sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

LIÇÃO 7: TENTAÇÃO – A BATALHA POR NOSSAS ESCOLHAS E ATITUDES

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Jesus foi tentado, partindo desse pressuposto, devemos considerar, por conseguinte, que ninguém está imune à tentação. Na aula de hoje, estudaremos a respeito da tentação de Jesus, com base no texto de Mt. 4.1-11, considerando, inicialmente, particularidades do texto grego, em seguida, interpretaremos o texto, e ao final, faremos as devidas aplicações, com o objetivo de sermos fortalecidos pelo Senhor, a fim de resistir no momento da tentação.

I. ANÁLISE TEXTUAL
                                                                 
Jesus foi conduzido – anago, se encontra na voz passiva – para o deserto – pelo Espírito – pneumatos – a fim de ser tentado – peirasthenai – mais uma vez na voz passiva – pelo diabo. No texto está escrito que isso aconteceu após o jejum – nesteusas, ter jejuado - de Jesus – por quarenta noites e quarentas dias, e que Ele estava faminto – epeinasen, teve fome. Então, veio até Ele o tentador – peirazon, aquele que tenta ou coloca a pessoa sob teste ou provação. E esse abordou o Senhor, e se aproximando – proselthon – disse: se – ei – partícula condicional – és o Filho de Deus – ordene – eipe, no imperativo – que essas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu dizendo: está escrito – gegraptai – não só de pão viverá – zesetai – o homem, mas de toda (ou cada) palavra – rhema – que vem através – dia – boca de Deus. Em seguida, o diaboo conduziu – paralambanei auton – para a Cidade Santa – ten hagian polin – colocando-o sobre o pináculo – prerugion – do templo – tou ieron. E disse a Ele: Se é Filho de Deus, lança a te mesmo – bale seauton – daqui abaixo, porque (ou como) está escrito – gegraptai – pois aos seus anjos, mesnageiros – angelos – ordenará – enteleitai – a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces – proskopses – em pedra. Disse-lhe Jesus: está escrito – gegraptai – não colocarás em teste – ekpeiraseis – testarás, provarás, tentarás – o Senhor, teu Deus.  Novamente, o tomou – paralambanei – o diabo a um monte muito alto, e mostrou-lhe – deiknusin autô – todos os reinos da terra – pasas tas basileias tou kosmou, e a glória deles – then doxan auton. E disse-lhe: tudo isto te darei – dôsô – se – ean – te prostares – pesôn – e me adorares – proskuneô moi. Então, disse Jesus a ele, vai-te, saia daqui, parta agora – hupage – Satanás, pois está escrito – gar gegraptai – o Senhor teu Deus somente adorarás – proskuneseis – e a Ele somente servirás – latreuseis. Então, o diabo o deixou, e os anjos – angeloi, mensageiros – vieram e o serviram – diekonoun autô.

II. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

Jesus foi conduzido pelo Espírito ao longo da sua vida, na verdade Seu ministério desenvolveu-se na direção do Espírito Santo. De igual modo, Seus seguidores devem viver na dependência desse mesmo Espírito (Gl. 5.16-18). No caso em foco, o Espírito o levou para ser tentado, que em grego é peirazo, palavra que tanto pode significar provar, quanto testar, ou mesmo tentar. É nesse contexto que Tiago afirma que Deus aninguém tenta (Tg. 1.13), ainda que use as circunstâncias para provar o caráter das pessoas (Hb. 11.17). A esse respeito, é importante considerar que a mesma palavra em grego é usado, por isso a dependência do contexto é necessária, para uma interpretação apropriada. Jesus foi tentado pelo diabo, que em grego é o acusador, com destaque para o artigo definido, portanto, não se trata de um tentador qualquer, mais de um diabo específico (v. 1). Jesus havia jejuado por quarenta dias e quarenta noite, uma experiência alusiva aos 40 anos que Israel esteve peregrinando, e sendo provado pelo deserto (Dr. 8.2-3), de igual modo, Moisés jejuou e orou por 40 dias e noites em duas ocasiões (Ex. 24.18; 34.28; Dr. 9.9-25; 10.10). O evangelista afirma que Jesus apenas teve fome, não diz que ele tenha tido sede, há quem diga, com base nessa declaração, que Jesus o jejum foi apenas de comida, mas não de água (v. 2). Jesus era e é o Filho de Deus, mas o objetivo do diabo é o de sempre questionar as verdades divinas, por isso questiona com um “se” (v. 3). Desde o princípio, Satanás pretende fazer com que as pessoas se distanciem dos parâmetros divinos, fazendo suas próprias vontades, ao invés da vontade de Deus (Gn. 3). A declaração “está escrito” aparece várias vezes nesse texto, demonstrando, assim, que a base para a vitória de Jesus sobre Satanás era as Escrituras (v. 4). Na verdade, o Senhor mais uma vez fazia referência a Israel, que foi provado ao longo do deserto, tendo tido fome, e recebendo a provisão divina, com o maná do céu (Dt. 8.2). Em seguida, o diabo o leva até o pináculo do templo, na cidade santa que é Jerusalém, esse era o Templo erigido por Herodes (v. 5). O Senhor declara outra vez: “está escrito”, quando o diabo tenta usar as Escrituras contra o próprio Deus. É preciso ter cuidado, pois Satanás conhece as Escrituras, e pode distorcê-las, a fim de realizar seus intentos (v. 6,7). Há pessoas que utilizam as Escrituras para satisfazer suas vontades, recorrendo a textos descontextualizados, sem atentar para as regras de interpretação. O objetivo do diabo era fazer com que Jesus se prostrasse aos seus pés e o adorasse, prometendo entregar a Cristo todos os reinos do mundo. Na verdade, o mundo jaz no maligno, o diabo é o príncipe deste século, fazer com que Jesus fugisse da cruz era o intento do inimigo, mas não existe glória antes de se passar pela cruz (v. 9,10). Por fim, depois de Jesus ter resistido, por meio da Palavra de Deus (Tg. 4.7; I Pe. 5.9), os anjos vieram para servi-lo.

III. APLICAÇÃO TEXTUAL

A tentação é algo real, e acontece por diversas razões, uma delas é por causa da natureza pecaminosa. Ser tentado não é pecado em si, apenas se através da tentação, o pecado for concretizado. Jesus nos ensinou a orar, pedindo para que o Pai não permitisse que caíssemos em tentação. A tentação vem através dos sentidos, Eva foi seduzida porque olhou para o fruto, e percebeu que esse era desejável para comer (Gn. 3.6). A concupiscência dos olhos e a soberba da vida tem conduzido muitas pessoas à ruína espiritual (I Jo. 2.16,17). A tentação e a vitória de Jesus servem de instrução para todos aqueles que querem vencer o pecado. Inicialmente, devemos atentar para a Palavra de Deus, essa deve ser nosso fundamento de fé e prática. Mas também é preciso ter cuidado, pois o próprio Satanás pode citar indevidamente as Escrituras. E mais, devemos permanecer atentos às suas investidas, sobretudo aos seus questionamentos, quando coloca dúvidas em nossas mentes, a respeito da nossa filiação divina, e do nosso relacionamento com Deus. Ele também deseja espetáculo, que usemos o evangelho a fim de chamar a atenção das pessoas, isso pode acontecer por meio de crenças triunfalistas, pessoas que querem antecipar o reino de Deus, e transformar os governos terrenos em celestiais. Há quem acredite em um evangelho sem sofrimento, apenas de prosperidade financeira, mas isso não tem qualquer respaldo bíblico. É paradoxal que tudo aquilo que Jesus rejeitou na sua tentação esteja seduzindo a igreja dos tempos modernos. A alternativa para o cristão sincero, que está fundamentado na Palavra de Deus, é resistir as propostas de Satanás, e mais que isso, ordenar para que esse se afaste de nós. A vitória sobre a tentação passa pelo caminho da renúncia, pela negação das nossas vontades, para que estejamos de acordo com a Palavra de Deus, sejamos verdadeiros discípulos de Cristo (Mt. 16.24).

CONCLUSÃO

Somos testados e provados continuamente, Deus permite que Satanás, que é o deus deste século nos prove (II Co. 4.4), mas a vitória sobre as tentações é uma oportunidade para crescermos na fé. Sejamos, pois, firmes na Palavra de Deus, e cientes que nenhuma provação é maior do que possamos suportar, mas isso porque Deus nos dá o escape, pelo Espírito Santo que nos dá vitória, para andarmos em Cristo, e sermos feitos conforme a Sua imagem.

José Roberto A. Barbosa
Disponível no Blog subsidioebd.blogspot.com

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Há certo paralelismo entre os quarenta anos da peregrinação de Israel no deserto e os quarenta dias e as quarenta noites em que o Senhor Jesus jejuou no lugar ermo. A diferença é que Israel não passou no teste, e Jesus foi o vitorioso sobre Satanás. Esses dois cenários têm a ver com nossas escolhas e atitudes na jornada de nossa vida espiritual.
 Tentação É um desejo violento da alma humana a fazer algo que pode ser certo ou errado. Do latim temptatio ou tentatio, ataque, tentativa; é o ato ou efeito de tentar; movimento interior que nos instiga a fazer o mal; apetite, desejo violento. Deus nos criou com um coração que tem desejos (Sl 37.5), depois da queda, este coração deseja o que é contrário a Deus e à Sua Palavra. Moisés foi o líder durante toda a peregrinação de Israel no deserto por 40 anos. Nos relatos de Êxodo e Deuteronômio podemos ver a dureza de coração e a incredulidade do povo de Israel, que mesmo experimentado portentosas demonstrações de poder de YHWH, quando graciosamente foram libertos sob Moisés, com sinais e prodígios (pragas e abertura do Mar Vermelho), não hesitavam em olhar para traz e pecar contra Deus. Moisés liderou esse povo de ‘dura cerviz’ ao Monte Sinai onde Deus lhes deu a Lei com grandes demonstrações de poder (fogo, trovões, sonido), e do Sinai, levou-os à entrada da terra prometida. O autor da carta aos Hebreus destaca a fidelidade de Moisés na condução do povo bem como para com Deus, mas como servo. Agora, ele nos faz ver que Cristo é superior a Moisés, porque ele é Filho, o Filho de Deus, o Criador de todas as coisas. O Novo Testamento está recheado de referências falando sobre que Cristo é efetivamente Filho de Deus. Aliás, ele é o Filho Unigênito de Deus em essência, porque não foi gerado por um homem, mas pelo Espírito Santo de Deus. “Com referência a Nm 12.7Moisés e Cristo são comparados quanto à finalidade e contrastados quanto à honra. Embora privilegiado para falar face a face com Deus e ver a sua forma (Nm 12.8), Moisés era apenas um     ‘servo’ na casa de Deus (v. 5). Cristo, porém, como agente da Criação (1.2,10), merece a honra como o Construtor divino de todas as coisas e ‘como Filho, em sua casa’ (v. 6).” (Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Nota textual Hebreus 3.2-6. Pág. 1466.) Assim, é garantida nossa chegada à Canaã Celestial, pois Cristo não foi apenas o enviado com uma missão, mas o enviado para a religião cristã! ‘Confissão’ em 3.1 é uma metonímia, a coisa professada, isto é, Jesus a quem professamos. Hebreus 4.14 tem um uso semelhante da palavra, porque os leitores são ordenados a conservarem firme a sua confissão, mais uma vez com referência a Jesus como Sumo Sacerdote. – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé cristã!

I. A TENTAÇÃO
                                                                 
Os termos “tentação” e “tentar” na Bíblia aplicam-se tanto no campo secular como no campo religioso. Vamos analisar o assunto partindo dos significados e sentidos dessas palavras, levando em consideração o contexto das várias passagens bíblicas.

1. A provocação de Refidim. O substantivo “tentação” significa literalmente “teste, provação, instigação”. Na contenda paradigmática de Refidim, no deserto, temos o significado dessa palavra: “E chamou o nome daquele lugar Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel, e porque tentaram ao SENHOR, dizendo: Está o SENHOR no meio de nós, ou não?” (Êx 17.7). O vocábulo hebraico massá significa “tentação”, e meribá quer dizer “contenda”. Os israelitas estavam testando o próprio Deus. A Septuaginta traduz massá por peirasmós, “tentação”, a mesma palavra usada no Novo Testamento grego. O enfoque do termo aqui é sobre a ideia de instigação ou sedução para o pecado (Mt 6.13; 26.41).
Massah significa tentativa, ou tentação, sendo formada a partir da raiz usada em  Ex 17.2 "Por que você tentam o Senhor?"; Meribah significa discussão, "lutar" ou "contender". O nome de Meribá foi dado também ao lugar onde a água foi novamente produzida milagrosamente por Moisés golpeando a rocha ( Nm 20.13). De 1 Coríntios 10.4, aprendemos que esta rocha era um tipo de Cristo, e a bebida deles é representada como tornando-se participantes da graça e misericórdia de Deus por meio de Cristo Jesus; e ainda muitos que beberam caíram e pereceram no deserto no próprio ato da desobediência! Esta rocha tipificava o próprio Cristo, e é, portanto, chamada de rocha espiritual (Gl 3.1), dele flui a bebida espiritual com a qual todos os corações crentes são renovados (Jo 7.37; Is 53.1-3). No livro de Êxodo, capítulo 17, é citado como sendo um lugar, situado no deserto de Sim, a caminho para o monte Horebe. Recebeu estes nomes, após terem acampado ali os israelitas. O lugar é muito seco, sem fontes de água, por esse motivo, "murmuraram e contenderam contra Moisés" (v.2)

2. A experiência de Massá e Meribá. Ninguém deve testar a Javé, o Deus de Israel, pois o nosso dever é obedecê-lo (Dt 6.16). O que aconteceu nessa contenda teve a reprovação divina, de modo que serviu como um paradigma daquilo que não se deve fazer (Sl 95.8,9). Testar Deus é questionar sua fidelidade no pacto e duvidar de sua autoridade (Sl 78.41,56). Entendemos que tentar o Criador reflete a nossa descrença nEle, e a Bíblia é contra essa prática (Is 7.12; At 15.10).
O Senhor, citando Dt 6.16, nos ordena: “Não tentarás o Senhor, teu Deus”. Não devemos colocar Deus à prova, nem desafiá-lo ou provocá-lo. Os israelitas quando peregrinavam pelo Sinai, por diversas vezes, tentara, a YWHW:
- Quando pediram carne em lugar do maná (Nm 11.4-6; Sl 78.18);
- Quando pediram água no deserto (Ex 17.1-7);
- Quando reclamaram do caminho escolhido por Deus (Nm 21.4-7; 1 Co 10.9).
Quando é que tentamos a Deus e o desagradamos intensamente:
a) Quando estamos provocando a Deus (Sl 95.9). Os israelitas não quiseram o que Deus lhes deu, mas queriam algo do seu gosto (Sl 78.17,18; Hb 3.8-11). Deus lhes deu o pão de cada dia, mas eles o consideraram “pão vil” (Nm 21.5). A Bíblia o chama trigo do céu; pão dos poderosos (Sl 78.24,25), pão do céu (Ex 16.4; Jo 6.31), manjar espiritual (1 Co 10.3), mas eles estavam totalmente insatisfeitos pela alimentação gratuita e contínua que recebiam do céu. Devemos estar contentes com o que temos recebido de Deus (1 Tm 6.8; Hb 13.5,6). O que Deus nos deu não é o bastante? Estamos descontentes com o Seu cuidado?
b) Quando estamos duvidando de Deus (Ex 17.7; Sl 78.19,41; 106.12-14). Israel duvidava se Deus estava ou não com eles, apesar de tudo o que Deus já fizera no Egito e no deserto. Como alguém poderia duvidar da presença divina, se tinham constantemente uma coluna de nuvens diariamente a acompanhá-los e garantir-lhes sombra no deserto? Como duvidaram que Deus estava com eles, quando tinham todas as noites uma coluna de fogo para iluminar e prover calor contra o frio noturno? Assim também agiram os judeus em relação a Jesus (Mt 16.1). Eles duvidaram do que Deus poderia fazer. Até mesmo Moisés questionou o poder de Deus (Nm 11.18-23). Nunca devemos duvidar do que o Senhor pode fazer (2 Rs 7.1,2), pois Ele é o Deus todo-poderoso (Gn 17.1; Mt 19.26; Lc 1.37; Gn 18.14). Cremos que Deus pode fazer tudo? Que nada está fora do Seu controle? Que Ele está conduzindo o Seu plano maravilhoso e nada poderá frustrá-lo? Sim, podemos.
c) Quando estamos querendo forçar a agir sobrenaturalmente e não queremos agir naturalmente. Quando deixamos de fazer o que podemos e queremos que Deus faça algo para mostrar que somos especiais, filhos dEle. Deus não faz aquilo que podemos fazer com nossas próprias mãos. Ele não desperdiça milagres. Deus ressuscita Lázaro, mas não tira a pedra (Jo 11.39); ressuscita a filha de Jairo, mas não lhe dá comida (Mc 5.43); multiplica os pães, mas não recolhe os pedaços que sobraram (Jo 6.12); dá vista ao cego, mas não lava seu rosto no tanque (Jo 9.7). Como Deus trabalha para mostrar Seu pode e receber a glória que lhe é devida, Ele não faz aquilo que o homem comum pode fazer –alguém diria que foi Deus quem fez? Entretanto, quando Ele faz algo que é impossível ao homem, que todos dizem: Só Deus pode fazer, Ele é glorificado. Tentamos a Deus desta maneira quando compramos o que não podemos pagar e queremos que Ele pague. Quando nos comprometemos sem buscar a vontade de Deus e queremos que Ele nos honre. Quando “forçamos a porta” para sermos enviados para um lugar e depois queremos que o Senhor aja como se Ele nos tivesse enviado.” (ESTUDOSGOSPEL)

3. Como um teste. Isso é muito comum no Antigo Testamento (1Rs 10.1). O exemplo clássico é a passagem do sacrifício de Isaque: “E aconteceu, depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão” (Gn 22.1). A finalidade disso é revelar ou desenvolver o nosso caráter (Êx 20.20; Jo 6.6). O hebraico aqui para “tentou” é nissá, que tem o sentido de testar, experimentar, usado para pesquisas científicas hoje em Israel. A Septuaginta traduziu por peirazo, de onde vem o substantivo peirasmós, que aparece no Novo Testamento com a mesma ideia de teste: “e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são” (Ap 2.2). O Novo Testamento emprega o termo também com ideia de tentativa (At 16.7; 24.6).
Deus tentou a Abraão, ou provou-o, para mostrar ainda mais sua fé e obediência; que é o único sentido em que Deus pode supostamente tentar suas criaturas. O escritor aos Hebreus nos dá um bom comentário sobre essa passagem, assegurando-nos que Abraão prontamente obedeceu à ordem Divina, como tendo uma fé inquestionável, que Deus seria capaz de ressuscitar seu filho, mesmo dentre os mortos; aquele filho que nasceu tão milagrosamente dos mortos; e quem era o herdeiro da promessa, o patriarca não poderia ter dúvidas, mas que Deus, de alguma forma, restauraria sua vida, se achasse adequado assim tirá-la. Nessa confiança, ele alegremente obedeceu ao mandamento Divino.
Deus tentou Abraão. - Heb., provou-o, colocou sua fé e obediência à prova. Durante vinte e cinco anos, o patriarca perambulou na Palestina e viu o cumprimento da promessa perpetua diferida, e ainda assim a fé não falhou. Por fim, nasceu o herdeiro há muito desejado e, exceto a dolorosa dor de se separar com Ismael, tudo correu bem com ele, e parecia pressagiar uma velhice calma e feliz. Ele estava em paz com seus vizinhos, tinha uma possessão silenciosa de amplo pastoreio para o seu gado, sabia que Ismael era próspero e viu Isaque se aproximando rapidamente da propriedade do homem (Gn 22.12). No meio disso, no entanto, desta tarde tranquila de seus dias veio o julgamento mais severo de todos; pois ele recebeu a ordem de sacrificar seu filho. O julgamento foi duplo. Pois, primeiro, o sacrifício humano era abominável para a natureza de YWHW, e o dever claro de Abraão seria provar a ordem. Será que tal ação realmente poderia ser encarregada de Deus por Deus? Agora, nenhuma prova subjetiva seria suficiente. Em tempos posteriores, muitos israelitas foram movidos por um fanatismo religioso profundo para dar a seus primogênitos na esperança de apaziguar a ira de Deus em seu pecado (Mq 6.7); Mas em vez de paz trouxe apenas uma condenação mais profunda sobre sua alma. Se Abraão tivesse sido movido apenas por um impulso interno e subjetivo, sua conduta teria merecido e se encontrou com uma condenação semelhante. Mas quando, após o exame, ficou convencido de que o comando veio de fora dele e do mesmo Deus com quem, em ocasiões anteriores, ele tinha tantas vezes conversado, então os antecedentes de sua própria vida exigiam-lhe a obediência. Mas mesmo quando satisfeito com isso, houve, em segundo lugar, o julgamento de sua fé. Uma ordem que ele testou, não apenas subjetivamente pela oração, mas objetivamente em comparação com a maneira de revelações anteriores, ordenou-lhe com sua própria mão destruir o filho em quem "sua semente deveria ser chamada". Seu amor por seu filho, sua fé anterior na promessa, o valor e o valor religioso de Isaque como os meios designados para a benção de toda a humanidade - e, além disso, ficaram dispostos ao comando. Mas Abraão, apesar de tudo, obedeceu, e proporcionalmente à grandeza do julgamento foi a grandeza da recompensa. Até essa altura, sua fé tinha sido comprovada por paciência e resistência, mas agora ele foi convidado a destruir o fruto de tantos anos de espera paciente (Hb 11.17-19), e, assegurou que a ordem veio de Deus, ele não vacilou. Assim, pelo julgamento, sua própria fé foi perfeita, e também para Isaque houve bênção. Conforme o tipo de Cristo, ele se submeteu à vontade de seu pai, e a vida que lhe foi restaurada foi doravante dedicada a Deus. Mas havia um propósito mais elevado na ordem do que o bem espiritual desses "dois santos". O sacrifício tinha por objeto a instrução de toda a Igreja de Deus. Se o ato não possuísse um valor típico, teria sido difícil conciliar com nossas consciências uma ordem que poderia parecer, pelo menos indiretamente, ter autorizado sacrifícios humanos. Mas havia nela a manifestação do mistério do Pai que deu ao Filho para morrer pelos pecados do mundo; e ali está tanto o valor quanto a justificação da conduta de Abraão e do comando Divino” (Elicott. XXII. A OFERTA DE ISAAC EM MOUNT MORIAH).

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Estude bem as passagens bíblicas que narram a história da provocação de Refidim a fim de contar aos alunos com riquezas de detalhes. Essa história servirá de base para você trabalhar o conceito de “tentação”. É preciso, desde o início da aula, deixar claro que o propósito do encontro desta semana é prevenir as consequências das tentações. Nesse caso, a tentação conforme a provocação de Refidim é de caráter contencioso. Onde a contenda e a confusão são o objeto da tentação. Por certo essa é uma excelente oportunidade de você trabalhar com a classe os princípios de “moderação”, “mansidão” e “domínio próprio”. Uma excelente aula!

II. A TENTAÇÃO DE JESUS

A tentação de Jesus no deserto é o primeiro acontecimento registrado de sua história depois do batismo por João Batista no rio Jordão. Era de se esperar que aquele que veio “para desfazer as obras do diabo” (1Jo 3.8) enfrentasse a reação de Satanás. O Inimigo de nossa alma decide lutar por sua causa. É que a chegada do Salvador alvoroçou todo o reino das trevas.
 A tentação é uma realidade com a qual todo crente, em algum momento, irá se deparar. Não existe ninguém que seja imune à tentação, pois até mesmo Jesus, o homem perfeito, foi tentado! A resposta à tentação não é, portanto, negá-la, mas enfrentá-la à luz da Palavra de Deus. Neste tópico iremos aprender como Jesus enfrentou a tentação e derrotou Satanás. Veremos a sutileza do Diabo em tentar o Filho de Deus em um momento de extrema carência e necessidade física, e como o Filho do Homem o derrotou ao dizer “não” a cada uma de suas propostas. Por fim, destacaremos que a vitória de Jesus é também a nossa.

1. Levado ao deserto (v.1). O deserto é um lugar onde os seres humanos percebem a grandeza de Deus e a fragilidade humana; é um lugar de profundo silêncio para meditação e oração, onde há vastidão de espaço para ouvir a voz de Deus. Foi no deserto que grandes homens de Deus foram preparados para o serviço sagrado, como Moisés (At 7.30-33) e Elias (1Rs 19.4-10). O termo “deserto” nessa passagem não é suficiente para determinar o lugar exato em que Jesus suportou os quarenta dias de jejum e tentações. Mas há concordância entre muitos estudiosos de que se trata de uma parte despovoada da Judeia, onde João Batista iniciou o seu ministério. A tradição posterior indica o monte da Quarentena a oeste de Jericó, onde foi construída na encosta da montanha uma igreja no século VI.
Por que o Espírito Santo impeliu Jesus ao deserto para ser tentado? Qual era o propósito? Que Deus tinha um propósito ao permitir que Jesus fosse tentado no deserto é evidente pela declaração "foi levado pelo Espírito ao deserto". Uma finalidade é assegurar-nos de que temos um sumo sacerdote capaz de Se relacionar conosco em todas as nossas debilidades e fraquezas (Hebreus 4.15) porque Ele mesmo foi tentado em todos os pontos nos quais também somos. A natureza humana do Nosso Senhor permite que Ele compreenda as nossas próprias fraquezas por ter sido submetido à fraqueza também. "Porque, tendo em vista o que ele mesmo sofreu quando tentado, ele é capaz de socorrer aqueles que também estão sendo tentados" (Hebreus 2.18). A palavra grega traduzida "tentado" aqui significa "pôr à prova". Então, quando somos colocados à prova e testados pelas circunstâncias da vida, podemos ter certeza de que Jesus entende e se solidariza como alguém que sofreu as mesmas provações. O Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal (CPAD), sobre a expressão “foi tentado”, afirma: “descreve uma ação contínua; Jesus foi tentado constantemente durante os quarenta dias. O Espírito levou Jesus ao deserto onde Deus pôs Jesus à prova - não para ver se Jesus estava pronto, mas para mostrar que Ele estava preparado para a sua missão. Satanás, no entanto, tinha outros planos; ele esperava distorcer a missão de Jesus tentando-o para fazer o mal. Por que era necessário que Jesus fosse tentado? A tentação faz parte da experiência humana. Para que Jesus fosse completamente humano, Ele tinha que enfrentar a tentação (veja Hb 4.15). Jesus tinha de desfazer o que Adão tinha feito. Adão, embora criado perfeito, cedeu à tentação, e assim o pecado entrou na raça humana. Jesus, o segundo Adão, por outro lado, resistiu a Satanás. A sua vitória oferece a salvação aos descendentes de Adão (veja Rm 5.12-19). Durante estes quarenta dias, Jesus não comeu coisa alguma, de modo que ao final Ele teve fome. A condição de Jesus como Filho de Deus não tornava o seu jejum mais fácil; o seu corpo físico sofria a fome severa e a dor de estar sem alimento. As três tentações registradas aqui ocorreram quando Jesus estava na sua condição física mais enfraquecida” Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 341.
O deserto é um lugar desconfortável, severo e agressivo. Era o deserto de Jericó, um lugar ermo, cheio de montanhas e cavernas, de areia escaldante durante o dia e frio intenso durante a noite. O deserto era lugar de solidão. Os grandes homens caíram não em lugares ou momentos públicos, mas na arena da solidão e nos bastidores dos lugares secretos. O deserto é o lugar das maiores provas e também das maiores vitórias. O deserto é o campo de treinamento de Deus. O texto nos diz que o Senhor esteve no deserto por 40 dias e 40 noites. O número 40 é o número da provação. Quarenta dias durou o dilúvio (Gn 7.12), o jejum de Moisés no Sinai (Êx 34.28), a caminhada de Elias até o Horebe (1Rs 19.8). Quarenta anos Israel permaneceu no deserto (Sl 95.10). Israel esteve 400 anos no Egito, isso é 40×10. Quarenta dias e quarenta noites Jesus foi tentado por Satanás no deserto. Em Marcos 1.12,13 nos diz assim: “E logo o Espírito o impeliu para o deserto, onde permaneceu quarenta dias, sendo tentado por Satanás; estava com as feras, mas os anjos o serviam”.” (NAPEC)

2. Sobre o jejum de Jesus (v.1). Segundo a narrativa de Mateus, Jesus jejuou “quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome”. Só mais dois personagens bíblicos praticaram um jejum tão prolongado de quarenta dias, Moisés e Elias, mas isso aconteceu em situações específicas (Êx 34.28; Dt 9.9,11; 1Rs 19.8). Isso mostra que esse tipo de jejum (quarenta dias e quarenta noites) não é doutrina da Igreja. Lucas afirma que Jesus, “naqueles dias, não comeu coisa alguma, e, terminados eles, teve fome” (Lc 4.2). O verbo grego, nesteuou, “jejuar”, significa literalmente “abster-se de alimento.
Jejum é restrição dos apetites da alma e do corpo, para uma busca mais intensa da face de Deus. Essa restrição inclui a abstenção de alimentos sólidos e líquidos, e quaisquer outras formas de apetites legítimos. Jejuar é por Deus em primeiro lugar, em se tratando dos nossos apetites. Nesse momento no qual Jesus se preparou para os primeiros passos no seu trabalho público, o diabo o viu como vulnerável. Jesus até aumentou a vantagem de Satanás quando passou por quarenta dias de jejum: “Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome” (Lc 4.2). As tentações apelaram a diversos aspectos da pessoa e sua circunstância. Jesus estava com fome, então o diabo lhe ofereceu uma maneira para satisfazer sua fome: “Se és o Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão” (Lc 4.3).
A prática do jejum é da vontade de Deus. O crente não necessita de nenhuma revelação especial de Deus, ou motivo de força maior para poder jejuar, porque a Bíblia já indica que essa é a vontade de Deus. A duração do jejum e sua frequência depende de cada pessoa que jejua. Essas coisas não devem ser obrigatórias, do contrário o jejum pode tornar-se mera formalidade (Zacarias 7.5). Esta prática deve sim, acompanhar a vida cristã também deve ser acompanhada e orientada para evitar-se exageros e suas consequências.

3. Como a tentação aconteceu (v.3a). Está claro que Satanás se apresentou a Jesus de forma visível, mas os detalhes são desconhecidos. Essa tentação foi literal, e isso se evidencia pelos detalhes da própria narrativa. Rejeitamos, pois, a ideia de uma tentação subjetiva, simbólica ou visionária. Com certeza, Jesus mesmo contou essa experiência aos seus discípulos.
Mas como seria possível Jesus ser tentado? William Hendriksen esclarece sobre esse fato em sua obra Comentário do Novo Testamento (Cultura Cristã): “Em nossa tentativa de responder a essa pergunta devemos antes de mais nada observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. Jesus não só era Deus; ele era também homem. Além do mais, sua alma não era dura como uma pederneira nem fria como um bloco de gelo. Era uma alma plenamente humana, profundamente sensível, afetada e comovida pelos sofrimentos de todo gênero. Foi Cristo quem disse: “Tenho um batismo com o qual hei de ser batizado; e como me angustio até que o veja concretizado” (Lc 12.50). Jesus foi capaz de expressar carinho (Mt 19.13, 14), compaixão (Mt 23.37; Jo 11.35), piedade (Mt 12.32), ira (Mt 17.17), gratidão (Mt 11.25) e profundo anseio pela salvação dos pecadores (Mt 11.28; 23.37; Lc 15; 19.10; Jo 7.37) para a glória do Pai (Jo 17.1-5). Sendo não só Deus mas também homem, ele sabia o que era estar cansado (Jo 4.6) e sedento (4.7; 19.28). Portanto, realmente não deveria surpreender-nos que, depois de um jejum de quarenta dias, ele sentisse muita fome, e que a proposta de converter pedras em pães se constituía numa tentação bem real para ele, tanto mais sabendo que estava revestido do poder para fazer milagres! Não obstante, não deixa de ser verdade que a possibilidade e realidade da tentação de Cristo vai além de nossa compreensão. Mas não é esse um fato em relação a cada doutrina? O que sabemos realmente sobre nós mesmos, sobre nossa alma e a interação que existe entre alma e corpo? Pouco, aliás, bem pouco! Como poderíamos, pois, penetrar nas profundezas da alma de Cristo e analisá-la suficientemente a fim de fornecer uma explicação psicológica absolutamente satisfatória de suas tentações?” HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Lucas I. Editora Cultura Cristã. pag. 315-316. Jesus, como homem, exibia elevadíssima espiritualidade. Suas qualidades espirituais não eram automáticas, mas resultavam de uma luta muito intensa, através da vitória sobre o pecado, diante do qual, jamais cedeu. Entrementes, ele desenvolveu elevadas virtudes morais positivas. (Veja Gálatas 5.22,23, quanto a essas virtudes). Assim sendo, Jesus foi o Pioneiro do caminho, tendo-nos mostrado, como devemos desenvolvermos espiritualmente, através da dedicação absoluta. Jesus possuía nosso tipo de natureza, juntamente com as suas fraquezas. Não obstante, triunfou!

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

É importante termos uma ideia bem clara acerca da depravação total, pois a doutrina nos ajuda a compreender a luta interna no processo da tentação. Por isso, leia o seguinte texto, objetivando ter tal consciência: “A atual condição espiritual da humanidade, considerada à parte da graça de Deus, é adequadamente descrita como tenebrosa e desanimadora. Com certeza, Wesley, em sua doutrina do pecado original, emprega o que só pode ser descrito como ‘superlativos negativos’ para demonstrar o total abismo moral e espiritual em que a humanidade decaiu. Ele comenta: ‘O homem, por natureza, é repleto de todo tipo de maldade? É vazio de todo bem? É totalmente caído? Sua alma está totalmente corrompida? Ou, para fazer o teste ao contrário, ‘toda imaginação dos pensamentos de seu coração [é] só má continuamente’? Admita isso, e até aqui você é um cristão. Negue isso, e você ainda é um pagão” (COLLINS, Kenneth. Teologia de John Wesley: O Amor Santo e a Forma da Graça. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.97).
III. A TRÍPLICE TENTAÇÃO

Mateus e Lucas registraram as três últimas investidas de Satanás contra Jesus, e elas foram o ápice dessas tentações. Na verdade, Jesus foi tentado em todos os quarenta dias: “quarenta dias foi tentado pelo diabo” (Lc 4.2). E continuou sendo tentado durante todo o tempo de seu ministério (Lc 22.28; Hb 4.15).
A partir da tentação de Jesus podemos compreender o que significa a tentação para nós. Há na Bíblia duas grandes histórias de tentação. No começo da história sagrada há a tentação dos nossos primeiros pais, Adão e Eva (Gn 3); mais adiante a narrativa da tentação de Jesus (Mt 4.1-11; Mc 1.12,13 e Lc 4.1-13).
Após Seu batismo, Jesus foi "levado pelo Espírito ao deserto, onde, durante quarenta dias, foi tentado pelo diabo" (Lucas 4:1-2). As três tentações de Jesus no deserto foram um esforço de seduzir e transferir a Sua fidelidade de Deus a Satanás. Vemos uma tentação semelhante em Mateus 16:21-23 onde Satanás, através de Pedro, tenta Jesus a renunciar a cruz à qual estava destinado. Lucas 4:13 nos diz que após as tentações no deserto, Satanás "o deixou até ocasião oportuna", o que aparenta indicar que Jesus foi tentado outras vezes por Satanás, embora novos incidentes não sejam registrados. O ponto importante é que, apesar de várias tentações, Ele nunca pecou” (GOTQUESTIONS)

1. A primeira das três últimas tentações (v.3b). O objetivo dessa investida diabólica era incitar Jesus a usar seus poderes em benefício próprio. A declaração pública do próprio Deus a respeito de Jesus, “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17), indica que isso era do conhecimento de Satanás. Mas, mesmo assim, ele desafiou Jesus quanto à sua identidade: “Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães”. À semelhança de Eva, esse pecado consistia em satisfazer o apetite físico com algo lhe fora proibido.
A tentação de Jesus se repete, na verdade, o padrão da tentação dos nossos primeiros pais (Gn 3.6; 1Jo 2.15,16 e Mt 4.1-11). A primeira tentação diz respeito à concupiscência da carne (Mt 4.3-4), a qual inclui todos os tipos de desejos físicos. O Nosso Senhor teve fome, e o diabo o tentou a transformar pedras em pão, mas Ele respondeu citando Deuteronômio 8.3. Perceba que Satanás usou a fraqueza da carne como a primeira tentativa, pois ele sabia que Jesus estava fisicamente debilitado após o período de jejum. Em outras palavras, o que ele disse foi o seguinte: “É justo o filho de Deus passar fome?”. Mas Jesus venceu o tentador com a seguinte resposta (Mt 4.4). O intento de Satanás de levar Jesus transformar pedras em pães era maior que um apelo à fome. Havia a sugestão de evitar a cruz, tornando-se um reformador social popular. Isso quase ocorreu quando Jesus multiplicou os pães e os peixes em Jo 6. Mas veja o resultado da multiplicação e o que o Senhor Jesus fez: “Vendo, pois, os homens o sinal que Jesus fizera, disseram: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo. Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte” (Jo 6.14,15).

2. A segunda tentação (v.5). Aqui, o objetivo de Satanás é induzir o Senhor Jesus a tentar o Pai e persuadi-lo a um ato de vaidade. A “Cidade Santa”, para onde Jesus foi transportado, é Jerusalém (Ne 11.1; Is 52.1). Satanás incita Jesus a jogar-se do pináculo do templo abaixo usando o texto de Salmos 91.11,12. Essa passagem refere-se a alguém que confia em Deus e, por isso mesmo, ao próprio Senhor Jesus. Ter a proteção divina, conforme as promessas desse salmo, é muito diferente de tentar a Deus. A proposta de Satanás era para Jesus testar Deus, algo que as Escrituras proíbem (Êx 17.2-7).
A segunda tentação foi acerca da soberba da vida (Mt 4.5-7), e aqui o diabo tentou usar uma passagem da Escritura contra Ele (Sl 91.11-12), mas novamente o Senhor respondeu com a Escritura em sentido contrário (Dt 6.16), afirmando que seria errado abusar de Seus próprios poderes. A segunda tentação foi de ordem espiritual e psicológica (Orgulho) (Mt 4.5-7). Esta segunda tentação está ligada a primeira, pois Jesus disse que confiava plenamente no Pai, então Satanás habilmente usa a própria palavra de Deus contra Jesus para tentar induzi-lo a se jogar do pináculo do templo para que o Pai o amparasse. E para isso ele cita o Salmo 91.12. Satanás sugere a Jesus a provar a Sua fé em Deus, submetendo Sua promessa a um teste, isso não passava de um grande sofisma. Jesus rebate o sofisma de Satanás usando de outro texto não fora de contexto, mas de forma correta. Jesus fala do que os Israelitas fizeram tentando o Senhor em Massá (Êx 17.6, Dt 6.16), pois quando faltou água eles começaram a perguntar se o Senhor estava no meio deles (Êx 17.7).

3. A terceira tentação (v.8). Esse último ataque consistia em induzir Jesus a se apoderar do domínio do mundo por meios ilícitos. Como disse um grande comentarista dos Evangelhos: “A concessão era pequena; a oferta, grande”. Teria Satanás o controle do mundo a ponto de oferecê-lo a quem desejasse? Jesus não discutiu sobre essa reivindicação do Diabo. O Novo Testamento mostra que Satanás é “o deus deste século” (2Co 4.4); “o príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2); “os príncipes das trevas deste século, […] as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12) e “todo o mundo está no Maligno” (1Jo 5.19). Mas Satanás não tem nada para ninguém; tudo não passa de mera aparência e engano.
A terceira tentação foi acerca da concupiscência dos olhos (Mt 4.8-10), e se algum atalho ao Messias fosse possível, evitar a paixão e crucifixão para as quais Ele originalmente veio seria a forma. O diabo já tinha o controle sobre os reinos do mundo (Ef 2.2), mas estava pronto a dar tudo a Cristo em troca de Sua lealdade. O mero pensamento quase causa a natureza divina do Senhor a tremer, e Ele responde agressivamente: "Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’" (Mt 4.10, Dt 6.13).
A terceira tentação é de ordem religiosa – apostasia (Mt 4.8-10). A terceira tentação foi a apostasia. A isca é o desejo de poder. Poder total sobre um mundo que jaz no maligno. Jesus é convidado a fazer um acordo com o maligno, para que Ele, Jesus, reinasse por meio de intrigas, de guerras, através do mal. Mas Jesus não veio para estabelecer um reino terreno como muitos pensam; mas estabelecer o Reino de Deus dentro do coração dos homens. Satanás sabendo que Jesus estava focado no Reino de Deus, então lhe oferece um reino sem cruz, desde que Jesus o adorasse. Assim o Reino de Deus seria estabelecido sem trabalho ou lágrimas, nem risco de vida, sob a simples condição de que Jesus lhe prestasse reverência. Satanás estava dizendo para Jesus que o Reino de Deus deveria ser imposto com armas diabólicas da crueldade, impiedade e poder, dominando as pessoas, ao invés de conquistar homens e mulheres através do sacrifício remidor na cruz. Mas acontece que o Reino de Deus nunca será estabelecido por meios satânicos. Essa oferta tem sido oferecida até hoje para muitas pessoas, e, infelizmente, muitos tem aceitado. Observe quantas guerras religiosas temos contemplado em nosso meio. Igrejas contra igrejas, pastores contra pastores, irmãos contra irmãos. Cada um querendo estabelecer o seu próprio reino e não o Reino de Deus. Com essas atitudes quem tem sido adorado é o próprio Satanás. Em muitos púlpitos ele está sentado e sendo adorado como deus. Quantos pastores orando por avivamento, mas avivamento para sua igreja e não para a igreja do “concorrente”. Querem a sua igreja cheia, ainda que seja com pessoas vazias do Espírito Santo. Para alguns o importante é o movimento.” (NAPEC)

4. Respostas de Jesus. O ataque diabólico foi nas áreas mais sensíveis do ser humano: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1Jo 2.16). Mesmo com toda a sua habilidade maligna, foi grande e devastadora a derrota de Satanás (v.11). Ele foi vencido pelo poder da Palavra de Deus: “está escrito, está escrito e está escrito”. Jesus citou três passagens do Pentateuco (Dt 6.13,16; 8.3). Assim, o grande conquistador, o Senhor Jesus Cristo, pode simpatizar com os que são tentados, pois Ele mesmo foi tentado de maneira real. Podemos nos consolar porque temos um Protetor no céu que é capaz de se compadecer de nossas fraquezas (Hb 4.15).
- Jesus nos deixa o exemplo de como devemos responder às tentações em nossas próprias vidas -- com as Escrituras. As forças do mal vêm sobre nós com uma miríade de tentações, mas todas têm as mesmas três coisas em sua essência: a concupiscência dos olhos, a concupiscência da carne e a soberba da vida (1 João 2:16). Só podemos reconhecer e combater essas tentações ao saturar os nossos corações e mentes com a verdade. A armadura de um soldado cristão na batalha espiritual inclui apenas uma arma ofensiva, a espada do Espírito, ou seja, a Palavra de Deus (Efésios 6:17). Conhecer a Bíblia intimamente vai colocar a espada em nossas mãos e nos capacitar a ter vitória sobre as tentações. (GOTQUESTIONS)
- Veja o que o Senhor disse a Satanás diante dessa proposta imoral: “Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto” (Dt 6.13). O Senhor cita mais uma vez as Escrituras Sagradas com intrepidez. Ele não se deixa levar, mais uma vez, pela proposta imoral do diabo. Satanás quer dizer “Adversário”, e é exatamente isso que ele é; ele é o adversário direto do nosso Deus e nosso também. Ele sempre irá tentar “facilitar” as coisas para nós. Para isso o preço é muito alto, é o preço da APOSTASIA. E quantos estão se apostatando da fé para poderem ter o seu próprio reino. E por ele dão a própria vida. Por Deus não, mas pelo reino pessoal vão até o fim. Com essa palavra de Jesus Satanás o deixou, mas como nos fala em Lucas 4.13: “Até momento oportuno”, ou seja, Satanás não desistiu, mas foi até a cruz tentando o Senhor. Se ele fez isso com o próprio Deus encarnado quanto mais fará com cada um de nós. Como disse Pedro em sua primeira carta: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo” (1Pe 5.8,9). Pedro falou do que conhecia muito bem, pois na noite em que Jesus foi preso ele negou o Seu Mestre três vezes. Pedro foi tragado pelo medo, pela covardia e pelo rugido de Satanás. Pedro cedeu à tentação, mas Ele foi resgatado pelo Senhor e restituído no ministério. Por isso ele nos alerta para termos cuidado, “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10.12). (NAPEC)

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

“[...] A presença de Cristo conosco não é apenas como a de um companheiro externo, mas é uma força real e divina, revolucionando nossa natureza e tornando-nos como Ele é. De fato, o propósito final e último de Cristo é que o crente seja reproduzido segundo a sua própria semelhança, por dentro e por fora. Paulo expressa a mesma coisa no primeiro capítulo de Colossenses, quando diz: ‘Para, perante ele, vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis’ (Cl 1.22). Esta transformação deve ser uma transformação interior. É uma transformação de nossa vida, de nossa natureza segundo a natureza dEle, segundo a semelhança dEle. Como é maravilhosa a paciência, como é maravilhoso o poder que toma posse da alma e realiza a vontade de Deus – uma transformação absoluta segundo a maravilhosa santidade do caráter de Jesus! Nosso coração fica desconcertado quando pensamos em tal natureza, quando contemplamos tal caráter. Este é o propósito de Deus para você e para mim” (LAKE, John G. Devocional. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.31-32).

CONCLUSÃO

Diante dos fatos aqui expostos, aprendemos a não subestimar a força e os ardis de Satanás e seus demônios, pois ele ousou tentar o próprio Filho de Deus. Adão foi testado e não passou no teste (Gn 3.11,12). Da mesma forma, Israel foi reprovado logo no limiar de sua história como nação (Dt 9.12). Mas Jesus foi aprovado, glória a Deus! (At 2.22).
 Não devemos tentar o Senhor, ou colocá-lo à prova, a não ser quando é para evidenciar a fidelidade dele nas promessas, vinculadas ou não a um mandamento. Não devemos tentá-lo por nossa incredulidade, dúvida ou capricho, pois o Senhor não terá por inocente aquele que assim o fizer.
● Há o modo que é ordenado por Ele (Ml 3.10). Após ordenar aos israelitas que trouxessem o dízimo, o Senhor ordena: “provai-me nisto...”. Quando Deus tem uma aliança com alguém, Ele garante cumprir a Sua parte neste pacto se a outra parte cumpre o seu papel. Deus aceita que confirmemos a veracidade de Suas promessas (Sl 18.30), que provemos a Sua palavra, pois Ele sempre será verdadeiro (Rm 3.4; 1 Ts 1.9) e a confirmação das Suas promessas mostrará a Sua fidelidade (Sl 89.5). Muitos mandamentos divinos são atrelados a promessas. Quando cumprimos a nossa parte neles, podemos esperar que Deus cumpra a Sua (Ef 6.2). Deus não nos condena a esperar e até lembrá-lo de Suas promessas, pois Ele mesmo é o maior interessado em cumpri-las. Ele disse ao profeta Jeremias: “Eu velo sobre a minha palavra para a cumprir” (Jr 1.12). O Profeta Eliseu questionou: “onde está o SENHOR, Deus de Elias?” (2 Rs 2.14), mas ele o fez baseado na promessa que o profeta Elias tinha lhe dado: “se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará” (v10). A promessa o autorizava a cobrar o seu cumprimento. Se não houvesse promessa seria um ato de tentação ao Senhor.
● Há o modo que é permitido por Ele (Jz 6.36-40). Gideão fez prova de Deus quando estava inseguro sobre ir à batalha com um pequenino exército contra um inumerável exército inimigo. Deus, em sua grande bondade, permitiu que aquele juiz duvidoso o provasse, mas não podemos fazer isto sempre e nem de qualquer maneira. Só podemos fazer isto em ocasiões especiais e com muita humildade, pois a falta de fé – incredulidade – não agrada a Deus (Hb 11.6). Quando Tomé agiu assim foi repreendido por Jesus, que lhe disse: “sejas crente e não incrédulo (Jo 20.27). O Mestre também recusou dar o sinal requerido pelos judeus, quando o tentaram (Mt 16.1-4; Mc 8.11,12). O povo judeu, por sua incredulidade, tornou comum o fato de pedir sinais de confirmação (1 Co 1.22), em lugar de crer fielmente na palavra do Senhor. (Autor: Carlos Kleber Maia | Divulgação: estudosgospel.com.br)


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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