sábado, 18 de novembro de 2017

LIÇÃO 8: A SALVAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO


 
SUBSÍDIO I

SALVAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO

Prezado(a) professor(a), na aula desta semana é importante remontar a biografia de Jacó Armínio. Por isso o estudo de livros de história da Igreja é importante. Há também boas literaturas teológicas sobre Armínio, uma delas já mencionada em artigo anterior.

Quem foi Armínio?

Jacó Armínio era um teólogo holandês que se posicionou contrário a algumas doutrinas de linha calvinista com o objetivo de destacar mais o caráter amoroso, bondoso e justo de Deus que foram manifestos na pessoa bendita de Jesus Cristo. Por isso Armínio foi acusado injustamente de ensinar muitas heresias. Contra ele, se analisados de maneira séria, argumentos frágeis e insustentáveis foram usados. Infelizmente, esse “espírito” é comum ainda hoje. A fé cristã não é uma expressão homogênea. Embora tenhamos pontos de fé comuns, que nos une, também temos pontos que nos traz discordâncias pontuais: batismo, escatologia, batismo no Espírito. Mas temos de fazer um alerta importante! Por exemplo, antes de existirem tradicionais-históricos, pentecostais, neopentecostais e outros, já havia milhares de cristãos fiéis ao Senhor. Isso significa que a história da Igreja não começou com uma pessoa ou denominação somente. Por isso não se justifica guerras teológicas, brigas denominacionais e, até mesmo, rompimentos de amizade por causa disso. A Palavra de Deus não é para trazer contendas e rivalidades.

A influência sobre Armínio

É importante salientar que Jacó Armínio não acrescentou nada novo à teologia cristã no sentido doutrinário. Para fortalecer esse parecer, o estudioso holandês usou em seu método os pais da Igreja, escritos medievais e muitos outros protestantes que lhe antecederam, mostrando que eles defendiam a mesma doutrina cristã. Alguns nomes que fazem parte da belíssima história protestante podem ser arrolados ao lado de Armínio em visões similares e bem idênticas ao do teólogo holandês: Melanchton, um líder luterano; Erasmo, reformador católico; Balthasar Hubmaier e MennoSimons, líderes anabatistas do século XVI. Jacó Armínio morreu no auge da controvérsia teológica na Holanda, em 1609.

Ensinador Cristão, Ano 18, nº 72, out./dez. 2017.

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na cruz do Calvário, Jesus Cristo ofereceu a salvação indistinta e gratuitamente para todos os seres humanos (Ap 22.17). Por decisão pessoal, e liberdade individual, os que recebem a oferta de salvação são destinados à vida eterna, pois o Pai quer que todo homem se salve e que ninguém se perca (2Pe 3.9). [Comentário: Nesta lição, temos a oportunidade de pensar maduramente acerca da fé cristã. É importante salientar, sob os três aspectos teológicos encontrados hoje em dia – Calvinismo, Luteranismo e Arminianismo – qual a situação do homem: Na ótica Luterana: “O homem foi criado à imagem de Deus, mas a perdeu. "Por natureza somos espiritualmente cegos, mortos e inimigos de Deus". "Sem o auxílio do Espírito Santo o homem é incapaz de crer". Lutero se opunha ao termo livre-arbítrio já que há ação do Espírito Santo.”; Para o Calvinismo: “Depravação total - Todos os homens nascem totalmente depravados, incapazes de se salvar ou de escolher o bem em questões espirituais;”; o Arminianismo defende a “Capacidade humana (Livre-arbítrio) - Todos os homens embora sejam pecadores, são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece, mediante ação do Espírito Santo;” Ainda nesse sentido, para os Luteranos, a Eleição é condicional; Os Calvinistas afirmam que a Eleição é incondicional – Deus escolheu dentre todos os seres humanos decaídos um grande número de pecadores por graça pura, sem levar em conta qualquer mérito, obra ou fé prevista neles; Deus predestinou (determinou) quem vai para o céu e quem vai para o inferno, e a teologia Arminiana defende que a Eleição é condicional - A eleição divina só acontece mediante a fé em Cristo; A predestinação, citada na Bíblia, acontece com base na presciência de Deus. Quanto à Expiação, os Luteranos creem na Expiação geral ou ilimitada; os Calvinistas na Expiação particular ou limitada - Jesus Cristo morreu na cruz para pagar o preço do resgate somente dos eleitos, e os Arminianos pregam que a Expiação foi geral ou ilimitada - Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos eleitos. Explicado estas posições acerca da situação do homem, da Eleição e da Expiação.

I. A ELEIÇÃO BÍBLICA É SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DIVINA
                                
1. A eleição de Israel. A eleição no Antigo Testamento tem um significado mais específico que no Novo Testamento. Exemplo disso é o chamado de Abraão e sua descendência, que mais tarde formariam a nação de Israel. Deus chamou o patriarca e lhe fez promessas (Gn 12.1-3). Livre e espontaneamente, o “amigo de Deus” respondeu positivamente ao chamado. Entretanto, diante dele havia a possibilidade de não atender a essa convocação. Nesse sentido, é importante ressaltar que a eleição de Israel (Is 51.2; Os 11.1) é específica e pontual. Deus tinha um propósito de enviar o Salvador ao mundo por intermédio da nação judaica. Por ser pontual, específica e coletiva, a eleição de Israel não pode ser usada como base para fundamentar a salvação individual do crente, nem mesmo dos judeus, no sentido de Deus decretar uns para a vida eterna e outros para a eterna danação. Além do mais, por meio do livre-arbítrio que Deus deu a Israel, a nação chegou a perder algumas bênçãos prometidas porque se rebelou contra o Senhor e desobedeceu à sua ordem (Jr 6.30; 7.29). Segundo o apóstolo Paulo, isso nos serve de exemplo a fim de não repetirmos os mesmos erros do povo de Deus do Antigo Testamento (1Co 10.6,11). [Comentário: Enquanto o salmista exalta a invejável felicidade do homem que Deus escolhe para habitar em seus átrios (Sl 65:4), os teólogos têm se mantido à porta do templo durante séculos discutindo sobre a natureza e razão da escolha de Deus. no VT é a escolha Divina de um indivíduo ou grupo para cumprir o Seu propósito ou realizar uma tarefa. De acordo com Isaías Israel foi escolhido, em parte, para louvar o Senhor (Is 43.21). Em Romanos 9.6-13, Paulo afirma que a promessa de Deus a Israel não falhou, pois a promessa era só para os fiéis da nação. Visava somente o verdadeiro Israel, aqueles que eram fiéis à promessa (ver Gn 12.1-3; 17.19). Sempre há um Israel dentro de Israel, que tem recebido a promessa. (b) Em 9.14-29, Paulo chama a nossa atenção para o fato de que Deus tem o direito de fazer o que Ele quer com os indivíduos e as nações. Tem o direito de rejeitar a Israel, se desobedecerem a Ele e o direito de usar de misericórdia para com os gentios, oferecendo-lhes a salvação, se Ele assim decidir.]

2. A eleição para a salvação. A eleição divina é o ato pelo qual Deus chama os pecadores à salvação em Cristo e os torna santos (Rm 8.26-39). Essa eleição é proclamada por meio da pregação do Evangelho (Jo 1.11; At 13.46; 1Co 1.9), pois o Altíssimo deseja que todos sejam salvos, respondendo afirmativamente ao seu chamado para a salvação (At 2.37; 1Tm 2.3,4; 2Pe 3.9). Entretanto, as Escrituras mostram claramente que quem crer será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc 16.16). [Comentário: Muitos arminianos acreditam que a presciência funciona assim: Deus tem o conhecimento exaustivo do futuro, assim Ele “prognostica” perfeitamente. O Pai determinou salvar todos àqueles que crêem em Jesus. Os que crêem são eleitos. A eleição em Cristo é corporativa na Escritura (aqueles que crêem), em oposição a eleição individual para a salvação. O entendimento arminiano sobre presciência é evidente em passagens como Romanos 8.29 e 1 Pedro 1.2.1 A visão arminiana/wesleyana da predestinação é uma visão corporativa. Ao invés de Deus selecionar uma pessoa na eternidade e escolhê-la para a salvação, Deus decide que um grupo, a Igreja, será salvo. Por “Igreja” (ekklesia) compreende-se a “totalidade dos cristãos dispersos por todo o mundo”[1]. Deus decidiu de antemão que aqueles que fizessem parte do Corpo de Cristo estariam predestinados à salvação, mas ele não escolheu individualmente quem faria parte deste Corpo. Em outras palavras, todos tem oportunidade de salvação e podem optar livremente por fazerem parte do Corpo ou não, e aqueles que decidem fazer parte do Corpo estão predestinados à salvação.O pastor Ciro Zibordi também explica a doutrina da eleição corporativa nas seguintes palavras: “Deus elegeu a si um povo chamado Igreja, e não indivíduos, isoladamente. Somos predestinados porque somos parte da Igreja de Deus; não somos parte da Igreja porque fomos antes, individualmente, predestinados. Se, na Igreja, como Corpo de Cristo, alguém individualmente se desvia, e não volta, a eleição da Igreja não se altera. De igual modo foi a eleição de Israel. O Senhor elegeu aquele povo para si; não indivíduos. Tanto é que milhares de israelitas se desviaram, porém a eleição de Israel, como povo, prosseguiu3]
1. JACKSON, Kevin. Presciência definida. Disponível em: http://www.cacp.org.br/presciencia-definida/. Aceso em: 12 nov, 2017.
2. Uma cosmovisão da eleição corporativa. Disponível em: http://www.cacp.org.br/uma-cosmovisao-da-eleicao-corporativa/. Acesso em: 12 nov, 2017.
3 ZIBORDI, Ciro Sanches. Crer na predestinação e no livre-arbítrio não é um contra-senso (1). Disponível em: http://cirozibordi.blogspot.com.br/2008/07/internauta-opina-14.html. Acesso em: 13 nov, 2017.

3. A presciência divina. Presciência é a capacidade de Deus saber todas as coisas de antemão (At 22.14; Rm 9.23) e de interferir na história humana (Ne 9.21; Sl 3.5; 9.4; Hb 1.1-3). Ele é soberano (Jó 42), provedor (Sl 104) e sabe quem responderá positivamente ao convite de salvação (Rm 8.30; Ef 1.5). Deus proveu o meio de salvação para todas as pessoas, mas nem todas atenderão ao seu convite. Em sua soberania e presciência, estamos sob os seus cuidados, mas paradoxalmente, também desfrutamos do livre-arbítrio que Ele nos deu, o que aumenta mais a responsabilidade humana de obedecer à sua vontade (Rm 11.18-24).[Comentário: Presciência significa “ter conhecimento de algo antes que isso aconteça.” Na Escritura temos referências da presciência de Deus daqueles que crerão em Jesus (Rm 8.29; 1Pe 1.2). Aqueles que Deus conheceu de antemão, ele também elegeu para serem salvos (1Pe 1.2). John Wesley afirma que com imensa exatidão retórica: “O todo-poderoso, onisciente Deus, vê e sabe, desde a eternidade até a eternidade, tudo que é, que foi e que será, através de um eterno agora. Para ele nada é passado ou futuro, mas todas as coisas igualmente são presentes. Ele não tem, portanto, se falamos conforme a verdade das coisas, presciência, nem pós-ciência. Ainda quando nos fala, sabendo do que somos feitos, conhecendo a exiguidade de nosso entendimento, ele se nivela até nossa capacidade e fala de Si mesmo em termos humanos. Assim, condescendendo-se de nossa fraqueza, ele nos fala de Seu próprio propósito, conselho, plano, presciência. Não que Deus tenha necessidade de conselho, de propósito, ou de planejar Seu trabalho de antemão. Longe de nós imputar isto ao Altíssimo: medi-lo por nós mesmos! É meramente em compaixão de nós que nos fala assim de si mesmo, como prevendo as coisas no céu e na terra e como predeterminando-as ou preordenando-as4.]
4. WESLEY, John. Sobre a Predestinação. In SALVADOR, José Gonçalves: Arminianismo e Metodismo. São Paulo: Junta geral de Educação Cristã.1960 p.90

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
                               
“Qualquer estudo sobre a eleição deve sempre começar por Jesus. E toda conclusão teológica que não fizer referência ao coração e aos ensinos do Salvador, seja tida forçosamente por suspeita. Sua natureza reflete o Deus que elege, e em Jesus não achamos nenhum particularismo. Nele, achamos o amor. Por isso, é relevante que em quatro ocasiões Paulo vincule o amor à eleição ou à predestinação: ‘Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição [gr. eklogên] é de Deus’ (1 Ts 1.4). ‘Como eleitos [gr. eklektoí] de Deus, santos e amados...’. (Cl 3.12) — nesse contexto, amados por Deus. ‘Como também nos elegeu [gr. exelaxato] nele antes da fundação do mundo... e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito [gr. eudokia] de sua vontade’ (Ef 1.4,5). Embora a intenção divina não esteja ausente nesta última palavra grega (eudokia), ela inclui também um sentido de calor que não fica tão evidente em thelõ ou boulomai. A forma verbal aparece em Mateus 3.17, onde o Pai diz: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo [gr. eudokêsa]’.
Finalmente, Paulo diz: ‘Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido [gr. heilato] desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade’ (2 Ts 2.13). O Deus que elege é o Deus que ama, e Ele ama o mundo. Tornar-se-ia válido o conceito de um Deus que arbitrariamente escolheu alguns e desconsidera os demais, deixando-os ir à perdição eterna, diante de um Deus que ama o mundo?” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp. 363,364).

II. ARMÍNIO E O LIVRE-ARBÍTRIO

1. Breve histórico de Jacó Armínio. Jacó Armínio (*1560 +1609) nasceu na Holanda, foi pastor de uma igreja em Amsterdã e recebeu o título de doutor em teologia pela Universidade de Leiden. Tendo sido envolvido numa disputa calvinista, desenvolveu uma tese bíblica a partir dos primeiros Pais da Igreja, que foi denominada de Arminianismo. Sua principal característica é a defesa do livre-arbítrio humano. Por esse posicionamento, enfrentou forte oposição, perseguição e falsas acusações por parte dos teólogos calvinistas. Entretanto, esse teólogo holandês sempre apresentou uma postura tolerante e não combativa, embora convicto de suas opiniões. [Comentário: Embora tenha sido discípulo do notável calvinista Teodoro de Beza, Armínio defendeu uma forma evangélica de sinergismo (crença que a salvação do homem depende da cooperação entre Deus e o homem), que é contrário ao monergismo, do qual faz parte o Calvinismo (crença de que a salvação é inteiramente determinada por Deus, sem nenhuma participação livre do homem). O sinergismo arminiano difere substancialmente de outras formas de sinergismo, tais como o Pelagianismo e o Semipelagianismo. Para se compreender os motivos que levaram à aguda controvérsia entre o Calvinismo e o Arminianismo, é preciso compreender o contexto histórico e político no qual se inseriam os Países Baixos à época.5. O Arminianismo é um sistema teológico que tenta explicar a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana em relação à salvação. O sistema teológico de Armínio foi derrotado no Sínodo de Dort em 1619 na Holanda, por ser considerado anti-bíblico. Por incrível que possa parecer hoje o Arminianismo é o sistema teológico adotado pela maior parte das igrejas evangélicas. As seitas e o Catolicismo Romano também rejeitam o Calvinismo. Armínio apresentou seu sistema em 5 pontos:
1. Capacidade humana, Livre-arbítrio – Todos os homens embora sejam pecadores, ainda são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece (por meio da Graça Preveniente);
2. Eleição condicional – Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé em Cristo;
3. Expiação ilimitada – Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos eleitos;
4. Graça resistível – Os homens podem resistir à Graça de Deus para não serem salvos;
5. Decair da Graça (remonstrantes que propuseram isso, Armínio acreditava na doutrina da Perseverança dos Santos) – Homens salvos podem perder a salvação caso não perseverem na fé até o fim.]
5. Pr. Flávio Cardoso, disponível em: https://arminianismo.wordpress.com/. Acesso em: 13 nov, 2017.

2. O livre-arbítrio. O livre-arbítrio é a possibilidade que os seres humanos têm de fazer escolhas e tomar decisões que afetam seu destino eterno, especificamente se tratando da salvação. Isso quer dizer que cabe a cada um deixar-se convencer pelo Espírito Santo para ser salvo por Jesus ou não, embora Deus dê a todos a oportunidade da salvação. No Jardim do Éden, o Criador outorgou o livre-arbítrio ao homem (Gn 2.16,17); a Israel deu também essa prerrogativa (Dt 30.19); e à humanidade o Altíssimo possibilitou escolha entre o caminho da salvação ou o da perdição (Mc 16.16). [Comentário: O autor calvinista Manford Kober diz:  “O arminiano dirá que o homem é eleito porque ele crê. O calvinista afirma que o homem crê porque ele é um eleito6. Armínio defendeu que embora a queda de Adão tenha afetado seriamente a natureza humana, as pessoas não ficaram num estado de total incapacidade espiritual. Todo pecador pode arrepender-se e crer, por livre-arbítrio, cujo uso determinará seu destino eterno. O pecador precisa da ajuda do Espírito, e só é regenerado depois de crer, porque o exercício da fé é a participação humana no novo nascimento. Este primeiro ponto apresentado por Armínio no Sínodo de Dort foi combatido pelos Calvinistas com o seu primeiro ponto da TULIP: “Incapacidade Total ou Depravação Total: O homem natural não pode sequer apreciar as coisas de Deus. Menos ainda salvar-se. Ele é cego, surdo, mudo, impotente, leproso espiritual, morto em seu pecado, insensível à graça comum. Se Deus não tomar a iniciativa, infundindo-lhe a fé salvadora, e fazendo-o ressuscitar espiritualmente, o homem natural continuará morto eternamente. (Sl 51:5; Jr 13:23; Rm 3:10-12; 7:18; 1Co 2:14; Ef 1:3-12; Cl 2:11-13)7. 6. Manford E. Kober, Divine Election or Human Effort? p. 44.
7. ARMINIANISMO X CALVINISMO, Disponível em: http://apologetica-crista.blogspot.com.br/2009/12/arminianismo-x-calvinismo.html. Acesso em: 13 nov, 2017.

3. O livre-arbítrio na Bíblia. Deus nos criou à sua imagem e semelhança (Gn 1.26). Logo, por Ele ser naturalmente livre, também seus filhos possuem a faculdade de escolherem livremente. Por isso, o Criador sempre incentivou a nação a escolher o caminho da vida (Dt 30.19-20). Assim, segundo as Escrituras, se em Adão todos são predestinados para a perdição, em Cristo, todos são predestinados para a salvação: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1Co 15.22; cf. Jo 1.12), pois “se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10.9). [Comentário:  O livre-arbítrio é o poder que temos de tomar uma decisão, sem sermos obrigados a escolher uma determinada opção. O livre-arbítrio é nosso poder de escolha. Por causa do livre-arbítrio, cada pessoa é responsável por suas ações. Deus nos deu o livre-arbítrio8. O site do Ministério Apologético CACP traz o artigo ‘O que diz a bíblia sobre o livre arbítrio?’, onde defende a existência do livre-arbítrio em toda a Bíblia. Em contra-ponto, o Calvinismo afirma que não há livre-arbítrio depois da queda, o que mais se aproxima é a livre-agência. C. H. Spurgeon pregando em João 5.40 “Mas não quereis vir a mim para terdes vida”, afirma: “...Geralmente quando o texto é empregado, ele é dividido desta forma: primeiro, o homem tem uma vontade. Segundo, ele é inteiramente livre. Terceiro, os homens tem que querer por sua própria vontade vir a Cristo, de outra maneira eles não serão salvos....9.]
8. O que é o livre-arbítrio?; Disponível em: https://www.respostas.com.br/o-que-e-o-livre-arbitrio/. Acesso em: 13 nov, 2017.
9. SPURGEON, c. H. ‘Livre-Arbítrio - Um Escravo’. Disponível em:http://www.monergismo.com/textos/chspurgeon/Livre_Spurgeon.htm. Acesso em 13 nov, 2017

SUBSÍDIO DIDÁTICO-TEOLÓGICO

Professor(a), sugerimos que você reproduza o esquema ao lado no quadro (antes da chegada dos alunos à classe). Para a introdução do tópico, faça a seguinte pergunta: “O que é o arminianismo?” Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Depois, explique que tal termo se refere à teologia que foi elaborada pelo teólogo Jacobus Arminius. Logo após, mostre aos alunos o quadro com os cinco pontos básicos do arminianismo. Discuta com os alunos os pontos:
III. ELEIÇÃO DIVINA E LIVRE-ARBÍTRIO

1. A eleição divina. A eleição é uma escolha soberana de Deus (Ef 1.5,9) que tem como objeto de seu amor todos os seres humanos (1Tm 2.3,4). Não é uma obra que leva em conta o mérito humano, mas que é feita exclusivamente em Cristo (Ef 1.4). Em Jesus, Deus nos elegeu com propósitos específicos: para pertencermos a Cristo (Rm 1.6; 1Co 1.9); para a santidade (Rm 1.7; 1Pe 1.15; 1Ts 4.7); para a liberdade (Gl 5.13); para a paz (1Co 7.15); para o sofrimento (Rm 8.17,18); e para a sua glória (Rm 8.30; 1Co 10.31). [Comentário: Armínio apresentou a perspectiva que a soberania de Deus em fato elegeu o homem a ser salvo. No entanto, ele pensou que a eleição seria baseada na onisciência de Deus de que poderia por fé aceitar a Cristo e quem poderia rejeitá-lo. Todos os homens, pensou ele, poderia ser salvo na condição de exercitarem sua vontade e crerem no Senhor Jesus Cristo. Ele rejeitou a ideia de que a expiação dos pecados foi limitada a apenas uns poucos. Arminio insistiu que Cristo morreu por todos os homens e salva a todos os que O aceita por fé. Este é o segundo ponto da remonstrância : Eleição Condicional (Deus não teria marcado ninguém para salvar-se ou perder-se, mas a eleição antes da fundação do mundo seria baseada na presciência divina, que elegeria aqueles que de antemão previu que iriam arrepender-se e crer, sendo, portanto, o conjunto dos eleitos aberto, sem garantir a segurança de qualquer pessoa antes do encerramento de sua história.]

2. Escolha humana e fatalismo. A graça comum (Rm 5.18) é estendida a todos os seres humanos, abrindo-lhes a oportunidade para crerem no Evangelho, o que descarta a possibilidade de a eleição ser uma ação fatalista de Deus — Fatalismo: acontecimentos que operam independentemente da nossa vontade, e dos quais não podemos escapar. Ora, a eleição de Deus não é destinada somente a alguns indivíduos, enquanto os outros, por escolha divina, vão para o inferno. Isso vai contra a natureza amorosa e misericórdia do Criador. Por isso, indistintamente, Ele dá a oportunidade para que todos se salvem (At 17.30), pois Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34). [Comentário: Arminio sustentava que a ‘eleição’ é condicional, enquanto os reformadores sustentavam que ela é incondicional. Os arminianos acreditam que Deus elegeu àqueles a quem ‘pré-conheceu’, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição estabelecida pelo homem10. O segundo ponto da TULIP (Eleição incondicional) afirma que Deus escolheu dentre todos os seres humanos decaídos um grande número de pecadores por graça pura, sem levar em conta qualquer mérito, obra ou fé prevista neles (Provérbios 16.4; João 13.18; Romanos 8.30; Efésios 1.4-5; 2 Tessalonicenses 2.13-14. Poucas doutrinas suscitam tanta polêmica ou provocam tanta consternação como a doutrina da predestinação. Trata-se de uma doutrina difícil, que precisa ser discutida com grande cuidado e precaução.] 10. SPENCER, Duane Edward. ‘Os Cinco Pontos do Arminianismo’. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/arminianismo/cincopontos_arminianismo.htm. Acesso em 13 nov, 2017.

3. A possibilidade da escolha humana. Há vários textos bíblicos que apontam para o fato de o ser humano ser livre para escolher: “todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16); “o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6.37); “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.13). Uma das coisas mais belas da Palavra de Deus é que, embora o Altíssimo seja soberano, Ele não criou seus filhos como robôs autômatos milimetricamente controlados. O nosso Deus deseja que todo ser humano, espontânea e livremente, o ame de todo coração e mente. [Comentário: O primeiro ponto do arminianismo sustenta que o homem é dotado de vontade livre.Os reformadores reconhecem que o homem foi dotado de vontade livre, mas concordam com a tese de Lutero — defendida em sua obra “A Escravidão da Vontade” —, de que o homem não está livre da escravidão a Satanás. Arminio acreditava que a queda do homem não foi total, e sustentou que, no homem, restou bem suficientemente capaz de habilitá-lo a querer aceitar Cristo como Salvador. O quarto ponto da remonstrancia (a graça pode ser impedida/resistida) afirma: uma vez que Deus quer que todos os homens sejam salvos, ele envia seu Santo Espírito para atrair todos os homens a Cristo. Contudo, desde que o homem goza de vontade livre absoluta, ele pode resistir à vontade de Deus em relação a sua própria vida. (A ordem arminiana sustenta que, primeiro, o homem exerce sua própria vontade e só depois nasce de novo). Ainda que o arminiano creia que Deus é onipotente, insiste em que a vontade de Deus, em salvar a todos os homens, pode ser frustrada pela finita vontade do homem como indivíduo.11. Passagens como: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42:2); “Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4:35). “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.” (Sl 115:3; cf Ef 1:11), apontam para a soberania de Deus – Ele governa toda a criação e tudo se passa conforme o seu querer. Como conciliar a vontade humana com a soberania divina? Think!.]   11. IBDEM 10.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Ainda de acordo com a ideia de que o relacionamento entre o divino e o humano é uma via de mão dupla, a posição compatibilista de Lewis, que aventa o que chamei de ‘coexistência pacífica entre soberania divina e livre-arbítrio” ou ‘compatibilidade incognoscível’, é exemplificada pelo autor de As Crônicas de Nárnia, com a ideia de perdão. A necessidade de tal ato da parte de Deus, ‘move’ a divindade e, ‘Nesse sentido’, diz ele, ‘a ação divina é consequência do nosso comportamento, [e] é por ele condicionada e induzida’. Lewis então questiona retoricamente: ‘Será que isso significa que podemos ‘influenciar’ Deus?’. O anglicano acredita que é até possível responder afirmativamente caso se quiser e diz que, se isso for dessa forma, é preciso então que se flexibilize a noção de ‘impassibilidade’ divina, ‘de forma que admita isso’, aventando a hipótese de que o comportamento humano, de alguma forma, ‘influencia’ o Criador, ‘pois sabemos que Deus perdoa muito mais do que entendemos o significado de ‘impassível’. Assim é que, a respeito dessa questão, Lewis diz que prefere ‘dizer que, antes de existirem todos os mundos, Seu ato providencial e criativo (porque são uma coisa só) leva em conta todas as situações engendradas pelos atos de suas criaturas’. Mas, questiona, ‘se Deus leva em conta nossos pecados, por que não nossas súplicas?’ Isso significa que a oração, a súplica, move a Deus. Numa palavra, ‘Deus e o homem não se excluem mutuamente, como o homem exclui ao seu semelhante no ponto de junção, por assim dizer, entre Criador e criatura; no ponto em que o mistério da criação — infinito para Deus e incessante no tempo para nós — ocorre de fato’. Isso significa que, ‘Deus fez (ou disse) tal coisa’ e ‘eu fiz (ou disse) tal coisa’ podem ambos ser verdadeiros’. Esta, inclusive, é a forma arminiana e pentecostal de crer. A soberania divina coexiste com o livre-arbítrio e qualquer tentativa de explicar como isso ocorre leva a equívocos e discussões desnecessárias” (CARVALHO, César Moisés. O Sermão do Monte: A justiça sob a ótica de Jesus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.114,115).

CONCLUSÃO

O Evangelho é um presente oferecido a todas as pessoas, independente de méritos pessoais. Por isso o Senhor convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Os que aceitam a esse convite estão predestinados a “serem conforme a imagem de seu filho”, Jesus Cristo (Rm 8.29). Deus deseja que todo ser humano seja salvo! [Comentário: Está colocado, nestes comentários, não apenas uma monovisão do assunto, com o intuito de levar o aluno a pensar maduramente sua fé. Para isso, é preciso oferecer ambas as visões teológicas – espero ter conseguido. O fato é que o sangue de Cristo não foi derramado em vão. Ele não morreu à toa e por isso não ficará desapontado com os resultados de sua morte. No Calvário, Cristo satisfez a lei da justiça de Deus no lugar do pecador eleito. Sua morte foi eficaz! Ele realmente salvou aqueles que intencionava salvar! “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só, mas se morrer, dá muito fruto” (Jo 12.24). Deus disse sobre seu Filho: “O meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si” (Is 53.11). Se Cristo no Calvário levou minhas iniquidades, então minha justificação é certa. Ele não levaria meus pecados e então deixaria de me justificar - “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou” (Rm 8.28-30).] “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2)

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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