quarta-feira, 29 de abril de 2015

O QUE SÃO TEMPERAMENTOS?

DE ONDE VÊM A TEORIA DOS QUATRO TEMPERAMENTOS?

"..; e depois do fogo uma voz mansa e delicada." I Reis 19:12

Enquanto alguns se apegam aos quatro temperamentos, que derivam dos elementos da natureza, para justificar as suas ações e atitudes, a Bíblia mostra o contrário, nos mostra, que o crente deve esperar unicamente no Senhor, pois de tempos em tempos surgem alguns "modismos", que visam a confundir e iludir os crentes, desviando a sua atenção para coisas e fatos que aparentemente não têm nada a ver com a sua condição de salvos, lavados e remidos no Sangue precioso de Jesus Cristo.

Um destes "modismos" trata dos temperamentos, nominando-os em quatro tipos, sem nenhum respaldo ou base bíblica para tal, e por isso cria teorias, filosofias, conceitos, teses e outras elucubrações que não levam absolutamente a lugar algum.

Para a Psicologia o importante não é o temperamento e sim a personalidade do indivíduo.

É notório que desde os primórdios da ciência o homem busca classificar o ser humano sem, contudo chegar a um resultado satisfatório. Para se entender e compreender corretamente a teoria dos quatro temperamentos deve-se remeter ao passado, a um passado longínquo, distante, até a Idade Neolítica, onde vamos encontrar os povos pagãos daquela época preocupados em se desfazerem dos seus mortos. E eles descobriram que havia quatro maneiras:
1. Cremando - No Fogo
2. Enterrando - Na Terra
3. Afundando - Na Água
4. Expondo - Ao Ar

A se falar que estava descartado nestas maneiras o canibalismo, prática corrente e usual na época, e que era usada exclusivamente como meio para se obter comunhão com os deuses. Posteriormente vamos encontrar, já no século V a.C., Empédocles, filósofo siciliano, curandeiro, auto denominado sábio, e portador de inúmeros outros títulos, sempre auto designados, que formulou a doutrina de que as forças da natureza são quatro:
1. O Fogo
2. A Terra
3. A Água
4. O Ar
Empédocles dizia que tal certeza vinha de suas observações e estudos, o que não torna a teoria fácil de se compreender uma vez que Empédocles parecia sofrer de confusão mental. Mas a doutrina permaneceu através dos séculos e foi mais tarde assumida por Hipócrates, também filósofo e médico em que ele tipificou os quatro temperamentos, da seguinte forma:
1. Colérico
2. Melancólico
3. Fleumático
4. Sangüíneo

Platão ofereceu a sua contribuição classificando psicologicamente em instintivos os quatro tipos:
1.O Intuitivo
2.O Sensorial
3.O Sentimental
4.O Pensativo

Posteriormente Cláudio Galeno, médico romano, relacionou os quatro tipos psicológicos como causas de males e doenças, ligando os mesmos aos quatro fluídos humanos:
1.Bílis amarela
2.Bílis negra
3.Fleuma
4.Sangue

A Astrologia dividiu os doze signos, entre os quatro tipos psicológicos, enfatizando os quatro elementos fogo, terra, água e ar. Os doze signos do zodíaco são divididos entre os quatro elementos:

Signo
Elemento
Temperamento
1.Áries, Leão e Sagitário
Fogo
Colérico
2.Capricórnio, Touro e Virgem
Terra
Melancólico
3.Escorpião, Câncer e Peixes
Água
Fleumático
4.Aquário, Gêmeos e Libra
Ar
Sangüíneo

OS "EVANGÉLICOS" E OS QUATRO TEMPERAMENTOS

"Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente." Efésios 4:14
O Senhor Jesus em Mateus 11:30 diz: "...o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". Por que então muitos buscam inventar fórmulas "mágicas e milagrosas" para confundir e iludir aos crentes?

Devemos deixar que doutrinas inconsistentes afetem a nossa vida espiritual?

Devemos aceitar que algo que tem importância secundária para a ciência seja prioridade nas nossas vidas?
Como aceitar a teoria de Empédocles, se ela é usada para a leitura de horóscopos e do zodíaco? Podemos comparar esta doutrina com II Pedro 3:12?
Como podemos aceitar a teoria de Hipócrates diante de Gênesis 3:19, Jó 10:9, 34:15, Eclesiastes 3:20, 12:7 e Daniel 12:2?
Como aceitar que a teoria dos temperamentos está certa para a vida do crente se ela diz que o temperamento é hereditário? E se concordamos com esta afirmação, como fica II Coríntios 5:17?
São conhecidos os livros Descubra Seu Temperamento, de autoria de Ole Hallesby, e Temperamento Controlado Pelo Espírito e Temperamentos Transformados, de autoria de Tim LaHaye, editados no Brasil, o primeiro pela Editora Luz e Vida, o segundo pela Edições Loyola (católica) e o terceiro pela Editora Mundo Cristão. Tim LaHaye inspirou-se em Ole Hallesby para escrever os seus livros, e tanto Hallesby quanto LaHaye não esclarecem a origem da teoria dos quatro temperamentos e dizem assim em seus livros:

(...) "Isso se relaciona com a idéia da medicina antiga de que o corpo continha quatro líquidos ou seivas, a saber: sangue (sanguis), cholos ou bílis amarela, melancholos ou bílis negra e fleuma ou mucosidade. A opinião era que as diferenças no temperamento das pessoas dependiam da mistura diferente destes líquidos. Os temperamentos eram divididos em quatro categorias ou tipos, segundo o líquido predominante na mistura. Assim foram obtidos os temperamentos sanguínico, cheio de sangue, ardente, vital, melancólico, escuro, sombrio, colérico, quente, impetuoso e o fleumático, frio, vagaroso e preguiçoso."

Esta é a pista que Hallesby dá sobre a origem da teoria dos quatro temperamentos. LaHaye vai um pouco mais longe: (...) "Mais de quatrocentos anos antes de Cristo, Hipócrates, o brilhante médico e filósofo grego, expôs a teoria de que há, basicamente, quatro tipos de temperamento. "
Hipócrates é frequentemente chamado de"Pai da Medicina". (...) Ele nos interessa por duas razões:
1) geralmente atribui-se a ele o fato de a medicina passar a preocupar-se com os problemas psiquiátricos;
2) ele reconheceu as diferenças de temperamento das pessoas e apresentou uma teoria que explica tais diferenças".
Ao se ler os livros de LaHaye e Hallesby não se encontra nenhuma palavra ou mesmo uma pequena pista que informe aos leitores da origem da teoria dos quatro temperamentos. Nota-se também na citação anterior que LaHaye não esclarece o fato de que Hipócrates havia sido um filósofo; a informação estava contida no seu livro anterior, por que será? Teria deixado Hipócrates de ser filósofo de um livro para outro? Por qual motivo ambos - Hallesby e LaHaye - omitem a informação dos seus leitores?
Todos os livros pesquisados sejam eles esotéricos, científicos ou seculares, trazem a origem, o início, a fonte, os autores e mentores da teoria dos quatro elementos e respectivos temperamentos, sem nenhum pudor ou vergonha da citação. Eis a pergunta: por que somente os livros ditos "evangélicos" de Hallesby e LaHaye não citam a verdadeira fonte, a origem correta? Por que motivo? Por qual razão?
Ao abraçar a teoria dos quatro temperamentos, comete-se um erro; ao omitir a sua origem e a sua finalidade, comete-se o segundo erro. Devemos como crentes aceitar a contradição como fato consumado?
Creio com convicção que, se os temperamentos fossem importantes eles, certamente fariam parte do contexto bíblico, pois Deus não é Deus de confusão. Veremos adiante como são claros e objetivos os seguintes assuntos que fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas salvas (ou não).
A Bíblia nos dá liberdade para analisarmos situações e julgar aquilo que nos serve ou não, I Coríntios 6:12 e 10:23, porém não devemos estar apegados a filosofias, conceitos e teorias que são visivelmente contrários à Palavra de Deus.
Comparando II Coríntios 5:17 - vê-se que o temperamento não é desculpa para o pecado. Imagine o seu pastor anunciando a você que o seu problema está baseado no fato de ser sangüíneo, ou colérico, ou...
Hoje em dia uma pessoa ficaria horrorizada se o seu psicoterapeuta lhe anunciasse num tom solene: "Estou virtualmente seguro de que seu problema reside no fato de você ter um temperamento colérico (que poderia ser melancólico ou fleumático ou sangüíneo)". Sem dúvida, haveria a imediata exigência da devolução do pagamento.
A despeito da atual voga de "cada um ficar na sua", a idéia dos tipos ainda persiste. Muita coisa ainda há para ser escrita a respeito dos temperamentos e dos quatro elementos. Reitere-se que tanto a astrologia como o esoterismo e a psicologia dão uma importância secundária para a questão. O melhor é confiar no poder do Senhor, trazendo-lhe "os nossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" - Romanos 12:1 e 2.
Deixemos de lado as fábulas, as teorias "fantásticas", que procuram explorar as carências próprias do ser humano. Se alguém disser que o ser humano é o mais frágil de todos os seres viventes, e se alguém parar em qualquer esquina e anunciar o fim do mundo, muitos ficarão alucinados e irão acreditar. A teoria dos temperamentos, com suas "qualidades e defeitos", serve a este propósito, que é o de explorar esse lado de carência que todo ser humano possui, e se ele puder auto enquadrar-se dentro de um perfil que ele julga ser o seu, então ....
As qualidades e defeitos apontados tanto por Hallesby como por LaHaye não encontram paralelo nem na astrologia, nem na psicologia e muito menos na Nova Era. Tim LaHaye não poderia ter escrito livros falando do temperamento usando como base a teoria de Hipócrates, mas, se o autor aceita e cita Empédocles, o seu livro não serviria para o povo evangélico, e seria talvez um livro esotérico, como tantos outros que por aí estão, visto que a teoria de Empédocles baseia-se em uma crença e na filosofia, tão comum e tão familiar aos gregos, e portanto contrária à Palavra de Deus.
Usar a parte da teoria dos quatro temperamentos, tendo como base somente Hipócrates e desprezando Empédocles, é como tentar dirigir um automóvel sem o motor ou ainda sem as rodas.
Tim LaHaye cita na página 8 do livro já mencionado que a teoria dos quatro temperamentos foi atribuída a Galeno por H. J. Eysenck, admirador das teorias de Charles Darwin (página 52 do livro Fato e Ficção na Psicologia - cujo capítulo tem por título Personalidade e o Demônio de Eysenck, onde o autor defende a ilustração de que o demônio pode atuar como controlador do tipo humano, citação à página 66 do livro Fato e Ficção na Psicologia).
Tim LaHaye defende que uma pessoa pode ter mais de um tipo de temperamento, fato este contestado por Eysenck, que diz ser impossível que um ser humano tenha mais que um tipo de temperamento (página 55 do livro Fato e...). Quem está errado, LaHaye ou Eysenck? Tim LaHaye apresenta um gráfico com qualidades e defeitos, Eysenck apresenta um gráfico com defeitos, pois ele não acredita que o homem possa ter qualidades...
Tim LaHaye diz textualmente (após ler o Livro O Temperamento e a Fé Cristã do Dr. O. Hallesby onde o tipo "melancólico" foi sombriamente descrito): "Se eu fosse do tipo melancólico, depois desta leitura me suicidaria". É possível uma afirmação desta gravidade? Pode este conselho ser tomado à risca, ou foi "apenas" um desabafo do autor? Continuando ainda na mesma página do mesmo livro, LaHaye diz o seguinte: "Comecei a desenvolver o conceito de que há uma força divina para cada fraqueza humana através da plenitude do Espírito". A Bíblia nos mostra que o Espírito Santo atua na vida do crente de maneira uniforme, independentemente de personalidade, caráter, pecado e fraquezas.
A questão está diante de nós: acreditar ou não em conceitos ultrapassados ou ir pelo que a Bíblia nos diz? Ao ler livro "O que São Temperamentos?" no capítulo 17, segundo a Bíblia, o leitor vai encontrar como deve ser o comportamento do crente, tudo dentro do conceito divino e que, se observado devidamente, certamente fará crescer a tantos quantos o praticarem. Sem contar que servimos a um Deus vivo, eficaz, poderoso, onipotente e onisciente, um Deus que nos proporciona vitórias e progressos - Filipenses 3:14, I Coríntios 15:57, e sobretudo a vitória das vitórias: a salvação através de seu filho Jesus Cristo.
O desafio está diante de nós, ficar com que nos diz a palavra de Deus em Colossenses 2:8 e em Efésios 4:14, ou continuar acreditando em baboseiras e enganos, que ligados a rituais, cerimônias fúnebres e etc., misturas que nem os próprios autores e mentores poderiam explicar. Em empirismo pessoal, sem a devida cautela, empurrando-nos tudo aquilo que crêem ser o ideal para as nossas vidas. "Bom é poder esperar no Senhor", Lamentações 3:25. Deus nos ajude a entender e a compreender os seus propósitos para as nossas vidas.
Somente se apega à teoria dos quatro temperamentos quem deles é dependente.
Somente se apega à teoria dos quatro temperamentos quem é ignorante da Palavra, ignorante dos dons pessoais do Espírito; quem acha as Escrituras Sagradas insuficientes para explicar os problemas do pecado; e quem deles precisa de desculpas para os problemas pessoais ou de outros.
A melhor solução para superar todas as dificuldades de se compreender e se relacionar bem com todos os circundantes é o amor. "No amor não há medo, antes o perfeito amor lança fora o medo, porque o medo produz tormento. Aquele que teme não é aperfeiçoado em amor." - I João 4:18
Jehozadak A. Pereira É jornalista e escritor.jehozadak@evangelicos.com.

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