quinta-feira, 14 de março de 2013

EBD EM FOCO - LIÇÃO 11: OS MILAGRES DE ELISEU

TEXTO ÁUREO

"Ora, o rei falava a Geazi, moço do homem de Deus, dizendo: Conta-me, peço-te, todas as grandes obras que Eliseu tem feito" (2 Rs 8.1).

VERDADE PRÁTICA

Os milagres realizados por Eliseu não visaram à glorificação pessoal do profeta, mas demonstraram o amor e a graça de Deus.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

Elencar os milagres de Eliseu.
Entender o que motivou os milagres de Eliseu.
Compreender os propósitos dos milagres de Eliseu.

INTRODUÇÃO
I. OS MILAGRES DE PROVISÃO
II. OS MILAGRES DE RESTITUIÇÃO
III. OS MILAGRES DE RESTAURAÇÃO
IV. OS MILAGRES DE JULGAMENTO
 CONCLUSÃO




VÍDEO


Pr. José Soares - Comentador



Ev. Natalino das Neves

SUBSÍDIO I

A NATUREZA TEOLÓGICA DE UM MILAGRE

Cada uma destas três palavras que se referem a eventos sobrenaturais (sinal, maravilha e poder) delineia um aspecto do milagre. Um milagre é um evento incomum (maravilha) que transmite e confirma uma mensagem incomum (sinal) por intermédio de uma habilidade incomum (poder). Do ponto de vista divino privilegiado, o milagre é um ato de Deus (poder) que atrai a atenção do povo de Deus (maravilha) para a Palavra de Deus (por meio de um sinal). Estas palavras designam, respectivamente, a “fonte” (o poder de Deus), a “natureza” (maravilhosa, incomum) e o “propósito” (sinalizar algo que vai além do fato em si) de um milagre. Eles são normalmente utilizados como sinais para confirmar um sermão; como maravilhas para verificar as palavras de um profeta; como milagre para ajudar a estabelecer a sua mensagem (Jo 3.2; At 2.22; Hb 2.3,4).
Um milagre, portanto, é uma intervenção divina, ou uma interrupção, no curso regular do mundo que produz um evento com um objetivo definido, o qual, apesar de incomum, não ocorreria (ou não poderia ocorrer) de outra forma. Nessa definição, as leis naturais são compreendidas como sendo a forma normal, regular e geral pela qual o mundo funciona. Entretanto, o milagre ocorre como um ato incomum, não-padronizado e específico de um Deus que transcende o universo.
Isto não significa que os milagres são contrários às leis naturais; significa simplesmente que eles são originados em uma fonte que está além da natureza. Em outras palavras os milagres não violam as leis naturais da “causa e efeito”, eles simplesmente tem uma causa que transcende a natureza.

O PROPÓSITO DOS MILAGRES

A Bíblia informa pelo menos três propósitos para um milagre:

(1)   glorificar a natureza de Deus (Jo 2.11; 11.40);(2)   confirmar as credenciais de certas pessoas na posição de porta-vozes de Deus (At 2.22; Hb 2.3,4); e(3)   propiciar evidências para que haja fé em Deus (Jo 6.2,14; 20.30,31).

Obviamente, nem todas as pessoas acreditam que um evento assim seja um ato de Deus, mesmo tendo testemunhado um milagre. Mas neste evento, de acordo com o Novo Testamento, o milagre é uma testemunha contra elas. João se lamentou pelo povo: “E, ainda que tivesse feito tantos sinais diante deles, não criam nele” (Jo 12.37). O próprio Jesus falou nestes termos ao se referir a algumas pessoas: “Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite” (Lc 16.31). Portanto, neste sentido, o resultado (e não o propósito) da descrença em milagres se constitui em condenação para o incrédulo (cf. Jo 12.31,37).

Texto extraído da obra “Teologia Sistemática: Introdução à Teologia, A Bíblia, Deus, a Criação, editada pela CPAD



SUBSÍDIO II

Cada milagre que acontece, seja no caso de Eliseu,ou mesmo nos dias de hoje,t em o seu carater motivacional e seu propósito. Dentro do carater motivacional, perguntas como "por quê?" são respondidas, visa compreender o motivo que levou a tal. Agora, a questão do propósito fala do "para quê" este ou aquele fenômeno ocorreu. Indo mais a fundo na questão dos milagres, compreendemos, também, que há categorias de milagres, identificados ao longo da Escritura, os quais veremos.

De uma maneira bem didática, o autor divide os milagres de Eliseu em quatro grupos com o intuito de ilustrar os propósitos divinos no milagre, porém, não são todos os milagres de Eliseu que o autor se refere nesta lição. Eis as quatro categorias:
  1. Milagres de provisão - Tais milagres tem como objetivo prover, é mantimento, neste tipo de milagre Deus concede ao seu povo aquilo que lhe falta;
  2. Milagres de restituição - Nesta categoria, Deus concede tudo aquilo que fora perdido, interessante notar que quando ocorre um milagre de provisão, há sempre abundância na resposta divina (ver Jó; Jl.2.25);
  3. Milagres de restauração - O sentido de restauração e de restituição parecem os mesmos, porém, a diferença está no fato de que, enquanto a restituição fala de tornar de volta por uma perda, a restauração é mais profundo pois passa a ideia de voltar à característica original, inerente e que havia se perdido;
  4. Milagres de julgamento - São milagres que acontecem efetuando sentenças. Acontecem principalmente quando há uma postura de descaso com as coisas de Deus, acontecem para provar a veracidade da mensagem bíblica através do juízo.
Cada milagre é pessoal, tem suas peculiaridades. É pessoal pois vem de encontro a um anseio próprio (embora tenha o poder de modificar até mesmo Nações, e, também, há o milagre coletivo, i.e. quando um grupo se junta num mesmo propósito e tem sua resposta), tem suas peculiaridades porque mesmo que aconteça o mesmo milagre, nunca acontecerá da mesma forma, sempre acontecerá de forma diferente, é único.

Elias provou dos quatro tipos de milagres identificados nesta lição,na questão da provisão, por exemplo, viu a multiplicação dos pães, para os cem discípulos. Descrito em 2 Reis 4.42.44, este milagre enfatiza que havia somente vinte pães, sendo impossível alimentar aqueles cem homens, porém, numa palavra profética, Eliseu é ousado e, pela palavra do Senhor, diz que todos comeriam e ainda sobraria (2 Rs.4.43) e aconteceu conforme aquela palavra. Há uma correspondência entre este e outro milagre ocorrido no NT, com Cristo (Jo. 6.9), que também envolveu multiplicação, nos mesmos moldes do milagre de Eliseu, porém, como dissemos, cada milagre, mesmo que seja a mesma petição e necessidade, acontece de forma diferente a sua resposta. Também é citado dentro desta categoria, a abundância de víveres, ocorrida em meio a uma Samaria sitiada por Ben Haddade II, onde havia escassez de alimentos.

Israel vivenciou um bom período de milagres com Eliseu. Observou milagres de restituição, como no caso da ressurreição da filha da sunamita, que,mesmo sendo rica,não estava imune aos infortúnios da vida,e viu seu filho morrer diante de si. Porém, pela atuação de Eliseu em seu ministério, aquela mulher tornou a ter seu filho de volta. Muito embora os gestos do profeta não fizessem o menor sentido a quem visse, eles correspondiam a uma direção divina para que aquele garoto tornasse a viver (2Rs. 4.33-35). E, além deste, que já é uma grande restituição, vemos o machado que flutua.Um dos discípulos dos profetas perde este machado que não lhe pertencia (2Rs. 6.1-7). Lembre-se que os instrumentos de ferro eram escassos e valiosos naquele tempo e,ainda, a terra estava limitada pelo cerco contra Samaria, o que dificultava o acesso a determinados produtos. Como bem sabemos, há a restituição deste instrumento correspondendo ao lamento daquele discípulo.

Já no que diz respeito a restauração,temos o caso clássico de Naamã,um general sírio que pede o auxílio do profeta e não recebe as honrarias que tanto esperava, porém, recebe o milagre de restauração que tanto havia procurado. Descrito em 2Rs. 5.1-9,numa descrição rica em ensinamentos, este milagre restaurou completamente aquele homem e o livrou da lepra que tanto o assolava. E, também, é destacada outra restauração: as águas de Jericó. Em 2Rs. 2.19-22, vemos as águas amargas de Jericó tornando-se saudáveis com um ato profético bem singular, onde Eliseu coloca sal naquelas águas, determinando que se tornem potáveis. Trata-se de um símbolo, uma vez que o sal, ao longo da bíblia representa a purificação (Lv.2.13;Mt.5.13).

E, finalizando, temos os milagres de julgamento,em dois episódios: os jovens que debocharam de Eliseu, chamando-o de calvo e sobre Geazi, que aceitou os presentes de Naamã. No primeiro caso (2Rs. 2.23-25), não se trata de maldade divina, porém, uma resposta do carater santo de Deus que,dada a  zombaria contra as coisas (neste caso o servo) de Deus, os que o fizeram chamaram para si mesmos o juízo por suas ações e pereceram. Geazi (2Rs. 5.20-27), por outro lado, já sabia muito bem que não era para aceitar os presentes de Naamã pela cura que este recebera e, desprezando a direção profética, aceita e, também, recebe a lepra que estava sobre Naamã.

Todos os milagres ocorridos tiveram (e tem) um propósito específico: evidenciar a graça e a glória divina nas mais diversas situações.



SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Eliseu, o sucessor de Elias, operou muitos milagres, o fundamento para a realização de tais maravilhas estava no seu relacionamento com Deus. Na lição de hoje mostraremos que Eliseu foi, verdadeiramente, um profeta de Deus. Em seguida, destacaremos os diferentes tipos de milagres por ele realizados. Ao final, enfatizaremos que o Deus, que a fonte genuína dos milagres, continua o mesmo, e, dependendo dos Seus propósitos, pode fazer milagres ainda hoje.

1. ELISEU, UM PROFETA DE DEUS

Eliseu foi um profeta de Deus, seu nome significa “Deus é salvação”, ele era filho de Safate. Ele foi ungido profeta por Elias em Abel-Meolá, enquanto lavrava a terra com doze juntas de boi. Naquele lugar Elias lançou sobre ele o seu manto, passando adiante (I Rs. 19.19). Eliseu serviu Elias até o momento em que este fora transladado da terra. Aquela também foi a ocasião que Eliseu apanhou o manto caído, recebendo, do Senhor, porção dobrada do espírito de Elias, tornando-se, assim, o herdeiro profético do seu senhor (II Rs. 2). Após o translado de Elias, Eliseu passou a ser usado maravilhosamente por Deus, realizando muitos milagres, um dos primeiros foi a separação das águas do rio Jordão, usando o manto do seu mestre (II Rs. 2.14). Isso provavelmente fez com que os discípulos dos profetas reconhecessem publicamente Eliseu como o sucessor de Elias. Logo em seguida Eliseu realizou outros milagres, dentre eles, a dulcificação das águas de Jericó (II Rs. 2.19-22) e o aparecimento de ursos que destroçaram os jovens escarnecedores (II Rs. 2.23,24). Posteriormente o rei de Moabe, que havia pagado tributo ao rei Davi, se revoltou contra Israel, com a pretensão de invadir Israel. Os reis de Judá e Edom seguiram para o deserto, a fim de surpreender o rei de Moabe, mas faltou água. Josafá faz um pedido a Eliseu e este providencia um grande livramento (II Rs. 3.1-25). Não há uma cronologia detalhada na Bíblia da vida de Eliseu, sabemos tão somente que ele morreu no reinado de Joás (II Rs. 13.14). Ele morreu na sua própria casa, depois de sessenta anos de atuação profética, na idade de 90 anos (II Rs. 13.14-19).

2. OS DIFERENTES MILAGRES DE ELISEU

A vida de Eliseu foi marcada por milagres, todos eles com propósitos específicos, delineados pelo Senhor. Isso pode ser percebido na providência e auxílio do Senhor no caso da viúva, cujo marido havia vivido no temor ao Deus de Israel (II Rs. 4.1-7). A pobreza na qual aquela mulher se encontrava motivou o profeta a realizar o milagre para prestar auxílio à viúva desamparada. Elias sempre que possível ficava hospedado em casa de uma piedosa família israelita. A mulher sunamita, que o hospedava, não tinha filhos, sendo isso considerado uma grande desgraça para aquela família. Certo dia o profeta afirmou que Deus reverteria aquela situação, dando filhos àquela mulher (II Rs. 4.8-17). Essa mulher, então, teve um filho, que, após alguns anos, morreu em virtude de um ataque de insolação. A mulher deitou o filho sobre a cama e partiu em busca do profeta, que orou, fazendo com que o menino voltasse a viver (II Rs. 4.26-37). Tempos depois desse acontecimento, houve grande fome em Israel, Eliseu estava em Gilgal, na escola dos profetas. Naquela ocasião colocaram uma planta venenosa na panela, mas o profeta fez com que aquela planta se tornasse inofensiva, a partir da mistura de farinha (II Rs. 4.38-41). Próximo aquele tempo aconteceu outro milagre, o dos vinte pães e algumas espigas de trigo. Em II Rs. 5 há o registro do milagre da cura de Naamã, que era um homem notável na Síria, mas que se encontrava leproso. Ele veio a Israel, por indicação de uma menina judia, para pedir cura, sendo curado por Eliseu. Certa vez um machado emprestado caiu na água, mas Eliseu, vendo a apreensão do momento, recuperou o machado, fazendo com que esse flutuasse na água (II Rs. 6.1-7).Há também o registro de um milagre em que o rei Jeorão acusa Eliseu de ser a causa de suas adversidades, e manda mata-lo. Mas Eliseu tomou as precauções necessárias, e, para não ser morto, realizou um milagre de abundância de alimentos (II Rs. 7).

3. OS MILAGRES DO DEUS DE ELISEU

Eliseu realizou muitos milagres porque Deus era com ele, confirmando seu ministério profético. Cada um daqueles milagres tinha uma razão de ser, Deus tinha propósitos na realização daqueles feitos maravilhosos. Não podemos esquecer-nos desse importante detalhe, caso contrário, transformaremos Deus em um mero “fazedor de milagres”. É perigoso se aproximar de Deus apenas com vistas a realização de milagres. Em muitos contextos evangélicos atuais as pessoas querem apenas a liberação, mas esquecem do Libertador. Deixam de atentar para o fato que o maior milagre é a salvação de uma alma. No Evangelho segundo João lemos que Jesus realizou muitos milagres, mas um deles, geralmente esquecido, é o da libertação da mulher flagrada em adultério. Como pentecostais que somos, acreditamos no poder de Deus, na realização de milagres e maravilhas. Mas é preciso ter cautela para não fazer com que as pessoas se transformem em meros “consumidores” de milagres. No lastro das igrejas pseudopentecostais, corremos o risco de oferecer um produto que, definitivamente, não temos o controle sobre ele. Deus é o Senhor, Ele é soberano, faz como Lhe apraz. Como Ele ainda é o mesmo, podemos testemunhar milagres ainda hoje, mas não podemos, como quis fazer Geazi (II Rs. 5.20-27), tirar vantagens próprias com os milagres de Deus. Essa “síndrome de Geazi” está solapando o movimento evangélico brasileiro. Os milagres estão se tornando um fim em si mesmo, ninguém mais quer pregar salvação e santificação. Estamos testemunhando uma geração de “viciados em milagres”, que não querem ver a face de Deus, apenas as suas mãos.

CONCLUSÃO

Deus realizou grandes e maravilhosos milagres através da vida de Eliseu. Mas todos eles tinham propósitos definidos pelo Senhor, dentro de determinado contexto. Isso nos deixa a lição para que não venhamos a instrumentalizar os milagres em benefício próprio. Toda glória deve ser dada ao Senhor, Ele, e somente Ele, é digno de adoração e louvor. Tenhamos cuidado com os cultos às celebridades, Elias e Eliseu foram servos do Deus Altíssimo, eles passaram, mas a obra do Senhor continua.

BIBLIOGRAFIA

DILLARD, R. B. Faith in the face of apostasy: the gospel according to Elijah and Elisha. New Jersey: P&R, 1999.

RUSSEL, D. Men of courage: a study of Elijah and Elisha. Oxford: Christian Focus, 2011.

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