COMENTÁRIO E SUBSÍDIO
INTRODUÇÃO
Acabe foi um dos mais perversos reis de Israel.
Durante seu reinado, ele permitiu que seus terríveis pecados o desviassem
completamente dos mandamentos sagrados e do temor a Deus (1 Rs 16.
30). Além da desobediência
já instalada em seu coração, casou-se com a ímpia Jezabel, que o induziu aos
caminhos de morte (1 Rs 16.31). Suas más ações provocaram uma grande seca em Israel,
episódio que, mais tarde, o colocou frente a frente com o profeta Elias (1 Rs 17.1). – O rei Acabe, durante o seu reinado,
fez escolhas que impediram as bênçãos de Deus sobre a sua vida e que comprometeram
o seu reinado, mas o seu principal erro foi ter deixado por completo o seu temor
ao Senhor; por isso, ele foi considerado o pior rei de Israel – mais do que
todos que o antecederam (1 Rs 16.33). Além da desobediência instalada no seu
coração pela sua ascendência idólatra, Acabe casou-se com Jezabel, que o levou
a mais caminhos de desobediência, que, por fim, levaram a uma seca em Israel e
ao seu encontro derradeiro com o profeta Elias, que tentou dissuadir o rei e a
rainha dos seus maus caminhos. A péssima influência deste casal, Acabe e
Jezabel, perdurou por vários sucessores do trono de Israel e também, além de
Elias e Micaías, foram condenadas por Oseias (ver 1.4) e por Miqueias (6.16).
I. O CASAMENTO DE ACABE COM
JEZABEL
1. Consequências de escolhas
erradas. Acabe induziu o
povo a se aprofundar no pecado da idolatria de maneira bem mais intensa que os
reis que o antecederam. Além disso, cometeu o crasso erro de se casar com uma
princesa do reino de Sidom, chamada Jezabel. Essa mulher era devota de Baal e Aserá,
dois deuses adorados pelas nações vizinhas de Israel (1 Rs 16.31; 18.19). Essa princesa
dos sidônios incitou tanto a maldade em Acabe que ele chegou ao ponto de se
vender para fazer o que era mau aos olhos do Senhor (1 Rs 21.25).
2. A rainha perversa. Dentre tantas perversidades, Jezabel destruiu os profetas
do Senhor (1 Rs 18.4), ameaçou a vida de Elias (1 Rs 19.2), ordenou
injustamente a morte de Nabote para satisfazer a ganância do marido (1 Rs 21.10), e ainda
praticou a prostituição e a feitiçaria (2 Rs 9.22).
O trágico fim de Jezabel foi profetizado por
Elias. O homem de Deus disse que ela não seria sepultada, mas que os cães a
devorariam, pois sua maldade e abominação contrariaram a justiça divina (1 Rs 21.23-27). Deus é misericordioso, mas julga com rigor àqueles que insistem em
permanecer na prática do mal.
Consequências de
escolhas erradas - A confiança de
Acabe, ao invés de ser depositada em Deus, foi feita nas alianças pagãs e nos
acordos diplomáticos do seu pai, Onri, o que foi o seu erro, fazendo-o ir atrás
dos falsos deuses. Acabe foi um dos piores reis de Israel, pois induziu o povo
a aprofundar-se ainda mais no pecado da idolatria, mais do que já haviam sido levados
pelos reis anteriores. Apesar de o escritor bíblico retratá-lo de maneira
idólatra no seu reinado — como, de fato, o era —, Israel teve relações
políticas e comerciais favoráveis com alguns povos vizinhos, o que trouxe
relativa prosperidade. Casando-se com Jezabel, favoreceu relações com os
fenícios; além disso, construiu e fortificou muitas cidades, inclusive Jericó,
cobrou tributos de Moabe e manteve uma política de amizade com Judá, casando a
sua filha Atalia com Jeorão, filho de Josafá. Durante o seu reinado, ocorreu a seca
de três anos, vaticinada por Elias em consequência da desobediência, que trouxe
muita carência de alimentos em Israel. – Acabe cometeu o erro, certamente o
pior, de casar-se com uma princesa do reino vizinho da Fenícia (Tiro e Sidom)
chamada Jezabel. O casamento com mulheres não israelitas era proibido pela Lei mosaica.
Além disso, esse casamento ainda foi celebrado diante de Baal pelos sacerdotes
desse deus. Essa união trouxe a ruína moral, espiritual e social do Reino do
Norte, fazendo com que Samaria fosse transformada no centro religioso principal
de adoração a Baal e Aserá. Jezabel era devota desses dois deuses, que eram
adorados pelos povos vizinhos de Israel (1 Rs 16.31; 18.19), cuja adoração envolvia
todo tipo de orgias e rituais hediondos. Jezabel instigou a maldade de Acabe a
ponto de ele vender a sua alma para fazer tudo aquilo de que Deus não se
agradava (1 Rs 21.25).
A rainha perversa – Jezabel promoveu todos os tipos de
luxúria, excessos de rituais, feitiçarias, paganismo, sincretismo, prostituição
e homossexualismo em nome da religião, com a participação de Acabe, dos
profetas e dos sacerdotes e sacerdotisas. Por isso, a Bíblia chama-a de
prostituta (2 Rs 9.22; Ap 2.20). Ela era uma cortesã sagrada, cheia de toda
astúcia maligna e artifícios perversos que lhe garantiram a perpetuação do
poder, mas que não a impediram de escapar da justiça divina como veremos.
A associação de Jezabel
com ornamentos femininos é uma brincadeira de mau gosto. Provavelmente resulta
de má compreensão do texto de 2 Rs 9.30, que relata a visita de Jeú e o fato de
a rainha se pintar e se adornar para lhe receber. No Antigo Testamento, era
muito comum as mulheres se adornarem com artefatos de ouro, prata e cobre, além,
é claro de usarem maquiagem. A imagem caricata que se faz dessa personagem é
jocosa e não representa a realidade, mas apenas tenta exprimi-la. – A Bíblia
está repleta de exemplos de mulheres santas que usavam esses artefatos e que se
adornavam, conforme o costume da época. Todavia, o apodo “jezabel” é usado mais
frequentemente para descrever os costumes imorais e a impiedade que crassa na
religião e, infelizmente, adentrou numa comunidade cristã nos idos do primeiro
século depois de Cristo. – Na sua perseguição sistemática à religião mosaica,
já debilitada pela idolatria dos reis anteriores professada por Israel, Jezabel
promoveu uma matança dos profetas do Senhor. Alguns escaparam porque Obadias,
ministro de Acabe, “tomou cem profetas, e de cinquenta em cinquenta os
escondeu, numa cova, e os sustentou com pão e água” (1 Rs 18.4). Jezabel
ameaçou Elias de morte, o único profeta que ainda ousava desafiar as suas
estripulias (1 Rs 19.2), mas teve que fugir. Ela mandou matar Nabote injustamente
para satisfazer a inveja e a ganância do marido (1 Rs 21.10). Por não conhecer
o Deus de Israel, era uma mulher perversa e má, a tal ponto de ser usada como
um modelo na Bíblia de maldade e as suas consequências. Essa postura de Jezabel
fez com que, pela primeira vez em Israel, o culto a Jeová fosse banido e
substituído oficialmente pelo paganismo, sem permissão de coexistência. Apenas
Elias desafiou corajosamente a idolatria. – Além das idolatrias oficializadas,
Acabe quis negociar uma vinha que pertencia a Nabote como herança de família,
porém, era costume em Israel respeitar a herança dos pais e nunca se desfazer
dela — isso como um sinal de respeito para com a memória dos antepassados. Como
Nabote preferiu honrar a memória dos pais, ele negou-se a trocar a sua vinha, e
isso desagradou a Acabe, que se deitou na sua cama numa atitude autopiedosa,
chamando a atenção de Jezabel, que imediatamente tomou as providências para
matar Nabote e tomar-lhe a vinha, tramando uma falsa acusação contra ele para
satisfazer a tristeza do rei. Esse episódio demonstra como Jezabel tinha
autoridade e domínio sobre Acabe e no reino, bem como expõe a personalidade
mimada do rei, que reagiu como uma criança diante da negativa de Nabote. As
atitudes infantis de alguém podem ocasionar sérios prejuízos para as pessoas
que dependem dela. Os problemas mal resolvidos, os traumas e as feridas
passadas ou, ainda, o pecado — o que é pior — vêm à tona quando alguém do estilo
de Acabe depara-se com a contrariedade ou a frustração. – No momento em que
Acabe estava tomando posse da vinha de Nabote, a palavra do Senhor veio a Elias
numa terrível mensagem de como seria o final de Acabe e Jezabel. A medida da
ira de Deus encheu-se contra esse casal que zombou dele e da sua Lei durante todo
o reinado, que, além da idolatria, agiram com muita injustiça para com Nabote,
acusando-o de algo que não fez. Vejam que, agora, Jezabel, que nem adorava a
Jeová, usou o nome de Deus em vão como se cresse nEle, solicitando que
caluniassem Nabote em nome de Deus. Para fazer o mal, ela importava-se em
cumprir a Lei mosaica, pois, para matar Nabote, levaram-no para fora da cidade
e apedrejaram-no (1 Rs 21.13) como manda a Lei (Lv 24.16). Quando a infâmia
impõe-se na vida de algum líder, até mesmo negociar vidas e obedecer a Bíblia
para fazer o mal em nome de Deus torna-se válido. Por esse motivo, Reimer
escreve que “o que se produz pela voz profética é justamente a mescla, a
interconexão entre crítica social e reflexão ética e teológica.” Essa premissa
profética básica está presente na vida de Elias como o grande profeta do Antigo
Testamento. – O trágico fim de Jezabel foi profetizado por Elias, o que
certamente foi uma das profecias mais duras para uma rainha: ela não seria sepultada,
mas seria devorada pelos cães, pois a sua maldade foi abominável diante da
perfeita justiça de Deus. Somente o seu crânio sobrou, com as suas mãos e os
seus pés inteiros (2 Rs 9.35-37). – Apesar de toda a misericórdia que Deus tem,
há um limite quando a zombaria, a apostasia e, especialmente, a injustiça para
com aqueles que não podem defender-se tornam-se insuportáveis diante daquele que
é santo.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Relacione na lousa as várias formas de idolatria
discriminadas abaixo. A seguir, leia com seus alunos as referências indicadas,
não esquecendo de estabelecer as diferenças entre os falsos deuses
reverenciados por Israel no passado e os ídolos condenados pelos apóstolos no
Novo Testamento, como a cobiça e a glutonaria. Deixe claro para seus alunos
que, independente da forma e motivos, a idolatria é odiosa e abominável ao
Senhor.
FORMAS DE
IDOLATRIA NA BÍBLIA
a) A adoração a imagens
(Is 44.17).
b) O oferecimento de
sacrifícios a imagens (Sl 106.38).
c) A adoração a deuses
falsos (Dt 30.17; Sl 81.9).
d) O serviço prestado a
outros deuses (Dt 7.4).
e) O temor a outros
deuses (2 Rs 17.35).
f) A adoração ao
verdadeiro Deus, mas por meio de alguma imagem (Êx 32.46; Sl 10.6,18,20).
g) A adoração a
demônios (Mt 4.8,10; 1 Co 10.20).
h) Manter ídolos no
próprio coração (Ez 14.3,4).
i) A adoração aos
espíritos dos mortos (Sl 106.28).
j) A cobiça (Ef 5.5; Cl
3.5).
k) A sensualidade (Fp
3.19).
II. ELIAS PREVÊ A GRANDE SECA
1. A intervenção divina. Em razão de sua idolatria e atrocidades, Acabe é
considerado o pior rei de todo o Israel (1 Rs 16.33). Por causa de
seus atos perversos e pecaminosos, o profeta Elias, em obediência a Deus,
confrontou esse rei e lhe deu a sentença de que não mais haveria chuva, a não
ser pela palavra do profeta, dada por Deus (1 Rs 17.1). Com a seca veio
a fome, porém, nem mesmo diante de tal situação Acabe se arrependeu dos seus
pecados diante de Deus.
2. O preço da obediência a
Deus. O episódio da seca em Israel
demonstra que todo homem e mulher de Deus precisam ter fé e coragem para
enfrentar os resultados de sua obediência ao Senhor. No caso de Elias, ele teve
de enfrentar as dificuldades da falta d’água e alimento e, mais tarde, fugir de
Acabe e Jezabel, que o ameaçaram de morte (1 Rs 19.2). Entretanto,
apesar das dificuldades pelas quais passou o profeta, a bondade e o cuidado de
Deus o acompanharam, pois foi alimentado por corvos com pão e carne duas vezes
ao dia (1 Rs 17.6). E, quando a água do ribeiro de Querite secou, o Senhor
mais uma vez o sustentou usando a viúva de Sarepta (1 Rs 17.9).
3. Deus sempre cuida dos seus
filhos. Na casa da viúva, Elias realizou
o milagre da multiplicação da farinha e do azeite. A mulher argumentou que
dispunha apenas de uma pequena quantidade desses ingredientes para alimentar a
si e ao seu filho. Mesmo diante desse triste cenário, o profeta pediu que ela fizesse
primeiro um bolo para ele. A viúva obedeceu a ordem de Elias e lhe preparou a
comida. A partir daí, pela palavra do Senhor, nada faltou para aquela família
até o fim da seca (1 Rs 17.14). Essa história nos mostra o quanto Deus cuida dos que
proferem a sua verdade, e defende a causa do órfão e da viúva (Dt 10.17,18; 24.21; 26.12; Sl 68.5; 146.9).
A intervenção divina – Deus levantou
Elias como um grande profeta num período muito difícil em Israel, quando a
apostasia e a idolatria haviam tomado proporções inimagináveis, especialmente
sob a influência de Jezabel. A Bíblia omite-se, assim como faz com
Melquisedeque, de mencionar a ascendência de Elias ou outra informação quanto
ao seu chamado ou passado, provavelmente por este ser de família simples e sem
importância histórica para Israel. Tudo indica que não deixou nenhum texto
escrito pelo mesmo motivo. Ele, no entanto, é o maior profeta oral da Bíblia. O
texto bíblico simplesmente afirma que ele era de Tisbe de Gileade. A sua
principal missão era combater o culto a Baal, e o significado do seu nome
indica isso: “Jeová é Deus”. Ele vestia-se de forma simples e é descrito como
muito zeloso e verdadeiro nas palavras e nas atitudes, severo e levemente
grosseiro. A situação empedernida de Israel exigia a presença de um bate-estaca
como Elias em vez de um profeta palaciano como Isaías; de um homem rude do
campo em vez de um cidadão educado. O profeta Elias não foi um grande profeta
da escrita e de previsões remotas. Ele era mais imediatista nas suas profecias,
que eram de cumprimento em breve tempo. Ele era mais profeta de denúncia do presente
e muito menos um vidente do futuro. Por mais que ele seja o maior profeta oral
do Antigo Testamento, a sua função era interpretar e denunciar o presente, que
estava corrompido nesse momento histórico de Israel. – Além da advertência
severa de Jeová contra Acabe por causa da vinha de Nabote, por causa das
atrocidades, perversidades, desobediência e idolatria praticadas, Acabe
provocou a ira de Deus. Então, o profeta Elias, tomado de coragem divina,
confrontou o rei e deu-lhe a sentença de que não haveria chuva nem orvalho
sobre a terra nos próximos anos. Isso acarretou uma severa fome em Israel e territórios
vizinhos a ponto de a viúva de Sarepta dizer a Elias que tinha mantimentos para
apenas uma última refeição antes de morrer de fome com o seu filho (1 Rs
17.12). – O povo todo — inclusive os pobres e desamparados — estava sofrendo
por causa da desobediência do casal governante que, cada vez mais, se davam ao
prazer de cometer gestos atrozes contra a santidade de Deus. Elias foi o
profeta enviado com mensagens contundentes e assertivas e que tentou reverter a
situação. Acabe, porém, acabou achando que o mal de Israel era o próprio Elias,
chamando-o de “perturbador de Israel” (1 Rs 18.17). Esse é o triste estado que
chega aquele cujo coração foi entorpecido pela prática constante do pecado:
acaba invertendo o mal pelo bem. Como escreveu Isaías: “Ai dos que ao mal
chamam bem e ao bem, mal! Que fazem da escuridade luz, e da luz, escuridade, e
fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” (5.20).
O preço da obediência a Deus – Ao ver os animais obedecendo a uma ordem de Deus para
trazer-lhe comida foi uma grande experiência para Elias. Quando a água do ribeiro
de Querite secou-se, Deus deu ordens ao profeta para procurar a viúva de
Sarepta, que o sustentaria. Essa história desfaz as premissas da Teologia da
Prosperidade, que apregoa que o cristão fiel nunca deverá passar por privações.
Caso elas venham, então será fruto da falta de fé e da atuação de demônios na
vida do fiel. O evangelho da prosperidade gera crentes ingênuos e egoístas que
acreditam que Deus está sempre pronto para impedir que os seus filhos tenham
privações. Quando Ele não atende esses pedidos, ficam frustrados e rancorosos
com Deus. Jesus mesmo disse que “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo;
eu venci o mundo” (Jo 16.33). Ele não prometeu ausência de problemas ou conflitos,
pois Ele mesmo os enfrentou, e foram tantos que até foi morto; mas a grande
diferença está em como se enfrentam esses dilemas da vida. A orientação de
Jesus foi que tudo fosse enfrentado com ânimo, que significa determinação,
coragem, valor e, principalmente, dignidade diante do perigo ou do sofrimento.
Ânimo não é um sentimento ou estímulo momentâneo, mas uma característica que
acompanha o sujeito na maior parte da vida e diante das maiores dificuldades.
Elias é um modelo ideal desse tipo de conduta espiritual diante das
dificuldades. Embora ele tivesse tido o seu momento de desânimo, isso foi
pontual, como veremos no próximo capítulo.
Deus sempre cuida dos seus filhos – Na casa da
viúva, Elias realizou o milagre da multiplicação, pois tinha ela apenas um
punhado de farinha de trigo e um pouco de azeite num jarro. A viúva obedeceu a
ordem de Elias para preparar-lhe a comida, e, sob a palavra de Deus, não faltou
a farinha na panela e nem o azeite na botija (1 Rs 17.14) durante todo o
período de seca. Além disso, Elias ficou sendo alimentado pela viúva. Esse
episódio, além de mostrar que Deus cuida dos seus profetas, demonstra o amor
que Ele tem para com o órfão e a viúva (Dt 10.17,18; 24.21; 26.12). Sendo Ele o
pai dos órfãos e o juiz das viúvas (Sl 68.5; 146.9), o Senhor não deixou faltar
alimento nesse caso de extrema necessidade dessa mulher e do seu filho. – Sarepta
ficava no sul da Fenícia, um reino vizinho ao norte de Israel, cujo rei era o
pai de Jezabel. Embora essa viúva provavelmente não fosse israelita, assim
mesmo Deus cuidou dela por meio do profeta Elias nos tempos de seca. A situação
das viúvas nos tempos antigos quanto à pobreza, penúria e vulnerabilidade social
e econômica era bem maior do que nos dias de hoje, pois elas apenas eram a
propriedade de um homem e, quando viúvas, ficavam à mercê da bondade dos
outros, pois geralmente não tinham forças para cultivar a terra e nem fontes de
renda, pois os seus bens eram repartidos com o filho mais velho ou os parentes
do esposo. Por isso, os profetas exigiram proteção e cuidado para com elas (Is 1.17;
Jr 22.3), especialmente porque não havia nenhum tipo de seguridade social ou
aposentadoria como nos dias de hoje.
SUBSÍDIO DEVOCIONAL
“1 Rs 17.13-16 – Quando a viúva de Sarepta encontrou
Elias, pensou que estivesse preparando a sua última refeição. Mas um simples
ato de fé realizou o milagre. Ela confiou em Elias e lhe deu tudo o que tinha
de comer. A fé é o passo entre a promessa e a certeza. Os milagres parecem
extremamente fora de alcance para a nossa fé frágil. Mas cada milagre, grande
ou pequeno, começa com um ato de obediência. Não podemos ver a solução até que
demos o primeiro passo de fé.”
“1 Rs 17.17 – Mesmo depois que Deus realiza um
milagre em nossas vidas, nossos problemas podem não estar terminados. A fome
era uma experiencia terrível, mas o pior ainda estava por vir. A provisão de
Deus nunca é dada para que descansemos nela. Precisamos confiar nEle ao
enfrentar cada provação” (Bíblia de Estudo
Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, pp. 778,729).
III O ENCONTRO DE ELIAS COM ACABE
1. Um coração endurecido. A idolatria e a insistente desobediência do rei de Israel
provocaram, da parte de Deus, uma grande seca que durou muito tempo (1 Rs 17.1). A total falta
de discernimento espiritual para perceber o que Deus estava fazendo através
Elias, e a impossibilidade de se arrepender, mesmo com todas as evidências de
que ele era o culpado de todos os males que estavam acontecendo (1 Rs 18.17,18), fizeram com que consequências ainda mais graves viessem sobre a nação.
A primeira palavra que o rei dirigiu a Elias
foi de acusação: “És tu o perturbador de Israel?” (1 Rs 18.17b). Seu coração
estava tão endurecido em razão da recorrência do pecado, que não havia mais
jeito de ele voltar atrás e rever seu deplorável estado espiritual.
2. A sequidão espiritual do rei. Sempre que alguém se torna um contumaz pecador, de
modo a não mais discernir os intentos do próprio coração, como aconteceu a
Acabe, algo muito grave acontece: a sequidão espiritual. O pior é que não
somente o apóstata sofre as consequências disso, mas todas as pessoas que
dependem dele (1 Rs 17.1).
Um
coração endurecido - A
consequência da desobediência de Acabe foi uma grande seca que durou muitos
anos. Como fruto da apostasia de Acabe, surgiram consequências ainda mais
graves: a total falta de discernimento espiritual para perceber o que Deus
estava fazendo por meio do profeta e, ainda, a impossibilidade de arrepender-se
mesmo com todas as evidências que apontavam para o fato de o rei ser o culpado de
todos os males que estavam acontecendo. – A primeira palavra que o rei dirigiu
a Elias é de acusação, atestando para a sua falta de discernimento. O seu
coração havia-se endurecido de tal forma, por causa da constante recorrência no
mesmo pecado, que já não havia mais jeito para o rei. Tornou-se, portanto,
impossível ele voltar atrás e rever o seu deplorável estado espiritual. – Pode-se
traçar um paralelo entre as histórias proféticas de Elias com Acabe e a de Natã
com Davi. Em ambos os casos, houve pecados graves da parte dos dois reis, só
que a grande diferença estava na resposta que eles deram para Deus quando foram
confrontados, embora Elias fosse mais contundente que Natã na abordagem. Elias
foi direta e claramente ao assunto expondo a situação de maneira grave. Davi,
um homem segundo o coração de Deus, rendeu-se em completo arrependimento e
obediência ao Senhor. Já Acabe endureceu-se ainda mais, e o seu pecado só aumentou.
Nos dois profetas, Elias e Natã, estão presentes grande dose de coragem para
enfrentar o poder real, com consequências concretas de morrer por causa das
mensagens que eles entregaram.
A
sequidão espiritual do rei – Quando uma pessoa se torna um contumaz pecador, a
tal ponto de não conseguir mais discernir o seu próprio coração, como foi no
caso de Acabe, uma consequência espiritual grave que acontece é que sobrevém
uma grande seca espiritual, e não somente o apóstata sofre as consequências,
mas também todas as pessoas que dependem dele. No caso de Acabe, todo o Israel
sofreu as consequências da seca. A seca espiritual levou o povo a ficar
dividido entre dois pensamentos (1 Rs 18.21), tentando agradar a Deus e a Mamom
(Mt 6.24) — no caso de Israel, a Baal. As intervenções de Elias na vida de
Acabe demonstraram o desejo que o profeta tinha, impulsionado pelo Espírito
Santo, de trazer a luz da Palavra de Deus sobre o rei e leva-lo ao
arrependimento e, dessa forma, permitir que Israel experimentasse a bondade de
Deus.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
17.1 – NEM ORVALHO NEM CHUVA HAVERÁ.
Elias, na qualidade de mensageiro de Deus,
pronunciou uma palavra de juízo da parte do Senhor contra a nação rebelde de
Israel. Deus ia reter a chuva durante três anos e meio (cf. Dt 11.13-17). Esse
juízo humilhava Baal, pois seus adoradores criam que ele controlava a chuva e
que era responsável pela abundância nas colheitas. O NT declara que essa seca
em Israel resultou das ferventes orações de Elias (Tg 5.17)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 1995, p. 550).
CONCLUSÃO
Apesar da grande misericórdia de Deus sobre o
rei Acabe, permitindo que o profeta Elias o exortasse a retornar aos caminhos
do Senhor, ele acabou levando seu reino à ruína. Não podemos permitir que a
ignorância e a sequidão espiritual nos atinjam. Para isso, precisamos estar
atentos à convocação divina ao arrependimento. – Observamos que durante o seu reinado o rei Acabe, teve
embates com dois profetas: Elias, como já estudamos, e Micaías. Acabe foi hostil
a ambos, pois a sua idolatria e fracassos espirituais suscitaram várias
profecias de Jeová contra ele e a sua esposa. Acabe chegou a afirmar que odiava
Micaías, pois só lhe profetizava mal (1 Rs 22.8). Na profecia em que Micaías
afirmou que Acabe perderia a guerra e seria morto, este mandou lançá-lo na
prisão e sustentá-lo com pão e água (1 Rs 22.26). Temendo o cumprimento da
profecia, Acabe entrou disfarçado na batalha, porém foi atingido por uma flecha
perdida (1 Rs 22.34). Ele morreu naquele mesmo dia, e o seu sangue foi lambido
pelos cães (1 Rs 21.19; 22.38), conforme a profecia de Elias.
REFERÊNCIAS
LIÇÕES BÍBLICAS. 3º
Trimestre 2021 - Lição 3. Rio de Janeiro: CPAD, 18, jul. 2021.
POMMERENING, Claiton Ivan. O
plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro:
CPAD, 2021.
STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo
Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica,
2010.
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