COMENTÁRIO E SUBSÍDIO
INTRODUÇÃO
O reinado de Acazias foi fortemente marcado
pela idolatria, assim como o de seus antepassados. Após uma queda da sacada do
palácio real e consequente ferimento, Acazias cometeu um ato de infidelidade a
Deus ao consultar Baal-Zebube sobre o seu destino. O Senhor, através do profeta
Elias, advertiu severamente o rei sobre esse gravíssimo erro, anunciando o
decreto de sua morte (2 Rs 1.16). – Acazias era
filho de Acabe e Jezabel e assumiu o trono depois da morte trágica de Acabe na
guerra, cumprindo-se a profecia de Elias, de que os cães lamberiam o seu
sangue. A morte de Acabe foi profetizada como consequência dos seus atos de
impiedade, especialmente relacionados à vinha de Nabote e à prática da idolatria.
Apesar de Acabe ser um idólatra, deu nomes religiosos aos seus filhos. É o caso
de Acazias, que significa “Yahweh prende” (no sentido de agarrar, segurar).
Isso demonstra que Acabe queria deixar um caminho aberto para Deus e, ao mesmo
tempo, queria satisfazer os desejos idolátricos da sua esposa Jezabel. A
pergunta de Elias no Carmelo pode ter levado isso em conta: “Até quando coxeareis
entre dois pensamentos?”.
I. UM REINADO MARCADO PELA
IDOLATRIA
1. O deus de Acazias. Acazias era filho de Acabe e Jezabel e foi sucessor de seu
pai no trono de Israel. Acazias venerava o deus Baal-Zebube de Ecrom, uma das
cinco cidades dos filisteus, a sudoeste de Canaã. Ao adoecer em razão de uma
queda, enviou mensageiros para consultar essa divindade a fim de saber se
viveria ou morreria (2 Rs 1.2).
2. Acazias segue os passos de
seus pais. O reinado de
Acazias foi um dos mais difíceis para Israel. Ele é mencionado na Bíblia como
um rei que fez o que era mau aos olhos do Senhor e imitou Acabe, Jezabel e
Jeroboão. No seu curto reinado de dois anos, conseguiu superar a maldade de
seus antecessores. Acazias seguiu o péssimo exemplo de seus pais que certamente
não acataram o sábio conselho de Salomão: “Instrui o menino no caminho em que
deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv 22.6).
O deus
de Acazias – Baal-Zebube
é uma junção de duas divindades, uma cananeia e outra filisteia. Baal significa
Senhor ou esposo nos idiomas semíticos e, mais tarde, passou a designar o deus da
tempestade ou, ainda, da agricultura. Zebube pode ser uma variante da grafia de
Zebul, que significa “Baal, o príncipe”. Se essa alternativa for verdadeira, o
autor bíblico está provavelmente debochando da estupidez na adoração a um deus
falso, denominando-o de Baal-Zebube, cujo significado seria “o príncipe das
moscas”. – Assim, Baal-Zebube também pode ser uma referência ao zumbido das
asas das moscas que poderiam, por meio do barulho das asas, trazer oráculos
desse deus. Portanto, a junção do nome Baal com Zebube, na mitologia antiga,
formou um novo deus, “Baal, o príncipe” ou “senhor das moscas”. É esse deus que
Acazias mandou consultar para saber se viveria ou morreria. Se Acazias tivesse procurado
Elias ao invés de seguir o caminho de Ecrom, certamente teria alcançado
misericórdia de Deus e teria sido curado. – No Novo Testamento, ele é chamado
de Belzebu, um príncipe dos demônios. Por isso, Jesus foi falsamente acusado
pelos religiosos da época de que o seu poder para expulsar demônios era oriundo
desse deus: “Mas os fariseus, ouvindo isso, diziam: Este não expulsa os demônios
senão por Belzebu, príncipe dos demônios” (Mt 12.24; Mc 3.22; Lc 11.15).
Acazias
segue os passos de seus pais – Observamos que pais perversos geralmente vão gerar
e criar filhos perversos, e essa perversidade esteve presente no reinado de Acazias.
Portanto, a consequência de uma educação anti-bíblica refletiu-se também nos
súditos de Acazias, da mesma forma como foi com os seus pais. A idolatria
estava tão incrustada no coração de Acazias que ele não conseguiu ver as
consequências que sucederam aos seus pais por estes terem sido tão idólatras.
Mas não é somente o pecado da idolatria que está em jogo aqui. O rei mandou
consultar o falso deus, e isso significa buscar a vontade dele por meio de um oráculo,
o que era terminantemente proibido em Israel, conforme a Lei mosaica: “Não vos
virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis,
contaminando-vos com eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv 19.31). Portanto,
Acazias estava num só gesto infringindo dois preceitos da Lei: adorar e
consultar um falso deus. – Esse exemplo de Acabe e Jezabel na educação de
Acazias serve-nos de alerta na maneira pela qual educamos nossos filhos, pois,
na maioria das vezes, aquilo que fazemos de bom ou mal é aquilatado na vida
deles de maneira “infinita”. Acazias viu os seus pais adorando Baal, caluniando
e perseguindo profetas, ameaçando-os de morte, e foi exatamente isso que ele
repetiu no seu reino. Não fosse a intervenção divina duas vezes matando os
soldados que vieram buscá-lo, o fim de Elias certamente teria sido trágico nas
mãos de Acazias. – Além do problema do mau exemplo deixado pelos seus pais, Acazias
foi educado mediante o autoritarismo exagerado de Jezabel e de um pai títere da
esposa. Isso causava muita tensão na família, além de todas as pressões normais
de pessoas famosas e com muito poder, como é o caso. Quando adultos agem com os
seus filhos em frequente estado de tensão e coação, as crianças são vencidas interiormente
pelo poder exagerado e não conseguem construir os seus próprios pontos de
vista, não separam o certo do errado na atitude dos adultos, o que as manterá
na predominância do erro durante toda a vida, não construindo princípios de
justiça. – Pais controladores, restritivos, hostis, agressores, ou permissivos,
negligentes e/ou indiferentes (ambas como formas de rejeição), geram crianças
que não sabem expressar suas ansiedades e raivas, podendo tornarem-se
depressivas, autodestrutivas, suicidas, passivas, introvertidas, tímidas, desenvolverem
hábitos nervosos, terem pesadelos e apresentarem sintomas psicossomáticos. – Acazias,
criado e educado na corte real, certamente teve muitos problemas com a sua
educação e formação, aliado ao mau exemplo dos seus pais, e isso foi refletido
no seu reinado.
SUBSÍDIO
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Escreva na lousa ou em um flip-chart a seguinte
pergunta: O que significa “fazer o que é mau aos olhos do Senhor”? Dê cinco
minutos aos alunos para elaborarem a resposta. Ao cabo do tempo determinado,
solicite que cada um, por seu turno, exponha sua resposta. Todas as respostas
deverão ser anotadas no quadro. Não importa nesse momento se elas estão
corretas ou não. A seguir, leia com eles os textos de 1 Rs 11.6; 14.22;
15.26,34; 21.25; 2 Rs 3.2. Ao terminarem a leitura, peça a eles que, baseados
nos textos lidos, respondam novamente à pergunta inicial. Não deixe de analisar
e comparar as duas respostas.
II. ELIAS DESAFIA A
ADORAÇÃO A BAAL
1. A corajosa intervenção de
Elias. O rei Acazias enviou seus
emissários para consultar o falso deus Baal-Zebube. Mas o anjo do Senhor
ordenou ao profeta Elias que se encontrasse com eles em Samaria e os exortassem com uma dura palavra: “Porventura,
não há Deus em Israel, para irdes consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom?” (2 Rs 1.3b).
2. A resposta de Elias aos
soldados do rei. Quando o rei ficou
sabendo da profecia de Elias, enviou, em três ocasiões diferentes, um oficial
com cinquenta soldados para conduzir Elias ao palácio (2 Rs 1.9-13). Mas nas duas primeiras vezes, desceu fogo do céu e
consumiu todos os soldados e seus capitães (2 Rs 1.14). Na terceira vez, todavia, o capitão do agrupamento,
temendo pela própria vida e pela de seus soldados, ajoelhado, suplicou ao homem
de Deus que lhes poupasse a vida (2 Rs 1.13). Por bondade e misericórdia, o Senhor ouviu aquele
sincero clamor e ordenou ao profeta que os acompanhassem até o palácio, em
segurança (2 Rs 1.15).
3. Um ministério de fogo. Elias pode ser chamado de “profeta de fogo”. Em três
episódios do seu ministério, Deus enviou fogo do céu: no monte Carmelo com os
profetas de Baal (1 Rs 18.38); no monte Horebe
quando o Senhor visitou o profeta e se manifestou por fogo, embora a presença
dele não estivesse nesse elemento (1 Rs 19.12) e; quando por duas vezes, o fogo desceu do céu para
consumir os soldados e seus capitães (2 Rs 1.10-12).
A corajosa
intervenção de Elias – Diante
da gravidade do ferimento de Acazias, ocasionado pela queda do terraço do
palácio e como a medicina da época era muito precária, ele resolveu consultar,
por intermédio dos seus súditos, a Baal-Zebube. Acazias, nesse gesto, estava
dando as costas para Deus, apesar do pouco que ainda restava em Israel de
adoração ao Deus verdadeiro, e indo ao encontro de uma divindade falsa que
nunca havia operado nenhum milagre, que apenas tinha fama por ser um mito.
Certamente que Acazias ouvira falar ou até mesmo tenha presenciado os feitos
poderosos de Jeová por meio do profeta Elias, mas ele preferiu o duvidoso e
falso deus de Ecrom a ter coragem de enfrentar a verdade do homem de Deus, o
profeta Elias. – Ecrom é o caminho das verdades falsificadas, dos deuses
falsos, do distanciamento de Deus, das investidas contra a sua vontade, das facilidades
de um deus que não é exigente, do descompromisso com a adoração a Deus e de
seguir caminhos livres de compromissos éticos com a Palavra de Deus. No caminho
de Ecrom, tudo ficava mais fácil apenas aparentemente, porque Deus interveio
usando o profeta e desmascarou a insanidade de Acazias. – Os mensageiros do rei
estavam indo para Ecrom consultar o falso deus Baal-Zebube, e Jeová falou com
Elias para que se encontrasse com eles enviando uma exortação com uma dura
mensagem ao rei: “[...] Porventura, não há Deus em Israel, para irdes consultar
a Baal-Zebube, deus de Ecrom?” (2 Rs 1.3). Trata-se de uma pergunta retórica
que eles sabem a resposta. Elias precisou lembrar mais uma vez do que já havia
dito tantas vezes: de que somente Jeová é Deus. A reprimenda de Elias foi
corajosa e forte, como sempre foi característico do seu ministério. Ele não
poderia admitir que o rei desprezasse o Deus verdadeiro e fosse atrás dos
oráculos de um falso deus. – Depois da interpelação dos mensageiros do rei,
Elias subiu ao monte e ficou assentado esperando o desfecho da situação. Ele
sabia que a história não ficaria assim, pois o rei teria uma reação. Elias, então,
ficou esperando que o chamassem. Percebe-se que Elias ficou calmo. Se ele não
confiasse em Deus e na sua Palavra, poderia ficar agitado e nervoso, mas ele
estava assentado esperando. – Nos casos em que tratou com Acabe e Jezabel, na
maioria das vezes, Elias falou cara a cara com os monarcas; já com Acazias ele mandou
um recado. Isso deve ter trazido desgosto para o rei, pois reis não podem ser
contrariados, mas para Deus não importa contrariar a idolatria e o falso
profetismo do rei quando Ele tem um homem disponível para fazer a sua vontade
custe o que custar. Neste episódio, vemos novamente a precisão profética de
Elias não somente em acertar o veredito preditivo, como também estar no lugar
certo, na hora certa, por ordem divina, no caminho de Ecrom. – Os súditos do
rei não conheciam a Elias, mas a autoridade do profeta de Tisbe era tão grande
que eles desobedeceram à ordem do rei e voltaram ao palácio real. Era
impossível desobedecer à ordem do rei. Os súditos eram muito leais no
cumprimento das ordens, mas com Elias foi diferente. A sua autoridade não
emanava dele, até porque a sua aparência era desprezível, mas a sua autoridade
vinha daquEle que tem autoridade sobre tudo e todos, inclusive sobre Acazias.
Por esse motivo, os mensageiros do rei desobedeceram à ordem dele e voltaram.
Esse desafio da autoridade real deve ter causado muita contrariedade ao rei. Os
mensageiros de Acazias ficaram tão impactados com Elias, a quem nem ao menos
conheciam, que imediatamente voltaram e abandonaram a ordem do rei. Aqui se
percebe que Acazias conhecia Elias, pois ele desconfiou da mensagem contrária
aos seus interesses que os mensageiros trouxeram a ele. O estilo de intervenção
era o do profeta Elias: aparecer do nada, sem ser avisado nem recomendado. E o
rei reconheceu a descrição dos seus mensageiros: “[...] Era um homem vestido de
pelos e com os lombos cingidos de um cinto de couro” (2 Rs 1.8). Elias ordenou
que voltassem e dissessem ao rei: “[...] Ide, voltai para o rei que vos mandou
e dizei-lhe: Assim diz o Senhor: Porventura, não há Deus em Israel, para que
mandes consultar a Baal-Zebube, deus de Ecrom? Portanto, da cama, a que
subiste, não descerás, mas sem falta morrerás” (1.6). O rei exclamou: “É Elias,
o tisbita” (v. 8). Medo e temor apoderaram-se do rei, mas ele supostamente
detinha o poder e tomou as medidas que lhe era permitido: chamar o profeta de
forma ameaçadora.
A resposta
de Elias aos soldados do rei – Os dois primeiros capitães, tão obstinados quanto o
próprio rei, simplesmente ordenaram para que Elias descesse e fosse ao encontro
do rei. Na primeira vez, o capitão disse: “Desce” (2 Rs 1.9). Na segunda vez, o
outro capitão é mais enfático, pois, certamente, o rei estava mais enfurecido:
“Desce depressa” (1.11). Aqui percebemos que o homem de Deus não temia as
ameaças. Ele não obedecia a reis, e não seria Acazias que lhe daria ordens,
muito menos os capitães e a intimidação dos soldados. Somente quando Deus,
através do anjo, diz a ele: “Desce com este, não temas”, é que ele segue o
terceiro capitão. Pelo termo “não temas” usado pelo anjo, a vida de Elias estava
em perigo. – Na terceira vez que o rei enviou uma guarnição de soldados, vemos
que o capitão era temente a Deus e entendeu que era o Senhor quem estava no
controle da situação, e não o rei Acazias. O terceiro capitão estava afinado
com a obediência de Elias, que era direcionada apenas a Deus, e pediu
misericórdia, ao que Elias poupou a sua vida e acompanhou-o ao palácio real.
Aqui percebemos que o ministério de Elias havia dado resultados. Ao menos esse
capitão e os seus soldados serviam a Deus, e não a Baal. Talvez ele tenha
estado presente no episódio do monte Carmelo e presenciara o grande milagre da
descida do fogo e, assim, pôde tomar a firme decisão de abandonar Baal e servir
ao Senhor.
Um ministério
de fogo – Episódios
de consequências trágicas para os adoradores dos falsos deuses estiveram muito
presentes no ministério do profeta Elias. Ele pode ser chamado de o profeta do
fogo, pois em vários episódios, o seu ministério esteve envolvido com fogo:
quando do desafio do monte Carmelo, desceu fogo do céu e consumiu o altar e
tudo o que havia nele (1 Rs 18.38); Deus chamou a atenção do profeta por meio do
fogo (1 Rs 19.12); duas vezes seguidas desceu fogo do céu para consumir os
soldados que vieram prendê-lo (2 Rs 1.10-12); e, por último, ele é elevado ao
céu num redemoinho (2 Rs 2.11). Dois desses episódios de fogo estão
relacionados à adoração a falsos deuses com consequências lastimáveis para os
seus adoradores. Primeiro morreram 850 falsos profetas, depois 102 soldados.
Assim como no Carmelo, nesse episódio de Acazias, “Deus mostra através do fogo,
que ele não irá dividir sua glória com nenhum outro deus”. – Vimos que o
ministério do profeta Elias lutou com muito zelo contra a adoração a falsos
deuses. Afinado com Jeová, o profeta não tolerou esses desvios perniciosos do
seu povo. Que Deus levante muitos profetas na força de Elias para combater as
várias formas de idolatria que podem haver entre o povo de Deus e que o fogo do
Espírito Santo possa queimar toda idolatria, visto que Jesus é aquele que nos
“batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3.16). Como pentecostais,
ansiemos pelo batismo no Espírito Santo com o fogo que nos purifica de todo
pecado, pois só ele pode libertar as pessoas daquilo que lhes escraviza e que
lhes incita à idolatria. O fogo na Bíblia representa a presença de Deus, como
também a purificação operada pelo Espírito Santo.
SUBSÍDIO DEVOCIONAL
“O terceiro capitão apresentou-se e se colocou sob a
misericórdia de Deus e de Elias. Não lemos que Acazias o ordenou que assim
fizesse (seu coração teimoso é tão duro como sempre, tão indiferente ele é para
com os terrores do Senhor, tão pouco afetado com as manifestações de sua ira,
e, além disso, tão pródigo em relação às vidas de seus súditos, que ele envia
um terceiro com a mesma mensagem provocadora a Elias), mas ele se alarmou com o
destino de seus predecessores, os quais, talvez, caíram mortos ante a seus
olhos. E, ao invés de intimar o profeta, que descesse, caiu diante dele e
implorou por sua vida e pela vida de seus soldados, reconhecendo seus próprios
deméritos e o poder do profeta (vv. 13,14): Seja preciosa aos teus olhos a
minha vida. Note: Não se consegue nada lutando com Deus: se formos
bem-sucedidos com ELe, será por meio de súplicas. Se não cairmos diante de
Deus, devemos nos curvar diante dEle. E aqueles que aprendem a ser submissos
com as fatais consequências dos outros, são sábios para seu próprio bem.
[…] Elias faz mais do que atender ao pedido deste
terceiro capitão. Deus não é tão severo com aqueles que se colocam contra Ele,
mas está pronto para mostrar clemência àqueles que se arrependem e se submetem
a Ele. Nunca ninguém agiu em vão ao colocar-se sob a misericórdia de Deus. Este
capitão não somente tem sua vida poupada, mas a permissão de cumprir sua
tarefa: Elias, sendo assim ordenado pelo anjo, desce com ele ao rei (v.15).
Assim, ele mostra que, antes, recusava-se a ir não porque temesse o rei ou a
corte, mas porque não seria arrogantemente compelido a fazê-lo, o que
diminuiria a honra de seu Senhor. Ele valoriza seu cargo. Ele vem corajosamente
ao rei, e lhe diz na cara (agora não importam seus sentimentos) a mensagem que
tinha enviado antes (v.16), que deveria certa e prontamente morrer. Elias não
alivia a sentença, nem por medo do desprazer do rei, nem por pena de sua
miséria” (HENRY, Matthew. Comentário
Bíblico Antigo Testamento: Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.
545,46).
III. A DOENÇA DE
ACAZIAS E A SUA MORTE
1. O julgamento do Senhor contra
Acazias. Deus mandou Elias
dizer ao rei que ele jamais seria curado ou sairia da cama vivo (2 Rs 1.4). Por consequência de sua obstinada idolatria, Acazias
estava sentenciado à morte. Ele conhecia as maravilhas que Deus havia operado
no meio do seu povo, no passado. Como poderia opor-se a Deus e negligenciar
suas leis daquela maneira? Deus não tolera a obstinação daqueles que ouvem sua
Palavra e permanecem com a vida deliberadamente entregue ao pecado. Deus não
tolera a obstinação daqueles que ouvem sua Palavra e permanecem com a vida
deliberadamente entregue ao pecado.
2. A determinação de Elias e a
morte do rei. Ao ser convocado à
presença do rei pelos oficiais e seus soldados, o profeta não titubeou em
repetir o que já havia dito anteriormente aos mensageiros de Acazias: “desta
cama, a que subiste, não descerás, mas certamente morrerás” (2 Rs 1.16b).
Provavelmente, o acidente ocorrido com o rei
afetou sua mobilidade e a falta de medicina adequada naquela época não lhe
proporcionou uma boa recuperação. Independente disso, a Palavra de Deus dada ao
profeta Elias se cumpriu e o rei Acazias faleceu.
3. As qualidades de Elias. Nesse episódio várias qualidades de Elias são percebidas,
tais como: intimidade com Deus; zelo em promover a adoração ao Deus de Israel e
em condenar a idolatria; clareza e assertividade em suas sentenças; fidelidade
e, além de tudo, a coragem (2 Rs 1.9-12). Ainda hoje o Senhor busca homens e mulheres que sejam
corajosos e obedientes a fim de serem usados por Ele em sua grande obra.
O julgamento
do Senhor contra Acazias – Existem casos tão comprometedores de idolatria que,
mesmo na iminência certa da morte, se torna impossível haver um regresso aos caminhos
do Senhor, não porque Ele não possa fazer isso, mas, sim, porque o nível de
comprometimento do adorador do falso deus não lhe permite mais voltar. O
adorador terá que abrir mão de situações pecaminosas, terá que desnudar o seu
coração, terá que admitir que o seu falso deus fracassou, terá que engolir o
seu orgulho, mas essas possibilidades não estavam presentes na vida de Acazias.
Algumas vezes, mesmo sendo a Palavra de Deus na boca do seu profeta, as pessoas
não vão ouvir ou estarão impedidas de entender. – A sentença inspirada pelo
Espírito Santo, que Elias deu para o rei Acazias, é consequência direta da
importância que o rei deu à divindade Baal-Zebube. Era inadmissível esse rei
querer consultar uma divindade falsa, sendo que Jeová, o Deus de Israel,
mostrou tantas maravilhas no meio do seu povo no passado. Deus não tolera a
estupidez daqueles que ouvem a sua voz e conhecem a sua história, no caso do
rei por meio do profeta Elias, e continuam com a sua vida entregue ao pecado. –
Elias sabia que Acazias não havia abandonado Baal, porque não é fácil abrir mão
de Baal, pois isso significaria deixar de exercer controle sobre deus. Abrir
mão de Baal significa que não se terá mais à disposição aquela religiosidade
alienadora ao nosso dispor. Para deixar Baal, é preciso abandonar as ilusões
confortáveis que permitem “viver uma desonestidade livre de culpas”. Deixar
Baal significa que “não mais poderemos usar a religião para assustar, subornar
ou intimidar outras pessoas”. Abrir mão de Baal é um convite para crescer
espiritualmente, mas crescer dói, especialmente em pessoas acostumadas a “uma
cultura que lhes dá passagem livre para uma religião dos contos de fada, de
divertimento e êxtase”.
A determinação
de Elias e a morte do rei – Ao ser chamado à presença do rei pela guarnição de
soldados, o profeta não teve medo de repetir o que já havia dito aos mensageiros.
Toda pessoa que tem um ministério verdadeiro não teme o homem: “[...] desta
cama, a que subiste, não descerás, mas certamente morrerás” (2 Rs 1.16). Por
essa desobediência ao Senhor em adorar ídolos, Ele ficou indignado (1 Rs 22.54)
com o rei, e o reinado de Acazias durou apenas dois anos (1 Rs 22.52). – Na
presença do rei, Elias poderia ter mudado o seu discurso para amenizar a
situação de Acazias e também para poupar a sua própria vida, pois o profeta
estava denunciando a idolatria e sentenciando a morte ao rei com a profecia,
uma dura mensagem para ser entregue. Mais uma vez, a coragem de Elias e a sua
lealdade apenas a Jeová evidenciaram-se na sua vida. Ele não temeu a morte ou
as ameaças e simplesmente entregou a mensagem que Deus mandou-lhe entregar, sem
desvios, devaneios, meias verdades ou comprometimentos para receber o favor do
rei. Para Elias, a obediência a Deus era mais importante do que qualquer outra
coisa, inclusive a sua própria vida. – Toda a fúria e a autoridade de Acazias
esvaíram-se diante da autoridade do homem de Deus e da veracidade da sentença.
O rei não ordenou a morte de Elias e nem o ameaçou. O profeta saiu pela porta
da frente do palácio de cabeça erguida porque fez o que Deus havia-lhe ordenado
fazer sem ser importunado. Diante de Deus, nenhum rei ousa atravessar. O temor
do Senhor tomou conta de Acazias, mesmo ele não admitindo ou se rendendo a Ele.
Nesse episódio bíblico envolvendo Acazias, percebem-se várias qualidades de
Elias: ele tinha intimidade com Deus, pois este lhe ordenou que interpelasse e
impedisse os mensageiros do rei por divina revelação; Elias mostrou o seu zelo
em promover a adoração ao Deus de Israel; ele tinha clareza e assertividade na
sentença, pois previu a morte do rei. Elias foi o profeta a quem Deus falou com
riqueza de detalhes para encontrar-se imediatamente com os mensageiros no
caminho de Ecrom e, assim, entregar uma mensagem que, humanamente falando,
seria impossível alguém conhecer com antecedência. Somente os mensageiros
sabiam da ordem do rei, mas o Espírito Santo, que sabe todas as coisas, ordenou
a Elias que interrompesse o desígnio equivocado do rei. Os mensageiros nem
chegaram a Ecrom. Eles voltaram no meio do caminho contrariando a ordem do rei
e obedecendo a Elias.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
Quando de uma séria queda, Acazias ignorou a
existência de Elias e enviou mensageiros que consultassem Baal-Zebube, em
Ecrom. Elias interceptou esses mensageiros com a solene advertência de que
Acazias não se recuperaria. Após diversas tentativas para capturar Elias,
tentativas essas que foram rechaçadas, o profeta foi conduzido diretamente à
presença do rei. Tal como fizera no caso de Acabe, seu pai, Elias advertiu
pessoalmente a Acazias de que o juízo divino lhe sobreviria, porquanto ele
prestara honras a deuses pagãos e ignorara o Deus de Israel. Talvez essa tenha
sido a última vez em que Elias compareceu a presença de um rei, porque não se
faz menção alguma de associações com Jorão, rei de Israel” (BENTHO, Esdras Costa & PLÁCIDO, Reginaldo
Leandro. Introdução ao Estudo do Antigo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2019, p. 252).
CONCLUSÃO
O reinado de Acazias foi marcado pela idolatria
e pela infidelidade para com Deus. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor ao
consultar outros deuses sobre o seu futuro (2 Rs 1.2). Era idólatra e infiel para com os mandamentos de Deus.
Elias foi o profeta que confrontou as transgressões de Acazias e por esse
motivo quase foi preso (2 Rs 1.9). Todavia, seguiu
em frente, cumpriu sua missão e honrou a Deus (2 Rs 1.10). – O
reinado de Acazias, que durou menos de dois anos, foi fortemente marcado pela
idolatria, como o dos seus antepassados também o foi, e Deus usou o profeta
Elias nesse episódio para advertir seriamente o rei pelo grave erro de não
apenas adorar uma falsa divindade, mas também de consultá-la por meio dos seus mensageiros
reais. Elias, usado por Deus, muda o curso da história e intervém na grande
apostasia do rei dando-lhe a sentença de morte. Além da idolatria, o reinado de
Acazias foi marcado pela revolta de Moabe, que havia sido um reino súdito de
Israel desde a época de Omri (2 Rs 1.1; 3.5), talvez se aproveitando da saúde
debilitada de Acazias, e pela desastrada tentativa de aliança marítima com
Josafá, rei de Judá (2 Cr 20.35,36).
REFERÊNCIAS
LIÇÕES BÍBLICAS. 3º
Trimestre 2021 - Lição 5. Rio de Janeiro: CPAD, 01, ago. 2021.
POMMERENING, Claiton Ivan. O
plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro:
CPAD, 2021.
STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo
Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica,
2010.
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