QUANTOS GANHAMOS E QUANTOS PERDEMOS
A
evangelização e discipulado estão muito associados, entretanto não falaremos de
evangelização, pois a Assembleia de Deus nestes 106 anos de atividade no Brasil
é campeã nesta área. Todavia, “porta de saída da igreja é mais larga que a
porta de entrada”, como denunciava o saudoso pastor Valdir Nunes Bícego, grande
estrategista em evangelismo. Os números e gráficos que ele mesmo elaborou são
provas dessa lastimável realidade.
Um deles
revela que de cada cem pessoas que aceitam Jesus como Salvador nas nossas
igrejas, somente cinco permanecem. Isso mesmo! Somente cinco. Não é de causar
espanto? Mas aonde foram os outros noventa e cinco? É claro que há exceções.
Queira o Senhor que a igreja onde você congrega seja uma dessas. Um dos nossos
objetivos aqui é buscar reverter esse quadro.
Aceitar o desafio para reverter esse quadro não é tarefa fácil, até porque
discipulado verdadeiro envolve a cruz de Cristo. Cruz é símbolo de incômodo,
peso, dificuldade, por isso ninguém deseja carregar uma. Até no bolso, se
houvesse essa modalidade de cruz, seria incômodo tê-la guardada. A menos que
fosse de isopor. Não se espante, mas há mais crentes carregando uma cruz de
isopor do que a cruz de Cristo. Cruz remete à renúncia, e renúncia é difícil.
Não é um tema popular, nem atrai multidões, como tema sobre prosperidade
material, por exemplo.
Esta palestra é um convite para todo discípulo do Senhor reavaliar seu
posicionamento sobre a questão do discipulado bíblico, ou seja, a
responsabilidade de ser e fazer discípulos, como foi ensinado na Grande
Comissão. Ao mesmo tempo está repleta de desafios.
1 O QUE É DISCIPULADO
É um mandamento: Poderíamos
também tratar a questão do discipulado como mandamento de Jesus. O verbo fazer
da Grande Comissão (“Fazer discípulos”) não está no modo imperativo? Logo, é
uma ordem. Discipulado também é um mandamento. Só pelo fato de argumento, uma vez que somos discípulos de Jesus. O bom discípulo sempre está disposto a obedecer seu Mestre, não é
verdade?
É um ministério. Não é um
dom de alguns privilegiados; é missão de todos.
Todo crente em particular pode desenvolver determinado trabalho para Deus
na igreja local ou na comunidade onde vive, porque a palavra ministrar
significa servir, mas a ordem de fazer discípulos foi proferida para todos os
chamados discípulos de Cristo. Você é um discípulo de Cristo? Então esta ordem
é para você.
Esse ministério consiste em conduzir pessoas a um compromisso total com
Deus
Porque é um mandamento de Jesus
O discipulado não é apenas mais uma estratégia: é a
estratégia que Jesus deu ao seu povo, para ser usada na divulgação do
evangelho.
1 - Ide por todo
mundo – Não é só esperar em nossas
igrejas e atividades que as pessoas venham. Devemos ir ao encontro das pessoas
onde quer que estejam, falando as grandezas de Deus, levando a mensagem de salvação
e desafiando as pessoas a colocarem sua confiança no nome do Salvador Jesus.
Mas há uma tarefa ainda maior por trás desse comissionamento de Jesus. Qual
2 - Fazei
discípulos – Nossa tarefa é discipular e
não apenas anunciar o Evangelho, ganhar almas para Cristo e trazer pessoas para
a Igreja. Temos percebido que “a grande comissão” tem se reduzido simplesmente
no ato de programar eventos evangelísticos para conseguir decisões por Cristo.
É a melhor maneira do crente se envolver na
obra de Deus
Quantos membros há na igreja? Quantos estão envolvidos ativamente na obra
do Senhor?
Medir a temperatura espiritual de uma pessoa não é tarefa nossa, somente o
Espírito Santo pode fazê-lo de maneira imparcial e correta. Mas para que você
tenha uma pálida ideia do total de cristãos comprometidos com Deus e com sua
obra, tente lembrar os seguintes passos:
- Quantos são alunos assíduos da escola dominical?
- Quantos são dizimistas fiéis?
- Quantos comparecem a reunião de oração?
- Quantos evangelizam com frequência nas praças públicas, hospitais, nos lares, prisões ou em outros lugares?
Por esse ângulo percebe-se que apenas uns 30%, talvez não chegue a 50%,
são aqueles que podem ser considerados cristãos ativos. Ou seja, aqueles
que estão sempre em busca de alcançar outros discípulos para o Senhor, e de
participar de todas as atividades da igreja local.
Estes cristãos são aqueles que fazem a diferença onde quer que estejam,
poderíamos também chamar de cristãos dinâmicos. Desta forma vamos entender no
decorrer desta palestra que não é possível ser um discípulo estéril, que não
produz frutos na sua vida cristã. Por esta razão, afirmamos que o trabalho de
discipulado envolve o crente mais intensamente na obra de Deus, tornando-o mais
dinâmico. (exemplo de Barnabé Atos 9:27
– irmão que estava com vergonha de morrer)
É a maneira mais eficiente do crente alcançar a
maturidade cristã (3 Jo 3-4)
A maturidade cristã nem sempre significa o tempo em que uma pessoa faz
parte de uma igreja. Muito menos o tempo em que foi batizada nas águas. Muito
mais que isso, maturidade cristã está relacionado com o crer, praticar e
ensinar a Palavra de Deus.
Portanto, quando o crente passa a ensinar a Palavra de Deus para outros
iniciantes na fé, ele terá, primeiramente, de praticar o que vai ensinar ao seu
discípulo. Essa prática o fará mais zeloso com o estudo sistemático da Bíblia,
para ter sempre o melhor para o seu discípulo. Ele terá, também, de zelar pelo
seu bom testemunho pessoal, caso contrário não terá sucesso no seu ensino.
Sem dúvida, essas ocupações farão com que esse crente seja dedicado e mais
maduro na obra de Deus.
“Então, disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser
vir após mim, negue a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me”. (Mateus
16.24)
Esse
convite foi uma advertência solene para uma reavaliação do preço do
discipulado. Com essa advertência, Jesus
não estava interessado em procurar homens e mulheres que lhe emprestassem
algumas noites por semana em um templo fechado, ou alguns anos depois de sua
aposentadoria, mas, alguém que estivesse disposto a:
- se identificar com Ele em tudo;
- dar continuidade ao trabalho que ele começou;
- fazer o mesmo processo que o Mestre fez com os doze discípulos.
A partir daquele momento, Jesus
intensificou o treinamento e apresentou quatro requisitos essenciais aos
interessados a ingressarem na sua Escola de Discipulado.
1º Requisito: DECISÃO VOLUNTÁRIA. “Se alguém quiser vir após mim” (Mt 16.24)
Esse requisito é indispensável.
Seguir a Cristo não pode ser encarado como obrigação. Observe que a primeira
expressão desse convite não foi em tom de exigência, como se fosse uma
intimação forçosa. Aliás, não dá para pensar em andar ao lado de uma pessoa
como se estivesse sendo forçada. Já pensou um casamento nessas circunstancias?
Já está fadado ao fracasso.
Para ser discípulo de Cristo é
necessário querer. E querer de todo o coração. Não está escrito que duas
pessoas não poderão andar juntas se não houver acordo entre elas (Am 3.3)? Ser
discípulo de Cristo é estar em completa comunhão com Ele. Observe as palavras “se” e “quiser”. Em todo o texto sagrado encontramos
esta conjunção condicional “se”, que
deixa a pessoa à vontade para decidir e ao mesmo tempo incentiva à tomada de
decisão.
Veja na sua Bíblia os textos seguintes: Jo 7.37; Ap 22.17; Is 55.1.
“E, no
último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se
alguém tem sede, venha a mim, e beba” (Jo 7.37).
“E o
Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve, diga: Vem! E quem tem sede, venha;
e quem quiser, tome de graça da água da vida” (Apocalipse 22:17).
“Ó vós,
todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde,
comprai, e comei; sim; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e
leite” (Is 55.1).
Acredito
que deu para perceber nestes textos lidos que existe uma situação para
acontecer, mas só haverá uma conclusão se houver iniciativa. Por exemplo:
existe uma fonte de águas, mas esta fonte só terá utilidade se a pessoa que
estiver com sede tiver a iniciativa de chegar até a fonte e beber dessa água.
Essa fonte não terá qualquer proveito se a pessoa ficar apenas olhando.
Continuará com sede. Portanto, o crente que segue a Cristo por tradição de
família ou por qualquer outro motivo ilegítimo, deve agora fazer a sua decisão
pessoal.
2º Requisito: DETERMINAÇÃO. “Jesus disse: Se alguém quiser
vir após mim, negue a si mesmo” (Mt 16.24).
Leiamos também em Lc 14.33:
“Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser
meu discípulo”.
Uma pessoa determinada é alguém
que sabe aonde quer chegar independente do que terá que enfrentar pelo caminho.
O atleta vencedor, o colecionador de medalhas e troféus é uma pessoa
determinada, porque soube ultrapassar todos os obstáculos. Esse atleta vencedor
teve que treinar e treinar muito, até superar todas as dificuldades. Esse
atleta teve de renunciar muitas outras opções de vida para chegar ao pódio.
Um nadador
russo, recordista mundial em medalhas de ouro nas olimpíadas de Seul, afirmou que
consegue superar a rotina exaustiva do treinamento porque na sua mente há um
medalha de ouro que o aguarda. Que maravilha se conseguíssemos transportar essa
ilustração para o nosso ministério, e manter sempre em mente que o Rei dos reis
nos aguarda com um lindo troféu.
Vamos tentar entender o que
significa renunciar, na área espiritual.
1. Significa não impor condições ou exigências
para seguir o Mestre. Leiamos em Mateus 4.19-22. Observe que, quando o Mestre
chamou alguns pescadores que trabalhavam à beira da praia, para que fossem
feitos pescadores de homens, eles não pensaram duas vezes. Observe as palavras logo
(verso 19) e imediatamente (verso 22).
Veja mais
outro texto em Gn 12.4, onde está descrita a chamada de Abrão. A primeira parte
do versículo diz: Partiu, pois Abraão como ordenara o Senhor. Você viu que
Abraão, o nosso pai na fé, partiu da sua terra, como o Senhor lhe dissera, ou
seja, da mesma maneira, sem questionar. Ele não impôs nenhuma condição ou
qualquer exigência para seguir a orientação do Senhor naquele novo caminho.
Vamos
imaginar que Abraão fosse um crente desconfiado. Daquele tipo que duvida de
tudo e de todos. Vamos imaginar, também, que Abraão tivesse exigido do Senhor o
seguinte: Tudo bem, Senhor, eu saio da minha terra, do meio dos meus parentes e
amigos, porém, primeiro, eu quero conhecer se essa terra é boa mesmo. E se não
der certo, como é que eu vou encarar os meus parentes? Tudo bem, Senhor, mas,...
eu quero garantia. Será que, se essa tivesse sido a atitude desse gigante
espiritual, leríamos alguma coisa mais a respeito dele no capitulo dos heróis
da fé, em Hebreus? Leia mais Hebreus 11.8-11. O que é que lemos a respeito de
Tomé depois do episódio descrito por João no capitulo 20, versos 25 a 29?
Então, renúncia significa não impor condições ou qualquer exigência para seguir
o Mestre. É confiar totalmente. Como você gostaria de ser lembrado? Como
Abraão, o amigo de Deus, Noé, o pregoeiro da justiça, ou Tomé, o incrédulo?
2. Esquecer os seus interesses em favor dos
outros. A Tradução na Linguagem de Hoje (TLH), apresenta esse
texto de maneira interessante: Se alguém quer me seguir, esqueça os seus
próprios interesses, carregue a sua cruz e me acompanhe. Leia, agora, os
seguintes textos: I Co 10.24,33: Fl 2.4,5: Rm 15.1,2.
Você
concorda que estas mensagens foram escritas somente para a época em que viveu o
apostolo Paulo ou, também, pode ser praticado nos nossos dias atuais? Tenho
certeza que você escolheu a segunda alternativa. Mas, deixe-me arriscar uma
outra questão: na sociedade em que vivemos, cheia de corrupção, onde os
interesses pessoais falam mais alto, onde a busca pelo enriquecimento é cada
vez mais forte, onde as pessoas só são valorizadas se tiverem algo que oferecer
em troca, etc.: sim, nesta sociedade é possível praticar tais ensinamentos dos
apóstolos?
Muito bem.
Esquecer seu interesse soa muito forte. Então vamos tentar suavizar. Vamos
substituir esta expressão por “abrir mão dos seus interesses”.
Dessa forma
fica mais prático entender o texto de Filipenses 2.4-11. Note a expressão “[...]
não teve por usurpação ser igual a Deus.” A palavra “usurpação” não quer dizer
que Cristo abriu mão da sua divindade, mas sim, que Ele abriu mão das suas
horárias como Filho de Deus, para tornar-se homem, a fim de ser o nosso
Salvador. Isso não é maravilhoso?
Voltemos
mais uma vez para outro exemplo de vida do nosso pai na fé, Abraão. Leia Gn 13.7-13.
Como está escrito no texto lido, havia contendas entre os pastores de Abraão e
Ló. Para que esse problema fosse solucionado, Abraão sugeriu que Ló escolhesse
o melhor lugar daquela terra para viver com as suas fazendas. Ló não perdeu
tempo, escolheu a melhor parte, onde seus rebanhos teriam condições de produzir
mais. Quem deveria escolher as melhores terras seria Abraão, porque fora ele
que havia sido chamado por Deus e não Ló: Abraão era o responsável pela
expedição, além do mais, ele era o tio e, naquela sociedade em que viviam, ele
merecia maior respeito, por ser o mais idoso. Todavia o que vemos é exatamente
o contrário: Abraão abre mão dos seus interesses em favor de seu sobrinho.
Mas não
ficou só nisso. Depois que Ló escolheu sua área de terra e partiu, o Senhor
chamou o patriarca e mostrou-lhe uma nova dimensão de sua chamada. Veja os
versos 14-17: “E disse o Senhor a Abrão,
depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos e olha desde o lugar
onde estás, para a banda do norte, e do sul, e o oriente, e do ocidente; porque
toda esta terra que vês te hei de dar a ti e à tua semente, para sempre. E
farei a tua semente como o pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar
o pó da terra, também a tua semente será contada. Levanta-te, percorre essa
terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a ti a darei.”
O Senhor,
então:
- ampliou-lhe a visão,
- mostrou-lhe uma nova perspectiva na sua caminhada e
- mostrou-lhe o quanto seria abençoado.
Sim, depois
que ele abriu mão de seus próprios interesses. Isto é renúncia. Isto é
discipulado.
Observe bem
como as coisas de Deus são coerentes: Quando eu abro mão de meus interesses em
favor dos interesses do meu irmão e esse irmão abre mão dos seus interesses a
meu favor, aí as coisas se completam. Então surge a grave questão: E se esse
irmão não fizer a sua parte? Nesse caso, a melhor resposta é a que está escrita
em Hebreus 6.10. Deus não é injusto. Se o irmão falhar, o nosso Deus não falha!
3. Renúncia também significa submissão. Isto é,
abrir mão dos seus conceitos e submeter-se aos conceitos de Cristo.
Se um
discípulo sabe o que o seu Mestre quer e não o faz, então ele põe em dúvida sua
submissão. Em outras palavras, significa que o “eu” reina mais forte e não Jesus.
É necessário colocar Jesus no verdadeiro lugar, que é o seu e o meu coração.
Concorda?
O pronome “eu”,
na Bíblia, constantemente, é símbolo de insubmissão, de vontade própria, até
mesmo enfatiza os desejos da carne.
Em Gálatas
5.24 está escrito que “Os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas
paixões e concupiscências.” Logo, Cristo não pode ser o Senhor da minha vida,
enquanto o “eu” estiver no trono. Para que Cristo esteja no controle, o eu
precisa morrer. E “morrer”, aqui, significa renunciar.
Em síntese,
o discípulo de Cristo deveria, sempre, estar pronto a renunciar a tudo o que
tem, tudo o que é, tudo o que pensa e tudo o que gostaria de ser.
Como
explicado em Lucas 14.33, renunciar a tudo o que tem não significa que não
podemos possuir bens materiais, mas, sim, que não podemos deixar que esses bens
nos possuam. (o povo de Israel saiu do Egito, mas o Egito não saiu deles). E
quanto a renunciar a tudo o que gostaria de ser, o discípulo, em vez de
planejar o seu próprio futuro, é chamado para seguir com total abandono, crendo
que o Senhor garantirá cada passo do seu caminhar.
Você crê
que o Senhor é fiel (2Tm 2.11-13) e que pode garantir o melhor do seu futuro,
como fez com Abraão? Com isto não queremos dizer que é pecado planejar o seu
futuro...
Cranfield
disse: “Negar a si mesmo é repudiar não apenas os seus pecados, mas o seu eu. É
dar as costas à idolatria do egocentrismo.”
4. Renúncia também é símbolo de
desprendimento. Conta-se que dois marinheiros estrangeiros ao chegarem ao
Rio de Janeiro, desejaram conhecer melhor a Cidade Maravilhosa. Desembarcaram no
Píer da Praça Mauá e caminharam durante toda a tarde, quando, também,
aproveitaram para ingerir alguma bebida alcoólica. Já tarde da noite, alegres
por conhecerem a linda cidade, e tontos, com o efeito da bebida, embarcaram na
barquinha que os levaria de volta ao navio ancorado na Baía da Guanabara,
Remaram todo o resto da noite. Quando o dia já estava clareando, um dos
marinheiros percebeu que eles não haviam saído do lugar. É que eles esqueceram
de desamarrar a barquinha. Você já observou que há crentes que não conseguem
prosperar na vida espiritual? Que estão sempre como se fossem novos
convertidos? Talvez alguma coisa esteja atrapalhando esse crescimento. Quem
sabe, algum compromisso com o mundo, negócios ilícitos, relacionamentos com
pessoas suspeitas, que não professam o nome do Senhor, etc. E com você? Como
está o progresso da sua vida espiritual? Há, porventura, alguma coisa que está
atravancando o seu caminhar? Se algo incomoda a sua consciência, que tal
renunciar agora mesmo:
Solta o
cabo da nau! Toma os remos nas mãos e navega com fé em Jesus! E, então, tu
verás que bonança se faz. Pois, com Ele, seguro será. (HC, nº 467)
Se esse não
é o seu caso, interceda por alguém conhecido que passa por algum problema nessa
área.
5. O significado da renúncia no cristianismo
modernista. Até aqui, creio que deu para se perceber porque o
discipulado verdadeiro faz reduzir e muito as fileiras do discipulado. No mundo
moderno, o cristianismo parece que é entendido mais como uma fuga do inferno e
uma garantia do céu.
6. Cristo é o nosso exemplo de renúncia. Não
somente nesta questão de renúncia, mas em todas as áreas, Cristo é nosso
exemplo especial. E não poderia ser diferente. Quando falou em renúncia, Ele
sabia muito bem o que estava afirmando.
Ele sendo
rico, tornou-se pobre (2 Co 8.9); Sendo Rei, se fez servo; Sendo Deus, se fez
homem (Fl 2.7,8)... Foi sujeito aos seus pais (Lc 2.51); recusou as honrarias
dos homens (Jo 5.41; 6.15).
Porque Ele
fez tudo isso? Porque Ele tinha um objetivo. Ele queria se identificar com as
pessoas que desejava alcançar
3º Requisito: CONSCIÊNCIA. “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se
alguém quer vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e
siga-me” (Mt 16.24).
Os
discípulos de Jesus sabiam muito bem o que isto significava. Naquela época era
comum presenciar-se uma cena de alguém carregando uma cruz. Todos sabiam que
aquela pessoa havia sido julgada por algum crime cometido e condenada à pena
máxima. O condenado era exposto à vergonha e ao desprezo público. Geralmente
atiravam pedras, batiam-lhe com varas e cuspiam-lhe na face. Os escritores
contemporâneos descrevem a crucificação como a forma mais humilhante de morrer.
Era a mesma coisa que alguém ser encaminhado para a cadeira elétrica. Era morte
certa.
O discípulo
de Cristo assume as consequências da sua decisão, conscientemente. Essa cruz
não significa problemas de ordens materiais como doenças, desemprego, cônjuges
ou filhos problemáticos.
Quando
Jesus falou sobre os sofrimentos pelos quais teria que passar e, por fim, a
morte, Pedro não entendeu. Tentou convencê-lo a mudar de ideia. Foi nessa hora
que Satanás o usou visando sucesso. Note bem: Pedro era o grande líder do grupo
dos doze. Era ele que sempre tomava todas as iniciativas. Lembra da declaração
que ele fez a respeito de Jesus Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt
16.16)? Jesus disse que foi o próprio Deus que colocara aquelas palavras em sua
boca. Mas alguns minutos depois, ao tentar fazer com que Jesus desistisse da
cruz (Mt 16.22), o que foi que aconteceu? Já não era mais Deus falando, e sim,
satanás!
O que foi
que Jesus respondeu a Pedro no versículo 23? Arreda-te Satanás, tu és para mim
pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, mas dos homens.
Então, não
são poucas as vezes que um discípulo vê-se assediado a retroceder, tendo como
protagonista uma pessoa amiga. Pedro se auto-proclamava o melhor amigo de
Jesus.
1. Comparações com a cruz do contexto. O
criminoso romano carregava a sua cruz até o lugar da sua execução. O discípulo
carrega a sua cruz, renúncia de si mesmo. Para servir unicamente a Cristo,
mesmo até a morte. Assim como a morte na cruz é horrível e causa enormes
sofrimentos, o discípulo de Cristo não está isento de tais sofrimentos, até
mesmo da morte, como os apóstolos que foram martirizados por causa da sua fé!
Assim como o condenado à morte de cruz não podia ocultá-la, pois era obrigado a
transportá-la publicamente às costas, assim também o discípulo não pode ocultar
a sua identidade. Há, entretanto, muitos crentes sem a cruz de Cristo! Observe
bem a seguinte declaração: Os evangelistas modernos caem na armadilha de pintar
o discipulado cristão como algo fácil e potencialmente provocativo de
prosperidade terrena, como meio comum de se evitar os problemas humanos comuns.
Não é verdade, diz o evangelho. Queres seguir a Jesus? Então o caminho a seguir
é a cruz! Você tem sido humilhado por
ser um crente em Jesus Cristo? Aqueles que se diziam seus amigos o abandonaram
e, agora, escarnecem de você? Por vezes você tem sido tratado com indiferença,
como se fosse a escória da sociedade? Então louve a Deus! Essas coisas são
sinais da cruz de Cristo em sua vida.
2. O que significa a cruz de Cristo. Tomar a
cruz significa dedicação total, consagração em profundidade. Significa viver
para Deus. Parece que em toda a Bíblia não vemos alguém tão dedicado, tão
consagrado, alguém com tanta vontade de amar e servir a Deus e à sua obra como
o apóstolo Paulo. É possível que até hoje ainda não tenha surgido uma pessoa
com nível espiritual tão elevado. Das qualidades e realizações desse apóstolo
sabemos que ele foi o maior escritor da Bíblia, o maior missionário, o apóstolo
que mais plantou igrejas, que treinou líderes, que doutrinou igrejas, que nos
presenteou as mais belas declarações teológicas a respeito da pessoa de Cristo,
do Espírito Santo, do próprio Deus Pai, além de tantas outras doutrinas. Sua
sabedoria foi tão notória que outros apóstolos reconheceram como vindas
diretamente de Deus, 2 Pe 3.15,16.
Veja o que
ele disse a respeito da cruz de Cristo em Gl 2.20: “Logo já não sou eu que
vive, mas Cristo vive em mim. Esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé
no Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim”.
Por essa
razão ele possuía autoridade de sobra para nos estimular à consagração em
profundidade, como a mensagem de Rm 12.1,2
Esse homem
parecia-se tanto com Cristo que, nesse versículo, não dá para perceber se era o
homem Paulo mesmo, ou era o próprio Cristo que vivia através dele. Dessa forma,
era Cristo que curava através de Paulo, que salvava através dele, que operava
milagres extraordinários por ele, que amava, que exortava, que consolava, etc.,
tudo através de Paulo, como se fosse o próprio Cristo.
É claro que
não dispomos de espaço para comentar mais em termos teológicos essa passagem,
mas, em termos devocionais, isto significa viver totalmente para Deus.
Nos dias
atuais será que é possível manter uma comunhão tão próxima de Deus como esta de
Paulo?
Foi o
professor de Escola Dominical, Edward Kimbal, que falou para seus alunos certa
vez o seguinte: “Este mundo ainda estar para ver um homem usado por Deus na sua
geração.” Sem meditar para refletir e sabendo que esta mensagem era um desafio,
o jovem respondeu: “Eu serei esse homem”. E foi mesmo. Este aluno era Dwight L.
Moody. Todavia, somos constantemente
influenciados a satisfazer nossos orgulhos, desejos e vontades. Assim que,
quando ouvimos expressões como: tome a sua cruz, apresente o seu corpo em
sacrifício vivo ou nada façais por partidarismo ou vanglória, a nossa tendência
é recuar. O homem natural não entende essas coisas, 1Co 1.18 e 2.14.
3. O Caminho da cruz representa a vontade de
Deus. Voltemos ao Getsêmani, o jardim onde Jesus sofreu a
terrível agonia da cruz. Por três vezes ele orou tão intensamente, com tamanha
aflição, que o seu suor tornou-se em gotas de sangue, (Lc 22.44). O insistente
pedido de Jesus era que o Pai não permitisse que ele sofresse as agruras da
cruz. Depois de tanto sofrimento, Jesus viu que só havia uma solução, que foi
render-se à vontade de Deus. Pai, seja feita a tua vontade , Mt 26.42.
Jesus
mostrou que, embora sendo filho de Deus, essa vontade teria de ser cumprida. Os
seus discípulos precisam andar no mesmo caminho.
4. A cruz também é símbolo de bênção. Jesus
disse aos seus discípulos que eles poderiam passar por aflições neste mundo,
mas a vitória seria certa: “[...] no mundo tereis aflições, mas tende bom
ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33)
O
discipulado verdadeiro pode ter seu custo elevado, mas o final sempre será
feliz.
Não da
maneira que os filhos de Zebedeu queriam, pois almejavam lugares de destaque no
reino, Jesus falou: “Entre vós não será assim...” (Mc 10.44)
5. A batalha de cada dia. Em Lc
9.23 diz: “Se alguém que vir após mim, negue a si mesmo, tome sua cruz de cada
dia, e siga-me.”
Você
observou que Lucas acrescenta a expressão cada dia. Isto traz a cruz do passado
para a existência contemporânea. Não simboliza somente a morte de Cristo, mas
também um modo de vida o oferecimento diário do seu eu à vontade de Deus.
Você já
imaginou se tivéssemos que tomar banho somente uma vez na semana? Em alguns
países onde o frio é muito intenso, esse costume é até comum. Mas para o nosso
clima tropical, esse costume não é nada agradável. É difícil estar próximo de
alguém nessas condições, não é? Se a higiene corporal não for feita
diariamente, assim como, também, a alimentação, o descanso, etc., problemas de
ordem física e espiritual se aproximam. Cada dia, portanto, enfatiza a dinâmica
da vida cristã, ou seja, o discipulado cristão exige uma ação continua,
ininterrupta.
A colheita
do maná é um símbolo vivo da renovação diária que deve haver na vida do
discípulo. Leia Êxodo 16.4. Então disse o Senhor a Moisés: “Eis que vos farei
chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção para cada
dia, para que eu veja se anda na minha lei ou não.”
Então, o
maná só servia para o mesmo dia, com exceção de sexta-feira. Se sobrasse,
ficava estragado. O senhor ficava aborrecido quando alguém colhia demais.
Compare Ex 16.20 com 16.28. Isso significa que as bênçãos adquiridas no passado
servem, apenas, para edificação e estímulo para a busca constante de novas
bênçãos nas fontes inesgotáveis de Deus. Ele tem muitas e muitas bênçãos para
nos presentear todos os dias. Por que, pois, viver só em função de bênçãos do
passado?
4º Requisito: DISPOSIÇÃO PARA O TRABALHO. O quarto
requisito essencial aos interessados a ingressarem na Escola de Discipulado de
Jesus é a disposição para o trabalho. “E
dizia a todos; Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada
dia a sua cruz, e siga-me.” (Lc 9.23).
O
Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento apresenta a palavra
grega akolouthéo para explicar o temo
seguir: “Indica a ação de um homem que responde à chamada de Jesus, cuja vida
recebe novas diretrizes em obediência.”
O mesmo
dicionário continua afirmando que no grego clássico, seguir significa “ir para
algum lugar com outra pessoa.” No judaísmo, esta palavra estava ligada
diretamente ao relacionamento entre um aluno do Torá e o rabino (professor). O
aluno subordinava-se a este rabino, seguia-o em todo o lugar por onde este
andasse, aprendendo dele e servindo-o. No grego do Novo Testamento, em regra
geral, sempre indica o início do discipulado.
1. Maneiras impróprias de Seguir a Jesus.
·
Movido por alguma influência externa: a multidão queria
cura, ser alimentados, etc.
·
Algumas pessoas seguiram a Jesus porque descobriram que
necessitavam dele (Mc 2.15)
·
Seguir de longe (Mt 26.58). Motivos: vergonha de
identificar-se com sua pessoa, sua obra e seus ensinos.
·
Seguir com medo (Mc 10.32; Jo 7.13; 12.42). Medo de perder
amigos, ou privilégios na área financeira ou na sociedade.
·
Ocultamente (Jo 19.38).
·
Por conveniências pessoais, ou por interesses financeiros
(At 8.18-20)
·
Seguir por tradição familiar.
2. É preciso calcular o preço para seguir a
Jesus. Leia a parábola descrita em Lucas 14.27-33 que fala sobre
a questão das disponibilidades em seguir o Mestre.
Entenda,
quem deve, mesmo, fazer o cálculo? A primeira ilustração é relacionada com a
construção de uma torre e a outra com táticas de guerras. Ambas envolvem avaliação
de altos custos. Mas Jesus não diz que nós é que devemos fazer o cálculo dos
custos.
O cálculo é
feito pelo engenheiro responsável pela construção e pelo rei empenhado na
batalha. Não são os pedreiros nem os soldados.
Quando
Jesus referia-se aos cálculos dos empreendimentos, ele estava pensando em si
mesmo. Ele já possuía os cálculos da construção do edifício e da batalha.
Por que as
exigências são tão rígidas e os custos elevados? _Porque os operários terão que
ser altamente treinados, qualificados, dedicados à obra. _Os soldados terão que
ser capacitados, bem armados e corajosos.
É preciso
atentar para o detalhe que, ao falar sobre os custos, Jesus não estava
insinuando o temor ao fracasso. Jesus sempre estimulou os seus discípulos a
superarem esse tipo de temor. Alguém disse o seguinte: “Se alguém temer o
fracasso é provável que consiga isso mesmo.”
3. Envolve sacrifícios. Os
primeiros discípulos deixaram bens e ocupações, Lc 5.11; Mt 4.20.
É claro
que, nem sempre, significa abandonar empregos, mudar de profissão ou doar os
bens. Zaqueu quis doar parte dos seus bens quando se tornou discípulo, porque
foram adquiridos ilicitamente.
4. Privilégios em seguir a Jesus (Mt
19.27-29)
·
Quem segue a Jesus, anda na luz (Jo 8.12).
·
Quem segue a Jesus receberá honra de ficar ao seu lado e
ser honrado pelo Pai (Jo 12.26).
·
Quem segue a Jesus tem a bênção de receber orientação pela
voz do Supremo Pastor (Jo 10.4).
·
Quem segue a Jesus tem a honra de ser conhecido por Ele (Jo
10.27).
·
Quem segue a Jesus será amado de Deus (Jo 14.21).
5. Seguir a Cristo não pode haver retrocesso, (Lc 9.62).
Como um pára-quedista depois de lançado, não pode mais retornar para o avião!
Três tipos de discípulos:
O discípulo inconsequente (Lc
9.57,58). Ele ofereceu-se espontaneamente. Atitude louvável! Decidiu
irrefletidamente, sem avaliar as consequências. A resposta dura de Jesus não
visava desanima-lo, mas instruí-lo. Pois a sua atitude demonstrava que ele não
conhecia: a si próprio, o Senhor e a extensão do discipulado.
Ele ouviu a pregação de Jesus e ficou sensibilizado com os seus
ensinamentos. Mas os sentimentos humanos são muitos instáveis. Geralmente duram
só um momento. Quando chega a razão, eles desaparecem (Jr 17.9; Ec 9.3)
O discípulo Soft (Lc
9.59,60). Soft, em inglês quer dizer: suave, brando, cortês. É o famoso
“devagar” da gíria popular.
É válido lembrar a declaração de um bom servo de Deus que disse: “Quando
alguém cuida bem dos interesses de Deus; Deus cuidará bem dos nossos
interesses”.
O Discípulo indeciso (Lc
9.61,62). O ato de despedida pelo suposto discípulo foi visto pelo Senhor não
como simples cortesia, mas como uma atitude de demora. E a missão que Jesus
estava oferecendo era urgente e ainda é.
O amor do discípulo à família, (Mt
10.37) Lucas usa um termo ainda mais forte para chamar atenção daqueles que
desejam ser discípulos de Cristo. Leia Lucas 14.26: “Se alguém vier a mim e não deixar a seu pai, e mãe, e mulher, e
filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo.” Jesus disse que não é necessário abandonar os familiares para
segui-lo, mas se estes forem um impedimento para o crente servi-lo livremente
deve-se dar a prioridade a Cristo.
Entenda bem
esta expressão. Longe de ser considerado uma incoerência bíblica, a prática,
entretanto, revela que aqueles que amam a Cristo nesse nível, são os que mais
amam os seus pais.
Cristo,
também, não está se voltando contra o lar e suas relações familiares, porque
ele mesmo instituiu a família, mas mostra que há uma relação ainda mais
elevada, isto é, a relação espiritual com Deus. O amor a Cristo dever ser
superior até mesmo ao da família. Aquele que não tem tal amor não sofrerá
oposição por parte da família ao querer tornar-se discípulo. Nesse caso a
influência familiar colocaria fim ao discípulo.
Nova família. Cristo é nosso irmão mais
velho, porque somos co-herdeiros; Deus é nosso Pai; os demais discípulos são
nossos irmãos; nessa família os laços são eternos. Nesse caso se for preciso
negar a um pai, é melhor negar o pai terrestre do que o Pai celeste; se for
preciso negar a um irmão, é melhor negar a um irmão terrestre do que a Cristo,
o irmão celeste. Se for preciso escolher entre um noivo terrestre e o Noivo
celeste (Cristo), é perfeitamente claro que o discípulo autêntico só pode
preferir a Cristo. (Citado por Russel N. Champlin, em O Novo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo)
5 QUEM PODE DISCIPULAR?
“O que era desde o princípio, o
que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as
nossas mãos tocaram da Palavra da vida (Porque a vida foi manifestada, e nós a
vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o
Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para
que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu
Filho Jesus Cristo.” (Jo 1.1-3)
Aquele que entendeu o
significado da Grande Comissão
A ordem do Senhor aos seus discípulos, ou àqueles que levam a questão do
discipulado a sério, foi a de fazer discípulo de todas as nações. Além de entender o
significado da Grande Comissão, o discípulo precisa, de igual modo, sentir-se participante
dela.
Ainda nos dias
atuais, algumas pessoas pensam que a ordem de “fazer discípulos” foi endereçada
somente a um grupo especial, como aqueles que exercem alguma função no
ministério, como evangelistas, pastores ou missionários. Absolutamente não.
Não basta apenas
estar ciente da mensagem. Entender aqui significa obedecer.
Se você diz que
entendeu o significado da Grande Comissão, mas não “move uma palha” no sentido
de torná-la prática, então você ainda está em desobediência. Não dá
para discordar, não é?
Então, o que fazer?
Se esta pergunta
reflete o gemido de sua alma, observe:
Você está cansado de
saber que o trabalho de evangelismo, discipulado, missões e outros ministérios
semelhantes só podem ser bem-sucedidos se forem feitos em equipe. O maior
dos apóstolos conhecia bem a prática do trabalho em equipe. Ele disse
que um planta, outro colhe e Deus dá o crescimento (1 Co 3.6-9). Veja bem o
lado humano e o lado divino nessa questão. O natural e o sobrenatural. O homem
tem de plantar e colher, mas não pode fazer a semente germinar, crescer e
produzir frutos. Esse é o trabalho divino. Só Ele pode fazer isso.
Bem, precisamos
fazer nossa parte: plantar e colher, certo? Paulo disse que ele plantou e Apolo
regou (1 Co 3.6). O evangelista não pode fazer tudo sozinho. Muito menos o
missionário.
Aí é que entra o
trabalho de base, o trabalho de equipe. É verdade que nem todos têm a mesma
chamada no Corpo de Cristo, como também cada órgão no corpo humano tem sua
própria função, e nenhum deles funciona sem a cooperação de outro,
isoladamente. Em termos gerais, na área da Grande Comissão funciona da mesma
maneira: o evangelista ou missionário vai, planta (a igreja) e o pastor vai
depois para solidificar o trabalho com ensino sistemático, para produzir o aperfeiçoamento
dos santos (Ef 4.12). Só que o evangelista ou o missionário não podem “ir” sem
que haja a cooperação da igreja local.
Quem
não recebeu (ainda) a chamada para algum ministério de liderança, pode começar
fornecendo condições para aquele que está liderando. Até uma Bíblia que seja
oferecida para o ministério de discipulado já é uma boa cooperação. É claro que
este exemplo é muito simples. Muito mínimo.
Paulo
disse que tanto o que planta, como o que colhe não devem se vangloriar (1 Co
3.7), mas a glória pertence ao Senhor, que produz o crescimento.
O
apóstolo Paulo afirmou ainda que, tanto um como o outro receberão o justo
galardão das mãos do justo juiz (2 Tm 4.8). Esse juiz não se engana nem pode
ser subornado sob qualquer pretexto. Quem ofertou apenas uma Bíblia usada, sem
qualquer sombra de dúvida, receberá o galardão equivalente a uma Bíblia usada.
Lembra da história que minha avó contava sobre a irmãzinha e o grande líder?
Pois bem, é por aí.
Vamos
recapitular: Você entendeu mesmo o significado da Grande Comissão?
Está
disposto a começar? Cooperar? Nós somos cooperadores de Deus, lembra de 1
Coríntios 3.9? Então, vai nessa força!
Aquele que aprendeu a ser
discípulo
Somente
depois do reencontro de Jesus com Pedro, após a ressurreição, é que ele conseguiu
pregar o maior sermão da história da Igreja. Até então, Pedro não havia
experimentado uma renovação autêntica. Podia ser considerado um bom crente, mas
não um bom discípulo. Suas atitudes demonstravam que ele era apenas um homem
comum. Isso fica bem claro no reencontro que teve com o Mestre às margens do
mar da Galiléia (Jo 21.15-17). Ele declara, por duas vezes seguidas, que
considerava Jesus apenas como um bom companheiro, mas não o considerava um
amigo verdadeiro, daquele tipo que é “mais chegado que um irmão” (Pv 18.24).
Veja
o que Pedro disse alguns anos mais tarde quando, de fato, aprendeu a ser um
verdadeiro discípulo: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo, segundo fábulas artificialmente compostas, mas nós
mesmos vimos a sua majestade” (2 Pe 1.16). O apóstolo está afirmando que os
seus ensinos não foram baseados em contos de fadas, mas que os seus próprios
olhos viram a glória de Cristo. Há uma grande diferença, não há?
Outro
que deu um testemunho prático do seu discipulado foi João, o apóstolo do amor.
Leia em 1 João 1.1-3. Ele afirma que os seus ensinos foram baseados no que ele
mesmo viu e ouviu. E ainda mais, as suas próprias mãos perceberam a presença do
Filho de Deus.
Observe
o nível de conhecimento de João em relação ao seu Mestre (1 Jo 1.1-3):
• “O que vimos, com
os nossos olhos”,
• “O que temos
contemplado”,
• “E as nossas mãos
tocaram da Palavra da vida”,
• “O que vimos e
ouvimos, isso vos anunciamos”.
Permita-me
mencionar outro personagem que merece nossa consideração. Jó era o homem mais
justo da terra na sua época. O próprio Deus dava testemunho a seu respeito (Jó
1.8). Era o juiz da sua cidade; um homem de bem e piedoso. Lendo o livro que
leva seu nome, observamos as palavras poéticas que ele menciona a respeito da
criação e do Criador. Porém, tudo o que ele sabia a respeito de Deus era
baseado nas informações de outros. A sua experiência com o Criador era muito
limitada. Suas próprias palavras é que afirmam isto: “... falei do que não entendia;
coisas que para mim eram maravilhosíssimas, e que eu não compreendia” (Jó
42.3).
Mas
depois de toda daquela provação por que passou, ele teve uma nova visão a
respeito de Deus. A dimensão de sua vida devocional foi ampliada 100%. Compare
a conclusão do versículo 3: “Mas agora te veem os meus olhos” (Jó 42.5).
Desses
exemplos, concluímos o seguinte:
• Só podemos testemunhar com êxito o que temos certeza, baseado na nossa
própria experiência e não na experiência alheia.
• Para ter sucesso
no discipulado é necessário conhecer bem o Mestre dos mestres.
• Podemos ser até bons ensinadores, mas sem uma experiência viva é
provável que nossa mensagem seja igual a comida sem sal.
6 QUALIDADES QUE O DISCIPULADOR
PRECISA CULTIVAR
“Porque não me envergonho do evangelho
de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê,
primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.16)
Confiança no poder do Evangelho
Se o
discipulador não acreditar completamente que o Evangelho é o poder de Deus para
transformar o mais miserável pecador em uma nova criatura, ele terá pouco
sucesso no seu trabalho.
Ele
terá de procurar as pessoas boas ou razoavelmente boas para evangelizar e
discipular.
Vale
à pena lembrar alguns exemplos deixados pelo próprio Senhor.
• Quem era Zaqueu?
Era
um cobrador de impostos, certo?
Ele
não era santo, porque as pessoas que o conheciam criticaram Jesus por entrar na
casa dele (Lc 19.7); além disso, ao se converter disse que restituiria quatro
vezes mais se houvesse defraudado alguém. Logo, fica entendido que alguns
impostos não foram creditados aos cofres públicos, mas, certamente, foram parar
em algum paraíso fiscal. Ainda bem que as famosas ilhas Cayman não eram
conhecidas na época.
• Qual era a característica da centésima ovelha que se perdeu, na
parábola (Lc 15.1-7)?
• E o
filho pródigo (Lc 15.11-32)?
As
características desse filho pródigo, conforme contado pelo próprio Jesus,
demonstram que ele passou pelos seguintes estágios:
•
Mendicância
•
Alcoolismo
•
Prostituição
Quais
foram as atitudes de Deus Pai (simbolizado pelo pai do filho pródigo)?
•
Saudade
•
Amor
• Pressa em receber o filho perdido (Lc 15.20). (É a única vez na
Bíblia em que Deus, o Todo-Poderoso, se apresenta correndo. Correndo para
receber um pecador que retorna à sua casa.) Isso não é comovente?
Outro
bom exemplo que bem retrata o poder do Evangelho é a cura e salvação do
endemoninhado gadareno (Lc 8.26-39).
Quem
era ele antes de conhecer Jesus?
Como
ele ficou após o encontro com Jesus?
“E
saíram a ver o que tinha acontecido e vieram ter com Jesus. Acharam, então, o
homem de quem haviam saído os demônios, vestido e em seu juízo, assentado aos
pés de Jesus; e temeram” (Lc 8.35).
Observe
as palavras “vestido e em seu juízo, assentado aos pés de Jesus”.
Isto
não é maravilhoso?
Somente
o poder do Evangelho faz isso!
Você
precisa de um bom exemplo no Antigo Testamento?
Você
já ouviu falar do rei Manassés?
Leia
a história desse rei para saber mais detalhes sobre as maldades que ele
cometeu. Para ter uma ideia, até seu próprio filho queimou no fogo em
sacrifício aos deuses cananeus (2 Cr 33.1-10).
Mas o
que aconteceu quando ele se arrependeu e buscou o Senhor (2 Cr 33.12,13)?
Sim.
O Evangelho transforma e o Senhor é grande em misericórdia!
Quem
sabe aqui tenha alguém que já foi um grande pecador no passado, mas agora foi
alcançado pela infinita graça de Deus!
Dedicação e Perseverança
O
trabalho de discipulado pode ser comparado com o trabalho de um agricultor.
O bom
agricultor sabe que a semente plantada pela manhã não vai dar frutos na tarde
do mesmo dia.
Observe
o trabalho que deve ser feito para se obter uma boa colheita:
•
Escolha e seleção das sementes
• Escolha do terreno
• Preparação do
terreno
• Adubagem
• Plantação
• Irrigação
(trabalho diário –– às vezes tem de ser feito duas vezes ao dia)
• Podadura
(desbastar os galhos)
• Colheita e seleção
dos frutos, etc.
Já percebeu por que são poucos os discipuladores?
Sem
dedicação e perseverança não há boa colheita.
Lembra
o que aconteceu com a plantação de um homem que semeou boa semente no seu campo
e depois foi dormir (Mt 13.24-30)?
O
inimigo veio à noite e semeou o joio no meio do trigo.
Por
quê?
Não
houve dedicação, muito menos perseverança.
Fé
• Creia na atuação
do Espírito Santo.
• Creia na
transformação do pecador.
• Creia no poder de
Deus.
• Creia no seu
próprio trabalho.
• Creia que Deus irá
usá-lo poderosamente.
• Creia que a
semente lançada irá germinar. A Palavra de Deus, uma vez proferida, não voltará
vazia (Is 55.11).
Total Dependência do Espírito Santo
Jesus
dependeu do Espírito Santo. Os discípulos dependeram do Espírito Santo. Todo
bom discipulador deve depender do Espírito Santo.
O
discipulador precisa acreditar que o Espírito Santo é quem irá convencer o
pecador e ajudá-lo no seu crescimento espiritual, através do seu trabalho.
O
Espírito Santo é o maior interessado no sucesso desse trabalho.
7 RECOMENDAÇÕES AOS
DISCIPULADORES
“A quem anunciamos, admoestando
a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que
apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo.” (Cl 1.28)
O discipulador precisa prevenir-se de algumas atitudes que, talvez,
involuntariamente, podem causar uma série de embaraços no desempenho do novo
discípulo. Ainda que sejam feitas com toda a boa vontade do mundo, se não
estiverem moldadas nos padrões bíblicos prejudicarão o discípulo e,
consequentemente, o discipulador.
Zelo em Excesso
O que
Jesus mais criticou nos religiosos da sua época era exatamente o excesso, ou
seja, tudo o que ultrapassava o permitido, o legal, o normal.
Se
uma senhora cuida de seu filho adolescente, da mesma maneira que cuidava quando
este ainda era um bebê, isto é, chamado de excesso ou ridículo.
O novo
discípulo superprotegido adquire a superdependência e com a superdependência
vem a insegurança. Esse discípulo dificilmente atingirá a maturidade cristã.
O
discipulador precisa administrar o seu lado samaritano, paternalista, se
estiver em excesso.
•
Veja o efeito causado pelo excesso de zelo:
superproteção
<=> superdependência = insegurança
Tomar o Lugar de Deus
Aliado
ao excesso de zelo está o perigo do discipulador tentar tomar o lugar de Deus.
O fator chamado limite deve entrar em ação aqui. Ajudar é um dever cristão dos
mais dignos, mas carregar uma pessoa adulta nos ombros sem que esta esteja impossibilitada
de andar, não é tarefa do discipulador.
É
válido citar aqui o provérbio chinês: “Não dê um peixe ao homem; ensine-o a
pescar”.
Jesus ensinava os
seus discípulos, mas também fazia a verificação da aprendizagem, enviando-os
para fazer algum tipo de serviço evangelístico em forma de teste, para ver se
haviam aprendido a lição.
Este
mesmo princípio deve ser aprendido pelo discipulador: ensinar o novo discípulo
a andar, até que este aprenda a andar sozinho. O Espírito Santo se encarregará
de conduzi-lo vitoriosamente, sem o excesso de ajuda do discipulador.
A
responsabilidade do discipulador vai até aonde ele alcançar a maturidade
cristã, à capacidade de reproduzir-se.
Se
Deus deseja, por exemplo, por sua soberana vontade, permitir que um de seus discípulos
passe por alguma situação difícil, a fim de moldar-lhe o caráter, ou
ensinar-lhe alguma lição específica, o cuidado em excesso do discipulador pode
interferir no trabalho do Espírito Santo. O discipulador deve estar, portanto,
em constante comunhão com o Espírito Santo para entender qual deverá ser sua
posição. Geralmente, nesses casos, a posição do discipulador deve ser de
conselheiro. Uma palavra amiga, um gesto, ou mesmo que seja só a presença
(ainda que em silêncio), tem um valor incalculável.
Autoritarismo
É
preciso haver conscientização de que o novo discípulo não é uma propriedade
particular do discipulador, nem um criado para suprir-lhe os caprichos.
O
discipulador deve resistir à tentação de vir a assenhorear-se do seu discípulo
quando este mostrar-se agradecido através de gestos e palavras, porque o
verdadeiro discípulo irá procurar servir de alguma maneira aquele que o
instrui, como uma espécie de recompensa pelo trabalho de conduzi-lo ao
conhecimento do Senhor.
O
autoritarismo e a manipulação de pessoas não provém de Deus. É, antes de
qualquer coisa, uma tática satânica usada para escravizar pessoas incautas.
Esse sistema de governo já está em decadência no mundo moderno. Tem-se tornado
detestável. Pode até haver quem “fure o bloqueio”, porém quando houver uma
conscientização e uma oportunidade para se conhecer a liberdade, o
autoritarismo cai, e aquele que o pratica – o ditador – fica em situação
difícil.
Veja
a admoestação aos líderes em 1 Pedro 5.2,3.
Ameaças “Espiritualizadas”
Estão
associadas ao autoritarismo. Geralmente ocorrem quando há uma ameaça de perda
do poder. Essas ameaças geram constrangimentos, temor e senso de escravidão
espiritual.
Veja
se você conhece algumas dessas ameaças muito conhecidas no meio pentecostal:
- “Se você não fizer assim... o Senhor vai pesar a mão”,
- “O Senhor vai jogá-lo em um leito”,
- “O Senhor vai levar a pessoa que você mais ama”, etc.
A
tendência do novo discípulo é transformar a ameaça em mandamento bíblico. Tais
ameaças não passam de meras suposições antibíblicas e diabólicas, porque diante
do raio X da Palavra de Deus são desmascaradas.
O uso
de autoridade equilibrada é sinal de temperança, fruto do Espírito que
dignifica o discipulador (Gl 5.22). Além disso, ele precisa avaliar a questão
da competência. Há situações em que o uso da autoridade compete ao líder da
igreja, ao pastor, unicamente.
Cuidado com Expressões Ambíguas
Chamar
o novo crente de bebezinho pode causar complicações. Conheço um crente que
mudou de igreja porque alguém o chamou de “irmãozinho”. Embora fosse um
tratamento carinhoso, o “irmãozinho”, ou melhor, o irmão se sentiu ofendido.
Outro quase se desviou logo no primeiro dia após a conversão porque foi chamado
de criança em Cristo, “coitadinho”.
Embora
sejam palavras de cunho bíblico, devem ser evitadas. Se for preciso fazê-lo,
explique o significado, por favor.
Outras Observações Rápidas
• Não perca tempo
com assuntos triviais. Vá direto ao objetivo.
• Não comente os
problemas da igreja (se houver), nem os defeitos do pastor.
• Trate dos
problemas do novo discípulo como conselheiro. Não chore nos seus ombros.
8 A DIMENSÃO
ESPIRITUAL DO TRABALHO DO DISCIPULADOR
“E
salvai alguns, arrebatando-os do fogo; tendo deles misericórdia com temor
[...]” (Jd 23). Este
assunto é indispensável para o bom entendimento do trabalho do discipulador
cristão.
Já
enfatizamos que o nosso trabalho tem implicações para a eternidade. Neste
capítulo, em especial, vou enfatizar as dimensões espirituais do ministério do
discipulador.
Você sabe que uma
alma acrescentada no Reino de Deus terá de ser, necessariamente, diminuída do
reino das trevas. Você há de convir comigo que para ganhá-la houve um esforço,
um planejamento. Para ser mais claro, houve uma batalha. Uma batalha na
dimensão espiritual, concorda? Ou você acha que Satanás ficou saltitando de
felicidade em perder um de seus prisioneiros? Com certeza ele ficou bufando de
raiva e soltando fumaça pelas ventas. Ou você pensa que ele não tentaria
recuperar a “ovelha” perdida?
A propósito: você
sabia que antes de sermos ovelhas do aprisco do Senhor (Sl 100.3), éramos
“ovelhas” de Satanás (Ef 2.2)?
Vamos observar um
pouco mais de perto o que acontece no mundo espiritual quando uma alma é
arrebatada do fogo do inferno, como está dito em Judas 23: “E salvai alguns,
arrebatando-os do fogo; tendo deles misericórdia com temor...” Jesus disse aos
fariseus que o questionavam acerca de sua autoridade em expulsar demônios:
“Como pode alguém entrar em casa do homem valente e furtar os seus bens, se
primeiro não manietar o valente, saqueando, então, a sua casa?” (Mt 12.29).
Quem pode entrar na
casa do homem valente para desarmá-lo e saquear seus bens, senão outro mais
valente? E quem é esse “alguém” mais valente, senão o próprio Jesus que
aniquilou “o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, e livrasse todos os
que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” (Hb
2.14,15)?
Paulo
declara, pelo Espírito, em Colossenses 2.15 que todos os principados e
potestades foram despojados, isto é, desarmados, assim como um soldado vencedor
fazia com seu inimigo derrotado, expondo-o ao vexame diante da multidão: “E, despojando os principados e potestades,
os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo”. A versão Almeida e
Atualizada acrescenta a expressão “triunfando
deles na cruz”. Nesta área de batalha espiritual, este texto é um dos mais
belos, onde Paulo faz um paralelo entre as guerras romanas e a vitória de
Cristo sobre Satanás e o inferno. Era comum haver um desfile do exército pelas
principais ruas de Roma, sempre que havia uma batalha vitoriosa. Os
prisioneiros de guerra desfilavam acorrentados, sem as armaduras, seminus,
desfigurados e humilhados pela multidão que gritava refrãos pejorativos aos
derrotados. Ao mesmo tempo a multidão ovacionava o exército vencedor, que
desfilava com toda pompa e todos os soldados usavam folhas de louros sobre a
cabeça, como símbolo de vitória.
Se o
inimigo já está desarmado, o crente que possui as “armas poderosas em Deus, para destruição das fortalezas” (2 Co 10.4)
participa desse triunfo ao declarar guerra contra o reino das trevas. Dessa
forma pode entrar em sua casa, que é o mundo, e tirar os cativos da “casa” de
Satanás para a “casa” de Jesus. É disso que fala o apóstolo Paulo em
Colossenses 1.13: “Ele nos tirou da
potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor”.
Afinal, “Para isto o Filho de Deus se
manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1 Jo 3.8)
De
que maneira os salvos podem declarar guerra contra Satanás?
Esta
é fácil de responder.
Basta
assumir a real posição de obediência à Grande Comissão.
Quer
que eu o lembre?
Muito
bem. Jesus disse para todos os seus discípulos, dos quatro cantos da terra, e
em todos os tempos, o seguinte: “Façam
discípulos de todas as nações” (Mt 28.19 – Bíblia Viva).
Como Atuam os
Demônios no Trabalho de Discipulado
Já
parou para pensar por que as pessoas não se convertem a um Deus tão bondoso e
maravilhoso como o nosso? E quando se convertem, muitos se desviam logo em
seguida.
Abra
os olhos e veja bem:
Primeiro, as pessoas não podem entender o plano de salvação
e seguir um Deus bondoso, porque Satanás faz uma verdadeira “lavagem cerebral”
na mente das pessoas que, diga-se de passagem, já estão cativas por ele mesmo.
Lembra o que o maldito comunismo fazia com os crentes nos países onde reinava
essa praga? A propósito, o comunismo foi a maior mentira de Satanás deste
século. Imagine alguém sem comida, trancado em um quarto escuro, ouvindo a
mesma mensagem 24 horas, durante uma semana: “COMUNISMO É BOM, JESUS CRISTO É
RUIM; COMUNISMO É BOM, JESUS CRISTO É RUIM...” O que esta pessoa vai falar,
pensar e agir, após sair desse quarto? Richard Wumbrand, autor do
best-seller Cristo em Cadeias Comunistas, que passou por esta
amarga experiência, afirma que ao sair desse processo estava completamente
louco.
Leia
o que afirma Paulo: “Nos quais o deus
deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2
Co 4.4).
O pastor
e fundador da igreja em Corinto também se preocupava com seu rebanho, no
sentido de que Satanás lançasse a semente da corrupção na mente dos crentes.
Veja o que ele falou: “Mas temo que,
assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de
alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que
há em Cristo” (2 Co 11.3). Observou que até o afastamento da “simplicidade
que há em Cristo” pode ser uma ação maligna?
Outro
detalhe que não podemos esquecer é o fato de que todo incrédulo é manipulado
pelo Diabo, como verdadeiro fantoche.
Donald
Stamps, autor dos comentários da Bíblia de Estudo Pentecostal, da CPAD, ao
comentar Efésios 2.2, afirma o seguinte: “Todo aquele que está sem Cristo é
controlado pelo ‘príncipe das potestades do ar’, i.é., Satanás”. Eis o texto de
Efésios, começando do primeiro ao terceiro versículo: “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que,
noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades
do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; entre os
quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a
vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como
os outros também”.
Segundo, as pessoas não podem se converter porque Satanás
atrapalha a germinação da semente da palavra semeada nos corações pelo
evangelista e discipulador.
Veja
como ele é sujo: após a mensagem ser pregada, ele vem e arranca a palavra
semeada. É real. O verbo correto é este mesmo: arrancar, e, quem arranca, o faz
com muita violência. Ele não pede licença, ou por favor, nem bate à porta, mas
vai arrombando logo a porta dos corações e arranca o que foi semeado. Imagino
que ele age como um pai de família embriagado que chega em casa batendo na
esposa e nos filhos pequenos, sem motivo. Imagino que ele vai logo dando um
safanão naquela pobre alma e aos berros adverte, ameaçadoramente: “Eu não disse
pra você não dar atenção a esses ‘bíblias’ desocupados?” E por aí vai! Dá para
tratar com esse inimigo com carinho? (exemplo
da Irma: se baixar a arma vou a igreja, se atirar, vou para o céu)
Foi o
próprio Jesus quem falou, ao explicar a Parábola do Semeador, em Marcos 4.15:
“E os que estão junto ao caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas,
tendo eles a ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que foi semeada no
coração deles”. Em Lucas 8.12 há um complemento ainda mais esclarecedor: “para
que se não salvem, crendo”.
Se
você tem o bom costume de sublinhar textos específicos em sua Bíblia,
sugiro que sublinhe a expressão “tira a palavra” e “para que se não
salvem, crendo”.
Viu
como a coisa é séria?
Dá
para entender agora por que seu colega de trabalho aceitou tão educadamente
você falar-lhe de Jesus, mas, depois, procurou evitar cruzar com você no
corredor? E depois, você observou que essa pessoa permaneceu como se nunca
tivesse ouvido as Boas Novas de liberdade do Evangelho?
É,
meu caro. A coisa é mais séria do que eu e você podemos imaginar.
Dá
para entender agora, por que o gráfico apresentado no início reflete a mais
límpida realidade?
Dá
para entender agora, por que os resultados em evangelismo, discipulado e
missões são tão pequenos?
Afirmou
Gilberto Pickering em seu livro Guerra Espiritual, publicado pela
CPAD: “Das pessoas que Deus chama para a missão transcultural, Satanás derruba
a maioria por aqui: nunca chegam ao campo. Dos poucos, relativamente, que
alcançam o campo missionário, a metade é tirada do páreo dentro de quatro anos
– voltam derrotados para seus países de origem e nunca mais voltam”.
Precisamos
assumir uma posição definitiva em relação à tarefa suprema da Igreja, pelo fato
de que no mundo espiritual não pode haver neutralidade. Foi o próprio Mestre
Jesus quem assegurou aos discípulos a impossibilidade de andar por dois
caminhos ao mesmo tempo, entrar por duas portas, servir a dois senhores, enfim,
em Lucas 11.23, Jesus disse: “Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo
não ajunta, espalha”. Não dá para “assobiar e chupar cana ao mesmo tempo”.
Perceba
bem: ou assumimos uma posição séria diante de Deus ou podemos estar a serviço
do inferno, inocentemente! Sei que essa declaração soa como uma colisão de uma
carreta contra um fusca, mas, felizmente ou infelizmente, é a mais pura verdade.
Pessoalmente, gostaria que essa verdade não fosse tão verdadeira, mas é.
Creio
já ter o leitor percebido que o nosso trabalho de discipulado tem implicações
tanto eternas quanto espirituais.
Em Moçambique, onde a guerra civil deixou milhares de vítimas,
ainda restaram milhares de minas enterradas e espalhadas por todo o país. É
comum encontrar nas ruas crianças e velhos aleijados, vítimas de explosões. A
fatalidade é que, inocentemente, pisaram em um explosivo enterrado. Com isso
quero dizer que, se não nos cuidarmos, podemos pisar em uma “mina”, se o Senhor
não usar de misericórdia para conosco. Em outras palavras, volto a reafirmar: o
território do inimigo é perigoso e, se não usarmos os armamentos adequados com
a devida perícia, nosso sucesso nesse tipo de trabalho pode não ser o esperado.
Com
mais esta ilustração fica ainda mais claro o entendimento do texto de Efésios
6.10-19, onde um dos mais experientes soldados na batalha espiritual explica
que a nossa luta não é contra as pessoas que vamos evangelizar, mas sim, contra
os próprios demônios. E lembre-se de que eles são organizados em forma de um
verdadeiro exército, com soldados, sargentos, capitães, e tudo mais. É disso
que fala o texto ao mencionar os termos “hostes”, “principados”, “potestades”, “dominações”
e “forças espirituais”.
E não
pense que estou falando “pelos cotovelos”, não. A Bíblia afirma que o nosso
adversário é o Diabo. E não é o adversário dos ímpios, não. Os ímpios são até
amigos dele. É o adversário dos crentes, lavados pelo sangue do Cordeiro! E
quem falou isso foi o apóstolo Pedro. Ele tinha experiência de sobra para falar
sobre isso. Lembra do episódio de Pedro e da pedra (Mt 16.13-23)? E depois, o
que foi dito ao irmão Pedrinho? (Esse assunto está mais detalhado no 3° requisito
para entrar na escola de discipulado de Jesus, que é a consciência da cruz.)
Ouçamos
o irmão Pedro: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em
derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Cuidado
para não dormir no ponto!
Veja
mais outros títulos e adjetivos que a Bíblia aplica ao adversário das nossas
almas:
•
“Engana todo mundo” (Ap 12.9)
•
Apresenta-se como “anjo de luz” (2 Co 11.14)
• É
tentador (1 Ts 3.5)
•
“príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2)
• “deus
deste mundo” (2 Co 4.4)
•
“príncipe deste mundo” (Jo 16.11)
•
“mundo jaz no maligno” (1 Jo 5.19)
•
Veio para matar, roubar e destruir (Jo 10.10)
•
Serpente (Gn 3.1-6)
•
Homicida e pai da mentira (Jo 8.44)
Gostaria
de mencionar mais dois fatos sobre a ação do Inimigo. Satanás e os demônios
agem de maneira até surpreendente, pois eles têm acesso à nossa mente.
Lembra
do irmão Pedro (Mt 16.13-23)? O que foi que Jesus disse para ele? “Para trás de
mim, Satanás”! Estranho, não? Pois é, Satanás tem acesso à nossa mente e pode
colocar palavras em nossa boca. Lembro-me que certo irmão ao falar nas reuniões
do ministério, podia-se ouvir várias vozes falando baixinho algumas frases que
sugeriam pavor e defesa contra o adversário: “Senhor, tem misericórdia!”, “cobre-nos
com o teu sangue”, “fecha a boca do leão”, etc. Não dava outra. Era briga na
certa. Esse irmão tinha o “dom” de tumultuar as reuniões. Quando ele não ia às
reuniões era um alívio.
Hoje entendo que
aquelas sugestões do dito irmão nada mais eram do que palavras dos demônios em
sua boca. Pelos “frutos” que mais tarde foram sendo descobertos, ficou ainda
mais claro o porquê de tanta briga quando aquele “irmão” falava. E o “irmão”
ainda pertencia ao ministério! Durma com um barulho desses!
Outra coisa: você
consegue orar sem que seus pensamentos vagueiem? Consegue se concentrar? Não há
nenhuma interrupção? Não sente sono? Desânimo? Cansaço? Não faltam palavras?
Consegue orar sem nenhuma dificuldade? De repente você lembra de um escorregão
do passado, de uma palavra mal empregada. Tudo ocorrido há muitos anos. Por
quê?
São
as ingerências demoníacas na nossa mente, para atrapalhar a oração. Quando
começamos a orar entramos na dimensão espiritual. É quando mexemos com o
inimigo. Ele se sente imediatamente ameaçado.
Por
isso ele emprega todos os esforços para nos desviar da oração. Ninguém ora
sozinho.
Jesus
foi tentado exatamente quando orava e jejuava. Mas Ele não desanimou, não
cedeu, Ele enfrentou e derrotou o Inimigo.
Agora, observe
bem. Às vezes quando alguém desperta para estas verdades se impressiona de
forma exagerada e passa a ver demônio em tudo, ou então, acha que ao colocar a
culpa no Diabo, pode fugir da responsabilidade diante de Deus. Não é bem assim.
É preciso discernimento. A busca incessante do dom de discernimento espiritual
é muito importante para um bom guerreiro de Cristo.
Todos esses
comentários não são para enaltecer o Inimigo ou cultuá-lo, mas para que haja
uma conscientização dos perigos que ele representa.
De Bobo Ele não Tem Nada
Já
mencionamos que o nosso arquiinimigo não descansa. De bobo ele não tem nada.
Pelo contrário, Satanás e seus demônios “são seres espirituais com
personalidade e inteligência” (Bíblia de Estudo Pentecostal –– estudo acerca do
Poder sobre Satanás e os Demônios, CPAD).
Não é
de se estranhar que nos últimos dias da Igreja sobre a terra, eles (os
demônios) estão mais ativos do que nunca. Você já observou como tem aumentado a
violência no mundo? Os números de assaltos, assassinatos, furtos, suicídios e
tudo o que não presta, simplesmente, triplicaram. Mesmo quem não é tão idoso e
que tenha um pouco mais de quarenta anos de idade, vai observar que há 20 anos
a coisa era diferente, não é verdade?
Só
mais uma coisinha: as penitenciárias do mundo todo estão sempre acima de sua
capacidade de lotação. Os presos são amontoados como animais e os governantes
não sabem o que fazer para resolver o problema. Com um agravante que chega a
ser chocante, para não dizer assustador: a faixa etária de mais de 50% dos
presos está entre 18 e 25 anos. Ou seja, estão na flor da idade. A idade da
conquista, da preparação para o futuro, e o Diabo os engana, lançando-os atrás
das grades. Alguns só conseguem sair após quarenta ou cinqüenta anos de idade.
O período mais importante da vida foi perdido! Triste não é? Há pouco tempo
precisei acompanhar uma pessoa até uma delegacia policial. Ela havia sido
vítima de assalto. Levaram todo o seu salário do mês, exatamente no dia do
pagamento. A vítima tentou identificar o assaltante em meio a uma centena de
fotos. Para meu espanto e tristeza, quase todos os assaltantes eram moças e
rapazes! O mais velho talvez não tivesse trinta anos.
Recentemente,
um prefeito de uma cidade no Estado de São Paulo descobriu que a maioria dos
crimes era praticado quando as pessoas estavam embriagadas. Decidiu, então, que
os botequins fossem fechados mais cedo. O resultado foi positivo. O índice de
ocorrências caiu pela metade!
Outro
grande responsável pela desgraça no mundo é o tóxico. Seja a maconha, ou
qualquer derivado da cocaína, como crack ou ecstasy,
ou até a “inofensiva” cola de sapateiro. O que leva uma pessoa a induzir outra
para usar droga? Geralmente, para induzir os jovens a experimentarem drogas, os
traficantes apelam para o brio, para a dignidade, usando argumentos como: “Você
não é homem. Se fosse homem você experimentaria”, ou “Você é um medroso, um
covarde”, ou ainda “Vê se sai debaixo da saia da mamãe”.
Imagine bem:
Quem
pode colocar um poder de convencimento tão audacioso na mente desses
traficantes, que geralmente agem na porta das escolas?
O que
leva um adolescente ficar rebelde contra seus pais e usar tóxico?
Depois
de experimentar a primeira vez, que força motivadora faz com que o viciado use
todos os meios para adquirir a maldita droga, muitas vezes roubando os próprios
pais?
O que
leva um pai de família a pegar todo seu salário do mês e gastar com cerveja,
deixando sua família passar necessidades?
O que
leva esse mesmo pai de família a gastar todo seu dinheiro com prostituição, com
jogos de azar, etc.?
Já
percebeu quem induz a tudo isso?
Ou
você ainda acha que todas essas coisas acontecem por acaso?
Você
pode, então, me perguntar: por que tanta ignorância sobre este assunto? Por que
este assunto é tão pouco falado nas igrejas?
Algumas vezes, ao falar sobre Missões, sempre procuro cavar uma brecha para tocar nesse ponto. Confesso que nem sempre tenho alcançado êxito. Certa vez, durante uma preleção, um “irmãozinho” assentado atrás de mim no púlpito gritou tanto o “sangue de Jesus tem poder”, que parecia que eu mesmo estivesse endemoninhado. Só não passei vergonha porque o Senhor estava abençoando a mensagem, colocando palavras de sabedoria na minha boca.
Algumas vezes, ao falar sobre Missões, sempre procuro cavar uma brecha para tocar nesse ponto. Confesso que nem sempre tenho alcançado êxito. Certa vez, durante uma preleção, um “irmãozinho” assentado atrás de mim no púlpito gritou tanto o “sangue de Jesus tem poder”, que parecia que eu mesmo estivesse endemoninhado. Só não passei vergonha porque o Senhor estava abençoando a mensagem, colocando palavras de sabedoria na minha boca.
Ora, sabemos que o
inimigo está aí mesmo, que é esperto e maquiavélico, que não dorme no ponto,
mas parece que há um receio muito grande em “tocar” neste assunto. Na verdade,
a coisa é medonha, ou seja, é uma mistura de medo e vergonha ou o medo de
passar vergonha, como o exemplo citado anteriormente.
Crimes
como violência contra a mulher, assédio sexual, maus-tratos à crianças e o
abuso sexual infantil, depois de amplamente denunciados pela população através
do chamado “disque denúncia”, diminuíram em número de casos.
O que
mostra que a denúncia funciona. Esses males não acabaram, nem vão acabar tão
cedo, enquanto o homem estiver sobre a terra. Mas, pelo menos, a atuação do mal
é inibida.
Então,
é preciso denunciar. O silêncio só traz vantagem ao inimigo. Quanto mais se
evitar tocar na ferida dele, melhor. Denunciar é preciso. Contra-ataque já!
O crente que vive
uma vida consagrada a Deus, que reconhece que o Senhor Jesus deixou-nos armas
espirituais poderosas para destruir as fortalezas de Satanás (2 Co 10.3-5), e
entende que fomos ressuscitados com Cristo e estamos assentados “nos lugares
celestiais” (Ef 2.6), “acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e
de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. E
sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como
cabeça da igreja” (Ef 1.21,22), esse crente deve assumir uma posição de guerra
contra as trevas. Jamais deve assumir uma posição defensiva, pelo contrário,
quem deve se defender é o adversário. Assumir o encargo da Grande Comissão é
posição de guerra contra Satanás.
Agora, abra bem os
olhos (espirituais, é claro): não vá se atrever a enfrentar o “valente” (Mc
3.27) sem conhecer com que armamento ele vem contra você. Não vá “catucar onça
com vara curta”, por favor, como fizeram sete rapazes na época de Paulo. Veja
como eram ingênuos; eles disseram para os demônios: “Esconjuro-vos por Jesus, a
quem Paulo prega”. Um dos demônios respondeu: “Conheço a Jesus e bem sei quem é
Paulo; mas vós, quem sois?” Para encurtar a história, sabe o que aconteceu com
aqueles jovens? Levaram uma surra dos demônios.
Não
estou dizendo para você ter medo, mas para ter cuidado. Muitos foram feridos
nesta batalha, por não usarem as armas convenientes ou por negligenciarem os
cuidados básicos. Uma vida santificada, por exemplo.
A
nossa atitude em relação ao adversário deve ser a mesma do jovem Davi contra o
gigante Golias:
Tu vens a mim com espada, e com lança, e com
escudo; porém eu vou a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos
de Israel, a quem tens afrontado. Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha
mão; e ferir-te-ei, e te tirarei a cabeça, e os corpos do arraial dos filisteus
darei hoje mesmo às aves do céu e às bestas da terra; e toda a terra saberá que
há Deus em Israel. Esaberá toda esta congregação que o Senhor salva, não com
espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará na
nossa mão” (1 Sm 17.45-47).
9 APRENDA COM O MESTRE DOS
MESTRES
Características dos discípulos
de Jesus
Leia o que diz o evangelista Robert
Coleman a respeito das qualidades dos discípulos do Mestre Jesus:
“Nenhum deles ocupava posição de destaque na sinagoga; nenhum deles
pertencia ao grupo sacerdotal levítico. Eram operários com pouca instrução.
Talvez alguns deles fossem de famílias que possuíam recursos como os filhos de
Zebedeu, mas nenhum poderia ser considerado rico. Não tinham graus de
doutorado, nem em artes, nem em Filosofia. É provável que a educação escolar
que haviam recebido era, como a de seu mestre, a fornecida pelas escolas da
sinagoga. A maioria deles havia sido criado nas regiões pobres do país, nas
proximidades da Galileia. Ao que parece, o único que provinha da Judeia, uma
região mais refinada era Judas Iscariotes. Eram impulsivos, temperamentais,
ofendiam-se com facilidade e abrigavam todos os preconceitos daquela sociedade.
Esse grupo, ninguém esperava que fosse ganhar o mundo para Cristo”.
Fazendo discípulos com o Mestre
dos mestres
Como você leu no texto acima, os discípulos de Jesus eram as pessoas
jamais indicadas para fazer o que fizeram, mas revolucionaram o mundo em que
viveram. Enfrentaram todo tipo de perseguição da parte de reis, imperadores,
políticos, religiosos fanáticos e até leões, nas arenas de Roma. O que teriam
de enfrentar não importava, ainda que custasse a própria vida. O mais importante
era obedecer a ordem dada pelo Mestre Jesus a quem prometeram lealdade. E a
ordem era esta: “[...] fazei discípulos de todas as nações”.
Eram humanos, sim. Estavam sujeitos às mesmas fraquezas, paixões e
circunstâncias inerentes a todo homem, na sua constituição física. O que eles
menos possuíam era o fator chamado capacidade.
João e Tiago – Filhos
do Trovão: não levavam desaforo pra casa. João já velhinho era levado para os
cultos, onde se contentava em exortar dizendo: “Filhinhos, amai-vos uns aos
outros”.
Pedro: Campeão
em imaturidade.
Leonardo Da Vinci passeava
com um amigo e viu um bloco de pedra e passando a mão nela com delicadeza e
conversava com ela. Ele diante d amigo pareceu louco, mas ele via na pedra uma
bela escultura, e foi o que ele fez, um belo anjo que recebeu altos
elogios. Pois assim que Deus fez
conosco.
A idoneidade para ensinar
Não podemos pensar em “fazer discípulos”, sem usar métodos pedagógicos
para ensinar. A própria palavra discípulos, ou alunos, exige a presença de um professor,
ou discipulador.
Por isso algumas observações são indispensáveis para quem deseja abraçar
esse mandamento. Ninguém melhor para servir como nosso exemplo do que o próprio
Jesus.
Ele era chamado Mestre e se destacou entre todos os demais da sua época,
primeiramente porque era idôneo o bastante para atuar na área do ensino.
Outro que se destacou nessa aérea foi o apóstolo Paulo. “Se é ministérios, seja em ministrar; se é
ensinar, haja dedicação ao ensino”.
Jesus amava seus discípulos
O mestre mesmo provou esta amizade.
Em João 15.13 está escrito que “Ninguém tem maior amor do que este: de dar
alguém a sua vida pelos seus amigos.”
Não basta ser um discipulador. É necessário ser um discipulador de
verdade”. Como também, não basta ser um professor da Escola Dominical ou um
obreiro da igreja que ensina no templo. É necessário parecer-se com Jesus.
Se nossas ações não forem motivadas pelo amor, tudo será em vão. Leia 1
Coríntios 13.1-3.
O relacionamento de Jesus com seus
alunos não era simples consideração. Era amor de verdade.
Enquanto alguns de seus discípulos buscavam fama e posição social, Ele
próprio afirmara que viera para servir (Mt 20.28).
Como Jesus via as pessoas
Jesus via as pessoas como ovelhas, e não como objetos, que completasse
suas paixões pessoais.
Jesus via as pessoas como necessitadas de um Salvador, e não como um
comerciante sovina, que espera algo em troca.
Jesus via as pessoas como escravas de Satanás, por isso, tudo fazia para
libertá-las, e não como um pastor mercenário, que busca enriquecimento fácil.
Entendeu porque os discípulos o amavam tanto, a ponto de exporem suas
cabaças em favor do Evangelho.
Já imaginou um missionário sem amor? Um líder sem amor? Um professor da
Escola Dominical que só deseja mostrar aos seus alunos que tem bons
conhecimentos, e não ensina com amor? A carreira desses estará fatalmente com
os dias contados.
Jesus conhecia muito bem as
Escrituras
No decorrer do seu ministério Jesus citou passagens de, pelo menos, vinte
livros do Antigo Testamento e mostrou-se perfeitamente familiarizado com o seu
conteúdo.
Quando o Diabo tentou confundi-lo, Ele não hesitou em usar as Escrituras.
Na estrada de Emaús, os discípulos não queriam deixá-lo partir porque os
ensinos das Escrituras eram maravilhosos (Lc 24.27).
Se vamos trabalhar com a Bíblia precisamos conhecê-la bem. “Manejar bem a
palavra da verdade” (2 Tm 2.15) é regra indispensável para o obreiro(a) que
deseja apresentar-se diante de Deus aprovado, “que não tem de que se
envergonhar”.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
AMORIM, Ronan Boechat de. Discipulado: um desafio para a Igreja hoje.
BOYER, Orlando. Heróis da fé. 37. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
MELLO, Cyro. Manual do discipulador cristão: como integrar plenamente o novo convertido à igreja. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Graça e paz!
ResponderExcluirArtigo de muito valor, que o Senhor te abençoe ricamente!