sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

LIÇÃO 2: O PADRÃO DA LEI MORAL



 

TEXTO ÁUREO

“Então, vos anunciou ele o seu concerto, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra.” (Dt 4.13).


VERDADE PRÁTICA


As chamadas “Le moral”, “lei cerimonial” e “lei civil” são, na verdade, três partes de uma mesma lei que o Senhor Jesus já cumpriu na sua totalidade.



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Deuteronômio 9.9-11; 10.1-5

9.9 Subindo eu ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas da aliança que o SENHOR fizera convosco, fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; não comi pão, nem bebi água.
10 Deu-me o SENHOR as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus; e, nelas, estavam todas as palavras segundo o SENHOR havia falado convosco no monte, do meio do fogo, estando reunido todo o povo.
11 Ao fim dos quarenta dias e quarenta noites, o SENHOR me deu as duas tábuas de pedra, as tábuas da aliança.

10.1 Naquele tempo, me disse o SENHOR: Lavra duas tábuas de pedra, como as primeiras, e sobe a mim ao monte, e faze uma arca de madeira.
2 Escreverei nas duas tábuas as palavras que estavam nas primeiras que quebraste, e as porás na arca.
3 Assim, fiz uma arca de madeira de acácia, lavrei duas tábuas de pedra, como as primeiras, e subi ao monte com as duas tábuas na mão.
4 Então, escreveu o SENHOR nas tábuas, segundo a primeira escritura, os dez mandamentos que ele vos falara no dia da congregação, no monte, no meio do fogo; e o SENHOR mas deu a mim.
5 Virei-me, e desci do monte, e pus as tábuas na arca que eu fizera; e ali estão, como o SENHOR me ordenou.
 

OBJETIVO GERAL


Apresentar a transitoriedade da Lei para a dispensação da Graça.


OBJETIVOS  ESPECÍFICOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

I.    Mostrar o formato da Lei no Pentateuco.
II.   Explicar a "morfologia" dos Dez Mandamentos.
III.  Especificar a unicidade da Lei de Deus.
IV. Comparar a Lei com a Graça.
 

SUBSÍDIO I



INTRODUÇÃO


Na aula de hoje nos voltaremos para os fundamentos da lei moral, ou melhor, da torah divina, ressaltando suas aplicações para os dias de hoje. Inicialmente colocaremos as dez palavras, ou mandamentos, no contexto israelita. Em seguida, apontaremos as possibilidades de uso da torah no contexto eclesiástico. Por fim, ressaltaremos os aspectos interpretativos em relação às dez palavras.


1. AS DEZ PALAVRAS


A expressão “as dez palavras”, em hebraico, asseret hadebarim, revelam o aspecto diretivo da lei divina. Em poucos termos o Deus de Israel se volta para Seu povo, a fim de que esse saiba como se conduzir. Essas palavras tinham como objetivo preservar a nação que estava em construção, para que não se perdesse, em razão dos seus pecados. A origem dessas palavras está no próprio Deus, pois em Ex. 20.1 está escrito “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo”. Trata-se, portanto, de uma revelação, que deve ser acatada com humildade, sobretudo com gratidão. O Senhor Deus, que tirou o povo do Egito, da casa da servidão, é o mesmo que oferece o caminho para uma vida próspera (Ex. 20.2). Ele exige exclusividade, que Israel não tenha outro Deus além dEle (Ex. 20.3). Sendo o Único e Verdadeiro Deus, deve ser adorado em conformidade com Sua revelação (Ex. 20.4). Seu nome não pode ser tomado em vão (Ex. 20.7), e que é Senhor do tempo, por isso devemos dedicar momentos para o descanso e a contemplação (Ex. 20.7). Deus exige que haja respeito às autoridades, a começar pelo lar no qual os filhos devem honrar seus pais (Ex. 20.12). A vida tem valor primordial para Deus, por isso ninguém deve tirá-la (Ex. 20.13). O sexo foi criado por Deus, mas não pode ser usado indevidamente, por isso o Senhor dá orientações contra o adultério, preservando, assim, o matrimônio (Ex. 20.14). O Deus que se revelou no Sinai é Verdadeiro, por isso exige que Seu povo fale a verdade, não dando falso testemunho (Ex. 20.16). O princípio da propriedade também é respeitado, por isso ninguém deve se apropriar do que é do outro (Ex. 20.15). Ao mesmo tempo, espera-se que as pessoas cultivem o contentamento, e não se deixem conduzir pela cobiça (Ex. 20.17).
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2. A UTILIDADE DA TORAH


A torah de Deus é boa, o problema não está com a lei (I Tm. 1.8), antes com o ser humano, por causa da sua condição pecaminosa. Existe um problema na supervalorização que se está dando à doutrina da graça e do amor divino nos dias atuais. Por causa disso, estão transformando o evangelho naquilo que Bonhoeffer denominou de “graça barata”. Ninguém deveria receber a graça sem antes conhecer a força da lei. Como diz o hino da Harpa Cristã: “mais um dia senti meu pecado e vi sobre mim a espada da lei, apressado fugi em Jesus me escondi, e abrigo seguro nEle achei”. Existe uma dialética na torah, ao mesmo tempo em que ela exige santidade, é incapaz de fazer com que a pessoa se torne santa. Por isso a lei revela a necessidade de uma Salvador. É a partir do conhecimento, não apenas intelectual, sobretudo experiencial, que podemos encontrar a verdadeira liberdade (Jo. 8.36). É na liberdade que Cristo nos dá (Gl. 5.13) que passamos a viver como servos (I Pe. 2.16). A expressão maior dessa liberdade é o amor, pois a torah se cumpre no amor (Gl. 5.14; Mt. 22.37-40; Jo. 14.15). O evangelho de Jesus nos impulsiona à obediência em amor. Paulo explica aos romanos que “veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm. 5.20,21). Isso acontece porque ninguém é capaz de obedecer a torah, nenhuma carne pode ser justificada pelas obras da lei, por ela vem apenas o conhecimento do pecado (Rm. 3.20).



3. A INTERPRETAÇÃO DA TORAH


Uma interpretação cristocêntrica da torah é necessária, para evitar os extremos do legalismo, que muito prejudicou as igrejas da região da Galácia (Gl. 1.7-9; 3.1-3). A orientação fundamental é considerar a norma hermenêutica: A Bíblia interpreta a Bíblia. Avaliar passagens correlacionadas, respeitando o contexto, é um cuidado que todo intérprete das Escrituras deve ter. Se toda a lei se resume no amor, não podemos fugir desse princípio hermenêutico (Rm. 13.10). Isso não quer dizer que devemos desconsiderar a lei, muito menos a necessidade de disciplina quando essa for necessária (I Co. 5.1-13). Mas também devemos atentar para o fato bíblico de que todos pecaram (Rm. 3.23), e que se tornaram carentes do dom gratuito de Deus (Rm. 6.23). Ao mesmo tempo em que devemos envidar todos os esforços para obedecer a torah, dependendo principalmente do fruto do Espírito (Gl. 5.16-22), devemos saber que somos limitados, e que podemos nos tornar culpados de todos, ainda que venhamos a tropeçar em apenas um dos seus itens (Tg. 2.10). Por isso não podemos perder Jesus de vista na interpretação da torah, pois o fim da lei é Cristo (Rm. 10.14), tendo Ele nascido sob a lei (Gl. 4.4), cumprido sua justiça (Mt. 3.15), e não cometendo pecado (I Pe. 2.2). Jesus foi crucificado “para que a justiça da Lei se cumprisse em nós” (Rm. 8.4). A morte de Cristo na cruz do calvário é a certeza da nossa salvação. Porque Ele cumpriu a Lei, vivemos pela fé, na esperança que se consumará na eternidade. Como diz a letra de um hino antigo, “a cruz foi a caneta que escreveu com sangue tua salvação”.



CONCLUSÃO


Jesus é o padrão da lei moral, é o Exemplo a ser seguido, Deus não espera menos de nós. Cada dia, na comunhão com o Espírito Santo, somos direcionados a imitar o caráter de Cristo. Nas palavras de Paulo esse é um “andar no Espírito”. Não podemos perder o alvo de vista, por isso, se esquecendo das coisas que para trás ficam, sigamos adiante com os olhos fitos em Cristo (Fp. 3.13,14), sabendo que Ele é o Autor e Consumador da nossa fé (Hb. 12.2).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa



SUBSÍDIO II



INTRODUÇÃO


Desde o princípio do mundo todos sabem que é imoral matar, adulterar, furtar, dizer falso testemunho, desonrar pai e mãe, pois Deus colocou a sua lei no coração e na mente de todos os seres humanos desde o início (Rm 1.19,20). Eram princípios éticos, e não um código de lei. As dez proposições agora foram colocadas em forma de lei, como código, e entregues a Israel por intermédio de Moisés [Comentário: Deus escolheu duas formas para Se revelar ao homem: a revelação geral e a revelação especial. As verdades gerais que podemos aprender sobre Deus através da natureza, pela observação dela e pela razão, é o que chamamos de revelação geral. A revelação especial se refere às verdades mais específicas que podemos aprender sobre Deus através de sua Palavra revelada. Salmos 19.1-4 declara: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo.” De acordo com essa passagem, a existência e o poder de Deus podem ser vistos claramente através da observação do universo. A ordem, detalhes e maravilha da criação falam da existência de um Criador poderoso e glorioso. Em Romanos 1.20, Paulo escreve: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”. Paulo apresenta assim, que o poder eterno e a natureza divina de Deus “claramente se conhecem” e são “percebidos” pelo que foi criado, e não há nenhuma desculpa para negar esses fatos. Com essas Escrituras em mente, talvez uma definição de revelação geral seria: “A revelação de Deus a todas as pessoas, em todos os momentos e em todos os lugares que prova que Deus existe e que Ele é inteligente, poderoso e transcendente.” “...ele não se deixou a si mesmo sem testemunha” (Atos 14.17); “...porquanto o que de Deus se pode conhecer...” (w. 19,20). Observe o seguinte: 1. Que descobertas eles fizeram: “...porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta”, en autois - entre eles; isto é, havia alguns entre eles que tinham o conhecimento de Deus, estavam convencidos da existência de um ser supremo. As filosofias de Pitágoras, Platão e dos estóicos descobriram muito do conhecimento de Deus, como se vê pela grande quantidade de testemunhos. O que se pode conhecer, o que implica que há muito que não pode ser conhecido. O ser de Deus pode ser apreendido, mas não pode ser compreendido. Não podemos descobri-lo pela busca puramente humana (Jó 11.7-9). O entendimento finito não pode conhecer perfeitamente um ser infinito; mas, bendito seja Deus há aquilo que pode ser conhecido, o bastante para nos conduzir ao nosso fim principal, glorificá-lo e desfrutar dele; e essas coisas reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos, enquanto coisas secretas não devem ser inquiridas (Dt 29.29).] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!



I. AS TÁBUAS DA LEI


1. Formato. Era um jogo de duas tábuas com quatro faces. Não é possível saber qual era seu tamanho. A arca do concerto media um metro e dez centímetros de comprimento por 66 cm de largura e 66 cm de altura (Êx 25.10, NTLH). Cada uma dessas tábuas não devia passar de 75 cm x 55 cm x 55 cm, considerando que elas foram colocadas na arca juntamente com a vara de Arão, que floresceu, e um vaso com o maná (Hb 9.4). Contém 172 palavras. Um homem podia transportá-las tranquilamente. [Comentário: Conforme os textos de Êx 20;31.18; 34; Lv 7.36, Moisés recebeu as tábuas da lei duas vezes, inclusive os dez mandamentos e outras revelações que instruíam sobre o culto a YHWH. Assim foi estabelecido o Pacto Mosaico, o maior evento na história de Israel e no qual se baseou toda a história subsequente. O trecho de Êx 24.12 contém essa expressão, referindo-se às tábuas onde os dez mandamentos haviam sido inscritos. A tradição informa-nos que Moisés recebeu a lei da parte de Deus, cujos mandamentos foram escritos na pedra com o próprio dedo de Deus (Êx 31.18; 32.15,16). Estes tabletes foram postos dentro da arca da aliança. Algumas tradições rabínicas afirmam que cinco dos mandamentos foram gravados em uma das tábuas, e cinco em outra; mas há aqueles que pensam que todos os mandamentos foram registrados em cada tábua. A primeira das opiniões tornou-se mais aceitável, sendo seguida nas sinagogas, na apresentação das tábuas da lei. O site Chabad.org traz o seguinte: “Sobre as Tábuas, D'us, Ele próprio, esculpiu nas primeiras duas pedras os Dez Mandamentos (as pedras vieram de cima). Inclusive outro milagre incrível ocorreu: era possível ler as palavras por igual em ambos lados (não em sentido contrário, que seria o normal). Além disto, como eram vazadas (atravessavam a pedra) sinais que eram colocados dentro e pertenciam às próprias letras, flutuavam desafiando a lei da gravidade. As primeiras pedras foram quebradas por Moshê ao descer do Monte Sinai e avistar o povo cultuando o bezerro de ouro que haviam construído na sua ausência. Moshê retornou e subiu novamente ao Monte Sinai levando desta vez pedras terrestres. Lá permaneceu por mais 40 dias e noites e retornou com novas tábuas, desta vez esculpidas por ele com orientação Divina e sem todos os milagres da primeirahttp://www.chabad.org.br/interativo/faq/astabuas.html.]

2. A divisão das tábuas. Em nenhum lugar a Bíblia diz quantos e quais eram os mandamentos em cada uma dessas tábuas. Escritores antigos, judeus e cristãos, como o pensador judeu Fílon de Alexandria (30 a.C. - 50 d.C.), o historiador judeu Flávio Josefo (37 - 100) e um dos pais da igreja, Irineu de Lião (125-202), dentre outros, diziam haver cinco mandamentos em cada tábua. Segundo Calvino, eram quatro e seis, e não cinco e cinco. Esta nova interpretação tem encontrado eco nos tempos modernos. [Comentário: Encontramos no Dicionário Bíblico Wycliffe (CPAD) o seguinte: “Os judeus, os católicos e os luteranos combinam as proibições contra o politeísmo e a idolatria em uma só. Os judeus estabeleceram a afirmação introdutória (Êx 20.2) como o primeiro mandamento, enquanto os católicos e os luteranos dividem o mandamento contra a cobiça. As igrejas Ortodoxa e Reformada consideram Êxodo 20.2 como introdutório, a proibição contra o politeísmo como o primeiro mandamento, e a proibição da idolatria como o segundo mandamento. A segunda opinião é superior porque ela faz uma distinção entre politeísmo e idolatria. Essa visão evita artificialmente que se divida o décimo mandamento, e que se faça um mandamento de Êxodo 20.2, que não é nem um mandamento nem uma proibição”.PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 548. O Pr Esequias Soares, comentarista da revista, escreve: “Os judeus, desde Fílon de Alexandria até a atualidade, dividem os Dez Mandamentos em dois grupos de cinco, um grupo para cada tábua. Agostinho de Hipona supunha haver três mandamentos na primeira tábua e sete na segunda. Calvino e muitos da atualidade acreditam que na primeira tábua estavam gravados os quatro mandamentos relativos aos deveres do homem com Deus e, na segunda, os seis mandamentos relativos ao homem e seu próximo. Alguns interpretam que o Senhor Jesus Cristo sintetizou as tuas tábuas nos dois grandes mandamentos (Mt 22.34-40), com a ressalva do sábado, pois não há ensino no Novo Testamento para a observância do quarto mandamento. Essa questão é discutida mais adiante, no Capítulo 5”.Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 19.]

3. A rebelião. Ao fim de quarenta dias, Moisés desce do monte com as tábuas da lei (Dt 9.11). Nessa ocasião Israel havia se corrompido com o bezerro de ouro* (Êx 32.7-9). Ainda muito cedo na história, vemos como a natureza humana é inclinada ao pecado. Onde está o compromisso do povo quando declarou na cerimônia do concerto: "Tudo o que o SENHOR tem falado faremos e obedeceremos" (Êx 24.7)? [Comentário: As tábuas de pedra ou tábuas da aliança eram os “documentos” nos quais a aliança fora registrada. Este era o costume tradicional dos tratados de suserania do Oriente Próximo, o serem registrados em tábuas. Talvez o mesmo termo seja o pretendido aqui, e daí a tradução “tábuas de pedra” (5:22;Êx 31:18; cf. Êx 32:15s.; 34:1). Vários elementos desta narrativa soam de maneira estranha a ouvidos ocidentais: abstinência de água e comida por quarenta dias, a apresentação das placas de pedra a Moisés por Deus e a inscrição dos mandamentos nas placas pelo dedo de Deus. Tal linguagem é comum no Velho Testamento e comum no Oriente. É caso para debate aberto, por exemplo, se o número quarenta poderia talvez denotar algo como “por tempo considerável”, ou até mesmo “um período solene de espera e preparação” (cf. Gn 7:4; 1 Rs 19: 8; Jn 3: 4; Mt 4: 2; At 1: 3). A expressão ocorre em literatura extra-bíblica na Esteia de Moabe, linha 8. Mais uma vez, é comum no Velho Testamento atribuir eventos à atividade de Deus quando, na verdade, tais eventos tenham sido realizados por Seus agentes, embora Ele tenha recebido o crédito. Assim, a conquista de Canaã foi obra Sua, embora tenha sido empreendida por Israel. Neste capítulo, Javé aparece como aquele que expulsa os povos de Canaã (4). Nossas mentes ocidentais procuram depressa demais imprimir explicações literalistas e materialistas a tais expressões. Será que esta passagem não poderia simplesmente indicar que, durante um período de preocupação solene com uma santa missão, sob a direção de Deus, o próprio Moisés selecionara as placas e nelas escrevera? No entanto, ele podia perfeitamente dizer que Deus lhe dera as placas e que as palavras que nelas inscrevera eram a própria escrita de Deus. Não são desconhecidas em nosso linguajar moderno expressões como “o Senhor me abriu uma porta”, ou “O Senhor conseguiu um visto para mim”, etc. Tais antropomorfismos são necessários em vista de nossas limitações humanas, se desejarmos apreender, mesmo de maneira limitada, os mistérios da pessoa e da atuação de Deus. (Veja o comentário sobre 5:22). A. Thompson. Deuteronômio Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.]

4. Deus renova o concerto. A revelação do Sinai prosseguiu após ser interrompida por causa da rebelião do bezerro de ouro. Nessa ocasião, as tábuas do concerto foram quebradas (Êx 32.15-19). Mas Deus perdoou o povo, e o concerto foi renovado (Êx 34.10,27). Deus mandou Moisés lavrar novas tábuas, nas quais escreveu novamente as mesmas palavras (Êx 34.1; Dt 10.1). Parece que isso foi resultado da intercessão de Moisés pelo povo (Êx 32.31-33). [Comentário: O Comentário Bíblico Beacon (CPAD), comenta acerca da renovação do concerto: “A Renovação do Concerto (34.10-28) a) A promessa de Deus (34.10,11). Deus renova com Moisés formalmente o concerto quebrado. Prometeu conduzir Israel fazendo maravilhas (10), que seriam maiores aos olhos do povo que qualquer coisa jamais feita. Ele as chamou coisa terrível é o que faço contigo. “O que estou a ponto de fazer com vocês inspira terror” (VBB). O Senhor expulsaria os inimigos da terra da promessa (11). As maravilhas se cumpriram mais tarde em ocorrências como a queda dos muros de Jericó (Js 6.20) e a matança dos inimigos com chuva de pedra (Js 10.11). Ainda que Moisés não tenha vivido para ver estas vitórias, a promessa de DEUS cumpriu-se para seu povo. b) O aviso contra a idolatria (34.12-16). O mal de formar alianças com os povos da Terra Prometida era uma possibilidade real. Os israelitas tinham de se guardar (12) e não fazer concerto com os moradores, porque este procedimento seria um laço para eles. Para se proteger, Israel tinha de derrubar os altares, quebrar as estátuas e cortar os bosques (13). Não deviam permitir que continuassem existindo. As estátuas (“colunas”, ARA) e os bosques (“postes-ídolos”, ARA) eram objetos de culto erigidos para a adoração de deuses e deusas da mitologia Cananéia. Estavam ligados com o culto a Baal, e foram “introduzidos em Israel pela fenícia Jezabel (1 Rs 18.19)”. “Ritos grotescamente imorais eram praticados com relação às colunas e bosques, e estas foram fonte contínua de tentação para os israelitas até o exílio.” Acerca da declaração de que Deus é zeloso (14), ver nota em 20.5. Todo concerto com os moradores da terra (15) levaria Israel a se unir com eles em festas a ídolos e casamentos entre si, resultando em apostasia e idolatria (16). Casar-se com alguém ligado a uma falsa religião é o caminho mais rápido para a desobediência. Os filhos se prostituem segundo os deuses das esposas. A idolatria, quer pagã ou da atualidade, é forma de adultério espiritual. A pessoa é infiel ao compromisso com Deus, quando o coração busca seguir os deuses deste mundo. Em nossa sociedade, é quase impossível salvar nossos filhos da exposição a essas tentações. Colocadas juntas em escolas públicas e atividades comunitárias, as crianças cristãs são sujeitas diariamente a estas seduções. Nossa única esperança é a instilação de coragem e fé que resistirão ao engodo de “ídolos” mundanos e casamentos com não-crentes. Quando ocorrem alianças erradas e outros erros em nossa família, há o recurso à graça redentora de Deus e ao poder da oração intercessora pelo Espírito Santo. c) Várias proibições (34.17-26). Muitas destas proibições são repetições de ordens anteriores. O recente pecado de Israel tornou imperativa a repetição do mandamento de não fazer deuses de fundição (17). As instruções encontradas nos versículos 18 a 20 são analisadas em 12.14-20; 13.3-13; e 23.15. O mandamento sobre o sábado (21; ver comentários em 23.12) acrescenta a necessidade de observar o dia santo na aradura e na sega. Os israelitas deviam resistir à tentação de, no dia de Deus, arar quando ameaçava chover ou de colher quando a colheita estava madura. Era fácil então, como é hoje, justificar o trabalho quando havia obrigações a cumprir. d) A finalização do concerto (34.27,28). Deus disse a Moisés: Escreve estas palavras (27) — as palavras que Deus acabara de lhe dizer (10-26). Conforme o teor destas palavras significa “com base nestas palavras” (Smith-Goodspeed; cf. NTLH). Estes acordos renovaram o concerto do Senhor com o povo. Clarke supunha que o procedimento incluía uma cópia das tábuas de pedra para Israel, visto que as originais seriam colocadas na arca.71 Em todo caso, foi Deus que escreveu os dez mandamentos nas duas tábuas (28; o pronome oculto ele [escreveu] deve ser entendido como referência a Deus; ver v. 1), e Moisés escreveu o restante do concerto. O servo do Senhor ficou no monte quarenta dias e quarenta noites, como da primeira vez, e jejuou em ambas as ocasiões (cf. 24.18; Dt 9.9).” Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag. 233-235..]


SÍNTESE DO TÓPICO I


Os Dez Mandamentos foram dados a Moisés nas duas tábuas.

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II. OS DEZ MANDAMENTOS


1. Origem do termo. A expressão "dez mandamentos", em hebraico asseret hadevarim, significa literalmente "as dez palavras" e só aparece três vezes na Bíblia (Êx 34.28; Dt 4.13; 10.4). A Septuaginta traduziu por dekalogos, "decálogo", a partir de dois termos gregos: deka, "dez", e logos, "palavra". O sentido de "palavra" nesses idiomas  é amplo e indica "discurso, pronunciamento, proposição". O termo hebraico específico para "mandamento" é mitsvah, usado também em referência aos Dez Mandamentos (Êx 24.12). A Septuaginta utiliza o termo entolé, a mesma palavra usada no Novo Testamento (Mt 19.17-19). [Comentário: O termo é usado em Êxodo 34.28; Deuteronômio 4.13; 10.4, e os mandamentos estão registrados em Êxodo 20.1 -17; Deuteronômio 5.6-21. O título alternativo “decálogo” angliciza o termo da LXX, que é uma tradução literal do hebraico. Russell Norman Champlin informa o seguinte: “Palavras Envolvidas e Designações. A importância da lei, dentro do judaísmo, pode ser demonstrada pelo fato de que há cerca de novecentas referências aos mandamentos, no Antigo Testamento, mediante o uso de uma dezena de palavras diferentes. O Decálogo. O termo decálogo, que significa dez palavras, foi usada pelos pais gregos da Igreja para se referirem aos dez mandamentos do Antigo Testamento. No hebraico, esses mandamentos são chamados haddebarim asereth, «dez palavras». Ver Êxo. 34:28; Deu. 4:13 e 10:4. Outras expressões também usadas para indicar a lei são: «as duas tábuas do testemunho» (Êxo. 34:29); a «sua aliança» (Deu. 4:13), «as tábuas da aliança» (Deu. 9:9). No Novo Testamento, encontramos, principalmente, o termo grego entola~i, «mandamentos» (Mat. 19:17 ss, Rom. 13:9; I Tim. 1:9, para exemplificar). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4139-4140..]

2. Classificação. As autoridades religiosas de Israel sempre classificaram os Dez Mandamentos em dois grupos: teológico e ético; vertical e horizontal; relação do ser humano com Deus e com o próximo. Os primeiros mandamentos são teológicos e se resumem no primeiro e grande mandamento (Dt 6.5; Mt 22.37,38; Mc 12.30; Lc 10.27). Os da segunda tábua são éticos, e consistem em amar o próximo como a si mesmo (Lv 19.18; Mt 22.39; Mc 12.31). [Comentário: O Pr Esequias Soares, citando Carson, escreve o seguinte: “Quanto à lei, algo precisa ser dito sobre a alegada divisão em lei moral, lei cerimonial e lei civil. Desde muito tempo qualifica-se o Decálogo como lei moral, enquanto a parte da legislação mosaica que trata das cerimônias de sacrifícios e festas religiosas, entre outras, é chamada de lei cerimonial, e os preceitos de caráter jurídico são considerados lei civil. A visão tripartite da lei em preceitos morais, cerimoniais e civis não vem das Escrituras. "Embora essa distinção tripartite seja antiga, seu uso como fundamento para explicar a relação entre os testamentos não é demonstravelmente derivada do Novo Testamento e provavelmente não é anterior a Tomás de Aquino" (CARSON, 2011, p. 179)Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 25.]

3. Forma. A forma dos Dez Mandamentos é geralmente chamada de categórica ou absoluta. É uma das formas de lei que apresenta um estilo sóbrio e de estrutura rítmica, assonante, paralela e poética. Isso facilita a memorização e é apropriado para a leitura litúrgica e em grandes eventos religiosos (Dt 31.11). As proibições são sem concessão; não admitem exceção. Aqui temos oito proibições absolutas com a negação hebraica, lo, "não", forma incondicional, em tempo verbal que nas línguas ocidentais é chamado de "futuro". Os outros dois mandamentos dados a Israel são positivos: guardar o sábado e honrar pai e mãe (Êx 20.8-12; Dt 5.12-16). ). [Comentário: É habitual na erudição bíblica referir-se aos Dez Mandamentos e ao livro do concerto, que os segue, como lei no sentido de jurisprudência comum. Embora esta não seja uma noção totalmente errônea, o mais recente reconhecimento de que estas seções são nada menos do que as cláusulas de estipulação em um documento de tratado que teve o efeito saudável de localizá-los mais precisamente no ambiente histórico, literário e teológico. Estas estipulações não visavam regular o comportamento humano em geral, embora os princípios que elas incorporam sejam heurísticos e atemporais, mas acham seu lugar em um contrato cujo propósito é fornecer diretrizes legais, morais e religiosas para um povo especial escolhido para uma tarefa especial. E até para este povo os regulamentos não eram um meio pelo qual ele obtinha a salvação — que foi simbolizada pela Páscoa e pelo êxodo, mas um manual de instruções pelo qual o povo do concerto tinha de ordenar a vida nacional na missão como povo sacerdotal e mediador. As estipulações eram a torah no sentido de instruções. Tendo estabelecido a natureza da lei de Israel como estipulação do concerto, ainda é importante ressaltar que a grande seção de estipulação do tratado está dividida em duas partes, como já mencionamos. A primeira, os Dez Mandamentos, é de forma e função completamente diferente da segunda seção, o livro do concerto. Como mostraram muitos estudiosos, os mandamentos estão expressos na estrutura de lei apodíctica. Isto diz respeito à natureza geral, incondicional e elementar expressa em quase toda ocorrência por um “não farás”. O livro do concerto, por outro lado, está disposto na forma de lei casuística. Seus regulamentos tratam de casos específicos ou classes de incidentes e normalmente consistem em declarações tipo prótase-apódose, quer dizer: “Se alguém fizer isto ou aquilo, então esta é a penalidade”. Outra ressalva é que a seção de estipulação mais curta e geral é parecida com uma “constituição”, da qual a seção mais longa de estipulações se relaciona como um corpo de emendas ou, melhor, exemplos de aplicação específica. Assim, cada um dos dez mandamentos tem elaboração no resultante livro do concerto, com a consequência de que os princípios estão detalhados com referência precisa à vida prática e cotidiana. Roy B. Zuck. Teologia do Antigo Testamento. Editora CPAD. pag. 49-50.]



SÍNTESE DO TÓPICO II


Os Dez Mandamentos têm caráter categórico e absoluto. Eles não contemplam o relativismo moral.




III. A QUESTÃO DOS PRECEITOS DA LEI


1. Uma só lei. Há uma corrente de interpretação que ensina ser o Decálogo a lei moral, enquanto a parte da legislação mosaica que trata das cerimônias de sacrifícios e festas religiosas, entre outras, é chamada de lei cerimonial. Esse pensamento nos parece inconsistente, pois não é ensino bíblico nem os judeus jamais dividiram sua lei em moral e cerimonial. Ao longo da história, eles observaram o sábado e a circuncisão com o mesmo cuidado. Jesus disse que a circuncisão está acima do sábado (Jo 7.22,23). [Comentário: Jesus acusou os judeus de fracasso no cumprimento da Lei. Não estavam fazendo a vontade de Deus nesse sentido. Como, então, poderiam aceitar Aquele a quem Deus tinha enviado? Suas intenções homicidas para com Ele eram por si mesmas violação do sexto mandamento. A multidão, ficando ao lado dos líderes sem conhecer seus desígnios, pensava que Jesus estivesse louco, atormentado por um demônio, imaginando que Sua vida estivesse em perigo (v. 20). O Senhor tinha de atingir as raízes da animosidade dos líderes. Aquele um só feito que Ele fizera em Jerusalém e que deixara todos maravilhados, mas que colocara os líderes contra Ele, foi a cura do homem aleijado, no sábado (cap. 5). O próprio Moisés, que os judeus respeitavam tanto, ordenou a circuncisão (embora a prática se originasse com os patriarcas e não com Moisés), de modo que ela tinha de ser realizada no oitavo dia (Lv. 12:3), mesmo se caísse no sábado. Pelo motivo (v. 22) não está bastante claro quanto à relação que tem com o assunto. Possivelmente aponta a seguinte linha de pensamento - que a circuncisão no sábado era aceitável e na realidade apontava para a obra que Jesus tinha realizado, uma vez que a restauração de um homem física e espiritualmente era até mais significativo do que a administração do sinal da aliança. Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular. João. pag. 44.]

2. A lei do Senhor e a lei de Moisés. O que de fato existem são preceitos morais, cerimoniais e civis, mas a lei é uma só. É chamada de lei do Senhor porque veio de Deus, e de lei de Moisés porque foi ele o mediador entre Deus e Israel (Ne 10.29). Ambos os termos aparecem alternadamente na Bíblia (Ne 8.1,2,8,18; Lc 2.22,23). A cerimônia dos holocaustos, a circuncisão e o preceito sobre o cuidado dos bois são igualmente reconhecidos como lei de Moisés (2 Cr 23.18; 30.16; At 15.5; 1 Co 9.9). [Comentário:  Como Iegislador e Mediador da Aliança. A lei mosaica tanto foi uma legislação quanto foi uma aliança. E Moisés foi o instrumento humano para tanto. O capitulo vinte do livro de Êxodo fornece-nos a porção cêntrica dessa legislação, mas quase todo o livro de Êxodo está envolvido em seu delineamento; e o livro de Deuteronômio repete a questão, com algumas adições, ao passo que o livro de Levítico fornece-nos as intrincadas leis acerca do sacerdócio e do culto religioso. A lei mosaica não era apenas um documento religioso de proibições. Paralelamente a isso, era um complexo conjunto de leis civis, muitas delas com preceitos paralelos em outras legislações semíticas. Ver o artigo intitulado Hamurabi, Código de, quanto a uma ilustração a esse respeito. O código de Hamurabi foi escrito cinco séculos antes de Moisés; e os pontos de semelhança mostram que uma das fontes da legislação mosaica foi o fundo de leis desenvolvidas pelas culturas semíticas durante um longo período de tempo. Pode-se dizer que as leis civis de Moisés ocupam cerca de quarenta parágrafos em Êxodo 21-23; em Levítico 18-20, um pouco mais do que vinte parágrafos; em Deuteronômio 12-16, cerca de noventa parágrafos. O material, desse modo, mostra ser bastante completo, embora não exageradamente longo. Esses cento e cinquenta parágrafos são menos do que os 282 parágrafos do código de Hamurabi. As leis dos assírios ocupavam cerca de 115 parágrafos, embora muito mais material se tenha perdido. As leis dos heteus, até onde o demonstram as descobertas arqueológicas, ocupam cerca de 200 parágrafos. Esse pacto mosaico é contrastado com o Novo Testamento, trazido por Cristo. Caracterizava-se por uma lei, e, presumivelmente, era capaz de transmitir vida (ver Lv. 18:5). Entretanto, os eruditos hebreus têm demonstrado que, nos escritos de Moisés, essa vida era apenas terrena, e não pós-morte. Os intérpretes posteriores do judaísmo é que a interpretaram como pós-morte. Seja como for, como um contraste com a lei mosaíca, a graça, a verdade e a vida eterna vieram por meio de Cristo (João 1:17). O evangelho anuncia ao mundo a graça divina (ver Rm. 3 e 4). O pacto mosaico estava contido em três divisões: a. os mandamentos (Êx, 20); b. os juízos (Êx, 21:1-24:11), que regulamentavam a vida social de Israel; e c. as ordenanças (Êx. 24:13-31:18) que governavam a vida religiosa da nação. Esses três aspectos constituíam a lei. O trecho de 11 Cor. 3:7-9 caracteriza essa legislação como «ministério da morte» e «ministério da condenação», porquanto não era através da lei que a vida espiritual ê conferida ao homem. O crente do Novo Testamento não está debaixo da lei mosaica, e, sim, sob o incondicional Pacto Novo da graça divina (ver Rm. 3:21-27; 6:14,15; OU 2:16; 3:10-14; 4:21-31; Hb. 10:11-1). CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 340.]

3. A lei de Deus. A lei de Deus é todo o Pentateuco; trata-se de um livro, e não meramente das palavras escritas em tábuas de pedra (Js 24.26; Ne 8.8,18). Isso precisa ficar muito claro porque certos grupos sectários argumentam: "Você guarda a lei de Deus?". Isso por causa do sábado, e transmite a falsa ideia de que a lei de Deus se restringe aos Dez Mandamentos. Se eles guardam a lei de Deus, precisam observar os seus 613 preceitos; do contrário, estão sob a maldição (Gl 3.10). [Comentário: Josué e o povo selaram a aliança de servir a Deus quando escreveram as palavras no livro da Lei de Deus e no momento em que erigiram uma grande pedra debaixo do carvalho, a mesma árvore que Jacó encontrou quando veio a Siquém. Esta árvore ficava perto do santuário do Senhor, o qual, provavelmente, não era uma construção regular ou um templo, mas um lugar sagrado criado em Siquém ao levar o tabernáculo para lá. A referência às pessoas apresentando-se diante de Deus (v. 1) pode indicar que o tabernáculo estava lá. A pedra debaixo do carvalho funcionava como um lembrete legal ou testemunho de que a aliança fora assumida pelas pessoas. Agora, a pedra e o povo eram ambos as testemunhas. Isso reflete a função do altar construído pelas tribos que estavam assentadas a leste do Jordão, que também era um testemunho (Js 22.34). Uma grande pedra erguida, que data da época final da idade do Bronze (isto é, mais ou menos a época em que se passa essa história), foi encontrada em Siquém, e pode ser a pedra aqui mencionada. EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 399-400. Ele e outros leram do livro da lei, desde a alva até ao meio-dia (v. 3), e eles leram declarando (“claramente”, v.8 [versão RA]). A leitura das Escrituras em reuniões cristãs é uma ordenança de Deus, em que Ele é honrado, e sua Igreja, edificada. E, em ocasiões especiais, devemos estar abertos a participar por muitas horas juntos na leitura e exposição da palavra de Deus: os que são mencionados aqui se reuniram por seis horas. Que aqueles que lêem e pregam a palavra aprendam também a apresentar-se de maneira distinta, como aqueles que entendem o que dizem e são tocados por ela, e que desejam que esses a quem falam tenham condições de entendê-la, retê-la e ser tocados por ela. Laço é para o homem dizer precipitadamente (Pv. 20.25). (4) O que eles leram, isso expuseram, e disso mostraram a intenção e o significado, e a aplicação prática das palavras da lei; eles explicaram o sentido em outras palavras, faziam que, lendo, se entendesse (w. 7,8). Observe: [1] E necessário que aqueles que ouvem a palavra a entendam; caso contrário, não passam de palavras e sons vazios (Mt 24.15). [2] Portanto, exige- se que aqueles que são mestres por ofício expliquem a palavra e deem sentido a ela. Entendes tu o que lês?, e: Entendestes todas estas coisas? (veja Mt 13.51), são boas perguntas a serem colocadas para os ouvintes; mas: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? (At 8.30,31). Ler é bom e pregar é bom, mas a exposição une a leitura e a pregação, e assim torna a leitura tanto mais inteligível e a pregação tanto mais convincente. (5) O povo comportou-se de maneira muito apropriada quando a palavra foi lida e aberta a eles. [1] Com grande reverência. Quando Esdras abriu o livro, todo o povo se pôs em pé (v. 5), mostrando dessa forma respeito tanto por Esdras quanto pela palavra que ele estava prestes a ler. Cabe aos servos ficar em pé, quando seu senhor fala com eles, em honra ao seu senhor e para mostrar a disposição em fazer o que lhes é ordenado. [2] Com grande firmeza e compostura. O povo estava no seu posto (v.7); diversos ministros estavam lendo e expondo a certa distância um do outro, e cada um do povo permaneceu no seu lugar, não se dirigia primeiro para um e então para outro, para fazer comentários sobre eles, mas permanecia no seu lugar, para que não perturbasse o outro nem fosse ele próprio perturbado. [3] Com grande atenção e disposição: os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei (v. 3). Seus ouvidos estavam como acorrentados a ele; eles ouviam prontamente, e prestavam atenção em cada palavra. A palavra de Deus requer atenção e a merece. Se por causa de descuido deixamos escapar muita coisa ao ouvir, existe o perigo de que pelo esquecimento deixemos escapar tudo depois de ouvir. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 825.]


SÍNTESE DO TÓPICO III


A Lei é chamada de “Lei do Senhor” porque veio diretamente de Deus; e de Moisés, porque ela foi mediada pelo legislador de Israel.



IV. A LEI A GRAÇA


1. A transitoriedade da lei. O Senhor Jesus cumpriu toda a lei, os preceitos morais, cerimoniais e civis (Mt 5.17,18). O apóstolo Paulo é muito claro quando fala  que “o ministério da morte, gravado com letras  em pedras [...] era transitório” (2 Co 3.7,11). No entanto, a verdade moral contida no sistema mosaico, como disse o teólogo Chafer, “foi restaurada sob a graça, mas adaptada à graça, e não à lei”. Isso diz respeito a sua função e não compromete a sua autoridade como revelação de Deus e parte das Escrituras divinamente inspiradas (2 Tm 3.16,17). [Comentário: Agora o apóstolo apresenta de um modo claro o que ele tinha apenas mencionado previamente (cf. 3, 6) - o contraste entre as dispensações (cf. RSV) da Lei e do Espírito, entre o ministério de Moisés e o de Paulo. O ministério de Moisés (7) é caracterizado pela glória (“brilho”, RSV) no rosto de Moisés. “Transitória como era” (NASB), era ainda assim tão brilhante que os filhos (huious, “filhos”) de Israel não podiam “olhar atentamente” (NASB) para ela (Êx 34.29-30). A ênfase de Paulo está na glória ou no esplendor do ministério de Moisés como uma revelação da eterna vontade de Deus. Assim, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras (cf. Rm 7.7-8; 1 Co 15.16), veio em glória, não é óbvio (ouchi), pergunta Paulo, que “seja de maior glória (ou resplendor, RSV)” o ministério do Espírito (8), que dá a vida (3.6; cf. G1 3.5)? Então, na segunda fase do seu contraste, ele prossegue explicando que “se o ministério da condenação [Dt 27.26; G1 3.10] foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça” (9, NASB) [Rm 1.17; 5.17; 8.1-4; 1 Co 1.30].'“A lei”, comenta Calvino, “deve nos mostrar a doença, de modo a não nos mostrar, ao mesmo tempo, qualquer esperança de cura; o evangelho deve trazer o remédio àqueles que já não têm mais esperança”. O último supera a primeira “porque é uma coisa muito maior absolver o pecador condenado do que condená-lo”. Uma só considera a lei escrita nas pedras; o outro, considera o sangue do próprio Filho de Deus e o poder do Espírito. A justiça sobre a qual Paulo baseia a superioridade do seu ministério é “a justiça de Deus” revelada no “evangelho de Cristo” (Rm 1.16-17), que ele expõe em termos de justificação e santificação em Romanos 3.31—8.39. Este contraste entre ministérios pode até mesmo ser considerado tão radical, que o primeiro, que foi glorificado (10) como um instrumento da auto-revelação de Deus, agora, “nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória” (NASB) - a glória do segundo, que o supera em muito (cf. Jo 1.17; Rm 10.4; G1 3.21-25). “A sua glória agora está diminuída, como o brilho dos lampiões quando chega o amanhecer” (R. A. Knox). Paulo desenvolve o seu ponto final do contraste (11) a partir do brilho do rosto de Moisés (3.7), que já desaparecia, de acordo com a tradição judaica, mesmo quando ele estava descendo do Monte Sinai. Ele viu isto como sendo um sinal da natureza transitória do antigo concerto, que Moisés representava. O contraste é com a permanência da revelação do Espírito. Porque, se o que era transitório foi para glória (dia doxes), muito mais é em glória (en doxe) o que permanece. Assim, a adequação do ministério apostólico de Paulo é a sua superioridade como um ministério do novo concerto - um ministério do Espírito - superior (1) como a vida é mais gloriosa do que a morte, (2) como a justiça é mais gloriosa do que a condenação, e (3) como aquilo que é permanente é mais glorioso do que aquilo que é transitório. Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. II Coríntios. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 419.]

2. A graça.  O Senhor Jesus e o apóstolo Paulo citaram Levítico 18.5 como meio hipotético de salvação pela observância da lei (Mt 19.17; Gl 3.11). Mas ninguém jamais conseguiu cumprir toda a lei, exceto Jesus. O mais excelente dos rabis de Israel só conseguiu cumprir 230 pontos dos 613 preceitos da lei. A lei diz “faça e viva”, no entanto, a  graça diz “viva e faça”. Por esta razão os cristãos estão debaixo da graça, e não da lei (Rm 6.14; Gl 3.23-25). A lei não tem domínio sobre nós (Rm 7.1-4). [Comentário: Lv 18.5 Cumprindo os quais, 0 homem viverá por eles. Vivia-se, vivendo corretamente. A vida consistia na guarda da lei. Este versículo é muito empregado para mostrar que os hebreus esperavam obter a vida eterna mediante a guarda da lei. Posteriormente, os judeus interpretavam-no nesse sentido. Mas foi essa a questão central que o apóstolo Paulo combateu e repudiou, em Gál. 3.21,22. Disse ele: .. se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade seria procedente de lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que mediante a fé em Jesus Cristo fosse a promessa concedida aos que crêem”. Mas em Lev. 18.5, “vida" não é a vida eterna. Em parte alguma do Pentateuco temos a promessa de vida além-túmulo para os que vivessem retamente, nem temos ameaças de juízo, além-túmulo, para os que não vives- sem retamente. O Pentateuco não contém a doutrina da alma, embora ela seja antecipada na doutrina da imagem de Deus, em Gên. 1.26,27. Séculos mais tarde, nas mãos de Paulo, essa doutrina tornou-se muito importante, como centro da vida e natureza da alma eterna (Rom. 8.29 ss.; I João 3.2). Tal desenvolvimento teológico, contudo, não começou nos dias de Moisés. A ideia da alma começa nos Salmos e nos Profetas; mas 0 assunto da bem-aventurança ou da punição eternas, além-túmulo, ainda precisou de muito mais tempo para ser consolidado dentro da teologia dos hebreus. Simplesmente temos de admitir que a teologia judaica, nesse particular, era deficiente, sendo esse um dos pontos que a revelação cristã veio aprimorar. Não há que duvidar, sem embargo, de que, posteriormente, quando os judeus vieram a crer firmemente na existência da alma imortal e imaterial, o trecho de Lv.18.5 passou a ser empregado para mostrar que a vida eterna viria através da guarda da lei. E isso armou o palco para o repúdio a tal ensino, por parte de Paulo. A vida referida em Lv. 18.5 é uma vida física abundante, abençoada por YHWH. Uma vida boa, mediante a observância dos mandamentos, mas que termina na morte. É melhor alguém viver bem do que ao contrário, e a guarda da lei fazia parte integral de uma vida boa e longa sobre a terra, sob a bênção de YHWH. “A obediência às leis de Deus produzia, em Seu povo, vidas felizes e realizadas (cf. Lv. 26.3-13; Deu. 28.1-14)” (F. Duane Lindsey, in ioc.). “As autoridades religiosas dos dias do segundo templo interpretavam essa cláusula no sentido de que quem obedecesse a essas leis teria a vida eterna. Por isso mesmo, as antigas versões caldaicas traduziam-na como “terá a vida eterna”. Essa passagem foi citada tanto pelos profetas (Ez. 20.11; Nee. 9.29) quanto pelo apóstolo Paulo (Rm. 10.5 e Gl. 3.12), 0 qual contrastou essa promessa, baseada nas obras, com a promessa do evangelho, baseada na fé” (Ellicott, in toe.). O argumento paulino, naturalmente, era que viver a lei, obedecer aos seus conceitos, é algo realmente acima da capacidade humana. Por isso mesmo, 0 homem precisa de um sistema diferente do da lei, o sistema da graça-fé. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 545..]

3. Os mandamentos de Cristo. Perguntaram a Jesus o que se deve fazer para executar as obras de Deus. A resposta não foi guardar o sábado, nem a lei e nem os Dez Mandamentos, mas exercer fé em Jesus (Jo 6.28,29). Essa doutrina é ratificada mais adiante (1 Jo 3.23,24). Jesus falou diversas vezes sobre o novo mandamento, a lei de Cristo, o amor operado pelo Espírito Santo na vida cristã (Jo 13.34; 14.15, 21; 15.10). O Senhor Jesus não incluiu o sistema mosaico na Grande Comissão. Ele disse para “guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.20). O mandamento de Cristo é a fé nEle, é a lei do amor (Rm 13.10; Gl 5.14) e não a letra da lei. Quem ama a Cristo tem a lei do Espírito em seu coração. [Comentário: Jo 14.15 «...se me amais, guardareis os meus mandamentos...» Este versículo vincula os nossos pensamentos aos conceitos emitidos nos versículos anteriores, sobre a feitura de obras que os crentes realizassem cm nome de Jesus. Aqueles que haveriam de realizar essas obras, e essas formas dc obras seriam maiores do que aquelas que o próprio Senhor Jesus fez neste mundo, jamais seriam realidades não fora a presença do amor que é aqui mencionado e nem fora a força proporcionada pelo Espírito Santo, que aparece nos dois versículos seguintes. A atuação do *Logos* encarnado foi motivado pelo amor. tal como a ação de Deus Pai, ao enviar Cristo ao mundo. (Ver João 3:16). Aqueles que estão unidos dentro da família de Deus devem participar de um amor mútuo, amor esse que forçosamente inspira ações características da natureza de Cristo. Tholuck (in loc.) tem uma excelente observação sobre a natureza desse amor: ·Para João o amor não consiste meramente em felicidade dc sentimentos; mas é unidade de vontade com o amado (ver João 14:21; IS: 14 c I João 3:18). É o amor que torna os homens susceptíveis a comunhão com o Consolador: o mundo não pode recebê-lo». Entretanto, também expressa a verdade aquilo que Lange registrou (in loc.). ao dizer: *A amorosa contemplação da personalidade de Cristo é o vinculo dc comunhão dos discípulos, aquilo que faz deles uma personalidade coletiva, e nessa comunhão podem tornar-se o órgão da manifestação pessoal do Espírito Santo*. Quanto ao sentido da palavra ·mandamentos·, neste ponto, poderíamos destacar as seguintes observações: 1. Não se trata de alguma referência direta aos dez mandamentos, quer segundo aparecem os mesmos nas páginas do A. T., quer segundo aparecem incorporados no N. T. 2. Não se trata de uma referência às diversas instruções que Jesus deu a seus discípulos. 3. Mas trata-se de uma alusão ao corpo e espírito inteiro daquilo que os homens aprendem mediante a sua associação com Jesus e, mais particularmente, por pertencerem à família celestial da qual ele é o irmão mais velho e na qual há o Pai celeste. Os seus mandamentos são as normas que orientam essa família. Os princípios éticos da família celeste, o que não se limita aos dez mandamentos, mas nem por isso é contrário aos mesmos. 4. Na referência em foco, neste ponto, há uma alusão especial ao novo mandamento, que é a lei do amor, que se mostra saliente entre todos os mandamentos, sumariando a eles todos dentro de poucas palavras e que haveria de ser uma característica toda especial de cada membro dessa família, bem como da família como uma comunidade local, na forma de igreja. O espírito de todas essas verdades pode ser encontrado na declaração apostólica de Paulo: «...logo. já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim» (Gl. 2:20). Estamos fazendo progresso, em nossa obediência e aplicação da lei do amor, quando começamos a ter cuidado pelos outros segundo cuidamos de nós mesmos; quando nos parece tão importante o que acontece aos outros, como o que acontece conosco; e, acima de tudo, quando em tudo desejamos para os outros não menos do que para nós mesmos. O amor é uma profunda motivação que provoca a partilha e o mais autêntico altruísmo, e isso é abundantemente ilustrado na vida de Cristo, que viveu para os outros e morreu pelos outros. O amor é um produto da influência do Espírito no coração do crente (um dos aspectos do fruto do Espírito—ver Gl. 5:22), e faz parte da transformação ética que o Espírito Santo opera nos remidos, servindo também de evidência do desenvolvimento espiritual dos mesmos. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 529..]
 

SÍNTESE DO TÓPICO IV


Deus informou a Moisés, na Lei, a constituição de sacrifícios santos: os holocaustos; derramamento de sangue; aspersão do sangue.



CONCLUSÃO


A tendência humana é se esforçar para merecer a salvação, por isso ainda há aqueles que se ofendem com a mensagem de que a salvação é pela fé em Jesus, sem as obras da lei (Gl 2.16). O que tais pessoas querem é fazer do cristianismo um remendo de pano novo em veste. [Comentário: A lei cumpriu o seu papel, ou seja, mostrou que o homem é um pecador, mas não pôde fazer nada para limpá-lo, justificá-lo, santificá-lo. Porém Deus enviou seu Filho, e nEle está revelada a Graça. O crente se beneficia da lei estando debaixo da obra redentora de Cristo. O mérito de Cristo, sendo obediente à lei até as últimas consequências, compra-nos o benefício da salvação e a graça de conhecermos a vontade de Deus pela sua lei. O único modo de o ser humano ser salvo é submeter-se totalmente àquele que, por mérito, compra-lhe a salvação. Ainda aqui o homem é beneficiado pela Lei. Cristo a cumpre e declara justificado aquele por quem ele morre.]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.

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