada.
Que o Espírito Santo
nos ilumine a compreender esta aula. [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
Esta lição é longa e seu assunto complexo, então,
não espere esgotar o tema em apenas 45 minutos. No entanto, tentarei, mesmo que
resumidamente, tocar cada subtópico, a fim de esclarecer os pontos propostos.
Iniciando com o tema livre-arbítrio, trago não apenas a visão Arminiana, mas
apresento também uma breve explicação da visão Reformada (livre-agência). De
início, a Queda do primeiro casal foi devastadora para a posteridade
humana. Para qualquer um de nós é algo completamente impossível supor o que
tenha sido o conhecimento prático da queda. Como projetar a experiência da
perda da perfeição original? Nada, em nossa existência, serve de parâmetro para
isso. Até onde tentamos imaginar o Éden, partimos de nossa realidade caída e,
efetuando alguma modalidade de matemática espiritual, aplicamos o maior
exponencial que a nossa mente pode conceber, e temos um lugar paradisíaco aos
nossos olhos. Todavia, segundo o que afirmam as Escrituras, ainda assim tal
realidade está muito aquém da realidade que aguarda os filhos de Deus: ...mas, como está escrito: Nem olhos viram,
nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem
preparado para aqueles que o amam (1 Co 1.29) Jair de
Almeida, em O Padrão Éden: Modelo De Restauração Da Criação. Disponível em:http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XII__2007__2/jair.pdf.
A ordem original do meio ambiente do ser humano na terra deve ser distinguida
do que ele veio a tornar-se após o impacto da queda do homem, a maldição e o
posterior dilúvio. Na carta aos Romanos, Paulo afirma que toda a humanidade
está por natureza sob a culpa e o poder do pecado, sob o reino da morte e sob a
inescapável ira de Deus (Rm 1.18-19;3.9,19;5.17,21). Ele relaciona a origem
desse estado ao pecado de um homem – Adão, que ele descreve como o nosso
ancestral comum (At 17.26; Rm 5.12-14). Apocalipse 12.9 identifica a
serpente como o próprio Satanás, aqui em forma corpórea.
I. O LIVRE-ARBÍTRIO
DO SER HUMANO
Neste tópico,
definiremos o livre-arbítrio. Em seguida, veremos o seu relacionamento com a
soberania divina, e, finalmente, trataremos da responsabilidade humana frente
às ordenanças divinas.
1. O
livre-arbítrio. É o dom que recebemos de Deus, através do qual podemos,
desimpedidamente, escolher entre o bem e o mal (Dt 28.1; Js 24.15; 1Rs 18.21;
Hb 4.7). Sem o livre-arbítrio, não seríamos o que hoje somos: seres autônomos,
conscientes da própria existência e de nosso lugar no Universo criado por Deus. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
O livre-arbítrio é nosso poder de escolha, como
consequência, cada pessoa é responsável por suas ações.
O livre-arbítrio não é:
- livrar-se por si próprio do pecado;
- buscar a Deus por iniciativa própria;
- crer em Jesus por suas próprias forças;
- capacidade inata de escolher a salvação sem o Espírito
Santo
- muito menos ver a fé como característica inata do homem;
- “Em Mateus 23.37, o Senhor Jesus afirmou, diante da
dureza do coração dos judeus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e
apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos,
como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!”
Observe que Jesus “quis” ajuntar os filhos de Jerusalém, porém eles “não
quiseram” que Ele assim o fizesse. Isso não deveria nos levar a refletir
profundamente sobre a doutrina bíblica do livre-arbítrio? Afinal, nesse caso, o
Senhor Jesus, que é Deus e estava em perfeita sintonia com o Deus Pai, queria
que os judeus quisessem. E, mesmo assim, eles não quiseram!” (Pr Ciro Sanches
Zibordi em CPADNews)
Vamos entender também o que diz a teologia reformada
sobre esse ponto: - “Podemos dizer que livre-arbítrio é a capacidade que o
homem tem de fazer escolhas que podem ser contrárias ou não à sua natureza. O
termo arbítrio diz respeito a julgar, isto é, o homem “teria” a
capacidade de avaliar se vai tomar uma decisão contrária à sua natureza ou não,
por isso o termo “livre”. Usei o verbo no futuro do pretérito (teria), porque,
na realidade, segundo a Escritura, nenhum homem tem livre-arbítrio. O único
homem que teve livre-arbítrio foi Adão. É importante entender que o homem foi criado
segundo a imagem e semelhança de Deus, ou seja,
em retidão e perfeita santidade. “Eis o que tão somente achei:
que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29; cf.
Gn 1.27; 2.7; 3.6; Sl 8.5; Mt 10.28; Rm 2.14-15; Cl 3.10). Quando o homem
pecou, perdeu a condição de “arbitrar” sobre sua vontade, perdeu a
possibilidade de escolher entre estas duas alternativas: praticar a vontade de
Deus ou pecar. Para entender isso o esquema criado por Agostinho de Hipona
sobre a condição do homem antes e depois do pecado é de grande ajuda.
Antes da Queda o homem era:
· posse non peccare (capaz de não pecar)
· posse peccare (capaz de pecar)
Depois da Queda o homem é:
· non posse non peccare (incapaz de não pecar)
Antes de pecar, o homem poderia
obedecer à vontade de Deus e lhe ser agradável por meio da sua própria justiça
e santidade. Após a Queda, ele tornou-se incapaz de não pecar. A relação entre
a liberdade, responsabilidade e soberania será explorada mais à frente, nas
lições desta revista. No momento, interessa-nos conhecer a devassidão causada
pelo pecado para podermos compreender que, após a Queda, o homem conseguiu o
que chamamos de “livre-agência””(ultimato)
2. A
soberania divina. É o direito absoluto, irrestrito e inquestionável, que possui
Deus sobre toda a sua criação (Êx 9.29; Dt 10.14; Sl 135.6).
Portanto, o Senhor
age como lhe aprouver. Em suas mãos, somos o barro; Ele, o soberano oleiro (Jr
18.6). Não nos cabe questionar a soberania do Todo-Poderoso (Rm 9.20). Ele é
Deus e Senhor!
Não devemos, por
outro lado, ver a soberania divina como algo despótico e tirânico, porquanto
todas as ações de Deus são fundamentadas em seu amor, justiça e sabedoria. O
que Ele faz agora só viremos a compreender mais à frente (Jo 13.7).
Descansemos, pois, na vontade divina (Sl 37.5). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
“A afirmação de que Deus é absolutamente soberano
na criação, na providência e na salvação é básica à crença bíblica e ao louvor
bíblico. A visão de Deus reinando de seu trono é repetida muitas vezes (1Rs
22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2; conforme Sl 11.4; 45.6; 47.8-9; Hb
12.2; Ap 3.21). Somos constantemente lembrados, em termos explícitos, que o
SENHOR (Javé) reina como rei, exercendo o seu domínio sobre grandes e pequenos,
igualmente (Ex 15.18; Sl 47; 93; 96.10; 97; 99.1-5; 146.10; Pv 16.33; 21.1; Is
23.23; 52.7; Dn 4.34-35; 5.21-28; 6.26; Mt 10.29-31). O domínio de Deus é
total: ele determina como ele mesmo escolhe e realiza tudo o que determina, e
nada pode deter seu propósito ou frustrar os seus planos. Ele exerce o seu
governo no curso normal da vida, bem como nas mais extraordinárias intervenções
ou milagres. As criaturas racionais de Deus, angélicas ou humanas,
gozam de livre ação, isto é, têm o poder de tomar decisões pessoais quanto
àquilo que desejam fazer. Não seríamos seres morais, responsáveis perante Deus,
o Juiz, se não fosse assim. Nem seria possível distinguir – como as Escrituras
fazem – entre os maus propósitos dos agentes humanos e os bons propósitos de
Deus, que soberanamente, governa a ação humana como meio planejado para seus
próprios fins (Gn 50.20; At 2.23; 13.26-39). Contudo, o fato da livre ação nos
confronta com um mistério. O controle de De3us sobre os nossos atos livres –
atos que praticamos por nossa própria escolha – é tão completo como o é sobre
qualquer outra coisa. Mas não sabemos como isso pode ser feito. Apesar desse
controle, Deus não é e não pode ser autor do pecado. Deus conferiu
responsabilidade aos agentes morais, no que concerne aos seus pensamentos,
palavras e obras, segundo a sua justiça. O Sl 93 ensina que o governo soberano
de Deus (a) garante a estabilidade do mundo contra todas as forças do caos (vs.
1-4); (b) confirma a fidedignidade de todas as declarações e ensinos de Deus
(v. 5) e (c) exige a adoração do seu povo (v. 5). O salmo inteiro expressa
alegria, esperança e confiança no Todo-Poderoso.” Fonte: Bíblia de Estudo
de Genebra, Nota Teológica, página 991.
3. A responsabilidade humana. Entre o livre-arbítrio e a soberania divina
encontra-se a nossa responsabilidade (Jr 35.13). Não resta dúvida de que Deus
permite-nos o direito de obedecer-lhe ou nãos aos mandamentos (Dt 11.13).
Todavia, Ele nos chamará, um dia, a prestar contas quanto às nossas escolhas
(Ec 11.9; 12.14). O Juízo Final não é ficção; é a realidade que aguarda a
espécie humana na consumação de todas as coisas (Ap 20.11-15) .[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
A Bíblia ensina de forma clara que Deus é soberano e
também que, o homem é responsável pelos seus atos. Essas são verdades bíblicas
encontradas ao longo de todo o texto, ensinadas de Gênesis a Apocalipse. “Se
eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora
não tem desculpa do seu pecado”(Jo 15.22). Neste texto o Senhor não diz
que, se ele não tivesse vindo, eles estariam sem pecado, mas que a sua vinda
havia incitado o pecado mais severo e mais mortal, o pecado da rejeição a Deus
e de rebelião contra Deus e contra a verdade de Deus. Foi o pecado decisivo da
rejeição, da escolha deliberada e fatal das trevas em vez da luz, da morte em
vez da vida da qual Jesus falou. Ele havia feito tantos milagres e dito
incontáveis palavras para provar que era o Messias e o Filho de Deus, mas eles
foram hostis no seu amor pelo pecado e na rejeição do Salvador (Hb 4.2-5;
6.4-6; 10.29-31). Aqui entra a responsabilidade humana, o pecado marcante dos
judeus, o pecado que agravou suas iniquidades anteriores acima de qualquer
outra, foi sua recusa em receber Jesus Cristo como o Messias. gora, o pecado
dos judeus é repetido todos os dias pelos gentios; aquilo que eles fizeram uma
vez, muitos continuam a fazer dia após dia.
SUBSÍDIO
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
A
soberania de Deus anula a responsabilidade humana? A soberania de Deus e o
livre-arbítrio são excludentes? Estas são perguntas que você pode fazer para introduzir
este tópico. A relação entre soberania divina e livre-arbítrio está presente
nas Escrituras Sagradas. Para enriquecer a exposição deste primeiro tópico,
consequentemente respondendo as perguntas acima elaboradas, leve em conta o
seguinte fragmento textual: “Há os que perguntam, por exemplo, como pode Deus
saber quem há de se perder, e mesmo assim, permitir que os tais se percam. O
conhecimento prévio de Deus, porém, não predetermina as escolhas individuais,
porquanto Ele respeita nosso arbítrio. Em Efésios 1.3-14, temos o esboço da
história predeterminada do mundo. Mas esse vislumbre da predestinação do
Universo não elimina as ‘ilhas da liberdade’ que Deus nos reservou, pois Ele
nos fez indivíduos e livres. Ele permite que as pessoas escolham o próprio destino:
Céu ou inferno” (MENZIES, William W. (Ed.). Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos
da Nossa Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.41).
II. A QUEDA, UM EVENTO HISTÓRICO
E LITERAL
A apostasia de Adão
e Eva deu-se em consequência do conflito entre o livre-arbítrio humano e a
soberania divina. Nesse episódio, houve a possibilidade da queda, a realidade
da tentação e a historicidade da queda.
1. A
possibilidade da queda. Em sua inquestionável soberania, Deus criou Adão e Eva livres,
permitindo-lhes o direito de obedecê-lo ou não. Todavia, a ordem do Senhor,
concernente à árvore da ciência do bem e do mal, era bastante clara (Gn
2.16,17). Se eles optassem por ignorá-la, teriam de arcar com as consequências
de seu ato: a morte espiritual seguida da morte física. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
A afirmativa “A
apostasia de Adão e Eva deu-se em consequência do conflito entre o
livre-arbítrio humano e a soberania divina” é descabida se partimos do
ponto de vista que livre-arbítrio e soberania divina não são conflitantes, além
do que, há algo que não é esclarecido nos subtópicos seguintes. A queda não foi
consequência de conflito entre responsabilidade do homem e soberania divina,
aliás, nem havia conflito ainda, visto que tudo que foi criado, foi declarado
que era ‘bom’. Na Queda, Eva
achou que Satanás estava dizendo a verdade e que ela havia entendido Deus
erroneamente, não sabia, porém, o que estava fazendo. Não foi uma rebelião
manifesta contra Deus, mas sedução e engano para fazer com que a mulher
acreditasse que seu ato era a coisa certa a fazer. O Novo Testamento confirma
que Eva foi enganada (2Co 11.3; 1Tm 2.14; Ap 12.9). Após cair e ser confrontada
por Deus, Eva empenha-se num esforço desesperado de passar a culpa para a
serpente, o que em parte era verdade (1Tm 2.14), no entanto, essa meia verdade
não a absolveu da responsabilidade de ter desconfiado de Deus e desobedecido a
Ele. Por fim, a responsabilidade pela queda ainda é de Adão, uma vez que ele
optou por desobedecer a Deus sem ter sido enganado (Rm 5.12-21; 1Co 15.21-22).
2. A
realidade da tentação. Ao ser tentada pela serpente, Eva deixou-se enganar pela velha e
bem arquitetada mentira de Satanás – a possibilidade de o homem vir a ser um
deus (Gn 3.1-6; 2Co 11.3). No instante seguinte, Adão e Eva pecaram contra Deus
(1Tm 2.14). Tendo em vista a representatividade de Adão, foi ele
responsabilizado pela entrada do pecado no mundo (Rm 5.12). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Adão foi colocado sob provação. O teste consistia de
obediência à ordem do seu Criador. Ele foi proibido de comer o fruto de certa
árvore. Não foi um pecado em particular, mas a propensão inerente ao pecado que
entrou no âmbito humano; os seres humanos tornaram-se pecadores por natureza,
condição essa, herdada. Essa natureza está presente a partir do momento da
concepção (Sl 51.51.5). Foi Satanás, o pai do pecado quem levou a primeira
tentação a Adão e Eva, e como nós estávamos nele,por conseguinte, toda
humanidade pecou com ele (Rm 5.18; Hb 7.7-10).
3. A
historicidade da queda. A narrativa da queda do ser humano tem de ser acolhida de forma
literal, pois o livro de Gênesis não é uma coleção de parábolas mitológicas,
mas um relato histórico confiável (2Co 11.3; Rm 15.4). Tratemos, com temor e
tremor, a Bíblia Sagrada — a inspirada, inerrante, infalível e completa Palavra
de Deus? [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
A Queda do Homem foi um evento histórico, e não
existe espaço na Bíblia para outro tipo de interpretação. Algumas pessoas
insistem em tentar interpretar a história da Queda do Homem como uma alegoria
ou um mito. Mas a Bíblia é clara ao afirmar a historicidade desse evento.
Qualquer interpretação que desconsidera essa realidade contradiz as Escrituras.
“Entre os
mais caluniados, desacreditados e distorcidos trechos da Bíblia encontram-se os
três primeiros capítulos de Gênesis. A alguém que frequentasse qualquer
universidade secular, ou alguma igreja liberal ou modernista, lhe seria dito
que os primeiros capítulos de Gênesis não relatam fatos reais. O professor de
uma faculdade secular humanista e o pastor modernista argumentariam que essas
primeiras narrativas são mitos, lendas, contos ou parábola. Em outras palavras,
que não existiu um Adão e uma Eva literais, ou uma queda literal e histórica no
tempo e no espaço. Devido à frequente e largamente divulgada negação de um Adão
e de uma Eva literais e históricos (e sua conexão com a exposição do evangelho
no Novo Testamento), é muito importante compreender os ensinos bíblicos sobre a
historicidade de Adão. Para examinar a historicidade de Adão, precisamos
considerar os seguintes tópicos:
Em primeiro lugar,
precisamos considerar o fato de que a rejeição modernista e neo-ortodoxa da
historicidade de Adão é fundamentada em axiomas seculares e apóstatas. Cristãos
liberais e barthianos (seguidores da filosofia de Karl Barth - um neo-ortodoxo)
chegaram às suas posições sobre Adão não por causa de cuidadosos estudos
exegéticos da Bíblia, mas devido às suas pressuposições modernistas,
racionalistas e antibíblicas. Não podemos esquecer que esses homens não
formulam suas teorias de forma isolada e objetiva. Eles têm seus pontos de
partida, suas pressuposições. Por isso, ignoram as abundantes e claras
evidências bíblicas de que Adão foi uma figura histórica, real e literal.
Em segundo lugar,
precisamos examinar resumidamente os argumentos usados para negar a
historicidade de Adão. Isso provará que tais argumentos não passam de falácias,
que são, tanto fundamentados sobre mentiras grosseiras (macroevolução, posições
sobre o Pentateuco baseadas na Alta Crítica, etc.) como sobre pura especulação
humana.
Em terceiro lugar,
devemos considerar a impressionante evidência bíblica de que Adão realmente
existiu. Então, veremos que a historicidade de Adão e de uma queda literal,
ocorrida no tempo e no espaço, são tão teologicamente interligadas com o ensino
do evangelho e do segundo Adão (Jesus Cristo), que negar a historicidade do
primeiro Adão logicamente conduz à negação do próprio cerne do evangelho”. (A historicidade de Adão, Por Brian Schwertley - Mestrado em
divindade pelo Seminário Reformado Episcopal de Philadelphia (EUA). Disponível
em ICP.com)
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Um
erro comum é considerar o pecado substância. Mas se o pecado fosse uma substância
ou coisa, então, sem dúvida, teria sido criado por Deus, e, assim sendo, seria
essencialmente bom. Mestres cristãos, através dos séculos, em vista do ódio de
Deus contra o pecado na Bíblia como um todo, têm rejeitado a ideia de que o
pecado tenha sua origem em Deus. Embora o pecado não seja uma substância, não
significa que seja destituído de realidade. As trevas são a ausência da luz.
Embora o pecado e o mal sejam, algumas vezes, comparados com as trevas, eles
são mais que a mera ausência do bem. O pecado também é mais que um defeito. É
uma força ativa, perniciosa e destruidora” (MENZIES, William W. (Ed.). Doutrinas
Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 1995,
p.73).
III. AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA DE
ADÃO
Devido à sua
rebelião contra o Senhor, a raça humana teve de arcar com pesados encargos: a
consciência do pecado, a perda da comunhão com Deus, a transmissão do pecado às
gerações subsequentes, a enfermidade da terra e, finalmente, a morte física.
1. A
consciência do pecado. Ao tentar a mulher, a antiga serpente prometeu-lhe a onisciência
divina, mas o que os nossos pais herdaram foi uma consciência pecaminosa
geradora de obras mortas (Gn 3.1-6; Tt 1.15; Hb 9.14). O pecado leva-nos a
perder o brilho do rosto e o vigor físico (Sl 31.10; Sl 32.3). Eis porque o
homem precisa nascer da água e do Espírito (Jo 3.5). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Após o pecado foram dominados por um sentimento de
vergonha. Antes tinham consciência da nudez, mas não tinham vergonha - “Ora um e outro, o homem e sua mulher,
estavam nus e não se envergonharam” (Gn 2.25). “Então foram abertos os olhos de ambos, e
conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si
aventais” (Gn 3.7). O resultado de terem comido o fruto proibido, não
foi a aquisição da sabedoria sobrenatural, como satanás havia dito, ao
contrário, agora eles descobriram que foram reduzidos a um estado de miséria.
2. A
perda da comunhão com Deus. Em consequência de seu pecado, Adão e Eva foram expulsos da
presença de Deus (Gn 3.23,24). De agora em diante, não poderiam mais viver no
jardim do Éden, onde, diariamente, conversavam com o Senhor (Gn 3.8). Mas,
apesar de haverem ofendido a Deus, continuaram a ser alvo de seu imenso, eterno
e infinito amor (Jo 3.16).
Desde a queda, o ser
humano, para reatar a comunhão com Deus, tem de aproximar-se dele pela fé (Hb
11.6). Nesse retorno, não estamos sós. Jesus Cristo é o nosso medianeiro eficaz
(Rm 5.1). Ele é o Verdadeiro Deus e o Verdadeiro Homem (1Tm 2.5). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Após o pecado, tiveram medo e fugiram: “E ouviram a voz do Senhor Deus que passeava
no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da prsença do
Senhor Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus a Adão e
disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi,
porque estava nu, e escondi-me” (Gn 3.8-10). Adão e Eva se escondem ao
chamado de Deus. Consciência culpada sempre produz medo e fuga. Pecaram e agora
têm medo da sentença condenatória que Deus pode proferir contra eles. O pecado
os separou de Deus, rompeu a comunhão com Deus. E é sempre assim. A menos que a
obra de Cristo seja realizada em nosso favor, estaremos frente a frente com o
juízo de Deus (Hb 2.3).
3. A
transmissão do pecado à espécie humana. Sendo Adão o pai de toda a raça humana, o
seu pecado acabou por alcançar a todos os homens (Rm 3.23; 5.12). Aquilo que
chamamos de “pecado original” contaminou universalmente a humanidade. Até mesmo
o recém-nascido já traz consigo essa semente (Sl 51.5). Embora a criança, na
fase da inocência, não tenha a experiência do pecado, a iniquidade adâmica
acha-se impregnada em seu interior, prestes a ser despertada. Somente em Cristo
podemos vencer tanto o pecado original como o experimental (1Jo 1.7).
Muitas crianças são
recolhidas por Deus, na fase de inocência, apesar da iniquidade dos pais (1Rs
14.13). Entre os que morreram sem a experiência do pecado acham-se os inocentes
assassinados por Herodes (Mt 2.16). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
A nudez de Adão e Eva é a perda da justiça original
da imagem de Deus. Todos os seres humanos nascem agora (após a Queda ) nesta
condição e as Escrituras dizem que é necessário que recebamos as "vestes brancas" (Ap 3.18);
"vestes de salvação"
(Is 61.10), que é a justiça original que Cristo nos traz de volta.
“No último
versículo do capítulo 3 de Gênesis, lemos que Adão e Eva foram expulsos do
jardim do Éden. Eles também foram impedidos de se aproximarem novamente da
árvore da vida. A partir dali, as consequências da desobediência não ficariam
isoladas ao primeiro casal. A sentença proferida por Deus atingiu toda a
humanidade! O pecado se tornou universal, e todos foram separados de Deus. Na
Queda do Homem com Adão, todos pecam. O apóstolo Paulo escreveu que “todos
morrem em Adão” (1 Coríntios 15:22; Romanos 5:12-19). Isto significa que o
homem já nasce contaminado pelo pecado. É exatamente esse conceito que alguns
estudiosos chamam de “Pecado Original”, porque é derivado da raiz da
humanidade. Todo indivíduo já nasce com ele, e, consequentemente, esse primeiro
pecado é a origem de todos os outros pecados cometidos pelos homens.”(estiloadoracao)
4. A
enfermidade da Terra. Por causa do pecado de Adão, até a própria Terra adoeceu. Expulso
do Éden, Adão teria de trabalhar, com redobrado esforço, a fim de prover o seu
sustento cotidiano (Gn 3.17). Desde então o nosso planeta vem sofrendo com
fomes, tremores de terra e inundações (Mt 24.7).
Em sua Epístola aos
Romanos, o apóstolo Paulo descreve a Terra como que gemendo por causa das
expectativas quanto às últimas coisas (Rm 8.22). Mas, quando o Reino de Deus
manifestar-se, logo após a Grande Tribulação, o planeta será curado de todas as
suas enfermidades (Is 35). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Por causa do pecado do homem a terra e toda a
criação sofreram a maldição e isso se agrava a cada dia, porque o mesmo homem
que causou a maldição da terra, tudo tem feito para destruí-la. Veja o que está
escrito: “Porque sabemos que toda a
criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.” (Rm 8.22).
Deus amaldiçoou o objeto do trabalho do homem e fê-lo relutantemente, ainda que
ricamente, obter o seu alimento por meio do trabalho árduo. A
natureza sofre junto com a humanidade, compartilhando assim as consequências da
queda. As Escrituras descrevem esta maldição em três maneiras:
a) O sustento será obtido com fadiga: Assim como a mulher
terá seus filhos com dor, o homem haverá de comer o fruto da Terra por meio de
trabalho penoso. Antes da queda, o trabalho de Adão no jardim era prazeroso e
agradável, mas de agora em diante, seu trabalho, bem como o dos seus
descendentes será seguido de cansaço e tribulação.
b) A Terra produzirá cardos e abrolhos: O cultivo da terra
seria mais difícil do que antes. Cardos e abrolhos aqui significam: plantas
indesejáveis, desastres naturais, enchentes, insetos, secas e doenças. A
natureza foi subvertida com o pecado do homem. (Rm 8:20-21).
c) No suor do rosto comerás: O trabalho árduo se tornaria a
porção do homem. A vida não seria fácil.
5. A
morte física. O homem não foi criado para experimentar a morte física. Nesse
sentido, podemos dizer que fomos criados imortalizáveis; com a possibilidade de
viver indefinidamente (Gn 2.17). Não somente a eternidade, mas de igual modo a
imortalidade, achavam-se no ser humano.
A morte é a mais
triste consequência do pecado (Rm 6.23). Todavia, a pior morte que alguém pode
experimentar é a separação eterna de Deus; a segunda morte (Ap 2.11; 20.6).
Quanto a nós, os que já recebemos Jesus Cristo como o nosso Senhor e Salvador,
a morte não terá efeito, porque Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11.25). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Pela desobediência aos termos do seu governo, o
homem cai, experimentando assim a perda do seu domínio. Desta forma, o homem
perde o poder da vida, essencial ao governo no Reino de Deus. Foram postos dois
querubins para guardar a Árvore da Vida para prevenir que o homem dela comesse
e, portanto, viesse a viver para sempre. Agostinho, seguindo Paulo, vê um elo
entre o pecado e a morte. Todos os homens morrem porque todos tem pecado. Na
criação, Adão foi feito com a posse mori e apose non mori. Isto refere-se à capacidade
para morrer e para não morrer. Adão não foi feito intrinsecamente imortal. Ele
continuaria a viver apenas enquanto se refreasse do pecado. Ele poderia ou não
morrer dependendo da sua resposta ao comando de Deus.
A palavra “morte” ocorre na Bíblia, com 3 sentidos
diferentes, embora o conceito de separação seja comum aos três:
a) Morte Física: Ec 12.7
b) Morte Espiritual: Rm 6.23; 5.12
c) Morte Eterna: Mt 25.46
“Deus não criou o homem para que viesse a
morrer. Pelo contrário, Ele o fez imortal (Gn 2.17). Se Adão e Eva não tivessem
pecado, ainda estariam vivos, e nós não precisaríamos conviver com a morte.”
SUBSÍDIO
VIDA CRISTÃ
“O
pecado de nossos primeiros pais teve diversas consequências. Eles entraram em
estado de culpa. E não somente se tornaram cônscios de seu ato e da separação
de Deus na qual haviam incorrido, mas sabiam que estavam sujeitos à penalidade
atrelada ao mandamento de Deus, em caso de desobediência. Alguns, atualmente,
confundem sentimento de culpa com a própria culpa. São crentes que aceitaram o
perdão outorgado por Cristo, mas ainda conservam restos de sentimento de culpa.
O sentimento de culpa resulta de uma consciência maculada. A própria culpa é a
responsabilidade legal pelo erro praticado aos olhos de Deus, o que incorre em
penalidade” (MENZIES, William W. (Ed.). Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos
da Nossa Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.73).
CONCLUSÃO
Dois fatos marcam a doutrina do homem nas Sagradas Escrituras: a criação e
a queda. À primeira vista, o pecado de Adão trouxe graves consequências a
Criação. No entanto, Deus jamais foi surpreendido por qualquer fato. Ele não é
um ser reativo, nem vive de improvisos. Nenhum processo, quer nos Céus, quer na
Terra, jamais o surpreendeu, porquanto Ele é o Ser Supremo por excelência. Ele
é o que é: o Deus bendito eternamente.
A fim de sanear o pecado do homem, Deus, em sua presciência, já havia separado
o Imaculado Cordeiro, desde a fundação do mundo, para redimir-nos de todos os pecados (Ap 13.8). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Deus
criou o homem para a Sua glória (Is 43.7). Ele é a Sua imagem e glória (1Co
11.7). Deus não precisava mostrar a Sua glória ao homem, pois Ele já a tem e
ninguém a pode tirar. No homem, Sua eterna majestade é demonstrada nos atos da
criação, queda e redenção. O Senhor Jesus que morreu para adquirir a salvação
para os perdidos estava cumprindo o plano eterno, desde a fundação do mundo. De
acordo com o propósito eterno de Deus antes da criação, a morte de Cristo sela
para sempre a redenção daqueles que crêem (At 2.23; 4.27-28). Diante de tudo
isto, a conclusão que podemos chegar é que a fé que temos abraçado não é uma
quimera ou uma falácia, mas sim, a fé tem uma firme âncora: Deus. Nossa
confiança está firmada numa verdade que tem saído incólume de todas as batalhas
ao longo dos séculos. As teorias humanas vêm e vão-se e caem no esquecimento e
se cobrem com a poeira do tempo, mas a Palavra de Deus permanece para sempre!
Francisco
Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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