SUBSÍDIO I
PARA COMPREENDER MELHOR A
QUALIFICAÇÃO, O SERVIÇO E A IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA DO MINISTÉRIO SACERDOTAL DE
NOSSO SENHOR
“No capítulo 4.14-16, o autor
introduziu o assunto da doutrina do sacerdócio. Aqui ele tecerá mais detalhes
da ordem sacerdotal levítica para contrastar posteriormente com o sacerdócio de
Cristo, que é de uma outra ordem e superior ao levítico. A ideia do autor ao
detalhar as qualificações exigidas do sacerdócio arônico tem o propósito de
mostrar em primeiro lugar que Jesus havia preenchido esses qualitativos. É bom
ter sempre em mente que o autor já havia mostrado Jesus como sendo o Filho de
Deus, fato esse que o identifica com a raça humana e o qualificaria para
ministrar como sumo sacerdote.
“Porque todo o sumo sacerdote, tomado
dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a
Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados” (v.1). A
primeira condição para alguém exercer o sacerdócio, revela o autor de Hebreus,
é que ele tenha sido tomado
de entre os homens. Somente um homem, que possui a mesma
natureza de um outro homem, poderia oficiar como sacerdote. Nos primeiros
capítulos de sua carta, o autor havia exposto uma farta argumentação em favor
da humanidade de Jesus. Esses fatos agora se tornam de grande relevância quando
ele o apresenta como um sumo sacerdote constituído em favor dos homens. O
sacerdote tinha como dever apresenta dons e sacrifícios. Alguns comentaristas,
como Robert Gundry, entendem que a expressão “dons e sacrifícios” são usadas
como sinônimas.i Por outro lado, muitos outros eruditos, como
Donald Guthrie, entendem que os sentidos desses termos devem ser mantidos
distintos. Guthrie observa, por exemplo, que neste caso os dons (dôra) são uma referência
as ofertas de cereais e ossacrifícios (thysias) às ofertas de
sangue.ii Isso parece ser confirmado pelo uso do verbo
grego prosphero(oferecer),que
ocorre dezenove vezes nessa carta, e mantem esse sentido de apresentar ofertas
e sacrifícios diante de Deus. O sacerdote, portanto, deveria ser alguém que se
identificasse com seus semelhantes.
“E possa compadecer-se ternamente dos
ignorantes e errados; pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza”
(v.2). O termo grego metriopathein,
traduzida como “compadecer” tem o sentido de alguém que consegue moderar suas
paixões e sentimentos. A.B. Bruce (1831-1899) destaca que esse vocábulo
“significa sentir-se com outro, mas sem abster-se de sentir contra ele; ser
capaz de ter antipatia. Foi usado por Philo para descrever o sofrimento sóbrio
de Abraão sobre a perda de Sara e a paciência de Jacó sob aflição. Aqui parece
ser empregado para denotar um estado de sentimento em relação ao ignorante e
errado, com equilíbrio entre a severidade e indulgência excessiva”.O sacerdote
lidava com todos os tipos de desvios, erros e pecados cometidos pelo povo.
Nessa teia de relacionamentos ele via a fragilidade humana, o fracasso e o
desespero. Como um homem colocado por Deus para representar os homens, o
sacerdote sentia na sua própria alma o peso da miséria humana. Por outro lado,
ele tinha diante de si a palavra de Deus, que o instruiu a dar ao pecado o
tratamento adequado, mesmo que o remédio fosse amargo. Era nesse momento que
ele precisava agir com metripatheia,
isto é, com compaixão!
“E por esta causa deve ele, tanto pelo
povo, como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados” (v.3).O
sacerdote da antiga aliança vivia um dilema. Ele necessitava fazer expiação não
apenas pelos erros dos outros, mas também pelos seus. O sumo sacerdote deveria
oferecer sacrifício primeiramente por si e depois pelo povo. “Depois Arão
oferecerá o novilho da expiação, que será para ele; e fará expiação por si e
pela sua casa” (Lv 16.6). Samuel Perez Millos destaca que na cerimônia da
expiação dos sacerdotes e do povo se observa dois aspectos. Primeiramente o
sacerdote, por uma questão do direito divino natural que lhe competia, deveria
se purificar de toda imundice pessoal já que isso tornava a oferta imunda e o
impossibilitava de ministrar diante de Deus. Por outro lado, o direito positivo
lhe prescrevia essa obrigação (L 4.3; 9,7; Hb 7.27; 9.7). Essa limitação,
observa Millos, não é vista em Jesus Cristo, o eterno sumo sacerdote, que não
teve necessidade de se purificar, visto ser imaculado e santo.iv
“E ninguém toma para si esta honra,
senão o que é chamado por Deus, como Arão” (v.4).O autor usa a
palavra grega timê,
traduzida aqui como honra,
para destacar a natureza do sacerdócio.v O sacerdote era alguém
chamado por Deus e não pelos homens. Nos dias do Novo Testamento o sistema
sacerdotal havia se corrompido e se tornado um cargo político, não mais
observando-se as prescrições divinas para o exercício desse oficio (Ex 28.1; Lv
8.1; Nm 16.5; Sl 105.26). Todavia, como observa C.S. Keener, o texto sugere que
o autor esteja se referindo ao sistema sacerdotal veterotestamentário, onde as
exigências da lei acerca do sacerdócio eram cumpridas, para contrastar com o
sacerdócio de Jesus Cristo.vi
“Assim também Cristo não se glorificou
a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu
Filho, Hoje te gerei” (v.5). O autor mostra que Jesus cumpriu
de uma forma completa todas as prescrições exigidas para o exercício do
sacerdócio. Ele não se autoglorificou, constituindo-se a si mesmo como
sacerdote. O léxico grego de Walter Bauer expressa bem o sentido do texto: “Ele não se elevou à glória do sumo
sacerdócio”.viiNo versículo quatro, o autor fala da
honra que teve Arão ao ser escolhido como sumo sacerdote, todavia quando ele
fala do sacerdócio de Jesus, mostra que o sacerdócio era algo inseparável de
sua natureza. Deus dar testemunho de Jesus dizendo: “Tu és meu filho”. viii Essa
atribuição lhe foi dada por Deus. Embora o autor não entre em detalhes sobre o
momento no qual Jesus teria sido constituído sacerdote, os comentaristas
destacam que a cristologia de Hebreus revela que Jesus é o filho de Deus desde
a eternidade (Hb 1.1,2; 5.8), e que foi vocacionado pelo Pai para ser sumo
sacerdote. Nesse aspecto, a vocação aconteceu antes da encarnação, contudo
entrando em vigor na paixão e morte, obtendo sua confirmação na ressurreição e
ascensão.ix
“Como também diz, noutro lugar: Tu és
sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” (v.6).É no
capítulo 7 que a relação entre o sacerdócio de Jesus e Melquisedeque será
explorada com maior profundidade pelo o autor.x Aqui o
comentarista bíblico Orton Wiley mostra o que a analogia do sacerdócio de
Melquisedeque revela em relação ao de Cristo.
1. Melquisedeque era sacerdote
por seu próprio direito, e não em virtude de sua relação com os outros;
2. Era sacerdote para sempre, sem substitutos, sem sucessor;
3. Ele não foi ungido com óleo, mas com o Espírito Santo, como sacerdote do Altíssimo;
4. Não ofereceu sacrifícios de animais, mas pão e vinho, símbolos da Ceia que depois Cristo instituiu; E (talvez o principal pensamento na mente do escritor da Epístola) Ele uniu as funções sacerdotais e reais, coisa estritamente proibida em Israel, mas a ser manifesta em Cristo, Sacerdote no seu trono (Zc 6.13).”
2. Era sacerdote para sempre, sem substitutos, sem sucessor;
3. Ele não foi ungido com óleo, mas com o Espírito Santo, como sacerdote do Altíssimo;
4. Não ofereceu sacrifícios de animais, mas pão e vinho, símbolos da Ceia que depois Cristo instituiu; E (talvez o principal pensamento na mente do escritor da Epístola) Ele uniu as funções sacerdotais e reais, coisa estritamente proibida em Israel, mas a ser manifesta em Cristo, Sacerdote no seu trono (Zc 6.13).”
Trecho extraído da obra “Ânimo,
Esperança e Fé em Tempos de Apostasia: Um estudo na carta aos Hebreus versículo por versículo”
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O sacerdócio levítico fazia parte do sistema religioso de Israel no Antigo Testamento. E esse apontava para Cristo, Aquele que viria a ser o Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Na aula de hoje estudaremos esse sacerdócio, comparando o da Nova com o da Antiga Aliança, ressaltando que o sacerdócio de Cristo é superior, justamente por ser de outra ordem.
I. A ESCOLHA
DOS SACERDOTES
A origem do sacerdócio em Israel remete aos tempos
de Melquisedeque, rei de Salém (Hb. 7.1), posteriormente, a Arão que era da
tribo de Levi (Ex. 29.30). Na Antiga Aliança, a função sacerdotal era restrita
aos levitas. A escolha dos sacerdotes acontecia de maneira solene, considerando
as instruções dados pelo Senhor a Moisés. Esses deveriam ser escolhidos entre
os descendentes de Levi, que fizessem parte dessa tribo, os quais ficariam
encarregados dos ofícios religiosos (Nm. 1.49,50). Eles eram consagrados ao
Senhor, por isso deveriam se dedicar ao ofício, a fim de servirem a Deus e ao
povo (Nm. 1.50; 3.12).
II. O
SACERDÓCIO LEVÍTICO
Em Ex. 28, temos uma noção da atuação do sacerdócio na religião de Israel, começando pela própria vestimenta. Essa tinha características especiais, pois a glória era manifestada no próprio ornamento (Ex. 28.2). A túnica sacerdotal se chamava éfode, que era uma espécie de avental sem mangas, que cobria a frente e as costas, sendo unida por tiras em cada ombro, sendo atada pelo cinto (Ex. 28.6-8). Havia engastes de ouro com pedras de ônix, na parte frontal também se encontravam o Urim e o Tumim, que provavelmente eram pedras que serviam para lançar sortes, diante da tomada de decisões importantes (Nm. 26.55,56). Essas pedras somente eram usadas em ocasiões muito especiais (I Sm. 28.6), a fim de confirmar a revelação divina.
III. O SACERDÓCIO
DE CRISTO
O sacerdócio de Cristo é de outra ordem, superior ao sacerdócio levítico. O autor da Epístola aos Hebreus ressalta que o sacerdócio levítico era imperfeito, enquanto que o de Cristo é perfeito, pois era da ordem de Melquisedeque (Hb. 7.11,12). Isso porque Jesus trouxe uma salvação perfeita, sendo Ele mesmo a oferta e ofertante (Hb. 7.25), dispensando o sacrifício de animais (Hb. 7.26). Ao se tornar Mediador de uma Nova Aliança, Jesus cumpriu todos os requisitos da Lei, expiando-nos definitivamente da culpa, por meio da justificação (Rm. 5.1)
CONCLUSÃO
O sacrifício de Jesus no calvário é a inauguração
de um novo tempo, de modo que passamos a desfrutar de uma condição espiritual
diferente, não mais dependente de rituais religiosos. O sacerdócio levítico
ficou obsoleto, temos um Sacerdote perante o pai, que se identifica com nossas
fraquezas, que sabe muito bem o que é padecer (Hb. 4.15).
José Roberto A. Barbosa
Disponível no Blog
subsidioebd.blogspot.com
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Há uma relação especial entre o sacerdócio levítico e o sacerdócio cristão. Enquanto o levítico foi estabelecido em Arão, o do Novo Testamento foi estabelecido em Cristo, segundo a ordem de Melquisedeque. Nesta lição, veremos como se deu a escolha dos sacerdotes do Antigo Testamento. Veremos também a importância de suas vestimentas como sinal de autoridade para o serviço divino. E, finalmente, mostraremos por que o sacerdócio de Cristo é superior. Ele é o Sumo Sacerdote perfeito!
Em síntese, o sacerdote deveria ministrar no
santuário perante Deus e ensinar ao povo a guardar a Lei de Deus. E
eventualmente, ele também tomava conhecimento da vontade divina em situações
muito difíceis por meio da consulta ao Urim e Tumim (Êx 29.10; Nm 16.40; 27.21;
Ed 2.63). No Novo Testamento, o Sumo Sacerdote é Cristo, que através do Seu
sacrifício acabou com a necessidade de novas ofertas e sacrifícios (Hb
7.1-8.13); e todos os cristãos são sacerdotes (Ap 1.6; 5.10). Aliás, a Bíblia
diz que originalmente Deus desejava tornar a nação de Israel, como um todo, em
um reino sacerdotal (Êx 19.6). Há características do ministério sacerdotal que
são, de forma geral, princípios válidos para todo ministro do Senhor até hoje.
As características gerais do ministério sacerdotal são: chamado divino (Hb
5.4); purificação (Êx 29.4); unção e santificação (Lv 8.12); submissão (Lv
8.24-27) e vestes santas para glória e ornamento (Êx 28.2; 29.6,9). Tais
características resultam do caráter regenerado pela mensagem do Evangelho.
I. A ESCOLHA
DOS SACERDOTES (ÊX 28.1)
Deus escolheu a linhagem
sacerdotal levítica, e não Moisés. Essa escolha indicava a soberania do Senhor
para designar obreiros para sua Obra. No ministério cristão, por meio do
Espírito Santo, Deus é quem elege líderes para o ministério (At 13.2).
Servir na liderança da igreja é um ato de culto a
Deus e consiste no oferecimento de sacrifícios espirituais a Deus, incluindo
oração, supervisão do rebanho, pregação e ensino da Palavra.
1. Os sacerdotes
precisavam pertencer à tribo de Levi. O Altíssimo ordenou que Moisés contasse os filhos
de Israel, excetuando a tribo de Levi, a fim de que os levitas se encarregassem
dos ofícios do Tabernáculo (Nm 1.49,50; 3.6). Assim, o sacerdócio de Levi
obteve uma posição proeminente entre as demais tribos de Israel (Nm 1.52,53).
A tribo de Levi, incluindo Moisés e Arão não foi
incluída no censo registrado em Números 1.52,53, porque estava isenta do
serviço militar. Os levitas deviam servir ao Senhor por meio do transporte e do
cuidado do tabernáculo (Nm 3.5-13; 4.1-33,46-49). Note que ‘o estranho’ (essa
palavra muitas vezes se refere ao "estrangeiro") indica o israelita
não pertencente à tribo de Levi era como um "estrangeiro" no que
dizia respeito ao transporte do tabernáculo e devia manter a distância
apropriada para não morrer. O propósito de colocar os levitas à parte e
dispô-los em volta do tabernáculo objetivava evitar que a ira do Senhor
consumisse Israel (Êx 32.10,25-29). “A nomeação dos sacerdotes: “Arão e seus
filhos”, v. 1. Até aqui, cada chefe de família era o sacerdote para a sua
própria família, e oferecia, conforme julgasse haver ocasião, sobre altares de
terra. Mas agora que as famílias de Israel começavam a incorporar-se em uma
nação, e um tabernáculo da congregação seria erigido, como centro visível da
sua unidade, era essencial que houvesse a instituição de um sacerdócio público.
Moisés, que até aqui tinha oficiado, e por isto é reconhecido entre os
sacerdotes do Senhor (SI 99.6) já tinha trabalho suficiente para realizar, como
seu profeta, para consultar o oráculo por eles, e como seu príncipe, para
julgar entre eles. E ele não desejava monopolizar todas as glórias para si
mesmo, nem transmitir esta glória do sacerdócio, que por si só era hereditária,
para a sua própria família, mas ficou muito satisfeito por ver o seu irmão Arão
investido nesta função, e seus filhos depois dele, enquanto (por maior que ele
pudesse ser) os seus próprios filhos seriam apenas levitas comuns. É um exemplo
da humildade deste grande homem, e uma evidência da sua sincera consideração
pela glória de Deus, o fato de que tivesse tão pouca consideração pela primazia
da sua própria família. Arão, que tinha humildemente servido como profeta para
seu irmão mais jovem, Moisés, e não recusou este trabalho (cap. 7.1) agora é
promovido para ser um sacerdote, um sumo sacerdote para Deus. Pois Ele exalta
aqueles que se humilham. E ninguém toma para si essa honra, senão o que é
chamado por Deus, Hebreus 5.4. Deus tinha dito, sobre Israel, de modo geral,
que eles seriam, para Ele, um reino de sacerdotes, cap. 19.6. Mas por ser
essencial que aqueles que ministravam no altar devessem dedicar-se
integralmente ao serviço, e porque aquilo que é o trabalho de todos em breve
passa a ser o trabalho de ninguém, Deus aqui escolheu entre eles uma família
para ser uma família de sacerdotes, o pai e seus quatro filhos. E dos lombos de
Arão descenderam todos os sacerdotes da igreja judaica, sobre os quais lemos
tão frequentemente, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. É uma grande
bênção quando a verdadeira santidade prossegue em uma família de geração em
geração, como a santidade cerimonial.” (HENRY. Matthew.
Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora
CPAD. pag. 329).
2. Características
especiais dos levitas. Aqui,
destacaremos duas características especiais dos levitas: (1) O chamamento
específico para o serviço do Tabernáculo;
“Levi, pelo que inferimos do texto sagrado, sempre
teve uma postura zelosa e conservadora em relação à honra da família, haja
vista o episódio envolvendo o estupro de sua irmã, Diná (Gn 34.25-31). Mais
tarde, após a saída de Israel do Egito, os levitas juntaram-se a Moisés no
combate à idolatria gerada pelo bezerro de ouro (Êx 32.26-28). Eram homens da
maior firmeza (2 Cr 26.17)” (LB CPAD, 3º Trim 2018, Lição 3,
15 Jul 18)
Deus escolheu Arão e seus filhos para ministrar no
sacerdócio por um ato de sua graça soberana, pois eles certamente não tinham
direito a essa posição nem a mereciam. Contudo, o fato de Deus salvar pecadores
como nós e de constituir-nos seu "sacerdócio santo" também é um ato
da sua graça, e não devemos jamais deixar de admirar esse privilégio
espiritual. "Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu
vos escolhi a vós outros" (Jo 15:16). Infelizmente, Nadabe e Abiú
desobedeceram ao Senhor e foram mortos (Lv 10). Quando Arão morreu, Eleazar
tornou-se seu sucessor (Nm 20:22-29), e os descendentes de Itamar deram continuidade
ao ministério sacerdotal, mesmo depois do cativeiro (Ed 8:1,2). Como povo de
Deus nos dias de hoje, devemos nos lembrar de que nosso primeiro dever é
agradar e servir ao Senhor. Se fizermos isso, ele trabalhará em nós e por nosso
intermédio para realizar sua obra neste mundo. Quando Jesus restaurou Pedro à
condição de discípulo, não perguntou: "Você ama seu ministério?"; nem
mesmo: "Você ama as pessoas?". A pergunta que repetiu foi:
"Amas-me?" (Jo 21: 17). Assim como o maior dever de um pai é amar a
mãe de seus filhos, também a obrigação (e o privilégio) mais importante do
servo é amar ao Senhor. Todo o ministério flui desse relacionamento. Uma parte
dessa incumbência de agradar a Deus era usar as vestes sacerdotais. O sumo
sacerdote, os sacerdotes e os levitas não podiam se vestir como bem entendessem
quando ministravam no tabernáculo. (1) davam ao sacerdote dignidade e glória
(Êx 28:2) e distinguiam-nos do resto do povo, como um uniforme identifica um
soldado ou uma enfermeira; (2) revelavam verdades espirituais relacionadas a
seu ministério e a nosso ministério hoje em dia; e (3) se os sacerdotes não
usassem suas vestes especiais, correriam risco de vida (vv. 35, 43)” (WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol.
I. Editora Central Gospel. pag. 315-316).
(2) A unidade, pois
todos falavam a mesma língua, defendiam o mesmo comportamento e mantinham a
mesma fé. Ambas as características apontam para a importância da unidade da
Igreja. A igreja local é o Corpo de Cristo, portanto, o chamamento e a unidade
são a sua marca (Jo 17.20,21).
Em João 17.21, em Sua oração sacerdotal, Jesus roga
ao Pai para que ‘todos sejam um’; A base dessa unidade centra-se na adesão à
revelação que o Pai deu aos primeiros discípulos por meio do Filho. Os crentes
também devem estar unidos em fé comum na verdade que é recebida na palavra de
Deus (Fp 2.2). Isso não é mais um desejo, mas tornou-se realidade quando o
Espírito veio (At 2.4; 1Co 12.13). Não é uma unidade experimental, mas a
unidade de vida eterna comum partilhada por todos que creem na verdade, e resulta
no corpo de Cristo, todos partilhando da vida dele.
“Jesus, nosso precursor, entrou por nós no Santo
dos Santos, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.
Jesus entrou no “Santo dos Santos”, não como um substituto para nosso acesso,
mas como um precursor, porque também entraremos nele. O autor se concentra
novamente no papel de Jesus como sumo sacerdote, não da ordem de Arão, mas
segundo a ordem de Melquisedeque” (Richard S. Taylor. Comentário
Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 61)
3. A consagração
sacerdotal tinha um só propósito. Os sacerdotes foram consagrados para servir no
Tabernáculo. Separados pelo e para o Senhor, não podiam executar outra
atividade que fugisse a esse propósito (Nm 1.50; 3.12). Logo, o método de Deus
para os obreiros do Novo Testamento não é diferente: os obreiros do Senhor não
se embaraçam “com negócio desta vida” (2 Tm 2.4). Ratificando esse princípio,
nosso Senhor declarou que o vocacionado para “arar a terra” não pode olhar para
trás (Lc 9.62). É preciso olhar para frente e fazer a obra divina com
perseverança e fé (Hb 10.38).
No êxodo, o SENHOR reivindicou para si os
primogênitos do sexo masculino de Israel (Êx 13.1-2). O primogênito atuava como
sacerdote da família. Porém, quando o pleno ministério da economia mosaica foi
estabelecido, Deus transferiu os deveres sacerdotais para os levitas,
parcialmente talvez por causa do zelo que haviam demonstrado quando do
incidente do bezerro de ouro (Êx 32.29). Os levitas substituíram os
primogênitos. O chamado de Deus para o ministério vocacional é diferente do
chamado à salvação e do chamado que atinge todos os crentes: o serviço.
Trata-se de uma convocação de homens selecionados para servir como líderes da
igreja. O sacerdócio em Israel e a chamada divina são tratados a partir do
capítulo 28 de Êxodo. A razão para esta chamada divina era a necessidade do
povo aprender a adorar a Deus. Era necessário que homens chamados por Deus
cuidassem da prática do culto ao Senhor no Tabernáculo e também através da
congregação de Israel. A tribo de Levi foi separada para o serviço no
Tabernáculo e para o santo ministério sacerdotal. Costuma-se esquecer que antes
da entrega da lei por Deus a Israel, havia sacerdotes, uma vez que a Bíblia
menciona o rei de Salém, Melquisedeque, como “sacerdote do Senhor” (Gn 14.18;
Hb 7.1-3). Antes da lei, qualquer homem podia desempenhar esse papel desde que
possuísse a capacidade para tanto. Já no período patriarcal, o sacerdócio era
desempenhado pelo cabeça de cada família, conforme lê-se em Gn 8.20; 22. 13;
26.25; 33.20. Com a entrega da Lei, o sacerdócio foi organizado e separou-se os
descendentes de Arão. Todavia, isso não sucedeu de modo absoluto, pelo que, se
é geralmente correto dizer que todos os sacerdotes pertenciam à tribo de Levi
(através de Arão), isso não ocorria no caso de todos eles. Pode-se dizer que,
se um levita pudesse ser achado, ele era a preferência natural; mas houve exceções
a essa regra. Assim, Samuel exercia poderes sacerdotais, mas ele mesmo não era
da tribo de Levi. Talvez seja correto dizer que Salomão foi um rei – sumo
sacerdote; e, no entanto, era da tribo de Judá. Os profetas também
desempenhavam certa função sacerdotal, posto que não formal, no tabernáculo ou
no templo. Em face de sua ocupação, os sacerdotes também eram juízes. O filho
de Mica, que era efraimita, atuou como sacerdote (Jz 17.5). Outro tanto fizeram
alguns dos filhos de Davi (2Sm 8.18), Gideão (Jz 6.26) e Manoá, este da tribo
de Dã (Jz 13.19). Hoje, é comum alguns se arvorarem levitas por exercerem
alguma atividade ligada ao “louvor” dentro da liturgia, dado as informações
acima, sem uma exegese mais profunda, essa ideia cai por terra.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Após
fazer a exposição deste tópico, sugerimos as seguintes perguntas: “O que é
chamado?”; “O que é vocação?”; “Você é vocacionado para alguma obra?”
É
possível que muitos alunos ainda não tenham pensado a respeito da vocação de
Deus para suas vidas. Use este tópico para estimulá-los a pensar seriamente
sobre isso. Descobrir a nossa vocação, muitas vezes, significa descobrir o
sentido da vida. Deus deseja revelar sua vontade à vida de seus alunos.
II. VESTIMENTA
SACERDOTAL PARA O SERVIÇO
1. Simbologia da vestimenta sacerdotal. O capítulo 28 de Êxodo descreve a vestimenta sacerdotal para o serviço no Tabernáculo. A vestimenta tinha características especiais e cerimoniais, pois servia de “glória e ornamento” do ministério (Êx 28.2). A vestimenta era um símbolo da autoridade sacerdotal. Além de despertar a atenção do povo, marcava o caráter divino do serviço.
As vestes tencionavam exaltar o ofício e a função do
sacerdócio, evidenciando vividamente Arão como pessoa singular a desempenhar
uma função especial de mediação — eram vestes "sagradas". No sistema
sacerdotal do Antigo Testamento, essas vestes ajudavam a Israel manter a
distinção entre o sacerdote e o leigo.
“Duas coisas chamam a atenção de início no texto
bíblico que fala das vestes dos sacerdotes. Em primeiro lugar, quem
confeccionou essas vestimentas não foram quaisquer alfaiates em Israel. O texto
bíblico afirma que foram homens “sábios de coração”, a quem Deus havia “enchido
do Espírito de Sabedoria” (Ex 28.3). Como frisa o Comentário Bíblico Beacon,
“Deus, que criou a beleza, dá ao homem a apreciação divina pela beleza e a
aptidão divina para criá-la. Certas produções que o mundo chama arte não passam
de imoralidade, mas a verdadeira arte é de Deus”. Em segundo lugar, o propósito
da indumentária sacerdotal era “santificar”, isto é, distinguir, destacar,
honrar os sumos sacerdotes, dar-lhes ornamentação, beleza e glória diante do
povo; enfim, enfatizar o significado e a importância do seu ofício perante
todos. Suas vestes foram pensadas para refletir a dignidade do seu ofício. Os
materiais para fazer as vestes sacerdotais eram os mesmos das cortinas e do véu
do Tabernáculo (Ex 26.1,31,32; 28.5,6). Ou seja, o sacerdote não poderia
ministrar “com roupas simples e sem brilho” em um Tabernáculo que era
“graciosamente colorido”. DEUS, “o Autor de tudo o que é bom e bonito, deseja
que seu povo seja formoso e que haja beleza nos procedimentos de
adoração”. (APAZDOSENHOR).
2. A
túnica chamada “éfode” (Êx 28.4). Era uma espécie de avental sem manga que cobria
a frente e as costas, unido por tiras em cada ombro e por um cinto (Êx 28.6-8).
As tiras tinham engastes de ouro com pedras de ônix, em cada uma tinha a
gravação dos nomes dos filhos de israel. Dos engastes de ouro dessas pedras pendia
o peitoral. O éfode descia um pouco abaixo da cintura, por cima da túnica de
linho até os pés do sacerdote. Por levar sobre os ombros os nomes dos filhos de
Israel, o Sumo Sacerdote constituía-se no mediador do povo diante de Deus.
O éfode era a parte exterior, a última peça das
vestes sacerdotais, era uma peça comum de todos os sacerdotes (1Sm 22.18). Até
Samuel, sendo ainda jovem foi “vestido com um éfode de linho” (1Sm 2.18).
Todavia, para o Sumo Sacerdote, era reservado o éfode com matérias preciosas. O
éfode das vestes sagradas, como o peitoral, era composto de todo o tipo de
material reservado para as vestes sacerdotais (Ex 28.6). O éfode representava a
divindade de Cristo (ouro), a origem de Cristo, dos céus (azul), a Sua realeza
(púrpura), a Sua humilhação na morte (carmesim) e a Sua justiça e pureza (linho
fino torcido de cor branca).
“O éfode com um cinturão diferenciado (Êx
28.6-14). Ele consistia em um colete com as partes da frente e de trás unidas
por tiras sobre cada ombro e por um cinturão à altura da cintura. Esse cinturão
era colorido e habilmente tecido (“De obra esmerada”, Êx 28.6) conforme a
criatividade que Deus dera aos sábios que confeccionariam as vestes (Êx 28.3).
Nas tiras sobre os ombros, havia duas pedras sardônicas, uma de cada lado,
trazendo o nome das doze tribos de Israel — seis nomes em uma pedra e os outros
seis nomes na outra (Êx 28.9,10). O texto bíblico diz que a ordem dos nomes era
“segundo as suas gerações” (Êx 28.10), o que significa dizer que a disposição
dos nomes nas pedras obedecia à ordem de nascimento dos doze filhos de Israel
que davam nome às tribos. Esses nomes deveriam ser engastados — isto é,
encravados — em ouro nas pedras e esses filigranas de ouro deveriam ser
colocados, mais precisamente, ao redor das pedras, em seu entorno (Êx 28.11).
Finalmente, havia ainda os engastes de ouro (fechos ou prendedores) e as
correntes de ouro, que provavelmente serviam para firmar o peitoral ao éfode
(Êx 28.13,14,22-26). O fato de o sumo sacerdote levar o nome das doze tribos
nos ombros tinha um significado claro: o sumo sacerdote, como intercessor entre
o povo e Deus, levava em seus ombros o povo. Essa grande responsabilidade, que
era a essência do seu ofício, ele não deveria nunca esquecer (Êx 28.12). O
propósito divino era que, cada vez que o sumo sacerdote vestisse o éfode, se
lembrasse disso.” (APAZDOSENHOR).
Toda vez que Arão entrava no santuário levava sobre
os seus ombros a estola com as pedras gravadas, que representavam as 12 tribos.
28.15-30 peitoral do juízo. As 12 ptidras preciosas, cada uma contendo a
gravação do nome de uma das tribos, exibiam de maneira colorida e ornarmmtal o
papel representativo e intercessor de Arão das tribos diante do Senhor. O
peitoral era firmemente preso à estola para que não se desprendesse da mesma
(v. 28; 39.21). Assim, falar da estola depois de feito isso, significava falar
de todo o conjunto.
3. O
“Urim e Tumim”. Provavelmente eram uma forma de lançar sortes. No Antigo Testamento, o
povo de Deus pedia a orientação divina para tomar cada decisão importante (Nm
26.55,56). Para isso, recorria ao Urim e Tumim. No hebraico, a expressão
significa “luzes e perfeições”. Eram pedras colocadas provavelmente sobre o
peitoral do Sumo Sacerdote, representando a vontade de Deus; numa pedra, a
resposta positiva, e na outra, a resposta negativa (Ed 2.63; Ne 7.65). O Sumo
Sacerdote só tomava as pedras do Urim e Tumim em casos muito especiais (1 Sm
28.6). No Novo Testamento, é relatada uma prática semelhante ao Urim e o Tumim,
na escolha do sucessor de Judas Iscariotes (At 1.26).
“O Urim e o Tumim. Há um artigo detalhado sobre
essas pedras (ou o que quer que elas tenham sido) no Dicionário. Há muitas
opiniões quanto à natureza desses objetos e quanto à sua utilidade. Talvez a
Oxford Annotated Bible (in Ioc.) esteja com a razão ao dizer apenas que eram
sortes por meio das quais o sumo sacerdote (ao lançá-las) tomava decisões
oraculares. Portanto, serviriam de meios de oráculo, mediante os quais o sumo sacerdote
obtinha decisões ou informações, conforme vemos em Núm. 27.21; Deu. 33.8 e I
Sam. 28.6. Tipos. Visto que temos à nossa frente um modo de iluminação
espiritual, o Urim e o Tumim simbolizavam a luz que nos é conferida pelo
Espírito de Deus, o Grande revelador” (CHAMPLIN, Russell Norman,
Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
432)
“O Urim e o Tumim, por cujo
intermédio à vontade de Deus era conhecida em casos duvidosos, foram colocados
neste peitoral, que é, por isto, chamado de peitoral do juízo, v. 30. Urim e
Tumim significam luz e perfeição. O governo era uma teocracia; Deus era o seu
Rei, o sumo sacerdote era, depois de Deus, o seu governante, e o Urim e o Tumim
eram o seu ministério ou gabinete. Provavelmente Moisés escreveu sobre o
peitoral, ou teceu ali, as palavras Urim e Tumim, para indicar que o sumo
sacerdote, ao vestir este peitoral, e ao pedir conselho a Deus em qualquer
emergência relacionada ao público, fosse instruído a tomar tais medidas e a dar
o conselho que Deus reconhecesse. Finéias, Juízes 20.27,28. Abiatar quando
buscou ao Senhor, por Davi (1 Sm 23.6ss.). Josué o consultou (Nm 27.21). Eles
foram perdidos no cativeiro, e nunca foram recuperados, embora, aparentemente,
fossem esperados, Esdras 2.63. Deus, nestes últimos dias, nos dá a conhecer, a
si mesmo, e à sua vontade, Hebreus 1.2; João 1.18. A união do peitoral ao éfode
indica que o trabalho profético de Cristo se baseava no seu sacerdócio. E pelo
mérito da sua morte Ele resgatou esta honra para si mesmo, e este favor, para
nós. O Cordeiro que tinha sido morto é que era digno de tomar o livro e abrir
os selos, Apocalipse 5.9” (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 318)
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“A estola. A vestimenta usada pelo sumo sacerdote era ornamentada. Pedras colocadas em fivelas nos dois ombros, nas quais os nomes das tribos estavam gravados, pareciam sua mais importante característica. Ao usá-la, o sumo sacerdote aceitava o papel de representante de todo o povo. O que ele fazia, fazia por eles e por Deus. Sacerdotes comuns vestiam simples estolas longas até as coxas, feitas de linho fino branco quando ministravam (Êx 39.27; 1 Sm 2.18; 2 Sm 6.14).
O peitoral. O peitoral era um colete finamente modelado. Era preso à
estola com correntes de ouro e decorado com quatro fileiras de joias, cada um
representando uma tribo de Israel. Há um significado especial em vestir o nome
das tribos de Israel sobre o coração do sumo sacerdote. Como representante de
outros diante Deus, ele deveria preocupar-se profundamente com eles, até mesmo
como o próprio Senhor. A adoração pode ser cerimonial. Mas pode tornar-se um
mero ritual” (LAWRENCE, Richards O. Guia
do Leitor da Bíblia: Uma Análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por
capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.70).
III. O SACERDÓCIO
DE CRISTO (HB 7.23-28)
A origem do ofício sacerdotal remonta a Melquisedeque, rei de Salém (Hb 7.1), e, posteriormente a Arão, da família de Levi (Êx 29.30). No Antigo Testamento, a função sacerdotal restringia-se a tribo levita. Já no Novo Testamento, o Senhor Jesus, no Calvário, ergue-se como o Sumo Sacerdote da ordem de Melquisedeque, superior à ordem de Arão.
“O
sacerdócio era dividido em três grupos: (1) o sumo sacerdote, (2) os sacerdotes
e (3) os levitas. Todos os três descendiam de Levi. Todos os sacerdotes eram
levitas, mas nem todos os levitas eram sacerdotes. A ordem dos levitas cuidavam
do serviço do santuário. Eles tomaram o lugar dos primogênitos que pertenciam a
DEUS por direito (Êx 13.2,12,13; 22.29; 34.19,20; Lv 27.26; Nm 3.12,13,41,45;
8.14-17; 18.15; Dt 15.19). Os filhos de Arão, separados para o ofício especial
de sacerdote, estavam acima dos levitas. Apenas eles podiam ministrar nos
sacrifícios do altar. O nível mais elevado do sacerdócio era o sumo sacerdote.
Ele representava fisicamente o cume da pureza do sacerdócio. Carregava os nomes
de todas as tribos de Israel em seu peitoral para o interior do santuário, representando
todo o povo perante DEUS (Êx 28.29). Somente o Sumo Sacerdote (no caso Arão)
podia entrar o santo dos santos e apenas um dia no ano, para fazer expiação
pelos pecados de si próprio e de toda a nação. As cerimônias ligadas com a
consagração dos sacerdotes estão descritas em Êxodo 29 e Levítico 8. Elas
incluíam um banho de consagração, unção, vestimenta e sacrifícios. A lavagem
simbolizava a limpeza do coração para as obrigações ligadas à pureza da nação
perante DEUS. A unção (Lv 8.10,11) envolvia o derramar óleo na cabeça do sumo
sacerdote e respingá-lo nas vestimentas dos outros sacerdotes (w. 22-24). As
vestimentas dos sacerdotes e especialmente a do sumo sacerdote eram caras e
bonitas (Êx 28.3-5; Lv 8.7-9). Os sacrifícios de consagração incluíam a oferta
pelo pecado (8.14-17), oferta queimada (vv. 18-21) uma oferta de consagração
especial (w. 22-32). O sangue do carneiro era aplicado na orelha, no dedo
polegar e no dedo do pé direitos de Arão e de seus filhos, para simbolizar
consagração física completa ao Senhor” (MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora
Cultura Cristã. Vol. 5. pag. 302).
1. Um novo e perfeito
sacerdócio. O
autor da Epístola aos Hebreus escreveu: “Porque, mudando-se o sacerdócio,
necessariamente se faz também mudança da lei” (Hb 7.12). O sacerdócio levítico
era imperfeito (Hb 7.11). Nele, os sacrifícios, o culto, as ofertas e a
liturgia dos serviços eram apenas sombra do verdadeiro sacerdócio a ser
oficiado por Cristo. O sacerdócio do Filho de Deus veio “segundo a ordem de
Melquisedeque”, e não segundo a ordem de Arão. Jesus Cristo foi capaz de
reconciliar o homem com Deus, por meio de seu sangue, abrindo o caminho para
uma comunhão verdadeira com o Pai. O Evangelho da Nova Aliança havia chegado!
- Uma vez que Cristo é o Sumo Sacerdote do cristão
e veio da tribo de Judá, não de Levi (Mt 2.1,6; Ap 5.5), seu sacerdócio está
claramente acima da lei que era a autoridade para o sacerdócio levítico (Hb
7.11). Essa é a prova de que a lei mosaica foi abolida. O sistema levítico foi
substituído por um novo Sacerdote, que ofereceu um novo sacrifício, sob uma
nova aliança. Ele aboliu a lei ao cumpri-la (Mt 5.17) e oferecer a perfeição
que a lei nunca poderia alcançar (Mt 5.20).
“O
Sacerdócio no Novo Testamento:
1. O sacerdócio do Antigo Testamento tinha
Cristo como seu antítipo. Ele incorpora em si mesmo todos os tipos e funções do
sacerdócio veterotestamentário. Essa é mesmo a mensagem central da epístola aos
Hebreus, parecendo muito radical quando exposta pela primeira vez. Ler a
epístola aos Hebreus, principalmente trechos como 2:14-18; 4:14-16; 5: 1-10 e
seu sétimo capítulo.
2. Jesus Cristo também foi o cumprimento
cabal do sacerdócio de Melquisedeque (ver Heb. 7).
3. Os deveres sacerdotais de Cristo
cumpriram-se após o sacerdócio aarônicos ter cumprido seu papel, sendo um
cumprimento desse sacerdócio; o seu oficio como sacerdote seguinte a ordem ou
categoria de Melquisedeque.
4. Todos os Crentes São Sacerdotes. As
passagens neotestamentários centrais que ensinam essa doutrina são I Ped.
2:5,9; Efé, 1:5ss. Os sacerdotes do Novo Testamento (todos os crentes) têm
acesso ao trono celeste por meio de seu Sumo Sacerdote, Jesus Cristo (Heb.
10:19-22). O sacerdócio dos crentes é vinculado à filiação deles, o que, por
sua vez, é uma maneira de definir a salvação da alma. Visto haver acesso
pessoal a Deus, por meio de Cristo, não há necessidade da intermediação de
nenhuma casta sacerdotal.
Princípios do Sacerdócio
Bíblico:
1. Deus Pai ordena sacerdotes; esse é um
privilégio e um ato divino. Ver Heb. 5:4-6.
2. Os sacerdotes eram nomeados mediadores
entre Deus e os homens, sobretudo no tocante ao pecado, à expiação e à
reconciliação dos homens, com Deus. Ver Heb. 5: 1.
3. A expiação pelo sangue de animais
sacrificados ocupava o centro das funções sacerdotais. Ver Heb. 8:3.
4. O trabalho intercessor dos sacerdotes do
Novo Testamento (os crentes) repousa sobre a natureza eficaz da expiação de
Cristo. E é aí que os crentes alcançam a Deus. Ver Heb. 8: Iss.
5. O novo pacto, com base no sacerdócio
superior de Cristo. envolve melhores promessas que aquelas do antigo pacto
(Heb. 8:6). De fato, o novo pacto anulou totalmente o antigo (a totalidade da
epístola aos Hebreus)” (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 19.)
2. Jesus trouxe salvação
perfeita. Diferentemente
dos sacerdotes araônicos, que se sucediam no ministério, porquanto mortais e
pecadores, Jesus, sendo eterno e santo, salvou-nos eficazmente através de um
único sacrifício; Ele é a oferta e o ofertante (Hb 7.25). Além disso, Jesus
Cristo intercede por nós: “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo,
inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os
céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia
sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo;
porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo” (Hb 7.26).
Em sua relação com Deus, Cristo é "santo"
(devoção sem qualquer contaminação; Mt 3.17; 17.5; Mc 1.24; Lc 4.24; At 2.27;
13.35). Em sua relação com o ser humano, ele é “inculpável" (sem maldade
ou malícia; Jo 8.46). Em relação consigo mesmo, ele é "sem mácula"
(livre de contaminação; 1Pd 1.19) e "separado dos pecadores" (não
tinha uma natureza pecaminosa que pudesse ser a fonte de algum ato de pecador).
“O
sacerdócio de Arão apontava para Cristo, o único mediador entre Deus e os
homens e que intercede diante do Pai por nós (Jo 14.6; 1 Tm 2.5). No Novo
Testamento, não há mais linhagens de sumo sacerdotes, porque o nosso único e
definitivo Sumo Sacerdote é Cristo, que através do seu sacrifício acabou com a
necessidade de novas ofertas e sacrifícios (Hb 7.1-8.13). E mais: todos os
cristãos hoje são sacerdotes diante de Deus (1 Pe 2.5,9; Ap 1.5,6; 5.9,10) —
esta é uma das doutrinas bíblicas que os primeiros protestantes ressaltaram na
época da Reforma e que se chama Sacerdócio Universal dos Santos. Ela nos ensina
que, em Cristo, todos pertencentes ao povo de Deus podem se apresentar
diretamente a Deus para oferecer-lhe sua adoração (Hb 10.19-23; 13.15). Aliás,
a Bíblia diz que originalmente Deus desejava tornar a nação de Israel, como um
todo, em um reino sacerdotal (Êx 19.5,6), entretanto, devido ao comportamento
da nação, Ele escolheu a família de Arão como linhagem sacerdotal (Êx 28.1;
40.12-15; Nm 6.40).
O sacerdócio universal
dos santos envolvendo todo o povo de Israel terá o seu cumprimento no milênio,
conforme Isaías 61.6: “Vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão
ministros de nosso Deus”.
Não se pode comparar,
sob vários aspectos, a função do sacerdote Levítico com a do ministro do
evangelho dos dias de hoje, porém há, sem dúvida alguma, certas características
do ministério sacerdotal que são, de forma geral, princípios válidos para todo
ministro do Senhor em nossos dias.
As características
gerais do ministério sacerdotal são: chamado divino (Hb 5.4); purificação (Êx
29.4); unção e santificação (Lv 8.12); submissão (Lv 8.24-27) e vestes santas
para glória e ornamento (Êx 28.2; 29.6,9). Ademais, o sacerdote só poderia
tomar mulher de sua própria nação, e ela deveria ser ou virgem ou viúva de
outro sacerdote (Lv 21). Outra característica importante: o sacerdote não podia
ministrar como ele queria, pois estava sujeito às leis divinas especiais para
ministrar (Lv 10.8).
Não há dúvida de que o
ministro do Senhor nos dias de hoje também deve observar o chamado divino para
sua vida, a santificação e a unção de Deus para exercer o seu ministério, o
princípio da submissão no seu dia a dia e a necessidade de exercer o seu
ministério conforme a vontade de Deus (1 Tm 3.1-7; 6.11,12; Tt 1.7-9; 1 Pe
5.1-4).
O sacerdote mantinha
estreita comunhão com Deus e muitas vezes Deus se comunicava com ele
diretamente, além disso, Deus lhe revelava como resolver várias questões
surgidas entre o povo. Nós, sacerdotes de hoje, temos os nove dons do Espírito
Santo para nos servir de capacitação para nosso ministério” (COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé.
Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 128-132)
3. Jesus, o mediador de
uma melhor aliança. Na
Antiga Aliança tudo era perfeito: mandamentos, estatutos e juízos. Mas o homem,
enfermo pelo pecado, não tinha forças para obedecer às ordenanças divinas como
o Senhor requeria de cada um. Mas Jesus, sendo o perfeito cumprimento da Lei e
dos Profetas, veio para morrer em nosso lugar, resgatando-nos do pecado. Ele é
o sacrifício perfeito; expiou-nos as culpas, justificando-nos perante Deus (Rm
5.1). Através de sua graça, vivemos no Espírito e cumprimos a Lei do Espírito.
Amém!
“1Tm 2.5
Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, (a saber) o
Messias Jesus, homem. Provavelmente temos diante de nós a citação de uma oração
prefigurada usada na ceia do Senhor. Talvez se vise enfatizar aqui, em
contraposição aos muitos deuses locais, que o Deus único faz anunciar para uma só
humanidade uma só salvação por meio de um só Mediador. Porque Deus e ser humano
foram unidos em Jesus Cristo, este se tornou o Mediador entre Deus e ser
humano. Como verdadeiro ser humano, como ser humano real, como segundo Adão ele
se tornou representante da humanidade adâmica perante Deus. No entanto, a sequência
de palavras “Cristo Jesus” deixa claro que ele veio da parte de Deus para
expiar os pecados de todo o mundo. Ele é o Messias, que como ser humano se
chamava Jesus” (Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I
Timóteo.. Editora Evangélica Esperança).
“Porque há
um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (5).
Nunca conseguiremos exaurir a riqueza de significação que percorre estas
palavras. A ênfase em um só Deus é parte da herança que o cristianismo recebeu
do judaísmo, ênfase que nosso Senhor reafirma muitas vezes. A posição de Cristo
como um só mediador entre Deus e os homens não é declarada desta forma em
nenhuma outra passagem dos escritos paulinos. O texto de Gálatas 3.19,20 dá
indícios desta ideia, embora ali não esteja desenvolvido como ofício de Cristo.
E lógico que a Epístola aos Hebreus trata frequentemente deste conceito.
Identificamos ideia paralela em 1 João 2.1, que associa Cristo como nosso
“Advogado para com o Pai”. Aqui, na passagem sob estudo, este ministério
exclusivo de nosso Senhor é enunciado sem rodeios e de forma clara. Jó 9.33:
“Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos”. O segundo texto é
esta passagem que estudamos: Há... um só mediador entre Deus e os homens, Jesus
Cristo, homem. Ser árbitro é ser juiz, alguém que aprecia ou julga algo,
intermediário, alguém que faz intercessão a nosso favor; em uma palavra:
mediador. Há muitas relações na vida em que os serviços de um mediador
tornam-se importantíssimos. Que alegria saber que na relação que nos é mais
importante na vida — a relação entre Deus e nós — temos tão sublime
Mediador!” (J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 9. pag. 463.)
SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ
“Não há vida fora de Jesus Cristo, não há vida
eterna fora de Jesus Cristo, segundo declaração do próprio Jesus. João disse:
‘E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu
filho. Quem tem o filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a
vida’ (1 Jo 5.11,12). Observe estas palavras: ‘Segundo as promessa da vida’.
Não há promessa de vida fora de Jesus Cristo. Jesus foi o mestre mais enfático
que o mundo jamais viu. Ele disse: ‘Necessário vos é nascer de novo’ (Jo 3.7).
Não há uma maneira pela qual você possa contornar a questão. Não há possibilidade
de evitar esta verdade. Você tem de ir diretamente até ela e encará-la.
‘Segundo a promessa da vida que está em Cristo Jesus’” (LAKE, John G. Devocional. Série: Clássicos do
Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.140-41).
CONCLUSÃO
Quem recebe a Cristo como Salvador e Senhor, “nova criatura é; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Andemos em novidade de vida para a glória de Deus! Ele é o nosso perfeito Sumo Sacerdote.
Nova criatura descreve algo criado num
nível qualitativamente novo de excelência. Diz respeito à regeneração ou novo
nascimento (Jo 3.3; Ef 2.1-3; Tt 3.5; 1Pe 1.23; 1Jo 2.29; 3.9; 5.4). Essa
expressão abrange o perdão dos pecados do cristão pagos pela morte substitutiva
de Cristo (Gl 6.15; Ef 4.24). Depois que uma pessoa é regenerada, os sistemas
de valores, as prioridades, as crenças, as paixões e os planos antigos passam a
pertencer ao passado. O mal e o pecado ainda estão presentes, mas o cristão os
vê a partir de uma nova perspectiva, a eles não mais o controlam. A gramática
grega indica que essa renovação é uma condição de fato contínua. A nova
percepção espiritual do cristão de todas as coisas é uma realidade constante
para ele, e agora ele vive para a eternidade, não para as coisas passageiras.
Tiago descreve essa transformação como a fé que produz obras (Tg 2.14-25).
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a
tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome
sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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