SUBSÍDIO I
O SISTEMA DE SACRIFÍCIOS
A necessidade e a importância
dos sacrifícios pelos pecados tornaram-se indispensáveis à vida do homem,
começando com Adão e Eva. Depois que eles pecaram, Deus estabeleceu em sua
infinita sabedoria que o seu trono de justiça requeria a punição pelo pecado (ver
Rm 5.12). Por sua perfeita justiça, Deus criou o sistema de sacrifícios para
punição e perdão dos pecadores e, por esse modo, satisfazer a justiça de Deus e
promover a paz entre Ele e o homem (Rm 5.1).
O sistema de
sacrifícios adotado por Israel, antes de ser uma ideia de Moisés, foi ordenado
por Deus e colocado na mente e no coração da nação israelita. Os livros de
Êxodo e Levítico são os livros que apresentam com precisão as práticas dos
sacrifícios a Deus pelos pecados do povo. Os sacrifícios e ofertas eram tomados
tanto do reino vegetal quanto do reino animal. Do reino vegetal, empregavam-se
alguns alimentos como, por exemplo, farinha, cevada, trigo, bolos e incenso, e
as libações eram feitas com vinhos nas ofertas de bebidas. Do reino animal,
traziam-se bois, cabras, carneiros e pombos. Não se ofereciam peixes e nem
sacrifícios humanos (ver Lv 18.21; Lv 20.2). Os sete primeiros capítulos
levíticos falam-nos de cinco tipos de ofertas (sacrifícios) para chegar-se ao
sacrifício supremo, que foi o sacrifício de Cristo (Rm 5.8-10). Em termos de
tipologia, as cinco ofertas — sem falar na oferta do Grande Dia da Expiação —
apontam para Jesus, o Filho de Deus, que se fez carne para identificar-se com
os homens e que fez o sacrifício maior na cruz do Calvário. Cada uma das
ofertas constitui figura do sacrifício maior e único do Senhor Jesus Cristo.
A OFERTA
VOLUNTÁRIA – HOLOCAUSTO (Lv 1.1,2)
Todas as ofertas levíticas eram
essenciais para representar a obra de Cristo. Cada tipo de oferta era relativo
às prescrições divinas em termos de qualidade e natureza da oferta. A primeira
de todas as ofertas tinha um caráter vicário, e, a partir de então, todas as
demais ofertas dependem dessa primeira. Não se podia oferecer uma oferta pelo
pecado a menos que houvesse sido feita uma oferta de expiação. Não se oferecia
uma oferta de paz a menos que se tivesse sido feita uma oferta
expiatória.
Num capítulo
anterior, foi dito que o Altar de Sacrifícios é o mesmo utilizado para as
outras ofertas feitas com fogo. Esse Altar tinha na sua estrutura interna
madeira de cetim (acácia) e era recoberto com bronze (ou cobre). Havia uma
grelha ou tela de bronze colocada no fundo do Altar para assar as carnes ou
queimá-las. Para essa oferta, Deus estabeleceu leis que orientariam os
ofertantes e, especialmente, os sacerdotes quanto a sua efetivação. Os rituais
seriam executados pelos sacerdotes, Arão e seus filhos; por isso, o fogo no
altar deveria ser mantido o tempo todo aceso (Lv 6.9). As ofertas de holocausto
eram chamadas “ofertas queimadas” porque o animal oferecido era queimado por
inteiro até virar cinza (Lv 6.12,13).
A palavra
“holocausto” vem de Olah,
no hebraico, que significa “levantar, fazer subir, que ascende”. Era uma peça impressionante,
quadrada, em forma de baú e cheia de terra até a metade. Nos seus quatro
cantos, havia quatro chifres cobertos com bronze (ou cobre), que significavam
segurança e autoridade. Quando o sacerdote colocava a vítima do sacrifício
sobre o altar, “o cheiro suave” do sacrifício subia até chegar às “narinas de
Deus”. Esse é um modo antropomórfico de referir-se a Deus, atribuindo a Ele
coisas típicas humanas.
Os holocaustos
eram oferecidos a cada manhã e ao cair da tarde. Nos dias comuns, era oferecido
apenas um cordeiro com um ano de idade, sem defeito algum. Aos sábados, eram
oferecidos dois cordeiros, um pela manhã e outro pela tarde (ver Nm 28.9,10).
Os animais oferecidos podiam ser bois, ovelhas, cabras, pombinhos ou rolas.
Cada um desses animais tipifica o sacrifício de Jesus, que foi chamado servo de
Jeová (ver Is 52.13-15; Hb 12.2,3).
A oferta era
voluntária, da própria vontade do ofertante (Lv 1.3) e tinha por objetivo
aproximar-se de Deus para conquistar sua aceitação. Antes de o sacerdote imolar
o animal perante os olhos do ofertante, este colocava as mãos sobre a cabeça do
animal, dando a entender que aquele animal para o sacrifício era o seu
substituto (Lv 1.4). A aceitação do ofertante dependia da aceitação da oferta
perante o Senhor. O animal era imolado fora da tenda e, em seguida, conduzido
ao Altar de Sacrifícios. O animal inteiro, com exceção do seu sangue, era
queimado, e a fumaça do holocausto subia como cheiro suave ao Senhor. O próprio
ofertante, com a ajuda dos levitas, tinha que degolar a sua vítima (Lv
1.4-11).
O sacrifício de
Cristo no NT, assim como o holocausto no AT, foi uma oferta agradável ao Pai.
Dois textos exprimem essa verdade. Um está em Efésios 5.2: “[...] Cristo vos
amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro
suave”. O outro está em Hebreus 9.14: “[...] pelo Espírito Eterno, se ofereceu
a si mesmo imaculado a Deus”. O mérito infinito de seu sacrifício é atribuído
por Deus ao pecador que recebe a Cristo como Senhor e Salvador de sua
vida.
Texto extraído da
obra “O TABERNÁCULO”,
editada pela CPAD.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A Lição desta
semana é talvez a mais desafiadora de todo o trimestre, devido a própria
natureza complexa do sistema sacrificial dos hebreus. Como nos é impossível
detalhar todos os variados tipos de ofertas ou sacrifícios ministrados pelos
crentes da antiga aliança, abordaremos aqui aspectos gerais e essenciais dos
sacrifícios mais comuns, alguns voluntários e outros obrigatórios para reparar
a ofensa cometida contra Deus.
Baseando-nos especialmente no
livro de Levítico, que era o antigo manual
do culto israelita, traremos sucinta descrição sobre cada
sacrifício/oferta e apontaremos as devidas aplicações tipológicas, que
demonstram como Jesus Cristo, o Salvador, estava prefigurado naqueles
sacrifícios. Não nos esqueçamos que mais do que exaustivas descrições sobre a
liturgia do culto levítico, estamos interessados em compreender os símbolos da obra redentora de
Cristo
I. A OFERTA VOLUNTÁRIA:
o holocausto
1. Que oferta era esta? (Conf. Lv 1; 6.8-13; 8.18-21; 16.24)
Na Lição 4 já estudamos sobre o
primeiro móvel do tabernáculo que era o altar de bronze, chamado de “altar do
holocausto”. Naquela ocasião vimos que a palavra holocausto, de
origem grega, significa totalmente
queimado, e que a raiz hebraica da palavra (ôlâ)
significa aquilo que sobe.
O holocausto, portanto, dizia
respeito a oferta ou sacrifício (estes termos são muitas vezes usados como
sinônimos) em que o animal era totalmente queimado,
excetuando-se o sangue e o couro. O sangue era borrifado nas pontas do altar de
bronze e também derramado na sua base; o couro era entregue aos sacerdotes e
passava a pertencer-lhes. Tal sacrifício subia espiritualmente até Deus como um aroma
agradável, e redundava em expiação de pecados para o ofertante.
O holocausto representava para o
adorador da antiga aliança a devoção e entrega total a Deus, e, dado seu
aspecto voluntário, aponta para a necessidade de todos os homens virem
livremente buscar a reconciliação com Deus, não apenas quando sob ameaças da
ira divina. Como dizia A.W. Tozer, “resolva
diante de Deus que você não vai esperar que uma tragédia o conduza até ele.
Tome a sua cruz voluntariamente”.
A pessoa que cometia um pecado
involuntário (por fraqueza ou desatenção, mas não premeditadamente) deveria
levar um animal sem defeito para o sacerdote no tabernáculo. O animal para o
holocausto poderia ser um bode, carneiro, boi ou, no caso de ofertantes pobres,
pombinhos. Todavia, o animal não podia ter defeitos.
2. Cristo tipificado no holocausto. O animal inocente e fisicamente perfeito apontava para Cristo, o Justo (1Jo 2.1,2). O ato de colocar a mão sobre a cabeça do animal, demonstrando ao mesmo tempo uma identificação com a oferta como também a substituição que ela representaria diante de Deus, aponta para Cristo, nosso substituto na cruz, que cumpriu perfeitamente as exigências de Deus e recebeu a sentença de condenação em nosso lugar.
2. Cristo tipificado no holocausto. O animal inocente e fisicamente perfeito apontava para Cristo, o Justo (1Jo 2.1,2). O ato de colocar a mão sobre a cabeça do animal, demonstrando ao mesmo tempo uma identificação com a oferta como também a substituição que ela representaria diante de Deus, aponta para Cristo, nosso substituto na cruz, que cumpriu perfeitamente as exigências de Deus e recebeu a sentença de condenação em nosso lugar.
Como a pele do animal ficava
para o sacerdote, a fim de servir-lhe de vestimentas, assim também a justiça de
Cristo revestiu-nos e nos livrou da nudez espiritual que era repugnante ao
Senhor (Ap 3.18); assim como o holocausto era uma oferta voluntária, Cristo é o
nosso sacrifício perfeito, que se entregou voluntariamente para pagar e apagar
os nossos pecados (Mt 27.35-36; Ef 5.2; Hb 7.26; 9.14; 1Jo 2.6).
II. A OFERTA
DE MANJARES
1. Que oferta era esta? (Conf. Lv 2; 6.14-23). A voluntária oferta (ou oblação) de manjares, também chamada de oferta de cereais ou oferta de vegetais, era um ato voluntário de adoração e reconhecimento da bondade e das provisões de Deus. A oferta de manjares acompanhava todas as ofertas de holocaustos. Três tipos de ofertas de manjares eram oferecidos: (1) flor de farinha com incenso e azeite; (2) bolos finos untados com azeite; (3) grãos de cereais tostados com azeite e incenso.
Nas ofertas de manjares era exigido o sal (que representa preservação), ao mesmo tempo em que se proibia o uso de fermento ou mel (Lv 2.11-13). O erudito pentecostal Abraão de Almeida sugere que a proibição do mel se dava por este ser um agente de fermentação, assim como o fermento propriamente. E por que o fermento não era permitido na oferta de manjares? Há uma nota interessante na Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal:
Sendo um fungo bacteriano, o
fermento constitui um símbolo apropriado para o pecado. Da mesma forma que o
fermento leveda a massa do pão, o pecado se prolifera e corrompe a vida. Um
pouco de fermento é bastante para afetar toda a massa, assim como o pecado pode
destruir uma vida inteira. Jesus continuou esta analogia ao alertar sobre “o
fermento dos fariseus e saduceus” (Mt 16.6; Mc 8.15).
O teólogo Beckwith ressalta que
os dízimos e as primícias eram, em parte, ofertas de vegetais, e as três festas
mosaicas relacionadas à colheita anual dos feixes (cevada), Pentecoste ou festa
das semanas (trigo) e das cabanas ou encerramento da colheita (o restante da
colheita) estão centralizadas em ofertas de vegetais.
2. Cristo tipificado na oferta de manjares. Abraão de Almeida disserta a favor de uma aplicação tipológica da oferta de manjares. Segundo este respeitável teólogo:
2. Cristo tipificado na oferta de manjares. Abraão de Almeida disserta a favor de uma aplicação tipológica da oferta de manjares. Segundo este respeitável teólogo:
b) A ausência de fermento e
mel apontam para Jesus como a verdade (Jo 14.6).
c) O azeite aponta
para a unção do Espírito Santo na vida de Jesus desde a sua concepção no ventre
de Maria e durante todo seu ministério (Mt 1.20,21; Lc 4.18,19).
III. A
OFERTA PACÍFICA, O SACRIFÍCIO PELO PECADO E O DIA DA EXPIAÇÃO
1. O que era a oferta pacífica e como Cristo está tipificado. Assim como o
holocausto e a oferta de manjares, a oferta de paz também era voluntária, e
buscava expressar louvores e gratidão a Deus pela comunhão desfrutada com Ele.
Conforme Levítico 3 e também 7.11-34, essa oferta envolvia animais sem defeitos
e também uma variedade de bolos.
Nessa oferta, Deus permitia que
o ofertante compartilhasse do alimento ofertado, isto é, se alimentasse dele.
Tomar parte nos alimentos dos sacrifícios era quase sempre um privilégio da
classe sacerdotal, mas nas ofertas de paz Deus é visto como um rei generoso que
oferece um banquete não apenas aos seus príncipes, mas a todos os seus súditos,
inclusive a plebe e os leigos. Beckwith discorre melhor sobre essa simbologia:
O tabernáculo e o templo
representam a corte de um rei; na verdade, a mesma palavra hebraica (hêkâl) é usada tanto para templo
quanto para o palácio. O altar do holocausto é a mesa do rei (Ml 1.7,12), e os
sacrifícios normais ali são acompanhados de oferta de cereal e ofertas de
bebidas (Êx 29.38-41; Nm 15.1-12) porque a mesa de um rei precisa não só carne,
como também pão e vinho. O sacrifícios são descritos como pão e alimento de
Deus (Lv 3.11; 21.6,8…), que seus servos, os sacerdotes, podiam normalmente
comer (Lv 21.22…), mas esse é um privilégio que no período da Páscoa e da
oferta de comunhão Deus estendia generosamente a todos os seus súditos.
No Novo Testamento, Cristo é a
grande oferta de paz que o próprio Deus oferece pela reconciliação com o mundo.
Nas palavras de Paulo, “Deus
estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus
pecados” (2Co 5.19). Jesus é o grande Príncipe da paz (Is
9.6), e por isso pode contundentemente dizer aos seus discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz
vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14.27). Além do
mais, ainda que não literalmente, também nos banqueteamos com nosso Senhor,
como os israelitas nas ofertas pacíficas: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e
abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap
3.20).
O pecador, porém, que não recebe
esta oferta da paz de Cristo em seu coração através da fé, ele é considerado
inimigo de Deus (Tg 4.4), filho da ira (Ef 2.3; Jo 3.36), permanece em
condenação (Jo 3.18) e a sentença contra ele é clara: “Não há paz para os ímpios, diz
o meu Deus” (Is 57.21)
2. O que era o sacrifício pelo pecado e pela culpa e como Cristo está tipificado (Lv 4.1 – 6.7; 6.24 – 7.10)
2.1 – Pecados involuntários. As
ofertas de holocausto, manjares e pacíficas já estavam presentes entre os
crentes do Antigo Testamento desde a época dos patriarcas, e até mesmo desde os
dias de Caim e Abel, como se pode ver no quarto capítulo de Gênesis. Todavia,
as ofertas pelo pecado (ou purificação) e pela culpa (ou reparação) foram instituídas
no Sinai.
Como anotou Donald Stamps na
Bíblia de Estudo Pentecostal, Deus
requeria o sacrifício pelo pecado cometido por ignorância, fraqueza ou
involuntariamente, para que o perdão fosse concedido. Pecados deliberados e
insolentes, por outro lado, eram punidos com a pena de morte (Nm 15.30,31; Hb
10.28). Um sacrifício pela culpa, semelhante ao sacrifício pelo pecado, foi
provido para quem cometesse pecado ou dano possível de plena restituição.
2.2 – Pecados voluntários. Poderá
ser perguntando: mas e no caso dos pecados voluntários, isto é, praticados
conscientemente, não havia remissão para eles? Alguns teólogos sugerem que a
remissão desses pecados ocorria no grande Dia da Expiação, quando todos os
pecados de todos os tipos eram expiados, desde que o povo cumprisse as
condições estabelecidas por Deus em Levítico 16 (reverência, jejum e
confissão de pecados). Mas a opinião de Beckwith parece mais razoável: “o verdadeiro contraste parece
ser não com o pecado consciente, mas com o pecado arrogante e a blasfêmia,
para os quais na verdade não há expiação”.
Como destacou Russel Champlin, é
verdade que todos nós, como também os santos do Antigo Testamento, praticamos
pecados voluntários (veja-se, por exemplo, o adultério cometido por Davi, bem
como o assassinato premeditado de seu soldado Urias). Se não houvesse expiação
por estes pecados, que carne se salvaria? Em todo caso, a ênfase da Lei mosaica
recai sobre os pecados involuntários, e o autor da Carta aos Hebreus, tendo a
Lei mosaica como pano de fundo, faz ecoar a necessidade de vigilância contra a
prática deliberada do pecado: “Se
continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da
verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, mas tão-somente uma terrível
expectativa de juízo e de fogo intenso que consumirá os inimigos de Deus” (Hb
10.26,27). Portanto, não nos acostumemos com o pecado!
Oremos como sempre como
Davi: “Quem pode discernir os
próprios erros? Absolve-me dos que desconheço! Também guarda o teu servo dos
pecados intencionais; que eles não me dominem! Então serei íntegro, inocente de
grande transgressão” (Sl 19.12,13). O sangue de Jesus Cristo é
poderoso e nos purifica de todo
pecado (1Jo 1.17), desde que busquemos sinceramente
refúgio ao pé da cruz.
2.3 – Holocausto, culpa e pecado.
A síntese destas ofertas é a seguinte: embora a oferta de holocausto tivesse
valor expiatório para pecados gerais, as ofertas pelo pecado e pela culpa
tencionam a remissão por pecados específicos dos quais o ofertante tinha plena
consciência no ato do sacrifício. Enquanto no holocausto todo o corpo do animal
está em evidência, não podendo parte alguma dele ser comido (apesar do sangue
ser derramado e da pele ser dada ao sacerdote), nas ofertas pela culpa e pelo
pecado, é o sangue da expiação que ganha evidência e partes dos animais
oferecidos podem ser tomados pelos sacerdotes – nunca pelos ofertantes – para
alimento.
Quanto a uma distinção entre a
oferta pelo pecado e a oferta pela culpa, a primeira se caracterizava mais pelo
reparo de algum dano causado ao Senhor, enquanto que a oferta pela culpa se
caracterizava mais pelo reparo de algum dano causado ao próximo. Neste segundo
caso, tanto o arrependimento e a oferta ao Senhor eram devidos, como também a
restituição a quem fosse de direito.
2.4 – Cristo tipificado. Em
Cristo, temos não só uma oferta pelo nosso pecado, mas também pela nossa culpa;
o preço que Jesus pagou na cruz não somente remove a nossa ofensa, como
devolve-nos ao nosso Senhor, que nos criou e nos fez para sermos eternamente
seus. O pecado que nos fez escravos e o diabo que nos seduzia foram vencidos
por Jesus Cristo (Cl 2.13-15), e agora somos a dracma perdida que foi
encontrada; a ovelha desgarrada que foi reconduzida ao redil; o filho pródigo a
quem o pai recebeu de volta em casa e para quem preparou grande banquete! (Lc
15.1-24)
O profeta Isaías, com riqueza de
detalhes já prenunciava a oferta do Cristo para remissão dos nossos pecados, e
a nossa culpa que ele carregou sobre si: “Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi
esmagado por causa de nossas iniquidades” (53.5), “o Senhor fez cair sobre ele a
iniquidade de todos nós”(v. 6), “por causa da transgressão do meu povo ele foi golpeado” (v.
8), e ainda mais contundentemente aqui: “o
Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa”(v. 10) e aqui “porquanto ele derramou sua
vida até à morte” (v. 12). A linguagem do versículo 12, ao
dizer “ele derramou sua vida até à
morte”, também relembra as ofertas de libações (bebidas), que eram
derramadas sobre as ofertas de manjares.
Deus esteve em Cristo
“perdoando-vos todas as ofensas” (Cl 2.13). Que maravilhosa notícia para os que
creem!
3. Uma síntese do Dia da Expiação. Para não nos alongarmos, transcrevemos abaixo um resumo da liturgia do culto levítico no Dia da Expiação, extraída da Bíblia de Estudo Pentecostal. É importante que o professor e o aluno da Escola Dominical leiam na íntegra o capítulo 16 de Levítico.
3. Uma síntese do Dia da Expiação. Para não nos alongarmos, transcrevemos abaixo um resumo da liturgia do culto levítico no Dia da Expiação, extraída da Bíblia de Estudo Pentecostal. É importante que o professor e o aluno da Escola Dominical leiam na íntegra o capítulo 16 de Levítico.
Nesse dia, o sumo sacerdote, vestia as vestes sagradas, e de início preparava-se mediante um banho cerimonial com água. Em seguida, antes do ato da expiação pelos pecados do povo, ele tinha de oferecer um novilho pelos seus próprios pecados. A seguir, tomava dois bodes e, sobre eles, lançava sortes: um tornava-se o bode do sacrifício, e o outro tornava-se o bode expiatório (16.8). Sacrificava o primeiro bode, levava seu sangue, entrava no Lugar Santíssimo, para além do véu, e aspergia aquele sangue sobre o propiciatório, o qual cobria a arca contendo a lei divina que fora violada pelos israelitas, mas que agora estava coberta pelo sangue, e assim se fazia expiação pelos pecados da nação inteira (16.15,16). Como etapa final, o sacerdote tomava o bode vivo, impunha as mãos sobre a sua cabeça, confessava sobre ele todos os pecados dos israelitas e o enviava ao deserto, simbolizando isto que os pecados deles eram levados para fora do arraial para serem aniquilados no deserto (16.21, 22).
(1) O Dia da Expiação era uma
assembleia solene; um dia em que o povo jejuava e se humilhava diante do Senhor
(16.31). Esta contrição de Israel salientava a gravidade do pecado e o fato de
que a obra divina da expiação era eficaz somente para aqueles de coração
arrependido e com fé perseverante (cf. 23.27; Nm 15.30; 29.7).
(2) O Dia da Expiação levava a
efeito a expiação por todos os pecados e transgressões não expiados durante o
ano anterior (16.16, 21). Precisava ser repetido cada ano da mesma maneira.
CRISTO E O DIA DA EXPIAÇÃO
O Dia da Expiação está repleto
de simbolismo que prenuncia a obra de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. No
NT, o autor de Hebreus realça o cumprimento, no novo concerto, da tipologia do
Dia da Expiação (ver Hb 9.6—10.18)
(1) O fato de que os
sacrifícios do AT tinham de ser repetidos anualmente indica que eles eram
provisórios. Apontavam para um tempo futuro quando, então, Cristo viria para
remover de modo permanente todo o pecado confessado (cf. Hb 9.28; 10.10-18).
(2) Os dois bodes representam a
expiação, o perdão, a reconciliação e a purificação consumados por Cristo. O
bode que era sacrificado representa a morte vicária e sacrificial de Cristo
pelos pecadores, como remissão pelos seus pecados (Rm 3.24-26; Hb 9.11, 12,
24-26). O bode expiatório, conduzido para longe, levando os pecados da nação,
tipifica o sacrifício de Cristo, que remove o pecado e a culpa de todos quantos
se arrependem (Sl 103.12; Is 53.6,11,12; Jo 1.29; Hb 9.26).
(3) Os sacrifícios no Dia da
Expiação proviam uma “cobertura” pelo pecado, e não a remoção do pecado. O
sangue de Cristo derramado na cruz, no entanto, é a expiação plena e definitiva
que Deus oferece à raça humana; expiação esta que remove o pecado de modo
permanente (cf. Hb 10.4, 10, 11). Cristo como sacrifício perfeito (Hb 9.26;
10.5-10) pagou a inteira penalidade dos nossos pecados (Rm 3.25,26; 6.23; Gl
3.13; 2Co 5.21) e levou a efeito o sacrifício expiador que afasta a ira de
Deus, que nos reconcilia com Ele e que restaura nossa comunhão com Ele (Rm
5.6-11; 2Co 5.18,19; 1Pe 1.18,19; 1Jo 2.2).
(4) O Lugar Santíssimo onde o
sumo sacerdote entrava com sangue, para fazer expiação, representa o trono de
Deus no céu. Cristo entrou nesse “Lugar Santíssimo” após sua morte e, com seu
próprio sangue, fez expiação para o crente perante o trono de Deus (Êx 30.10;
Hb 9.7,8,11,12,24-28).
(5) Visto que os sacrifícios de
animais tipificavam o sacrifício perfeito de Cristo pelo pecado e que se
cumpriram no sacrifício de Cristo, não há mais necessidade de sacrifícios de
animais depois da morte de Cristo na cruz (Hb 9.12-18).
CONCLUSÃO
O complexo sistema sacrificial levítico tem seu
prazo de validade cumprido na cruz de Cristo Jesus. Deus simplificou tudo no
único e legítimo Cordeiro, cujo sacrifício é perfeito e invalida a continuidade
dos sacrifícios de animais. O sacrifício de Cristo foi voluntário (ninguém o
obrigou), espontâneo (de iniciativa própria) e eficaz para salvação de todo
aquele que nele crê. Tamanha é a confiança daquele que crê em Jesus, que ele
pode fazer coro com o apóstolo Paulo e perguntar: “Quem
intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem
os condenará? É Cristo quem morreu” (Rm 8.33,34).
Tiago Rosas
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Antes de ser uma
resolução de Moisés, o sistema de sacrifícios estabelecido em Israel foi
ordenado por Deus. Os livros de Êxodo e Levítico apresentam, com precisão, as instruções
sobre como eles deveriam ser apresentados a Deus dentro do Tabernáculo. Nesta
lição, veremos como esse sistema foi praticado e desenvolvido até que chegasse
ao supremo e suficiente sacrifício de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: a
expiação do Calvário.
Esse grande sacrifício não foi realizado em
segredo, mas Deus expôs publicamente o seu filho no calvário para que todos
vissem. A propiciação, crucial para o valor do sacrifício de Cristo, essa
palavra carrega a ideia de conciliação ou satisfação — nesse caso, a morte
cruel de Cristo satisfez a santidade ofendida e a ira de Deus contra aqueles
pelos quais Cristo morreu (Is 53.11; Cl 2.11-14). A palavra hebraica
equivalente a essa era usada para descrever o propiciatório — a tampa da arca
da Aliança — onde o sumo sacerdote aspergia o sangue do animal morto no Dia da
Expiação para expiar os pecados do povo. Nas religiões pagãs, é o adorador e
não deus o responsável por acalmar a ira da deidade ofendida. Porém, na
realidade, o homem é incapaz de satisfazer a justiça de Deus se não for por
intermédio de Cristo, exceto se passar a eternidade no inferno. A justiça de
Deus exige que todo pecado e todo pecador seja punido. Deus teria sido justo
se, quando Adão e Eva pecaram, ele os tivesse destruído, e com eles, toda a
raça humana. Mas, pela sua bondade e longanimidade, ele adiou o seu julgamento
por certo tempo (cf. SI 78.38-39; At 17.30-31; 2Pe 3.9).
I. A OFERTA
VOLUNTÁRIA: O HOLOCAUSTO (Lv 1.1-3)
1. O
conceito de holocausto. A palavra “holocausto”, no hebraico, olah, significa “levantar, fazer
subir, que ascende”. Vimos esse conceito em lição anterior, mas em relação ao
altar do holocausto. Aqui, estamos analisando a apresentação do próprio
sacrifício de holocausto. Nesse sentido, essa oferta era apresentada pelo
sacerdote no altar, de onde um “cheiro suave” subia “às narinas de Deus”. Era
um modo antropomórfico; isto é, uma figura tipicamente humana para referir-se a
Deus.
Holocausto é oferta queimada. Ao falarmos sobre a
Oferta do Holocausto, precisamos entender que este tipo de sacrifício
corresponde a toda carne queimada sobre o altar do holocausto. A palavra
holocausto vem do termo hebraico "hle" - `olah, e tem como
significado "queimado que sobe". No dizer de Shedd: “O termo original ‘olah de significado
‘aquilo que sobre’, tanto podia referir-se à oferta que subia ao Senhor, como
ao ‘cheiro suave’ (Lv 1.17), ou ainda ao animal inteiro, e não apenas parte
dele, que era oferecido, ou erguido sobre o altar. Embora não seja o mais
importante, é no entanto este sacrifício o que se menciona em primeiro lugar,
talvez por ser o mais grandioso"” (SHEED, Russel. O Novo
Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 158.).
Um holocausto era um sacrifício totalmente queimado para Deus. O animal era
morto e seu sangue era derramado sobre o altar onde a carcaça era queimada (Êx
29.16-18). O holocausto servia como pagamento pelo pecado. Muito antes de
Moisés receber a Lei de Deus, já era prática oferecer holocaustos a Deus. O
holocausto era um animal sem defeito (boi, carneiro, bode ou pomba), que servia
como substituto, levando o pecado da pessoa que o oferecia (Lv 1.3-4). A
primeira vez que a palavra holocausto aparece na Bíblia é em Gênesis 22.2, onde
Deus pede a Abraão que sacrifique seu único filho em holocausto. Isso significa
que já era uma prática conhecida antes da normatização pela Lei.
2. O
que era a oferta de holocausto? Basicamente, a oferta apresentada no altar do holocausto podia ser de
animais como boi, ovelha, cabra, pombinhos ou rolinhas. Cada vítima era
queimada no altar. Era um tipo de sacrifício que apontava para a vítima
perfeita: o Cordeiro de Deus “que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29 cf. Is
52.13-15; Fp 2.5-8; Hb 12.2,3).
No contexto das Escrituras, teologicamente o
holocausto significa dedicação a Deus e propiciação pelo pecado (Lv 1.4;
6.8-13). O sacrifício propiciatório tinha o objetivo de acalmar a indignação
divina contra o pecado e prefigurar a morte de Cristo Jesus, o holocausto
perfeito (Is 53.10). Então quando lemos sobre os sacrifícios da Antiga Aliança
à luz do Novo Testamento, percebemos facilmente que o sistema sacrifical
levítico tinha um caráter transitório. Os holocaustos em Israel envolviam a
oferta de animais domésticos selecionados sob critérios rígidos. Havia também
ofertas de cereais, azeite e vinho. Cada sacrifício tinha suas características
próprias, de acordo com sua finalidade particular. Mas todos os sacrifícios
tinham em comum o fato de simbolizarem o adorador que se apresentava diante de
Deus.
- Um dos títulos aplicados a Jesus é ‘Cordeiro de
Deus’ (Jo 1.29). O escritor de Hebreus fala muito sobre a natureza temporária
dos holocaustos na Antiga Aliança. Ele diz que através deles o pecador não
podia desfrutar de uma purificação completa de sua consciência alcançando o
perdão total e definitivo de seus pecados (Hb 9.11). Somente Jesus, o
holocausto perfeito, foi capaz de fazer isto. Ele redimiu seu povo de uma vez
por todas. Ele ofereceu sua própria vida em holocausto para a expiação do
pecado de seu povo. Os holocaustos da Antiga Aliança serviam para apontar para
o holocausto perfeito de Cristo.
3.
Uma oferta voluntária. A oferta tinha um caráter voluntário (Lv 1.3). O objetivo do holocausto
era que Deus aceitasse o ofertante. Essa aceitação dependia de a oferta
apresentada pelo sacerdote ser aceita diante de Deus. Assim, o ofertante
colocava a mão sobre a cabeça da vítima a ser sacrificada, transferindo, para
si, os benefícios do sacrifício: a expiação dos pecados. O animal era imolado
fora da tenda e, em seguida, conduzido ao altar dos holocaustos.
O livro de Êxodo, e especialmente o livro de
Levítico, trazem todas as especificações sobre os holocaustos que deveriam ser
oferecidos pelos hebreus (cf. Êx 29; Lv 1-9). Uma pessoa simplesmente não
poderia oferecer holocaustos a Deus de qualquer maneira. Para isso Deus separou
uma classe sacerdotal para mediar e cuidar o culto em Israel. Por isso o livro
de Levítico dedica seções acerca da adoração no Tabernáculo (Lv 1.1-6.7 e Lv 6.8-7.38).
Essa seção apresenta leis pertinentes aos sacrifícios. Pela primeira vez na
história do Israel, um conjunto bem definido de sacrifícios foi dado a elos,
embora o povo tivesse oferecido sacrifícios desde o tempo de Abel e Caim (cf.
Gn 4.3-4): Essa seção contém instruções para o povo (1.1—6.7) e para os
sacerdotes (6.8—7.38). Todos esses sacrifícios eram maneiras de cultuar a Deus,
dar expressão ao coração penitente e agradecido. Os que fato pertenciam a Deus
pela fé ofereciam esses sacrifícios com atitude de culto; para os demais,
tratava-se apenas de rituais externos.
4. O
sacrifício de Cristo foi um “holocausto” agradável ao Pai. Dois textos bíblicos expressam
essa verdade. Efésios 5.2 diz: “Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por
nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”. E também Hebreus 9.13,14:
“porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida
sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o
sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a
Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus
vivo?”. Trata-se, pois, de uma imagem perfeita de como fomos reconciliados com
o Pai mediante o sacrifício de seu amado Filho (2 Co 5.19).
Em seu amor altruísta pelos pecadores perdidos (Ef
4.32; Rm 5.8-10), o Senhor é o supremo exemplo. Ele tomou sobre si o pecado do
ser humano e deu a sua própria vida para que as pessoas pudessem ser redimidas
de seus pecados, recebessem uma natureza nova e santa e herdassem a vida eterna
(2Co 5.21). A oferta de Cristo de si mesmo pelo ser humano caído agradou e
glorificou o seu Pai celestial, porque demonstrou do modo mais completo e
perfeito o soberano, perfeito, incondicional e divino amor de Deus. O livro de
Levítico descreve cinco ofertas ordenadas por Deus para Israel, dentre elas, o
holocausto (Lv 1.1-17), que retratava a perfeição de Cristo; Quando a redenção
foi realizada em Cristo, toda a obra agradou a Deus por completo. Ele redimiu
seu povo de uma vez por todas. Ele ofereceu sua própria vida em holocausto para
a expiação do pecado de seu povo. Os holocaustos da Antiga Aliança serviam para
apontar para o holocausto perfeito de Cristo. Essa conexão está clara em toda a
Escritura, como por exemplo, quando Deus providenciou o carneiro para que
Abraão pudesse oferecê-lo em holocausto em lugar de Isaque. Aquele sacrifício
substituto tipificou o sacrifício de Jesus Cristo. Ele morreu no lugar de suas
ovelhas para que estas pudessem viver. Jesus, o holocausto perfeito,
reconciliou o pecador, que merecia a morte, com Deus. O fogo do juízo de Deus
que consumia o holocausto pela expiação do pecado passou sobre Cristo no
Calvário. É por causa de Jesus, o holocausto perfeito, que o redimido não é consumido.
Entenda também por que Deus é fogo consumidor.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
A
aula desta semana é uma excelente oportunidade para que seus alunos conheçam a
aplicabilidade de cada cerimonial de sacrifício instituído na Lei mosaica.
Neste caso, à medida que você destacar a importância do holocausto como imagem
perfeita do sacrifício de Cristo na cruz do Calvário, é fundamental que seus
alunos visualizem como acontecia este cerimonial. Para tanto, pesquise na
internet, ou revistas, e leve para a sala de aula imagens ou figuras que
representem o momento do holocausto realizado pelo sacerdote. Sugiro para o seu
estudo o Novo Manual de Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos, especificamente, o
capítulo que trata a respeito da religião; e o livro Tempos do Antigo
Testamento: um contexto Social, Político e Cultural.
II. A OFERTA
DE MANJARES (Lv 2.1-3)
1. O
significado da oferta. Essa oferta representava a gratidão do hebreu pela fecundidade da
terra. Ele tirava os cereais comestíveis e oferecia-os ao Senhor como “um
sacrifício de manjares”. Essa imagem nos fala de como devemos apresentar o
fruto do nosso trabalho diante de Deus. Não podemos nos apresentar perante Ele
de mãos vazias (Mt 25.14-30).
A palavra hebraica empregada para “oferta de
manjares” é minchah. Significa uma dádiva feita a outro, de ordinário, a um
superior. A oferta de manjares significava homenagem e gratidão a Deus por meio
da oferta voluntária, que era oferecida junto com o holocausto e oferta de
libação de determinados sacrifícios (cf. Nm 28.1-15). Três variações foram
prescritas: 1) farinha não cozida (2.1-3); 2) e farinha assada (2.4-13); ou 3)
primícias da colheita de grãos tostados (2.14-16). Esse era o único sacrifício
não animal dos cinco e mostra que havia espaço para oferecer dos frutos da
terra (como no caso de Caim em Gn 4). Cristo é o perfeito alimento que Deus
enviou a este mundo e só Ele pode satisfazer todas as necessidades do homem.
2.
Como era a oferta de manjares? Essa oferta também era chamada de “Festa das Primícias” (2.12-16). Ela
compunha-se de grãos novos e macios colhidos na primeira colheita. Essa oferta
também era feita de farinha fina misturada com azeite. Sabemos, pela Bíblia,
que o azeite é um dos símbolos do Espírito Santo (Zc 4.2-6; Êx 30.31). Essa
oferta faz-nos lembrar da importância de vivermos uma vida dependente do
Espírito Santo. Que possamos, na força do Espírito, fazer as mesmas obras que o
nosso Senhor fez (At 10.38).
Três variações foram prescritas: 1) farinha não
cozida (2.1-3); 2) e farinha assada (2.4-13); ou 3) primícias da colheita de
grãos tostados (2.14-16). Esse era o único sacrifício não animal dos cinco e
mostra que havia espaço para oferecer dos frutos da terra (como no caso de Caim
em Gn 4). Cristo é o perfeito alimento que Deus enviou a este mundo e só Ele
pode satisfazer todas as necessidades do homem. A primeira variação consistia
de farinha não cozida cuja qualidade de "flor" e paralela ao animal
"sem defeito" do holocausto. Uma porção dessa oferta destinava-se ao
sustento dos sacerdotes (v. 3). Semelhante à oferta de libação, a oferta de
manjares era acrescentada ao holocausto.
3. A
oferta aponta para um alimento espiritual. A Palavra de Deus diz que o
nosso Senhor é o “pão vivo que desceu do céu”, o trigo que foi moído para se
tornar o nosso alimento espiritual (Jo 6.33-35). Logo, da mesma forma que
Israel obedeceu à ordenança divina de apresentar a oferta de manjares diante de
Deus, nós somos instados, por Cristo, a alimentar-nos dEle. O testemunho do
Senhor é verdadeiro (Jo 5.30; 8.28).
“Inicialmente
podemos dizer que a Oferta de Manjares, simboliza o nosso sustento e provisão
diária. Dependemos de Deus para ganhar o nosso pão-de-cada-dia. Foi por esta
razão que Jesus, na oração do Pai-Nosso, nos orientou a orar pelo
"pão": "... o pão nosso de cada dia nos dá hoje", Mt 6.11.
Como filhos de Deus não precisamos conviver com a ansiedade e preocupação
características dos homens sem Deus. Como nos ensinou Jesus: "Por isso vos
digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou
pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de
vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?",
Mt 6.25. Deus certamente suprirá cada uma de nossas necessidades, incluindo a
necessidade de pão, Fp 4.19, "Meu Deus suprirá todas as vossas
necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus". Queremos
recorrer ao comentário de Mesquita:
Antigamente, era o pão das Faces que significava a
presença de Deus na mesa e no sustento dos crentes. Era uma mostra material,
objetiva, de acordo com a capacidade dos crentes de antanho. Agora, com um novo
santuário não feito por mãos, com novos moldes religiosos, novo sacerdócio, as
antigas verdades se hão de crer e propagar de um modo diverso. Assim é o fato
em Cristo Jesus. Por todos os ensinos do Novo Testamento se encontram as
promessas da presença real de Cristo em nós. Somos o seu templo, o seu órgão de
revelação aos perdidos, por meio do testemunho da vida, somos as suas
testemunhas. Vivendo de tal modo identificados nele, vivemos a vida dele. Paulo
chega a afirmar que não vivia mais o Paulo, mas Cristo vivia nele, pois que a
vida que agora vivia, vivia-a na fé do Filho de Deus (Gl 2:20). Deste modo,
Cristo é a nossa diária oferta, é o nosso pão, e as manifestações religiosas da
vida são outras tantas mostras dessa verdade. Não vamos mais levar um punhado
de farinha ao templo, mas vamos de outras maneiras públicas declarar que Me nos
tem sustentado e sustenta. Se um hebreu confiava na sua provisão diária, muito
mais nós, que vivemos mais diretamente ligados à divindade. Cristo é nossa
provisão diária. (IBVIR)
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“O próprio cerne da relação do concerto — comunhão
entre o Senhor e o seu povo — e o meio da sua realização inicial de Levítico,
onde, com respeito aos holocaustos, o Senhor diz: ‘À porta da tenda da
congregação [a oferta] trará, para que o homem seja aceito perante o SENHOR’?
(Lv 1.3, ARA). [...] O fato de o concerto entre o Senhor e Israel ter sido
modelado segundo os pactos do antigo Oriente Próximo em forma e função,
permite-nos entender com clareza incomum, a miríade de detalhes relacionados ao
culto no Pentateuco. Os sacrifícios e as ofertas tinham o objetivo de
demonstrar a subserviência de Israel, expiar as ofensas contra o Soberano, o
Senhor, e refletir a harmonia e a índole pacífica da relação estabelecida ou
restabelecida.
O holocausto e a oferta de manjares (Lv 1-2) serviam
para identificar o ofertante como servo do rei, servo que não ousava chegar
diante dele de mãos vazias. As ofertas pelo pecado e pela culpa (Lv 4-5)
serviam para restabelecer uma relação que fora rompida por causa da desobediência
do servo. Elas eram a sua recompensa a um senhor ofendido. As ofertas pacíficas
(ou de comunhão, Lv 3) constituíam expressão da ação de graças pelo vassalo a
um estado de comunhão que atualmente existia. Eram testemunhos voluntários e
não-obrigatórios de um coração cheio de graças e louvor pela bondade do Senhor”
(ZECK, Roy B. Teologia do Antigo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp. 71,72)
III. A
OFERTA PACÍFICA, O SACRIFÍCIO PELO PECADO E O DIA DA EXPIAÇÃO (Lv 3.1,2; 7.1,2)
1. O
que era a oferta pacífica? Era um sacrifício em que o ofertante imolava o animal, tirando porções
especiais e separando-as do sangue e da gordura do animal. Em seguida, o
sacerdote espargia o sangue do animal imolado ao redor do altar, em sinal da
propiciação pela vida do pecador. Depois, os miúdos do animal eram queimados no
fogo do altar e, assim, tanto o sacerdote quanto o ofertante, e sua família,
comiam a carne nobre do animal imolado (Lv 2.8,13,16,17). Essa oferta
significava, literalmente, “um presente oferecido a Deus”, e denotava a
comunhão e a felicidade do ofertante com o Pai.
A paz deve ser entendida como base da comunhão com
Deus. Os capítulos 14 e 15 de Lucas mostram o caminho pelo qual Deus, em sua
graça, vem ao encontro do homem e o atrai para si. A oferta pacífica simboliza
a paz e a comunhão entre o verdadeiro adorador e Deus (assim como a oferta
voluntária). Era a terceira oferta voluntária que resultava em aroma suave ao
Senhor, que servia de elemento adicional conveniente ao holocausto de
propiciação e a oferta de manjares de consagração e dedicação. Simbolizava o
fruto de reconciliação redentora entre o pecador e Deus (cf. 2Co 5.10).
2. A
simbologia da oferta pacífica. A oferta pacífica aponta para a nossa reconciliação com o Pai. A
Palavra de Deus mostra que o nosso Senhor proveu a paz entre o homem e o
Criador: “porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse e
que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como
as que estão nos céus” (Cl 1.19,20). Isso demonstra que o Senhor foi a oferta
pacífica para reconciliar-nos com o Pai, tornando-se assim, a nossa Paz (Is
9.6).
“Outro simbolismo envolvida na Oferta pacífica é
o fato de que podemos erguer nossa voz para dar ações de graças a Deus. Devemos
ter em mente que inúmeros dos sacrifícios que compunham as Ofertas Pacíficas,
eram sacrifícios que deveriam expressar por parte do ofertante uma gratidão ao
Senhor, "Se alguém o oferecer por oferta de ação de graças, com o
sacrifício de ação de graças oferecerá bolos ázimos amassados com azeite, e
coscorões ázimos untados com azeite, e bolos amassados com azeite, de flor de farinha,
bem embebidos", Lv 7.12. Como filhos de Deus, temos muitos motivos para
agradecê-lo! Falando aos crentes de Corinto Paulo não somente reconhece que
devemos dar "graças a Deus", mas que esta prática seja também
abundante, 2Co 4.15, "Pois tudo é por amor de vós, para que a graça,
multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
Deus". Falando ainda aos efésios, afirma que devemos dar graças
continuamente, Ef 5.20, "sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em
nome de nosso Senhor Jesus Cristo"” (IBVIR)
3. O
que era a oferta pelo pecado? Diferentemente das outras oferendas, as ofertas pelo pecado e pela
culpa eram obrigatórias. Elas identificavam a natureza pecaminosa do homem;
alguém que necessitava apresentar a Deus algo por seus pecados. Esse sacrifício
era feito fora do arraial. O animal teria de ser imolado fora do acampamento
hebreu. A Bíblia mostra que Nosso Senhor Jesus foi morto fora de Jerusalém,
fazendo-se pecado por nós (1 Pe 2.24).
- “A Oferta Pela Transgressão ou Sacrilégio, era
um tipo de sacrifício envolvendo certos pecados, onde ficava patente que o dano
causado carecia de uma retribuição. Ele é apresentado de duas maneiras: 1) A
transgressão envolvendo uma falta diante de Deus, na omissão em dar as
"coisas santas ao Senhor", aquilo que é do Senhor, como por exemplo,
os dízimos, as ofertas, as primeiras coisas da colheita. Quando estas
exigências não eram cumpridas pelos israelitas, exigia-se a entrega ao
sacerdote dos bens retidos, ou o resgate; 2) A transgressão de mandamentos e
princípios dados pelo Senhor. – Neste caso, a defraudação era contra o
semelhante. Antes do ofertante apresentar qualquer oferta ao Senhor, deveria
reparar o dano através de uma compensação do prejuízo. Shedd nos fala deste
tipo de oferta: "Este sacrifício refere-se ao pecado que exige uma
restituição, mesmo antes da oferta, e apresenta-se sob duas formas: uma, pela
transgressão de faltar em dar as ‘coisas sagradas do Senhor’ (5.15) isto é. nos
dízimos, nas ofertas, nas primícias, etc., como pertencendo a Deus, e exigindo
a entrega ao sacerdote ou o resgate: outra, pela transgressão ‘contra os
mandamentos do Senhor’ (5.17). Já que as mesmas palavras se encontram várias
vezes no cap. 4 (vs. 2, 13, 22 e 27), não há dúvida que o pecado em causa
exigia uma restituição"” (IBVIR).
4. O
grande dia da expiação. Levítico 16 narra o mais importante dia para o povo judeu: o dia da
Expiação. O dia em que todo judeu devia observar um jejum e não fazer qualquer
trabalho. Esse dia é ainda hoje observado por eles como Yom Kippur, o “Dia do
Perdão”. O dia da Expiação era a data em que o Sumo Sacerdote apresentava um
novilho por si mesmo e por sua família (Lv 16.6) e um bode pelo povo (Lv
16.710) no Santo dos Santos, aspergindo o sangue das vítimas sobre o
propiciatório (Lv 16.11-19). O rito representava a mais importante oferta pelo
pecado de toda a nação. Esse rito aponta para o nosso grande dia da Expiação,
no Calvário, quando Jesus Cristo, nosso Senhor, exclamou na cruz: “Está
consumado” (Jo 19.30).
“Expiação é quando Deus perdoa o pecado de um
pecador arrependido e se reconcilia com o pecador através de um sacrifício de
um “substituto”, ou seja, nesse caso, Deus aceitava o animal que era
sacrificado no lugar do pecador que deveria morrer por conta de seu pecado, mas
que é “salvo” por esse substituto que morre no lugar dele. Isso era necessário
porque Deus estabeleceu mesmo antes de haver o pecado entrado no mundo que a
punição para a desobediência era a morte: “mas da árvore do conhecimento do bem
e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”
(Gênesis 2:17). Mas sendo misericordioso, Deus aceitou substitutos que fariam
expiação pela vida do ser humano. No Antigo Testamento Deus determinou que
fossem alguns tipos de animais. Entendendo essa questão, agora vamos entender
como funcionava esse dia da expiação no Antigo Testamento.” (ESBOCANDOIDEIAS)
SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ
“Em certo sentido, o Senhor foi morto pelos
executores romanos. Pedro disse: ‘Vós o matastes, crucificando-o por mãos de
iníquos’ (At 2.23). Mas, em outro sentido, Ele não foi morto, pois entregou
voluntariamente sua vida. Jesus disse: ‘Por isso, o Pai me ama, porque dou
a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim
mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a
tomá-la. Esse mandamento recebi de meu Pai’ (Jo 10.17,18). O Senhor morreu
voluntariamente, o Pastor entregando a vida pelas ovelhas. Que coisa
surpreendente! Ninguém morria de boa vontade nos sacrifícios do Antigo
Testamento. Nenhum cordeiro, bode ou ovelha jamais rendeu espontaneamente a sua
vida. Mas Jesus fez isso por nós. É maravilhoso poder afirmar: ‘Pai, nas tuas
mãos entrego o meu espírito’.
Antes de entregar sua vida, Jesus perdoou os
inimigos. Deu salvação a um ladrão arrependido. Cuidou de sua mãe. Terminou a
obra que Deus lhe dera para fazer. [...] hoje devemos seguir o exemplo de
Cristo e perdoar nossos inimigos, pois é possível que venhamos morrer ainda
hoje. Não queremos encontrar o Senhor tendo alguma coisa contra quem quer que
seja no coração. Queremos chegar à hora da nossa morte havendo compartilhado
com outros a salvação” (WIERSBE, Warren W. O
Que as Palavras da Cruz Significam Para Nós. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2001, p.119).
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos o quanto era complexo o
sistema de apresentação de ofertas para diversos pecados, e o dia anual de
expiação, em que o Sumo Sacerdote apresentava a oferta pela nação inteira. Mas
a Palavra de Deus mostra-nos que o sacrifício único de Cristo, no Calvário, foi
suficiente para apagar os nossos pecados (2 Co 5.21; 1 Pe 3.18). Valorize a
graça de Deus e alegre- -se no Espírito Santo por este presente: a salvação.
Em 2 Co 5.21 Paulo resume o cerne do evangelho,
solucionando o mistério e o paradoxo dos versículos 18-20, e explicando como os
pecadores podem se reconciliar com Deus por meio de Jesus Cristo. Essas 15
palavras gregas expressam as doutrinas da imputação e substituição como nenhum
outro versículo, aquele que não conheceu pecado. Jesus Cristo, o Filho de Deus
sem pecado (Cl 4.4-5; Lc 23.4,14,22,47; Jo 8.46; Hb 4.15; 7.26; 1Pe
1.19;-2.22-24; 3.18; Ap 5.2-10). Deus, o Pai, usando o princípio da imputação,
tratou Cristo como se ele fosse um pecador, embora não o fosse, e o fez morrer
com o um substituto, a fim de pagar o castigo pelos pecados daqueles que creem
nele (Is 53.4-6; Gl .3.10-13; 1Pe 2.24). Na cruz, ele não se tornou um pecador
(como alguns sugerem), mas permaneceu tão santo como sempre. Foi tratado como
se fosse culpado de todos os pecados já cometidos por todos aqueles que
creriam, um dia, embora ele nunca tivesse cometido nenhum. A ira de Deus foi
exaurida nele e a condição justa da lei de Deus atendida para aqueles pelos
quais morrera, justiça de Deus. Outra referência à justificação e imputação. A
justiça creditada na conta do cristão é a justiça de Jesus Cristo, o Filho de
Deus (Rm 1.17; 3.21-24; Fp 3.9). Como Cristo não era pecador, embora tenha sido
tratado como tal, do mesmo modo os cristãos que ainda não foram justificados (até
a glorificação) são tratados como se fossem justos. Ele suportou os pecados
deles, por isso eles puderam experimentar a sua justiça. Deus tratou-o com o se
ele tivesse cometido os pecados dos cristãos, e trata os cristãos como se
tivessem realizado apenas as obras justas do Filho de Deus sem pecado..
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a
tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome
sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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