COMENTÁRIO E SUBSÍDIO
INTRODUÇÃO
I. A SABEDORIA DE SALOMÃO
1. A Virtude de Salomão. Antes mesmo de receber a
sabedoria como um dom divino, Salomão já apresentava alguns traços desta
virtude, pois ao ser inquirido por Deus quanto a qualquer perdido que quisesse
me fazer (1Rs 3.5), o grande rei
escolherá a sabedoria, que se depreende o quanto já era sábio. Ora, se fosse
ganancioso pediria dinheiro, se fosse orgulhoso pediria glória, se fosse
vaidoso pediria muitos dias de vida, se fosse vingativo pediria a morte dos
inimigos (1Rs 3.11,13; 2Cr 1.10). Mas de que adiantaria todas essas coisas se
lhe faltasse a sabedoria? Salomão teve um elevado senso de prioridade ao pedir
a Deus a coisa certa.
2. O sábio pede sabedoria. Ao pedir sabedoria de Salomão se
mostrou um homem humilde, e isso pode ser constatado em uma das respostas que
deu ao Senhor: “Sou ainda menino pequeno, não sei como sair, nem como entrar”
(1Rs 3.7b). Significa que ele tinha plena consciência da grandeza de sua tarefa
(1Rs 3.8), não permitindo que a imponência do seu reinado me conduzisse à
prepotência. Ao contrário, demonstrou profundo autoconhecimento, o que é
peculiar a toda pessoa sábia.
3. A sabedoria na prática de
vida. Tiago escreveu em sua
epístola que existe uma falsa sabedoria que se evidencia pela inveja e
sentimento faccioso. Nossa sabedoria não vem de Deus, mas é terrena animal e
diabólica (Tg 3.15). É fruto de
ciúmes, divisionista, perturbação e obras perversas (Tg 3.16). No entanto, o apóstolo
asseverou que se alguém não tem sabedoria peça a Deus que a todos dê
liberalmente (Tg 1.5). As características dessa virtude que vem do alto são a
pureza, a pacificação, a prudência, a benevolência, a misericórdia, os bons
frutos, a imparcialidade e a sinceridade (Tg 3.17)
A Virtude de Salomão – A sabedoria expressa no Antigo
Testamento reflete os ensinos de um Deus pessoal, justo e bom, cuja conduta
deve ser imitada e exibida por aqueles que o temem na vida cotidiana. Nesse
sentido, a sabedoria do Antigo Testamento diverge da sabedoria grega, cuja principal
fonte é o conhecimento perfeito. Já a sabedoria bíblica não exige conhecimento
teórico para fazer-se presente. Ela é o reflexo das virtudes presentes na
observância da ética presente na Lei divina, como a prudência que é expressa
por aqueles que falam com sabedoria (Sl 37.30; Pv 10.31) e pelo uso sábio do
tempo (Sl 90.12). – A sabedoria sempre será oriunda de Deus e do conhecimento
que se tem dEle e do relacionamento que se tem com Ele. A sabedoria, portanto,
é um dos seus atributos e uma dádiva que Ele dá graciosamente (Tg 1.5). – “Conhecimento”
vem da palavra hebraica yada e é usada para expressar familiaridade com
alguém, para relacionamentos íntimos (Êx 33.17; Dt 34.10) e sexuais (Gn 4.1;
19.8), bem como para o relacionamento com alguma divindade (Dt 13.3), ou também
com Deus (1 Sm 2.12; 3.7). Portanto, se considerado o relacionamento íntimo,
trata-se da comunhão com muita proximidade e afeto. Em se tratando do
conhecimento de Deus, sempre que se estabelece esse tipo de relacionamento com
Ele, o resultado desse encontro enriquecerá o fiel que assim se interessa por
Ele, e um dos resultados é a sabedoria divina oriunda desse encontro íntimo. Se
nos relacionamentos humanos já somos enriquecidos com aquilo que o outro tem,
quanto mais o será no conhecimento íntimo de Deus.
O sábio pede sabedoria – Deus apareceu em
sonhos para Salomão e deu a ele a opção de pedir o que quisesse. O seu pedido
demonstrou a sabedoria que ele já possuía. Nesse mesmo sonho, ele orou a Deus e
expôs várias coisas que são dignas de nota: (1) Ele reconheceu a soberania de
Deus e a forma como agiu no passado, lembrou-se da fidelidade, justiça e retidão de Davi, o seu pai, e da benevolência
que Deus usou para com ele, reconhecendo que ele mesmo, Salomão, é fruto dessa
bondade divina. Salomão viu-se como um escolhido de Deus (1 Rs 3.6); (2) Ele
reconheceu a sua fraqueza e mostrou-se um homem humilde no pedido de sabedoria,
pois uma das respostas que dá a Deus é: “[...] e sou ainda menino pequeno, nem
sei como sair, nem como entrar” (1 Rs 3.7b). O próprio Salomão escreveu que “a
humildade precede a honra” (Pv 15.33b, ARA), o que se tornou realidade na sua
vida. Isso demonstra que ele tinha plena consciência da grandeza da tarefa (1
Rs 3.8), não permitindo que a imponência do reinado fosse motivo de
prepotência, mas, acima de tudo, demonstrou um autoconhecimento profundo, muito
peculiar a toda pessoa sábia; (3) Ele reconheceu que nem o povo era dele, nem a
coroa que estava sobre a sua cabeça, mas que Deus estava acima de tudo e havia
elegido um povo numeroso e complexo para Salomão tomar conta (1 Rs 3.8); (4) O
pedido vai de acordo com a vontade divina, mostrando que ele não foi egoísta
pedindo coisas para si, pois o verdadeiro líder pensa em satisfazer as
necessidades do povo, e não em satisfazer os seus próprios interesses e/ou da
sua família, mas pede para o bem do povo e segundo as suas necessidades. Ele pediu
um coração compreensivo, apto a ouvir, entender e discernir a situação do
outro, sabendo fazer a diferença entre o bem e o mal. – Assim como Salomão, a
pessoa sábia conhece os seus próprios limites e sempre perscruta o seu coração
para encontrar ali tesouros, mas também para perceber as inclinações do coração
e as suas próprias falhas e limites, sabendo perfeitamente lidar com elas para não
prejudicar a si mesmo e muito menos aos outros. Essa é a grande virtude de
Salomão demonstrada ao pedir sabedoria a Deus, pois ele tinha clareza das suas
limitações e sentia necessidade de aprimorar a sua habilidade de percepção para
julgar corretamente o povo. – Discernir a si mesmo é uma necessidade básica
para ter sabedoria. Quem não conhece a si mesmo e não sabe cuidar de si e das
suas emoções, desejos e paixões, corre o perigo de agir de forma imprudente e
projetar as suas próprias necessidades sobre os outros. Algumas vezes, o que
permanece inconsciente poderá ter um efeito devastador sobre as pessoas ao
redor que são afetadas pelas decisões desse líder. Todas as decisões precisam
estar em harmonia com o coração do líder e com os impulsos que se escondem no
seu interior. O pedido de Salomão revela uma das maiores necessidades de qualquer
liderança: o discernimento para entender de forma compassiva qualquer situação
e a inteligência para tomar as decisões certas baseadas na justiça e na
equidade.
A sabedoria na prática
de vida – Além da sua sabedoria
na condução do reino, Salomão escreveu provérbios e cânticos (1 Rs 4.32) aos
milhares. Boa parte deles compõe o Antigo Testamento com o nome de Provérbios,
Eclesiastes e Cantares de Salomão. Dois salmos também são atribuídos a ele: o Salmo
72, como um Salmo real, e o 127, como um Salmo de sabedoria. Poucos heróis
antigos foram tão citados quanto Salomão. Muitos contos judaicos, árabes e
etíopes citam Salomão como uma referência de sabedoria e intelectualidade.
Salomão tinha conhecimentos nas mais variadas áreas das ciências (1 Rs
4.31-34). Salomão organizou os tributos e contribuições do reino de tal forma
que, a cada mês, uma tribo era encarregada de manter o palácio real (1 Rs 4.7).
Essa prática depois se mostrou pesada para os súditos, que reclamaram a Roboão
um alívio dessa carga tributária (1 Rs 12.4). Outro agravante foi que Salomão
recrutou 30 mil israelitas para serem os seus escravos (1 Rs 5.13). Essas
organizações reais trouxeram pesado ônus para o povo e foram decisivas para a divisão
do Reino do Sul e do Norte, além de encontrarem apoio em Jeroboão, que se
tornaria o rei do Reino do Norte. O episódio relevante da sua demonstração de
sabedoria, qualidade acompanhada de discernimento e perspicácia, deu-se no caso
das duas mães que reclamaram o mesmo filho. Ele provou qual das duas tinha o
verdadeiro sentimento de mãe da criança viva quando propôs cortá-la ao meio. Dessa
forma, a mãe verdadeira demonstrou o seu amor e, de forma justa, ficou com a
criança viva (1 Rs 3.16-28). A rainha de Sabá ficou estupefata ao contemplar
toda a glória, sabedoria, organização e liderança do reinado de Salomão (1 Rs
10.6-9). A sua sabedoria adquiriu uma fama tão grande em toda a terra que nunca
houve um homem tão sábio quanto Salomão, exceto Jesus (Mt 12.42; 1 Rs 4.29,30).
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
A tragédia de vida de Salomão não foi
uma catástrofe pessoal repentina, mas a diminuição gradual de sua completa
devoção à Deus. Isso está relacionado com os interesses de suas “muitas
esposas”, resultando em sua própria adoração idolátrica. Ele trilhou o repetido
caminho para longe de Deus: o conhecimento do coração tornou-se somente o
entendimento da mente e o conhecimento da mente, no final, deu lugar à
apostasia total.
Pergunte se a seus alunos se a
sabedoria, ou conhecimento cultivado de Deus, é garantia de lealdade contínua
ao Senhor. Promovam o pequeno debate sobre o assunto, e peça a ele que procure
na Bíblia outros exemplos semelhantes.
II. A CONSOLIDAÇÃO DO PODER
1. A Glória do reino de
Salomão. O Reinado de
Salomão não apenas se tornou ângulo em termos territoriais, mas foi firmado e
estabelecido em paz e justiça (1 Rs 4.24). O povo de Judá e Israel tinha tanta
fartura e vivia então gosto condições que podia até festejar e se alegrar (1Rs 4.20). Todos os governos, quando
administrado sobre essa premissa, se tornam duradouros trazendo ao povo paz e segurança
(1 Rs 4.25a).
2. O orgulho precede a ruína. Infelizmente, até mesmo os
homens mais sábios estão sujeitos a queda quando deixam de temer à Deus e
entram por caminhos tortuosos. Os desvios de Salomão foram chegando aos poucos,
à medida que fazia pequenas concessões em seu coração e estabelecer acordos e
conchavos políticos que deterioraram sorrateiramente seus valores espirituais
(1Rs 11.1,2). Salomão enganou a si mesmo pela ganância e pela sede de poder e deixou
invadiu o seu coração todavia, é importante destacar que isso não aconteceu no
início do seu reinado (1Rs 11.4-6). Essa degradação de valores começou conforme
Salomão permitia que pequenos desvios assumissem proporções gigantescas.
A glória do reino de Salomão – No reinado de Salomão, houve muita
riqueza para ele e para o povo (1 Rs 4.25). Havia uma excepcional organização
de provisões e suprimentos diários para o palácio do rei, da ordem de “três mil
quilos de farinha de trigo e seis mil quilos de farinha de outros cereais; dez
bois gordos, vinte bois de pasto e cem carneiros; fora veados, gazelas, corços
e aves domésticas” (1 Rs 4.22,23, NTLH). Ele também organizou um grande
exército composto de soldados bem equipados e alimentados, em torno de 1.400
carros de guerra, 12 mil cavaleiros, além de ter construído 4 mil estábulos
para cavalos, que eram negociados no Egito.
O orgulho precede a ruína – A pessoa que adquire riqueza e
poder e é desprovida de sabedoria leva uma vida de prepotência e arrogância (Pv
16.19; 18.23). Desse modo, ela vê as pessoas como objetos, e não como criaturas
de Deus e nem como seu próximo. As pessoas nessa situação tendem a lutar
constantemente para manter seu status quo. Por isso, tratam as pessoas
subordinadas ou em condições de dependência como se nunca fossem precisar
delas. Elas investem nos relacionamentos com pessoas em condições financeiras e
de poder semelhantes com o propósito de trocas de favores e interesses. Elas
vivem uma vida de insegurança constante, sempre com medo de perder o poder e,
por esse motivo, não dormem enquanto não maquinam o que fazer para manter-se no
controle (Pv 4.16; Sl 36.4; Is 57.20; Ml 2.1). – Os desvios e as suas
consequências haviam sido preconizados pelo legislador Moisés, referindo-se ao
futuro rei de Israel em Deuteronômio 17.16,17: “Porém não multiplicará para si
cavalos, nem fará voltar ao povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o
Senhor vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho. Tampouco para si multiplicará
mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem prata nem ouro multiplicará
muito para si.” – Percebe-se que Moisés, na sua sabedoria, previu os problemas oriundos
da ganância e da luxúria, mas Salomão tropeçou exatamente naquilo que Moisés
havia-lhe prevenido nas suas ordenanças. Nota-se a diferença do coração de Davi
para o de Salomão. O primeiro sempre se arrependia dos seus pecados e consertava
o erro cometido. Já Salomão não se arrependeu, pois justamente as muitas
riquezas, glória e luxúria causaram-lhe cegueira espiritual e uma quase
impossibilidade de arrependimento (ver Lc 18.25). O próprio Salomão, enquanto
ainda dependente de Deus e não das suas habilidades, disse: “Confie no Senhor
de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o
Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas” (Pv
3.5,6). Mas, infelizmente, ele deixou de confiar em Deus e trouxe sérias
consequências, permitindo que se perdesse boa parte daquilo que ele havia
adquirido e organizado. Por isso, Deus voltou-se contra Salomão e predisse a
ruína do seu reino quando os seus filhos assumissem o trono (1 Rs 11.9-13). – Salomão
fez alianças políticas com vários reinos antigos territorialmente próximos,
porém, outros longínquos, em troca de casamentos com princesas desses reinos e
outros benefícios econômicos. Com isso, trouxe sérios comprometimentos ao seu reino,
tendo que edificar lugares sagrados pagãos para agradar as suas mulheres e
construir castelos imponentes para elas, como no caso da filha de Faraó (1 Rs
3.1; 7.8). A tradição de escritos antigos afirma que ele teve um filho com a
rainha de Sabá chamado Menelik I, que seria o fundador da casa real etíope. – Em
busca de mais poder e prestígio, Salomão fez tratados políticos com povos
pagãos e teve em troca acesso a mais poder, glória e luxúria (1 Rs 11.1,2),
que, em função dos envolvimentos, o levaram também ao paganismo e à grave
desobediência ao Senhor (1 Rs 11.4-10). Dessa forma, Salomão cedeu às três
principais tentações que podem destruir a pureza do coração humano: poder, sexo
e dinheiro. Essas três forças não são más em si. Todas fazem parte da boa
criação de Deus, mas podem levar à ruína quando dominam a pessoa e são usadas
de forma imprópria e irresponsável. No caso de Salomão, levaram-no a adorar os
deuses pagãos Astarote, Quemos e Milcom (2 Rs 23.13).
SUBSÍDIO DEVOCIONAL
"2 Cr 1.11,12 Salomão
poderia pedir qualquer coisa, porém pediu sabedoria para governar a nação. Pelo
fato de Deus ter aprovado a forma como rei definir suas prioridades, dele
também prosperidade, riqueza e Honra. Jesus também falou a respeito de
prioridades. Ele disse que quando colocamos Deus em primeiro lugar, tudo aquilo
que realmente necessitamos também nos é concedido (Mt 6.33).
Embora isso não seja uma garantia de
que seremos tão ricos e famosos como Salomão, ao colocarmos Deus em primeiro
lugar, a sabedoria que recebemos nos permitirá gozar uma vida ricamente
gratificante. Quando temos o propósito de viver e aprender a contentar-nos com
o que temos, alcançaremos uma riqueza tal como jamais poderíamos ter
imaginado.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio
de Janeiro: CPAD, 2003, p. 594-95).
III. A
CONSTRUÇÃO DO TEMPLO
1. O nobre propósito de
Salomão. O propósito de
Salomão na construção do Templo foi muito nobre: edificar uma casa ao nome do
Senhor, meu Deus” (1Rs 5.5). Você percebe que havia pureza no coração do sábio
rei de Israel nos primeiros anos do seu Reinado. Na construção do Templo, foram
empregados diversos materiais de altíssimo valor, tais como centro do Líbano e
muito ouro. Todo tempo foi revestido de ouro. O lugar Santíssimo teve as
paredes, o teto e o piso revestido de ouro puro (1 Rs 6.20-22). Salomão quis
demonstrar seu imenso Amor a Deus edificando uma Morada de altíssima qualidade
e excelência.
2. O templo do Espírito Santo. Essa visão de Deus entrada no
templo é uma forte característica do Antigo Testamento, mas com a redenção do homem, efetuada por Cristo na cruz do Calvário a
Morada de Deus passa a ser o próprio homem regenerado. E é nesse lugar que se
deve fazer riqueza e beleza, porque o Espírito de Deus habita nele (1Co 6.19).
3. A glória do Senhor. A glória do Senhor se
manifestou no templo, depois de pronto a, em duas ocasiões especiais: A
primeira foi quando o sacerdote levou a arca para o lugar Santíssimo. A glória foi
tanta que eles não puderam permanecer de pé para ministrar o serviço sagrado
(1Rs 8.11; 2Cr 6.14). Alegria e o temor da presença de Deus fizeram Salomão
proferir uma das mais belas orações da Bíblia (1Rs
8.22-53; 2Cr 6.14-42), que reconhece a grandeza, o senhorio, poder, A
misericórdia e o amor de Deus sobre todas as coisas. A segunda ocasião que a
glória do Senhor se manifestou foi quando Deus respondeu a Salomão na
inauguração do templo (2Cr 7.1-3). Desta vez, além da glória, desceu também
Fogo do Céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios.
O nobre
propósito de Salomão – Foi desejo de Davi construir o Templo para o culto a
Deus, pois, até então, a Arca da Aliança, que simbolizava a presença de Deus entre
o povo, estava guardada numa tenda que Davi havia feito para ela (2 Sm
6.12,17). Davi fez as plantas e desenhou os modelos de como seria o Templo que
o próprio Deus havia-lhe mostrado (1 Cr 28.11-19), mas, quando intentou
construir, foi impedido por Deus por intermédio do profeta Natã (2 Sm 7.4-13),
por ter sido um homem de muitas guerras e mortes (1 Cr 22.8). Percebe-se, nesse
sentido, que Deus já começava a revelar a sua não aprovação às guerras e mortes
de que o seu povo participava, negando a Davi o desejo de construir o Templo
por este ter derramado muito sangue. No Novo Testamento, por meio de Jesus (Mt
5.21,22), a Revelação completa de Deus, há vários apelos para que sempre haja
paz (Mt 5.9), devendo-se amar os inimigos e orar pelos que nos perseguem (Mt
5.44). Deus, porém, consolou Davi quanto à construção do Templo dizendo que a
sua casa subsistiria para todo sempre. Ele, portanto, atentou para o bom
propósito do coração de Davi proporcionando-lhe promessas muito maiores do que
a construção de um templo: a construção de uma dinastia que não teria fim (2 Sm
7.14-16). Diante dessa promessa, Davi rendeu adoração, louvores e gratidão a
Deus (2 Sm 7.18.29). – Salomão executou a obra de construção do Templo conforme
o modelo que Davi, o seu pai, havia-lhe fornecido. Era dividido internamente em
três cômodos: um vestíbulo chamado Ulam, de 4,5m de comprimento; uma sala de
culto chamada Hekal, cujo significado pode ser palácio ou templo, também
chamada de Lugar Santo, medindo 18m de comprimento; e o Debir, cujo significado
é a “câmara de trás”, que foi chamado de Santo dos Santos, onde ficava a Arca
da Aliança e era inacessível, a não ser ao sumo sacerdote uma vez por ano. Esse
compartimento era um cubo perfeito que media 9m de comprimento, altura e
largura (1 Rs 6.16-1). Toda parte interna do Templo foi coberta de ouro em
todas as paredes (1 Rs 6.22). – No lugar Santo, Hekal, ficava o Altar de
Incenso, a Mesa dos Pães da proposição e o Candelabro (1 Rs 7.48). Todos esses
móveis e utensílios eram feitos de ouro (1 Rs 7.50). O Altar de Bronze, onde eram
oferecidos os sacrifícios, ficava do lado de fora do Templo (1 Rs 9.25; 2 Rs
16.14). A sudeste do Templo, havia uma grande cuba (pia) de bronze sustentada
por 12 figuras de touros com capacidade para 40 mil litros de água (1 Rs
7.23-26), que servia para a purificação dos sacerdotes (Êx 30.18-21). Havia
também dez bacias de bronze quadradas com 1,80m tanto de largura quanto de
comprimento e 1,30m de altura, nas quais cabiam 85 litros de água (1 Rs
7.27-39),
destinadas
para lavar as vítimas
O
templo do Espírito Santo – A presença de Deus no Templo é uma teofania do
Antigo Testamento, necessária à revelação progressiva de Deus na história do
seu povo. Já no Novo Testamento, a ênfase demasiada sobre o local de culto e a
sua valorização excessiva como local da presença de Deus ofusca o verdadeiro
local dessa presença, que é dentro de cada crente que se torna morada do Espírito
Santo. Jesus disse: “Eu derribarei este templo, construído por mãos de homens,
e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens” (Mc 14.58). Portanto,
no Novo Testamento, o Templo não é um lugar fixo geográfico, mas é ambulante,
porque o seu povo movimenta-se no mundo como sinal do Reino de Deus. Todavia, é
evidente também que, quando vários desses templos individuais do Espírito
Santo, ou seja, as pessoas, ajuntam-se no templo/igreja, cria-se uma grande assembleia
onde Deus, em Cristo, manifesta a sua presença não por causa do templo físico
em si, mas por causa de os filhos de Deus em Cristo, em quem Ele habita,
estarem juntos. Foi por isso que Jesus tirou a ênfase no Templo quando disse: “Porque
onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”
(Mt 18.20). Essa compreensão ajusta um desvio doutrinário presente em muitas
igrejas e lideranças de uma supervalorização do templo, do seu embelezamento
exagerado e caro, o que pode tornar-se uma idolatria. A idolatria templária já
havia sido denunciada pelo profeta Jeremias (26.8-13), quando a manutenção das
instituições tornaram-se mais importantes do que as reformas espirituais
necessárias e o correto atendimento das necessidades do povo. Essa mesma ideia
é expressa pelo profeta Ezequiel (8.6-18; 9.6-11).
A
glória do Senhor – A
presença da glória do Senhor no Templo é importante porque ela representa a
própria presença dEle no local. Assim como a sua presença esteve no Tabernáculo
no deserto (Êx 33.9; 40.34,35; Nm 12.4-10), agora também estava presente no
Templo; trata-se do símbolo de que Deus tomou posse da sua casa e que agora ela
é sua. Foi por isso que Ezequias, ao receber as cartas ameaçadoras de Senaqueribe,
apresentou-as diante de Deus no Templo, e são vários os Salmos que celebram a
presença de Deus no Templo (Sl 27.4; 42.5; 76.3; 84; 122.1-4; 132.13,14; 134).
Embora Deus não habite em templos feitos por mãos de homens (Is 66.1; At
17.24), a representatividade da sua presença manifestou-se no Templo. O próprio
Salomão, na sua oração de consagração do Templo, reconheceu a transcendência de
Deus para além do Templo: “Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os
céus e até o céu dos céus te não poderiam conter, quanto menos esta casa que eu
tendo edificado” (1 Rs 8.27).
SUBSÍDIO HISTÓRICO
“Uma vez que Salomão obteve um firme controle
do reino, voltou-se para o extenso programa de construções, iniciando com a
construção do templo. Davi já havia comprado a eira de
Araúna – o local separado por Deus – e o rei ordenava que o terreno fosse
totalmente limpo a fim de começar a obra. Ele também preparou os materiais da
construção, particularmente blocos de pedras trabalhadas e metais preciosos, e
fez acordo com os fenícios para o fornecimento de madeiras para construção. Tudo
que Salomão precisava fazer
era reunir os materiais e construtores no mesmo local, e dar início à Obra.
Hirão foi informado de que tudo
estava pronto, então começou o envio de madeiras para construção Vila conforme
havia prometido. Salomão enviou os gêneros alimentícios acordados e outros bens
como forma de pagamento. Também foram convocados trinta mil cortadores de lenha
para que mensalmente, em torno de dez mil homens fossem auxiliar os
trabalhadores de Hirão no Líbano. Setenta mil carregadores foram destacados
para o serviço, mais oito mil cortadores de pedras. Todos os trabalhadores
foram supervisionados por três mil e trezentos homens que respondiam
diretamente a Adonirão, o oficial encarregado dos trabalhadores forçados (1 Rs
5.13-18)” (MERRILL, Eugene
H. História de Israel
no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou
entre as nações. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.312)
CONCLUSÃO
Nunca houve na Terra um homem
com tanta sabedoria como Salomão, e que soubesse empregá-la com justiça e
correção durante anos de reinado. Esse grande rei de Israel, em seu governo, proporcionou
ao povo de Deus um longo período de paz, harmonia e prosperidade. Ele usou sua
sabedoria tanto para consolidar seu poder quanto para construir um majestoso
templo para Morada e culto a Deus. – A sabedoria de Salomão é algo comentando desde a sua
existência. O próprio Jesus afirmou que ele era sábio. Entendemos que todas as
decisões precisam estar em harmonia com o coração do líder e com os impulsos
que se escondem no seu interior. O pedido de Salomão revela uma das maiores
necessidades de qualquer liderança: o discernimento para entender de forma compassiva
qualquer situação e a inteligência para tomar as decisões certas baseadas na
justiça e na equidade.
REFERÊNCIAS
LIÇÕES BÍBLICAS. 3º
Trimestre 2021 - Lição 1. Rio de Janeiro: CPAD, 04, jul. 2021.
POMMERENING, Claiton Ivan. O
plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro:
CPAD, 2021.
STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
W.
E. Vine, Merril F. Unger & William White Jr. Dicionário
Vine. CPAD, Rio de Janeiro, 2002.
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