SUBSÍDIO I
A INSTITUIÇÃO DA PÁSCOA
Diante do clamor
do povo escravizado, a reação de Deus foi libertar seu povo e conduzi-lo a uma
nova terra, dando independência política, identidade nacional e liberdade para
servirem ao verdadeiro e único Deus. Em seu grandioso poder, o Senhor ouviu “o
gemido dos filhos de Israel, aos quais os egípcios escravizavam” (Êx 6.5) e
lembrou-se da sua aliança com eles. O clamor do povo diante do sofrimento da
escravidão chegou até Deus, e Ele enviou livramento a Israel. O Senhor libertou
seu povo dos dois sentidos da escravidão: (1) a escravidão humana diante de
outro povo e (2) a escravidão espiritual, que faz o ser humano adorar falsos
deuses que dominam e cegam o entendimento das pessoas. O povo israelita
experimentou a dominação, escravidão e humilhação por um período aproximado de
430 anos (Êx 12.40). Ser escravo no Antigo Oriente era ser dependente política,
econômica e socialmente de outro povo. A religião que o povo escravo professava
era a religião dos seus senhores; portanto, não existia uma dignidade nacional
para o povo que era escravo. Em Cristo Jesus, somos igualmente livres da
escravidão de servirmos falsos deuses e de associarmo-nos a ídolos e espíritos
opressores das trevas (1 Co 10.20).
O nome hebraico para referir-se
à Páscoa é Pesah, que pode
significar pular, passar por cima, saltar por cima ou também passar de largo,
no sentido de poupar a vida, pois o anjo destruidor passou de largo e poupou os
primogênitos das casas onde fora aplicado o sangue nas ombreiras e na verga das
portas (Êx 12.7). Essa determinação havia sido dada por Deus diante da teimosia
de Faraó, para que o povo de Israel não fosse atingido pela última praga
lançada sobre o Egito, que era a praga da morte dos primogênitos de homens e
animais. Portanto, a mortandade não sobreviria à casa dos israelitas onde um
cordeiro fosse sacrificado e seu sangue fosse aspergido nos locais indicados.
Assim sendo, trata-se do misericordioso cuidado de Deus em preservar os
filhos de Israel quando um poder destruidor “passou por cima” deles sem
causar-lhes dano.
A morte dos primogênitos e a
Páscoa representam a vitória do Deus verdadeiro sobre todas as divindades
egípcias, algumas delas representadas nas pragas anteriores, pois tinham
semelhanças na sua feição com esses animais e agora estavam religiosamente em
desvantagem diante da soberania de Deus. Como os primogênitos de todos os
animais morreram, também morreram os primogênitos dos touros (o deus touro
egípcio chamava-se Ápis), que eram sagrados, e a morte dos primogênitos dos
touros também foi um duro golpe no deus Osíris (representado pelo sol), o principal
deus do panteão egípcio. O próprio Faraó era venerado como filho de Rá (outro
nome para o sol). Assim, a morte do primogênito do próprio Faraó mostraria a
impotência dos deuses egípcios, bem como a impotência de Faraó.
Na véspera da última praga sobre
os egípcios, Deus mandou o povo preparar um cordeiro para ser sacrificado em
cada família (Êx 12.3-6). Quando o Senhor passasse para ferir os primogênitos
dos egípcios, o sangue sobre as portas seria o sinal de que lá estaria algum
israelita e ninguém morreria naquela casa (Êx 12.13). Essa orientação protegeu
os primogênitos israelitas da morte. Foi dessa forma que o sangue do cordeiro
pascal tornou-se símbolo de proteção diante da morte. Igualmente, o sangue de
Jesus como o verdadeiro cordeiro protege-nos da morte eterna, da maldição
originada pelo pecado e da escravidão que o pecado gera na vida humana (1 Jo
1.7).
Além de os primogênitos dos
israelitas não morrerem na noite deste sacrifício, a Páscoa também significa o
livramento da escravidão do Egito, pois, diante da mortandade, o Faraó ordenou
que o povo saísse do Egito, temendo maiores consequências. A Páscoa tornou-se o
primeiro dia do ano religioso dos hebreus e também o começo de sua vida
nacional. Ela ocorreu dia 14 do mês de Abibe (chamado
de Nisã na história posterior de Israel), que pode corresponder aos nossos
meses de março e abril.
A salvação dos primogênitos de
Israel através do sangue de um animal e a morte dos primogênitos do Egito
demonstra um paralelo do alcance da expiação de Cristo, que “é ilimitada, mas é
limitada àqueles que creem verdadeiramente”; que “Ele é o salvador em potencial
de todos os homens, mas efetivamente só dos crentes”.1
Além do cordeiro da Páscoa de um
ano, os elementos centrais dessa festa também eram o pão sem fermento, chamado
de pão asmo — que representava a saída rápida, pois não havia tempo de deixar a
massa crescer — e as ervas amargas que simbolizavam o tempo de amargura,
sofrimento, opressão e dor da escravidão durante os 430 anos. Essa refeição
deveria ser feita apressadamente, com as pessoas em pé, com vestimentas e
sandálias nos pés, prontas para saírem e com um bordão (cajado) na mão,
simbolizando a pressa com que saíram do Egito. Essa festa deveria ser celebrada
continuamente para relembrar que Deus os havia libertado do Egito.2
Mais tarde, a festa passou a ser
celebrada de maneira mais alegre e, na primeira noite do Seder (ordem
ou liturgia), a família israelita festejava a liberdade que Deus dera ao povo.
Trata-se de uma festa parecida com o Natal, com a diferença de que o Seder tem uma
longa e antiga liturgia acompanhada por vários rituais
simbólicos importantes.3 No final,
entoavam-se cânticos de alegria. O cântico final era alegre (Sl 136), uma
alegria que expressava gratidão a Deus pelos seus feitos. Assim, somos
desafiados a celebrar a nossa salvação em Cristo Jesus todos os dias com muita
alegria, com cânticos de louvor e gratidão, tal como os judeus celebravam
durante a sua páscoa. Jesus, na última Ceia com os discípulos, repartiu o pão e
o vinho, o cálice da nova aliança e, depois de ter realizado a Ceia, cantou um
hino (Mt 26.30).
Com a Páscoa, Deus dava início
ao cumprimento da promessa da terra e da constituição de uma nação feita a
Abraão (Gn 12.3). Israel estava sendo liberto do domínio de um povo e estava
sendo levado em direção à sua própria terra para construir sua identidade. A
Páscoa era o símbolo de que, agora, os israelitas não eram mais escravos
condenados a viverem sem uma terra. Dessa vez, eles estavam sendo convocados
por Deus a seguirem seu próprio caminho, serem uma verdadeira nação e servirem
seu Deus e não mais correrem riscos de adorarem os deuses egípcios. De igual
forma, a salvação em Cristo Jesus conduziu o ser humano a uma nova identidade e
conduz a Igreja em direção a uma nova terra (a nova Jerusalém) onde veremos a
plena glória de Deus. O Novo Testamento afirma que, mediante a salvação de Jesus,
ganhamos uma nova identidade — a de sermos filhos de Deus (Gl 3.26; 1 Jo 3.2);
temos uma nova vida — pois não somos nós que vivemos, mas é Cristo que vive em
nós (Gl 2.20), e, igualmente, ganhamos a liberdade de servirmos ao verdadeiro
Deus e anunciarmos as suas virtudes ao mundo (1 Pe 2.9-10).
A Páscoa representa a verdadeira
libertação que uma nação pode experimentar: a liberdade espiritual para servir
ao Criador (Êx 12.1-13.16). O último juízo sobre o Egito e a provisão do
sacrifício pascal possibilitaram o livramento da escravidão e a peregrinação do
povo para a Terra Prometida. Os israelitas passavam oito dias comendo pães sem
fermento semelhantes ao matzá,
isto é, fatias achatadas e crocantes de pães asmos insossos. Tudo em memória da
grande fuga do Egito, tão rápida que não houve tempo para deixar o pão caseiro
crescer (Êx 12.39-40).
A Páscoa judaica aponta e
encontra seu propósito principal e seu fim (de finalidade e término) na vida,
na morte e na ressurreição de Cristo. Assim, tanto a Páscoa quanto a Ceia do
Senhor apontam para o mesmo simbolismo: o sacrifício de Cristo. Ambos apontam o
antes e o depois do maior evento da história: a obra de Cristo.
Texto extraído do livro “A
Obra de Salvação”, editada pela CPAD, 2017.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A morte visitou o Egito e em uma noite de pavor
todos os filhos e animais primogênitos morreram (Ex. 11.6; 12.30). Mas a morte
não alcançou os hebreus, eles foram preservados pelo Senhor. Na aula de hoje,
estudaremos a respeito desse grandioso livramento de Deus, que demarcou a
celebração da Páscoa para os hebreus. Ao final, destacaremos que Cristo, o
Salvador, tornou-se a Páscoa para os cristãos, e que através do memorial da
Ceia do Senhor, celebramos Sua morte e ressurreição.
1. A PÁSCOA ISRAELITA E OS EGÍPCIOS
A décima praga foi a mais terrível de todas para os
egípcios, pois em virtude do endurecimento do coração de Faraó, os mensageiros
da morte visitaram a terra, e como diz o salmista, “lançou contra eles o furor
da sua ira: coleta, indignação e calamidade, legião de anjos portadores de
males (Sl. 78.49). Moisés inicialmente ouviu a Palavra de Deus, e foi ao
palácio a fim de entregar a mensagem profética do Senhor (Ex. 10.24-29). Como
profeta de Yahweh, revelou a Faraó que ele pagaria um preço por ter causado
tantos danos ao povo de Deus. Todos os primogênitos do Egito seriam mortos,
isso porque para aquela cultura os primogênitos eram considerados sagrados, até
mesmo entre os hebreus (Ex. 4.22; Jr. 31.9; Os. 11.1). Ademais, não podemos
deixar de destacar que outro Faraó quis exterminar os filhos dos hebreus, por
isso, o Deus de Israel estava, através dessa praga, vingando a morte dos filhos
do Seu povo (Ex. 4.22,23). Muito embora sejamos ensinados a não buscar vingança
(Mt. 7.1,2), sabemos, no entanto, que Deus, ao Seu tempo, julgará aqueles que
se opõem e perseguem os que servem a Ele, tendo em vista que o homem ceifará o
que plantar (Gl. 6.7). A fim de preservar seus primogênitos, os hebreus
celebraram sua Páscoa, através da morte de um cordeiro, sendo o seu sangue
colocado na verga e nos umbrais das portas das casas onde viviam as famílias
israelitas (Ex. 12.6-13;21-14). Essa atitude apontava para o derramamento do
sangue do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo. 3.14-17), pois sem
Ele não haveria remissão de pecados (Hb. 9.22). Jesus foi nosso substituto,
tendo morrido pelos nossos pecados, tomando o castigo a nós destinado (Is.
53.4-6; I Pe. 2.24). Quando o anjo da morte passou para ceifar a vida dos
primogênitos, não tocou nos filhos dos hebreus, ao verem o sangue nos umbrais
(Ex. 12.13). De igual modo, todos aqueles que creem em Cristo como Salvador
estão livres da morte eterna (Jo. 3.16; I Jo. 2.2).
2. OS
PROCEDIMENTOS PARA A CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA
A palavra páscoa quer dizer passagem em hebraico,
em alusão à passagem da morte que passaria pelas casas, ceifando as vidas dos
primogênitos. Aos hebreus, para escaparam de tal juízo, cabiam observar os
procedimentos dados por Deus. Eles mergulhavam os ramos de uma planta
denominada hissopo na bacia com o sangue do cordeiro e o colocava nas vergas e
umbrais das portas (Ex. 12.22). Em seguida, essa mesma planta era usada para
aspergir o sangue que confirmava a aliança de Deus com o Seu povo (Ex. 24.1-8).
O cordeiro havia sido assado e comido às pressas, o povo deveria estar pronto
para partir logo que fosse dado um sinal (Ex. 12.8,11,46). A refeição consistia
do cordeiro assado, pães asmos e ervas amargas, antecipando, assim, o
sacrifício vicário de Cristo. O pão era sem fermento porque não havia tempo
para que esse crescesse (Ex. 12.39), além de ser este um símbolo de impureza
para os hebreus. A Palavra de Deus associa o fermento com o pecado, bem como
com os falsos ensinamentos (Mt. 16.6-12; Gl. 5.1-9) e a hipocrisia (Lc. 12.1).
A igreja do Senhor não pode se envolver com práticas pecaminosas, antes deve
viver em santidade, sem se deixar contaminar com o fermento do mundo (I Co.
5.6-8). Outro procedimento foi usado, qualquer carne que sobrasse da festa
deveria ser queimada, aquele cordeiro era especial, não deveria ser tratado
como uma alimentação normal. Aquela refeição foi preparada para a família (Ex.
12.3,4), isso mostra que Deus atenta para a proteção dos lares. A igreja, como
um todo, é uma família, que se une para lembrar a morte e ressurreição do
Cordeiro de Deus (Ef. 2.21; 3.15;4.16). O caráter memorial da páscoa
israelita (Ex. 12.14-43) fora retomado pela fé cristã, a fim de celebrar o
sacrifício de Cristo, na cruz do calvário (Mt. 26.26; I Co. 11.23-25). A páscoa
israelita era celebrada em nome do Senhor, recordando o cumprimento das Suas
promessas (Ex. 11.1-8; 12.31-36). Na noite da Páscoa se cumpriram as promessas
dadas por Deus a Abraão, muitos séculos antes (Gn. 15.13,14). De fato, “nem uma
só palavra falhou de todas as suas boas promessas, feitas por intermédio de
Moisés, seu servo” (I Rs. 8.56). As promessas de Deus não falham, por isso
estamos certos que passarão céus e terra, mas Suas palavras não haverão de
passar (Lc. 21.33).
3. CRISTO, A NOSSA PÁSCOA
Paulo identifica Cristo como a nossa páscoa, isso
porque Jesus é o Cordeiro que foi imolado pelos nossos pecados (I Co. 5.7; Rm.
5.8,9). As igrejas locais se reúnem para celebrar a Ceia do Senhor. A Santa
Ceia é um memorial, a fim de que, entre muitas atribuições eclesiásticas, não
nos esqueçamos do principal, do sacrifício de Cristo na cruz (I Co. 11.23-25).
Por ocasião da Ceia, utilizamos, simbolicamente, o pão que representa o corpo
de Cristo (I Pe. 2.22-24), e o vinho, o sangue derramado do Senhor (Mc. 14.24).
Esses elementos são simbólicos por isso não podem ser confundidos com o próprio
corpo e sangue de Jesus (Jo. 6.35; 10.9), trata-se, portanto, de uma linguagem
figurada. Essa deve ser uma observância continua para a igreja, ainda que não
seja demarcada a frequência em que deve ocorrer (Lc. 22.14-20). A igreja
cristã, desde o primeiro século, atentou para a prática do partir do pão (At.
2.42; 20.7; I Co. 11.26). É importante que a igreja mantenha a reverência por
ocasião da celebração da Ceia, esse era um problema grave em Corinto, pois
muitos membros da igreja não a levavam a sério (I Co. 11.29,30). Esse deve ser
um momento solene, sobretudo de reflexão, a fim de demonstrar nossa
identificação com o Cristo que por nós entregou Sua vida. Para evitar distorções
no ato da celebração da Ceia, recomendamos: 1) sinceridade na apreciação (Lc.
22.17-19), não se trata apenas de alimentação, mas de percepção do valor do
sacrifício de Cristo; e 2) autoexame para não nos tornarmos culpados e
participantes daqueles que crucificaram o Senhor (I Co. 11.27). Ninguém se
torna, por si mesmo, apto para a Ceia, é o sangue de Jesus, que nos torna aptos
para tal. Não ceamos por causa dos nossos méritos, pois se assim fosse, ninguém
poderia se aproximar da mesa (Ef. 2.8,9). Mas é preciso demonstrar contrição,
reconhecimento do pecado, sobretudo arrependimento (I Jo. 1.9). A Ceia do
Senhor é também um momento de irmandade, pois ao partir o pão demonstramos que
somos um em Cristo (I Co. 10.16,17).
CONCLUSÃO
Os hebreus, diante da ameaça de Faraó, foram
libertados pelo Senhor, com mão forte e braço estendido (Sl. 89.13). A
percepção daquele ato libertador fez com que os hebreus, ao longo da sua
história, celebrassem a páscoa. Os cristãos também têm motivos para celebrar,
através da Ceia, a libertação que nos foi dada através de Cristo Jesus. Quando
assim fazemos, apontamos não apenas para o passado, em relação ao que Ele fez,
também nos identificamos no presente com Ele, e demonstramos expectação em
relação ao futuro, quando com Ele cearemos na eternidade (Mt. 26.29).
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Na Páscoa, os
israelitas relembram o modo milagroso pelo qual Deus operou a salvação de seu
povo, livrando-o da opressão, do sofrimento, da angústia e da escravidão
promovida pelos egípcios. Era a lembrança da fidelidade de Deus à sua promessa,
do seu amor libertador e do cuidado, sem igual, em favor do seu povo. Nesta
lição, estudaremos os aspectos-chave e simbólicos da Páscoa e o novo
significado que tão importante celebração assumiu com a morte e a ressurreição
de nosso Senhor Jesus Cristo. [Comentário: Desde que Israel partiu
do Egito em cerca de 1445 a.C., o povo hebreu (posteriormente chamado “judeus”)
celebra a Páscoa todos os anos, na primavera (em data aproximada da sexta-feira
santa). A Festa da Páscoa, a primeira das grandes Festas judaicas mencionadas
na Bíblia, é observada e comemorada pelos judeus mais do que qualquer outra
Festa do calendário judaico, marca o início do calendário bíblico de Israel e
delimita as datas de todas as outras festas na Bíblia. O Pessach (passar
por cima ou passar por alto), também conhecida como "Festa da
Libertação", celebra a libertação dos hebreus da escravidão no Egito
ocorrido em 14 de Nissan (março/abril) cerca de 1445 a.C. No Antigo Testamento
podemos ver tipos e figuras de Cristo sendo morto, como no animal que Deus mata
para fazer as vestes de peles para Adão e sua mulher, nos milhões de animais
sacrificados ao longo da história de Israel e no cordeiro pascal; todos são
apenas figuras ou sombras do Cordeiro que viria. Quando Jesus é chamado de
Cordeiro de Deus em João 1.29 e 36, é uma referência ao fato de que Ele é o
sacrifício perfeito e definitivo pelo pecado. Para podermos compreender quem
Cristo era e o que Ele fez, precisamos começar no Velho Testamento, onde
encontramos as profecias sobre a vinda de Cristo como “expiação do pecado” (Is
53.10). Na verdade, o sistema de sacrifícios estabelecido por Deus no Velho
Testamento preparou o terreno para a vinda de Jesus Cristo – o perfeito
sacrifício que Deus providenciou como expiação pelos pecados de Seu povo (Rm
8.3; Hb 10). Na verdade, o sacrifício do cordeiro da páscoa e o processo de
marcar com sangue as ombreiras e as vergas da porta das casas para o anjo da
morte passar pelas pessoas que estavam “cobertas pelo sangue” (Êx 12.11-13) é
um lindo retrato do trabalho expiatório de Cristo na cruz.] Dito
isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?
I. A INSTITUIÇÃO
DA PÁSCOA
1. O livramento
nacional. Para o povo de Israel, a
Páscoa representa o que o dia da independência significa para um país
colonizado por uma metrópole. Mais ainda, essa magna celebração significa a
verdadeira libertação experimentada por uma nação, expressada pela liberdade
espiritual do povo para servir ao Deus Criador (Êx 12.1-13,16). Historicamente,
foi o último juízo sobre o Egito e a provisão do sacrifício pascal que possibilitaram
o livramento da escravidão e a peregrinação do povo judeu rumo à Terra
Prometida (Êx 12.29-51). [Comentário: Aproximadamente 430 anos se passaram desde que Yahweh falara
a Abraão (Gn 15.13-16; Êx 12.40, 41), dizendo que sua descendência seria
peregrina, sob a servidão e aflição. As Suas promessas, contudo, não falham,
pois Ele vela pela Sua Palavra para cumpri-la (Jr 1.12). A peregrinação no
Egito começou com a descida de Jacó e seus filhos. Um dos filhos de Jacó, José,
tornou-se governador do Egito, e, durante o seu governo os hebreus não sofreram
nenhum tipo de agravo ou sofrimento. Mas, «depois do falecimento de José e de
seus irmãos e de toda aquela geração; levantou-se um novo rei sobre o Egito,
que não conhecera a José» (Êx 1.6-8). A partir de então os egípcios começaram a
afligir os israelitas, e a tratá-los com dureza (Êx 1.11-14). Quando os
sofrimentos dos filhos de Israel estavam sendo insuportáveis, então clamaram ao
Seu Deus, e os seus clamores subiram aos céus por causa de sua servidão (Êx
2.23). Yahweh interveio em favor de Seu povo, chamando Moisés, que após 40 anos
de preparo no deserto apascentando ovelhas, foi enviado diante de Faraó para
que começasse a libertação do Seu povo do Egito (Êx 3-4). Em obediência ao
chamado de Yahweh, Moisés compareceu perante Faraó e lhe transmitiu a ordem
divina: «Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto» (Êx
5.1). Para conscientizar Faraó da seriedade dessa mensagem da parte de Yahweh,
Moisés, mediante o poder de Yahweh, invocou pragas como julgamento contra o
Egito. No decorrer de várias dessas pragas, Faraó concordava em deixar o povo
ir, mas a seguir, voltava atrás, uma vez a praga suspendida. Soou a hora da
décima e derradeira praga, aquela que não deixava aos egípcios nenhuma
alternativa senão a de lançar os israelitas. Yahweh disse a Moisés: «À
meia-noite eu sairei pelo meio do Egito; e todo o primogênito na terra do Egito
morrerá, desde o primogênito de Faraó, que se assenta com ele sobre o seu
trono, até ao primogênito da serva que está detrás da mó, e todo primogênito
dos animais. E haverá grande clamor em toda a terra do Egito, qual nunca houve
semelhante e nunca haverá» (Êx 11.4-6)1.] 1. http://www.doutrinasbiblicas.com/pascoajudaica_t/pascoajudaica.htm
2. A libertação da
escravidão. Os israelitas habitaram por
aproximadamente 430 anos no Egito (Êx 12.40). Na maior parte desse tempo, eles
experimentaram a dominação, a escravidão e a humilhação. Ser escravo no Antigo
Oriente era estar sob a dependência política, econômica e social de outra
nação. A religião a ser professada pelo povo escravo era a da nação dominadora,
logo, não havia dignidade nacional para a escrava. Entretanto, no caso dos
israelitas, o Deus Todo-Poderoso ouviu “o gemido dos filhos de Israel, aos
quais os egípcios escravizam”, e lembrou-se de sua aliança (Êx 6.5). Do
sofrimento da escravidão, o clamor do povo chegou a Deus que lhe proveu o
livramento. [Comentário: “E José fez jurar os
filhos de Israel, dizendo: Certamente, vos visitará Deus, e fareis transportar
os meus ossos daqui” (Gn 50.25). Gênesis termina com o isolamento de Israel
no Egito, onde Deus poderia purificar e formar seu povo. O pedido de José
indica sua fé de que Israel, por fim, ocuparia a terra da Promessa. Seu pedido
foi cumprido por Moisés (Êx 13.19). Êxodo faz uma breve referência a eventos
anteriores (Jacó e José no Egito) e às últimas viagens dos israelitas ao Egito
(Êx 1.5,6; 16.35; 40.36-38). Também descreve a opressão sofrida pelos
israelitas no Egito, mas a maior parte do livro é dedicada ao período que vai
do nascimento de Moisés (perto de 1526 a.C.) até a dedicação do Tabernáculo
(1445 a.C.), cuja duração é de oitenta e um anos. Moisés deve ter iniciado sua
escrita quando os israelitas estavam acampados no monte Sinai (cerca de 1445
a.C.) e completado o livro antes de sua morte em 1406 a.C. Um fato importante
de nota é que o período em que Israel ficou no Egito não foi todo ele um
período de escravidão, de cativeiro. Até a subida ao poder deste “novo Faraó”,
Israel vivia regaladamente no Egito, tendo grande progresso tanto quantitativo
quanto qualitativo. Esta opressão foi necessária para que suscitasse nos
israelitas o desejo de retornar para Canaã, de conquistar a Terra Prometida. O
Egito foi terra fértil, havia grande prosperidade, assim, jamais Israel
quereria ver o cumprimento da promessa de Abraão. Deus age assim ainda em
nossos dias, as aflições deste mundo (Jo 16.33), servem de elemento propulsor
para que desejemos morar na pátria celestial. O clamor angustiado de Israel foi
equilibrado por uma quádrupla resposta de Deus. Deus “ouvindo”, “lembrou-se”,
“viu” e “atentou” (2.24,25). Esse sumário prepara-nos para a chamada de Moisés
e sublinha o tema do livro sobre a fidelidade divina às promessas da aliança.
Deus havia prometido que os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó se tornariam
uma grande nação e possuiriam a terra de Canaã. Ele se lembrou da aliança no
sentido de que atua conforme a promessa que fez (Êx 20.8; Lv 26.42; Nm 15.39).
Os versículos 23 a 25 apresentam o pano de fundo para o encontro que começa no
capítulo 3 2.] 2. http://auxilioebd.blogspot.com.br/2013/
3. A nova
celebração judaica. A Páscoa passou
a ser a nova festa religiosa dos israelitas, pois essa celebração foi
instituída por Deus, mediante o legislador Moisés, e um novo ano religioso
começou (Êx 12.1-20). Os israelitas passavam oito dias comendo pães sem
fermento, o matzá, isto é, fatias de pães asmos. Tudo isso para trazer à
memória a grande fuga do Egito que fora tão rápida, a ponto de não haver tempo
para deixar o pão caseiro crescer, pois esse pão deveria ser consumido antes de
a massa levedar (Êx 12.39,40). [Comentário: A Páscoa foi instituída na noite em que ocorreu o
Êxodo do Egito. A primeira Páscoa (isto é, com um novo significado) foi
celebrada na Lua Cheia, no final do dia 14 do mês de Abibe; aproximadamente no
ano de 1445 a.C. Dali em diante deveria ser celebrada anualmente (Êx 12.14,
17-24). A Páscoa instituída por Yahweh no Egito foi acompanhada por leis que
regiam a sua observância3. A Páscoa oferece um vasto campo
para especulação por causa da grande variedade de características: mancha de
sangue, saltos, “uma noite de vigia”, o cordeiro sacrificial, as primícias da
cevada, a ceia sagrada, etc. Essas características se assemelham a rimais
praticados fora de Israel. Não é de se admirar que os estudiosos a considerem
uma festa enigmática. Alguns não consideram Êxodo 1-14 como um registro dos
eventos, mas como uma lenda cúltica que tenta glorificar a saída do Egito (Pederson,
Israel: Its Life and Culture, III-IV, 726ss.). A suposição repousa sobre
um equívoco: o verdadeiro propósito da Páscoa era glorificar o Deus de Israel.
Seria inútil esperar dados históricos fora dos próprios termos do escritor. No
centro de Êxodo 1-14 está o Deus de Israel, que realiza feitos poderosos em
favor do seu povo (cp. G. von Rad, The Problem of the Hexateuch
[1965], 52). A história bíblica é escrita com um propósito, e o propósito
é atestar os atos graciosos de Deus. Israel compreende sua liberdade como um
milagre operado por YHWH que, com “poderosa mão e com braço estendido” levou
seu povo para fora do Egito (Dt 26.8). Para compreender o significado da Páscoa
deve-se procurar a interpretação bíblica; é inútil indagar qual era a festa nos
tempos pré-mosaicos. É possível que a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos fossem
festas agrícolas (cp. Êx 23.15s.). Alguma evidência da ligação cúltica entre a
Páscoa e as primícias está preservada (Js 5.10-12; cp. C. W.
Atkinson, AthR [Jan 1962], 82). A responsabilidade de explicar o
significado da Páscoa estava sobre o pai da família: “Naquele mesmo dia
contarás a teu filho, dizendo: E isto pelo que o Senhor me fez, quando saí do
Egito” (Ex 13.8; cp. 12.26). Somente os israelitas e aqueles que, através da
circuncisão, estavam unidos à comunidade podiam comer o cordeiro pascal.
Estrangeiros e viajantes, i.e., estrangeiros residentes, eram excluídos (Ex
12.45), mas a regra não era aplicada aos estrangeiros circuncidados e viajantes
que demonstrassem um real interesse em se identificar com Israel. A eles era
permitido participar da celebração da Páscoa (Nm 9.14).4] 3. http://www.doutrinasbiblicas.com/pascoajudaica_t/pascoajudaica.htm
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor(a), para iniciar o primeiro tópico da
lição faça a seguinte pergunta: “O que significa a palavra Páscoa?” Ouça os
alunos com atenção e explique que significa “passar por”. Explique que este
vocábulo tornou-se o nome de uma das mais importantes celebrações do povo
hebreu. Diga que a festa da Páscoa acontecia no mês de abibe (março/abril).
Depois, utilizando o quadro abaixo, explique aos alunos o significado desta
celebração para os egípcios, judeus e cristãos. Conclua enfatizando que a
Páscoa nos fala do sacrifício de Cristo, nosso Cordeiro Pascal.
A PÁSCOA
|
SEU SIGNIFICADO
|
Para os egípcios
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Significava o juízo divino sobre o Egito.
|
Para os israelitas
|
A saída do Egito, a passagem para a liberdade.
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Para os cristãos
|
É a passagem da morte dos nossos pecados para a vida de
santidade em Cristo.
|
II. O
CORDEIRO DA PÁSCOA
1. O cordeiro no Antigo Testamento. No Antigo
Testamento, o cordeiro constituía parte fundamental dos sacrifícios oferecidos
para remissão dos pecados. Ele foi introduzido na cultura dos israelitas quando
Deus libertou o seu povo, conforme nos relata Êxodo 12.3-10. Para oferecer o
cordeiro em sacrifício, o sacerdote e o povo deveriam observar algumas
exigências: o animal deveria ser completamente limpo, não poderia haver manchas
nem outros defeitos, ser imaculado e plenamente saudável (Lv 4.32; Nm 6.14). Todo
esse simbolismo apontava para Jesus, o verdadeiro Cordeiro pascal. [Comentário: A
consequência do pecado é a morte e a separação de Deus (Romanos 3:23; Romanos
6:23). Essa é a punição justa. Todos pecamos mas Deus nos ama e quer nos dar
outra chance de ficar com Ele. Sendo justo, Ele ainda tinha de exigir
pagamento. Por isso, Ele permitiu que quem se arrependesse usasse um cordeiro
sem defeito como seu substituto. O cordeiro morria em seu lugar para que
voltasse a ter comunhão com Deus5. Ofertas, sacrifícios e
holocaustos são, muitas das vezes, encontrados como sinônimos na Bíblia. O fato
é que o termo sacrifício é algo bem controverso e polêmico quanto ao seu
surgimento no meio cúltico de Israel e quanto as suas origens com atualizadas e
padronizadas em Israel. Alguns autores consideram o surgimento dos sacrifícios
como um mandamento do próprio Deus (Cf. Temas do Antigo Testamento. Novas
edições líderes evangélicos, 1986. p.101), ou seja, Deus ordenou de forma
literal a prática dos sacrifícios. Outros autores alegam que os sacrifícios,
bem como as demais práticas e características cúlticas de Israel foram
adquiridas dos povos cananeus, já que estes eram mais evoluídos em seus rituais
(Cf. FOHRER, 1993, p.48, 67-71.). Essa influência não surtiu efeito somente no
povo israelita, mas também nos demais (Cf. FOHRER, 1993, p.46-47). Ainda sobre
sacrifícios, na Bíblia, o livro que relata com maior precisão as práticas
sacrificiais é Levítico6.]
5. https://www.respostas.com.br/por-que-jesus-e-chamado-o-cordeiro-de-deus/ 6. Leia mais
sobre o tema em: http://cristaoshoje.blogspot.com.br/2010/02/o-sacrificio-no-antigo-testamento.html
2. Jesus, o verdadeiro Cordeiro pascal. A
páscoa cristã é o memorial de como Deus substituiu os sacrifícios temporários
por um único e definitivo. Nesse aspecto, o cordeiro do Antigo Testamento era
sombra do apresentado no Novo, “morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). Por
isso, ao comemorarmos a Páscoa, devemos atentar seriamente para o glorioso
feito de Jesus na cruz. Cristo é o fundamento, a essência da Páscoa; se não
atentarmos para Ele, nossa Páscoa torna-se vazia de sentido. Além disso, somos
chamados a celebrar o verdadeiro Cordeiro com alegria e gratidão, pois por
intermédio dEle a nossa culpa foi anulada definitivamente. Deus nos purificou e
nos fez dignos de “assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Ef 2.6).
Agora, uma vez em Cristo, somos santificados, justificados e perdoados (Rm
5.1,2; 8.1). [Comentário: Para os cristãos, a Páscoa contém rico simbolismo
profético a falar de Jesus Cristo. O NT ensina explicitamente que as festas
judaicas “são sombras das coisas futuras” (Cl 2.16,17; Hb 10.1), i.e., a
redenção pelo sangue de Jesus Cristo. Note os seguintes itens em Êxodo 12, que
nos fazem lembrar do nosso Salvador e do seu propósito para conosco7.
Todo sacrifício que podíamos fazer seria sempre imperfeito. Por isso, Deus
preparou o sacrifício perfeito: Ele mesmo. Ele se tornou um homem e passou por
tudo que nós passamos, mas sem pecar (Hb 2.14-15). Ele se tornou o sacrifício
perfeito pelos nossos pecados. João Batista chamou Jesus de “o cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Jesus se ofereceu para morrer em
nosso lugar. Ele foi como um cordeiro: sem defeito. Como Jesus nunca pecou e
era Deus, seu sacrifício foi muito maior que um cordeiro. Ele pagou um preço
tão alto que pode cobrir os pecados de todos que o aceitam como seu salvador.
Jesus foi o grande sacrifício que Deus fez por nós, o Cordeiro de Deus8.
O cordeiro pascoal era um “sacrifício” (12.27) a servir de substituto do primogênito;
isto prenuncia a morte de Cristo em substituição à morte do crente (ver Rm 3.25
nota). Paulo expressamente chama Cristo nosso Cordeiro da Páscoa, que foi
sacrificado por nós (1Co 5.7). O cordeiro macho separado para morte tinha de
ser “sem mácula” (12.5); esse fato prefigura a impecabilidade de Cristo, o
perfeito Filho de Deus (Jo 8.46; Hb 4.15). Alimentar-se do cordeiro
representava a identificação da comunidade israelita com a morte do cordeiro,
morte esta que os salvou da morte física (1Co 10.16,17; 11.24-26). Assim como
no caso da Páscoa, somente o sacrifício inicial, a morte dEle na cruz, foi um
sacrifício eficaz. Realizamos em continuação a Ceia do Senhor como um memorial,
“em memória” dEle (1Co 11.24)9.] 7. http://www.editoracpad.com.br/institucional/integra.php?s=5&i=174 8. https://www.respostas.com.br/por-que-jesus-e-chamado-o-cordeiro-de-deus/ 9. IBDEM 7
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“O cordeiro da Páscoa no Êxodo 12 deveria ser morto
e comido na noite da Páscoa, e o seu sangue deveria ser espargido nos umbrais
das portas. O Senhor Jesus Cristo associou a Santa Ceia à festa da Páscoa
judaica (Mt 26.17-19). Dessa forma, a Páscoa está tipificando que Cristo é a
nossa Páscoa (1 Co 5.7). O cordeiro a ser oferecido não deveria ter manchas ou
defeitos (Êx 12.5) e nenhum osso deveria estar quebrado (Êx 12.45), o que nos
mostra que nenhum osso de Cristo seria quebrado em sua morte na cruz. O
conceito do Cordeiro de Deus foi tão completamente desenvolvido em Isaías 53
que estava claro para os santos do Antigo Testamento que Ele não era outro
senão o Servo do Senhor. Parece que Isaías 53 é o capítulo que contém mais
referências cruzadas com o Novo Testamento em toda a Bíblia Sagrada. O Cordeiro
de Deus no Novo Testamento No primeiro capítulo de seu Evangelho, João registra
como João Batista aponta para Jesus como o ‘Cordeiro de Deus que tira o pecado
do mundo’ (Jo 1.29,36). Pedro, em sua primeira epístola, diz que Cristo foi o
cordeiro conhecido antes da fundação do mundo (1 Pe 1.19, 20). Portanto, o
conceito do Antigo Testamento do cordeiro sacrificial revela tipicamente e
profeticamente o plano de Deus para oferecer Cristo como o sacrifício
propiciatório pelos pecados do homem” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 2009, p. 454).
III. O
SANGUE DO CORDEIRO
1. O significado
do sangue. A primeira abordagem da Bíblia
acerca dos sacrifícios está no livro de Gênesis (Gn 3.21; 4.1-7). O sacrifício
de animais era uma forma de lidar com os problemas do pecado, quando este
destruiu a paz entre Deus e a humanidade (Is 59.2). O sacrifício era oferecido
para expiação dos pecados do transgressor, em que este era perdoado e, mediante
essa expiação, tinha a sua relação com Deus restabelecida. O maior símbolo, e
principal elemento desse ritual, era o sangue do animal sacrificado. Isso
porque “sangue”, na Bíblia, representa a vida; e a vida do animal, “derramada”
no sacrifício, era o que restabelecia a paz entre Deus e o ser humano (Lv 17.11
cf. Hb 9.23-28). [Comentário: Deus
exigia sacrifícios de animais para que a humanidade pudesse receber perdão dos
seus pecados (Lv 4.35; 5.10). Para começar, sacrifício de animal é um tema
importante encontrado por todas as Escrituras. Quando Adão e Eva pecaram,
animais foram mortos por Deus para providenciar vestimentas para eles (Gn
3.21). Caim e Abel trouxeram ofertas ao Senhor. A de Caim foi inaceitável
porque ele trouxe frutas, enquanto que a de Abel foi aceitável porque ele
trouxe “das primícias do seu rebanho e da gordura deste” (Gn 4.4-5).
Depois que o dilúvio recuou, Noé sacrificou animais a Deus. Esse sacrifício de
Noé foi de aroma agradável ao Senhor (Gn 8.20-21). Deus ordenou que Abraão
sacrificasse seu filho Isaque. Abraão obedeceu a Deus, mas quando Abraão estava
prestes a sacrificar a Isaque, Deus interveio e providenciou um carneiro para
morrer no lugar de Isaque (Gn 22.10-13)10. O Senhor Deus fez
roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher. (Gn 3.21) De primeira a
morte de um animal serviu para cobrir suas vergonhas, não apenas físicas, mas
emocionais, e Espirituais. Mas aquele animal, assim como, os cordeiros que
futuramente sacrificariam era apenas um símbolo e uma preparação do verdadeiro
e Eterno Sacrifício11.]
10. https://www.gotquestions.org/Portugues/sacrificios-de-animais.html
2. O sangue do
cordeiro pascal. Antes do advento
da última praga sobre os egípcios, Deus ordenou aos judeus que preparassem um
cordeiro para cada família (Êx 12.3). A orientação era a seguinte: após matarem
o cordeiro, os israelitas deveriam passar o sangue da vítima nas ombreiras e no
umbral da porta de suas casas (Êx 12.7). Isso serviria de sinal para que quando
o Senhor passasse e ferisse os primogênitos do Egito, conservasse a vida dos
israelitas intacta (Êx 12.13). Assim, a orientação divina protegeu os
primogênitos israelitas e o sangue do cordeiro pascal foi o símbolo de proteção
deles diante da morte. Nesse sentido, o sangue de Jesus Cristo, o verdadeiro
Cordeiro, nos protege da morte eterna e da maldição originada pelo pecado (1 Jo
1.7). Tal como o sangue do cordeiro pascal que livrou o povo da morte, assim
também o sangue de Jesus nos livra da morte espiritual e da condenação eterna. [Comentário: Soou
a hora da décima e derradeira praga, aquela que não deixaria aos egípcios
nenhuma outra alternativa senão a de lançar fora os israelitas. Deus mandou um
anjo destruidor através da terra do Egito para eliminar “todo primogênito...
desde os homens até aos animais” (12.12). Visto que os israelitas também
habitavam no Egito, como poderiam escapar do anjo destruidor? O Senhor emitiu
uma ordem específica ao seu povo; a obediência a essa ordem traria a proteção
divina a cada família dos hebreus, com seus respectivos primogênitos. Cada
família tinha de tomar um cordeiro macho de um ano de idade, sem defeito e
sacrificá-lo ao entardecer do dia quatorze do mês de Abibe; famílias menores
podiam repartir um único cordeiro entre si (12.4). Parte do sangue do cordeiro
sacrificado, os israelitas deviam aspergir nas duas ombreiras e na verga da
porta de cada casa. Quando o destruidor passasse por aquela terra, ele passaria
por cima daquelas casas que tivessem o sangue aspergido sobre elas (daí o termo
Páscoa, do hb. pesah, que significa “pular além da marca”, “passar por cima”,
ou “poupar”). Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas foram
protegidos da condenação à morte executada contra todos os primogênitos
egípcios. Deus ordenou o sinal do sangue, não porque Ele não tivesse outra
forma de distinguir os israelitas dos egípcios, mas porque queria ensinar ao
seu povo a importância da obediência e da redenção pelo sangue, preparando-o
para o advento do “Cordeiro de Deus,” que séculos mais tarde tiraria o pecado
do mundo (Jo 1.29). Naquela noite específica, os israelitas deviam estar
vestidos e preparados para viajar (12.11). A ordem recebida era para assar o
cordeiro e não fervê-lo, e preparar ervas amargas e pães sem fermento. Ao
anoitecer, portanto, estariam prontos para a refeição ordenada e para partir
apressadamente, momento em que os egípcios iam se aproximar e rogar que
deixassem o país. Tudo aconteceu conforme o Senhor dissera (12.29-36).]
3. O sangue da
Nova Aliança. Em o Novo
Testamento, ao celebrar a Páscoa na última ceia, Jesus afirmou que o seu sangue
era o símbolo da Nova Aliança (Lc 22.14-20); era o real cordeiro, bem como o
verdadeiro sacerdote, sendo o sacrifício e o oficiante ao mesmo tempo. Por essa
razão, o livro de Hebreus afirma que Cristo é o mediador da Nova Aliança e,
mediante seu sangue, redime de modo efetivo ao que crê (Hb 12.24). Nesse
sentido, o sangue da Nova Aliança deu acesso direto do ser humano ao trono da
graça (Hb 4.16) e autoridade exclusiva a Jesus como o único e verdadeiro
mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5). Desse modo Cristo fez da Igreja um
povo de verdadeiros sacerdotes com autoridade e legitimidade para partilhar da
intimidade com Deus, para interceder uns pelos outros e anunciar as boas novas
dessa Nova Aliança (1 Pe 2.9). [Comentário: A frase "sangue de Cristo" é usada várias
vezes no Novo Testamento e é a expressão da morte sacrificial e expiatória de
Jesus em nosso favor. As referências ao sangue do Salvador incluem a realidade
de que Ele literalmente sangrou na cruz, mas mais significativamente que
sangrou e morreu pelos pecadores. O sangue de Cristo tem o poder de expiar por um
número infinito de pecados cometidos por um número infinito de pessoas ao longo
dos tempos, e todos cuja fé repousa nesse sangue serão salvos. A realidade do
sangue de Cristo como meio de expiação do pecado tem a sua origem na Lei
Mosaica. Uma vez por ano, o sacerdote devia fazer uma oferenda de sangue de
animais no altar do templo pelos pecados do povo. "De fato, segundo a Lei,
quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue
não há perdão" (Hb 9.22). Entretanto, esta era uma oferta de sangue
limitada em sua eficácia, por isso tinha que ser oferecida repetidamente. Este
foi o prenúncio do sacrifício a ser oferecido de "uma vez por todas"
por Jesus na cruz (Hb 7.27). Uma vez que o sacrifício foi feito, não havia mais
a necessidade do sangue de touros e cabras. O sangue de Cristo é a base da Nova
Aliança. Na noite antes de ir para a cruz, Jesus ofereceu o cálice de vinho aos
discípulos e disse: "Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado
em favor de vocês" (Lc 22.20). Derramar o vinho na taça simbolizava o
sangue de Cristo que seria derramado por todos os que chegariam a crer nEle.
Quando derramou o Seu sangue na cruz, Jesus acabou com a exigência da Antiga
Aliança para o contínuo sacrifício de animais. Isso deu-se ao fato de que esse
sangue não era suficiente para cobrir os pecados do povo, exceto em caráter
temporário, porque o pecado contra um Deus santo e infinito requer um
sacrifício santo e infinito. "Contudo, esses sacrifícios são uma
recordação anual dos pecados, pois é impossível que o sangue de touros e bodes
tire pecados" (Hb 10.3-4). Embora o sangue de touros e cabras tenha sido
um "lembrete" do pecado, "o precioso sangue de Cristo, um
cordeiro sem mancha ou defeito" (1Pd 1.19) pagou por completo a dívida que
devíamos a Deus pelos nossos pecados, e não precisamos de nenhum outro
sacrifício pelo pecado. Jesus disse: "Tudo está consumado" quando
estava morrendo e foi exatamente isso o que quis dizer -- que todo o trabalho
de resgate foi concluído para sempre, "ele entrou no Santo dos Santos, uma
vez por todas, e obteve eterna redenção" por nós (Hb 9.12). O sangue de
Cristo não somente redime os crentes do pecado e do castigo eterno, mas
"purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, de modo que
sirvamos ao Deus vivo!" (Hb 9.14). Isto significa que não só estamos agora
livres de oferecer sacrifícios que são "inúteis" para obter a
salvação, mas somos livres de confiar em obras inúteis e improdutivas da carne
para agradar a Deus. Porque o sangue de Cristo nos redimiu, somos agora novas
criaturas em Cristo (2Co 5.17) e pelo Seu sangue somos libertos do pecado para
servir ao Deus vivo, para glorificá-lo e desfrutá-lo para sempre13.]
13. Este texto foi
extraído na íntegra de: https://www.gotquestions.org/Portugues/sangue-de-Cristo.html
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
O sangue
“O sangue também desempenhou um papel significativo
nas práticas religiosas do Antigo Testamento. Vale a pena observar que o sangue
não representava nenhum elemento básico nos sacrifícios, nem tinha alguma função
especial ou significado nos rituais de quaisquer outros povos do antigo Oriente
Próximo ou do Mediterrâneo. O sistema de sacrifícios da lei, baseado nos
primitivos sacrifícios de animais do período patriarcal, exigia a morte da
vítima em nome do pecador e consistia na aspersão do sangue ainda morno pelo
sacerdote como prova de sua morte pela expiação dos pecados (Lv 17.11,12). Nos
sacrifícios, era exigida a morte da vítima para que sua vida fosse oferecida a
Deus como substituto da vida do pecador arrependido. Dessa maneira, o pecador
era limpo e a culpa era removida (Hb 9.22). Esse cenário forma a base para a
presença do sangue de Cristo no Novo Testamento. O derramamento do sangue de
Jesus, na cruz, encerrou sua vida terrena, pois Ele, voluntariamente,
ofereceu-se para morrer em nosso lugar, como o Cordeiro de Deus que foi
assassinado para nos redimir (1 Pe 1.18-20); e a aspersão desse sangue trouxe o
perdão de todos os pecados dos homens (Rm 3.25). Seguindo o padrão do Dia da
Expiação dos judeus (Lv 16), Cristo é o nosso sacrifício expiatório (Hb
9.11-14) e também a nossa oferta pelo pecado (1 Pe 1.18,19). Assim como Moisés
selou o pacto entre Deus e a antiga nação de Israel, no Sinai, com a aspersão
do sangue (Êx 24.8), também o novo pacto de Jeremias (31.31-34) foi selado pelo
sangue de Cristo (Hb 9.14). Ao instituir a Ceia do Senhor, Jesus falou do
cálice como ‘o Novo Testamento [ou aliança]’ no seu próprio sangue (1 Co 11.25)
(Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 1758).
CONCLUSÃO
A Páscoa para os judeus é a
memória da ação salvadora de Deus. Para nós, os cristãos, é a recordação da
ação redentora de Jesus em favor da humanidade. Cristo é a nossa verdadeira
Páscoa, o Cordeiro único e o Sumo Sacerdote por excelência. Seu sacrifício foi
definitivo e completo. Por isso, ao lermos sobre a Páscoa, devemos celebrar a
Nova Aliança manifesta em Cristo Jesus. Hoje somos filhos de Deus mediante a
nova e perfeita aliança no sangue do Cordeiro que tira o pecado do mundo. [Comentário: Em resumo, os
sacrifícios de animais foram ordenados por Deus para que tal pessoa pudesse
experimentar do perdão dos pecados. O animal servia como um substituto – quer
dizer, o animal morreu no lugar do pecador. Sacrifício de animais parou com
Jesus Cristo. Jesus Cristo foi o substituto sacrificial supremo e é agora o
mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5). Sacrifícios de animais serviam como
um sinal do que estava para vir – o sacrifício de Cristo a nosso favor. A única
base sobre a qual o sacrifício de um animal providenciaria perdão dos pecados é
o fato de que Cristo iria Se sacrificar pelos nossos pecados, providenciando o
perdão que aqueles animais podiam apenas ilustrar e prenunciar. Paulo
esclarece: “pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo
justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo
Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu
sangue, demonstrando a sua justiça.” (Rm 3.23-25). Justificados significa
tornado justos. Graça significa favor não merecido pelo qual não pagamos ou
damos algo em troca. Redenção significa libertação da pena do pecado mediante o
pagamento de um resgate. E propiciação significa tornar favorável a nós
aplacando a ira de Deus.] “... corramos, com
perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor
e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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