SUBSÍDIO I
A MENTE DE QUEM ESTÁ EM CRISTO
Estando em Cristo,
a pessoa se torna nova criatura; há mudança de caráter. Esse é o pensamento
paulino presente em diversas epístolas. Antes, a pessoa pensava de determinada
forma e tinha um modo de agir; em Cristo, a transformação deve ser completa.
Nos escritos paulinos, há uma descrição não-exaustiva de alguns elementos do
comportamento da nova criatura. São instruções para ajudar na vida cristã.
Em Cristo, a
pessoa completa – corpo, intelecto e emoções – deve estar voltada para viver
conforme o propósito divino. Ter a nova identidade é revestir-se de Cristo, ou
seja, aprender as virtudes do seu caráter. A santificação consiste, de acordo
com a Declaração de fé
das Assembleias de Deus, na separação do pecado e dedicação a Deus.
Assim, sendo nova criatura, esse processo de santificação envolve prática das
virtudes, mudança de comportamento e desenvolvimento de novos hábitos.
Uma maneira de
aprender é imitando exemplo de outras pessoas. O apóstolo Paulo recomenda que
os filipenses imitem seu modo de viver (Fp 3.17), o que aparece também nas
cartas aos coríntios (1 Co 4.16; 11.1) e aos tessalonicenses (1 Ts 1.6; 2.14; 2
Ts 3.7-9). A imitação era um exemplo moral no mundo antigo, como aparece em
Sêneca na obra Epistulae
Morales ad Lucilium (Cartas
morais a Lucílio). O discípulo aprendia com os mestres, que já
tinham mais experiência. Dessa forma, as instruções do mestre Paulo para fazer
como ele, seguindo a cruz, seriam para a formação dos discípulos que iniciam a
vida em Cristo.
Servir aos outros
e não somente a si próprio é uma característica que deve ser desenvolvida na
vida daquele que serve a Deus. Jesus Cristo é o modelo essencial, “que, sendo
em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus” (Fp 2.6). Keener
aponta que pensar como Cristo (1.7; 2.2, 5; 3.15, 19; 4.2, 10) era apelo à
unidade e comunhão, assunto comum no Mediterrâneo por conta das divisões. A
preocupação deveria ser servir aos outros e não ocupar uma posição. Além de
Paulo (Fp 2.17; 4.9), Timóteo (Fp 2.19-22) e Epafrodito (Fp 2.25-30) são outros
nomes mencionados como modelos a serem imitados pela postura de servos.
Além da imitação,
a prática também é uma maneira de desenvolver o novo caráter (Fp 1.9, 25). A
alegria é uma virtude explorada na carta aos filipenses, virtude que é fundamentada
no Senhor. Tendo em vista o futuro glorioso com Cristo e a presente intervenção
divina que dá esperança em meio à tribulação, os filipenses deveriam praticar a
alegria. Fowl explica que a alegria “é resultado da formação disciplinar da
maneira de pensar e agir no mundo [...] é o sinal de que os filipenses estão
sendo formados na maneira que Paulo defende” (p. 181). A tolerância com todas
as pessoas também é uma qualidade a ser trabalhada. James Smith, em Você é aquilo que ama,
mostra que a virtude não se adquire pelo intelecto, mas pelo afeto. “O ensino
da virtude é um tipo de formação, uma reciclagem de nossas disposições” (p.39).
Assim, é importante que as práticas se tornem hábitos. Os filipenses, então,
deveriam voltar suas disposições ao regozijo e à gentileza, para que
eventualmente elas moldassem o caráter e formassem a nova identidade.
A formação da vida
cristã vista desse contexto aponta para o desenvolvimento de um estilo de vida
baseado na maneira de analisar e decidir pelas coisas excelentes que levam ao
caminho da salvação em Jesus Cristo. A maneira como o crente se comporta e
trata as pessoas irradia de diversas maneiras no mundo ao seu redor, dando
oportunidade para que a redenção aconteça. Em primeiro lugar, há um ganho
individual que é o amadurecimento espiritual, por conhecer cada vez mais a Deus
por meio das experiências. Em segundo, a Igreja como um todo se enriquece com a
comunhão daqueles que se dedicam a servir a Deus e aos outros. Isso é o
testemunho de Cristo, é o evangelho proclamado para alcançar aqueles que ainda
não receberam a salvação.
Texto extraído da
obra “Batalha
Espiritual”, editada pela CPAD
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A mente é um campo de batalha, Satanás busca ter o
controle das nossas emoções, a fim de nos levar a pensar em coisas negativas.
Na aula de hoje, estudaremos Fp. 4.4-9, um texto bíblico no qual Paulo nos
instrui não vivermos inquietos, antes a confiar em Deus. E mais importante, a
necessidade de preencher nossas mentes com tudo o que agrada a Deus, sobretudo
o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama, e também,
meditando no que aprendemos a respeito de Cristo.
I. ANÁLISE
TEXTUAL
A Epístola aos Filipenses foi escrita por Paulo por
volta do ano 62 d. C, com o objetivo de instruir os irmãos daquela cidade a
viverem em alegria – a palavra grega chara ocorre várias vezes nessa carta. No
texto em foco, o Apóstolo inicia conclamando os irmãos a se alegrarem –
chairete, um imperativo ativo. Essa charis deve ser no Senhor – en kuriô, e
mais ainda deve, deve ser sempre – pantote, em todo tempo. E isso é tão
importante que Paulo repete: chairete (v. 4). Ele deseja que a equidade –
epiekes, razoabilidade – seja notória, essa palavra tem a ver com o bom senso,
a capacidade de discernir entre o que é certo e o errado. E essa não apenas
entre os membros da igreja de Cristo, mas também entre todos os homens,
partindo da premissa que he kurios engus – perto está o Senhor (v. 5). A
consciência da presença de Cristo deve nos motivar a agir em conformidade com a
fé que defendemos. Por isso, não deveriam estar inquietos – merimnate –
cuidadosos, preocupados – com coisa alguma. Paulo apresenta uma alternativa à
ansiedade, a oração: apresentar vossas petições – aitema – que essas sejam
conhecidas diante de Deus, com oração – proseuche – e súplicas – dêesei, sem
esquecer das ações de graça – eucharistias (v.6). Fazendo assim, Paulo diz que
a paz – eirene – que excede todo entendimento – guardará os vossos corações –
kardias, o centro das emoções para o mundo greco-romano, e para ser mais
específico, também vossos sentimentos – noemata, mente e pensamentos – em
Cristo Jesus (v. 7). E quanto ao mais, o que deve está na mente dos irmãos é o
que é verdadeiro – alethe, real, tudo o que é honesto – semna – digno de honra
e respeito, tudo o que é justo – dikaia, correto, tudo o que é puro
– hagna, inocente, tudo o que é amável – prosphile, que possa ser amado, e tudo
o que é de boa fama – euphema, digno de louvor, e se há alguma virtude – arete,
coisa excelente, diz o Apóstolo, nisto pensai – logizesthe, imperativo, com
ideia de raciocinar, refletir a respeito. A base dessa reflexão é o que
aprendestes – emathete, estudastes, recebestes – parelabete, tomastes, e o
ouvistes – ekousate, com atenção e compreensão, e isso fazei – prassete,
cumprir, se comportar, assim o Deus de paz – eirenes – será convosco.
II. INTERPRETAÇÃO
TEXTUAL
A fé cristã não tem uma relação direta com a
felicidade, o maior anseio da sociedade contemporânea, propalando pelos
vendedores de sucesso. A promessa de Cristo é alegria – chara – a qual é
produzida em nós pelo Espírito Santo (Gl. 5.22). Ao mesmo tempo, precisamos
também nos alegrar, ou buscar a alegria da salvação. Essa alegria precisa nos
acompanhar em todas circunstâncias, ainda que estejamos em momentos de
adversidade. A vida em comunidade deve ser pautada pela equidade, ou mais
precisamente, pelo bom senso, a fim de que as pessoas não busquem apenas o que
é melhor para elas mesmas, mas também para os outros. A volta do Senhor está
muito próxima, e esse deve ser um dos motivos para uma vida em unidade,
fundamentada na genuína comunhão cristã. Não podemos esquecer que o Senhor
retornará como Juiz, e que haverá de avaliar as nossas obras (Tg. 5.9), ainda
que não saibamos quando isso irá acontecer (II Pe. 3.1-13). As palavras de
Paulo, em relação a uma vida moderada, que não se deixa conduzir pela
ansiedade, encontra eco nos ensinamentos de Jesus, quanto às solicitudes da
vida (Mt. 6.25-34). A confiança em Deus é aprendida, como resultado de uma
comunhão contínua, dependendo dEle em todas as circunstâncias. O melhor a
fazer, como demonstração dessa confiança, é ser grato a Deus, e aprender a
desfrutar de tudo aquilo que Ele nos provê. O contentamento é um excelente
antídoto contra a ansiedade, é um estilo de vida alternativo contra tudo aquilo
que tira nossa atenção das coisas de Deus. Precisamos reconhecer que existe uma
batalha espiritual na mente, e que essa precisa ser vencida, para tanto devemos
pensar em coisas que edificam, tudo aquilo que é nobre e agradável. Mas somente
pensar não é suficiente, devemos também colocar em prática o que aprendemos,
desde que as fontes sejam confiáveis, e o mais importante, estejam
fundamentadas na Palavra de Deus.
III. APLICAÇÃO
TEXTUAL
Os pastores mais antigos costumavam dizer que
“mente desocupada é oficina de Satanás”. Somos pessoas que podem ser afetadas
pela cultura na qual estamos inseridos. Como esponjas, podemos absorver tudo
aquilo que se encontra ao nosso redor. É preciso ter cuidado para não se deixar
levar por coisas que nos afastem de Deus, e que roubem nossa verdadeiro eu,
cuja identidade se encontra em Deus. Somente Ele sabe o que é melhor para cada
um de nós, por isso devemos ter cuidado para nos preocupar demasiadamente. Ao
invés de nós preocupar com as coisas que nos distraem do que é de cima, devemos
nos ocupar com o Deus que está no comando de todas as circunstâncias (Cl. 3.1).
Existem muitos cristãos que estão com a mente afetada por pensamentos negativos
porque se interessam apenas por práticas que não edificam. A internet e a
televisão têm afastado muitos crentes do seu foco, principalmente quando se
trata de sensacionalismo, ou mesmo de informações equivocadas. Há uma indústria
de fake news – notícias falsas – nos dias atuais, causando terrorismo
psicológico, sendo também uma ferramenta para manipular as pessoas. Ao invés de
ficar pensando nessas coisas, e de ficar preocupado com as ameaças que nos
chegam, sejam elas reais ou fictícias, devemos alimentar nossa mente com a
Palavra de Deus. A leitura diária da Bíblia, e dos bons livros cristãos,
associados a uma vida de oração, é fundamental para ter saúde espiritual. Isso
porque nossa espiritualidade pode ser atingida pela mente, se ficarmos muito
tempo pensando negativamente, isso irá afetar diretamente nosso pensamento. Ao
acordar, bem cedo pela manhã, devemos ler a Bíblia, fazer uma oração, a mesma
atitude deve ser observada a noite, antes de dormir. Assistir televisão ou
ficar na internet pode causar danos, não apenas ao corpo e a mente, mas também
à vida espiritual. Ouvir músicas edificantes, ou mesmo textos bíblicos
gravados, é uma alternativa viável, para que mantenhamos nossa mente nos
Senhor.
CONCLUSÃO
O cristão, para ser identificado como tal, precisa
ter a mente de Cristo (I Co. 2.16), e isso acontece através da meditação na Sua
Palavra. Cristo em nós deve ser o alvo de todo crente sincero, e isso acontece
na medida que O imitamos. Jesus estava sempre centrado no Pai, e quando se
sentia ameaçado pela multidão, ia para o deserto, a fim de orar e meditar. Não
podemos fugir do real, muito menos das responsabilidades, mas precisamos,
sempre que possível, buscar refrigério na presença de Deus.
José Roberto A. Barbosa
Disponível no Blog
subsidioebd.blogspot.com
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Quem nasceu de novo é nova criatura, e assim a
vida cristã é norteada pelo Espírito Santo. Isso significa que nós, como
cristãos, não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. A presente lição
é uma reflexão introspectiva sobre a nossa maneira de viver, as nossas atitudes
e as nossas decisões, e se realmente Jesus é o Senhor de nosso pensamento.
“O relato da estada de Paulo em Filipos
encontra-se em Atos 16; é uma história interessante. Nenhum capítulo do Novo
Testamento mostra melhor a universalidade do chamado de Cristo. A narração se
centra em torno de três personagens: Lídia, a vendedora de púrpura; a jovem
escrava demente usada por seus donos com fins de lucro; e o carcereiro romano.
Estamos diante de um período extraordinário da vida antiga. Os três personagens
são de diferente nacionalidade. Lídia era asiática; não é necessário que
estejamos diante de um nome próprio, mas sim simplesmente diante do
qualificativo "a senhora da cidade Lídia". A jovem escrava era grega.
O carcereiro era cidadão romano”. (Filipenses (William Barclay)).
“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova
criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co
5.17). A expressão “Nova criatura” utilizada por Paulo é muito comum no
meio da Igreja, mas, será que ela é bem entendida? Ser “nova criatura”
significa estar em Cristo, isto é, dentro da nova aliança fundamentada no
sacrifício do Filho de Deus. Ser “nova criatura” é crer que aquEle que não
conheceu pecado o fez pecado por nós (v21). É ter a consciência de que foi
aceito por Deus mediante os méritos vicários de Jesus. Esta consciência produz
mudança de vida, o “eu” morre. Aqueles que foram beneficiados pela morte e
ressurreição de Jesus não podem viver mais para si mesmos (v15). Com esta clara
definição de termos, vamos refletir como estamos vivendo e para quem estamos
vivendo!
I. SOBRA A
EPÍSTOLA AOS FILIPENSES
Filipos era uma colônia romana e uma das
principais cidades da Macedônia. Paulo esteve na cidade por ocasião de sua
segunda viagem missionária e ali fundou a primeira igreja europeia. Isso
aconteceu na casa de uma empresária chamada Lídia, vendedora de púrpura. O
apóstolo deixou a cidade por causa das pressões locais, mas o relacionamento
entre ele e os filipenses continuou. Cerca de dez anos depois, Paulo escreveu
de Roma a esses irmãos, por volta do ano 62 ou 63 d.C.
Filipos era uma cidade estratégica pela sua geografia.
Ela ficava entre o Oriente e o Ocidente. Era a ponte de conexão entre dois
continentes. William Barclay diz que Filipe da Macedônia (pai do grande
imperador Alexandre Magno, de quem recebeu o nome) fundou a cidade, que levava
seu nome por uma razão muito particular. Em toda a Europa, não existia um lugar
mais estratégico. Há aqui uma cadeia montanhosa que divide a Europa da Ásia, o
Oriente do Ocidente. Assim, Filipos dominava a rota da Ásia à Europa. Filipe da
Macedônia tomou a cidade dos tracianos por volta do ano 360 a.C., na Macedônia
oriental, a 16 km do Mar Egeu. Nos dias de Paulo, era uma cidade romana
privilegiada, tendo uma guarnição militar. A igreja de Filipos foi fundada por
Paulo e sua equipe de cooperadores (Silas, Timóteo, Lucas) na sua segunda
viagem missionária, em obediência a uma visão que Deus lhe dera em Trôade (At
16.9-40). Um forte elo de amizade desenvolveu-se entre o apóstolo e a igreja em
Filipos. Várias vezes a igreja enviou ajuda financeira a Paulo (2Co 11.9; Fp
4.15,16) e contribuiu generosamente para a coleta que o apóstolo providenciou
para os crentes pobres de Jerusalém (cf. 2 Co 8-9). Parece que Paulo visitou a
igreja duas vezes na sua terceira viagem missionária (At 20.1,3,6). A primeira
igreja estabelecida na Europa, na colônia romana de Filipos, nos revela o poder
do evangelho em alcançar pessoas de raças diferentes, de contextos sociais
diferentes, com experiências religiosas diferentes, dando a elas uma nova vida
em Cristo. De todas as igrejas que Paulo plantou, essa foi a mais ligada ao
apóstolo e a que nasceu num parto de mais profunda dor. Filipe fundou essa
cidade para dominar a rota do Oriente ao Ocidente. Alcançar Filipos era abrir
caminhos para a evangelização de outras nações. A evangelização e a plantação de
novas igrejas exigem cuidado, critério e planejamento. Precisamos usar de forma
mais racional e inteligente os obreiros de Deus e os recursos de Deus.
1. A doutrina. O objetivo da carta não era solucionar problemas
doutrinários nem de relacionamentos entre os filipenses, pois eles haviam
amadurecido rapidamente. Um dos propósitos estava vinculado à amizade e ao amor
recíproco do apóstolo (Fp 1.7-9; 4 .1). Os problemas referentes às heresias
eram periféricos. O apóstolo trata desse assunto mais como precaução. Paulo
menciona os legalistas no capítulo 3, mas não era algo agudo na igreja, visto
que em Filipos nem sequer havia sinagoga (At 16.13). Isso mostra que a
população judaica não era significativa na cidade. Note que seus habitantes
consideravam-se romanos (At 16.21). Não havia nada de muito grave na igreja que
o apóstolo precisasse corrigir.
Filipenses é uma das cartas mais pessoais de Paulo
e, como tal, tem várias aplicações pessoais aos crentes. Foi escrita em Roma.
Foi em Filipos, onde Paulo visitou em sua segunda viagem missionária (At
16.12), que Lídia e o carcereiro e sua família foram convertidos a Cristo.
Agora, alguns anos mais tarde, a igreja estava bem estabelecida, como se pode
deduzir pelo seu tratamento inicial, o qual diz: "bispos (presbíteros) e
diáconos" (Fp 1.1). O motivo para a epístola foi reconhecer uma oferta
monetária procedente da igreja em Filipos e levada ao apóstolo por Epafrodito,
um dos seus membros (Fp 4.10-18). Esta é uma delicada carta para um grupo de
cristãos que eram especialmente próximos ao coração de Paulo (2Co 8.1-6) e,
comparativamente, pouco é dito sobre o erro doutrinário.
2. O
relacionamento. Havia entre os
filipenses alguns problemas que são próprios da natureza humana e comuns nas
igrejas ainda hoje (Fp 1.27; 2.3,14). É possível que o pedido do apóstolo para
ajudar as irmãs Evódia e Síntique indique algum problema de desentendimento
entre elas (Fp 4.2). O apóstolo pede que haja unidade e harmonia entre os
crentes, tendo por base a humildade e o exemplo de Cristo. O apelo paulino é
para que haja entre os filipenses “o mesmo sentimento que houve também em
Cristo Jesus” (Fp 2.5).
Esta carta tem, entre outra aplicações, a
necessidade dos cristãos permanecerem unidos em humildade. Estamos unidos com
Cristo e temos que nos esforçar para estar unidos uns aos outros da mesma
maneira. Paulo nos encoraja a “ter o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só
espírito e uma só atitude” e a repudiar a vaidade e egoísmo, mas “humildemente
considerem os outros superiores a si mesmo”, prestando atenção aos interesses
dos outros e cuidando uns aos outros (Fp 2.2-4). Haveria muito menos conflito
nas igrejas hoje se todos seguíssemos o conselho de Paulo. A desunião dos
crentes era um pecado que atacava o coração da igreja. Era uma arma destruidora
que estava roubando a eficácia da igreja diante do mundo. Ralph Martin diz que
a igreja filipense sofria com problemas de presunção (2.3), de vaidosa
superioridade (2.3), que induziam ao egoísmo (2.4), quebrando a koinonia,
espírito de boa vontade para com a comunidade. Isso gerava pequenas disputas
(4.2) e espírito de reclamação (2.14). Havia um espírito individualista e
elitista em alguns membros da igreja de Filipos que colocava em risco a
harmonia na igreja. Havia partidarismo e vanglória. Havia falta de comunhão
entre os crentes. Problemas pessoais interferiam na unidade espiritual da
igreja. Até mesmo duas irmãs, líderes da igreja, estavam em desacordo dentro
dela (4.2). Nas duas principais ocasiões quando Paulo chama os crentes de
Filipos à unidade (2.2; 4.2), ele introduz seu mandamento alertando os crentes
sobre dois fatos ou verdades sobre a igreja. Em Filipenses 2.1, Paulo os
relembra de que eles estão em Cristo, que o amor do Pai foi derramado sobre
eles e que, pelo Espírito, a eles foi dado o dom da comunhão. É essa obra
trinitariana que fez deles o que são. Viver em desarmonia, em vez de em união,
é um pecado contra a obra e a Pessoa de Deus. Em Filipenses 4.1, não é
acidentalmente que Paulo se dirige a eles duas vezes, chamando-os de “amados” e
uma vez de “irmãos”. Antes de exortá-los à unidade, ele os relembra de sua
posição: eles pertencem à mesma família (irmãos) em que o espírito vivificador
é o verdadeiro amor (amados). À luz desses fatos, a desunião é uma ofensa abominável
[Motyer, J. A. The message of Philippians, 1991: p. 19.].
3. O ensino. Filipenses é uma epístola prática, e os pensamentos
teológicos aparecem casualmente, como no parágrafo teológico por excelência, no
capítulo 2.5-11, e no lar celestial prometido aos cristãos, no final do
capítulo 3. O sentimento de gozo e regozijo dominava os crentes de Filipos, e
este é um dos temas da carta: a alegria. A Igreja de Filipos é um exemplo a ser
seguido por todos; isso porque havia nela o mesmo sentimento que houve também
em Cristo Jesus.
Uma outra aplicação de Filipenses é a do gozo e
alegria encontrados ao longo de sua carta. Ele se alegra que Cristo está sendo
proclamado (Fp 1.8), em sua perseguição (2.18), exorta os outros a se alegrarem
no Senhor (3.1), e refere-se aos irmãos de Filipos como a sua “alegria e coroa”
(4.1). Ele resume com esta exortação aos crentes: "Alegrem-se sempre no
Senhor. Novamente direi: alegrem-se!" (4.4-7). Como crentes, podemos nos
alegrar e experimentar da paz de Deus quando lançamos todos os nossos cuidados
sobre Ele: "Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração
e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus" (4.6). A
alegria de Paulo, apesar da perseguição e prisão, brilha através desta carta e
temos a promessa da mesma alegria quando focalizamos nossos pensamentos no
Senhor (Fp 4.8).
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Para introduzir a lição desta semana, sugerimos
reproduzir para a classe o esquema proposto conforme a sua possibilidade e
fazer uma exposição geral sobre a epístola.
II. SOBRE A
“MENTE” NO CONTEXTO BÍBLICO
Há diversos termos nas línguas originais da
Bíblia para “mente” e seus derivados. Vamos estudar alguns deles aqui. Cada
termo apresenta diferenças sutis, mas significativas.
1. A mente como
faculdade psicológica. O Novo
Testamento grego emprega o termo nous, de amplo significado, como “mente,
entendimento, intelecto, pensamento, sentido” (Rm 11.34; 1 Co 2.16; 14.14; 2 Co
11.3). Na presente lição, o sentido dessas palavras é de uma faculdade
psicológica que envolve compreensão, raciocínio, pensamento e decisão: “De
maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas,
segundo a carne, sou escravo da lei do pecado” (Rm 7.25, Nova Almeida
Atualizada). O apóstolo Paulo está se referindo ao “eu” regenerado em contraste
com a carne, sem o controle do Espírito Santo. É com essa mente cristã que
desejamos a lei de Deus, ou seja, “a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus”
(Rm 8.2).
‘nous’ (3563) STRONG: “Mente,
incluindo igualmente as faculdades de perceber e entender bem como a habilidade
de sentir, julgar, determinar. Faculdades mentais, entendimento. Razão no
sentido mais estreito, como a capacidade para verdade espiritual, os poderes
superiores da alma, a faculdade de perceber as coisas divinas, de reconhecer a
bondade e de odiar o mal. O poder de ponderar e julgar sobriamente, calmamente
e imparcialmente; um modo particular de pensar e julgar, isto é, pensamentos,
sentimentos, propósitos, desejos”.
O apóstolo Paulo nos lembra que nossa mente só nos
levará a viver como queremos, experimentando a paz (o melhor sinônimo para
felicidade), quando ela (a nossa mente) se desintoxicar dos valores próprios do
pecado, deixando de se governar apenas pelos instintos, e desejar ser
encharcada por Deus e querer ser programada por Cristo.
2. A mente como
forma de pensar. A mente aparece
também no Novo Testamento como uma maneira ou forma especial de pensar. A ideia
nesse caso é de disposição e de atitude, tanto no sentido negativo: “estando
cheio de orgulho, sem motivo algum, na sua mente carnal” (Cl 2.18, Nova Almeida
Atualizada); como positivo: “armai-vos também vós com este pensamento” (1 Pe
4.1). Assim, ter “a mente de Cristo” (1 Co 2.16) significa pensar como Ele.
A mente programada por Cristo, e para Cristo, é
aquela que tem prazer na lei de Deus e se assemelha a uma árvore plantada junto
às correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha
não cai; e tudo quanto fizer prosperará (Salmo 1.2,3). O segredo da vitória do
cristão é estar conectado à Fonte divina. O resultado desta conexão é uma vida
que produz vida, para si mesmo e para os outros. É a mente de Deus que nos
instrui e não nós a Ela. Como pergunta o apóstolo Paulo, quem jamais conheceu a
mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Sua resposta é que nós temos a
mente de Cristo (1Coríntios 2.16), no sentido de que Ele nos capacita a pensar
como Cristo, desde que estejamos unidos a Ele, conectados a Ele, cativos dEle,
ressuscitados com Ele, escondidos nEle. Em Filipenses 4.5-9; Colossenses 3.1-4,
o apóstolo Paulo nos apresenta as características daqueles que estão em Cristo,
daqueles que têm suas mentes programadas pelo Senhor. (PRAZERDAPALAVRA)
3. Espírito. O substantivo grego pneuma, traduzido geralmente por
“espírito”, é usado ainda de forma metafórica como modo de ser, atitude, forma
de pensar: “se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que
sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão” (Gl 6.1). É uma
atitude ou modo de ser que reflete a forma como uma pessoa encara ou pensa
sobre um assunto. Essa expressão é usada em contraste entre o divino e o
meramente humano (Mc 2.8; At 17.16; 1 Co 2.11; 5.5; Cl 2.5).
πνευμα pneuma (STRONG):
1) terceira pessoa da trindade, o
Santo Espírito, co-igual, co-eterno com o Pai e
o Filho;
1a) algumas vezes mencionado de um modo que enfatiza sua personalidade e
caráter (o Santo Espírito);
1b) algumas vezes mencionado de um modo que enfatiza seu trabalho e
poder (o Espírito da Verdade);
1c) nunca mencionado como um força despersonalizada.
2) o espírito, i.e., o princípio vital pelo qual o corpo é animado
2a) espírito racional, o poder pelo qual o ser humano sente, pensa,
decide
2b) alma
3) um espírito, i.e., simples essência, destituída de tudo ou de pelo menos todo
elemento material, e possuído do poder de conhecimento, desejo, decisão e ação
3a) espírito que dá vida
3b) alma humana que partiu do corpo
3c) um espírito superior ao homem, contudo inferior a Deus, i.e., um
anjo
3c1) usado de demônios, ou maus espíritos, que pensava-se habitavam em
corpos humanos
3c2) a natureza espiritual de Cristo, superior ao maior dos anjos e
igual a Deus, a natureza divina de Cristo
4) a disposição ou influência que
preenche e governa a alma de alguém
4a) a fonte eficiente de todo poder, afeição, emoção, desejo, etc.
5) um movimento de ar (um sopro
suave)
5a) do vento; daí, o vento em si mesmo
5b) respiração pelo nariz ou pela boca
Diz o apóstolo Paulo, em Gálatas 6.1: “Irmãos,
se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais,
encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não
sejas, também, tentado”. Ser espiritual no sentido bíblico significa que o
Espírito Santo está a residir no indivíduo, controlando-o e dirigindo-o, em
lugar do mero espírito humano controlando tudo. O comentarista disse que é uma
forma de pensar, o que eu discordo, nessa passagem, ser espiritual indica
uma pessoa totalmente controlada pelo Espírito Santo! Uma pessoa espiritual é:
● Alguém que é nascido de Deus o Espírito Santo. “O que é
nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”
[espiritual] (Jo 3.6).
● Alguém que tem conhecimento e discernimento espiritual. “Mas, como
está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram
ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus
no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas,
ainda as profundezas de Deus” (1Co 2.9,10).
● Alguém que pensa nas coisas espirituais. “Porque os que são segundo
a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito,
para as coisas do Espírito” (Rm 8.5).
● Alguém que é guiado pelo Espírito de Deus. “Porque todos os que são
guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Rm 8.14).
● Alguém que é engajado no conflito espiritual com a carne. “Porque a
carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se
um ao outro; para que não façais o que quereis” (Gl 5.17).
● Alguém que manifesta o fruto do Espírito. “Mas o fruto do Espírito
é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5.22,23).
4. Coração. O coração aparece em toda a Bíblia como o centro da vida
física, espiritual e mental; emotiva e volitiva. É a fonte de vários
sentimentos e afeições, como alegria e tristeza (Pv 25.20; Is 65.14). O coração
é a sede do pensamento e da compreensão (Dt 29.4; Pv 14.10). Seu uso metafórico
aparece como a fonte causativa da vida psicológica de uma pessoa em seus vários
aspectos, mas a ênfase especial nos pensamentos significa o “homem interior”
(Mt 22.37; 2 Co 9.7; Rm 2.5). Esse sentido aparece também no Antigo Testamento:
“guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23).
Na linguagem bíblica, o coração é aquela parte
espiritual dentro de nós onde os nossos desejos e emoções habitam. “Antes de
darmos uma olhada no coração humano, vamos mencionar que, uma vez que Deus tem
emoções e desejos, pode-se dizer que Ele também tem um "coração". Nós
temos um coração porque Deus o tem. Davi era um homem "segundo o coração
de Deus" (Atos 13:22). E Deus abençoa o Seu povo com líderes que conhecem
e seguem o Seu coração (1 Samuel 2:35, Jeremias 3:15).” (GOTQUESTIONS).
Para os hebreus antigos, a sede das emoções eram as entranhas, intestinos,
(coração, pulmão, fígado, etc.). As entranhas eram consideradas como a sede das
paixões mais extremas, tal como o ódio e o amor; também a sede das afeições
mais sensíveis, esp. bondade, benevolência, compaixão; daí, nosso coração
(misericórdia, afetos, etc.). Em grego, é psuche; além dealma,
o lugar dos sentimentos, desejos, afeições, aversões (nosso coração, alma
etc.). O coração humano, em sua condição natural, é perverso, traiçoeiro e
enganador. Jeremias 17:9 diz: "Enganoso é o coração, mais do que todas
as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?" Em outras palavras, a
Queda nos afetou no nível mais profundo – a nossa mente, emoções e desejos
foram manchados pelo pecado e somos cegos para o quão penetrante o problema
realmente é.
SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO
“A palavra grega metanoia sugere, fortemente, que o
pecador mergulhe para além da mera consciência intelectual quanto à
pecaminosidade. Mas que o faça com tal ímpeto e repulsa, que o leve a rejeitar
o mal e a seguir a Cristo, desejando aprender cada vez mais do Salvador (Mt
3.8; At 5.31; 20.21; Rm 2.4; 2 Co 7.9,10; 2 Pe 3.9). Vejamos, agora, o lado
positivo da conversão. O pecador deve não somente ‘voltar-se de’ mas ‘voltar-se
para’. Assim, voltamo-nos do pecado para voltarmo-nos para Deus. O voltar-se
para Deus é um ato de fé. Consiste em se entrar numa relação positiva com Deus.
É algo central na experiência cristã; enfatiza a importância da fé. ‘Ora, sem
fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de
Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam’ (Hb 11.6).
Todas a nossas relações com Deus acham-se ancoradas na fé” (MENZIES, William W;
HORTON, Stanley M. Doutrinas Bíblicas:
Os Fundamentos da Nossa Fé. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2003, p.86)
III. SOBRE A
MENTE DE CRISTO
O sentimento que norteava a vida dos irmãos
filipenses era de alegria e de comunhão. É isso que deve prevalecer na vida
cristã em todos os lugares e em todas as épocas.
1. O sentimento de
alegria. “Regozijai-vos” é uma saudação
grega, mas aqui Paulo exorta os filipenses e todos os cristãos à alegria. O
apóstolo acrescenta: “sempre, no Senhor”. O Senhor Jesus é a fonte inesgotável
de gozo e alegria, e isso dá à saudação um sentido complemente novo. Como
resultado desse estado de graça está o bom relacionamento do cristão com as
demais pessoas. O termo “equidade” (v.5) é a tradução do adjetivo grego
epieikés, “compreensivo, bondoso, benigno”. A Almeida Revista e Atualizada
traduz por “moderação”. Essa deve ser a atitude de quem tem a mente de Cristo
em relação às pessoas que nos rodeiam. É o que Deus espera de todos nós. A
expressão “perto está o Senhor” (v.5) diz respeito à vinda de Jesus que se
aproxima (Ap 1.3; 22.10) e nos inspira a essa moderação.
Elicott comenta: “(5) Sua moderação. - A palavra
aqui traduzida "moderação", denota adequadamente uma sensação do que
é aparente, ou equitativa, como distinta do que é exigido por dever rígido ou
lei formal. Tal distinção que o mundo reconhece quando fala do que é enunciado,
não tanto pelo dever quanto pelo "bom gosto, ou" sentimento correto
", ou (com alguma peculiaridade de aplicação) pelo sentimento"
cavalheiresco ", ou o" espírito de um Cavalheiro. "Aqui denota o
sentido geral do que é aparentemente em um tom de caráter cristão. Em 2Co. 10:
1 (onde é traduzida "gentileza") é atribuído enfaticamente ao próprio
Senhor. Mas o uso do Novo Testamento apropria-se especialmente da
"delicadeza doce" que a "gentileza" pode designar. Assim,
em At. 24: 4 significa claramente paciência ou tolerância; em 2Co. 10: 1 está
associado à mansidão; em 1Ti. 3: 3 , Tit. 3: 2 , com pacificidade; em 1Pe. 2: 8
, com gentileza; em Jas. 3:17 a palavra "gentil" é colocada entre
"pacífico" e "fácil de implorar" (ou melhor, persuadido ) .
Este espírito é, sem dúvida, "moderação", mas é algo mais. Pode
referir-se aqui tanto à exortação à unidade em Php. 4: 1-3 , e à exortação de
alegria imediatamente anterior. Isso ajudaria a pessoa e castigará o outro. O
Senhor está à mão. - Uma tradução do Syriac "Maran-atha" de 1Co.
16:22 - obviamente, uma palavra de ordem cristã, provavelmente referindo-se ao
Segundo Advento tão próximo; embora, é claro, não excluamos a idéia maior dessa
presença de Cristo em Sua Igreja, da qual esse Segundo Advento é a consumação”.
(BIBLIACOMENTADA).
John Wesley comenta: “Deixe a sua gentileza - A entrega, doçura de
temperamento, o resultado da alegria no Senhor. Seja conhecido - pelo seu
comportamento todo. Para todos os homens - bons e maus, gentis e perversos.
Aqueles dos temperamentos mais duros são de boa índole para alguns, da simpatia
natural e de vários motivos; um cristão para todos. O Senhor - O juiz, o recompensador,
o vingador).
2. Nossa gratidão
a Deus. Os filipenses viviam num clima
de perseguição religiosa. Paulo estava na prisão. Mas nada disso era problema
suficiente para roubar a alegria dos crentes: “a alegria do SENHOR é a vossa
força” (Ne 8.10). Mesmo nas dificuldades, quem tem uma mente guiada por Cristo
não se desespera; antes, as suas petições são levadas à presença de Deus “pela
oração e súplicas, com ação de graças” (v.6).
Paulo teve que deixar Filipos depois de desatar-se a
tormenta da perseguição que o reduziu a uma prisão ilegal. Esta perseguição foi
herdada pela Igreja de Filipos. O apóstolo conta que tinham participado de suas
prisões e em sua defesa do evangelho (1.7); que não temam a seus inimigos
porque estão passando pelo que ele mesmo passou e suporta no presente
(1.28-30). “É bonito quando, como o expressa Ellicott, a lembrança se liga à
gratidão. É algo grande quando não temos senão lembranças felizes de todas
nossas relações pessoais e assim se sentia Paulo com respeito aos cristãos de
Filipos. A lembrança não trazia coisas lamentáveis, mas sim só felicidade.”
(Filipenses (William Barclay))
3. A paz de Deus. O termo noema, “pensamento, mente”, diz respeito à
faculdade geral de julgamento para tomar decisões, no sentido de bem ou mal,
certo ou errado. A ideia dessa palavra é de entendimento da vontade divina
concernente à salvação (2 Co 10.5). Esse noema pode se corromper (2 Co 11.3) e
se tornar endurecido (2 Co 3.14), a ponto de impedir a iluminação do evangelho
de Cristo (2 Co 4.4). Mas a paz de Deus na vida cristã está acima de todos os
bens que uma pessoa pode adquirir e sobrepuja a todo entendimento, pois vai
além da razão humana. Ela excede “os vossos corações e os vossos sentimentos em
Cristo Jesus” (v.7).
A paz que Deus dá é aqui particularmente referida é
aquela que é sentida quando não temos nenhum cuidado ansioso com o suprimento
de nossas necessidades, e quando vamos confiantemente e entregamos tudo nas
mãos de Deus. "Tu o manterás em perfeita paz, cuja mente está firme em
ti" (Is 26.3). Charles John Ellicott (Bispo da sé unida de Gloucester
e Bristol – 1819-1905) comentando o versículo 7, escreve: “A paz de Deus -
ie (como a "justiça de Deus", "a vida de Deus"), a paz que
Deus dá a todas alma que repousa sobre ele em oração. É a paz - o sentimento de
unidade no maior sentido - a "paz na terra" proclamada no nascimento
de nosso Senhor, deixada como Seu último legado aos Seus discípulos, e
pronunciada na Sua primeira volta a eles do túmulo ( Lc 2.14 ; Jo 14.27 ). Por
isso, inclui paz com Deus, paz com os homens, paz com si mesmo. Isso mantém,
isto é, vigia com a vigilância que "nem dormem nem dorme" - tanto
"os corações e as mentes" (ou, mais propriamente, as almas e os
pensamentos se formaram neles ) , protegendo toda a nossa ação espiritual,
tanto em sua origem quanto em seus desenvolvimentos. É "através de Cristo
Jesus", porque "Ele é a nossa paz (Ef 2.14 ), como" fazer tudo
"e" reconciliando tudo com Deus ". A abrangência e a beleza da
passagem naturalmente o fizeram (com a mudança característica do" dever
"de promessa ao" poder "de bênção) a bênção final do nosso mais
solene serviço da igreja da" Santa Comunhão " "Com Deus e com o
homem”.
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
“Rios de Água Viva
[...] No Evangelho de João, lemos as palavras:
‘Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te
diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva’ (Jo 4.10).
Louvado seja Deus pelas águas vivas que hoje fluem livremente, pois elas vêm de
Deus a todo coração faminto e sedento. No poderoso nome de Jesus, podemos ir
aos confins da terra e aos lugares secos e ermos, pois até os corações
ressequidos, tristes e solitários foram feitos para se alegrar no Deus da sua
salvação. Clamemos hoje pelos rios. Em Jesus Cristo, recebemos o perdão dos
pecados e a santificação de nosso espírito, alma e corpo e, em santificação,
recebemos o dom do Espírito Santo prometido por Jesus aos discípulos – a
promessa do Pai. Recebemos tudo isso pela reconciliação. Aleluia! O profeta
declarou que Jesus tomou sobre si as nossas aflições e carregou as nossas
tristezas. ‘Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas
pisaduras, fomos sarados’ (Is 53.5). Cura, saúde, salvação, alegria, vida:
temos tudo isso em Jesus. Glória a Deus!” (SEYMOUR. Devocional: O Avivamento da Rua Azusa. Série: Clássicos do
Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.148-49).
CONCLUSÃO
O nosso comportamento na vida diária, no lar,
na Igreja, no trabalho e na sociedade reflete o que há em nosso coração, e isso
mostra por si só quem domina a nossa mente. Há pontos na fé cristã que são
inegociáveis, e quem é dominado pelo Espírito não abre mão de sua fé nem cede
um milímetro sequer de sua fidelidade a Deus. É esse espírito que domina a
mente dos crentes fiéis em Cristo Jesus.
Filipenses apresenta muitas lições práticas, entre
elas, a de que os crentes se alegram na contemplação da redenção de Deus -
Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma (4.5b–6a). Chegando ao
âmago do comportamento, as Escrituras ensinam que o coração é o centro de
controle da vida e que a vida de uma pessoa reflete o que se passa em seu
coração. Os santos refletem profundamente sobre si mesmos e sabem que não podem
sujar o coração, e procuram enche-lo com a Palavra de Deus e entregá-lo ao
completo domínio do Espírito Santo “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e
renova em mim um espírito reto. ... quebrantado; a um coração quebrantado e
contrito não desprezarás, ó Deus.” (Sl 51.10)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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