SUBSÍDIO I
INTERPRETANDO A PARÁBOLA
O capítulo 18 de Mateus traz os ensinos de Jesus
sobre a conduta dos seus discípulos como membros da nova comunidade trazida à
existência por meio da mensagem evangélica de Cristo. O Reino de Deus possui
valores essencialmente diferentes daqueles que caracterizam as instituições
terrenas e as organizações desse mundo. Lembre-se de que nesse reino os
humildes são os verdadeiramente grandes: “Naquela mesma hora, chegaram os
discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no Reino dos céus? E Jesus,
chamando uma criança, a pôs no meio deles e disse: Em verdade vos digo que, se
não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis
no Reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança,
esse é o maior no Reino dos céus” (Mt 18.1-4).
No Reino de Deus, o inferior e mais apagado súdito
leal a seu Rei possui valor infinito. A suprema ofensa na comunidade messiânica
é quando os fortes e os dominadores tornam o discipulado dos irmãos fracos e
sensíveis, mais difícil: “Mas qualquer que escandalizar um destes pequeninos
que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de
azenha, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos
escândalos. Porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por
quem o escândalo vem!” (Mt 18.6,7).
De igual modo, mostrar desprezo pelos irmãos em
Cristo é algo inaceitável: “Porque o Filho do Homem veio salvar o que se tinha
perdido” (Mt 18.11). Depois temos a pergunta realizada por Pedro e a parábola
propriamente dita. A parábola quer demonstrar o perdão de Deus; a necessidade
de que os homens perdoem em função de Deus nos perdoar. Para finalizar, ela adverte
a respeito do juízo divino sobre aqueles que se negam a perdoar. Lockyer
destaca que “Cristo ensinou que quanto mais formos inocentes naquilo em que
admitimos ter errado, mais poder teremos para curar tal desvio e mais seremos
responsáveis em fazê-lo, assim, tanto o que comete o erro, como o que o sofre,
ambos deveriam acabar com a contenda”. De igual modo, mostrar desprezo
pelos irmãos em Cristo é algo inaceitável: “Porque o Filho do Homem veio salvar
o que se tinha perdido” (Mt 18.11). Depois temos a pergunta realizada por Pedro
e a parábola propriamente dita. A parábola quer demonstrar o perdão de Deus; a
necessidade de que os homens perdoem em função de Deus nos perdoar. Para
finalizar, ela adverte a respeito do juízo divino sobre aqueles que se negam a
perdoar. Lockyer destaca que “Cristo ensinou que quanto mais formos inocentes
naquilo em que admitimos ter errado, mais poder teremos para curar tal desvio e
mais seremos responsáveis em fazê-lo, assim, tanto o que comete o erro, como o
que o sofre, ambos deveriam acabar com a contenda”.1
Parece que Pedro estava pensando a respeito do que
Jesus havia dito sobre um irmão que peca “contra ti” (Mt 18.15). A pergunta do
apóstolo parece simples, mas traz um pano de fundo judaico. Pedro quer saber
quantas vezes deve perdoar aquele irmão. Talvez sentiu-se generoso ao sugerir:
“Até sete?”. Pode ser que o significado dos números que encontramos aqui esteja
relacionado ao fato de que os discípulos de Jesus têm de ser misericordiosos na
medida em que Lameque ameaçou não ter misericórdia (Gn 4.24), 490 vezes em
lugar de 7. Na tradição judaica posterior, a tradição rabínica não exigia que
alguém perdoasse mais do que três vezes.
A resposta do Mestre deve ter perturbado Pedro. Mas
lembre-se de que Jesus está utilizando-se de uma hipérbole. Não devemos
entender isso num sentido matemático preciso. “A hipérbole caracteriza-se pelo
exagero de uma ideia com o objetivo de expressar intensidade, assim,
constitui-se uma figura de linguagem construída através do uso intencional de
uma palavra ou expressão exagerada em si mesma ou pelo uso de um termo que é
exagerado em relação ao contexto”.2 O quadro abaixo apresenta
alguns exemplos de hipérbole na Bíblia Sagrada.
Dt 1.28
|
Para onde subiremos? Nossos irmãos fizeram com que se derretesse o
nosso coração, dizendo: Maior e mais alto é este povo do que nós; as cidades
são grandes e fortificadas até aos céus; e também vimos ali filhos dos
gigantes.
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Sl 6.6
|
Já estou cansado do meu gemido; toda noite faço nadar a minha cama;
molho o meu leito com as minhas lágrimas.Sl 119.136 Rios de águas correm dos
meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei.
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Lm 3.48
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Torrentes de águas derramaram os meus olhos, por causa da
destruição da filha do meu povo.
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Mt 5.29
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Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o
para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que
todo o teu corpo seja lançado no inferno.
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Mt 7.3
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E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não
vês a trave que está no teu olho?
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Jo 21.25
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Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e, se cada uma
das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os
livros que se escrevessem. Amém!
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1Co 3.12
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Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a
face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou
conhecido.
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Jesus ensina a perdoar quantas vezes forem
necessárias, mas que isso também deve ser feito de coração. Devemos perdoar com
liberalidade e com sinceridade. Os servos de um rei eram oficiais de alta
posição a serviço do imperador. Alguns deles, muitas vezes, em determinadas
ocasiões, podiam tomar grandes quantias de dinheiro emprestadas do tesouro
imperial. Nesta parábola, a quantia mencionada por Jesus é, mais uma vez,
deliberadamente dada com exagero. É uma hipérbole que visa tornar mais vívido o
contraste com o segundo débito – cem dinheiros.Jesus ensina a perdoar quantas
vezes forem necessárias, mas que isso também deve ser feito de coração. Devemos
perdoar com liberalidade e com sinceridade. Os servos de um rei eram oficiais
de alta posição a serviço do imperador. Alguns deles, muitas vezes, em
determinadas ocasiões, podiam tomar grandes quantias de dinheiro emprestadas do
tesouro imperial. Nesta parábola, a quantia mencionada por Jesus é, mais uma
vez, deliberadamente dada com exagero. É uma hipérbole que visa tornar mais
vívido o contraste com o segundo débito – cem dinheiros.
É difícil achar um equivalente no sistema monetário
moderno, mas o Comentário Beacon compara um talento com cerca
de “dez milhões de dólares” americanos. Trata-se de uma dívida impagável. O que
Cristo quer ensinar é a completa falta de esperança de pagarmos o
incomensurável débito que geramos por causa de nossos pecados, até que ele
fosse perdoado gratuitamente por Deus, por intermédio da morte de Cristo na
cruz do Calvário.
Agora o Senhor passa para outro personagem. Ele tem
uma dívida de “cem dinheiros” para com aquele cuja dívida era impagável. Cem
denários trata-se de uma moeda romana. Mais uma vez o Comentário
Beacon faz uma atualização e o atualiza para “vinte dólares
americanos” – “uma soma insignificante comparada àquela que o oficial da corte
devia ao rei”. Contudo, aquele que teve sua dívida perdoada agora resolve ser
absolutamente incompreensivo. Recusa-se a dar um prazo e ainda mandou que o seu
servo fosse lançado na prisão.moeda romana. Mais uma vez o Comentário Beacon
faz uma atualização e o atualiza para “vinte dólares americanos” – “uma soma
insignificante comparada àquela que o oficial da corte devia ao rei”. Contudo,
aquele que teve sua dívida perdoada agora resolve ser absolutamente
incompreensivo. Recusa-se a dar um prazo e ainda mandou que o seu servo fosse
lançado na prisão.
Os demais servos, ao sentirem-se revoltados pela
atitude injusta do credor incompasivo, levam o assunto até o conhecimento do
rei. O credor acaba recebendo o castigo que merece. Jesus termina com a
advertência de que Deus fará o mesmo quando não perdoarmos cada um de nossos
irmãos que nos ofendem.
Texto extraído da
obra: As Parábolas
de Jesus: As
verdades e princípios divinos para uma vida abundante. 1. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2018
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Essa parábola é uma
daquelas que trata do relacionamento entre os discípulos de Cristo, ou seja,
como estes devem se comportar no âmbito do Reino. Apesar de nossas Bíblias a
intitularem de a "parábola do credor incompassivo", o que ela ensina,
de fato, é a forma de lidar com a ofensa e com o perdão. Ela mostra a graça e,
ao mesmo tempo, a responsabilidade. Se, por um lado, Deus nos perdoa por
intermédio de sua infinita graça, por outro, temos a responsabilidade de
perdoar aqueles que nos ofendem. Há quem julgue ser esta uma das parábolas
menos complexas entre as que foram pronunciadas por Cristo. Ela acaba sendo
contada por Jesus por causa de uma pergunta de Pedro a respeito de quantas
vezes devemos perdoar nosso irmão, e termina dizendo como nosso Pai celestial
fará conosco, ou seja, uma vez que fomos perdoados, devemos da mesma forma
perdoar todos aqueles que nos ofendem.
A Parábola do Credor Incompassivo, também conhecida
como Servo Ingrato, Servo Impiedoso, Servo Incompassivo ou Servo Mau, é uma
Parábola que tem como foco o perdão, um dos temas principais do Reino dos Céus.
O tema principal dessa maravilhosa história não é o perdão de Deus concedido ao
homem (embora isso esteja presente), mas o do homem em direção a outro homem.
Esta parábola foi contada pelo Salvador em resposta à uma pergunta de Pedro,
sobre quantas vezes se deve perdoar a um irmão. O Apóstolo Pedro pensava que
seria suficiente perdoar por até sete vezes. Em resposta, Pedro ouviu
que deve-se perdoar sempre, infinitamente. Entendemos pela parábola
que as nossas ofensas aos próximos, se comparadas à nossa dívida perante Deus,
são tão insignificantes quanto algumas moedas comparadas a um capital
milionário. Devemos ressaltar que o sentimento de estar ofendido é muito
individual. Esta parábola, que ocorre apenas em Mateus, é uma narrativa muito
simples sobre a necessidade de liberarmos perdão para aquele que nos ofendeu ou
machucou. A razão é simples: fomos alcançados pelo gracioso perdão de Deus.
Note que Mateus utiliza a designação Reino dos Céus- este é o jeito de Mateus
falar Reino de Deus sem usar o nome de Deus, pois ofenderia a sensibilidade de
seu auditório judeu (Mt 19.23-24). Este designativo se refere à igreja (Mt
16.18-19).
I. INTERPRETANDO
A PARÁBOLA DO CREDOR INCOMPREENSIVO
1. A
nova vida no Reino de Deus. O capítulo 18 de Mateus traz os ensinos de Jesus sobre a conduta dos
seus discípulos como membros da nova comunidade trazida à existência por
intermédio do recebimento de sua mensagem, os discípulos do Reino de Deus. O
Reino possui valores essencialmente diferentes daqueles que caracterizam as
instituições terrenas e as organizações desse mundo. Lembre-se de que nesse
reino os humildes são os verdadeiramente grandes (Mt 18.1-4). No Reino de Deus,
o "inferior" e mais "apagado" súdito leal ao seu Rei possui
valor imensurável. A suprema ofensa na comunidade do Reino é quando os mais
fortes e dominadores tornam a caminhada de fé dos irmãos mais fracos e mais
sensíveis, difícil (Mt 18.6,7). De igual modo, mostrar desprezo pelos irmãos em
Cristo é algo inaceitável (18.10). Com o objetivo de solidificar ainda mais o
ensino desse Reino, Jesus fala sobre o perdão, e Pedro, admirado, faz a
pergunta e o Senhor então conta a parábola (vv.15-35). Ao longo da história da
igreja, os intérpretes não alegorizaram tanto esta parábola quanto o fizeram
com as outras. A mensagem que a parábola quer transmitir é unicamente o perdão
de Deus e a obrigatoriedade que os homens têm em perdoar em função de Deus já
tê-los perdoado. Para finalizar, ela adverte a respeito do juízo divino sobre
aqueles que se negam a fazê-lo.
Já gozamos um quinhão do Reino de Deus desde o
momento que ingressamos no Corpo de Cristo mediante o arrependimento e fé (Mc
1.15) e pelo novo nascimento (Jo 3.3,5). O Reino de Deus não é físico nem
geográfico nem político. Jesus disse para Pilatos: “O meu Reino não é deste
mundo”, mas está dentro de nós (Lc 17.21) e fala de uma qualidade de vida (Rm
14.17) regida por justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Os súditos desse
Reino são pessoas diferentes (Mt 5.1-12) – Pobres, quebrantados, mansos,
famintos de justiça, puros de coração, pacificadores, misericordiosos. Sua
justiça excede à dos escribas e fariseus (Mt 5.20). A ponta da pirâmide neste
Reino está invertida, o maior é o menor; o primeiro é servo de todos. Neste
reino, a máxima é o perdão, e Pedro sabe que deve perdoar e que certamente
precisará perdoar mais de uma vez, mas até quantas vezes? Qual o limite? Então
arrisca um número: “Até sete?” Não existe contas nesse quesito, o dever é
infinito, sendo esta a melhor resposta à misericórdia que nos foi derramada.
Perdão é algo que nos liberta, sara e nos permite andar na presença de Deus.
Onde não há perdão, não há cura, nem vida, nem alegria; tampouco existe saúde
emocional ou espiritual. Perdão é um tema importantíssimo pelo seu poder
terapêutico e libertador. Quando perdoamos, libertamos alguém e esse alguém,
descobrimos, somos nós mesmos. Não perdoar por sua vez, é seguir acorrentado à
outra pessoa, na expectativa do que de pior possa acontecer com ela. Não vale a
pena.
2.
Perdão ilimitado. Pedro parece ter se incomodado a respeito do que Jesus havia ensinado
acerca do perdão no âmbito do Reino (18.15-20). A pergunta do apóstolo parece
simples, mas traz um pano de fundo judaico. Pedro quer saber quantas vezes deve
perdoar o irmão ofensor. Talvez tenha se sentido generoso ao sugerir: "Até
sete?" (v.2l). Na tradição rabínica, não se exigia que alguém perdoasse
mais do que três vezes. A resposta do Mestre certamente perturbou a Pedro.
Porém, é preciso lembrar-se de que Jesus está se valendo de uma hipérbole, ou
seja, não devemos entender tal "número" num sentido matemático
preciso. Jesus ensina a perdoar quantas vezes forem necessárias, mas isso também
deve ser feito de coração, isto é, devemos perdoar com liberalidade e
sinceridade.
“Os mestres judaicos
(os rabinos) ensinavam a perdoar até três vezes. Eles usavam a história de
Israel, lembrando que Deus perdoara as nações inimigas apenas três vezes (veja
isso em Amós 1.3, 6, 9, 11 e 13). Ora, se o próprio Deus perdoara apenas três
vezes, diziam os mestres, por que ser mais justo que ele e perdoar mais vezes
que ele? Perdoar três vezes estava de bom tamanho. Pedro resolveu “arrasar”:
dobrou o número que os mestres rabinos recomendavam e deu mais um de quebra:
“até sete?”. Além disso, sete é um número simbólico, na
cultura do Oriente antigo, pois era o número de dias na semana. Era o número
que contava o tempo. Seu valor era mais que matemático, era simbólico. Na
mística judaica dava a ideia de algo completo, bem extenso. Pedro não apenas
excedeu o ensino dos mestres como mostrou que estava cheio de disposição para
perdoar. Mas Jesus sempre foi desconcertante. Deu uma resposta a Pedro que, por
certo, ele não esperava. Talvez Pedro pensasse que Jesus lhe diria: “Puxa,
Pedro, você está crescendo espiritualmente, rapaz! Estou orgulhoso de você!”,
mas não foi esta a palavra que Jesus deu. “Setenta vezes sete” ou, como pode
ser, em uma variante de tradução, “setenta e sete vezes”. A primeira
possibilidade é a mais aceita. Bem, setenta vezes sete dá quatrocentos e
noventa. É este o número de vezes que temos que perdoar? A expressão de Jesus é
mais que matemática. É teológica: Na cultura linguística da época sugere um número
infinito de vezes. Nos escritos apócrifos, como no livro de Eclesiástico (não
confunda com o livro de Eclesiastes, que está em nossa Bíblia), tinha este
sentido, de um número ilimitado de vezes. Não há limites para o perdão que
devemos exercer. Porque nosso padrão não é o trato de Deus com as nações no
Antigo Testamento, mas é o ensino de Jesus, no Novo Testamento. Nós somos
cristãos, e não judeus. Consideremos que não há limites para o perdão que Deus
manifestou em Jesus. Quem foi perdoado deve perdoar. Tanto é assim que logo a
seguir ele conta a parábola do credor sem compaixão (18.23-35). Quem provou o
amor e perdão de Deus deve amar e perdoar os irmãos. João disse isso de maneira
bem clara: “Queridas amigas e amigos, se foi assim que Deus nos amou, então nós
devemos nos amar uns aos outros” (1Jo 4.11)” (ISALTINO).
3.
Uma dívida impagável. Os servos de um rei eram oficiais de alta posição a serviço do
imperador. Alguns deles, muitas vezes, em determinadas ocasiões emprestavam
grandes somas de dinheiro do tesouro imperial. Nesta parábola, a quantia
mencionada por Jesus é, mais uma vez, deliberadamente dada com exagero. É uma
hipérbole que visa tornar mais nítido o contraste com a segunda dívida -
"cem dinheiros". É difícil achar um equivalente no sistema monetário
moderno, mas o Comentário Bíblico Beacon compara um talento com cerca de
"mil dólares americanos", sendo que "dez mil talentos"
(v.24), segundo o mesmo comentário, equivalem ao valor de "dez milhões de
dólares". Trata-se de uma dívida impagável. O que Cristo quer ensinar é a
completa falta de esperança de pagarmos o incomensurável débito que geramos por
causa dos nossos pecados, até que eles fossem perdoados gratuitamente por Deus,
por intermédio da morte do Filho de Deus na cruz do Calvário (Cl 4.13,14).
O termo grego nomisma, nomisma, "moeda" ou
"regra", é derivado de nomo, nomos, "lei". É um nome
genérico para o valor monetário básico indistinto. Jesus referia-se ao objeto
em si, a moeda, sem aludir ao nome que lhe conferiria valor e distinção.
Provavelmente era um denarion, o denário romano e/ou o grego talenton,
equivalia a 6.000 dracmas/denários, seu peso em prata era de aproximadamente
21,6 Kg. O credor incompassivo de Mt 18.23-35, exige que um de seus conservos
pague-lhe o que deve, isto é, cem denários, que equivalia a três meses e meio
de trabalho. Não podendo, lançou-lhe na prisão. Sobressai-se aqui a sua falta
de misericórdia em contraste com o perdão que lhe fora dado por parte do rei,
pois devia-lhe a exorbitância de dez mil talentos (v. 24) ou 60 milhões de
denários, algo simplesmente impossível de pagar, pois iria muitíssimo além do
que o curto período da vida humana poderia ganhar, necessitando de um perdão
incondicional e total do rei. Ele devia 60 milhões de denários, foi perdoado.
Seu conservo lhe devia 100 denários e foi lançado na prisão por este ingrato
servo sem a menor compaixão.
4. A
recusa em perdoar. Ao voltar-se para o segundo quadro da parábola, Jesus diz que um homem,
conservo com aquele cujo débito era impagável, devia "cem dinheiros"
ao servo cuja dívida exorbitante junto ao rei fora perdoada (v.27). "Cem dinheiros"
ou "cem denários" era uma moeda romana. Mais uma vez o Comentário
Bíblico Beacon faz uma atualização dizendo que o valor equivalia a cerca de
"vinte dólares americanos", ou seja, "uma soma insignificante
comparada àquela que o oficial da corte devia ao rei". Contudo, aquele que
teve sua dívida perdoada agora resolve ser absolutamente incompreensivo.
Recusa-se a dar um prazo para que o homem pudesse quitar a dívida e ainda
mandou que o seu servo fosse lançado na prisão (vv.28-30). Os demais servos, ao
sentirem-se revoltados pela atitude injusta do credor incompreensivo, levaram o
assunto até o conhecimento do rei (v.3l). O credor acaba então recebendo o
castigo que merece (vv.32-34). Jesus termina com a advertência de que Deus fará
o mesmo quando não perdoarmos cada um de nossos irmãos que nos ofendem (v.35).
Todos os seres humanos que nascem debaixo do sol são
devedores a Deus. Se ele nos chamar para acertar as contas, ninguém ficará de
fora. Pior ainda é saber que não temos como pagar nossa dívida. Ela é grandiosa
demais. Jesus fez uso de uma hipérbole ao falar sobre a dívida desse homem. Dez
mil talentos era uma dívida assustadora. Se formos entregues a nós mesmos nossa
sorte seria a perdição eterna. Não há nada que possamos fazer para mudar isso. Nenhum
ser humano, nenhum de nós jamais podería saldar nossa dívida para com Deus
porque não há justiça em nós. A nossa única garantia de ingresso no céu é a
obra de Jesus Cristo. Somos seres falidos moral e espiritualmente. Ainda que
consigamos evitar muitos pecados grosseiros, o fato é que um único que
cometêssemos nos levaria para o Inferno.
SUBSÍDIO EXEGÉTICO
“A
chamada de Jesus ao perdão imediato é a ocasião para esta parábola. Mateus une
fortemente as duas passagens com as palavras ‘por isso’ (dia touto,
traçados dução literal). Jesus começa dando um exemplo de perdão extravagante.
O fato de um servo (provavelmente ministro da corte) dever dez mil talentos é
incrível; Jesus exagera a soma astronômica para causar efeito. Um talento era
alta denominação de dinheiro, equivalente de seis a dez mil dinheiros ou
denários (um denário era o salário mínimo de um operário pelo trabalho de um
dia). Em termos do dinheiro de hoje, seria uma dívida na casa dos bilhões de
dólares. O servo nunca viveria o suficiente para acumular ou fraudar tal
quantia. É situação tão desesperadora, que ele e sua família terão de ser
vendidos como escravos (v.25), mas até isso apenas faria cócegas na importância
devida. Responder como o homem pagaria está além da função da parábola”
(SHELTON, James B. In ARRINGTON, French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário
Bíblico Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.108).
II. EM
CRISTO, DEUS PAGOU AS NOSSAS DÍVIDAS
1.
Nossa dívida impagável. A Palavra de Deus deixa claro que o salário do pecado é a morte (Rm
6.23) e, do mesmo modo, ela ensina que todos somos pecadores (Rm 3.23). É bom
Lembrarmos que até mesmo nós, os que servimos a Cristo, outrora éramos mortos
em delitos e pecados (Ef 2.1). É justamente por causa de nossos delitos e
pecados que contraímos uma dívida impagável. Assim como aquele servo que devia
dez mil talentos, nós não poderíamos pagar nossa dívida para com Deus. Essa
dívida exigia um sacrifício de sangue, pois sem derramamento de sangue não há
remissão de pecados (Hb 9.22). A única forma de pagarmos nossa dívida seria com
o derramamento de sangue e, isso, exigiria a nossa própria vida. Portanto,
nossa dívida para com Deus é impagável.
Como já discorri no tópico I, o tema principal dessa
maravilhosa história é o perdão, não o de Deus concedido ao homem, embora isso
esteja presente, mas o do homem em direção a outro homem. Mas analisando o
valor da nossa dívida para com Deus e a impossibilidade de pagarmos, resume-se
que:
- A penalidade infalível para o pecado é morte:
espiritual, física e eterna (Gn 2.17; Rm 5.12-14; 6.23). Para um homem ser
salvo, esta penalidade tem que ser removida;
- Ela o foi por (e em) Cristo, que levou sobre Si
nossa penalidade (sua morte foi vicária/substitutiva - Is 53.5-6; 1Pe 2.24; 2Co
5.21).
- Agora, Deus dá a remissão àquele que crê e recebe
Seu Filho (At 13.38-39; Rm 8.1,33-34; 2Co 5.21).
Note, ainda, que somos considerados pecadores diante
de Deus não por causa dos nossos delitos e pecados, estes são consequência do
nosso estado – nascidos destituídos da glória de Deus (Rm 3.23). Note a
progressão em Romanos 5.12: O pecado entrou no mundo através de Adão, morte
segue o pecado, morte vem a todas as pessoas, todas as pessoas pecam porque
herdaram pecado de Adão. Porque “...todos pecaram e destituídos estão da glória
de Deus”, necessitamos de um sacrifício perfeito e sem pecado para purificar
nosso pecado – isso é algo que somos incapazes de fazer sozinhos. Graças a Deus
que Jesus Cristo é o Salvador do pecado! Nosso pecado foi crucificado na cruz
de Jesus, e agora em Cristo (Cl 2.14) “temos a redenção pelo seu sangue, a
remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça” (Ef 1.7). Deus, em Sua
sabedoria infinita, providenciou o remédio para o pecado que herdamos, e esse
remédio está disponível a todos: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel
e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo
1.9).
2.
Deus pagou as nossas dívidas. O próprio Deus, que poderia ser o nosso credor eterno, providenciou uma
forma para que pudéssemos "pagar" a nossa dívida. Ele enviou seu
Filho na plenitude dos tempos (Gl 4.4), para que todo aquele que confessar o
Nome do unigênito Filho de Deus não pereça, não morra, ou seja, não tenha de
receber a justa retribuição pela imensa dívida do pecado (Gl 4.5). Ao morrer em
nosso lugar na cruz do calvário, Cristo verteu o sangue necessário para a
remissão de nossos pecados. Ali na cruz "havendo riscado a cédula que era
contra nós", Deus em Cristo pagou as nossas dívidas.
A expressão "plenitude do tempo": indica a
chegada do tempo
escatológico ou messiânico encerrando um longo período de
séculos de espera da humanidade. (Mc 1.15; At 1.7; Rm 13.11; 1Co 10.11; 2Co
6.2; Ef 1.10; 1Pd 1.20). O termo “plenitude” no versículo mostra-nos o sentido
de cumprimento. O significado teológico vem do contexto que envolve. Foi Jesus,
o Verbo encarnado que pagou o nosso resgate para libertar-nos do pecado, da
morte e do inferno. Nos livros Mosaicos, o Pentateuco, mais precisamente em
Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, encontramos os requisitos exigidos por
Deus para os sacrifícios. Naquela dispensação, os sacrifícios de animais para a
expiação substitutiva eram apenas figura do Calvário, onde Cristo tomou o lugar
da morte, uma vez que a morte é a penalidade pelo pecado (Rm 6.23). Na cruz
Jesus bradou "tetelestai", uma expressão grega que pode ser
traduzida como "está consumado", "totalmente pago" ou
"dívida cancelada". Esta declaração não foi o gemido de um homem
derrotado, mas o grito triunfante da vitória do Filho de Deus, nosso Salvador.
No primeiro século, quando um criminoso era preso, seus delitos eram
registrados em um papiro conhecido como "cédula de dívida" ou
"escrito de dívida". Ao cumprir a pena e chegando a ocasião de sua
liberdade, o juiz responsável pela soltura do condenado, riscava a cédula,
especialmente na parte onde os crimes estavam apontados, e, no rodapé, escrevia
TETELESTAI. Pronto! O indivíduo não devia mais nada à justiça. Estava livre da
condenação e, agora, poderia desfrutar da paz e da liberdade. Leia mais sobre
isso em NAPEC
3.
Nada pode nos condenar. Porque Deus, em Cristo, pagou as nossas dívidas, estamos livres da
condenação do pecado. É a Bíblia que nos assegura que "nenhuma condenação
há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas
segundo o espírito" (Rm 8.1). No versículo seguinte, Paulo explica que, em
Cristo Jesus, o Espírito de vida, "me livrou da lei do pecado e da
morte". Assim, porque a misericórdia é uma marca do ensino e do ministério
do Senhor Jesus, podemos dizer que agora somos livres da condenação por tal
grande misericórdia de Deus (Lm 3.22,23).
O evangelho é uma lei ou sistema totalmente diferente
do sistema legal que encontramos na lei de Moisés. Não depende da capacidade
humana, mas da capacidade divina. Não está baseada nas obras de justiça que o
ser humano faz, mas na obra da justificação que Jesus Cristo fez ao morrer por
nossos pecados e ressuscitar ao terceiro dia, e agora recebemos a maravilhosa
bênção: “nenhuma condenação há para nós, os que estamos em Cristo, porque Ele
já sofreu em nosso lugar o castigo pela condenação dos nossos pecados. Se Deus,
o Juiz Supremo, justificar-nos, então quem poderá agir contra nós e prosperar,
ou ter sucesso em sua empreitada? (Rm 8.33). A partir do momento em que Cristo
nos justificou e passou a interceder por nós, ninguém mais pode nos condenar. A
morte do Senhor Jesus em nosso favor teria pouco proveito caso ela fosse
considerada separadamente da Sua valorosa ressurreição. E o Deus vivo que
garante, seguramente, o cumprimento do propósito eterno de Deus. Assim, Ele
está sentando agora à destra de Deus, cheio de glória e soberania, e de onde
Ele é eternamente exaltado. O Senhor Jesus intercede por nós, junto a Deus Pai,
pela autoridade que é inata à Sua divindade. Por causa da Sua morte vitoriosa,
da Sua ressurreição vitoriosa, da Sua ascensão vitoriosa aos céus e da Sua
intercessão vitoriosa por nós, o Senhor Jesus selou o propósito eterno de Deus.
Em todo universo não há nada que possa prover maior garantia que a obra
perfeita de Cristo.
III. UMA VEZ
PERDOADOS, AGORA PERDOAMOS
1. Não endureça o coração.Se a misericórdia é uma marca do ministério de Cristo, deve ser também
uma marca de seus seguidores. Por isso, no Sermão do Monte, a misericórdia é
apontada como uma das características dos discípulos do Reino (Mt 5.7). Assim,
não podemos endurecer o coração para com aqueles que nos devem, uma vez que
Jesus jamais agiu dessa maneira. Antes, devemos tomar cuidado, pois a ênfase no
juízo será proporcional à ênfase na misericórdia (Tg 2.13).
Como vimos no tópico 2, Deus quitou nossa dívida
impagável fazendo recair sobre Jesus o castigo que estava reservado para nós,
agora, como exemplo dessa infinita misericórdia, nós que fomos perdoados,
devemos também exercitar misericórdia, aliás, esta deve ser uma marca
distintiva de quem nasceu de novo, devemos perdoar nossos irmãos quantas vezes
forem necessárias, lembrando que, perdoar não esquecer, perdoar é lembrar sem
sentir dor. Fomos libertos do pecado mas ainda pecamos e carecemos do perdão
todos os dias. Portanto, não podemos exigir justiça do outro e requerer
misericórdia de Deus. Não podemos deixar que as mágoas embruteçam nosso
coração. Mas ainda que embrutecido, nosso coração deve perdoar, por
responsabilidade. Afinal, como discípulos de Cristo devemos imitá-lo. Refletir
em nossas práticas o infinito amor que Ele manifesta em nós sem medida.
2.
Devemos agir com misericórdia. O Reino de Deus não pode estar presente na vida da Igreja quando o mal
não é combatido (Ef 5.11). A parábola, precedida pela pergunta de Pedro,
ressalta a importância do exercício do perdão. Se Deus nos perdoou quando ainda
éramos pecadores (Rm 5.8), não temos motivo algum para deixar de perdoar
aqueles que nos ofendem. A misericórdia deve ser uma constante em nossas vidas.
Devemos agir com todos de forma misericordiosa, fazendo com que isso predomine
em nosso caráter como novas criaturas (2 Co 5.17).
“No
Cristianismo o ser vem antes do fazer. Quem é, faz. A fé sem obras é morta.
Vivemos num tempo em que a misericórdia parece ter desaparecido da terra. Os
judeus eram tão cruéis quanto os romanos. Eram orgulhosos, egocêntricos,
hipócritas e acusadores. Hoje, pensamos que se formos misericordiosos as
pessoas vão nos explorar ou vão pular no nosso pescoço. Nesta bem-aventurança
Jesus falou que a misericórdia é tanto um dever como uma recompensa. Os
misericordiosos alcançarão misericórdia”.(Rev Hernandes
Dias Lopes). O apóstolo Paulo diz: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as
quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. Todas as
criaturas cumprem o papel para o qual foram criadas: as estrelas brilham, os
pássaros cantam, as plantas produzem segundo a sua espécie. O propósito da vida
é servir. Aquele que não cumpre a missão para a qual foi criado é inútil.
3.
Devemos dar o presente que recebemos. Sabemos que todos os autênticos discípulos de
Cristo receberam abundante perdão, graça e infinita misericórdia. E isso é um
dom de Deus (Ef 2.4-8). É um presente do Pai para nós, que merecíamos a morte.
Da mesma forma que recebemos tudo isso como presente de Deus, devemos
presentearas pessoas com misericórdia e perdão (1 Jo 3.16).
A Bíblia diz: “Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação;
pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz” (Hb 13.16). Quando abrimos
a mão para ajudar o necessitado é como se você tivesse orando e adorando a
Deus. O anjo do Senhor disse a Cornélio: “Cornélio… as tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante
de Deus” (At 10.4). Sabemos que neste mundo exercemos a mordomia cristã
e vamos um dia comparecer diante do juiz para prestar contas por todas as ações
realizadas debaixo do sol (Lc 16.2). O apóstolo Paulo escreve aos romanos
afirmando que o julgamento de Deus será justo e imparcial (Rm 2.9-11). Todos que
pecaram perecerão ou serão julgados, indiferentemente de serem judeus ou
gentios. Ao mesmo tempo, temos de ter a consciência de que, quanto maior o
nosso conhecimento moral, maior será a responsabilidade diante do juízo.
“A intenção
da parábola é mostrar que o ato inicial de misericórdia e perdão, exercido por
Deus, deveria ser estendido as outras pessoas por nosso intermédio. Não haverá
utilidade se tivermos o conhecimento teórico sobre o assunto estudado e não o
aplicarmos no cotidiano. As lições não terão os objetivos cumpridos se não
servirem de canal de reflexão à mudança de direcionamento de nossas vidas. O
texto que narra a história do credor Incompassivo informa-nos que Deus
perdoou-nos, e que esse perdão deve direcionar os nossos relacionamentos. A
misericórdia do Senhor e o juízo de Deus, elementos intimamente ligados, são
exaltados na história narrada por Jesus.” (Fonte:https://pib7joinville.com.br/estudos/entendendo-e-vivendo/3470-o-credor-incompassivo.html. Acesso em: 12 Nov, 2018).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Jesus
de Nazaré, argumenta Hannah Arendt, foi ‘o descobridor do papel do perdão no
reino dos assuntos humanos’. Pode ser muito afirmar que Jesus descobriu o papel
do perdão social, visto que os profetas e sábios antes dEle também estavam
cientes deste fenômeno, mas Ele claramente transformou o seu significado e
significação de um modo que causou um efeito profundo na história humana.
“Se
examinarmos os livros do Novo Testamento em ordem aproximadamente cronológica,
mais uma vez identificaremos uma trajetória que nos leva a pensar no perdão de um
modo que transcende as metáforas puramente legais ou financeiras. Marcos, o mais
antigo dos Evangelhos, claramente liga a chegada de Jesus com a previsão dos
profetas hebreus referente à promessa de perdão e à vinda do Messias. Diferente
das introduções mais longas dos outros Evangelhos, Marcos cita os profetas e em
seguida declara que João Batista ‘apareceu’ e proclamou um batismo de arrependimento
para (ou em voltado para) o perdão dos pecados (Mc 1.4)” (SANDAGE, Steve J.;
SHULTS, F. Leron. Faces do Perdão. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011,
pp.137-38).
CONCLUSÃO
A parábola que estudamos,
nesta lição, evita qualquer abuso ou presunção da graça que recebemos de Deus.
Alguns, às vezes, querem apresentar um tipo de "graça" que não
precisa ser levada muito a sério. Contudo, a Bíblia ensina a respeito de uma
graça que é transformadora. Se você foi transformado por essa graça, conseguirá
perdoar assim como foi e é perdoado por Deus, em Cristo Jesus.
Encerraria esta lição com as seguintes afirmativas:
- Devemos perdoar porque Deus nos perdoou (Amor:
1Jo 4.11, 19-21. Perdão: Ef 4.32, Cl 3.13);
- Devemos perdoar para que Deus nos perdoe (Mt 5.7;
6.12, 14-15; 7.2; Mc 11.25; Lc 6.36-38. Tg 2.13);
- O perdão que recebemos de Deus é descomunal. Nada
poderia pagar nossa dívida para com Deus. O perdão que damos ao próximo é nada
ou muito pouco, quando comparado com o que Deus fez (veja Jo 8.7). Nenhuma
ofensa contra nós é imperdoável.
- Se alguém não está pronto para perdoar, também
não está pronto para receber o perdão.
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a
tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome
sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).
Francisco Barbosa
Disponível
no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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