quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

LIÇÃO 6: PACIÊNCIA: EVITANDO AS DISSENSÕES



SUBSÍDIO I

Paciência: evitando as dissensões

Na lição do dia 5 de fevereiro, teremos duas palavras-chave: Paciência e dissensões. Dois vocábulos antagônicos que vão nos ajudar a compreender que a paciência, fruto do Espírito, é um antídoto contra a ansiedade e as dissensões.  Vivemos em uma sociedade imediatista, onde as pessoas parecem desconhecer o significado da palavra esperar, tornando-se imediatistas e impacientes.  A impaciência produz a ansiedade, um sentimento prejudicial à saúde física, mental e espiritual. Este sentimento é tão nefasto que Jesus no célebre Sermão do Monte, fez um alerta aos seus discípulos a respeito do andar ansioso, preocupado, temeroso. O Mestre ensinou que aqueles que desejam fazer parte do seu Reino, precisam crer que o Pai proverá a sua subsistência. Ele explicou que a falta de fé dos súditos levaria as pessoas a um estilo de vida doentio, obcecado pela provisão. É justamente o que temos visto atualmente. Pessoas estressadas, pois estão obcecadas pelo seu sustento e contaminadas por um estilo de vida consumista. Vivemos em um mundo conturbado, imediatista, onde alguns crentes já não querem ser mais ser conduzidos por Deus. Todos querem ser protagonista e conduzir a sua história da maneira que acham ser a melhor. É aí que adoecemos e a ansiedade vira uma patologia chamada de TAG, Transtorno da Ansiedade Generalizada. Para alguns o importante é somente o hoje, o agora. Talvez, por isso, os consultórios dos psiquiatras estejam sempre tão repletos de pacientes.  A indústria farmacêutica também tem lucrado com a venda de medicamento para o controle da ansiedade.

A ansiedade está no centro das pesquisas dos principais institutos e universidades que investigam as doenças da mente. Os primeiros resultados indicam que ela tem impacto muito maior do que se pensava. A convivência prolongada com a ansiedade afeta várias áreas da vida, como mostra um levantamento da Associação Americana de Desordens Ansiosas. Dos voluntários entrevistados, 87% disseram que ela prejudica muito as relações pessoais. Outros 75% afirmaram que interfere na habilidade de cumprir as atividades diárias. (TARANTINO, Mônica. Quando a ansiedade vira doença. Isto É. São Paulo, junho de 2016. Disponível em: <http://istoe.com.br>. Acesso em: 17/06/2016.)

Segundo o pastor Hernandez Dias Lopes “a ansiedade nos leva a crer que a vida é feita só daquilo que comemos e vestimos.” O livro de Êxodo nos ensina importantes lições a respeito da ansiedade, confiança em Deus e dissensões. A narrativa da história dos hebreus, suas vitórias e seus fracassos nos faz compreender que não precisamos andar ansiosos, pois temos um Deus que tem o controle da história e que trabalha em nosso favor.   Por isso, indico a leitura do livro de Êxodo para os impacientes e ansiosos. Imagina um povo que teve que esperar 400 anos até que o Senhor levantasse um líder e os tirasse do Egito.  Moisés, o homem escolhido para ser o libertador, também teve que passar por um período de treinamento que durou cerca de 40 anos. Porque esperar tanto tempo assim?  Afinal a vida não é curta? Os hebreus, assim como Moisés precisavam confiar na provisão de Deus e matar a “semente maligna” da “impaciência” e “ansiedade”,  antes de experimentar o favor do Senhor.
Temos um Deus que livra, cuida e opera milagres extraordinários em favor daqueles que nEle confiam. A cada página do livro de Êxodo podemos ver um Deus misericordioso, piedoso, que cura as enfermidades do corpo, da alma e do espírito (Êx 15.26) e que não deixa faltar o pão, o alimento cotidiano (mesmo no deserto).  Vemos também o quanto os israelitas eram imediatistas e murmurador, pois, assim como nós, precisavam de tratamento e cura, pois os anos de escravidão devem ter deixado feridas e marcas no corpo e na alma.
A impaciência é sempre perigosa, pois nos leva agir de modo precipitado, a falar em demasia, a murmurar e a tomar decisões, atitudes erradas. Certa vez, depois de caminhar por três dias no deserto, todos estavam sedentos, mas não havia água e quando encontram um local com água,  não puderam beber, pois as águas eram amargas (Êx 15.23). Qual é a sua reação diante das adversidades? Você é impaciente? Descontentes, os hebreus reclamaram e brigaram com Moisés, todavia eles não estavam brigando com Moisés, mas com o próprio Todo-Poderoso que os havia libertado da escravidão. Como evitar a impaciência e as dissensões? Mantendo viva a chama da fé e procurando ser cheio do Espírito Santo. A fé nos faz ver o impossível, pois é “o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1) e o Espírito Santo nos ajuda a sermos pacientes e a fugirmos das dissensões.    

Subsídio etimológico:

“Paciência, hyponome, literalmente, permanência em baixo de (formado de hypo, ‘em baixo de’, e meno,ficar’), ‘paciência’. A paciência, que só desenvolve nas  provas (Tg 1.2), pode ser passiva, ou seja, igual a ‘tolerância, resignação’, como:   (a) nas provas em geral (Lc 21.19; Mt 24.13; Rm 12.12; (b) nas provas que sobrevêm ao serviço no Evangelho (2 Co 6.4; 12.2; 2 Tm 3.10); (c) sob castigo, que é a prova considerada a vir da mão de Deus, nosso Pai (Hb 12.7); (d) sob aflições imerecidas (1 Pe 2.20); ou ativa, ou seja, igual  a ‘persistência, perseverança’, como: (e) ao fazer o bem (Rm 2.7); (f) na produção de frutos (Lc 8.15); (g) no correr a corrida proposta (Hb 12.1).
A paciência aperfeiçoa o caráter cristão (Tg 1.4), e a participação na paciência de Jesus é, portanto, a condição na qual os crentes virão a ser admitidos a reinar com Ele (2 Tm 2.12; Ap 1.9). Para esta paciência, os crentes são ‘corroborados em toda fortaleza’ (Cl 1.11), ‘pelo seu Espírito no homem interior”   (Ef 3.16) (Dicionário Vine: O Significado exegético  das palavras do Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 842).

Telma Bueno
Editora responsável pela Revista Lições Bíblica Adultos

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Paciência: evitando as dissensões

Vivemos certamente um dos períodos mais ansiosos de nossa história. Tudo é mais rápido, “pra ontem”. A vida urbana explodiu demograficamente. Uma alta taxa de concentração dos habitantes numa mesma região da cidade. O resultado: ônibus lotados, engarrafamentos quilométricos, explosão de violência. Num país como o Brasil, onde o resultado dos índices educacionais é pífio, juntando a falência das políticas públicas, um Estado que não funciona na entrega dos serviços básicos necessários à sociedade (Saúde, Educação e Segurança), o que vemos se reproduzir é o caos social no país. Esse caos é refletido, além das grandes desgraças acerca da pobreza e da violência, principalmente nas periferias, nas filas do banco, do supermercado, do trânsito. A impressão: as pessoas não têm paciência.
Como os crentes da igreja local fazem parte desta sociedade, por isso acabam sendo um extrato dela, eles acabam reproduzindo esse espírito impaciente nos locais de encontros e de relacionamentos: família, igreja, círculo de amigos mais chegados. Ou seja, a falta de paciência também é um fenômeno entre os cristãos. Por isso, a Palavra de Deus, e principalmente o Novo Testamento, tem textos contundentes em relação à paciência na vida do crente. Um desses ensinos mais notórios é o que o apóstolo Paulo escreve aos romanos: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência” (Rm 5.3,4). Ora, a tribulação produz paciência, pois no tempo em que estamos nela, somos ensinados a esperar, ser mais lógico, perceber que o tempo não acontece segundo as nossas escolhas. Por isso, depois que passamos pelo momento de espera, e nos tornamos pacientes, então ganhamos experiência. Esta reflete na maturidade da vida em que aprendemos a esperar, aguardar, perceber as implicações práticas do ponto de vista negativo ou positivo da realidade que está a diante de nós. Enfim, aprendemos a viver segundo o ensino do Evangelho de Jesus (Mt 6.25-34).
Ora, a Palavra de Deus nos ensina a sermos longânimes. Ainda que estejamos sob uma intensa pressão, não nos entregaremos aos excessos de ira. O seguidor de Jesus é equilibrado, pois compreende que Deus suportou com toda a paciência quando éramos vasos de ira, pecadores, rebelados contra Ele por intermédio do pecado original. Mas fomos alcançados por Ele mediante a graça!

 Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 18 - nº 69 – jan./fev./mar. de 2017. 


SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Nesta lição refletiremos sobre a paciência como virtude do fruto do Espírito, notaremos sua importância  à vida do autêntico servo de Deus nas mas diversas áreas, e por fim, veremos algumas exortações bíblicas sobre a motivação que temos, em cultivar a longanimidade.

1. PACIÊNCIA E O SEU SIGNIFICADO

1.1 Definição do termo. Do grego “makrothumia” também traduzido por “longanimidade”. É a junção de “makros” que significa “grande ou longo” e “thumos” que quer dizer “ânimo ou disposição” (BARCLAY, 1988 p. 88). Essa palavra grega aponta para a grande paciência, para a grande tolerância, para a persistência em não se deixar arrebatar pelas emoções fortes. De acordo com Champlin (2004, p. 904), há catorze ocorrências dessa palavra grega no Novo Testamento (Rm. 2.4; 9.22; 2 Co 6.6; Gl. 5.22; Ef 4.2; Cl 1.11; 3.12; 1Tm 1.16; 2 Tm. 3.10; 4.2; Hb. 6.12; Tg. 5.10; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.15).
1.2 Como atributo Divino. A longanimidade ou paciência como atributo de Deus, refere-se ao Seu autocontrole com relação a Sua justa ira diante da rebelião e do pecado (Êx 34.6; Nm 14.18; SI 85.3; 86.15; 103.8; 145.8; Jn 4.2; Rm 2.4; 1 Tm 1.16; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.9). “Um Deus que é santo deve punir o pecado, no entanto, sua natureza amorosa retarda essa punição para dar tempo ao pecador de se arrepender e abandonar o pecado” (1Tm 1.16; 1Pe 3.20). Devemos observar, porém, que, embora a paciência de Deus não conheça limites com relação à Sua profundidade (Rm 5.20), Seu comprimento e largura são limitados (Gn 6.3; Rm 11.22-a) (TYNDALE, 2015, p.1101).
1.3 Como fruto do Espírito. A paciência como fruto do Espírito, trata-se da virtude gerada por Ele no crente, proporcionando a habilidade de suportar, de forma graciosa, uma situação insuportável e resistir, com paciência, o irresistível (2 Co 6.6). Segundo Gilberto (2004, p. 46) “A paciência como fruto do Espírito, capacita o crente a exercer o autodomínio (conter-se ou refrear-se) diante da prova. Não é precipitado em acertar as contas ou punir […] Todos estes aspectos da longanimidade são parte do processo que nos conforma à imagem de Cristo” (2 Co 3.18; Cl 3.10; 2 Pe 1.5-8). Por meio dessa virtude, o cristão tem condições de manter o equilíbrio em meios as provações e diante das afrontas, sem alimentar o sentimento de vingança, antes entregando tudo nas mãos do Senhor (Rm 12.19). “[...] Longanimidade é o amor sofrendo ou suportando” (OLIVEIRA, 1987, p. 140).

2. A IMPORTÂNCIA DA PACIÊNCIA NA VIDA CRISTÃ

O que tem longanimidade é longânimo, do hebraico “erek appayim”, que quer dizer “lento em irar-se”, e  literalmente, essa expressão significa “comprido de nariz ou comprido de rosto”, e veio a ser associada à idéia de irar-se com dificuldade (talvez devido ao fato de que é no rosto que a pessoa mostra suas emoções fortes, pelo que, a fisionomia seria indicadora dessas emoções) ou então, como outros têm sugerido, o nariz é um indicador da ira, visto que a pessoa respira forte ou mesmo resfolega, quando excitada pela ira (CHAMPLIN, 2004, p. 904). Vejamos a importância de possuir a paciência:
2.1 No relacionamento interpessoal. As primeiras qualidades do fruto do Espírito – amor, alegria e paz – são ingredientes essenciais de nossa vida espiritual interior, de nossa relação pessoal com Deus; os três seguintes começando com a paciência ou longanimidade, são manifestações exteriores do amor, da alegria e da paz em nossas relações com as pessoas  à nossa volta (GILBERTO, 2004, p. 76). Sobre a importância da longanimidade destacamos: (a) O apóstolo Paulo expressa aos Colossenses o desejo de que eles tenham essa qualidade (Cl 1.9-11); (b) uma das características do autêntico cristão (Cl 3.12); (c) deve ser exercitada com todos (1 Ts 5.14); (d) virtude imprescindível para o ministério do ensino (2 Tm 4.2); (e) pacifica as intrigas (Pv 15.18).
2.2 Prevenindo contra a dissensão. Sobre a dissensão, já temos visto ser uma das obras da carne listadas pelo apóstolo Paulo aos gálatas. Do grego “dichostasia”, significa “sedição, rebelião”, e também “posicionar-se uns contra os outros”; trata-se daquele sentimento que só pensa no que é seu, e não também no que é dos outros (LOPES, 2011, p. 245). Na igreja que estava em Corinto, Paulo faz uma incisiva advertência sobre esse sentimento presente entre os irmãos; apesar de ser uma igreja fervorosa onde havia manifestações diversas dos dons espirituais (1Co 1.7) contudo, o apóstolo os chama de crentes carnais e não de espirituais (1Co 3.1). “A rivalidade, motivada por egoísmo, só pode resultar em divisões que destroem a unidade da igreja. Aqui, Paulo não está falando de diferenças fundamentadas em crenças sinceras; ele está preocupado com divisões ocasionadas por motivos errados, cuja procedência é determinada pela natureza  pecaminosa”. (BEACON, 2006, p.72). Uma vez que havia dissensões no seio da igreja trazendo partidarismo (1Co 1.10-12; 3.1-4) como também prejuízo à liturgia do culto (1Co 11.17-21); para corrigir esses e outros erros, o apóstolo reafirma a necessidade de possuir o “fruto do Espírito” caracterizado pela sua principal virtude o amor (1Co 13.1-7).
2.3 Um remédio contra ansiedade. De acordo com Andrade (2006, p.49) a ansiedade é: “Aflição, inquietação, preocupação. Estado de angústia que induz o ser humano a projetar, no futuro, perigos irreais, nascidos, via de regra, das interrogações do dia-a-dia”. A ansiedade tem sido responsável por grande parte dos problemas espirituais e emocionais de muitos crentes. Segundo Lopes (2007, p. 229): “A ansiedade é a maior doença do século. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 50% das pessoas que passam pelos hospitais são vítimas da ansiedade”. Em função disso, o Senhor Jesus adverte: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.34). O ansioso geralmente antecipa os problemas. A ansiedade produz o sofrimento antecipadamente; a ansiedade esgota as forças antes do problema chegar; por essa e outras razões precisamos da paciência como remédio para a alma (Fp 4.6; 1Pe 5.7).

3. EXORTAÇÕES À PACIÊNCIA

No último capítulo da sua epístola, o apóstolo Tiago pontua ricas recomendações e exortações a respeito de diversos assuntos, entre eles está a paciência necessária ao cristão. Destaquemos algumas delas:
3.1 A segunda vinda de Cristo, uma motivação à paciência (Tg 5.7-9). É importante destacar que a segunda vinda de Cristo é mencionada três vezes nessa passagem, por certo, com o objetivo de animar os irmãos a cultivarem a longanimidade ao terem em vista a bendita esperança da volta de Jesus (Tt 2.13). Ao ter essa esperança gloriosa em vista, somos fortalecidos para continuarmos sendo pacientes (Tg 5.8); não menos importante, Tiago lembra que a atitude inversa à vontade de Deus, ou seja, o crente não ser longânimo, será julgada (Tg 5.9).
3.2 Exemplos de paciência, uma referência a ser seguida (Tg 5.10,11). Para encorajar os seus leitores ao exercício da paciência, o apóstolo faz alusão a figuras e personagens que servem de modelo a serem seguidos. Vejamos:
3.2.1 O lavrador. Uma das atividades que mais exige paciência, com certeza, é de agricultor, isso se dá por razões conhecidas, pois, nenhuma planta cresce da noite pra o dia, pelo fato de o lavrador não controla as condições climáticas, etc. Na Palestina, o grão é plantado no outono e recebe a chuva temporã no final de outubro. Ele recebe a chuva [...] serôdia em março e abril, pouco antes de estar maduro. Durante todo esse tempo, o agricultor espera pacientemente pela colheita (BEACON, 2006, p.191). Por essa razão Tiago retrata o cristão como um “agricultor espiritual” à espera da colheita espiritual. A razão da sua paciência é sua esperança confiante na colheita, a ceifa faz a espera valer a pena (Tg 5.7). “Porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl 6.9). “Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração” (Tg 5.8). Nesse exemplo a paciência é sinônimo de perseverança em aguardar pelos resultados (Hb 10.36-38).
3.2.2 Os profetas. Chamados para serem porta-voz de Deus, geralmente em períodos marcados por crises diversas, foram perseguidos e alguns mortos por sua fidelidade; perseguição essa, denunciada por Estevão diante do Sinédrio: “A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo [...]” (At 7.52). Os profetas são exemplos de pessoas que suportaram as mais diferentes dificuldades de forma resoluta, para proclamar a verdade de Deus, servindo de referência conforme ensinou o Senhor Jesus: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mt 5.11,12).
3.2.3 O patriarca Jó. Lembrado como exemplo de piedade (Ez 14.14,20), cuja integridade foi atestada pelo próprio Deus (Jó 1.1; 2.3). O patriarca por meio das aflições que enfrentou e venceu, tornou-se também um exemplo daqueles que por meio da perseverança e paciência, alcançam as bençãos do Senhor (Jó 42.10-17). Por meio desses exemplos Tiago deseja estimular os leitores a serem pacientes em momentos de aflições. Como um lavrador, esperamos a colheita espiritual, pois os frutos glorificarão a Deus; à semelhança dos profetas, testemunhamos apesar das perseguições; e como Jó, esperemos o Senhor cumprir seu propósito amoroso, sabendo que jamais causará qualquer sofrimento desnecessário na vida de seus filhos (Rm 8.28).

CONCLUSÃO

Concluímos que ter paciência é uma necessidade de todo cristão, diante das diversas situações a que estão submetidos, como também nos tornar capazes de suportar e saber agir pacientemente, para conservação da unidade cristã evitando as divisões.

Este artigo é de propriedade intelectual da Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco (IEADPE).

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

A impaciência é uma das características da vida moderna. As pessoas, a cada dia, estão mais ansiosas, o que contribui para o aumento das dissensões. Basta ler os noticiários para vermos casos de brigas e confusões. Muitos desses casos acabam em tragédia e famílias destruídas. Por isso, podemos de imediato perceber a relevância da lição de hoje para os nossos dias. Estudaremos a respeito da paciência, como fruto do Espírito, e as dissensões, como obra da carne. [Comentário: Paciência é a virtude que consiste em suportar dissabores e infelicidades; resignação. Paciência e perseverança são virtudes cristãs imprescindíveis aos que aguardam a volta de Cristo (Rm 8.24-25). Todos os sofrimentos do momento enfermidade, dor, calamidade, decepções, pobreza, maus-tratos, tristeza, perseguição e todos os tipos de aflição devem ser considerados insignificantes ante a bênção, os privilégios e a glória que serão concedidos ao crente fiel, na era vindoura (2Co 4.17.) Nas palavras do apóstolo Tiago, as tentações que provam a fé produzem ‘paciência’ e ‘maturidade espiritual’ (Tg 1.3, 4). Esta paciência é demonstrada no domínio da língua e da ira, na mansidão, no compromisso com a palavra, na fraternidade cristã, na prática da fé, na santidade, na submissão a Deus; e por fim, na expectativa da vinda de Cristo (Tg 1.21,25 e 27; 2.14; 4.8). Dado estas palavras, notamos que este tipo de paciência difere daquela virtude comum a todos os homens; esta paciência só possui e exercita, aqueles que foram regenerados. Não se pode olvidar que os dias que vivemos são propícios à impaciência, todos – crentes ou não, estamos sujeitos a ela. É fácil não desistir nem desanimar quando as circunstâncias da vida são boas. Contudo, muitas pessoas vêm, paulatinamente, irritando-se com facilidade em qualquer situação adversa. Uma situação ruim no trânsito, ainda que corriqueira, causa revolta. Algo desagradável no ambiente de trabalho provoca reclamação e insatisfação. O apóstolo Paulo afirma: “e não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rm 5.3–5).] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?

I. PACIÊNCIA, ATO DE RESISTÊNCIA À ANSIEDADE

1. A paciência como fruto do Espírito. O termo paciência no grego é makrothümia e significa longanimidade, perseverança e firmeza (Hb 12.1). A paciência, fruto do Espírito, nos habilita a suportar as provações e nos leva a ser complacentes com as falhas dos outros. Vivemos em um mundo onde as pessoas estão a cada dia mais ansiosas, mas os que têm esse aspecto do fruto sabem esperar em Deus com tranquilidade (Sl 40.1). O nosso maior exemplo de paciência está em Deus. Ele é longânimo para com os homens, esperando que ninguém se perca (2Pe 3.9). Moisés, ao ter um encontro com o Senhor no monte Sinai, declarou: “Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade” (Êx 34.6). [Comentário: Mackrothumia, o substantivo, makrothumos, o adjetivo e makrothumein, o verbo, são expressoss nas versões ARC e ARA pela idéia de longanimidade e paciência. A Bíblia, no entanto, fala de paciência como um fruto do Espírito (Gl 5.22), o qual deve ser produzido por todos os Cristãos (1Ts 5.14). Paciência revela nossa fé no fato de que Deus sabe qual o melhor tempo para tudo e que Ele é onipotente e amoroso. As pessoas que possuem esta virtude do Espírito Santo executam de modo complacente as tarefas mais desprezíveis ou árduas como se servisse ao próprio Deus. Após o apóstolo Paulo falar sobre a "paz" ele irá falar sobre a "paciência". O cristão que tem paz, consequentemente tem paciência e o contrário também é verdadeiro. Paz envolve nosso relacionamento com Deus, enquanto que Paciência é relativo ao nosso relacionamento com o próximo. Observe que ambas estão intimamente ligadas propositalmente pelo Espírito.]
2. A paciência e a ansiedade. Muitos cristãos vivem sofrendo por antecipação, pois se esquecem do que Jesus nos ordenou: “[...] Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida [...]” (Mt 6.25). A ansiedade é uma perturbação interior causada pela incerteza, pelo medo. Ela gera angústia e sofrimento, porém Deus não quer que seus filhos vivam com o coração perturbado, ansioso (Jo 14.1). A paciência, fruto do Espírito, nos ajuda a enfrentar as lutas e os sofrimentos da vida sem desanimar. Os sofrimentos não são para nos destruir, mas servem para nos lapidar, para nos tornar mais pacientes e perseverantes (Hb 12.7-11). Precisamos aprender a esperar com paciência e tranquilidade em Deus, tendo a certeza de que todas as coisas cooperam para o nosso bem (Rm 8.28). Lancemos diante do Senhor tudo aquilo que nos aflige, pois Ele é bom e tem cuidado de nós (1Pe 5.7). [Comentário: Definido a paciência como fruto do Espírito, precisamos agora definir ansiedade: é uma sensação interna de apreensão, insegurança, preocupação, inquietação e/ou tensão que é acompanhada de elevada excitação física, o corpo fica em estado de alerta, pronto para fugir ou lutar. No texto Bíblico, vemos o termo ansiedade aplicada de duas maneiras: como uma preocupação salutar ou como um estado mental de angustia ou aflição. É importante salientar que a ansiedade como uma preocupação realista, não é nem condenado nem proibido pelas Escrituras. A ansiedade como angustia e aflição, surge quando damos as costas a Deus. No sermão do monte, Jesus nos ensinou que não devemos andar ansiosos com as coisas futuras ou de nossas necessidades básicas como comer e vestir, pois temos um Pai celeste que nos dá a provisão (Mt 6.25). De acordo com a Bíblia, não há nada de errado em enfrentar honestamente os problemas da vida e tentar resolvê-los; ignorar o perigo é um erro tolo, mas também é errado e doentio ficar imobilizado pelo excesso de preocupação. Os problemas que nos afligem devem ser apresentados a Deus em oração, pois ele pode nos libertar do medo paralisante e da ansiedade, capacitando-nos a cuidar de forma realista das nossas necessidades e bem estar, bem como do bem estar do próximo. Leia mais sobre ansiedade seguindo este link:http://oscincosolas.blogspot.com.br/2012/05/ansiedade-aconselhamento-cristao.html]
3. Jó, exemplo de paciência em meio à dor. Jó é um exemplo de paciência, fé e persistência diante das tribulações. Ele perdeu em um único dia seus filhos, seus bens e sua saúde, mas não perdeu a sua fé em Deus. Em meio à dor de tão grandes perdas, ele declarou: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25). A fé que Jó tinha em Deus o levou a esperar com paciência pelo socorro divino. Se você está enfrentando alguma situação adversa, tenha fé. Não perca a sua paciência e em tudo dê graças, pois neste mundo tudo é passageiro, até mesmo as aflições (1Ts 5.18). [Comentário: As provações funcionam como disciplina do Pai divino e amoroso em prol de nossa santidade (Hb 12.7-11). Jó é o exemplo clássico de um homem que pacientemente suportou o sofrimento e foi abençoado por Deus por sua fé. Note que Jó não entendia as causas de seu sofrimento. Ele não sabia o que estava acontecendo nos bastidores com Deus e Satanás, mas Jó suportou pacientemente. Lendo seu livro, entendemos que este homem foi paciente, no entanto, ele mesmo não pensava assim! De sua boca saiu a expressão: “Qual é a minha força, para que eu aguarde? Qual é o meu fim, para que eu tenha paciência?” (Jó 6.11). Ele não se julgava paciente. Os capítulos 4 a 27 de seu livro trazem uma discussão vigorosa entre ele e seus amigos, e ali não são vistos muitos traços de uma pessoa paciente. A expressão que deu a Jó fama de paciente não está em seu livro, mas sim em Tiago 5.11. É bom notar, porém, que a palavra ‘paciência’ ali registrada foi substituída por ‘perseverança’ nas versões NVI ou NTLH. Até mesmo os estudiosos da Bíblia não acharam a palavra ‘paciência’ muito adequada para Jó. Texto extraído de http://www.teologiabrasileira.com.br /teologiadet.asp?codigo=123. O ensino de Tiago 5.11, trata da paciência de Jó e o fim que o Senhor lhe concedeu após tamanha aflição e sofrimento (Ez 14.14,20; Hb 11.23-38). Os crentes a quem Tiago escreveu sentiam-se orgulhosos por ser comparados aos personagens do Antigo Testamento. Ao experimentar as aflições, eles sabiam que assim como Deus concedera graça a Jó (Jó 42.10-17), da mesma forma daria a eles. No versículo doze, após o exemplo do poder de Deus em relação aos seus servos, os profetas e Jó, Tiago admoesta-nos a que não caiamos no erro de jurar pelo céu ou pela terra. Nossas palavras não são poderosas para garantir o juramento. Não! Tudo depende de Deus e da sua vontade. Tiago nos ensina que não devemos fazer tais juramentos, pois a palavra do discípulo de Jesus deve se resumir ao sim ou ao não (Mt 5.33-37). Isto deve ser suficiente!http://auxilioebd.blogspot.com.br/2014/09/3trim2014licao-13-atualidade-dos.html]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Tiago começa a carta encorajando os leitores a que aceitem com alegria as provações que são permitidas por Deus para dar-lhes maturidade. A partir daí, passa a mencionar as fontes que nos permitem suportar as perseguições duras e continuadas. Tiago adverte os ricos que oprimem os pobres. Os ricos, que hoje vivem na opulência, enfrentarão com certeza o juízo por maltratarem os inocentes (5.1-6). Nesse clima, os crentes devem ser pacientes, mantendo-se firmes até a Volta do Senhor. A certeza de que o Juiz está às portas, nos conforta e encoraja (vv.7-9). Entrementes, os crentes podem encontrar conforto no exemplo de outros. Como em Jó, que viveu no sofrimento e emergiu da experiência da misericórdia de Deus (vv.10-11). Na medida em que perseveramos devemos permanecer inabalavelmente comprometidos em falar e viver a verdade (v.12). Os crentes também dispõem do recurso da oração. Quando oferecida por uma pessoa justa, produz efeito grande e poderoso sobre a nossa experiência aqui e agora (vv.13-18). Finalmente, cada um de nós é um manancial para os outros. Quando uma pessoa se extravia devemos buscá-la e trazê-la de volta para uma vida em consonância com a verdade de Deus (vv.19-20)” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do leitor da Bíblia. RJ: CPAD, 2005, p.875).

II. DISSENSÕES, RESULTADO DA IMPACIÊNCIA

1. Exemplos bíblicos de impaciência. A falta de paciência sempre é perigosa, pois nos faz tomar atitudes erradas e a falar o que não devemos. Na Bíblia encontramos exemplos de pessoas que foram extremamente pacientes e impacientes. A primeira da lista é Sara. Devido à sua esterilidade e idade avançada, ela é tomada pela impaciência e decide agir por conta própria, oferecendo sua escrava Agar a Abraão para que ele tivesse um filho com a escrava (Gn 16.1-4). Esperar com paciência até que as promessas de Deus se cumpram não é fácil. Por isso, precisamos estar cheios do Espírito Santo a fim de que não venhamos a tomar decisões por nossa conta (Ef 5.18). Outro episódio de impaciência e que serve de lição para nós é o caso de Saul. O Senhor havia ordenado que Ele ficasse em Gilgal até a chegada de Samuel (1Sm 13.1-9). Saul esperou durante sete dias, mas depois perdeu a paciência e ofereceu ele mesmo os holocaustos. Essa era uma tarefa exclusiva dos sacerdotes (Hb 9.7). O texto bíblico afirma que, acabando ele de oferecer sacrifício, Samuel chegou (1Sm 13.10). A impaciência de Saul e a sua desobediência o levaram a perder o trono e a alma (1Sm 13.11-14). [Comentário:Uma característica comum aos homens é a impaciência. Não conseguimos esperar o tempo certo para as coisas acontecerem e quando atuamos à nossa maneira muitas vezes os desastres são enormes. “Estudiosos classificam a impaciência como um dos principais sintomas do transtorno de ansiedade. Nesses casos, acompanhando a impaciência estão o nervosismo e a irritabilidade. Escrevendo à revista Psicologia Hoje sobre as causas do transtorno, a psicóloga e psicoterapeuta – Dra. Márcia Estela Ribera Feliciano,  aponta: Na maior parte das vezes, esse transtorno [de ansiedade acompanhado de nervosismo, irritabilidade e impaciência] está relacionado à permanência do sujeito em ambientes ou situações geradoras de estresse, tensão ou pressão contínuos ou, então, a períodos de preocupação causados por algum problema em alguma área de sua vida: profissional, afetiva, familiar, financeira, etc” O texto entre aspas foi extraído do artigo “Combatendo a impaciência”, disponível no site http://ibcentral.org.br/mensagem/combatendo-a-impaciencia/. Abrão recebeu uma promessa de Deus, apesar da sua avançada idade e da sua esposa Sarai ser do ponto de vista humano estéril, um filho lhe seria dado. Abrão que foi chamado “amigo de Deus” foi provado na sua fé com esta promessa que lhe foi feita pelo Senhor. Sarai também creu nesta promessa mas sua impaciência no cumprimento dela, tentou dar seu jeito e apressar a promessa de Deus. As consequências de sua decisão foram desastrosas e alterou a vide de cinco outras pessoas, seguindo as tradições e os preceitos culturais de sua época, e o que deveria ser uma benção, uma nova vida a caminho, veio a ser motivo de discórdias e brigas no seio da família. As consequências da impaciência de Sarai podem ser vistas até aos dias de hoje na discórdia entre judeus e árabes. O Caso de Saul nos ensina que a precipitação é um passo para desobediência que nos leva ao fracasso, a maldição e a nossa própria vontade, descartando todas as possibilidades que Deus nos concede, nos orienta e nos direciona. Ainda que não consigamos vislumbrar solução, mesmo que estejamos cercados pelo inimigo, assim como os filisteus fizeram com o Saul e o exército de Israel, não podemos agir precipitadamente, com impaciência; porque Deus está conosco, Ele está trabalhando à nosso favor e se ficarmos apenas esperando o agir de Deus, sem duvidar, estaremos na obediência e com certeza Ele nos dará vitória em tudo.]
2. Deixe de lado toda dissensão. Se em uma igreja há brigas e divisões, isso mostra que os crentes são carnais (1Co 3.3). Quem é guiado pelo Espírito não incentiva e nem faz parte de discussões e contendas. Quantos ministérios já foram despedaçados e as ovelhas dispersadas por causa de contendas. Paulo, em Romanos 16.17, exorta os crentes a ficarem atentos àqueles que estavam promovendo dissensões e escândalos a fim de se apartarem deles. Não se associe com aqueles que promovem disputas. Siga a recomendação de Paulo e fuja destes. Onde há dissensões não existe vencedor, pois todos saem perdendo. Jesus disse que todo reino dividido não subsistirá, por isso, tenhamos cuidado (Mt 12.25). Ser paciente e manso não é um sinal de fraqueza como alguns erroneamente acreditam, mas paciência e mansidão são exemplos de força e maturidade. [Comentário: Como os crentes de Corinto, constantemente nos achamos em luta contra dois inimigos: o mundanismo e a carnalidade. O primeiro é exterior, e o segundo, interior. Os coríntios raramente os venciam; frequentemente sucumbiam a ambos. Em consequência, cometiam sérios pecados, um após outro. Quase toda a primeira epístola visa identificá-los e corrigi-los. O pecado das divisões na igreja coríntia foi acompanhado de outros pecados, pois estão sempre inter-relacionados. Não existe pecado isolado – um leva a outro, e o segundo reforça o primeiro. Cada pecado é uma combinação de pecados. A primeira epístola aos coríntios confirma essa realidade e nos exorta a cortar o mal pela raiz. Leia mais acessando o link: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/carnalidade-imaturidade-e-divisoes/. "Discórdias, dissensões, facções" (Gl 5.20), geralmente são coisas que se associam para causar tristeza para o cristão e grande prejuízo ao corpo de Cristo. Para acabar com tal iniquidade, precisamos colocar em prática as orientações das Escrituras: "Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor ... se há entranhados afetos e misericórdias ... penseis a mesma cousa ... nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo" (Fp 2.1-4). A discórdia, a dissensão e as facções não podem ter sucesso num ambiente desse! Agora, entende que, algumas coisas não devem causar divisão: O texto a seguir foi extraído de:http://www.estudosdabiblia.net/d57.htm
1. Diferenças de opinião não destroem a comunhão. Homens bons podem diferir sobre vários pormenores de como fazer a obra de Deus sem perder seu respeito mútuo. Um exemplo claro disto é a discordância entre Paulo e Barnabé em Atos 15:36-41. Dois evangelistas devotos e experientes tinham uma diferença de opinião sobre se levavam João Marcos na sua viagem de pregação. Ambos tinham boas razões para suas posições. Paulo lembrou que Marcos tinha-os abandonado quando o caminho se tornou difícil em sua primeira viagem (Atos 13:13). Barnabé, já conhecido por sua habilidade para encorajar e edificar seus irmãos, ainda tinha esperança de que Marcos viria a ser um companheiro confiável. Este otimismo mostrou-se correto (2 Timóteo 4:11), mas as preocupações imediatas de Paulo também eram compreensíveis. Como estes dois homens maduros lidaram com suas diferenças? Eles permitiram um ao outro a liberdade de fazer sua obra sem sentir a necessidade de ataque pessoal ou denúncia do caráter de seus camaradas soldados.
2. Discussões de diferenças doutrinárias não causam divisão. Algumas pessoas são tão paranoicas sobre a possibilidade de divisão que evitam qualquer sugestão de diferenças, e consideram discussões de assuntos polêmicos como sendo anticristãs. Tal aversão à controvérsia não vem de Deus. Iniciando quando ele tinha somente 12 anos, Jesus frequentemente teve discussões sobre diferenças doutrinárias com líderes religiosos do seu tempo. Ele tratava os questionadores honestos com bondade e respeito, mas não hesitava em afirmar seus pontos de vista e em mostrar a inconsistência daqueles que se opunham à Verdade (veja Mateus 22:29; 23:13-39; João 5:37-42; etc.) Os cristãos primitivos também discutiam abertamente as diferenças doutrinárias e assim permitiam que a luz da Verdade brilhasse na treva do erro humano. Um excelente exemplo de tal discussão é encontrado em Atos 15:1-35. Alguns irmãos na igreja de Jerusalém estavam ensinando uma doutrina que contradizia o que Deus tinha revelado a Paulo e a outros. Os apóstolos e presbíteros e, mais tarde, toda a congregação, sentaram-se para discutir o problema. Homens de boa fé permitiram que a Verdade prevalecesse, e seus debates conduziram a concordância unânime e a paz mais profunda.
3. Diferenças de níveis de maturidade e de consciência pessoal não causam divisão. Enquanto as pessoas continuarem a nascer na família de Cristo, haverá diferenças de níveis de maturidade. Isto é natural e não deverá causar divisões. Paulo abordou especialmente este assunto em Romanos 14. Quando há diferenças de opinião, aqueles que sentem uma liberdade maior deverão respeitar a consciência do irmão sincero que não reconhece essa mesma liberdade. Assim como os membros maduros de uma família física protegem os mais novos, aqueles discípulos com entendimento mais maduro procurarão proteger as consciências de seus irmãos mais fracos. Aqueles que são mais fracos, se amam verdadeiramente o Senhor, naturalmente buscarão crescer. Tais diferenças são frequentemente resolvidas com estudo paciente, quando o corpo todo busca edificar-se em amor (Efésios 4:15-16). Para continuar lendo, acesse: http://www.estudosdabiblia.net/d57.htm]
3. Evitando o partidarismo. Em toda a forma de partidarismo, existe sempre interesses que visam apenas o bem de alguns. O partidarismo quebra a unidade da igreja e impede a presença de Deus. Jesus não morreu na cruz por uma igreja dividida, mas para formar um só corpo a fim de que os perdidos possam se voltar para o Pai (Jo 17.21). Que venhamos a fazer todo o possível para manter o vínculo da paz, e não deixar que as disputas e partidarismos venham macular a Igreja do Senhor. [Comentário: O partidarismo na igreja é mais uma consequência direta do seu aspecto humano e temporal, causado por questões políticas, interesses pessoais, espírito faccioso, rebeldia, insubmissão à liderança e outros fatores. Paulo identifica os principais problemas da igreja: as dissensões provocadas pelos vários grupos partidários. No original, a palavra "dissensão" (ARC) e "divisão" (ARA), procedem de uma raiz que significa "fragmentar", "dividir", "rasgar". O comentário a seguir, foi extraído de http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao3-ldc-partidarismonaigreja.htm: (“Embora haja momentos em que uma divisão seja necessária (quando, por exemplo, uma denominação abandona as Escrituras como regra de fé e prática), percebemos que as causas do intenso divisionismo evangélico no Brasil são intrinsecamente corintianas: imaturidade, carnalidade, culto à personalidade, orgulho espiritual, mundanismo. Nem sempre os líderes são culpados do culto à personalidade que crentes imaturos lhes prestam. Paulo, Apolo e Pedro certamente teriam rejeitado a formação de fã-clubes em torno de seus nomes. De qualquer forma, os líderes evangélicos sempre deveriam procurar evitar dar qualquer ocasião para que isto ocorra, como o próprio Paulo havia feito (1 Coríntios 1.13-17). Infelizmente, o conceito de ministério que prevalece em muitos quartéis evangélicos de hoje é exatamente aquele que Paulo combate em 1 Coríntios.”) Paulo só tem uma mensagem (1.21,24): Cristo crucifi­cado é o poder de Deus para os judeus e a sabedoria de Deus para os gregos. Nós somos chamados à comunhão por causa da nossa união com Cristo: Ele morreu por nós. Nós fomos batizados em Seu nome. Nós estamos identificados com Sua cruz. Que maravilhosa base para a unidade espiritual!]

SUBSÍDIO HISTÓRICO

“Ainda sois carnais (Tg 3.3)
A palavra aqui é sarkitos, que significa ‘carnal’ ou ‘da carne’. Embora possuam o Espírito, os coríntios não viviam pelo Espírito; sua perspectiva e comportamento expressam a natureza pecaminosa da humanidade.
Embora a tradução da NVI como ‘mundanos’ seja inadequada, ela nos lembra uma verdade importante. As coisas mundanas não são apenas aquelas que os cristãos ‘não devem fazer’, tais como fumar, beber, etc. as coisas mundanas estão relacionadas com ‘agir como meros homens’ (3.3), movidos pelos impulsos egoístas que guiam a humanidade perdida” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. RJ: CPAD, 2007, p.328).

III. PACIÊNCIA, PROVA DE ESPIRITUALIDADE E MATURIDADE CRISTÃ

1. Pacientes até a volta de Jesus. Tiago consolou os irmãos que estavam sofrendo com a opressão dos ricos injustos, afirmando que a vinda de Jesus estava próxima. Se você está sofrendo e enfrentando alguma situação de injustiça, não se desespere, pois em breve Jesus voltará e dará fim a toda a dor, sofrimento e injustiça (Tg 5.7). Um dia todo sofrimento chegará ao fim, pois o Justo Juiz voltará para julgar toda a injustiça. Para fazer os irmãos crescerem em esperança e longanimidade, Tiago utiliza também o exemplo do agricultor. O lavrador cultiva a terra e lança nela a semente, mas ele precisa esperar com paciência até que a semente germine, a árvore cresça e apareçam os frutos. [Comentário: No texto de Tg 5.7, Tiago usa a palavra grega makrothymêsate que significa esperar pacientemente, indicando a atitude que pode suportar a demora e o sofrimento, sem nunca desistir. A ideia é de constância, resistência debaixo de um certo tipo de circunstância. A proposta de Tiago é que os cristãos permaneçam firmes diante das lutas e dos desafios. É interessante notar a dica que o apóstolo dá neste versículo: “sejam pacientes até a vinda do Senhor. Ou seja, enquanto estivermos neste mundo, passaremos por momentos difíceis, incompreensíveis, dolorosos e até mesmo críticos. Porém devemos manter a fé firme no Senhor, pois é nEIe que encontraremos força para vencer. Aqui podemos tirar duas lições. A primeira, é que nada em nossa vida dura para sempre. Ninguém veio aqui para sofrer. Todo sofrimento tem o momento certo de acabar, daí a importância de esperarmos com paciência. A segunda lição, é que a Vinda do Senhor marcará o fim dos nossos sofrimentos. Nunca podemos perder a esperança de sua vinda. A Bíblia diz: “Ele enxugará dos seus olhos toda a lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, pois a antiga ordem já passou (Ap 21.4). É nesta promessa maravilhosa que devemos viver. Um dia, toda esta ordem manchada pelo pecado cairá, e a verdadeira vida virá. Os redimidos em Cristo experimentarão esta benção.https://pastorjosiasmoura.com/2015/04/17/19-04-2015-estudo-para-ebd-tema-tiago-57-11-paciencia-nas-aflicoes/]
2. Quando a paciência é provada. Sabemos que existem momentos em que a nossa paciência e fé são testadas, mas quem acredita e aguarda a vinda gloriosa de Cristo não se exaspera. O Senhor prova a paciência e a fé dos seus filhos. Ele provou a paciência e a fé de seu amigo, Abraão. O patriarca teve que esperar muitos anos até que a promessa de ter um filho com Sara se cumprisse. Depois, ele foi novamente provado quando o Senhor pede que ele lhe ofereça Isaque em holocausto (Gn 22.2,3). Se você está sendo provado, não desanime, permaneça firme no Senhor (1Pe 1.6,7). [Comentário: Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele” (Fp 1.29). Nenhum cristão está isento de ter sua paciência e fé provadas. Nem uma busca incessante por santidade nos dará garantia de que não enfrentaremos problemas. Na verdade, as lutas aparecem em dobro, já que com as responsabilidades aumentam as cobranças! O texto a seguir foi retirado de https://pastorjosiasmoura.com/2015/09/13/sermao-o-poder-da-paciencia/: “Um certo homem orava dizendo: “Senhor, dá-me mais paciência”. No entanto, ele percebia que seus problemas aumentavam. Depois de algum tempo ele percebeu que Deus havia atendido sua oração. Ele havia se tornado mais paciente graças aos problemas. Problemas podem servir para exercitar mais a nossa paciência.” Devemos compreender que ao enfrentar dificuldades, quando Deus testa nossa paciência, receberemos d’Ele a verdadeira paciência. Nossa paciência está sendo testada por Deus em muitas situações. O Pr Josias Moura em seu Sermão pregado no culto de celebração da Igreja do Betel Brasileiro Geisel no dia 13/09/2015 (O poder da paciência) conclui: “Quero sugerir alguns exercícios espirituais para que desenvolvamos a nossa capacidade de sermos mais pacientes:
Primeiro. Enxergue a vida, e as situações difíceis e estressantes com as lentes da esperança. Para isso desenvolva uma nova perspectiva.  Descubra uma nova maneira de enxergar a situação. Nos tornamos mais pacientes quando passamos a ver as situações de luta em nossas vidas como possibilidades de crescimento e aprendizado.
Segundo. Exercite mais a busca pela sabedoria verdadeira de Deus. Você sabe o que sabedoria? Sabedoria é ver a vida, na perspectiva de Deus, olhando as circunstancias do ponto de vista divino. Quando fazemos isso, nos acalmamos mais em entender que Deus está no controle de todas as coisas.
Terceiro. Situações difíceis podem nos transformar em pessoas mais valorosas. A pérola vem da ostra. Nas profundas águas do mar, os grãos de areia que irritam constantemente a ostra vão transformando-a numa pérola de grande beleza. Assim também somos nós. Podemos ser transformados em grandes pérolas de valor na medida em que aprendemos que as situações difíceis da vida podem ser canais geradores das mais ricas experiências com Deus.
Quarto. Louve a Deus em todo tempo, tendo a consciência nítida que Ele está no controle de todas as coisas que acontecem conosco. Que louva a Deus em todo tempo passa a ter um coração mais tranquilo. Tenho que a adoração nos ajuda a tirar da nossa alma os pesos da vida que transportamos.
Quinto. Esta é a promessa: Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor. Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos. E pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no Senhor. (Salmos 40:1-3)”https://pastorjosiasmoura.com/2015/09/13/sermao-o-poder-da-paciencia/]
3. Maturidade cristã. A paciência é uma característica da maturidade e do crescimento espiritual. O crente que não ora, não jejua e não medita na Palavra de Deus não pode alcançar a maturidade cristã. Sem disciplina, o crente permanece imaturo (Ef 4.14). Infelizmente, muitos estão sofrendo de “raquitismo espiritual”. Estes, além de não experimentarem um desenvolvimento espiritual saudável, estão sempre envolvidos em confusão, pois são impacientes. O crente maduro permanece firme diante das perseguições e aflições. Tomemos como exemplo os profetas do Antigo Testamento, pois alguns deles sofreram terríveis perseguições por causa do nome do Senhor. Jeremias muito sofreu, mas permaneceu firme, não perdendo sua esperança e crendo nas misericórdias de Deus (Lm 3.21,26). [Comentário: O crescimento é o desenvolvimento ou aperfeiçoamento em direção a um objetivo chamado de "maturidade" ou "perfeição". Quando "nascemos de novo" como filhos de Deus, somos como meninos na fé, espiritualmente imaturos. Conforme o tempo passa, é natural que cresçamos na graça e no conhecimento do Senhor Jesus (2Pe 3.18), desenvolvendo as qualidades ou capacidades que a Bíblia diz caracterizar o maduro na fé. Uma Igreja amadurece quando os membros individuais amadurecerem. Tiago 1.4 esclarece que para se tornar perfeito e maduro, é preciso exercitar a paciência. Contudo, a paciência há muito deixou de ser uma virtude e, em seu lugar, cresceu o espírito da urgência e da pressa. O cristão deve andar com toda humildade e mansidão e longanimidade, suportando a seu próximo em amor (Ef 4.2). O cristão deve revestir-se, como uma roupa, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade, e deve suportar com amor o seu próximo (Cl 3.12). A longanimidade e a bondade são a marca da vida cristã (2 Co 6.6). O amor cristão deve ser longânime, paciente e benigno (1 Co 13.4). Por mais indesejáveis que os homens sejam, o cristão deve ser longânime para com eles (1 Ts 5.14). O homem do mundo pode perder sua calma, paciência e fé nos homens; o cristão nunca deve agir assim.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

 “A ‘paciência’ (makrothumia) é seguramente o fruto que torna o homem semelhante a Deus. Como ocorre em outros termos, esta é característica de Deus; e do homem, segundo Deus quer que ele seja. Como Deus é paciente com os homens, então eles são pacientes nEle, tanto quanto em relação a seus semelhantes; pois as circunstâncias e os acontecimentos estão nas mãos de Deus.
Esta virtude bíblica vital não deve ser confundida com mera disposição tranquila, que permanece impassível diante de toda e qualquer perturbação. Tal modo de vida é mais uma característica nativa da personalidade do que uma qualidade do espírito. Longanimidade é exatamente o que a palavra sugere: ânimo longo, firmeza de ânimo, constância de ânimo, alguém que permanece animado por muito tempo sem se deixar abater. Sua essência primária é a perseverança (Desistir? Nunca!), suportando as pessoas e as circunstâncias. Como Deus é longânimo para conosco (cf. 1Tm 1.12-16), assim devemos ser longânimos para com nossos semelhantes (Ef 4.2), nunca admitindo a derrota por mais que os homens sejam irracionais e difíceis (cf. 1Ts 5.4). É este tipo de paciência que reflete verdadeiramente o amor cristão (agape cf. 1Co 13.4). Tal amor paciente não é nossa realização. É o trabalho de Deus no coração dos homens, pois é o fruto do Espírito” (Comentário Bíblico Beacon — Gálatas a Filemom. RJ: CPAD, 2006, p.75).

CONCLUSÃO

Que venhamos crescer em graça e sabedoria, buscando desenvolver o fruto do Espírito e deixando de lado toda discussão e partidarismo, pois em breve o Senhor Jesus voltará. Os que primaram por uma vida cheia do Espírito Santo receberão o seu galardão. Cultivemos o fruto do Espírito. [Comentário: O Comentário Bíblico Moody sobre Tiago 5,7, esclarece: “Suas instruções são no sentido do pobre suportar com paciência sua situação econômica e social à vista da iminente volta, do Senhor. Não há nenhuma sugestão aqui de subversão. Como exemplo de alguém que deve exercitar a paciência, Tiago cita o caso do lavrador que espera o precioso fruto da terra [...]. Do mesmo modo o cristão, diz Tiago, não deve perder a paciência diante das adversidades, mas deve estabelecer firmemente o seu coração à vista do fato de que a vinda do Senhor está próxima.” É comum as adversidades causarem tensões, e estas se expressam nos relacionamentos humanos. A maturidade cristã se observa quando não nos queixamos uns dos outros, como orienta Tiago. Com o exemplo de Jó, entendamos que a paciente perseverança mantém-se sobre a convicção de que as dificuldades não são sem significado, mas que Deus tem alguma finalidade e propósito nelas, o que Ele há de realizar.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.


Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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