quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

LIÇÃO 7: A QUEDA DO SER HUMANO



COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
A QUEDA, UM EVENTO HISTÓRICO E LITERAL

A apostasia de Adão e Eva deu-se em consequência do conflito entre o livre-arbítrio humano e a soberania divina. Nesse episódio, registrado em Gênesis capítulo três, ressaltam-se a possibilidade da Queda, a realidade da tentação e a historicidade da apostasia de nossos primeiros genitores. Deixamos claro que, embora possa haver confrontos entre o livre-arbítrio humano e a soberania divina, não há incompatibilidade entre ambos. Quando vivemos uma vida direcionada pelo Espírito Santo, nosso arbítrio, apesar de livre e desimpedido, só tem uma tendência: servir, louvar e enaltecer a Deus. 
1. A possibilidade da Queda. Em sua inquestionável soberania, Deus criou Adão e Eva livres, facultando-lhes o direito de obedecê-lo ou não. Todavia, a ordem do Senhor, concernente à árvore da ciência do bem e do mal, era bastante clara (Gn 2.16,17). Se eles optassem por ignorá-la, teriam de arcar com as consequências de seu ato: a morte espiritual seguida da morte física.
Não sabemos por quanto tempo, nossos protogenitores residiram no Jardim do Éden. A esse respeito, a Bíblia cala-se mui sabiamente. Mas acredito que foi o suficiente para Adão e Eva conhecerem a Deus e, com Ele, manterem profunda e doce comunhão. 
Na viração do dia, o Senhor se lhes aparecia, para conversar e ensinar a cuidar do planeta recém-inaugurado, pois, naqueles idos, tudo era novo: a Terra, as plantas, os animais e o próprio ser humano. E, por ser tudo novo, tudo requeria cuidado e desvelo. Sim, querido leitor, tudo requeria desvelo e cuidado, inclusive o coração de Adão e Eva. Por desconhecerem ainda os efeitos nefastos do pecado, a possibilidade de eles pecarem era ainda maior, pois a tentação era-lhes uma ameaça sempre presente, ainda que não a pressentissem.  
2. A realidade da tentação. Ao ser tentada pela serpente, Eva deixou-se enganar pela velha e bem arquitetada mentira de Satanás —  a possibilidade de o homem vir a ser um deus (Gn 3.1-6; 2 Co 11.3). No instante seguinte, a mulher, já instrumentalizada pelo Diabo, levou o esposo a pecar, e este voluntariamente pecou (1 Tm 2.14). Tendo em vista a representatividade de Adão, foi ele responsabilizado pela entrada do pecado no mundo (Rm 5.12).
Será que, àquelas alturas, Adão e Eva já tinham algum conhecimento acerca do que ocorrera nos Céus — a rebelião do querubim ungido e a sua consequente expulsão das moradas divinas? Sabiam eles, por acaso, que o mais celebrado dos anjos tornara-se um adversário formidável e perigoso, pronto a arruinar toda a criação divina? 
Não sabemos até que ponto ia o seu conhecimento angelológico. Todavia, eu não preciso ser especialista em satanologia, a fim de precaver-me quanto às astutas ciladas do Inimigo; basta-me esta advertência de Pedro:
Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo. (1 Pe 5.8,9, ARA)
Estejamos, pois, alertas quanto às artimanhas de Satanás. Por meio de sua dialética, quer política, quer teológica, vem ele destruindo lares, nações e igrejas. O Inimigo, seja opondo-se sistematicamente aos santos, seja lançando calúnias muito bem urdidas entre os redimidos, é astutíssimo em suas ciladas (Ef 6.11). 
Tendo em vista o pecado que tão de perto nos assedia, oremos e vigiemos, para não nos enredarmos nas teias de Satanás. Sim, querido leitor, há a possibilidade de virmos a cair, conforme o apóstolo Paulo alertou os irmãos de Corinto: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2 Co 11.3, ARA).
Se por um lado, há a possibilidade de o crente vir a fracassar na vida cristã; por outro, há uma possibilidade, ainda maior, de nos preservarmos, na força do Espírito Santo, até o dia de nossa redenção. Consolemo-nos, pois, nestas palavras de Judas: 
Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém! (Jd 24, ARA)
3. A historicidade da Queda. A narrativa da Queda do ser humano tem de ser acolhida de forma literal, pois o livro de Gênesis não é uma coleção de parábolas mitológicas, mas um relato histórico confiável (2 Co 11.3; Rm 15.4). Aliás, se não aceitarmos a literalidade dos primeiros 11 capítulos de Gênesis, não teremos condições de entender o restante da História Sagrada. Tratemos, com temor e tremor, a Bíblia Sagrada — a inspirada, a inerrante, a infalível e a completa Palavra de Deus.
A hermenêutica pós-moderna, manejando ferramentas e armas forjadas no inferno, ataca impiedosa e malignamente os 11 primeiros capítulos de Gênesis, como se tais passagens fossem meras parábolas morais. E, dessa forma, em repetidos e monótonos golpes, intenta destruir as bases, as colunas e o majestoso edifício da soteriologia bíblica. O que esses pretensos exegetas e hermeneutas não sabem é que a Doutrina da Salvação, qual penha de comprovada solidez, jamais será desgastada por seus martelos. Antes, como já tem ocorrido tantas vezes, são estes a se agastarem, e não aquela, porquanto o Calvário, apesar desses dois milênios já decorridos, continua tão firme hoje, quanto na tarde em que o Filho de Deus, entregando o Espírito ao Pai, exclamou: “Está consumado”.
Querido irmão, ao ler o Gênesis, o aceite, desde o primeiro até ao último versículo, exatamente como este livro é: uma narrativa histórica, verídica, fiel e literal. Caso contrário, todas as nossas doutrinas serão desacreditadas, porquanto todas elas, sem qualquer exceção, têm a sua origem justamente nos primeiros 11 capítulos dessa maravilhosa obra divina. Direta ou indiretamente, todas as verdades concernentes à nossa salvação estão ali: da criação do mundo à dispersão de Babel. 
 

Texto extraído da obra “A Raça Humana: Origem, Queda e Redenção”, editada pela CPAD.  
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos sobre a realidade da queda do ser humano à luz das Escrituras; veremos também, que o homem foi criado com o livre-arbítrio e que Deus não é o autor do pecado; pontuaremos o que o pecado trouxe para o ser humano e quais as consequências deste terrível ato contra Deus.

I – A ORIGEM DO PECADO À LUZ DA BÍBLIA

A palavra hebraica: “hatah” e a grega: “hamartia” originalmente significam respectivamente: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias designações bíblicas para o pecado, muito mais do que há para o bem. Cada palavra apresenta a sua contribuição para formar a descrição completa desta ação horrenda contra um Deus santo. Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (CHAVES, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda que: “O pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1Jo 3.4). Quanto a origem do pecado, vejamos:
1.1 Deus não é o autor do pecado. Precisamos destacar que de modo algum Deus pode ser responsabilizado pela entrada do pecado no universo. Atribuir a culpa a Deus, torna-se uma blasfêmia contra o seu caráter moral, que é absolutamente perfeito (Dt 32.4; 2Sm 22.31; Jó 34.10; Sl 18.30), sendo um erro gravíssimo afirmar como fazem alguns, que o Senhor decretou o pecado. Pois afirma Tiago: “[…] Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13- ARA).
1.2 O pecado no mundo espiritual. De acordo com a Bíblia um número incontável de anjos foram criados por Deus (Hb 12.22); estes eram bons por natureza, assim como tudo o que Senhor criou (Gn 1.31). Mas ocorreu uma Queda no mundo angélico, no qual, vários anjos se apartaram de Deus (Jd 6). Pouco se diz sobre o que ocasionou essa Queda, mas pelo que encontramos em alguns textos, podemos concluir que foi o orgulho e a cobiça de desejar ser semelhante a Deus, fez com que Lúcifer (nome tradicional dado a este anjo tirado de Is 14.12, da expressão ‘estrela da manhã’, na tradução latina da Bíblia – Vulgata Latina) fosse banido e destinado ao inferno (1Tm 3.6; Is 14.11-23; Ez 28.11-19; Lc 10.18; Ap 12.9). Como alguém acertadamente ressalta: “Deus criou Lúcifer, mas, Lúcifer fez-se Satanás” (CHAVES, 2015, p. 133).
1.3 O pecado no mundo físico. No que diz respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia nos informa que se deu pelo ato deliberado, perfeitamente voluntário de Adão e Eva (Gn 3; Rm 5.12,19). Sobre a causa que levou ao pecado, diz Geisler: “[…] Deus não fez com que Adão pecasse, pois, como já analisamos, Deus não pode pecar, nem tentar ninguém nessa direção. Tampouco Satanás fez com que Adão pecasse, pois, o tentador fez somente aquilo que o seu nome sugere, ele não o forçou, nem fez nada no seu lugar […] Deus criou criaturas livres, e se é bom que sejamos livres, então a origem do mal é o mal-uso da liberdade” (2010, p. 70,75). A resposta real é que Adão pecou porque escolheu pecar.

II – A REALIDADE DO LIVRE-ARBÍTRIO HUMANO E A SOBERANIA DIVINA

2.1 O livre-arbítrio humano. O dicionário Vine (2010, pp. 608,756) diz que livre-arbítrio vem do termo grego: “eklégo”, “escolher, selecionar, eleger” e, “eléutheros”, “liberdade de ir onde quer”. O dicionário Houaiss define como: “possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante”. A palavra livre vem do latim: “liber”, que significa: “livre” e o termo arbítrio: “arbiter”, que é “uma pessoa escolhida para decidir sobre uma questão” (2001, p. 1774). A Declaração de Fé das Assembleia de Deus no Brasil nos diz: “CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus […], dotado por Deus de livrearbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal […] essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou Adão do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de desobedecer ao Criador” (SOARES, 2017, pp. 77,99). Mesmo depois de haver pecado e se tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e, portanto, um pecador, em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se tornou tão completamente depravado a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder responder de maneira livre (Gn 3.9-10).
2.2 A soberania divina. A soberania de Deus consiste em sua onipotência, expressa em relação ao mundo criado, mormente no tocante à responsabilidade moral das criaturas diante dele (Mt 23.37). Além de mandar na sua criação sem que alguém possa intervir nas decisões divinas (Sl 24.1; Sl 2.3,4; Is 43.1 Mt 20.15; Rm 9.20,21), a Bíblia nos ensina que essa soberania é exercida tendo em vista galardoar a piedade e castigar a rebeldia (Rm 11.22). Isso nos mostra que Deus não age arbitrariamente, movido por capricho, quando determina as coisas conforme os ditames de sua soberana vontade. Deus usa o livre-arbítrio do homem sem destruí-lo para exercer sua vontade soberana. Como ele faz isso? Única e exclusivamente baseado no Pré conhecimento que Ele tem das escolhas humanas. Há alguns segmentos evangélicos que defendem não haver qualquer harmonia entre esses dois conceitos, pois, segundo eles, se Deus é soberano o homem não pode ter o livre arbítrio essa é uma visão distorcida de duas verdades absolutas reveladas nas Escrituras.

III – O PECADO NO HOMEM

Tudo o que Deus criou, o fez perfeitamente (Gn 1.31; Ec 7.29). Contudo, por causa do mal uso do livre-arbítrio, o pecado teve o seu lugar na humanidade, manchando (não destruindo) a imagem de Deus (imago Dei) no homem. Sobre alguns efeitos ou consequências do pecado no homem, podemos destacar:
3.1 O pecado herdado. Uma controvérsia gerada no século V, foi a que a raça humana não teria sido afetada pela transgressão de Adão, ou seja, que o homem não herda o pecado original de seu primeiro pai. No entanto, o que a Bíblia afirma é que, pelo fato de Adão ser o cabeça e o representante de toda a raça humana, seu pecado afetou a todos (Rm 3.23; 5.12-19), por isso que todos possuímos a “natureza pecaminosa”, herança que recebemos de nossos pais Adão e Eva (Rm 6.6,12, 19; 7.5,18; 2 Co 1.17; Gl 5.13; Ef 2.3; Cl 2.11,18), dessa forma todos somos por natureza, culpados diante de Deus (Ef 2.1-3). Até um bebê recém-nascido (Sl 51.5), antes mesmo de cometer o seu primeiro pecado, já é pecador (Sl 58.3; Pv 22.15); no entanto, as crianças apesar de nascerem com natureza pecaminosa ainda não conhecem experimentalmente o pecado. Elas não são responsabilizadas por seus atos antes de terem condições morais e intelectuais para discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado (Is 7.15; Jn 4.11; Rm 9.11) (SOARES, 2017, p. 92 – grifo nosso).
3.2 O pecado afetou todo o ser do homem. O pecado no homem não é meramente um hábito adquirido, ele é uma herança natural do ser humano, ninguém precisa ser ensinado a pecar, mas, o faz naturalmente (Rm 3.10; Gl 5.19-21; Ef 2.3). A relação com Deus e com o próximo foram afetadas pelo pecado (Gn 3.7-10), além de trazer a morte física, espiritual e eterna (Gn 2.16,17; Rm 6.23; Ef 2.1-3; Ap 20.14,15). A Declaração de Fé das AD (2017, p. 101) nos diz: “A corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição: corpo (Rm 8.10), alma (Rm 2.9) e espírito (2 Co 7.1). Isso prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam: intelecto (Is 1.3), emoção (Jr 17.9), vontade (Ef 4.18), consciência (1 Co 8.7), razão (Tt 1.15) e liberdade (Tt 3.3)”.
3.3 O pecado não destruiu totalmente a imagem de Deus. Embora o homem tenha sido afetado extensivamente pelo pecado, isto não significa dizer que a imagem de Deus no homem tenha sido destruída completamente (Rm 2.12-14). Encontramos um mandamento para não amaldiçoar outras pessoas, pois elas também foram criadas a imagem de Deus, e isto seria o mesmo que amaldiçoar a representação do próprio Deus (Tg 3.9,10) (GEISLER, 2010, p. 125). Veja também: (Gn 9.6).
3.4 O pecado não anulou a capacidade de escolha. Embora tenha pecado e se tornado espiritualmente morto (Gn 2.17; Ef 2.1), passando a ter a natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não perdeu totalmente a capacidade de ouvir a voz de Deus e também de responder (Gn 3.9-10); a imagem de Deus, que inclui o livre arbítrio permanece, ainda que desfigurada nos seres humanos (Jo 1.11; 5.40; 6.37; 7.17). As Escrituras afirmam claramente que mesmo o homem tendo sua volição (vontade) afetada pelo pecado, não foi anulada (Dt 30.19; Js 24.15; Rm 1.18-20; 2.14,15) (Declaração de Fé das Assembleias de Deus, 2017, p. 101 – acréscimo nosso).

IV - AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA DO HOMEM

Indiscutivelmente, o pecado trouxe graves consequências ao Universo, especialmente a vida na Terra. A Bíblia faz várias declarações a respeito da universalidade do pecado (1Rs 8.46; Rm 1.18; Rm 3.10-12, 23; 6.23). Portanto, vejamos algumas consequências que o pecado trouxe ao homem depois da Queda.
·   O pecado fez com que a terra fosse amaldiçoada (Gn 3.17.18)
·   O pecado trouxe ao homem a punição da morte física, espiritual e eterna (Gn 3.19; Rm 5.12; 6.23; Tg 2.26)
·   O pecado acarretou punições naturais e físicas na vida do homem (Gn 3.16; Rm 8.20-23)
·   O pecado deu origem a lei da morte atuante sobre a totalidade da raça humana (1Co 15.21,22; Ef 2.1,2)
·   O pecado escravizou o homem e interrompeu a comunhão com Deus (Jo 8.34; Rm 3.23)
·   O pecado exclui o homem do céu (Ap 22.15)

CONCLUSÃO

Como pudemos ver na aula de hoje, o pecado só trouxe ruína e destruição. A queda nos fala do patamar que tínhamos, de uma comunhão quebrada e que o homem em si nunca poderá restaurar. O pecado foi um ato deliberado contra a santidade de Deus, como consequência a morte nos âmbitos e físicos e espirituais foram o salário recebido por tamanho mal. Louvamos a Deus por Jesus Cristo, que tem poder sobre o pecado como também para nos restaurar.



Professor Paulo Avelino. Disponível em: https://www.portalebd.org.br

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO
Estudaremos, hoje, o capítulo mais trágico da História: a queda do ser humano. No transcorrer da aula, mostraremos que a narrativa do pecado de Adão e Eva, longe de ser uma parábola, foi um evento real, cuja literalidade não pode ser questionada, pois acha-se referendada em toda a Bíblia.
Inicialmente, examinaremos o livre-arbítrio e as suas implicações na experiência humana. Em seguida, averiguaremos a queda em si. E, depois, focaremos as consequências da rebelião adâmica. Trata-se, pois, de uma temática imprescindível ao estudo da doutrina do homem, conforme a encontramos na Bíblia Sagrada.
Que o Espírito Santo nos ilumine a compreender esta aula[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
Esta lição é longa e seu assunto complexo, então, não espere esgotar o tema em apenas 45 minutos. No entanto, tentarei, mesmo que resumidamente, tocar cada subtópico, a fim de esclarecer os pontos propostos. Iniciando com o tema livre-arbítrio, trago não apenas a visão Arminiana, mas apresento também uma breve explicação da visão Reformada (livre-agência). De início, a Queda do primeiro casal foi devastadora para a posteridade humana. Para qualquer um de nós é algo completamente impossível supor o que tenha sido o conhecimento prático da queda. Como projetar a experiência da perda da perfeição original? Nada, em nossa existência, serve de parâmetro para isso. Até onde tentamos imaginar o Éden, partimos de nossa realidade caída e, efetuando alguma modalidade de matemática espiritual, aplicamos o maior exponencial que a nossa mente pode conceber, e temos um lugar paradisíaco aos nossos olhos. Todavia, segundo o que afirmam as Escrituras, ainda assim tal realidade está muito aquém da realidade que aguarda os filhos de Deus: ...mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam (1 Co 1.29) Jair de Almeida, em O Padrão Éden: Modelo De Restauração Da Criação. Disponível em:http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XII__2007__2/jair.pdf. A ordem original do meio ambiente do ser humano na terra deve ser distinguida do que ele veio a tornar-se após o impacto da queda do homem, a maldição e o posterior dilúvio. Na carta aos Romanos, Paulo afirma que toda a humanidade está por natureza sob a culpa e o poder do pecado, sob o reino da morte e sob a inescapável ira de Deus (Rm 1.18-19;3.9,19;5.17,21). Ele relaciona a origem desse estado ao pecado de um homem – Adão, que ele descreve como o nosso ancestral comum (At 17.26; Rm  5.12-14). Apocalipse 12.9 identifica a serpente como o próprio Satanás, aqui em forma corpórea.
I. O LIVRE-ARBÍTRIO DO SER HUMANO
Neste tópico, definiremos o livre-arbítrio. Em seguida, veremos o seu relacionamento com a soberania divina, e, finalmente, trataremos da responsabilidade humana frente às ordenanças divinas.
1. O livre-arbítrio. É o dom que recebemos de Deus, através do qual podemos, desimpedidamente, escolher entre o bem e o mal (Dt 28.1; Js 24.15; 1Rs 18.21; Hb 4.7). Sem o livre-arbítrio, não seríamos o que hoje somos: seres autônomos, conscientes da própria existência e de nosso lugar no Universo criado por Deus. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
O livre-arbítrio é nosso poder de escolha, como consequência, cada pessoa é responsável por suas ações.
O livre-arbítrio não é:
- livrar-se por si próprio do pecado;
- buscar a Deus por iniciativa própria;
- crer em Jesus por suas próprias forças;
- capacidade inata de escolher a salvação sem o Espírito Santo
- muito menos ver a fé como característica inata do homem;
- “Em Mateus 23.37, o Senhor Jesus afirmou, diante da dureza do coração dos judeus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” Observe que Jesus “quis” ajuntar os filhos de Jerusalém, porém eles “não quiseram” que Ele assim o fizesse. Isso não deveria nos levar a refletir profundamente sobre a doutrina bíblica do livre-arbítrio? Afinal, nesse caso, o Senhor Jesus, que é Deus e estava em perfeita sintonia com o Deus Pai, queria que os judeus quisessem. E, mesmo assim, eles não quiseram!(Pr Ciro Sanches Zibordi em CPADNews)
Vamos entender também o que diz a teologia reformada sobre esse ponto: - “Podemos dizer que livre-arbítrio é a capacidade que o homem tem de fazer escolhas que podem ser contrárias ou não à sua natureza. O termo arbítrio diz respeito a julgar, isto é, o homem “teria” a capacidade de avaliar se vai tomar uma decisão contrária à sua natureza ou não, por isso o termo “livre”. Usei o verbo no futuro do pretérito (teria), porque, na realidade, segundo a Escritura, nenhum homem tem livre-arbítrio. O único homem que teve livre-arbítrio foi Adão. É importante entender que o homem foi criado segundo a imagem e semelhança de Deus, ou seja, em retidão e perfeita santidade. “Eis o que tão somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29; cf. Gn 1.27; 2.7; 3.6; Sl 8.5; Mt 10.28; Rm 2.14-15; Cl 3.10). Quan­do o homem pecou, perdeu a condição de “arbitrar” sobre sua vontade, perdeu a possibilidade de escolher entre estas duas alternativas: praticar a vontade de Deus ou pecar. Para entender isso o esquema criado por Agostinho de Hipona sobre a condição do homem antes e depois do pecado é de grande ajuda.
Antes da Queda o homem era: 
·       posse non peccare (capaz de não pecar)
·       posse peccare (capaz de pecar)
Depois da Queda o homem é:
·       non posse non peccare (incapaz de não pecar)
Antes de pecar, o homem poderia obedecer à vontade de Deus e lhe ser agradável por meio da sua própria justiça e santidade. Após a Queda, ele tornou-se incapaz de não pecar. A relação entre a liberdade, responsabilidade e soberania será explorada mais à frente, nas lições desta revista. No momento, interessa-nos conhecer a devassidão causada pelo pecado para podermos compreender que, após a Queda, o homem conseguiu o que chamamos de “livre-agência””(ultimato)
2. A soberania divina. É o direito absoluto, irrestrito e inquestionável, que possui Deus sobre toda a sua criação (Êx 9.29; Dt 10.14; Sl 135.6).
Portanto, o Senhor age como lhe aprouver. Em suas mãos, somos o barro; Ele, o soberano oleiro (Jr 18.6). Não nos cabe questionar a soberania do Todo-Poderoso (Rm 9.20). Ele é Deus e Senhor!
Não devemos, por outro lado, ver a soberania divina como algo despótico e tirânico, porquanto todas as ações de Deus são fundamentadas em seu amor, justiça e sabedoria. O que Ele faz agora só viremos a compreender mais à frente (Jo 13.7). Descansemos, pois, na vontade divina (Sl 37.5). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
A afirmação de que Deus é absolutamente soberano na criação, na providência e na salvação é básica à crença bíblica e ao louvor bíblico. A visão de Deus reinando de seu trono é repetida muitas vezes (1Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2; conforme Sl 11.4; 45.6; 47.8-9; Hb 12.2; Ap 3.21). Somos constantemente lembrados, em termos explícitos, que o SENHOR (Javé) reina como rei, exercendo o seu domínio sobre grandes e pequenos, igualmente (Ex 15.18; Sl 47; 93; 96.10; 97; 99.1-5; 146.10; Pv 16.33; 21.1; Is 23.23; 52.7; Dn 4.34-35; 5.21-28; 6.26; Mt 10.29-31). O domínio de Deus é total: ele determina como ele mesmo escolhe e realiza tudo o que determina, e nada pode deter seu propósito ou frustrar os seus planos. Ele exerce o seu governo no curso normal da vida, bem como nas mais extraordinárias intervenções ou milagres.  As criaturas racionais de Deus, angélicas ou humanas, gozam de livre ação, isto é, têm o poder de tomar decisões pessoais quanto àquilo que desejam fazer. Não seríamos seres morais, responsáveis perante Deus, o Juiz, se não fosse assim. Nem seria possível distinguir – como as Escrituras fazem – entre os maus propósitos dos agentes humanos e os bons propósitos de Deus, que soberanamente, governa a ação humana como meio planejado para seus próprios fins (Gn 50.20; At 2.23; 13.26-39). Contudo, o fato da livre ação nos confronta com um mistério. O controle de De3us sobre os nossos atos livres – atos que praticamos por nossa própria escolha – é tão completo como o é sobre qualquer outra coisa. Mas não sabemos como isso pode ser feito. Apesar desse controle, Deus não é e não pode ser autor do pecado. Deus conferiu responsabilidade aos agentes morais, no que concerne aos seus pensamentos, palavras e obras, segundo a sua justiça. O Sl 93 ensina que o governo soberano de Deus (a) garante a estabilidade do mundo contra todas as forças do caos (vs. 1-4); (b) confirma a fidedignidade de todas as declarações e ensinos de Deus (v. 5) e (c) exige a adoração do seu povo (v. 5). O salmo inteiro expressa alegria, esperança e confiança no Todo-Poderoso.” Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra, Nota Teológica, página 991.
3. A responsabilidade humana. Entre o livre-arbítrio e a soberania divina encontra-se a nossa responsabilidade (Jr 35.13). Não resta dúvida de que Deus permite-nos o direito de obedecer-lhe ou nãos aos mandamentos (Dt 11.13). Todavia, Ele nos chamará, um dia, a prestar contas quanto às nossas escolhas (Ec 11.9; 12.14). O Juízo Final não é ficção; é a realidade que aguarda a espécie humana na consumação de todas as coisas (Ap 20.11-15) .[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
A Bíblia ensina de forma clara que Deus é soberano e também que, o homem é responsável pelos seus atos. Essas são verdades bíblicas encontradas ao longo de todo o texto, ensinadas de Gênesis a Apocalipse. “Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não  teriam pecado, mas agora não tem desculpa do seu pecado”(Jo 15.22). Neste texto o Senhor não diz que, se ele não tivesse vindo, eles estariam sem pecado, mas que a sua vinda havia incitado o pecado mais severo e mais mortal, o pecado da rejeição a Deus e de rebelião contra Deus e contra a verdade de Deus. Foi o pecado decisivo da rejeição, da escolha deliberada e fatal das trevas em vez da luz, da morte em vez da vida da qual Jesus falou. Ele havia feito tantos milagres e dito incontáveis palavras para provar que era o Messias e o Filho de Deus, mas eles foram hostis no seu amor pelo pecado e na rejeição do Salvador (Hb 4.2-5; 6.4-6; 10.29-31). Aqui entra a responsabilidade humana, o pecado marcante dos judeus, o pecado que agravou suas iniquidades anteriores acima de qualquer outra, foi sua recusa em receber Jesus Cristo como o Messias. gora, o pecado dos judeus é repetido todos os dias pelos gentios; aquilo que eles fizeram uma vez, muitos continuam a fazer dia após dia.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
A soberania de Deus anula a responsabilidade humana? A soberania de Deus e o livre-arbítrio são excludentes? Estas são perguntas que você pode fazer para introduzir este tópico. A relação entre soberania divina e livre-arbítrio está presente nas Escrituras Sagradas. Para enriquecer a exposição deste primeiro tópico, consequentemente respondendo as perguntas acima elaboradas, leve em conta o seguinte fragmento textual: “Há os que perguntam, por exemplo, como pode Deus saber quem há de se perder, e mesmo assim, permitir que os tais se percam. O conhecimento prévio de Deus, porém, não predetermina as escolhas individuais, porquanto Ele respeita nosso arbítrio. Em Efésios 1.3-14, temos o esboço da história predeterminada do mundo. Mas esse vislumbre da predestinação do Universo não elimina as ‘ilhas da liberdade’ que Deus nos reservou, pois Ele nos fez indivíduos e livres. Ele permite que as pessoas escolham o próprio destino: Céu ou inferno” (MENZIES, William W. (Ed.). Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.41).
II. A QUEDA, UM EVENTO HISTÓRICO E LITERAL
A apostasia de Adão e Eva deu-se em consequência do conflito entre o livre-arbítrio humano e a soberania divina. Nesse episódio, houve a possibilidade da queda, a realidade da tentação e a historicidade da queda.
1. A possibilidade da queda. Em sua inquestionável soberania, Deus criou Adão e Eva livres, permitindo-lhes o direito de obedecê-lo ou não. Todavia, a ordem do Senhor, concernente à árvore da ciência do bem e do mal, era bastante clara (Gn 2.16,17). Se eles optassem por ignorá-la, teriam de arcar com as consequências de seu ato: a morte espiritual seguida da morte física. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
A afirmativa “A apostasia de Adão e Eva deu-se em consequência do conflito entre o livre-arbítrio humano e a soberania divina” é descabida se partimos do ponto de vista que livre-arbítrio e soberania divina não são conflitantes, além do que, há algo que não é esclarecido nos subtópicos seguintes. A queda não foi consequência de conflito entre responsabilidade do homem e soberania divina, aliás, nem havia conflito ainda, visto que tudo que foi criado, foi declarado que era ‘bom’. Na Queda, Eva achou que Satanás estava dizendo a verdade e que ela havia entendido Deus erroneamente, não sabia, porém, o que estava fazendo. Não foi uma rebelião manifesta contra Deus, mas sedução e engano para fazer com que a mulher acreditasse que seu ato era a coisa certa a fazer. O Novo Testamento confirma que Eva foi enganada (2Co 11.3; 1Tm 2.14; Ap 12.9). Após cair e ser confrontada por Deus, Eva empenha-se num esforço desesperado de passar a culpa para a serpente, o que em parte era verdade (1Tm 2.14), no entanto, essa meia verdade não a absolveu da responsabilidade de ter desconfiado de Deus e desobedecido a Ele. Por fim, a responsabilidade pela queda ainda é de Adão, uma vez que ele optou por desobedecer a Deus sem ter sido enganado (Rm 5.12-21; 1Co 15.21-22).
2. A realidade da tentação. Ao ser tentada pela serpente, Eva deixou-se enganar pela velha e bem arquitetada mentira de Satanás – a possibilidade de o homem vir a ser um deus (Gn 3.1-6; 2Co 11.3). No instante seguinte, Adão e Eva pecaram contra Deus (1Tm 2.14). Tendo em vista a representatividade de Adão, foi ele responsabilizado pela entrada do pecado no mundo (Rm 5.12). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Adão foi colocado sob provação. O teste consistia de obediência à ordem do seu Criador. Ele foi proibido de comer o fruto de certa árvore. Não foi um pecado em particular, mas a propensão inerente ao pecado que entrou no âmbito humano; os seres humanos tornaram-se pecadores por natureza, condição essa, herdada. Essa natureza está presente a partir do momento da concepção (Sl 51.51.5). Foi Satanás, o pai do pecado quem levou a primeira tentação a Adão e Eva, e como nós estávamos nele,por conseguinte, toda humanidade pecou com ele (Rm 5.18; Hb 7.7-10).
3. A historicidade da queda. A narrativa da queda do ser humano tem de ser acolhida de forma literal, pois o livro de Gênesis não é uma coleção de parábolas mitológicas, mas um relato histórico confiável (2Co 11.3; Rm 15.4). Tratemos, com temor e tremor, a Bíblia Sagrada — a inspirada, inerrante, infalível e completa Palavra de Deus?  [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
A Queda do Homem foi um evento histórico, e não existe espaço na Bíblia para outro tipo de interpretação. Algumas pessoas insistem em tentar interpretar a história da Queda do Homem como uma alegoria ou um mito. Mas a Bíblia é clara ao afirmar a historicidade desse evento. Qualquer interpretação que desconsidera essa realidade contradiz as Escrituras.
Entre os mais caluniados, desacreditados e distorcidos trechos da Bíblia encontram-se os três primeiros capítulos de Gênesis. A alguém que frequentasse qualquer universidade secular, ou alguma igreja liberal ou modernista, lhe seria dito que os primeiros capítulos de Gênesis não relatam fatos reais. O professor de uma faculdade secular humanista e o pastor modernista argumentariam que essas primeiras narrativas são mitos, lendas, contos ou parábola. Em outras palavras, que não existiu um Adão e uma Eva literais, ou uma queda literal e histórica no tempo e no espaço. Devido à frequente e largamente divulgada negação de um Adão e de uma Eva literais e históricos (e sua conexão com a exposição do evangelho no Novo Testamento), é muito importante compreender os ensinos bíblicos sobre a historicidade de Adão. Para examinar a historicidade de Adão, precisamos considerar os seguintes tópicos:
Em primeiro lugar, precisamos considerar o fato de que a rejeição modernista e neo-ortodoxa da historicidade de Adão é fundamentada em axiomas seculares e apóstatas. Cristãos liberais e barthianos (seguidores da filosofia de Karl Barth - um neo-ortodoxo) chegaram às suas posições sobre Adão não por causa de cuidadosos estudos exegéticos da Bíblia, mas devido às suas pressuposições modernistas, racionalistas e antibíblicas. Não podemos esquecer que esses homens não formulam suas teorias de forma isolada e objetiva. Eles têm seus pontos de partida, suas pressuposições. Por isso, ignoram as abundantes e claras evidências bíblicas de que Adão foi uma figura histórica, real e literal.
Em segundo lugar, precisamos examinar resumidamente os argumentos usados para negar a historicidade de Adão. Isso provará que tais argumentos não passam de falácias, que são, tanto fundamentados sobre mentiras grosseiras (macroevolução, posições sobre o Pentateuco baseadas na Alta Crítica, etc.) como sobre pura especulação humana.
Em terceiro lugar, devemos considerar a impressionante evidência bíblica de que Adão realmente existiu. Então, veremos que a historicidade de Adão e de uma queda literal, ocorrida no tempo e no espaço, são tão teologicamente interligadas com o ensino do evangelho e do segundo Adão (Jesus Cristo), que negar a historicidade do primeiro Adão logicamente conduz à negação do próprio cerne do evangelho”. (A historicidade de Adão, Por Brian Schwertley - Mestrado em divindade pelo Seminário Reformado Episcopal de Philadelphia (EUA). Disponível em ICP.com)

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Um erro comum é considerar o pecado substância. Mas se o pecado fosse uma substância ou coisa, então, sem dúvida, teria sido criado por Deus, e, assim sendo, seria essencialmente bom. Mestres cristãos, através dos séculos, em vista do ódio de Deus contra o pecado na Bíblia como um todo, têm rejeitado a ideia de que o pecado tenha sua origem em Deus. Embora o pecado não seja uma substância, não significa que seja destituído de realidade. As trevas são a ausência da luz. Embora o pecado e o mal sejam, algumas vezes, comparados com as trevas, eles são mais que a mera ausência do bem. O pecado também é mais que um defeito. É uma força ativa, perniciosa e destruidora” (MENZIES, William W. (Ed.). Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.73).
III. AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA DE ADÃO
Devido à sua rebelião contra o Senhor, a raça humana teve de arcar com pesados encargos: a consciência do pecado, a perda da comunhão com Deus, a transmissão do pecado às gerações subsequentes, a enfermidade da terra e, finalmente, a morte física.
1. A consciência do pecado. Ao tentar a mulher, a antiga serpente prometeu-lhe a onisciência divina, mas o que os nossos pais herdaram foi uma consciência pecaminosa geradora de obras mortas (Gn 3.1-6; Tt 1.15; Hb 9.14). O pecado leva-nos a perder o brilho do rosto e o vigor físico (Sl 31.10; Sl 32.3). Eis porque o homem precisa nascer da água e do Espírito (Jo 3.5). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Após o pecado foram dominados por um sentimento de vergonha. Antes tinham consciência da nudez, mas não tinham vergonha - “Ora um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonharam” (Gn 2.25).  “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gn 3.7). O resultado de terem comido o fruto proibido, não foi a aquisição da sabedoria sobrenatural, como satanás havia dito, ao contrário, agora eles descobriram que foram reduzidos a um estado de miséria.
2. A perda da comunhão com Deus. Em consequência de seu pecado, Adão e Eva foram expulsos da presença de Deus (Gn 3.23,24). De agora em diante, não poderiam mais viver no jardim do Éden, onde, diariamente, conversavam com o Senhor (Gn 3.8). Mas, apesar de haverem ofendido a Deus, continuaram a ser alvo de seu imenso, eterno e infinito amor (Jo 3.16).
Desde a queda, o ser humano, para reatar a comunhão com Deus, tem de aproximar-se dele pela fé (Hb 11.6). Nesse retorno, não estamos sós. Jesus Cristo é o nosso medianeiro eficaz (Rm 5.1). Ele é o Verdadeiro Deus e o Verdadeiro Homem (1Tm 2.5). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Após o pecado, tiveram medo e fugiram: “E ouviram a voz do Senhor Deus que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da prsença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me” (Gn 3.8-10). Adão e Eva se escondem ao chamado de Deus. Consciência culpada sempre produz medo e fuga. Pecaram e agora têm medo da sentença condenatória que Deus pode proferir contra eles. O pecado os separou de Deus, rompeu a comunhão com Deus. E é sempre assim. A menos que a obra de Cristo seja realizada em nosso favor, estaremos frente a frente com o juízo de Deus (Hb 2.3).
3. A transmissão do pecado à espécie humana. Sendo Adão o pai de toda a raça humana, o seu pecado acabou por alcançar a todos os homens (Rm 3.23; 5.12). Aquilo que chamamos de “pecado original” contaminou universalmente a humanidade. Até mesmo o recém-nascido já traz consigo essa semente (Sl 51.5). Embora a criança, na fase da inocência, não tenha a experiência do pecado, a iniquidade adâmica acha-se impregnada em seu interior, prestes a ser despertada. Somente em Cristo podemos vencer tanto o pecado original como o experimental (1Jo 1.7).
Muitas crianças são recolhidas por Deus, na fase de inocência, apesar da iniquidade dos pais (1Rs 14.13). Entre os que morreram sem a experiência do pecado acham-se os inocentes assassinados por Herodes (Mt 2.16). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
A nudez de Adão e Eva é a perda da justiça original da imagem de Deus. Todos os seres humanos nascem agora (após a Queda ) nesta condição e as Escrituras dizem que é necessário que recebamos as "vestes brancas" (Ap 3.18); "vestes de salvação" (Is 61.10), que é a justiça original que Cristo nos traz de volta.
No último versículo do capítulo 3 de Gênesis, lemos que Adão e Eva foram expulsos do jardim do Éden. Eles também foram impedidos de se aproximarem novamente da árvore da vida. A partir dali, as consequências da desobediência não ficariam isoladas ao primeiro casal. A sentença proferida por Deus atingiu toda a humanidade! O pecado se tornou universal, e todos foram separados de Deus. Na Queda do Homem com Adão, todos pecam. O apóstolo Paulo escreveu que “todos morrem em Adão” (1 Coríntios 15:22; Romanos 5:12-19). Isto significa que o homem já nasce contaminado pelo pecado. É exatamente esse conceito que alguns estudiosos chamam de “Pecado Original”, porque é derivado da raiz da humanidade. Todo indivíduo já nasce com ele, e, consequentemente, esse primeiro pecado é a origem de todos os outros pecados cometidos pelos homens.”(estiloadoracao)
4. A enfermidade da Terra. Por causa do pecado de Adão, até a própria Terra adoeceu. Expulso do Éden, Adão teria de trabalhar, com redobrado esforço, a fim de prover o seu sustento cotidiano (Gn 3.17). Desde então o nosso planeta vem sofrendo com fomes, tremores de terra e inundações (Mt 24.7).
Em sua Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo descreve a Terra como que gemendo por causa das expectativas quanto às últimas coisas (Rm 8.22). Mas, quando o Reino de Deus manifestar-se, logo após a Grande Tribulação, o planeta será curado de todas as suas enfermidades (Is 35). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Por causa do pecado do homem a terra e toda a criação sofreram a maldição e isso se agrava a cada dia, porque o mesmo homem que causou a maldição da terra, tudo tem feito para destruí-la. Veja o que está escrito: “Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.” (Rm 8.22). Deus amaldiçoou o objeto do trabalho do homem e fê-lo relutantemente, ainda que ricamente, obter o seu alimento por meio do trabalho árduo.  A natureza sofre junto com a humanidade, compartilhando assim as consequências da queda. As Escrituras descrevem esta maldição em três maneiras:
a) O sustento será obtido com fadiga: Assim como a mulher terá seus filhos com dor, o homem haverá de comer o fruto da Terra por meio de trabalho penoso. Antes da queda, o trabalho de Adão no jardim era prazeroso e agradável, mas de agora em diante, seu trabalho, bem como o dos seus descendentes será seguido de cansaço e tribulação.
b) A Terra produzirá cardos e abrolhos: O cultivo da terra seria mais difícil do que antes. Cardos e abrolhos aqui significam: plantas indesejáveis, desastres naturais, enchentes, insetos, secas e doenças. A natureza foi subvertida com o pecado do homem. (Rm 8:20-21).
c) No suor do rosto comerás: O trabalho árduo se tornaria a porção do homem. A vida não seria fácil.
5. A morte física. O homem não foi criado para experimentar a morte física. Nesse sentido, podemos dizer que fomos criados imortalizáveis; com a possibilidade de viver indefinidamente (Gn 2.17). Não somente a eternidade, mas de igual modo a imortalidade, achavam-se no ser humano.
A morte é a mais triste consequência do pecado (Rm 6.23). Todavia, a pior morte que alguém pode experimentar é a separação eterna de Deus; a segunda morte (Ap 2.11; 20.6). Quanto a nós, os que já recebemos Jesus Cristo como o nosso Senhor e Salvador, a morte não terá efeito, porque Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11.25). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Pela desobediência aos termos do seu governo, o homem cai, experimentando assim a perda do seu domínio. Desta forma, o homem perde o poder da vida, essencial ao governo no Reino de Deus. Foram postos dois querubins para guardar a Árvore da Vida para prevenir que o homem dela comesse e, portanto, viesse a viver para sempre. Agostinho, seguindo Paulo, vê um elo entre o pecado e a morte. Todos os homens morrem porque todos tem pecado. Na criação, Adão foi feito com a posse mori e apose non mori. Isto refere-se à capacidade para morrer e para não morrer. Adão não foi feito intrinsecamente imortal. Ele continuaria a viver apenas enquanto se refreasse do pecado. Ele poderia ou não morrer dependendo da sua resposta ao comando de Deus.
A palavra “morte” ocorre na Bíblia, com 3 sentidos diferentes, embora o conceito de separação seja comum aos três:
a) Morte Física: Ec 12.7
b) Morte Espiritual: Rm 6.23; 5.12
c) Morte Eterna: Mt 25.46
 Deus não criou o homem para que viesse a morrer. Pelo contrário, Ele o fez imortal (Gn 2.17). Se Adão e Eva não tivessem pecado, ainda estariam vivos, e nós não precisaríamos conviver com a morte.
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
“O pecado de nossos primeiros pais teve diversas consequências. Eles entraram em estado de culpa. E não somente se tornaram cônscios de seu ato e da separação de Deus na qual haviam incorrido, mas sabiam que estavam sujeitos à penalidade atrelada ao mandamento de Deus, em caso de desobediência. Alguns, atualmente, confundem sentimento de culpa com a própria culpa. São crentes que aceitaram o perdão outorgado por Cristo, mas ainda conservam restos de sentimento de culpa. O sentimento de culpa resulta de uma consciência maculada. A própria culpa é a responsabilidade legal pelo erro praticado aos olhos de Deus, o que incorre em penalidade” (MENZIES, William W. (Ed.). Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.73).
CONCLUSÃO
Dois fatos marcam a doutrina do homem nas Sagradas Escrituras: a criação e a queda. À primeira vista, o pecado de Adão trouxe graves consequências a Criação. No entanto, Deus jamais foi surpreendido por qualquer fato. Ele não é um ser reativo, nem vive de improvisos. Nenhum processo, quer nos Céus, quer na Terra, jamais o surpreendeu, porquanto Ele é o Ser Supremo por excelência. Ele é o que é: o Deus bendito eternamente.
A fim de sanear o pecado do homem, Deus, em sua presciência, já havia separado o Imaculado Cordeiro, desde a fundação do mundo, para redimir-nos de todos os pecados (Ap 13.8). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
Deus criou o homem para a Sua glória (Is 43.7). Ele é a Sua imagem e glória (1Co 11.7). Deus não precisava mostrar a Sua glória ao homem, pois Ele já a tem e ninguém a pode tirar. No homem, Sua eterna majestade é demonstrada nos atos da criação, queda e redenção. O Senhor Jesus que morreu para adquirir a salvação para os perdidos estava cumprindo o plano eterno, desde a fundação do mundo. De acordo com o propósito eterno de Deus antes da criação, a morte de Cristo sela para sempre a redenção daqueles que crêem (At 2.23; 4.27-28). Diante de tudo isto, a conclusão que podemos chegar é que a fé que temos abraçado não é uma quimera ou uma falácia, mas sim, a fé tem uma firme âncora: Deus. Nossa confiança está firmada numa verdade que tem saído incólume de todas as batalhas ao longo dos séculos. As teorias humanas vêm e vão-se e caem no esquecimento e se cobrem com a poeira do tempo, mas a Palavra de Deus permanece para sempre!

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário