COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Estudaremos, nesta
lição, o “negócio de Urias, o heteu” (I Rs.15:5), certamente o episódio mais
lamentável da biografia de Davi, um vergonhoso conjunto de atos pecaminosos que
mancharam para sempre a biografia deste rei, já que seu pecado foi expressamente
mencionado, no versículo já referenciado, texto escrito depois da cativeiro da
Babilônia e quando se relatava fatos ocorridos no reinado de Abião, rei de
Judá, bisneto de Davi.
Esta grande falha de
Davi, que é até hoje apontada por muitos pregadores, estudiosos e leitores das
Escrituras, não deve servir para criticarmos e injuriarmos aquele grande homem
de Deus, mas para nos lembrar que “todos pecaram e destituídos estão da glória
de Deus” (Rm.3:23; 5:12) e que, assim como Davi, mesmo cheios do Espírito Santo,
necessitamos vigiar para não cometermos atos de igual ou até maior gravidade
que Davi.
I – A GUERRA NÃO DESEJADA CONTRA AMOM
Deixamos Davi no
ápice de seu poder político-militar. Havia subjugado os filisteus, os siros, os
moabitas, os zobitas, como também havia feito aliança com os fenícios, os
gesuritas e os hamatitas, de forma que não tinha qualquer adversário na região
da Palestina, entre o Mar Mediterrâneo e o rio Eufrates.
Conta-nos, então, o
texto sagrado que morreu o rei de Amom, Naás, tendo, então, Davi mandado uma
comitiva para consolar o novo rei, Hanum, visto que Naás havia usado de
beneficência com Davi, pois havia dado asilo aos seus familiares quando da
perseguição sofrida nos dias de Saul (I Sm.22:3; II Sm.10:2; I Cr.19:1,2). Davi
demonstra, com este gesto, toda sua gratidão para com aqueles que lhe haviam
feito bem.
Devemos ser gratos a
todos quantos nos fazem benefícios. A gratidão é uma característica que não
pode faltar na vida daqueles que servem a Deus (Cl.3:12-15). Davi, mesmo no
trono e numa posição de superioridade sobre o novo rei de Amom, não deixou de
demonstrar sua gratidão pelo bem que tinha recebido quando ainda era um
fugitivo de Saul, mostrando que não havia se esquecido de suas origens.
Quantos, na atualidade, se comportam desta maneira, mesmo se dizendo cristãos?
Devemos ser agradecidos a todos quantos nos fizeram bem no passado, mesmo que
as circunstâncias atuais nos sejam amplamente favoráveis.
Davi procurou levar
consolo e ajuda a Hanum quando este passava por uma dificuldade, quando havia
perdido o seu pai e tinha à frente um grande desafio, que era o de reinar sobre
o seu povo. Também, como servos de Deus, devemos estar dispostos a ajudar
aqueles que passam por dificuldades. É muito fácil aproximarmo-nos daqueles que
passam por momentos de sucesso e de êxito em suas vidas, mas também temos de
estar próximos daqueles que estão angustiados, tristes e desolados (Rm.12:15).
A propósito, o pregador nos ensina que é bem melhor estarmos na casa onde há
luto do que na casa onde há banquete (Ec.7:2) e que é na casa do luto que está
o coração dos sábios (Ec.7:4).
Entretanto, o gesto
de Davi não foi bem interpretado por Hanum, ou antes, pelos seus príncipes. Ao
receber a comitiva de Davi, os amonitas interpretaram que se tratava de espiões
que, a pretexto do consolo ao novo monarca, estavam mesmo obtendo informações
para que Davi se aproveitasse da mudança de governo e viesse dominar Amom.
Diante disto, convenceram Hanum a que ultrajasse a comitiva de Davi,
rapando-lhes a metade da barba e a metade dos vestidos até as nádegas,
despedindo-os desta maneira (II Sm.10:3,4; I Cr.19:3,4).
Nem sempre, ou, nos
dias em que vivemos, quase nunca, os gestos benevolentes dos servos do Senhor
serão entendidos por aqueles que vivem no mundo ou, até mesmo, pelos que
cristãos se dizem ser que estão ao nosso lado. A malícia reina soberana nos
corações dos ímpios e dos pecadores, ou seja, a intenção maldosa, a inclinação
para o mal, a maldade, de sorte que sempre as pessoas interpretarão mal os
nossos gestos, até porque não se pode sequer exigir destas pessoas que
compreendam as nossas atitudes, pois só Deus conhece o coração do homem (I
Sm.16:7).
Os servos de Hanum
levaram o novo rei, inexperiente, a uma guerra, porque tinham uma intenção maldosa
em seus corações, acharam que Davi estava a espionar Amom, quando não era este
o intuito de Davi. Ao maquinarem o mal e o retribuírem com uma maldade,
acabaram por trazer para si aquilo que temiam. Achando que Davi queria guerra
com Amom, acabaram por provocá-la e por trazer a ruína da sua própria nação.
Aprendamos esta lição extraída das Escrituras: não façamos o mal para prevenir
um mal, pois este “mal preventivo” nada prevenirá, mas trará o mal que tanto
tememos (Jó 3:25).
A humilhação de alguém é uma maldade. Hanum e seus
príncipes humilharam a comitiva de Davi, rapando-lhes metade da barba e metade
dos vestidos até as nádegas e os despediram, fazendo-os ter de andar desta
maneira pela estrada, para serem vistos por todos. Davi, ao saber da notícia,
mandou que fossem encontrá-los, mas não permitiu sequer que seus enviados
fossem naquele estado a Jerusalém, mas mandou que ficassem em Jericó (lugar
amaldiçoado e que não tinha ainda qualquer cidade reconstruída), um local
isolado e não habitado, até que suas barbas crescessem novamente (II Sm.10:5; I
Cr.19:4,5).
Vemos neste episódio
que a humilhação não é uma atitude que agrade a Deus. Foram os amonitas quem
praticaram esta humilhação, a exposição pública, enquanto que Davi, o homem
segundo o coração de Deus, mandou que fossem ao encontro daqueles homens e os
mandou a um local desabitado, onde pudessem se recuperar do vexame sofrido, sem
que fossem vistos pelo seu povo. Davi não permitiu a exposição pública dos seus
servos, nem que passassem vergonha diante do povo.
Muitos, na
atualidade, não têm este bom senso, este respeito à dignidade da pessoa humana.
Baseados em I Tm.5:20, foi costume das igrejas locais, durante muitos anos, uma
exposição indevida, uma humilhação dos que pecavam, entendendo que a
“disciplina” exigia a execração pública da pessoa.
Não é isto que vemos,
porém, neste episódio bíblico, onde temos um homem que é tipo de Jesus.
Repreender o pecador na presença de todos não significa humilhá-lo. Deve-se
denunciar o pecado, mostrar o mal que é o pecado, mas se deve preservar a
pessoa do pecador. A repreensão é uma fala de correção, mas com objetivo de
cura, de restauração. Davi mandou os homens ao encontro daqueles que estavam
envergonhados e determinou que se restaurassem, para, então, tornar ao convívio
com o povo. A repreensão na presença de todos, prevista em I Tm.5:20, é para
conhecimento do que que está acontecendo, para notícia do estado doentio do
pecador, a fim de que todos vão ao seu encontro e o ajudem na sua restauração,
a ser feita em lugar reservado, livre dos olhos dos curiosos, livre da
especulação e da humilhação. Aprendamos esta linda lição com Davi.
Vendo os amonitas que
haviam ultrajado Davi e que haviam dado causa a uma guerra, contrataram
mercenários entre os siros de Bete-Reobe e os siros de Zobá, como também junto
ao rei de Maaca e aos homens de Tobe, num total de trinta e três mil homens ?(I
Sm.10:6; I Cr.19:6,7).
Davi, então, enviou
Joabe e todo o exército dos valentes. Joabe dividiu o exército em duas linhas,
pondo Abisai, seu irmão, sobre uma delas, liderando a outra, tendo obtido
grande vitória sobre os inimigos (II Sm.10:9-16; I Cr.19:6-15). Como os siros
se reorganizassem, o próprio Davi assumiu o comando do exército e foi guerrear
contra eles, impondo-lhes grande derrota, a ponto de todos os servos de Hadade-Ezer,
rei de Zobá, dalém do rio, terem feito paz com Davi, que, assim, conseguia
aliança inclusive com povos que viviam além do rio Eufrates, aumentando sua
área de influência (II Sm.10:17-19; I Cr.19:16-19).
II – O NEGÓCIO DE URIAS, O HETEU
Os mercenários
aliados de Amom haviam sido fragorosamente derrotados e decidiram fazer paz com
Israel e não mais socorrerem os amonitas (II Sm.10:19; I Cr.19:19). Restava,
então, terminar o conflito com a sujeição de Amom, pois os amonitas haviam sido
derrotados mas retornado para as suas cidades, não tendo sido feita a paz entre
Israel e Amom. A guerra estava, portanto, inacabada.
Decorrido um ano
deste embate, quando se tinham as condições climáticas necessárias para o
reinício da guerra (pois, durante o inverno, não havia como guerrear), em vez
de Davi prosseguir a campanha militar, mandou que Joabe comandasse o exército e
liderasse a invasão e sujeição de Amom (II Sm.11:1). Assim como havia feito no
início da batalha anterior, Davi omitiu-se, preferindo ficar no palácio do que
liderar o seu exército. Joabe, é certo, era o comandante do exército (II
Sm.8:16), mas Davi sabia que era sua a função de liderar o povo nesta empresa,
tanto que o texto sagrado diz que era aquele “o tempo em que os reis saem”.
Davi estava acostumando-se com o palácio, com as benesses
de ser rei e já não demonstrava o mesmo empenho de antes. No tempo de os reis
saírem para a guerra, resolveu ficar no palácio, na ociosidade. Este seu gesto
foi a porta de entrada para o seu maior fracasso espiritual e nos traz um
importante ensino, qual seja, o de que o ócio não é uma conduta que se deva ter
entre os servos do Senhor. Jesus jamais foi ocioso, mas disse que trabalhava
como o Seu Pai (Jo.5:17). De igual maneira, nós, integrantes do corpo de
Cristo, temos de trabalhar constantemente (I Co.15:58), pois não é aqui o nosso
descanso, por causa da corrupção que destrói, que destrói grandemente
(Mq.2:10).
Vivemos dias em que o
ócio é o grande sonho e desejo dos homens. O trabalho tem sido dia após dia
aviltado e os trabalhadores cada vez mais explorados e tornados indignos. O que
mais se busca é “sombra e água fresca”. Recentemente, uma pesquisa do IBGE
revelou que, no Brasil, em 2018, mais de 10,8 milhões de jovens entre 15 a 29
nos são ociosos, não estudam, trabalham ou ajudam em casa. Que fazem estas
pessoas senão o que não presta? Como já diziam os antigos, “mente desocupada é
oficina do diabo” e isto é uma realidade à luz das Escrituras, visto que é na
ociosidade que a mente é recheada de maus pensamentos e de tudo aquilo que
desagrada a Deus.
O ócio, por primeiro,
fez com que Davi dormisse até tarde. Davi só se levantou do seu leito na hora
da tarde e, como não tinha o que fazer, passeava no terraço da casa real,
quando viu uma mulher se lavando, mulher mui formosa à vista. O ócio
proporciona tais circunstâncias. O rei estava no palácio, onde não deveria
estar; acordou num horário em que não deveria acordar e acabou fazendo o que
não deveria fazer, que era passar no terraço real. A mulher se lavava e ele
passou a observá-la, o que não deveria também fazer.
Muitos procuram dizer
que Davi não era o único culpado, porque a mulher também estava a se exibir, a
se manter sob a mira dos olhares de Davi, a fim de seduzi-lo. O texto bíblico
não nos diz que a mulher estivesse se lavando em local inapropriado, nem que
ela o fazia de modo indevido, com intenção de chamar a atenção do rei. O ócio
de Davi era a raiz de todas as coisas e, mesmo se a mulher tenha querido se
exibir, somente o fez porque Davi deu esta ocasião, deixando de fazer o que lhe
era devido, para ficar sem fazer coisa alguma, enroscando-se com as ciladas do
adversário. Obs: Sobre o assunto, achamos oportuno aqui
registrar o pensamento de Valdenira Nunes Menezes da Silva, que entendemos ser
extremamente adequado e apropriado a respeito: “…Estes versículos nos fazem
pensar um pouco sobre o caráter da personagem central do nosso estudo -
Bate-Seba. A Bíblia nos diz que ela era uma cordeira. E quais são as
características de uma cordeira, de uma ovelha? Ela é mansa, seguidora fiel do
seu dono, o pastor, calada, nada reclama. O Senhor comparou-a a uma
cordeirinha, mas muitos de nós a chamamos de adúltera.E você, amada irmã, como
classificaria Bate-Seba? Adúltera ou cordeirinha? Nós não conhecemos o coração
de Bate-Seba mas Deus ‘... sabe os segredos do coração’ (Sal 44:21b). Não
sabemos e não podemos acusá-la de ter tomado banho no jardim de sua casa,
propositalmente,
para
ser vista pelo rei. Como era para o rei Davi estar no campo de batalha, ficando
na cidade apenas os velhos, as mulheres e as crianças, é impossível julgarmos
já que a Bíblia não nos revela a intenção dela. Não podemos colocá-la no banco
de réus e taxá-la de ADÚLTERA porque não existe prova suficiente para tal
acusação. Eu não posso julgá-la mas Deus pode, pois só Ele conhece o coração do
homem. Só Ele sabe o que aconteceu naqueles momentos. Uma lição muito
importante podemos tirar de toda esta tragédia: O BANHO EXTERIOR É IMPORTANTE E
NECESSÁRIO SE, JUNTO A ELE, VIER O BANHO INTERIOR - A PUREZA DA ALMA, UM
CORAÇÃO PURO, SINCERO E CHEIO DE AMOR PELO PRÓXIMO. Mesmo o Senhor tendo-a
chamado de cordeira, mesmo nós não sabendo se ela foi culpada ou inocente, ela
foi castigada: 1- Ela engravidou.; b- Ela perdeu o seu marido Urias que morreu
no campo de batalha.; c- Ela perdeu seu filho recém-nascido.…” (Bate-Seba: uma
cordeira inocente? Disponível em:
http://br.geocities.com/Bereanas/Bate-Seba-UmaCorderinhaInocente.htm Acesso em
13 out. 2009)
Davi viu a mulher e a achou formosa à vista. Olhar não era ruim,
mas permanecer olhando e cobiçar a mulher já representou o pecado. Davi nem
sabia quem era a mulher, mas sabia que não era nenhuma das suas mulheres, mas a
cobiçou, o que já se constituiu em adultério aos olhos do Senhor (Mt.5:28). Não
há como escaparmos do pecado, que jaz à porta, ou seja, está “de tocaia”
(Gn.4:7), se deixarmos o lugar em que Deus nos pôs para trabalhar. Quem sai de
debaixo do esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente (Sl.91:1), não tem
descanso e tropeçará na vida espiritual.
Não bastasse estar
fora do lugar onde deveria estar, pois era tempo de os reis saírem à guerra e
Israel estava em guerra contra Amom, Davi ainda se deixou levar pelo olhar.
Devemos ter muito cuidado com nossos olhos, pois eles são a candeia do corpo
(Mt.5:22,23). Se a candeia do corpo não for luz, mas trevas, diz-nos o Senhor
Jesus, quão tenebroso é o nosso estado. Vivemos na “era do audiovisual”, em que
a visão é primordial e tem sido uma grande, poderosa arma do adversário contra
os que querem servir a Deus. Tomemos cuidado para que não sejamos atingidos
pela “concupiscência dos olhos”, como aconteceu com Davi.
Davi quis saber quem
era aquela mulher e lhe disseram que era Bate-Seba, filha de Eliã, mulher de
Urias, o heteu(II Sm.11:3), um dos valentes de Davi (II Sm.23:39; I Cr.11:41).
Davi, mesmo sabendo que se tratava da mulher de um de seus soldados, mandou
trazê-la e entrou a ela, deitou-se com ela e manteve com ela um relacionamento
amoroso a ponto de engravidá-la (II Sm.11:3-5).
Vemos, nitidamente,
que a falta de vigilância que deu origem à “concupiscência dos olhos”,
tornou-se, rapidamente, em cobiça da própria mulher, a “concupiscência da
carne”. Davi não mais se continha em seu desejo de possuir aquela formosa
mulher e, mesmo sabendo que se tratava de uma mulher casada, casada, inclusive,
com um de seus valentes, não se controlou e acabou por mandar chamá-la e
levá-la ao ato sexual, ao relacionamento amoroso indevido. Bate-Seba, cujo nome
significa “filha do juramento” ou “sétima filha”, não se indispôs com o rei,
mas consentiu com aquele ato pecaminoso. Consumava-se o adultério, algo
completamente desagradável ao Senhor (Ex.20:14; Dt.5:18).
A tradição judaica
diz que Bate-Seba era neta de Aitofel, o grande conselheiro de Davi,
identificando o Eliã mencionado em II Sm.11:3 com o mencionado em II Sm.23:34,
outro dos valentes de Davi. Em razão disto, a literatura rabínica vê Bate-Seba
como uma mulher muito sábia e inteligente, que teria sido decisiva na formação
de seu filho Salomão e no seu interesse para ser sábio quando assumiu o reino
de Israel em lugar de seu pai. Entretanto, segundo os rabinos, Bate-Seba era de
mui tenra idade quando foi seduzida por Davi. Dizem alguns que tinha pouco mais
de 8 anos e outros, não mais do que 16.
O fato é que Davi
pecou com Bate-Seba e esta, ao engravidar, mandou que se desse a notícia ao
rei. Davi, então, mostrando que, além de ter cedido à “concupiscência dos
olhos” e à “concupiscência da carne”, também havia sido atingido pela “soberba
da vida”, não assumindo o pecado cometido, procurou armar um estratagema para
que a criança concebida por Bate-Seba fosse considerada como filho de seu
marido. Urias estava na batalha contra Amom e, por isso, Davi mandou que fosse
chamado para Jerusalém, pois, pensava que, assim fazendo, Urias se deitaria com
Bate-Seba e o filho nela existente seria atribuído a seu marido (II Sm.11:6).
Vemos aqui que Davi,
de modo arrogante, não se arrependeu de seu pecado, mas procurou maquiá-lo,
escondê-lo aos olhos do povo. Triste coisa é a opção por encobrir o pecado em
vez de confessá-lo. Quem encobre as transgressões, diz o proverbista, nunca
prosperará, mas somente o que confessa e deixa alcança misericórdia (Pv.28:13).
Como bem ensina o
pastor e teólogo José Mathias Acácio, não há maior tolice do que tentar
esconder um pecado, pois pecado é uma ofensa a Deus e de Deus nada se oculta,
pois Ele tudo sabe, Ele tudo vê. Assim, quando se tenta esconder um pecado,
daquele que quem o pecado deveria ser escondido, já é manifesto e nenhuma utilidade
há ocultar o pecado dos demais, pois pecado é um assunto entre nós e Deus.
Gasta-se, pois, energia inutilmente quando se procura ocultar um pecado.
Pensemos nisto!
Para se manter o pecado encoberto, praticam-se outros
pecados.
Davi, não querendo confessar sua culpa, tratou de chamar Urias da batalha,
tendo, então, para disfarçar, procurado obter informações de Urias com relação
à batalha. Depois de ter recebido as informações de seu fiel valente, mandou
que Urias descesse à sua casa e lavasse os seus pés. Entretanto, Urias não foi
para a sua casa, preferindo ficar com os servos de Davi no palácio real. Isto
fez porque havia um costume entre os soldados de não irem a suas casas enquanto
perdurasse a batalha, não se sentindo digno de desfrutar do bem-estar de seu
lar enquanto seus companheiros estavam no campo de batalha (II Sm.11:8-11).
Urias mostrava assim
sua fidelidade e dedicação para com o rei Davi e seu exército. Tendo informado
o rei de tudo o que se passava na guerra, preferiu ficar com os servos do rei
no palácio, aguardando a ordem para retornar ao campo de batalha, de que
desfrutar de benesses que não seriam jamais alcançados por seus companheiros de
luta. Urias era solidário com os seus companheiros, sabia que estava numa
guerra, que lugar de soldado era no campo de batalha, e que não poderia se
valer de uma circunstância momentânea para sair da disciplina militar, da sua
condição de soldado.
Que contraste entre
Davi e Urias. Enquanto Davi se encontrava fora do seu devido lugar, no palácio,
adulterando em vez de estar no campo de batalha pelejando pelo seu povo, Urias,
mesmo no palácio, podendo legitimamente ter a companhia de sua mulher, não saía
de sua posição de soldado que está na luta. Como temos procedido: temos nos
deixado levar pelas circunstâncias e passado a usufruir das vantagens que se
nos oferecem na obra de Deus para nosso deleite próprio, ou temos buscado estar
ombro a ombro com os nossos irmãos que, como nós, estão lutando para chegar ao
céu? Infelizmente, não são poucos os que têm cedido às ofertas aparentemente
legítimas dos Davis, para se esquecerem das necessidades e agruras dos irmãos e
entrar no ritmo das benesses e mordomias que tanto têm depauperado a obra do
Senhor…
Ainda que entendamos
que Urias tenha procurado não escandalizar seus companheiros de luta e se
manter firme com os costumes militares então vigentes, não procurando desfrutar
daquilo que poderia fazer legitimamente, pois Bate-Seba era sua mulher, não
podemos, também, deixar de verificar aqui que Urias, ao se prender a um costume
militar (costume, aliás, que não tinha origem judaica, mas dos próprios
moradores de Canaã, como ensina Robertson Smith em sua “Religião dos Semitas”,
segundo a Enciclopédia Judaica – disponível em: http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=425&letter=B
Acesso em 13 out. 2009), acabou, também, por sobrepor a tradição à sua própria
vida familiar. Urias nem sequer, apesar de ter autorização real, foi até sua
casa para saber como estava Bate-Seba, sendo, pois, um perfeito tipo daqueles
que têm sacrificado suas famílias em prol da vida ministerial e/ou
eclesiástica, atitude que não tem respaldo bíblico e que causa a destruição de
muitos lares e, por conseguinte, de muitos ministérios, uma das grandes chagas
de nossas igrejas locais.
Se é certo que Urias
não deveria ter desfrutado da oportunidade para ter um relacionamento íntimo
com sua mulher, pois isto escandalizaria seus companheiros militares, não é
menos certo que deveria, ao menos, ter ido ver sua mulher, que não se sentiria assim
desprezada ou abandonada. Bate-Seba estava, como se vê, numa situação de
carência afetiva quando foi chamada por Davi, situação que muito contribuiu
para que o adultério se consumasse.
Nos dias hodiernos,
não tem sido diferente. Muitos têm, em nome da obra de Deus, negligenciado suas
mulheres, as deixado de lado, tornando-as presas fáceis dos “Davis” que estão a
observá-las e a considerálas formosas e a lhes oferecer o carinho que tem sido
negado por seus maridos. Aliás, nos dias de hoje, não são apenas homens que têm
se oferecido para suprir estas carências afetivas, mas muitas mulheres, o que
tem contribuído enormemente para o aumento do lesbianismo. Precisamos acordar
enquanto é tempo, não permitindo que o desprezo e menosprezo do cônjuge,
notadamente da mulher, cuja sensibilidade é mais aguçada, seja a cunha, a porta
de entrada para que o inimigo promova a destruição dos lares dos servos do
Senhor.
Urias recusou-se a ir
até sua casa, mesmo quando indagado por Davi a respeito e, então, Davi partiu
para outra armadilha. Convidou Urias para comer e beber, embebedando-o para ver
se, embriagado, não se conteria e iria descer à sua casa, a fim de saciar-se
com sua mulher. Neste gesto de Davi, altamente reprovável, vemos, porém, uma
importante lição: a de que a embriaguez por álcool ou quaisquer outras
substâncias faz reduzir o nosso autocontrole, motivo assaz suficiente para que
não seja uma conduta a ser seguida pelos que cristãos dizem ser (Pv.23:29-35),
que devem produzir o fruto do Espírito, que tem como um dos Gomes a temperança,
o autodomínio (Gl.5:22).
Urias embriagou-se,
mas a embriaguez não foi tal que o fizesse mudar de propósito. Apesar de ébrio,
Urias não desceu à sua casa, mantendo-se entre os servos no palácio real (II
Sm.11:12-15). Com esta atitude de fidelidade e lealdade aos costumes e aos
companheiros, Urias, sem saber, estava selando a sua própria morte. Vendo Davi
que Urias não havia ido até a sua casa, resolveu, então, matá-lo e, numa
sordidez terrível, fez com que o próprio Urias fosse o portador da ordem de seu
assassinato.
Joabe, ao ler a
carta, não pensou duas vezes em seguir as ordens do rei. Fê-lo não por lealdade
a Davi, mas, sobretudo, para ter uma “carta na manga”, para ter uma grande
vantagem em relação ao rei que, como sabia, não o havia posto no comando do
exército voluntariamente e que tinha desaprovado o assassinato de Abner. Joabe
viu a grande oportunidade de ver Davi igualar-se a ele em ignonímia, em ver o rei
se tornar um criminoso puro e simples. Além do mais, Joabe, como os filhos de
Zeruia em geral, tinham enorme prazer em matar.
Urias, então, foi assassinado, com a espada dos amonitas, visto que foi
deixado só e abandonado na linha de frente da batalha, não tendo chance alguma
para se defender. Aos olhos dos homens, Urias havia morrido por causa de uma
fatalidade, em lealdade a seu rei, numa manobra completamente equivocada e que
foi até objeto de desaprovação por Davi, ao receber a notícia, até que soubesse
que tudo havia sido feito para que Urias fosse morto ( II Sm.11:16-25).
Vemos, de imediato,
como a luta para encobrir um pecado fez com que outros pecados fossem
cometidos. Davi traiu um de seus melhores soldados e o assassinou, ainda que
com a espada dos amonitas. Davi perdeu, ademais, toda a sua autoridade moral
perante Joabe, tendo, inclusive, de justificar e desculpar um erro crasso de
batalha, a fim de que o pecado encoberto se mantivesse ignorado do povo. O
grande rei Davi, o ungido do Senhor, agora era tão somente um adúltero, um
assassino, um hipócrita, alguém que tolerava os mais absurdos erros militares.
Tudo porque não quisera encobrir o seu pecado.
O mesmo sucede aos
que servem a Deus e, ao pecar, em vez de pedirem perdão a Deus por Jesus Cristo,
como nos determinam as Escrituras (I Jo.2:1,2), preferem esconder seu erro e
criam artifícios e ardis para que o pecado se apresente como uma fatalidade,
uma ocorrência normal. Aos israelitas, morrera um valente em uma peleja, uma
fatalidade, algo que “não pareceu mal”, como disse Davi ao mensageiro de Joabe.
Perdera-se a dignidade, a autoridade e a santidade. O errado parecera certo e o
certo, errado. Eis a situação lamentável em que se encontram muitas vidas e
igrejas locais nestes dias de apostasia. Que Deus nos guarde!
Urias morreu em
batalha. Passados os dias de luto, Davi chamou Bate-Seba e se casou com ela,
Bate-Seba deu à luz um filho. Parecia que tudo estava resolvido, que Davi havia
muito bem escondido seu pecado e que poderia muito bem continuar a sua vida.
“Porém esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do Senhor” (II Sm.11:27).
III – A DESCOBERTA DO PECADO DE DAVI E O ANÚNCIO DA SUA
PUNIÇÃO
Quando talvez Davi
nem se lembrasse mais de todos os males que havia cometido, eis que aparece o
profeta Natã e, numa audiência pública, conta ao rei a história de dois homens,
um rico, com muitíssimas ovelhas e vacas e outro pobre, que não tinha coisa
nenhuma senão uma pequena cordeira, que tinha crescido com ele e com seus
filhos igualmente. Vindo um viajante, o rico, ao hospedá-lo, mandou matar a
ovelha do pobre, em vez de matar algumas de suas próprias ovelhas. Davi, ao
ouvir esta história, não deixou nem que o profeta a concluísse e, enfurecido,
disse que o rico era digno de morte e que pela cordeira que tomara teria de
restituir o quádruplo, porque havia feito tal coisa e não havia se compadecido
do pobre (II Sm.12:1-6).
Vemos, neste ponto,
que Davi estava mesmo cauterizado com o pecado cometido. Nem sequer pensou no
que havia feito com Urias. Pelo contrário, num desequilíbrio impróprio a um
homem prudente como era, nem deixou o profeta terminar a sua história e
proferiu o julgamento com grande alarde, considerando o homem rico como autor
de furto premeditado, impondo-lhe a pena correspondente a esta espécie de furto
(Ex.22:1; Dt.24:7). O tão prudente Davi, depois do pecado, tornara-se um
“santarrão”, alguém que fazia questão de se mostrar santo, justo e imparcial.
Devemos tomar muito cuidado
com os que se esforçam para aparecer santos, com os “santarrões”, com os
“modernos fariseus”, que impõe fardos difíceis de carregar para os outros mas
que têm uma vida completamente diferente daquela que pregam. A “santarronice”,
ou seja, a “santidade aparente, impiedosa, estridente, escandalosa” não é uma
santidade sincera, mas um sinal de hipocrisia, de vida dupla, de corações de
duplo ânimo que, para o público, aparece como santo e limpo, mas que, no
oculto, são verdadeiras “carniças”, escravos do pecado. Tomemos cuidado com
este tipo de gente!
OBS: Por
absolutamente oportuno, transcrevemos aqui poema de Gregório de Matos Guerra,
um dos principais poetas brasileiros do século XVII, que fala precisamente
sobre a hipocrisia, que era tão comum na capital brasileira da época, Salvador,
mas que hoje, nos dias em que vivemos, está disseminada em toda a igreja não só
no Brasil mas em todo o mundo:
Anjo
Bento
Gregório de Matos
Destes que campam no mundo
Sem ter engenho profundo
E, entre gabos dos amigos,
Os vemos em papafigos
Sem tempestade, nem vento:
Anjo Bento!
De quem com letras secretas
Tudo o que alcança é por tretas,
Baculejando sem pejo,
Por matar o seu desejo,
Desde a manhã té à tarde:
Deus me guarde!
Do que passeia farfante,
Muito prezado de amante,
Por fora luvas, galões,
Insígnias, armas, bastões,
Por dentro pão bolorento:
Anjo Bento!
Destes beatos fingidos,
Cabisbaixos, encolhidos,
Por dentro fatais maganos,
Sendo nas caras uns Janos:
Que fazem do vício alarde:
Deus me guarde!
Que vejamos teso andar
Quem mal sabe engatinhar,
Muito inteiro e presumido,
Ficando o outro abatido
Com maior merecimento:
Anjo Bento!
Destes avaros mofinos,
Que põem na mesa pepinos,
De toda a iguaria isenta,
Com seu limão e pimenta,
Porque diz que o queima e arde:
Deus me guarde!
Davi estava desequilibrado na sua distribuição de justiça. Diz a Bíblia que
“se acendeu em grande maneira contra aquele homem”. Era sinal da sua
“santarronice”, de sua hipocrisia, algo a que devemos atentar em nosso
dia-a-dia, em nossa igreja local.
O profeta, então, numa atitude extremamente corajosa e
que é própria de um homem de Deus, sem dar voltas e de forma direta, disse que
aquele homem da história era o próprio rei Davi que, apesar de ter
sido ungido rei sobre Israel e ter tido a oportunidade de ter tomado para si
tantas mulheres e tanto poder, havia desprezado a palavra do Senhor, fazendo
mal diante dos Seus olhos, ferindo à espada Urias, o heteu e tomado a sua
mulher como mulher e matando Urias com a espada dos filhos de Amom (II
Sm.12:7-9).
Numa só tacada, o
Senhor revelara todo “o negócio de Urias, o heteu”, algo que ninguém tinha
conhecimento até então. Joabe sabia do assassinato, mas não sabia do adultério,
porque estava no campo da batalha quando ele aconteceu. Os servos palacianos
podiam saber do adultério e das artimanhas para que Urias fosse até sua casa,
mas não sabiam do assassinato de Urias, porque viviam no palácio. Somente Davi
de tudo sabia e tudo procurara esconder, mas além de Davi outrem também sabia
de tudo: Deus, que tudo vê (Jó 31:4; 34:21).
Não nos iludamos,
amados irmãos. Tentar encobrir pecado é uma atitude tola e insensata. Pecado é
uma transgressão contra Deus. Assim, quando procuramos encobrir o pecado,
estamos tentando esconder uma transgressão contra o Senhor. Ora, quem é o único
que certamente viu o nosso pecado? Precisamente, o Senhor. Ora, então de que
adianta encobrirmos os pecados dos outros homens, se pecado é um assunto entre
nós e Deus e Deus sempre nos vê pecar? Não é um desperdício de tempo e de
energia sem qualquer sentido? Como diz o profeta Isaías: “Ai dos que querem
esconder profundamente o seu propósito do Senhor! Fazem as suas obras às
escuras e dizem: Quem nos vê? E quem nos conhece?” (Is.20:15).
Davi parecia ter
feito tudo perfeito, ninguém jamais conseguiria descobrir o que havia feito.
Enganou-se. Deus tudo viu e tudo revelou, a fim de que o rei pudesse se
arrepender. Deus tudo revelou porque não há a mínima possibilidade de
escondermos algo do Senhor, que tudo conhece (Sl.139:1-3), como, aliás, o
próprio Davi tinha cantado durante a trazida da arca par Jerusalém, segundo
Reese (o organizador da Bíblia em ordem cronológica), que considera que Davi
compôs este salmo durante a vinda da arca para Jerusalém.
Se se discute se
existe crime perfeito, tenha-se a convicção de que não há pecado perfeito. O
crime pode não ser descoberto pelo Estado (pois o crime é uma ofensa contra o
Estado, contra a sociedade), que é imperfeito e não tem condições de sempre descobrir
quem praticou um crime, mas ninguém, absolutamente pessoa alguma conseguirá
encobrir qualquer pecado. Assim como aconteceu com Davi, que teve tudo revelado
e ainda com chance de se arrepender, assim ocorrerá no dia do juízo do trono
branco, quando se abrirão os livros e todos que não participarem da primeira
ressurreição serão julgados pelo que fizeram durante sua existência terrena
(Ap.20:4-6,11-15). Que possamos ter tudo revelado pelo Espírito Santo e
tenhamos condição de nos arrepender a tempo, para que sejamos participantes da
segunda ressurreição, antes que venha o juízo, que será sem misericórdia
(Tg.2:13).
Natã teve grande coragem. Sabia a mensagem
que deveria dar ao rei e, certamente, era grande o risco que o rei, enfurecido,
viesse matá-lo. Mas Natã não teve por preciosa a sua vida, mas tinha plena
consciência da sua responsabilidade como profeta do Senhor. Era imperioso que
transmitisse a mensagem vinda da parte de Deus, ainda que fosse a revelação de
um pecado oculto, ainda que fosse a revelação de erros lamentáveis da parte do
rei. Que tenhamos a mesma coragem que teve Natã, jamais deixando de falar a
verdade ao povo de Deus, custe o que custar, doa a quem doer.
Em seguida à mensagem de revelação do pecado encoberto,
Natã também pronunciou a sentença divina: “não se apartará a espada jamais da tua
casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que
te seja por mulher; suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti e tomarei tuas
mulheres perante os teus olhos e as darei a teu próximo, o qual se deitará com
tuas mulheres perante este sol, porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei
este negócio perante todo o Israel e perante o sol” (II Sm.12:10-12).
Vemos nesta sentença
divina, a famosa “lei da ceifa”, que Paulo tratará em Gl.6:7,8 e o profeta
Oseias em Os.8:7; 10:12,13, como também o proverbista em Pv.11:18,25; 12:14;
22:8, uma lei existente inclusive na natureza, chamada de Terceira Lei de
Newton, que nos diz que “Para cada ação há sempre uma reação, oposta e de mesma
e intensidade."
Davi havia usado a
espada dos filhos de Amom para destruir uma família e matar Urias. De igual
maneira, a espada não sairia de sua casa, destruindo-a e, inclusive, matando
seus familiares. Dali para a frente, vemos no relato bíblico como a espada
realmente não saiu da casa de Davi: Amnom, seu filho primogênito, foi morto por
ordem de seu meio-irmão Absalão, quando estava embriagado pelo vinho (I
Sm.13:28). Absalão, por sua vez, também foi morto por ordem de Joabe, o mesmo
Joabe que fez com que Urias fosse morto com a espada dos filhos de Amom (II
Sm.18:14,15). Por fim, Adonias acabou também morto por ordem de seu meio-irmão
Salomão (I Rs.2:23,24). Pela morte causada, três mortes, uma a menos que o
quádruplo sentenciado pelo rei ao homem rico.
OBS: “…O
agudo grito de angústia com o qual ele [Davi, observação nossa] recebeu a
notícia do falecimento de Absalão foi apenas um débil eco da agonia do coração
que experimentou aquela morte e muitas outras, como parte da colheita da
concupiscência e engano por ele mesmo semeado tantos anos antes…” (JONES, T.H.
Davi. In: DOUGLAS, J.D.(org.). O novo dicionário da Bíblia. Trad. de João
Bentes, v.1, p.393).
Teria havido
misericórdia da parte de Deus e teria Davi perdido um filho a menos que os
quatro que ele havia desejado ao rico da história contada pelo profeta? Não,
não houve misericórdia. Não devemos nos esquecer que o primeiro a morrer foi o
filho de Davi com Bate-Seba, que adoeceu logo após a revelação do pecado. Aqui
a espada foi a do próprio Senhor contra Davi, que confirma o quádruplo, visto
que Davi havia, certamente, “furtado” a ovelha única de Urias (II Sm.12:15,19).
Davi havia desonrado
o leito de Urias, trazendo Bate-Seba para deitar-se com ele no palácio e,
inclusive, tentando embebedar Urias para que ele fosse até sua casa e ali se
deitasse com sua mulher. Fez isto de modo oculto, pois apenas tomou Bate-Seba
por mulher, publicamente, após o luto dela pelo seu marido. Davi haveria de ser
desonrado publicamente por um próximo seu. Com efeito, Absalão, assim que
entrou em Jerusalém, após ter destronado seu pai, fez questão de desonrar o
leito paterno, abusando das dez concubinas que Davi havia deixado no palácio,
cumprindo-se assim a profecia de Natã. A desonra clandestina e oculta foi paga
com uma desonra pública e notória (II Sm.16:20-22).
Diante desta
revelação e da sentença divina, que fez Davi? Como rei, poderia ter mandado
matar ou encarcerar Natã, pois tinha poderes para tanto, como, aliás, fizeram
posteriormente alguns reis de Israel e de Judá, como Acabe (I Rs.22:25-28),
inclusive alguns que eram tementes a Deus, como, por exemplo, Asa (II
Cr.16:10). No entanto, Davi, ao receber a mensagem divina, caiu em si e se
arrependeu de seu pecado. Publicamente, na mesma hora, reconheceu seu erro,
dizendo: “Pequei contra o Senhor” (II Sm.12:13).
Davi mostrou, uma vez mais, que era um homem segundo o
coração de Deus. Havia pecado de maneira altamente reprovável, nem parecia ser
o homem que Deus havia escolhido para governar o Seu povo. Mas, confrontado com
o pecado, reconheceu seu erro e, inclusive, compôs o Salmo 51. Este tema é assunto
de nossa próxima lição, mas, desde já, podemos ver que, como homem, Davi pecou,
mas, como era segundo o coração de Deus, reconheceu o seu pecado e, por isso,
alcançou a misericórdia de Deus. Com Davi aprendemos que não há outro caminho
senão o de confessarmos os nossos pecados, pois Deus está pronto a nos perdoar.
Como disse Isaías: “Buscai a Deus enquanto se pode achar, invocai-O enquanto está
perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se
converta ao Senhor, que Se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque
grandioso é em perdoar” (Is.55:6,7).
No mesmo instante em que Davi confessou o seu pecado,
arrependido, o Senhor o perdoou. O profeta Natã foi claríssimo: “Também o
Senhor traspassou o teu pecado; não morrerás” (II Sm.12:13). Quem confessa o
pecado, não fica sem o perdão divino. O salário do pecado é a morte, mas o dom
gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm.6:23).
Quando nos arrependemos dos nossos pecados e cremos em Jesus Cristo, passamos
da morte para a vida, não entramos em condenação (Jo.5:24).
Davi foi imediatamente perdoado, assim como sua mulher
Bate-Seba.
Houve arrependimento e, com o arrependimento, sobrevém o perdão. Entretanto, o
perdão do pecado não significa que as consequências do pecado não ocorrerão.
Deus quis salvar o homem e podia fazê-lo pois é o Senhor de todas as coisas,
mas também estabeleceu a lei da ceifa, de sorte que as consequências do pecado
teremos de carregar até o final de nossa existência terrena. Deus não Se deixa
escarnecer, Deus não abre mão de Sua autoridade e majestade, de Seu senhorio e,
por isso, jamais deixa que as consequências do pecado sobrevenham aos
pecadores. Deus é amor e, por isso, alcançamos o perdão dos nossos pecados,
visto que o preço já foi pago por Jesus na cruz do Calvário (I Jo.2:1,2), mas
as consequências de nossos atos pecaminosos nos seguem, pois Deus é um Deus de
justiça.
Quais seriam estas
consequências? É o que veremos, amiúde, na próxima lição.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A Bíblia não se
limita a descrever as façanhas de seus heróis, mas revela igualmente seus
pecados, erros e fragilidades. Homens como Noé, Abraão e Jacó cometeram graves
faltas na caminhada espiritual (Gn 9.20,21; 20.1-6; 27.19), e a Bíblia não as
esconde. Davi, embora ungido do Senhor, deu lugar ao Diabo, e veio a
cometer dois gravíssimos pecados. Por isso, Jesus nos alerta a orar e a vigiar
constantemente (Mt 26.41). A presente lição procura mostrar que ser escolhido
de Deus, para algum propósito, não evita a possibilidade de uma eventual (e
evitável!) queda. Por essa razão, não podemos descuidar-nos de nossa vida
espiritual. É imprescindível estar cheio do Espírito Santo, para não sucumbir
aos desejos da carne, atentando seriamente para este conselho de Paulo: fugi da
prostituição (1 Co 6.18; Gl 5.16). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Dezembro, 2019]
Hoje veremos como escolhas erradas resultam em
consequências trágicas e como devemos reagir quando isso acontecer conosco,
dado o nosso pecado. Ao longo da lição farei algumas objeções ao comentarista,
como julguei equívocos e ou ideia não muito clara. “É muito comum vermos as
pessoas fazerem suas escolhas sem pensar nas consequências que elas trarão.
Para muitos, e talvez para nós mesmos, o que vale na hora da escolha é o prazer
imediato e a vantagem que se obterá. A preocupação com as consequências e
implicações é mínima ou, até mesmo, inexistente. Esse imediatismo,
infelizmente, tem afetado muitas pessoas e não são poucos os crentes que seguem
por esse caminho. O resultado são inúmeros conflitos e dramas familiares. A
história de Davi e de seu adultério com Bate-Seba, serve para demonstrar que na
vida não podemos fazer nossas escolhas de modo inconsequente. Todas as escolhas
que fizermos trarão consequências, que podem ser boas ou ruins. Elas nos
aproximarão ou nos afastarão de Deus” (ultimato) Bom estudo e
crescimento maduro na fé cristã!
I. SEGUNDO O
CORAÇÃO DE DEUS
1. O homem segundo o
coração de Deus. A expressão
um homem segundo o seu coração fala de alguém que procura agradar ao Senhor. A
Bíblia declara que Davi era esse homem (1 Sm 13.14). Davi era rei que agradava
a Deus, porque em tudo priorizava a Sua vontade. Davi sabia esperar; seu
coração sentia segundo os sentimentos do Senhor. Ele não se apressava, não agia
precipitadamente, não frustrava os planos divinos nem buscava sua
própria vontade; mas agia consciente e moderadamente (Fp 4.5). O líder segundo
o coração de Deus tem intimidade com o Pai. O Senhor quer nos dar pastores
segundo o seu coração (Jr 3.15). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º
Trimestre 2019. Lição 10, 8 Dezembro, 2019]
- “E, ‘'tendo tirado a este, levantou-lhes o rei
Davi, do qual também, dando testemunho, disse: ''Achei Davi, filho de Jessé,
homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade.” (At 13.22).
Lucas registra em Atos o testemunho de Paulo em Antioquia, onde em seu
discurso, nos mostra a resposta concreta da pergunta: ‘Por que Davi foi um
homem segundo o coração de Deus?’ Davi em toda a sua jornada, procurou
executar toda a vontade divina! Alguns poderiam questionar a aplicação dessa
verdade a Davi porque às vezes deu provas de ser pecador (1Sm 11.1-4; 12.9;
21.10—22.1). Nenhum homem segundo o coração de Deus é perfeito; no entanto,
reconhecerá o seu pecado e se arrependerá do mesmo, como Davi fez (Sl 32; 38;
51). Em vez de Saul Deus escolheu um homem com o coração segundo o Seu, ou
seja, alguém que tivesse vontade de obedecer a Deus.
- Nenhum homem é capaz de frustrar os planos
divinos! “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos Teus planos pode ser
frustrado” (Jó 42.2). Todos nós somos pecadores, inimigos de Deus,
destinados ao inferno até que Deus nos alcance por Sua infinita misericórdia,
mas mesmo tendo sido justificados por Cristo, ainda assim estamos sujeitos ao
pecado, de modo que, se caímos não frustramos a Deus.
2. Davi era o escolhido
de Deus, mas deu lugar ao Diabo. Davi
era o escolhido de Deus, mas, infelizmente, cometeu pecados graves; não foi um
exemplo de perfeição absoluta como líder espiritual nem como homem público. A
grande diferença entre Davi e Saul foi o arrependimento. O Salmo 51 revela a
confissão de Davi, sua súplica por perdão e seu rogo por renovação espiritual.
Ele não escondeu as suas transgressões; confessou-as e buscou o perdão.
Enquanto o nosso corpo não for plenamente redimido lutaremos contra a tentação
e o pecado. Mas chegará o dia que o que é “mortal se revestirá de imortalidade
e o que é corrupto, de incorruptibilidade” (1 Co 15.54). Enquanto isso,
trilhemos o caminho da santidade, da oração, da leitura da Bíblia e da fuga da
aparência do mal (1 Ts 5.22; 4.12). Deixo, porém, este alerta: é possível,
sim, termos uma vida irrepreensível tanto diante de Deus quanto diante dos
homens. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º
Trimestre 2019. Lição 10, 8 Dezembro, 2019]
O Salmo 51 registra as palavras de arrependimento
de Davi depois do confronto com Natã a respeito do seu pecado com Bate-Seba;
também o Salmo 32 registra Davi exprimindo sua agonia depois da confrontação de
Natã. Nesse confronto é notável a astúcia do profeta (2Sm 12.1-4) “dois
homens... um rico e outro pobre” - para entender essa parábola, basta
apenas reconhecer que o homem rico representava Davi, o homem pobre, Urias e a
ovelha era Bate-Seba. De acordo com Êx 22.1, a pena por roubar e matar um boi
ou uma ovelha não era a morte, mas a sua restituição. Entretanto; na parábola,
o roubo e o assassinato da ovelha representavam o adultério com Bate-Seba e o
assassinato de Urias por Davi. De acordo com a lei mosaica, tanto o adultério
(Lv 20.10) quanto o assassinato requeriam a pena de morte. Ao pronunciar esse
julgamento sobre o homem rico na história, Davi, inconscientemente condena-se à
morte! Em Êx 22.1 há a exigência de que para o roubo de cada ovelha fosse feita
uma restituição de cinco ovelhas. Existe aqui uma alusão às mortes subsequentes
de quatro dos filhos de Davi: o primogênito de Bate-Seba, Amnom, Absalão e
Adonias.
Em 2Sm 12.9 Natã faz a acusação: ‘'Por que,
pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o que
era mau perante ele?’. Desprezar a palavra do Senhor era como violar os
seus mandamentos, portanto passível de castigo (Nm 15.31). Ao resumir as
violações de Davi, a sua culpa foi divinamente afirmada. Veja que o homem
segundo o coração de Deus chegou ao nível de desprezar a palavra do Senhor! Mas
esta falha não frustrou os planos de Deus, pelo contrário, reafirmou-os: Davi
não procurou racionalizar nem justificar o seu pecado. Quando foi confrontado pelos
fatos - Pequei contra o SENHOR.
Esse ‘alerta’ do comentarista não é apenas um
‘alerta’, mas para o cristão é uma obrigação! Em Efésios 4.1 Paulo descreve
tanto o propósito quanto o resultado da escolha de Deus daqueles que são
salvos. Homens iníquos são declarados justos, pecadores indignos são declarados
dignos da salvação, tudo porque são escolhidos em Cristo. Paulo fala da justiça
imputada de Cristo concedida a nós, a justiça perfeita que coloca os cristãos
numa posição santa e irrepreensível diante de Deus (Cl 2.10), embora no viver
diário não consigamos atingir o seu padrão santo, em amor. Mas, por sabermos a
nossa nova posição em Cristo, temos a obrigação de vivermos neste mundo de
maneira sóbria, justa e piedosa.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Inicie o estudo desta semana falando
a respeito da natureza humana e sua inclinação para o pecado. As Escrituras
Sagradas não escondem o lado negativo do ser humano. Certo escritor cristão
dizia que, talvez, o pecado original seja a única parte da teologia que pode
ser provada empiricamente, isto é, a todo instante o ser humano executa uma
ação pecaminosa contra Deus e contra o outro. Por isso, neste primeiro tópico
explore um pouco essa reflexão, reforçando a ideia de que só a graça divina, no
poder e na força do Espírito Santo, pode-nos demover da prática do pecado.
Exorte a sua classe a resistir ao pecado.
II. O AMBIENTE QUE DAVI PECOU
1.
Criando um ambiente propício ao pecado. O texto inicia dizendo que Davi não partiu para
guerra, quando deveria ter ido (1 Sm 11.1). A indolência do rei era o primeiro
passo que lhe preparava para a queda, pois quanto mais tempo desocupado, mais
chance de ser tentado. Davi não pecou apenas por ter visto Bate-Seba, mas
porque seu olhar foi pecaminoso; ele não procedeu como Jó, que fez concerto com
os seus olhos para não pecar (Jó 31.1). No lugar de andar ocioso pelo palácio,
Davi deveria ter fugido da aparência do mal. Ser tentado não é pecado, mas
ceder à tentação é. Jesus foi tentado, mas não cedeu à tentação; repreendeu o
Diabo com as Escrituras (Mt 4.1; Hb 2.18). A tentação pode vir tanto de fora
(do mundo e do Diabo) quanto de dentro de nós (Tg 1.14). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 10, 8 Dezembro, 2019]
É
interessante estudarmos o contexto histórico do
oriente próximo daquela época. Havia um costume dos reis batalharem somente em
determinada época do ano. Veja que a narrativa de 2Sm 11 inicia dizendo: “no
tempo em que os reis costumam sair para a guerra”. No Oriente Próximo, os
reis normalmente saíam para a guerra na primavera, por causa do bom tempo e da
abundância de alimentos disponíveis ao longo do caminho. No entanto, segue o
escritor de 2º Samuel, Davi despachou Joabe, capitão de seu exército, com seus
soldados mercenários e o exército de Israel para continuar a guerra contra Amom
iniciada no ano anterior (2Sm 10.14). No ano anterior, Abisai havia derrotado o
exército amonita em campo aberto; em seguida, os amonitas remanescentes haviam
fugido para trás dos muros da cidade de Rabá em busca de proteção (10.14).
Joabe retornou no ano seguinte para sitiar a cidade, porém Davi ficou em
Jerusalém. Talvez tenha julgado desnecessário sua presença nesta missão ta
pequena, no entanto, permanecer em casa numa situação como essa não era o costume
de Davi (2Sm 5.2; 8.1-14; 10.17); Interessante notar que esse comentário
explícito do autor é uma crítica a Davi por ter ficado para trás, bem como um
modo de criar o cenário para sua devastadora iniquidade.
A posição mais elevada do telhado do palácio permitiu
que Davi enxergasse o que acontecia no pátio da casa vizinha. Mais tarde, esse
mesmo telhado se tornaria palco de outras imoralidades pecaminosas (2Sm 16.22).
Também é interessante notar que tanto Davi como
Bate-Seba eram culpados pelo adultério. Podemos ver também, na ótica atual, um
caso de abuso e assédio. Sobre este assunto e como tratá-lo hoje em nosso meio
– mulheres que sofrem assédio e abuso no meio da igreja – leia aqui este
excelente artigo baseado na experiência de Bate-Seba: (reforma21)
2. Os
meios que contribuem para a prática do pecado. Em geral, quando uma pessoa
começa a desejar o pecado, ela aprofunda esse desejo, fecha-se para as coisas
de Deus, levando o Espírito Santo a retirar-se dela. Assim foi com Davi.
Ele indaga sobre a mulher que se banhava e, por meio de seus poderes reais,
ordenou que a buscassem (2 Sm 11.4). Ele mandou buscá-la, mesmo sabendo que se
tratava de uma senhora casada. Nada mais podia detê-lo no caminho do pecado,
mesmo a informação de que Bate-Seba era mulher de um dos seus oficiais mais
fiéis. Nessas condições, Davi já estava longe de Deus. Todas as ações descritas
no texto mostram que ele abriu a porta do coração para o pecado e não desviou
os olhos da vaidade (Sl 119.37). Frente ao mau exemplo de Davi, e de acordo com
as Escrituras, o cristão deve fugir do pecado e resguardar-se em Cristo, pois
somente nEle é que se consegue vencer os ataques do Maligno. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre
2019. Lição 10, 8 Dezembro, 2019]
O Espírito Santo pode em algum tempo abandonar o
Cristão? Há um equívoco aqui que precisa ser esclarecido, isso porque se
entendermos que o Espírito Santo abandona o crente, Deus retirou Seu selo dele,
e não há nas Escrituras nenhum texto que corrobore com essa afirmativa do
comentarista. O Espírito Santo nunca abandona um crente, pelo menos, é o que
temos em muitas passagens diferentes no Novo Testamento: “E, se alguém não tem
o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9). Aqui claramente afirma
que se alguém não tem o Espírito Santo habitando dentro de si, não é salvo;
portanto, se o Espírito Santo fosse deixar um crente, este teria perdido seu
relacionamento com Cristo e perdido sua salvação. A não ser que, este seja o
caso! Veja ainda outros textos: Jo 14.16; Ef 1.13-14 (O retrato de ser selado
com o Espírito Santo é um de posse e propriedade – Pertencemos ao Senhor!); 2Co
1.22; Ef 4.30.
“O Rei de Israel está onde não devia! E eu não me
refiro ao passeio no telhado de sua casa mas à sua presença na cidade. A
sentença adversativa no fim do primeiro verso claramente expressa que Davi, ao
contrário do que se esperava de todos os outros reis, estava ocioso,
aproveitando o clima pacífico de Jerusalém, enquanto seu valentes generais e
corajosos soldados estavam derramando seu sangue e arriscando suas vidas pelo
reino. Enquanto Davi relaxava e chochilava tranquilamente em suas dependências
reais, seus exércitos dormiam em tendas improvisadas no campo de batalha sem
qualquer tipo de conforto (2 Sm 11.9). Ao cair da tarde, Davi retirou-se de
seus aposentos e foi para o terraço de sua casa, talvez para aproveitar a brisa
fria das regiões desérticas da Palestina. Essa construção era provavelmente a
mais alta da cidade, proporcionando ao Rei uma visão clara e privilegiada do
seu reino. É desse local que Davi avista uma formosa mulher. Ele não sabe quem
ela é. Um de seus servos a identifica como: “a filha de Eliã e a mulher de Urias”
(2 Sm 11.3). Mas para Davi pouco importa se ela é filha de alguém, pouco
importa se ela é a esposa de alguém. Tamanho é seu desejo por ela que ele
ignora completamente tanto a lei moral, que claramente proíbe adultério, quanto
a lei civil de Israel, que condena à morte por apedrejamento os adúlteros,
mesmo que seja o próprio rei. Davi envia-lhe mensageiros e a toma para si (2 Sm
11.4a)” (reforma21)
SUBSÍDIO HISTÓRICO-TEOLÓGICO
“Quando o inverno e sua estação
chuvosa passaram, Davi enviou Joabe e o exército israelita para renovar a
guerra contra Amom e estabelecer o cerco à capital, Rabá – porém Davi ficou em
Jerusalém
(1) Como teria sido muito melhor se
ele tivesse ido com as tropas para o campo de batalha! A ociosidade abre a
porta para todos os tipos de tentações. Durante este período, Davi se levantou
depois que o calor do dia havia passado, e enquanto caminhava pelo terraço de
sua casa, viu uma mulher que se banhava no pátio de sua casa na cidade baixa. A
tarde
(2) começava às 3 horas, de acordo
com a nossa maneira de medir o tempo, e continuava até depois do escurecer. A
consulta do rei tornou o nome da mulher conhecido: Bate-Seba, filha de Eliã e
mulher de Urias, o heteu
(3). O rei assim tinha o conhecimento
completo de que a mulher era casada. Seu esposo era um homem da guarda de elite
do rei (23.39). O fato de ser heteu não o impediria de se tornar um seguidor do
Deus de Israel, embora este povo estivesse incluído entre os cananeus que
deveriam ser expulsos pelos israelitas” (Comentário Bíblico Beacon: 2 Josué a
Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.244,45)
III. O ADULTÉRIO E O HOMICÍDIO DE
DAVI
1.
Pecado gera pecado. No Salmo 42.7, é dito que um abismo chama outro abismo. A prática
pecado gera mais pecado. Ao tomar ciência de que Bate-Seba estava grávida, Davi
engendra um plano. Para esconder a gravidez adulterina de Bate-Seba, Davi força
Urias a deitar-se com a esposa, a fim de se lhe atribuir o filho ali gerado.
Ele fez isso por duas vezes, porém, sem sucesso (2 Sm 11.8,10). Em outra
tentativa ele se dispõe a embriagá-lo, mas, mesmo assim, Urias não foi para
casa (2 Sm 11.13). O oficial se revela um soldado fiel, honrado, leal,
contrastando com as atitudes do próprio rei Davi. Por fim, Davi revela sua face
mais cruel: escreve uma carta, e ordena que Urias a entregue a Joabe; na carta,
o rei ordena ao general que coloque o valente soldado num front temerário, imprudente
e belicamente infrutífero. Uma das faces do pecado é a dissimulação; leva-nos a
situações inimagináveis. Atentemos, pois, para o que o apóstolo disse: “o
salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Dezembro, 2019]
O autor de 2 Samuel é criterioso nos detalhes, veja
que ele salienta o fato da mulher ter acabado o período da sua imundície. Nos
últimos dias ela havia menstruado e conforme Levíticos 15.19-30, isso exigia
uma purificação cerimonial; ao invés disto, foi seguida por uma relação
adúltera. O fato de ela ter acabado de menstruar deixa claro que Bate-Seba não
estava grávida de Urias quando foi se deitar com Davi.
As únicas palavras de Bate-Seba com respeito a esse
incidente reconhecem a condição que resultou do seu pecado, que se tomou
evidente pela sua gravidez e que, segundo a Lei (Lv 20.10; Dt 22.22), seria
passível da pena de morte. Sagazmente, Davi manda chamar Urias como um
subterfúgio para fazê-lo ir para casa, a fim de que dormisse com sua mulher, de
modo a parecer que ele a havia engravidado, assim evitando a vergonha pública
de Davi e a possível morte de Bate-Seba. Note o linguajar lascivo de Davi ao
orientar Bate-Seba no texto de 2Sm 11.8: “lava os pés”; Como isso era algo
feito antes de ir para a cama, essa expressão significa ir para casa e ir para
a cama. Para um soldado vindo do campo de batalha, significava claramente:
"aproveite a sua mulher sexualmente". Se isso desse certo, o
encontro de Davi com Bate-Seba seria encoberto pela união dela com Urias.
Contrariando os planos do rei, Urias foi um exemplo de lealdade para seus
soldados, que ainda estavam no campo, Urias não se aproveitou da oferta menos
que honrosa do rei (2Sm 11.11). Depois que suas duas tentativas de encobrir o
seu pecado com Bate-Seba falharam, Davi entrou em pânico e planejou o
assassinato de Urias, aproveitando-se da lealdade inabalável deste para com
ele, o rei, até mesmo fazendo com que Urias entregasse a própria sentença de
morte. Desse modo, Davi se envolveu em outro crime passível da pena de morte
(Lv 24.17). Essa é uma vivida prova dos extremos a que as pessoas chegam quando
em busca do pecado e na ausência da graça limitadora. Seu nefasto plano desta
vez logrou êxito. Joabe enviou um mensageiro com uma mensagem velada para
informar a Davi que seu desejo havia sido executado. Joabe devia saber qual era
o motivo por trás da insensata missão militar.
2. O
homicídio de Davi. O pecado de Davi vai tomando grandes proporções. O rei entrega Urias
nas mãos de Joabe que, por seu turno, coloca-o à frente de uma peleja suicida.
Esse ato não matou apenas Urias, mas também outros soldados (2 Sm 11.17). Ao
ser informado da morte de seu fiel oficial, Davi se manifestou de modo brando,
impassível e calculista, afirmando que tais coisas ocorrem na guerra − a espada
ora devora de um lado, ora do outro (2 Sm 11.25). Davi plantou uma grande
injustiça e colherá uma grande amargura. Ele sentirá o peso da espada, enviada
da parte de Deus, sobre sua casa. O pecado destrói, transtorna e desfigura
espiritualmente uma pessoa. O homem segundo o coração de Deus agora fazia a
vontade do Diabo. [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Dezembro, 2019]
Davi, de maneira hipócrita, demonstrou indiferença
por aqueles que morreram, e consolou Joabe, autorizando-o a continuar a peleja
contra Rabá. Isso traria conseqüências malignas; O trágico castigo de Davi
seria prolongado. Como Urias fora morto violentamente, a casa de Davi seria
afligida continuamente pela violência. Natã em sua sentença contra Davi, diz: “não
se apartará a espada jamais da tua casa”(2Sm 12.10). Essas palavras
prenunciaram as mortes violentas de Amnom, Absalão e Adonias. Davi havia feito
mal à família de outro homem. portanto, ele receberia o mal em sua própria
família, como a violação de Tamar por Amnom, o assassinato de Amnom por Absalão
e a revolta de Absalão contra Davi.
3.
Davi e seu comandante. Experiente em guerra, Joabe sabia que o pedido de Davi era uma trama
maldosa. Ali, a máscara de Davi cai diante de Joabe. Este não o verá mais como
um rei santo, mas como alguém de caráter duvidoso, que acabara de fazer um
pedido sujo. Joabe era um assassino, pois havia tirado a vida de Abner (2 Sm
3.26,27). Davi acabara de se igualar ao seu comandante. O rei de Israel não era
mais o rei-modelo, espiritual e excelente. Joabe, não somente poderia blasfemar
de Davi, como não mais poderia ser repreendido pelo rei a respeito de Abner (2
Sm 3.28,29). A história de Davi e seu comandante, Joabe, nos mostra que os
servos do Senhor devem proceder fielmente em tudo para que o nome de Cristo não
seja blasfemado. [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 10, 8 Dezembro, 2019]
Joabe foi um dos três filhos de Zeruia, a irmã de
Davi. Seus dois irmãos foram Abisai e Asael, este último foi morto por Abner
(2Sm 2.13-32), a quem Joabe depois matou traiçoeiramente (2Sm 3.22-27). Esta
morte não teve o apoio de Davi e Joabe foi repreendido por matar
traiçoeiramente. Note que, provavelmente sabendo o intento perverso de Davi ao
colocar Urias onde a batalha era mais renhida, seu caráter foi profundamente
manchado pela participação que ele voluntariamente teve no assassinato de
Urias. O próprio Davi, já próximo da morte, orientou Salomão a executar Joabe,
o que aconteceu sob a espada de Benaia (2Sm 3.29; 20.5-13).
4. A
tentativa de Davi para evitar as suspeitas do seu pecado. Em seu atoleiro pecaminoso,
depois de sete dias de luto, imediatamente Davi tomou Bate-Seba como esposa.
Ele pensava afastar quaisquer suspeitas de um relacionamento extraconjugal. É
importante dizer que Bate-Seba teve grande participação no pecado de
Davi. Ela não se resguardou; mostrou-se pecaminosamente. Era uma mulher ambiciosa,
cheia de planos. Isso pode ser comprovado pelo texto de 1 Reis 1.11-31. Tudo
poderia ter passado despercebido perante o povo e logo esquecido, mas o autor
sagrado o contraria dizendo: “Porém essa coisa que Davi fez pareceu mal aos
olhos do SENHOR” (2 Sm 11.27). Deus é onisciente, Ele sabe de tudo. Os que
pecam às ocultas, pensando que Ele não vê, enganam-se; as Escrituras declaram
que “todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de
tratar” (Hb 4.13; cf. Sl 33.13,14; 90.8; 139.11,12). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 10, 8 Dezembro, 2019]
O período habitual de luto era, provavelmente, de
sete dias (Gn 50.10; 1Sm 31.13). De modo bastante significativo, o texto não
cita luto da parte de Davi.
Farei aqui uma defesa de Bate-Seba, creio não ser
pertinente o comentário da lição no que se refere ao caráter dessa mulher. O
que está registrado em 1 Reis 1.11-31, aponta apenas para um caráter preocupado
em que se cumpra o juramento do rei anti a possível tomada do trono por
Adonias. Bate-Seba foi até Davi para relatar o que estava acontecendo, e a quem
depois ele seguiria. A rainha-mãe tinha uma posição de influência na corte
real. Se Adonias tivesse se tornado rei, as vidas de Bate-Seba e de Salomão
teriam sido postas cm risco, porque, muitas vezes, no Oriente Próximo aqueles
que tinham potencial para reivindicar o trono, bem como suas famílias, eram
mortos (1Rs 15.29; 16.11; 2Rs 10.11). Davi havia feito uma promessa em
particular (não foi registrada na Escritura), talvez tanto a Natã como a
Bate-Seba. Davi fez outro juramento de cumprir o primeiro juramento que havia
feito de tornar Salomão o rei.
Teria Bate-Seba premeditado ser vista por Davi? “Uma
rápida pesquisa sobre banhos durante esse período na região da Palestina nos
revela que enquanto é possível que ela estive no quintal de sua casa, protegida
por quatro paredes, dando-lhe a necessária sensação de privacidade. É também
possível que ela estivesse tomando banho em uma das fontes públicas de
Jerusalém, o que implica que ela estaria usando algum tipo de roupa de banho. O
fato é que o escritor, inspirado pelo Santo Espírito, não nos revela essas
informações. As possibilidades são diversas e precisamos nos ater aquilo que
está escrito. O texto simplesmente nos informa que Davi à viu enquanto ele
estava em seu próprio telhado. Especulações de qualquer natureza nos fazem
fugir do foco do texto e terminam levando à interpretações que não foram
pretendidas pelo autor original. O texto também não nos revela nada sobre o
caráter ou personalidade de Bate-Seba ao ponto de podermos afirmar que sua
exposição foi proposital. Na verdade, é muito provável que Bate-Seba contasse
com a ausência de Davi de suas dependências reais. Não é essa a expectativa do
próprio autor? Não é o próprio narrador quem esperava que Davi estivesse no
campo de batalha juntamente com os outros reis? Como cidadã de Israel, e sendo
seu marido um dos valentes soldados da nação, Bate-Seba possivelmente também
esperava que o comandante-supremo das forças armadas de Israel estivesse
lutando juntamente com seus exércitos. E o que exatamente viu Davi? Será que
ele viu Bate-Seba totalmente despida? Ou será que ele viu apenas o rosto da
bela Israelita enquanto ela banhava-se por trás de algum tipo de cortina?
Simplesmente não sabemos. O texto diz, literalmente, que Bate-Seba “era boa de
se ver”. Apenas uma expressão idiomática corretamente traduzida do Hebraico
pela ARA como “era ela mui formosa”. Uma última opinião contra Bate-Seba vem
daqueles que acham que ela estava em posição de dizer “não” para Davi. “Ela
deveria ter resistido,” dizem eles. “Afinal de contas, ela era casada!”. O
curioso é que esses não fazem a mesma exigência de Sara, em Gênesis 20, que em
uma situação muito semelhante permite que Abimeleque, rei de Gerar, mande
buscá-la para seu harém pensando ser ela irmã de Abraão (Gn
20.2). Aqueles que atribuem alguma parcela de culpa a Bate-Seba por
não ter dito “não” a Davi devem ser consistentes e também considerar Sara
culpada por não ter resistido a Abilimeque e por não ter-lhe dito toda a
verdade. Por outro lado, a despeito da inconsistência, a pergunta permanece.
Será que Bate-Seba não poderia ter resisido? Será que ela não poderia ter dito
não? Precisamos considerar essas perguntas do ponto de vista de Bate-Seba. O
rei de Israel, a autoridade máxima do reino, manda buscá-la. Será que ela
deveria dizer “não”? Não bastasse Davi ser rei, era ele temente ao Senhor,
representante de Javé no meio do seu povo, homem segundo o coração de Deus. Por
que ela haveria de temer ir ao palácio real? Talvez Davi tivesse notícias de
seu marido. Talvez Urias tive sido terrivelmente ferido, ou até morto em
batalha, e agora o rei queria avisá-la pessoalmente. E ao chegar no palácio,
após descobrir as intenções de Davi, será que ela não poderia ter dito
“não”? Certamente que sim. Mas uma outra pergunta também pode ser
feita nesse mesmo contexto. Será que ela de fato não disse “não”? Será que ela
não lembrou a Davi seu estado civil e a lei de Israel? Talvez sim e, por
consequência, a acusação de que Bate-Seba foi conivente cai por terra.
Entretanto, nada disso nos foi revelado. O que nos lembra mais uma vez que
precisamos nos ater ao texto. Quando nos prendemos a narrativa, é fácil
perceber que seu foco é Davi e suas ações enquanto governante. Bate-Seba é
retratada como agente ativo somente em quatro momentos: na sua ida ao palácio e
ao voltar para sua casa (v.4), ao enviar a notícia de sua gravidez (v.5), e ao
lamentar a morte do seu marido (v.26). É Davi que a vê, é ele quem pergunta a
seu respeito, é ele quem a chama para si, é ele quem deita-se com ela. Perceba
que Bate-Seba é quem sofre todas as ações de Davi. Gramaticalmente, Bate-Seba é
somente um objeto. E a verdade gramatical não está longe de ser diferente da factual.
Davi não tem a menor pretensão de ter um relacionamento duradouro com Bate-Seba
e seu comportamento é marcado por abuso de poder e manipulação. É ele quem
envia os mensageiros reais à casa de Bate-Seba. Por sua autoridade, ele retira
Urias do campo de batalha (v.7) e o incita a ter relações com ela (v.8) para
que o filho bastardo que crescia no seu ventre se tornasse o filho legítimo e
prematuro do soldado. A narrativa deixa claro que para Davi, Bate-Seba não
passou de uma mera diversão. Ele havia friamente utilizado de sua posição, de
sua autoridade real, para conseguir o que queria. Bate-Seba foi uma
triste vítima de abuso de poder, que depois de ter sido assediada sexualmente,
foi descartada como um objeto qualquer, como aquele brinquedo com o qual uma
criança já cansou de se entreter.” (reforma21)
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Davi igual a Saul? (11.4). Em ordenar a Joabe para expor Urias ao perigo,
o rei estava usando um meio que Saul usara em um esforço para se desfazer do
próprio Davi (cf. 1 Sm 18.24,25). Qual então é a diferença entre Saul e Davi?
Cada um sucumbiu à tentação e pecou terrivelmente. A diferença é que, quando
descoberto, Saul pediu desculpas e rogou a Samuel para não o expor diante do
seu povo. Ele estava mais interessado na opinião pública do que em seu
relacionamento com Deus (cf.15.15-24). Em contraste, Davi estava tão
interessado em seu relacionamento com o Senhor que tomou a iniciativa e fez uma
confissão pública, que podemos ler em Salmo 51. Todos os seres humanos são
falhos, e qualquer um de nós pode cair. A maneira como resistimos à tentação e
a maneira como lidamos com os nossos pecados são ambos indicadores de
santidade” (RICHARDS, Lawrence O.
Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por
capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.210).
CONCLUSÃO
O registro do pecado de
Davi revela a perfeita justiça de Deus e de sua Palavra. As Escrituras mostram
que a prática do pecado é sempre desastrosa. Portanto, evitemos a ociosidade,
desenvolvamos os dons úteis à obra de Deus. Confessemos o nosso pecado, pois
quem o oculta, torna-o mais grave ainda. Se este for o seu caso, procure o seu
pastor; peça-lhe a ajuda. Quem confessa a sua transgressão e a deixa, alcançará
a misericórdia. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º
Trimestre 2019. Lição 10, 8 Dezembro, 2019]
A história do adultério de Davi nos ensina como é
necessário cuidarmos de nossa vida espiritual, mantendo constante vigilância,
para não fazermos escolhas erradas. Não podemos subestimar o perigo ou confiar
demais em nossa condição enquanto crentes espirituais (o espírito está pronto,
mas a carne é fraca – Mt 26.41). O pecado não deve ser encoberto, e sim,
confessado. A confissão contínua de pecados é uma indicação da salvação
genuína. O cristão genuíno deve admitir, confessar e abandonar seu pecado (Sl 32.3-5;
Pv 28.13). O termo "confessar" significa dizer o mesmo que Deus diz
acerca do pecado e reconhecer a perspectiva divina sobre o pecado. A confissão
de pecados é uma característica dos cristãos genuínos, e Deus sempre limpa
aqueles que confessam (1Jo 1.7).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário