sábado, 18 de outubro de 2014

LIÇÃO 3: O DEUS QUE INTERVÉM NA HISTÓRIA






TEXTO ÁUREO

“Falou Daniel e disse: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força; ele muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos inteligentes” (Dn 2.20,21).


VERDADE PRÁTICA

Deus intervém na história, pois sua é a terra e os que nela habitam.


HINOS SUGERIDOS

107, 162, 186.



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE DN 2.12-23


12 Por isso o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os sábios de Babilônia.
13 E saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.
14 Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque, capitão da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de Babilônia.
15 Respondeu, e disse a Arioque, capitão do rei: Por que se apressa tanto o decreto da parte do rei? Então Arioque explicou o caso a Daniel.
16 E Daniel entrou; e pediu ao rei que lhe desse tempo, para que lhe pudesse dar a interpretação.
17 Então Daniel foi para a sua casa, e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros;
18 Para que pedissem misericórdia ao Deus do céu, sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, juntamente com o restante dos sábios de Babilônia.
19 Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; então Daniel louvou o Deus do céu.
20 Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força;
21 E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos.
22 Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.
23 Ó Deus de meus pais, eu te dou graças e te louvo, porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este assunto do rei.
  

OBJETIVOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·  Conhecer o sonho perturbador de Nabucodonosor.
·  Analisar a atitude sábia de Daniel perante o rei.
·  Compreender a interpretação do sonho de Nabucodonosor.

SUBSÍDIO I



INTRODUÇÃO


O segundo capítulo do livro de Daniel revela o plano divino para o povo judeu e o gentílico. Deus revelou o seu projeto soberano para os governos mundiais e mais uma vez confirmou o reino messiânico. Ao estudarmos este capítulo, veremos o reino da Babilônia atuando como o “dono do mundo” e Nabucodonosor, como o seu executor. Porém, por volta de 604 a.C., no período do apogeu da Babilônia, o rei teve um sonho perturbador que o deixou insone. Por providência divina, Nabucodonosor esqueceu o sonho e, através do Espírito Santo, Daniel o desvendou. Na terceira seção do capítulo dois (vv.17-22) veremos Deus intervindo na vida do profeta e na dos seus amigos. O desenvolvimento deste capítulo mostrará como Deus trabalha nas circunstâncias mais adversas. O nosso Pai atua na história humana para cumprir os seus desígnios! 
[Na lição de hoje, a partir do sonho de Nabucodonosor, e da revelação de Daniel, veremos que Deus intervém na história. Inicialmente, destacaremos o mistério em relação ao sonho, considerando que o próprio rei não foi capaz de contá-lo. Mostraremos também as exigências descabidas do monarca, exigindo as vidas dos sábios do palácio, caso esses não descrevessem e interpretassem. Ao final, explicaremos que o Deus de Daniel, por conhecer e intervir na história, não apenas deu a interpretação ao Seu servo, mas também revelou o que o rei havia sonhado.]



I - O SONHO PERTURBADOR DE NABUCODONOSOR (Dn 2.1-15)


1. O tempo do sonho (v.1). O primeiro versículo demonstra um aparente conflito de datas. A expressão "segundo ano do reinado de Nabucodonosor” contrasta com os três anos de treinamento de Daniel e de seus companheiros descritos no primeiro capítulo. Segundo estudiosos do Antigo Testamento, tanto os judeus quanto os babilônios contavam as frações de um ano como ano inteiro. Por isso, a vigência do terceiro ano para a cultura do reino de Judá era o segundo ano do reinado de Nabucodonosor.

2. A habilidade dos sábios é desafiada no palácio (2.2). Ao esquecer-se do sonho, Nabucodonosor desafiou as habilidades dos sábios palacianos em revelar e interpretar o que ele havia sonhado. O sonho perturbou o rei, pois Nabucodonosor suspeitava que a simbologia do que sonhara tinha relação com o reino e com o futuro do império. Naqueles tempos, os reis tinham a pretensão de ser privilegiados com sonhos divinamente inspirados (1 Rs 3.5-15; Gn 20.3). Quando sonhavam, requeriam então o trabalho dos sacerdotes adivinhos. Estes serviam à corte e interpretavam os sonhos de seus senhores. Os sacerdotes adivinhos eram também chamados de magos, astrólogos, encantadores ou apenas “caldeus” (Dn 1.4).

3. O fracasso da sabedoria pagã (2.3-13). Conforme descrito no capítulo dois, percebemos que Nabucodonosor suspeitava da lisura e honestidade dos seus magos conselheiros. Será que estes magos se aproveitavam das tragédias para enganar e ameaçar as pessoas com palavras vãs? Esta dúvida deveria ser passada a limpo. Então o imperador desafiou-os a não somente advinhar o sonho, mas interpretá-lo. O rei decretou ainda a pena capital para todos os sábios do palácio caso não desvendassem o sonho. Diante do desafio, os magos revelaram- -se incapazes de decifrar o sonho do rei Nabucodonosor, bem como saberem o seu conteúdo. O problema era que, por serem nobres, Daniel e os seus amigos poderiam ser igualmente atingidos por esse decreto. 

O sonho de Nabucodonosor, que se encontra em Dn. 2, nos dá uma visão panorâmica dos acontecimentos futuros. O monarca babilônico se encontrava em uma posição de opulência, depois de ter dominado toda a terra (Jr. 27.6,7). A Babilônia, por aquele tempo, se transformou na rainha das nações, a capital da civilização, o centro da cultura, a sede do comércio. Mas certa noite o rei teve um sonho perturbador, de modo que o fez perder o sono, justamente porque era incapaz de saber o conteúdo daquela visão (Dn. 2.1). Tratava-se de um sonho misterioso, que se encontrava no inconsciente do rei. Então mandou chamar os magos, astrólogos, encantadores e caldeus para que declarassem o que o rei tinha sonhado. Os sábios esperavam que Nabucodonosor revelasse o sonho, para que esse fosse interpretado por eles (Dn. 2.3,4). A língua utilizada por eles foi o siríaco, uma variação do aramaico, talvez uma maneira de mostrar identificação com o rei. Em tom de ameaça o monarca exige dos sábios uma interpretação, mesmo sem ter a capacidade de relatar o sonho. A crueldade desse rei é identificada em suas palavras “se me não fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados” (Dn. 2.5). Por outro lado, ofereceu-lhes benefícios, caso fossem capazes de revelar e interpretar o sonho: “receberei de mim dons, e dádivas, e grande honra, portanto declarai-me o sonho e a sua interpretação” (Dn. 2.6). Os sábios insistiram para que o rei contasse o sonho, para que pudessem dar uma interpretação. Na verdade eles estavam tentando ganhar tempo, por não terem competência para fazê-lo. Essa é uma demonstração das limitações humanas em relação à revelação. Ninguém pode declarar as verdades ocultas de Deus, a menos que Ele mesmo decida revelá-las (Mt. 11.28; Dt. 29.29).


II - A ATITUDE SÁBIA DE DANIEL (2.16-30)


1. A cautela de Daniel (vv.16-18). Daniel entrou na presença do rei e pediu-lhe um tempo para desvendar o sonho. O objetivo era receber a resposta de Deus acerca do conteúdo do sonho de Nabucodonosor. O profeta Daniel não agiu isoladamente. Antes, procurou os seus amigos Hananias, A Misael e Azarias para juntos orarem a Deus pedindo-lhe orientação espiritual sobre o assunto, a fim de que eles não perecessem com os sábios da Babilônia. A ousadia da fé do profeta, demonstrada neste episódio, ilustra-nos quão essencial é para o crente viver uma vida de confiança e inteira dependência de Deus. Há coisas na vida do crente que demandam oração perseverante. Para obtermos resposta do Senhor, a oração ainda é o canal mais eficaz (Mt 6.6).

2. Deus ainda revela mistérios (vv.19-27). Depois de Daniel e os seus companheiros terem buscado a Deus em oração, o Senhor revelou o que o rei havia sonhado e também o que o sonho significava. Daniel exaltou e alegrou-se em Deus porque o Altíssimo interveio na história humana. Quem pode livrar como o Senhor? Quem pode impedir a sua ação? Sábio algum do mundo! Ninguém poderia perscrutar o pensamento e a consciência de um homem poderoso como o rei da Babilônia. Mas o Senhor dos Exércitos não só podia como o fez. Ele é o Criador; o homem, criatura. O mundo está sob a providência de Deus, pois Ele tem poder de mudar os tempos e as estações do ano, de remover e estabelecer reis. Ele conduz a história humana (v.21; At 1.7)!

3. O caráter profético do sonho de Nabucodonosor (vv.28,29). O que foi revelado ao profeta Daniel? Em síntese, Deus mostrou que o sonho do rei dizia respeito a Babilônia, bem como aos acontecimentos futuros envolvendo outros reinos. A expressão “fim dos dias” merece ser destacada. Segundo a escatologia judaica, essa é uma expressão do Antigo Testamento que significa o espaço de tempo, desde o início do cumprimento da profecia no império babilônico até o estabelecimento do reinado de Cristo na terra. Outro ponto digno de nota é que Daniel não expressa nenhum interesse de ter os créditos da revelação. Para o profeta, a revelação do mistério é mérito somente de Deus. A glória pertence ao Todo-Poderoso que, pela sua imensurável graça, desvenda os mistérios terrenos e espirituais aos pequeninos deste mundo. 
[Os caldeus se expressaram, mostrando a incompetência humana diante daquele mistério (Dn. 2.10). Eles reconheceram que ninguém “sobre a terra” poderia declarar o sonho do rei, e nisso estavam corretos. A exigência do rei era difícil demais, apenas uma intervenção sobrenatural, vinda de Deus, poderia satisfazer a vontade do rei. Essa resposta deixou o rei irado, ao ponto de ordenar a matança de todos os sábios da Babilônia (Dn. 2.12,13). Aquele decreto resultaria inclusive na morte do jovem Daniel e seus amigos (Dn. 2.14). Ao invés de se exasperar, Daniel, com brandura, buscou aplacar a ira dos emissários do rei. O comportamento do jovem Daniel nos faz lembrar que a palavra branda desvia o furor (Pv. 15.1). Tenhamos cuidado para não tomar decisões precipitadas, muito menos nos adiantar nas palavras. Daniel resolveu pedir ao rei um tempo para que pudesse dar a interpretação do sonho. Aquele jovem sabia que em tempos de aflições, Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia (Sl. 46.1). Ele tomou a decisão de partilhar a situação com seus amigos, Hananias, Misael e Azarias, para que eles orassem em favor da situação. Como Daniel, e seus amigos, devemos confiar que Deus intervém na história através da oração. Como bem nos lembra Tiago, a oração do justo pode muito em seus efeitos (Tg. 5.16). Nenhum cristão, entre eles os jovens, não deve desprezar o valor da oração. O pragmatismo moderno tem distanciado os crentes das horas silenciosas, e dos momentos particulares de oração. A oração é a porta aberta para os céus (Lc. 3.21), o próprio Jesus orou, motivo suficiente para orarmos (Hb. 10.5-7). Daniel também é um exemplo de confiança na soberania de Deus. O Senhor conhece todas as coisas (Sl. 147.5), nEle está a profundidade da sabedoria (Rm. 11.33), em Cristo repousa a plenitude da divindade (Cl. 2.9)]




Ill - DANIEL CONTA O SONHO E INTERPRETA-O (2.31-45)


1. A correta descrição do sonho (vv. 31-35). O sonho do imperador babilônico era profético. Nabucodonosor viu uma estátua (v.32) constituída por uma cabeça de ouro; peito e braços de prata; ventre e coxas de cobre; pernas de ferro (v.33); e pés de ferro e de barro (v.33). O versículo 34 relata “uma pedra que foi cortada, sem mãos” a qual feriu os pés da estátua, destruindo-a completamente. Os quatro impérios pagãos, mencionados simbolicamente na profecia já existiram, comprovando a veracidade da visão profética. Todavia, a visão da “pedra que foi cortada, sem mãos” ainda não se cumpriu, pois trata-se do reino universal de Jesus Cristo que ainda não foi literalmente estabelecido.

2. A interpretação dos elementos materiais da grande estátua (2.34-45).

a) “A cabeça de ouro” (vv.32,36-38). Exemplificava o reino da Babilônia. Nabucodonosor a governou por 41 anos e a transformou no império mais poderoso da época.
b) “O peito e os braços de prata” (vv.32,39). Trata-se do império Medo-Persa. Os dois braços ligados pelo peito representam a união dos Medos e dos Persas.
c) “Ventre e os quadris’’ (vv.32,39). Retrata o império Grego. Foi Alexandre Magno que dominou o mundo inteiro constituindo assim um dos impérios mais extensos na história da humanidade até a sua morte prematura.
d) “Pernas de ferro” (v.33,40- 43). Refere-se ao último império da história, o romano. Os pés de ferro e barro indicam a fragilidade deste império. A mistura entre ferro e barro não ocorre. O império romano, por um lado era poderoso (ferro), mas por outro, frágil e decadente (barro).

3. “A pedra cortada, sem ajuda de mãos” (2.45). Esta “pedra” representa o reino de Cristo intervindo nos reinos do mundo. Cristo é a pedra cortada que desfará o poder mundial do Anticristo (Dn 2.45; Sl 118.22; Zc 12.3). A pedra cortada vinda do monte significa, figuradamente, a vinda do Rei esmiuçando o domínio imperial e pagão deste século (Dn 2.44,45). Cristo é quem regerá as nações para sempre!
[Diante das autoridades, Daniel defendeu, com sabedoria, que Deus revela o profundo e o escondido, porque conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz (Dn. 2.22). Em seguida pede para ser introduzido à presença do rei, para trazer a interpretação do seu sonho (Dn. 2.24). Antes Daniel chama a atenção do rei, ressaltando que sua exigência foi despropositada, considerando que aquele segredo ninguém seria capaz de descobrir (Dn. 2.27). Existem pessoas, até mesmo entre os crentes, que assim como fez Saul (I Sm. 28), querem forçar determinadas revelações. Mas não adianta investir em profecias que não foram dadas por Deus, somente o Senhor tem as revelações (Dn. 2.28). Paulo lembrou a grandeza desse Deus no Areópago em Atenas (At. 17.23-25). E apelando a revelação do Senhor, Daniel declara que o rei sonhou com uma grande estátua de material heterogêneo. Os vários materiais daquela estátua tinham significados profundos, os quais foram revelados pelo profeta do Senhor. A cabeça de ouro representava o império babilônico, que durou de 606 a 539 a. C. Os braços e peito de prata representava o império medo-persa, que durou de 539 a 331 a. C. O ventre e as coxas de bronze representavam o império grego, que durou de 331 a 146 a. C. E as pernas e pés de ferro e barro o império romano que durou de 146 a. C. a 476 d. C. Daniel viu ainda que “uma pedra foi cortada sem mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e barro, e os esmiuçou” (Dn. 2.34). A pedra se refere a Cristo, em alusão às revelações do Senhor, em Seu sermão escatológico (Mt. 24.30). Isso acontecerá por ocasião da vinda de Jesus, a fim de despedaçar o governo do anticristo (Mt. 21.44). Esse será o momento em que o Reino de Deus, em sua plenitude, será inaugurado (Is. 2.2; Mt. 16.18; I Pe. 2.5), após a batalha do Armagedom (Ap. 17.14; 19.16).]



CONCLUSÃO


A revelação da estátua provou ao rei Nabucodonosor a soberania do Deus de Israel. Nação a qual o rei havia levado em cativeiro, destruído a Cidade Santa e o seu Templo (2 Cr 36.11-23). O Deus desta nação revelou a Daniel e aos seus companheiros o futuro dos impérios ao longo da existência humana (Dn 2.46-49). Nabucodonosor compreendeu isto. E nós? O quanto valorizamos e amamos o Deus soberano?
[Como um verdadeiro profeta de Deus, Daniel se negou a receber as recompensas oferecidas pelo monarca. O Senhor, no entanto, usou aquela oportunidade, a fim de concretizar Seu desígnio, em relação ao Seu povo. Em todas as circunstâncias devemos confiar em Deus, que continua se revelando, e dependendo da Sua soberania, certos que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus, e que são chamados segundo Seu propósito (Rm. 8.28). Como Daniel, devemos ser humildes, reconhecendo que o Deus, além de revelar os mistérios ocultos, tem a história em suas mãos.]

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