sábado, 3 de julho de 2021

LIÇÃO 1: ASCENSÃO DE SALOMÃO E A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

Por amor ao Rei Davi, Deus permitiu que Salomão estabelecesse o reino sólido, próspero, justo, cheio de glória e poder. Foi durante o reinado de Salomão em Israel que atingiu seu apogeu na história. Entretanto, mesmo diante de todas essas grandezas, promovida por sua sabedoria, e se destacado, o monarca se deixou levar por interesses políticos e desejos pecaminosos. – O rei Davi já ouvira do Senhor quem haveria de lhe suceder. Salomão significa “homem de paz” em hebraico. Ele foi o segundo filho de Davi com Bate-Seba e o terceiro rei de Israel sob o reino unido. Após uma perturbadora história de adultério e assassinato protagonizada por Davi e morte do seu primeiro filho como consequência do duplo pecado, Salomão foi o filho que lhe sucedeu no trono. Isso demonstra a grande misericórdia de Deus ao permitir que, mesmo como fruto de uma união questionável, após sofrer as consequências do seu ato, Deus concedeu a Davi a imensurável graça de poder conduzir o seu filho Salomão ao trono. O profeta Natã deu a ele o nome de Jedidias (o amado do Senhor). Tudo indica que Salomão tenha sido o único rei a ser ungido de forma dupla: por um profeta, Natã, e por um sacerdote, Zadoque (1 Rs 1.34).

 I. A SABEDORIA DE SALOMÃO

1. A Virtude de Salomão. Antes mesmo de receber a sabedoria como um  dom divino, Salomão já apresentava alguns traços desta virtude, pois ao ser inquirido por Deus quanto a qualquer perdido que quisesse me fazer (1Rs 3.5), o grande rei escolherá a sabedoria, que se depreende o quanto já era sábio. Ora, se fosse ganancioso pediria dinheiro, se fosse orgulhoso pediria glória, se fosse vaidoso pediria muitos dias de vida, se fosse vingativo pediria a morte dos inimigos (1Rs 3.11,13; 2Cr 1.10). Mas de que adiantaria todas essas coisas se lhe faltasse a sabedoria? Salomão teve um elevado senso de prioridade ao pedir a Deus a coisa certa.

2. O sábio pede sabedoria. Ao pedir sabedoria de Salomão se mostrou um homem humilde, e isso pode ser constatado em uma das respostas que deu ao Senhor: “Sou ainda menino pequeno, não sei como sair, nem como entrar” (1Rs 3.7b). Significa que ele tinha plena consciência da grandeza de sua tarefa (1Rs 3.8), não permitindo que a imponência do seu reinado me conduzisse à prepotência. Ao contrário, demonstrou profundo autoconhecimento, o que é peculiar a toda pessoa sábia.

3. A sabedoria na prática de vida. Tiago escreveu em sua epístola que existe uma falsa sabedoria que se evidencia pela inveja e sentimento faccioso. Nossa sabedoria não vem de Deus, mas é terrena animal e diabólica (Tg 3.15). É fruto de ciúmes, divisionista, perturbação e obras perversas (Tg 3.16). No entanto, o apóstolo asseverou que se alguém não tem sabedoria peça a Deus que a todos dê liberalmente (Tg 1.5). As características dessa virtude que vem do alto são a pureza, a pacificação, a prudência, a benevolência, a misericórdia, os bons frutos, a imparcialidade e a sinceridade (Tg 3.17)

A Virtude de Salomão – A sabedoria expressa no Antigo Testamento reflete os ensinos de um Deus pessoal, justo e bom, cuja conduta deve ser imitada e exibida por aqueles que o temem na vida cotidiana. Nesse sentido, a sabedoria do Antigo Testamento diverge da sabedoria grega, cuja principal fonte é o conhecimento perfeito. Já a sabedoria bíblica não exige conhecimento teórico para fazer-se presente. Ela é o reflexo das virtudes presentes na observância da ética presente na Lei divina, como a prudência que é expressa por aqueles que falam com sabedoria (Sl 37.30; Pv 10.31) e pelo uso sábio do tempo (Sl 90.12). – A sabedoria sempre será oriunda de Deus e do conhecimento que se tem dEle e do relacionamento que se tem com Ele. A sabedoria, portanto, é um dos seus atributos e uma dádiva que Ele dá graciosamente (Tg 1.5). – “Conhecimento” vem da palavra hebraica yada e é usada para expressar familiaridade com alguém, para relacionamentos íntimos (Êx 33.17; Dt 34.10) e sexuais (Gn 4.1; 19.8), bem como para o relacionamento com alguma divindade (Dt 13.3), ou também com Deus (1 Sm 2.12; 3.7). Portanto, se considerado o relacionamento íntimo, trata-se da comunhão com muita proximidade e afeto. Em se tratando do conhecimento de Deus, sempre que se estabelece esse tipo de relacionamento com Ele, o resultado desse encontro enriquecerá o fiel que assim se interessa por Ele, e um dos resultados é a sabedoria divina oriunda desse encontro íntimo. Se nos relacionamentos humanos já somos enriquecidos com aquilo que o outro tem, quanto mais o será no conhecimento íntimo de Deus.

O sábio pede sabedoria – Deus apareceu em sonhos para Salomão e deu a ele a opção de pedir o que quisesse. O seu pedido demonstrou a sabedoria que ele já possuía. Nesse mesmo sonho, ele orou a Deus e expôs várias coisas que são dignas de nota: (1) Ele reconheceu a soberania de Deus e a forma como agiu no passado, lembrou-se da fidelidade, justiça e retidão de Davi, o seu pai, e da benevolência que Deus usou para com ele, reconhecendo que ele mesmo, Salomão, é fruto dessa bondade divina. Salomão viu-se como um escolhido de Deus (1 Rs 3.6); (2) Ele reconheceu a sua fraqueza e mostrou-se um homem humilde no pedido de sabedoria, pois uma das respostas que dá a Deus é: “[...] e sou ainda menino pequeno, nem sei como sair, nem como entrar” (1 Rs 3.7b). O próprio Salomão escreveu que “a humildade precede a honra” (Pv 15.33b, ARA), o que se tornou realidade na sua vida. Isso demonstra que ele tinha plena consciência da grandeza da tarefa (1 Rs 3.8), não permitindo que a imponência do reinado fosse motivo de prepotência, mas, acima de tudo, demonstrou um autoconhecimento profundo, muito peculiar a toda pessoa sábia; (3) Ele reconheceu que nem o povo era dele, nem a coroa que estava sobre a sua cabeça, mas que Deus estava acima de tudo e havia elegido um povo numeroso e complexo para Salomão tomar conta (1 Rs 3.8); (4) O pedido vai de acordo com a vontade divina, mostrando que ele não foi egoísta pedindo coisas para si, pois o verdadeiro líder pensa em satisfazer as necessidades do povo, e não em satisfazer os seus próprios interesses e/ou da sua família, mas pede para o bem do povo e segundo as suas necessidades. Ele pediu um coração compreensivo, apto a ouvir, entender e discernir a situação do outro, sabendo fazer a diferença entre o bem e o mal. – Assim como Salomão, a pessoa sábia conhece os seus próprios limites e sempre perscruta o seu coração para encontrar ali tesouros, mas também para perceber as inclinações do coração e as suas próprias falhas e limites, sabendo perfeitamente lidar com elas para não prejudicar a si mesmo e muito menos aos outros. Essa é a grande virtude de Salomão demonstrada ao pedir sabedoria a Deus, pois ele tinha clareza das suas limitações e sentia necessidade de aprimorar a sua habilidade de percepção para julgar corretamente o povo. – Discernir a si mesmo é uma necessidade básica para ter sabedoria. Quem não conhece a si mesmo e não sabe cuidar de si e das suas emoções, desejos e paixões, corre o perigo de agir de forma imprudente e projetar as suas próprias necessidades sobre os outros. Algumas vezes, o que permanece inconsciente poderá ter um efeito devastador sobre as pessoas ao redor que são afetadas pelas decisões desse líder. Todas as decisões precisam estar em harmonia com o coração do líder e com os impulsos que se escondem no seu interior. O pedido de Salomão revela uma das maiores necessidades de qualquer liderança: o discernimento para entender de forma compassiva qualquer situação e a inteligência para tomar as decisões certas baseadas na justiça e na equidade.

A sabedoria na prática de vida – Além da sua sabedoria na condução do reino, Salomão escreveu provérbios e cânticos (1 Rs 4.32) aos milhares. Boa parte deles compõe o Antigo Testamento com o nome de Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Dois salmos também são atribuídos a ele: o Salmo 72, como um Salmo real, e o 127, como um Salmo de sabedoria. Poucos heróis antigos foram tão citados quanto Salomão. Muitos contos judaicos, árabes e etíopes citam Salomão como uma referência de sabedoria e intelectualidade. Salomão tinha conhecimentos nas mais variadas áreas das ciências (1 Rs 4.31-34). Salomão organizou os tributos e contribuições do reino de tal forma que, a cada mês, uma tribo era encarregada de manter o palácio real (1 Rs 4.7). Essa prática depois se mostrou pesada para os súditos, que reclamaram a Roboão um alívio dessa carga tributária (1 Rs 12.4). Outro agravante foi que Salomão recrutou 30 mil israelitas para serem os seus escravos (1 Rs 5.13). Essas organizações reais trouxeram pesado ônus para o povo e foram decisivas para a divisão do Reino do Sul e do Norte, além de encontrarem apoio em Jeroboão, que se tornaria o rei do Reino do Norte. O episódio relevante da sua demonstração de sabedoria, qualidade acompanhada de discernimento e perspicácia, deu-se no caso das duas mães que reclamaram o mesmo filho. Ele provou qual das duas tinha o verdadeiro sentimento de mãe da criança viva quando propôs cortá-la ao meio. Dessa forma, a mãe verdadeira demonstrou o seu amor e, de forma justa, ficou com a criança viva (1 Rs 3.16-28). A rainha de Sabá ficou estupefata ao contemplar toda a glória, sabedoria, organização e liderança do reinado de Salomão (1 Rs 10.6-9). A sua sabedoria adquiriu uma fama tão grande em toda a terra que nunca houve um homem tão sábio quanto Salomão, exceto Jesus (Mt 12.42; 1 Rs 4.29,30).

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA 

A tragédia de vida de Salomão não foi uma catástrofe pessoal repentina, mas a diminuição gradual de sua completa devoção à Deus. Isso está relacionado com os interesses de suas “muitas esposas”, resultando em sua própria adoração idolátrica. Ele trilhou o repetido caminho para longe de Deus: o conhecimento do coração tornou-se somente o entendimento da mente e o conhecimento da mente, no final, deu lugar à apostasia total.

Pergunte se a seus alunos se a sabedoria, ou conhecimento cultivado de Deus, é garantia de lealdade contínua ao Senhor. Promovam o pequeno debate sobre o assunto, e peça a ele que procure na Bíblia outros exemplos semelhantes.

  II. A CONSOLIDAÇÃO DO PODER    

1. A Glória do reino de Salomão. O Reinado de Salomão não apenas se tornou ângulo em termos territoriais, mas foi firmado e estabelecido em paz e justiça (1 Rs 4.24). O povo de Judá e Israel tinha tanta fartura e vivia então gosto condições que podia até festejar e se alegrar (1Rs 4.20). Todos os governos, quando administrado sobre essa premissa, se tornam duradouros trazendo ao povo paz e segurança (1 Rs 4.25a).

2. O orgulho precede a ruína. Infelizmente, até mesmo os homens mais sábios estão sujeitos a queda quando deixam de temer à Deus e entram por caminhos tortuosos. Os desvios de Salomão foram chegando aos poucos, à medida que fazia pequenas concessões em seu coração e estabelecer acordos e conchavos políticos que deterioraram sorrateiramente seus valores espirituais (1Rs 11.1,2). Salomão enganou a si mesmo pela ganância e pela sede de poder e deixou invadiu o seu coração todavia, é importante destacar que isso não aconteceu no início do seu reinado (1Rs 11.4-6). Essa degradação de valores começou conforme Salomão permitia que pequenos desvios assumissem proporções gigantescas.

A glória do reino de Salomão – No reinado de Salomão, houve muita riqueza para ele e para o povo (1 Rs 4.25). Havia uma excepcional organização de provisões e suprimentos diários para o palácio do rei, da ordem de “três mil quilos de farinha de trigo e seis mil quilos de farinha de outros cereais; dez bois gordos, vinte bois de pasto e cem carneiros; fora veados, gazelas, corços e aves domésticas” (1 Rs 4.22,23, NTLH). Ele também organizou um grande exército composto de soldados bem equipados e alimentados, em torno de 1.400 carros de guerra, 12 mil cavaleiros, além de ter construído 4 mil estábulos para cavalos, que eram negociados no Egito.

O orgulho precede a ruína – A pessoa que adquire riqueza e poder e é desprovida de sabedoria leva uma vida de prepotência e arrogância (Pv 16.19; 18.23). Desse modo, ela vê as pessoas como objetos, e não como criaturas de Deus e nem como seu próximo. As pessoas nessa situação tendem a lutar constantemente para manter seu status quo. Por isso, tratam as pessoas subordinadas ou em condições de dependência como se nunca fossem precisar delas. Elas investem nos relacionamentos com pessoas em condições financeiras e de poder semelhantes com o propósito de trocas de favores e interesses. Elas vivem uma vida de insegurança constante, sempre com medo de perder o poder e, por esse motivo, não dormem enquanto não maquinam o que fazer para manter-se no controle (Pv 4.16; Sl 36.4; Is 57.20; Ml 2.1). – Os desvios e as suas consequências haviam sido preconizados pelo legislador Moisés, referindo-se ao futuro rei de Israel em Deuteronômio 17.16,17: “Porém não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar ao povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o Senhor vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho. Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem prata nem ouro multiplicará muito para si.” – Percebe-se que Moisés, na sua sabedoria, previu os problemas oriundos da ganância e da luxúria, mas Salomão tropeçou exatamente naquilo que Moisés havia-lhe prevenido nas suas ordenanças. Nota-se a diferença do coração de Davi para o de Salomão. O primeiro sempre se arrependia dos seus pecados e consertava o erro cometido. Já Salomão não se arrependeu, pois justamente as muitas riquezas, glória e luxúria causaram-lhe cegueira espiritual e uma quase impossibilidade de arrependimento (ver Lc 18.25). O próprio Salomão, enquanto ainda dependente de Deus e não das suas habilidades, disse: “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas” (Pv 3.5,6). Mas, infelizmente, ele deixou de confiar em Deus e trouxe sérias consequências, permitindo que se perdesse boa parte daquilo que ele havia adquirido e organizado. Por isso, Deus voltou-se contra Salomão e predisse a ruína do seu reino quando os seus filhos assumissem o trono (1 Rs 11.9-13). – Salomão fez alianças políticas com vários reinos antigos territorialmente próximos, porém, outros longínquos, em troca de casamentos com princesas desses reinos e outros benefícios econômicos. Com isso, trouxe sérios comprometimentos ao seu reino, tendo que edificar lugares sagrados pagãos para agradar as suas mulheres e construir castelos imponentes para elas, como no caso da filha de Faraó (1 Rs 3.1; 7.8). A tradição de escritos antigos afirma que ele teve um filho com a rainha de Sabá chamado Menelik I, que seria o fundador da casa real etíope. – Em busca de mais poder e prestígio, Salomão fez tratados políticos com povos pagãos e teve em troca acesso a mais poder, glória e luxúria (1 Rs 11.1,2), que, em função dos envolvimentos, o levaram também ao paganismo e à grave desobediência ao Senhor (1 Rs 11.4-10). Dessa forma, Salomão cedeu às três principais tentações que podem destruir a pureza do coração humano: poder, sexo e dinheiro. Essas três forças não são más em si. Todas fazem parte da boa criação de Deus, mas podem levar à ruína quando dominam a pessoa e são usadas de forma imprópria e irresponsável. No caso de Salomão, levaram-no a adorar os deuses pagãos Astarote, Quemos e Milcom (2 Rs 23.13).

SUBSÍDIO DEVOCIONAL 

"2 Cr 1.11,12 Salomão poderia pedir qualquer coisa, porém pediu sabedoria para governar a nação. Pelo fato de Deus ter aprovado a forma como rei definir suas prioridades, dele também prosperidade, riqueza e Honra. Jesus também falou a respeito de prioridades. Ele disse que quando colocamos Deus em primeiro lugar, tudo aquilo que realmente necessitamos também nos é concedido (Mt 6.33).

Embora isso não seja uma garantia de que seremos tão ricos e famosos como Salomão, ao colocarmos Deus em primeiro lugar, a sabedoria que recebemos nos permitirá gozar uma vida ricamente gratificante. Quando temos o propósito de viver e aprender a contentar-nos com o que temos, alcançaremos uma riqueza tal como jamais poderíamos ter imaginado.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 594-95).

  III. A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO

1. O nobre propósito de Salomão. O propósito de Salomão na construção do Templo foi muito nobre: edificar uma casa ao nome do Senhor, meu Deus” (1Rs 5.5). Você percebe que havia pureza no coração do sábio rei de Israel nos primeiros anos do seu Reinado. Na construção do Templo, foram empregados diversos materiais de altíssimo valor, tais como centro do Líbano e muito ouro. Todo tempo foi revestido de ouro. O lugar Santíssimo teve as paredes, o teto e o piso revestido de ouro puro (1 Rs 6.20-22). Salomão quis demonstrar seu imenso Amor a Deus edificando uma Morada de altíssima qualidade e excelência.

2. O templo do Espírito Santo. Essa visão de Deus entrada no templo é uma forte característica do Antigo Testamento, mas com a redenção do homem, efetuada por Cristo na cruz do Calvário a Morada de Deus passa a ser o próprio homem regenerado. E é nesse lugar que se deve fazer riqueza e beleza, porque o Espírito de Deus habita nele (1Co 6.19).

3. A glória do Senhor. A glória do Senhor se manifestou no templo, depois de pronto a, em duas ocasiões especiais: A primeira foi quando o sacerdote levou a arca para o lugar Santíssimo. A glória foi tanta que eles não puderam permanecer de pé para ministrar o serviço sagrado (1Rs 8.11; 2Cr 6.14). Alegria e o temor da presença de Deus fizeram Salomão proferir uma das mais belas orações da Bíblia (1Rs 8.22-53; 2Cr 6.14-42), que reconhece a grandeza, o senhorio, poder, A misericórdia e o amor de Deus sobre todas as coisas. A segunda ocasião que a glória do Senhor se manifestou foi quando Deus respondeu a Salomão na inauguração do templo (2Cr 7.1-3). Desta vez, além da glória, desceu também Fogo do Céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios.

O nobre propósito de Salomão – Foi desejo de Davi construir o Templo para o culto a Deus, pois, até então, a Arca da Aliança, que simbolizava a presença de Deus entre o povo, estava guardada numa tenda que Davi havia feito para ela (2 Sm 6.12,17). Davi fez as plantas e desenhou os modelos de como seria o Templo que o próprio Deus havia-lhe mostrado (1 Cr 28.11-19), mas, quando intentou construir, foi impedido por Deus por intermédio do profeta Natã (2 Sm 7.4-13), por ter sido um homem de muitas guerras e mortes (1 Cr 22.8). Percebe-se, nesse sentido, que Deus já começava a revelar a sua não aprovação às guerras e mortes de que o seu povo participava, negando a Davi o desejo de construir o Templo por este ter derramado muito sangue. No Novo Testamento, por meio de Jesus (Mt 5.21,22), a Revelação completa de Deus, há vários apelos para que sempre haja paz (Mt 5.9), devendo-se amar os inimigos e orar pelos que nos perseguem (Mt 5.44). Deus, porém, consolou Davi quanto à construção do Templo dizendo que a sua casa subsistiria para todo sempre. Ele, portanto, atentou para o bom propósito do coração de Davi proporcionando-lhe promessas muito maiores do que a construção de um templo: a construção de uma dinastia que não teria fim (2 Sm 7.14-16). Diante dessa promessa, Davi rendeu adoração, louvores e gratidão a Deus (2 Sm 7.18.29). – Salomão executou a obra de construção do Templo conforme o modelo que Davi, o seu pai, havia-lhe fornecido. Era dividido internamente em três cômodos: um vestíbulo chamado Ulam, de 4,5m de comprimento; uma sala de culto chamada Hekal, cujo significado pode ser palácio ou templo, também chamada de Lugar Santo, medindo 18m de comprimento; e o Debir, cujo significado é a “câmara de trás”, que foi chamado de Santo dos Santos, onde ficava a Arca da Aliança e era inacessível, a não ser ao sumo sacerdote uma vez por ano. Esse compartimento era um cubo perfeito que media 9m de comprimento, altura e largura (1 Rs 6.16-1). Toda parte interna do Templo foi coberta de ouro em todas as paredes (1 Rs 6.22). – No lugar Santo, Hekal, ficava o Altar de Incenso, a Mesa dos Pães da proposição e o Candelabro (1 Rs 7.48). Todos esses móveis e utensílios eram feitos de ouro (1 Rs 7.50). O Altar de Bronze, onde eram oferecidos os sacrifícios, ficava do lado de fora do Templo (1 Rs 9.25; 2 Rs 16.14). A sudeste do Templo, havia uma grande cuba (pia) de bronze sustentada por 12 figuras de touros com capacidade para 40 mil litros de água (1 Rs 7.23-26), que servia para a purificação dos sacerdotes (Êx 30.18-21). Havia também dez bacias de bronze quadradas com 1,80m tanto de largura quanto de comprimento e 1,30m de altura, nas quais cabiam 85 litros de água (1 Rs 7.27-39),

destinadas para lavar as vítimas

O templo do Espírito Santo – A presença de Deus no Templo é uma teofania do Antigo Testamento, necessária à revelação progressiva de Deus na história do seu povo. Já no Novo Testamento, a ênfase demasiada sobre o local de culto e a sua valorização excessiva como local da presença de Deus ofusca o verdadeiro local dessa presença, que é dentro de cada crente que se torna morada do Espírito Santo. Jesus disse: “Eu derribarei este templo, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens” (Mc 14.58). Portanto, no Novo Testamento, o Templo não é um lugar fixo geográfico, mas é ambulante, porque o seu povo movimenta-se no mundo como sinal do Reino de Deus. Todavia, é evidente também que, quando vários desses templos individuais do Espírito Santo, ou seja, as pessoas, ajuntam-se no templo/igreja, cria-se uma grande assembleia onde Deus, em Cristo, manifesta a sua presença não por causa do templo físico em si, mas por causa de os filhos de Deus em Cristo, em quem Ele habita, estarem juntos. Foi por isso que Jesus tirou a ênfase no Templo quando disse: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18.20). Essa compreensão ajusta um desvio doutrinário presente em muitas igrejas e lideranças de uma supervalorização do templo, do seu embelezamento exagerado e caro, o que pode tornar-se uma idolatria. A idolatria templária já havia sido denunciada pelo profeta Jeremias (26.8-13), quando a manutenção das instituições tornaram-se mais importantes do que as reformas espirituais necessárias e o correto atendimento das necessidades do povo. Essa mesma ideia é expressa pelo profeta Ezequiel (8.6-18; 9.6-11).

A glória do Senhor – A presença da glória do Senhor no Templo é importante porque ela representa a própria presença dEle no local. Assim como a sua presença esteve no Tabernáculo no deserto (Êx 33.9; 40.34,35; Nm 12.4-10), agora também estava presente no Templo; trata-se do símbolo de que Deus tomou posse da sua casa e que agora ela é sua. Foi por isso que Ezequias, ao receber as cartas ameaçadoras de Senaqueribe, apresentou-as diante de Deus no Templo, e são vários os Salmos que celebram a presença de Deus no Templo (Sl 27.4; 42.5; 76.3; 84; 122.1-4; 132.13,14; 134). Embora Deus não habite em templos feitos por mãos de homens (Is 66.1; At 17.24), a representatividade da sua presença manifestou-se no Templo. O próprio Salomão, na sua oração de consagração do Templo, reconheceu a transcendência de Deus para além do Templo: “Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus te não poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tendo edificado” (1 Rs 8.27).

SUBSÍDIO HISTÓRICO 

“Uma vez que Salomão obteve um firme controle do reino, voltou-se para o extenso programa de construções, iniciando com a construção do templo. Davi já havia comprado a eira de Araúna – o local separado por Deus – e o rei ordenava que o terreno fosse totalmente limpo a fim de começar a obra. Ele também preparou os materiais da construção, particularmente blocos de pedras trabalhadas e metais preciosos, e fez acordo com os fenícios para o fornecimento de madeiras para construção. Tudo que Salomão precisava fazer era reunir os materiais e construtores no mesmo local, e dar início à Obra.

Hirão foi informado de que tudo estava pronto, então começou o envio de madeiras para construção Vila conforme havia prometido. Salomão enviou os gêneros alimentícios acordados e outros bens como forma de pagamento. Também foram convocados trinta mil cortadores de lenha para que mensalmente, em torno de dez mil homens fossem auxiliar os trabalhadores de Hirão no Líbano. Setenta mil carregadores foram destacados para o serviço, mais oito mil cortadores de pedras. Todos os trabalhadores foram supervisionados por três mil e trezentos homens que respondiam diretamente a Adonirão, o oficial encarregado dos trabalhadores forçados (1 Rs 5.13-18)” (MERRILL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.312)

CONCLUSÃO 

Nunca houve na Terra um homem com tanta sabedoria como Salomão, e que soubesse empregá-la com justiça e correção durante anos de reinado. Esse grande rei de Israel, em seu governo, proporcionou ao povo de Deus um longo período de paz, harmonia e prosperidade. Ele usou sua sabedoria tanto para consolidar seu poder quanto para construir um majestoso templo para Morada e culto a Deus. – A sabedoria de Salomão é algo comentando desde a sua existência. O próprio Jesus afirmou que ele era sábio. Entendemos que todas as decisões precisam estar em harmonia com o coração do líder e com os impulsos que se escondem no seu interior. O pedido de Salomão revela uma das maiores necessidades de qualquer liderança: o discernimento para entender de forma compassiva qualquer situação e a inteligência para tomar as decisões certas baseadas na justiça e na equidade.

REFERÊNCIAS

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 1. Rio de Janeiro: CPAD, 04, jul. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

W. E. Vine, Merril F. Unger & William White Jr. Dicionário Vine. CPAD, Rio de Janeiro, 2002.



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