sexta-feira, 30 de julho de 2021

LIÇÃO 5: O REINADO DE ACAZIAS

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

O reinado de Acazias foi fortemente marcado pela idolatria, assim como o de seus antepassados. Após uma queda da sacada do palácio real e consequente ferimento, Acazias cometeu um ato de infidelidade a Deus ao consultar Baal-Zebube sobre o seu destino. O Senhor, através do profeta Elias, advertiu severamente o rei sobre esse gravíssimo erro, anunciando o decreto de sua morte (2 Rs 1.16). – Acazias era filho de Acabe e Jezabel e assumiu o trono depois da morte trágica de Acabe na guerra, cumprindo-se a profecia de Elias, de que os cães lamberiam o seu sangue. A morte de Acabe foi profetizada como consequência dos seus atos de impiedade, especialmente relacionados à vinha de Nabote e à prática da idolatria. Apesar de Acabe ser um idólatra, deu nomes religiosos aos seus filhos. É o caso de Acazias, que significa “Yahweh prende” (no sentido de agarrar, segurar). Isso demonstra que Acabe queria deixar um caminho aberto para Deus e, ao mesmo tempo, queria satisfazer os desejos idolátricos da sua esposa Jezabel. A pergunta de Elias no Carmelo pode ter levado isso em conta: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos?”.

 I. UM REINADO MARCADO PELA IDOLATRIA

1. O deus de Acazias. Acazias era filho de Acabe e Jezabel e foi sucessor de seu pai no trono de Israel. Acazias venerava o deus Baal-Zebube de Ecrom, uma das cinco cidades dos filisteus, a sudoeste de Canaã. Ao adoecer em razão de uma queda, enviou mensageiros para consultar essa divindade a fim de saber se viveria ou morreria (2 Rs 1.2).

2. Acazias segue os passos de seus pais. O reinado de Acazias foi um dos mais difíceis para Israel. Ele é mencionado na Bíblia como um rei que fez o que era mau aos olhos do Senhor e imitou Acabe, Jezabel e Jeroboão. No seu curto reinado de dois anos, conseguiu superar a maldade de seus antecessores. Acazias seguiu o péssimo exemplo de seus pais que certamente não acataram o sábio conselho de Salomão: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv 22.6).

O deus de Acazias – Baal-Zebube é uma junção de duas divindades, uma cananeia e outra filisteia. Baal significa Senhor ou esposo nos idiomas semíticos e, mais tarde, passou a designar o deus da tempestade ou, ainda, da agricultura. Zebube pode ser uma variante da grafia de Zebul, que significa “Baal, o príncipe”. Se essa alternativa for verdadeira, o autor bíblico está provavelmente debochando da estupidez na adoração a um deus falso, denominando-o de Baal-Zebube, cujo significado seria “o príncipe das moscas”. – Assim, Baal-Zebube também pode ser uma referência ao zumbido das asas das moscas que poderiam, por meio do barulho das asas, trazer oráculos desse deus. Portanto, a junção do nome Baal com Zebube, na mitologia antiga, formou um novo deus, “Baal, o príncipe” ou “senhor das moscas”. É esse deus que Acazias mandou consultar para saber se viveria ou morreria. Se Acazias tivesse procurado Elias ao invés de seguir o caminho de Ecrom, certamente teria alcançado misericórdia de Deus e teria sido curado. – No Novo Testamento, ele é chamado de Belzebu, um príncipe dos demônios. Por isso, Jesus foi falsamente acusado pelos religiosos da época de que o seu poder para expulsar demônios era oriundo desse deus: “Mas os fariseus, ouvindo isso, diziam: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios” (Mt 12.24; Mc 3.22; Lc 11.15).

Acazias segue os passos de seus pais – Observamos que pais perversos geralmente vão gerar e criar filhos perversos, e essa perversidade esteve presente no reinado de Acazias. Portanto, a consequência de uma educação anti-bíblica refletiu-se também nos súditos de Acazias, da mesma forma como foi com os seus pais. A idolatria estava tão incrustada no coração de Acazias que ele não conseguiu ver as consequências que sucederam aos seus pais por estes terem sido tão idólatras. Mas não é somente o pecado da idolatria que está em jogo aqui. O rei mandou consultar o falso deus, e isso significa buscar a vontade dele por meio de um oráculo, o que era terminantemente proibido em Israel, conforme a Lei mosaica: “Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv 19.31). Portanto, Acazias estava num só gesto infringindo dois preceitos da Lei: adorar e consultar um falso deus. – Esse exemplo de Acabe e Jezabel na educação de Acazias serve-nos de alerta na maneira pela qual educamos nossos filhos, pois, na maioria das vezes, aquilo que fazemos de bom ou mal é aquilatado na vida deles de maneira “infinita”. Acazias viu os seus pais adorando Baal, caluniando e perseguindo profetas, ameaçando-os de morte, e foi exatamente isso que ele repetiu no seu reino. Não fosse a intervenção divina duas vezes matando os soldados que vieram buscá-lo, o fim de Elias certamente teria sido trágico nas mãos de Acazias. – Além do problema do mau exemplo deixado pelos seus pais, Acazias foi educado mediante o autoritarismo exagerado de Jezabel e de um pai títere da esposa. Isso causava muita tensão na família, além de todas as pressões normais de pessoas famosas e com muito poder, como é o caso. Quando adultos agem com os seus filhos em frequente estado de tensão e coação, as crianças são vencidas interiormente pelo poder exagerado e não conseguem construir os seus próprios pontos de vista, não separam o certo do errado na atitude dos adultos, o que as manterá na predominância do erro durante toda a vida, não construindo princípios de justiça. – Pais controladores, restritivos, hostis, agressores, ou permissivos, negligentes e/ou indiferentes (ambas como formas de rejeição), geram crianças que não sabem expressar suas ansiedades e raivas, podendo tornarem-se depressivas, autodestrutivas, suicidas, passivas, introvertidas, tímidas, desenvolverem hábitos nervosos, terem pesadelos e apresentarem sintomas psicossomáticos. – Acazias, criado e educado na corte real, certamente teve muitos problemas com a sua educação e formação, aliado ao mau exemplo dos seus pais, e isso foi refletido no seu reinado.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Escreva na lousa ou em um flip-chart a seguinte pergunta: O que significa “fazer o que é mau aos olhos do Senhor”? Dê cinco minutos aos alunos para elaborarem a resposta. Ao cabo do tempo determinado, solicite que cada um, por seu turno, exponha sua resposta. Todas as respostas deverão ser anotadas no quadro. Não importa nesse momento se elas estão corretas ou não. A seguir, leia com eles os textos de 1 Rs 11.6; 14.22; 15.26,34; 21.25; 2 Rs 3.2. Ao terminarem a leitura, peça a eles que, baseados nos textos lidos, respondam novamente à pergunta inicial. Não deixe de analisar e comparar as duas respostas.

II. ELIAS DESAFIA A ADORAÇÃO A BAAL

1. A corajosa intervenção de Elias. O rei Acazias enviou seus emissários para consultar o falso deus Baal-Zebube. Mas o anjo do Senhor ordenou ao profeta Elias que se encontrasse com eles em Samaria e os exortassem com uma dura palavra: “Porventura, não há Deus em Israel, para irdes consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom?” (2 Rs 1.3b).

2. A resposta de Elias aos soldados do rei. Quando o rei ficou sabendo da profecia de Elias, enviou, em três ocasiões diferentes, um oficial com cinquenta soldados para conduzir Elias ao palácio (2 Rs 1.9-13). Mas nas duas primeiras vezes, desceu fogo do céu e consumiu todos os soldados e seus capitães (2 Rs 1.14). Na terceira vez, todavia, o capitão do agrupamento, temendo pela própria vida e pela de seus soldados, ajoelhado, suplicou ao homem de Deus que lhes poupasse a vida (2 Rs 1.13). Por bondade e misericórdia, o Senhor ouviu aquele sincero clamor e ordenou ao profeta que os acompanhassem até o palácio, em segurança (2 Rs 1.15).

3. Um ministério de fogo. Elias pode ser chamado de “profeta de fogo”. Em três episódios do seu ministério, Deus enviou fogo do céu: no monte Carmelo com os profetas de Baal (1 Rs 18.38); no monte Horebe quando o Senhor visitou o profeta e se manifestou por fogo, embora a presença dele não estivesse nesse elemento (1 Rs 19.12) e; quando por duas vezes, o fogo desceu do céu para consumir os soldados e seus capitães (2 Rs 1.10-12).

A corajosa intervenção de Elias – Diante da gravidade do ferimento de Acazias, ocasionado pela queda do terraço do palácio e como a medicina da época era muito precária, ele resolveu consultar, por intermédio dos seus súditos, a Baal-Zebube. Acazias, nesse gesto, estava dando as costas para Deus, apesar do pouco que ainda restava em Israel de adoração ao Deus verdadeiro, e indo ao encontro de uma divindade falsa que nunca havia operado nenhum milagre, que apenas tinha fama por ser um mito. Certamente que Acazias ouvira falar ou até mesmo tenha presenciado os feitos poderosos de Jeová por meio do profeta Elias, mas ele preferiu o duvidoso e falso deus de Ecrom a ter coragem de enfrentar a verdade do homem de Deus, o profeta Elias. – Ecrom é o caminho das verdades falsificadas, dos deuses falsos, do distanciamento de Deus, das investidas contra a sua vontade, das facilidades de um deus que não é exigente, do descompromisso com a adoração a Deus e de seguir caminhos livres de compromissos éticos com a Palavra de Deus. No caminho de Ecrom, tudo ficava mais fácil apenas aparentemente, porque Deus interveio usando o profeta e desmascarou a insanidade de Acazias. – Os mensageiros do rei estavam indo para Ecrom consultar o falso deus Baal-Zebube, e Jeová falou com Elias para que se encontrasse com eles enviando uma exortação com uma dura mensagem ao rei: “[...] Porventura, não há Deus em Israel, para irdes consultar a Baal-Zebube, deus de Ecrom?” (2 Rs 1.3). Trata-se de uma pergunta retórica que eles sabem a resposta. Elias precisou lembrar mais uma vez do que já havia dito tantas vezes: de que somente Jeová é Deus. A reprimenda de Elias foi corajosa e forte, como sempre foi característico do seu ministério. Ele não poderia admitir que o rei desprezasse o Deus verdadeiro e fosse atrás dos oráculos de um falso deus. – Depois da interpelação dos mensageiros do rei, Elias subiu ao monte e ficou assentado esperando o desfecho da situação. Ele sabia que a história não ficaria assim, pois o rei teria uma reação. Elias, então, ficou esperando que o chamassem. Percebe-se que Elias ficou calmo. Se ele não confiasse em Deus e na sua Palavra, poderia ficar agitado e nervoso, mas ele estava assentado esperando. – Nos casos em que tratou com Acabe e Jezabel, na maioria das vezes, Elias falou cara a cara com os monarcas; já com Acazias ele mandou um recado. Isso deve ter trazido desgosto para o rei, pois reis não podem ser contrariados, mas para Deus não importa contrariar a idolatria e o falso profetismo do rei quando Ele tem um homem disponível para fazer a sua vontade custe o que custar. Neste episódio, vemos novamente a precisão profética de Elias não somente em acertar o veredito preditivo, como também estar no lugar certo, na hora certa, por ordem divina, no caminho de Ecrom. – Os súditos do rei não conheciam a Elias, mas a autoridade do profeta de Tisbe era tão grande que eles desobedeceram à ordem do rei e voltaram ao palácio real. Era impossível desobedecer à ordem do rei. Os súditos eram muito leais no cumprimento das ordens, mas com Elias foi diferente. A sua autoridade não emanava dele, até porque a sua aparência era desprezível, mas a sua autoridade vinha daquEle que tem autoridade sobre tudo e todos, inclusive sobre Acazias. Por esse motivo, os mensageiros do rei desobedeceram à ordem dele e voltaram. Esse desafio da autoridade real deve ter causado muita contrariedade ao rei. Os mensageiros de Acazias ficaram tão impactados com Elias, a quem nem ao menos conheciam, que imediatamente voltaram e abandonaram a ordem do rei. Aqui se percebe que Acazias conhecia Elias, pois ele desconfiou da mensagem contrária aos seus interesses que os mensageiros trouxeram a ele. O estilo de intervenção era o do profeta Elias: aparecer do nada, sem ser avisado nem recomendado. E o rei reconheceu a descrição dos seus mensageiros: “[...] Era um homem vestido de pelos e com os lombos cingidos de um cinto de couro” (2 Rs 1.8). Elias ordenou que voltassem e dissessem ao rei: “[...] Ide, voltai para o rei que vos mandou e dizei-lhe: Assim diz o Senhor: Porventura, não há Deus em Israel, para que mandes consultar a Baal-Zebube, deus de Ecrom? Portanto, da cama, a que subiste, não descerás, mas sem falta morrerás” (1.6). O rei exclamou: “É Elias, o tisbita” (v. 8). Medo e temor apoderaram-se do rei, mas ele supostamente detinha o poder e tomou as medidas que lhe era permitido: chamar o profeta de forma ameaçadora.

A resposta de Elias aos soldados do rei – Os dois primeiros capitães, tão obstinados quanto o próprio rei, simplesmente ordenaram para que Elias descesse e fosse ao encontro do rei. Na primeira vez, o capitão disse: “Desce” (2 Rs 1.9). Na segunda vez, o outro capitão é mais enfático, pois, certamente, o rei estava mais enfurecido: “Desce depressa” (1.11). Aqui percebemos que o homem de Deus não temia as ameaças. Ele não obedecia a reis, e não seria Acazias que lhe daria ordens, muito menos os capitães e a intimidação dos soldados. Somente quando Deus, através do anjo, diz a ele: “Desce com este, não temas”, é que ele segue o terceiro capitão. Pelo termo “não temas” usado pelo anjo, a vida de Elias estava em perigo. – Na terceira vez que o rei enviou uma guarnição de soldados, vemos que o capitão era temente a Deus e entendeu que era o Senhor quem estava no controle da situação, e não o rei Acazias. O terceiro capitão estava afinado com a obediência de Elias, que era direcionada apenas a Deus, e pediu misericórdia, ao que Elias poupou a sua vida e acompanhou-o ao palácio real. Aqui percebemos que o ministério de Elias havia dado resultados. Ao menos esse capitão e os seus soldados serviam a Deus, e não a Baal. Talvez ele tenha estado presente no episódio do monte Carmelo e presenciara o grande milagre da descida do fogo e, assim, pôde tomar a firme decisão de abandonar Baal e servir ao Senhor.

Um ministério de fogo – Episódios de consequências trágicas para os adoradores dos falsos deuses estiveram muito presentes no ministério do profeta Elias. Ele pode ser chamado de o profeta do fogo, pois em vários episódios, o seu ministério esteve envolvido com fogo: quando do desafio do monte Carmelo, desceu fogo do céu e consumiu o altar e tudo o que havia nele (1 Rs 18.38); Deus chamou a atenção do profeta por meio do fogo (1 Rs 19.12); duas vezes seguidas desceu fogo do céu para consumir os soldados que vieram prendê-lo (2 Rs 1.10-12); e, por último, ele é elevado ao céu num redemoinho (2 Rs 2.11). Dois desses episódios de fogo estão relacionados à adoração a falsos deuses com consequências lastimáveis para os seus adoradores. Primeiro morreram 850 falsos profetas, depois 102 soldados. Assim como no Carmelo, nesse episódio de Acazias, “Deus mostra através do fogo, que ele não irá dividir sua glória com nenhum outro deus”. – Vimos que o ministério do profeta Elias lutou com muito zelo contra a adoração a falsos deuses. Afinado com Jeová, o profeta não tolerou esses desvios perniciosos do seu povo. Que Deus levante muitos profetas na força de Elias para combater as várias formas de idolatria que podem haver entre o povo de Deus e que o fogo do Espírito Santo possa queimar toda idolatria, visto que Jesus é aquele que nos “batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3.16). Como pentecostais, ansiemos pelo batismo no Espírito Santo com o fogo que nos purifica de todo pecado, pois só ele pode libertar as pessoas daquilo que lhes escraviza e que lhes incita à idolatria. O fogo na Bíblia representa a presença de Deus, como também a purificação operada pelo Espírito Santo.

SUBSÍDIO DEVOCIONAL

“O terceiro capitão apresentou-se e se colocou sob a misericórdia de Deus e de Elias. Não lemos que Acazias o ordenou que assim fizesse (seu coração teimoso é tão duro como sempre, tão indiferente ele é para com os terrores do Senhor, tão pouco afetado com as manifestações de sua ira, e, além disso, tão pródigo em relação às vidas de seus súditos, que ele envia um terceiro com a mesma mensagem provocadora a Elias), mas ele se alarmou com o destino de seus predecessores, os quais, talvez, caíram mortos ante a seus olhos. E, ao invés de intimar o profeta, que descesse, caiu diante dele e implorou por sua vida e pela vida de seus soldados, reconhecendo seus próprios deméritos e o poder do profeta (vv. 13,14): Seja preciosa aos teus olhos a minha vida. Note: Não se consegue nada lutando com Deus: se formos bem-sucedidos com ELe, será por meio de súplicas. Se não cairmos diante de Deus, devemos nos curvar diante dEle. E aqueles que aprendem a ser submissos com as fatais consequências dos outros, são sábios para seu próprio bem.

[…] Elias faz mais do que atender ao pedido deste terceiro capitão. Deus não é tão severo com aqueles que se colocam contra Ele, mas está pronto para mostrar clemência àqueles que se arrependem e se submetem a Ele. Nunca ninguém agiu em vão ao colocar-se sob a misericórdia de Deus. Este capitão não somente tem sua vida poupada, mas a permissão de cumprir sua tarefa: Elias, sendo assim ordenado pelo anjo, desce com ele ao rei (v.15). Assim, ele mostra que, antes, recusava-se a ir não porque temesse o rei ou a corte, mas porque não seria arrogantemente compelido a fazê-lo, o que diminuiria a honra de seu Senhor. Ele valoriza seu cargo. Ele vem corajosamente ao rei, e lhe diz na cara (agora não importam seus sentimentos) a mensagem que tinha enviado antes (v.16), que deveria certa e prontamente morrer. Elias não alivia a sentença, nem por medo do desprazer do rei, nem por pena de sua miséria” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 545,46).

III. A DOENÇA DE ACAZIAS E A SUA MORTE

1. O julgamento do Senhor contra Acazias. Deus mandou Elias dizer ao rei que ele jamais seria curado ou sairia da cama vivo (2 Rs 1.4). Por consequência de sua obstinada idolatria, Acazias estava sentenciado à morte. Ele conhecia as maravilhas que Deus havia operado no meio do seu povo, no passado. Como poderia opor-se a Deus e negligenciar suas leis daquela maneira? Deus não tolera a obstinação daqueles que ouvem sua Palavra e permanecem com a vida deliberadamente entregue ao pecado. Deus não tolera a obstinação daqueles que ouvem sua Palavra e permanecem com a vida deliberadamente entregue ao pecado.

2. A determinação de Elias e a morte do rei. Ao ser convocado à presença do rei pelos oficiais e seus soldados, o profeta não titubeou em repetir o que já havia dito anteriormente aos mensageiros de Acazias: “desta cama, a que subiste, não descerás, mas certamente morrerás” (2 Rs 1.16b).

Provavelmente, o acidente ocorrido com o rei afetou sua mobilidade e a falta de medicina adequada naquela época não lhe proporcionou uma boa recuperação. Independente disso, a Palavra de Deus dada ao profeta Elias se cumpriu e o rei Acazias faleceu.

3. As qualidades de Elias. Nesse episódio várias qualidades de Elias são percebidas, tais como: intimidade com Deus; zelo em promover a adoração ao Deus de Israel e em condenar a idolatria; clareza e assertividade em suas sentenças; fidelidade e, além de tudo, a coragem (2 Rs 1.9-12). Ainda hoje o Senhor busca homens e mulheres que sejam corajosos e obedientes a fim de serem usados por Ele em sua grande obra.

O julgamento do Senhor contra Acazias – Existem casos tão comprometedores de idolatria que, mesmo na iminência certa da morte, se torna impossível haver um regresso aos caminhos do Senhor, não porque Ele não possa fazer isso, mas, sim, porque o nível de comprometimento do adorador do falso deus não lhe permite mais voltar. O adorador terá que abrir mão de situações pecaminosas, terá que desnudar o seu coração, terá que admitir que o seu falso deus fracassou, terá que engolir o seu orgulho, mas essas possibilidades não estavam presentes na vida de Acazias. Algumas vezes, mesmo sendo a Palavra de Deus na boca do seu profeta, as pessoas não vão ouvir ou estarão impedidas de entender. – A sentença inspirada pelo Espírito Santo, que Elias deu para o rei Acazias, é consequência direta da importância que o rei deu à divindade Baal-Zebube. Era inadmissível esse rei querer consultar uma divindade falsa, sendo que Jeová, o Deus de Israel, mostrou tantas maravilhas no meio do seu povo no passado. Deus não tolera a estupidez daqueles que ouvem a sua voz e conhecem a sua história, no caso do rei por meio do profeta Elias, e continuam com a sua vida entregue ao pecado. – Elias sabia que Acazias não havia abandonado Baal, porque não é fácil abrir mão de Baal, pois isso significaria deixar de exercer controle sobre deus. Abrir mão de Baal significa que não se terá mais à disposição aquela religiosidade alienadora ao nosso dispor. Para deixar Baal, é preciso abandonar as ilusões confortáveis que permitem “viver uma desonestidade livre de culpas”. Deixar Baal significa que “não mais poderemos usar a religião para assustar, subornar ou intimidar outras pessoas”. Abrir mão de Baal é um convite para crescer espiritualmente, mas crescer dói, especialmente em pessoas acostumadas a “uma cultura que lhes dá passagem livre para uma religião dos contos de fada, de divertimento e êxtase”.

A determinação de Elias e a morte do rei – Ao ser chamado à presença do rei pela guarnição de soldados, o profeta não teve medo de repetir o que já havia dito aos mensageiros. Toda pessoa que tem um ministério verdadeiro não teme o homem: “[...] desta cama, a que subiste, não descerás, mas certamente morrerás” (2 Rs 1.16). Por essa desobediência ao Senhor em adorar ídolos, Ele ficou indignado (1 Rs 22.54) com o rei, e o reinado de Acazias durou apenas dois anos (1 Rs 22.52). – Na presença do rei, Elias poderia ter mudado o seu discurso para amenizar a situação de Acazias e também para poupar a sua própria vida, pois o profeta estava denunciando a idolatria e sentenciando a morte ao rei com a profecia, uma dura mensagem para ser entregue. Mais uma vez, a coragem de Elias e a sua lealdade apenas a Jeová evidenciaram-se na sua vida. Ele não temeu a morte ou as ameaças e simplesmente entregou a mensagem que Deus mandou-lhe entregar, sem desvios, devaneios, meias verdades ou comprometimentos para receber o favor do rei. Para Elias, a obediência a Deus era mais importante do que qualquer outra coisa, inclusive a sua própria vida. – Toda a fúria e a autoridade de Acazias esvaíram-se diante da autoridade do homem de Deus e da veracidade da sentença. O rei não ordenou a morte de Elias e nem o ameaçou. O profeta saiu pela porta da frente do palácio de cabeça erguida porque fez o que Deus havia-lhe ordenado fazer sem ser importunado. Diante de Deus, nenhum rei ousa atravessar. O temor do Senhor tomou conta de Acazias, mesmo ele não admitindo ou se rendendo a Ele. Nesse episódio bíblico envolvendo Acazias, percebem-se várias qualidades de Elias: ele tinha intimidade com Deus, pois este lhe ordenou que interpelasse e impedisse os mensageiros do rei por divina revelação; Elias mostrou o seu zelo em promover a adoração ao Deus de Israel; ele tinha clareza e assertividade na sentença, pois previu a morte do rei. Elias foi o profeta a quem Deus falou com riqueza de detalhes para encontrar-se imediatamente com os mensageiros no caminho de Ecrom e, assim, entregar uma mensagem que, humanamente falando, seria impossível alguém conhecer com antecedência. Somente os mensageiros sabiam da ordem do rei, mas o Espírito Santo, que sabe todas as coisas, ordenou a Elias que interrompesse o desígnio equivocado do rei. Os mensageiros nem chegaram a Ecrom. Eles voltaram no meio do caminho contrariando a ordem do rei e obedecendo a Elias.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

Quando de uma séria queda, Acazias ignorou a existência de Elias e enviou mensageiros que consultassem Baal-Zebube, em Ecrom. Elias interceptou esses mensageiros com a solene advertência de que Acazias não se recuperaria. Após diversas tentativas para capturar Elias, tentativas essas que foram rechaçadas, o profeta foi conduzido diretamente à presença do rei. Tal como fizera no caso de Acabe, seu pai, Elias advertiu pessoalmente a Acazias de que o juízo divino lhe sobreviria, porquanto ele prestara honras a deuses pagãos e ignorara o Deus de Israel. Talvez essa tenha sido a última vez em que Elias compareceu a presença de um rei, porque não se faz menção alguma de associações com Jorão, rei de Israel” (BENTHO, Esdras Costa & PLÁCIDO, Reginaldo Leandro. Introdução ao Estudo do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 252).

CONCLUSÃO 

O reinado de Acazias foi marcado pela idolatria e pela infidelidade para com Deus. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor ao consultar outros deuses sobre o seu futuro (2 Rs 1.2). Era idólatra e infiel para com os mandamentos de Deus. Elias foi o profeta que confrontou as transgressões de Acazias e por esse motivo quase foi preso (2 Rs 1.9). Todavia, seguiu em frente, cumpriu sua missão e honrou a Deus (2 Rs 1.10). – O reinado de Acazias, que durou menos de dois anos, foi fortemente marcado pela idolatria, como o dos seus antepassados também o foi, e Deus usou o profeta Elias nesse episódio para advertir seriamente o rei pelo grave erro de não apenas adorar uma falsa divindade, mas também de consultá-la por meio dos seus mensageiros reais. Elias, usado por Deus, muda o curso da história e intervém na grande apostasia do rei dando-lhe a sentença de morte. Além da idolatria, o reinado de Acazias foi marcado pela revolta de Moabe, que havia sido um reino súdito de Israel desde a época de Omri (2 Rs 1.1; 3.5), talvez se aproveitando da saúde debilitada de Acazias, e pela desastrada tentativa de aliança marítima com Josafá, rei de Judá (2 Cr 20.35,36).

REFERÊNCIAS

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 5. Rio de Janeiro: CPAD, 01, ago. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010. 

 

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