sexta-feira, 16 de julho de 2021

LIÇÃO 3: ACABE E O PROFETA ELIAS

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

Acabe foi um dos mais perversos reis de Israel. Durante seu reinado, ele permitiu que seus terríveis pecados o desviassem completamente dos mandamentos sagrados e do temor a Deus (1 Rs 16.
30
). Além da desobediência já instalada em seu coração, casou-se com a ímpia Jezabel, que o induziu aos caminhos de morte (1 Rs 16.31). Suas más ações provocaram uma grande seca em Israel, episódio que, mais tarde, o colocou frente a frente com o profeta Elias (1 Rs 17.1). – O rei Acabe, durante o seu reinado, fez escolhas que impediram as bênçãos de Deus sobre a sua vida e que comprometeram o seu reinado, mas o seu principal erro foi ter deixado por completo o seu temor ao Senhor; por isso, ele foi considerado o pior rei de Israel – mais do que todos que o antecederam (1 Rs 16.33). Além da desobediência instalada no seu coração pela sua ascendência idólatra, Acabe casou-se com Jezabel, que o levou a mais caminhos de desobediência, que, por fim, levaram a uma seca em Israel e ao seu encontro derradeiro com o profeta Elias, que tentou dissuadir o rei e a rainha dos seus maus caminhos. A péssima influência deste casal, Acabe e Jezabel, perdurou por vários sucessores do trono de Israel e também, além de Elias e Micaías, foram condenadas por Oseias (ver 1.4) e por Miqueias (6.16).

 I. O CASAMENTO DE ACABE COM JEZABEL

1. Consequências de escolhas erradas. Acabe induziu o povo a se aprofundar no pecado da idolatria de maneira bem mais intensa que os reis que o antecederam. Além disso, cometeu o crasso erro de se casar com uma princesa do reino de Sidom, chamada Jezabel. Essa mulher era devota de Baal e Aserá, dois deuses adorados pelas nações vizinhas de Israel (1 Rs 16.3118.19). Essa princesa dos sidônios incitou tanto a maldade em Acabe que ele chegou ao ponto de se vender para fazer o que era mau aos olhos do Senhor (1 Rs 21.25).

2. A rainha perversa. Dentre tantas perversidades, Jezabel destruiu os profetas do Senhor (1 Rs 18.4), ameaçou a vida de Elias (1 Rs 19.2), ordenou injustamente a morte de Nabote para satisfazer a ganância do marido (1 Rs 21.10), e ainda praticou a prostituição e a feitiçaria (2 Rs 9.22).

O trágico fim de Jezabel foi profetizado por Elias. O homem de Deus disse que ela não seria sepultada, mas que os cães a devorariam, pois sua maldade e abominação contrariaram a justiça divina (1 Rs 21.23-27). Deus é misericordioso, mas julga com rigor àqueles que insistem em permanecer na prática do mal.

Consequências de escolhas erradas - A confiança de Acabe, ao invés de ser depositada em Deus, foi feita nas alianças pagãs e nos acordos diplomáticos do seu pai, Onri, o que foi o seu erro, fazendo-o ir atrás dos falsos deuses. Acabe foi um dos piores reis de Israel, pois induziu o povo a aprofundar-se ainda mais no pecado da idolatria, mais do que já haviam sido levados pelos reis anteriores. Apesar de o escritor bíblico retratá-lo de maneira idólatra no seu reinado — como, de fato, o era —, Israel teve relações políticas e comerciais favoráveis com alguns povos vizinhos, o que trouxe relativa prosperidade. Casando-se com Jezabel, favoreceu relações com os fenícios; além disso, construiu e fortificou muitas cidades, inclusive Jericó, cobrou tributos de Moabe e manteve uma política de amizade com Judá, casando a sua filha Atalia com Jeorão, filho de Josafá. Durante o seu reinado, ocorreu a seca de três anos, vaticinada por Elias em consequência da desobediência, que trouxe muita carência de alimentos em Israel. – Acabe cometeu o erro, certamente o pior, de casar-se com uma princesa do reino vizinho da Fenícia (Tiro e Sidom) chamada Jezabel. O casamento com mulheres não israelitas era proibido pela Lei mosaica. Além disso, esse casamento ainda foi celebrado diante de Baal pelos sacerdotes desse deus. Essa união trouxe a ruína moral, espiritual e social do Reino do Norte, fazendo com que Samaria fosse transformada no centro religioso principal de adoração a Baal e Aserá. Jezabel era devota desses dois deuses, que eram adorados pelos povos vizinhos de Israel (1 Rs 16.31; 18.19), cuja adoração envolvia todo tipo de orgias e rituais hediondos. Jezabel instigou a maldade de Acabe a ponto de ele vender a sua alma para fazer tudo aquilo de que Deus não se agradava (1 Rs 21.25).

A rainha perversa – Jezabel promoveu todos os tipos de luxúria, excessos de rituais, feitiçarias, paganismo, sincretismo, prostituição e homossexualismo em nome da religião, com a participação de Acabe, dos profetas e dos sacerdotes e sacerdotisas. Por isso, a Bíblia chama-a de prostituta (2 Rs 9.22; Ap 2.20). Ela era uma cortesã sagrada, cheia de toda astúcia maligna e artifícios perversos que lhe garantiram a perpetuação do poder, mas que não a impediram de escapar da justiça divina como veremos.

A associação de Jezabel com ornamentos femininos é uma brincadeira de mau gosto. Provavelmente resulta de má compreensão do texto de 2 Rs 9.30, que relata a visita de Jeú e o fato de a rainha se pintar e se adornar para lhe receber. No Antigo Testamento, era muito comum as mulheres se adornarem com artefatos de ouro, prata e cobre, além, é claro de usarem maquiagem. A imagem caricata que se faz dessa personagem é jocosa e não representa a realidade, mas apenas tenta exprimi-la. – A Bíblia está repleta de exemplos de mulheres santas que usavam esses artefatos e que se adornavam, conforme o costume da época. Todavia, o apodo “jezabel” é usado mais frequentemente para descrever os costumes imorais e a impiedade que crassa na religião e, infelizmente, adentrou numa comunidade cristã nos idos do primeiro século depois de Cristo. – Na sua perseguição sistemática à religião mosaica, já debilitada pela idolatria dos reis anteriores professada por Israel, Jezabel promoveu uma matança dos profetas do Senhor. Alguns escaparam porque Obadias, ministro de Acabe, “tomou cem profetas, e de cinquenta em cinquenta os escondeu, numa cova, e os sustentou com pão e água” (1 Rs 18.4). Jezabel ameaçou Elias de morte, o único profeta que ainda ousava desafiar as suas estripulias (1 Rs 19.2), mas teve que fugir. Ela mandou matar Nabote injustamente para satisfazer a inveja e a ganância do marido (1 Rs 21.10). Por não conhecer o Deus de Israel, era uma mulher perversa e má, a tal ponto de ser usada como um modelo na Bíblia de maldade e as suas consequências. Essa postura de Jezabel fez com que, pela primeira vez em Israel, o culto a Jeová fosse banido e substituído oficialmente pelo paganismo, sem permissão de coexistência. Apenas Elias desafiou corajosamente a idolatria. – Além das idolatrias oficializadas, Acabe quis negociar uma vinha que pertencia a Nabote como herança de família, porém, era costume em Israel respeitar a herança dos pais e nunca se desfazer dela — isso como um sinal de respeito para com a memória dos antepassados. Como Nabote preferiu honrar a memória dos pais, ele negou-se a trocar a sua vinha, e isso desagradou a Acabe, que se deitou na sua cama numa atitude autopiedosa, chamando a atenção de Jezabel, que imediatamente tomou as providências para matar Nabote e tomar-lhe a vinha, tramando uma falsa acusação contra ele para satisfazer a tristeza do rei. Esse episódio demonstra como Jezabel tinha autoridade e domínio sobre Acabe e no reino, bem como expõe a personalidade mimada do rei, que reagiu como uma criança diante da negativa de Nabote. As atitudes infantis de alguém podem ocasionar sérios prejuízos para as pessoas que dependem dela. Os problemas mal resolvidos, os traumas e as feridas passadas ou, ainda, o pecado — o que é pior — vêm à tona quando alguém do estilo de Acabe depara-se com a contrariedade ou a frustração. – No momento em que Acabe estava tomando posse da vinha de Nabote, a palavra do Senhor veio a Elias numa terrível mensagem de como seria o final de Acabe e Jezabel. A medida da ira de Deus encheu-se contra esse casal que zombou dele e da sua Lei durante todo o reinado, que, além da idolatria, agiram com muita injustiça para com Nabote, acusando-o de algo que não fez. Vejam que, agora, Jezabel, que nem adorava a Jeová, usou o nome de Deus em vão como se cresse nEle, solicitando que caluniassem Nabote em nome de Deus. Para fazer o mal, ela importava-se em cumprir a Lei mosaica, pois, para matar Nabote, levaram-no para fora da cidade e apedrejaram-no (1 Rs 21.13) como manda a Lei (Lv 24.16). Quando a infâmia impõe-se na vida de algum líder, até mesmo negociar vidas e obedecer a Bíblia para fazer o mal em nome de Deus torna-se válido. Por esse motivo, Reimer escreve que “o que se produz pela voz profética é justamente a mescla, a interconexão entre crítica social e reflexão ética e teológica.” Essa premissa profética básica está presente na vida de Elias como o grande profeta do Antigo Testamento. – O trágico fim de Jezabel foi profetizado por Elias, o que certamente foi uma das profecias mais duras para uma rainha: ela não seria sepultada, mas seria devorada pelos cães, pois a sua maldade foi abominável diante da perfeita justiça de Deus. Somente o seu crânio sobrou, com as suas mãos e os seus pés inteiros (2 Rs 9.35-37). – Apesar de toda a misericórdia que Deus tem, há um limite quando a zombaria, a apostasia e, especialmente, a injustiça para com aqueles que não podem defender-se tornam-se insuportáveis diante daquele que é santo.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA 

Relacione na lousa as várias formas de idolatria discriminadas abaixo. A seguir, leia com seus alunos as referências indicadas, não esquecendo de estabelecer as diferenças entre os falsos deuses reverenciados por Israel no passado e os ídolos condenados pelos apóstolos no Novo Testamento, como a cobiça e a glutonaria. Deixe claro para seus alunos que, independente da forma e motivos, a idolatria é odiosa e abominável ao Senhor.

 FORMAS DE IDOLATRIA NA BÍBLIA

a) A adoração a imagens (Is 44.17).

b) O oferecimento de sacrifícios a imagens (Sl 106.38).

c) A adoração a deuses falsos (Dt 30.17; Sl 81.9).

d) O serviço prestado a outros deuses (Dt 7.4).

e) O temor a outros deuses (2 Rs 17.35).

f) A adoração ao verdadeiro Deus, mas por meio de alguma imagem (Êx 32.46; Sl 10.6,18,20).

g) A adoração a demônios (Mt 4.8,10; 1 Co 10.20).

h) Manter ídolos no próprio coração (Ez 14.3,4).

i) A adoração aos espíritos dos mortos (Sl 106.28).

j) A cobiça (Ef 5.5; Cl 3.5).

k) A sensualidade (Fp 3.19).

  II. ELIAS PREVÊ A GRANDE SECA

1. A intervenção divina. Em razão de sua idolatria e atrocidades, Acabe é considerado o pior rei de todo o Israel (1 Rs 16.33). Por causa de seus atos perversos e pecaminosos, o profeta Elias, em obediência a Deus, confrontou esse rei e lhe deu a sentença de que não mais haveria chuva, a não ser pela palavra do profeta, dada por Deus (1 Rs 17.1). Com a seca veio a fome, porém, nem mesmo diante de tal situação Acabe se arrependeu dos seus pecados diante de Deus.

2. O preço da obediência a Deus. O episódio da seca em Israel demonstra que todo homem e mulher de Deus precisam ter fé e coragem para enfrentar os resultados de sua obediência ao Senhor. No caso de Elias, ele teve de enfrentar as dificuldades da falta d’água e alimento e, mais tarde, fugir de Acabe e Jezabel, que o ameaçaram de morte (1 Rs 19.2). Entretanto, apesar das dificuldades pelas quais passou o profeta, a bondade e o cuidado de Deus o acompanharam, pois foi alimentado por corvos com pão e carne duas vezes ao dia (1 Rs 17.6). E, quando a água do ribeiro de Querite secou, o Senhor mais uma vez o sustentou usando a viúva de Sarepta (1 Rs 17.9).

3. Deus sempre cuida dos seus filhos. Na casa da viúva, Elias realizou o milagre da multiplicação da farinha e do azeite. A mulher argumentou que dispunha apenas de uma pequena quantidade desses ingredientes para alimentar a si e ao seu filho. Mesmo diante desse triste cenário, o profeta pediu que ela fizesse primeiro um bolo para ele. A viúva obedeceu a ordem de Elias e lhe preparou a comida. A partir daí, pela palavra do Senhor, nada faltou para aquela família até o fim da seca (1 Rs 17.14). Essa história nos mostra o quanto Deus cuida dos que proferem a sua verdade, e defende a causa do órfão e da viúva (Dt 10.17,1824.2126.12Sl 68.5146.9).

A intervenção divina Deus levantou Elias como um grande profeta num período muito difícil em Israel, quando a apostasia e a idolatria haviam tomado proporções inimagináveis, especialmente sob a influência de Jezabel. A Bíblia omite-se, assim como faz com Melquisedeque, de mencionar a ascendência de Elias ou outra informação quanto ao seu chamado ou passado, provavelmente por este ser de família simples e sem importância histórica para Israel. Tudo indica que não deixou nenhum texto escrito pelo mesmo motivo. Ele, no entanto, é o maior profeta oral da Bíblia. O texto bíblico simplesmente afirma que ele era de Tisbe de Gileade. A sua principal missão era combater o culto a Baal, e o significado do seu nome indica isso: “Jeová é Deus”. Ele vestia-se de forma simples e é descrito como muito zeloso e verdadeiro nas palavras e nas atitudes, severo e levemente grosseiro. A situação empedernida de Israel exigia a presença de um bate-estaca como Elias em vez de um profeta palaciano como Isaías; de um homem rude do campo em vez de um cidadão educado. O profeta Elias não foi um grande profeta da escrita e de previsões remotas. Ele era mais imediatista nas suas profecias, que eram de cumprimento em breve tempo. Ele era mais profeta de denúncia do presente e muito menos um vidente do futuro. Por mais que ele seja o maior profeta oral do Antigo Testamento, a sua função era interpretar e denunciar o presente, que estava corrompido nesse momento histórico de Israel. – Além da advertência severa de Jeová contra Acabe por causa da vinha de Nabote, por causa das atrocidades, perversidades, desobediência e idolatria praticadas, Acabe provocou a ira de Deus. Então, o profeta Elias, tomado de coragem divina, confrontou o rei e deu-lhe a sentença de que não haveria chuva nem orvalho sobre a terra nos próximos anos. Isso acarretou uma severa fome em Israel e territórios vizinhos a ponto de a viúva de Sarepta dizer a Elias que tinha mantimentos para apenas uma última refeição antes de morrer de fome com o seu filho (1 Rs 17.12). – O povo todo — inclusive os pobres e desamparados — estava sofrendo por causa da desobediência do casal governante que, cada vez mais, se davam ao prazer de cometer gestos atrozes contra a santidade de Deus. Elias foi o profeta enviado com mensagens contundentes e assertivas e que tentou reverter a situação. Acabe, porém, acabou achando que o mal de Israel era o próprio Elias, chamando-o de “perturbador de Israel” (1 Rs 18.17). Esse é o triste estado que chega aquele cujo coração foi entorpecido pela prática constante do pecado: acaba invertendo o mal pelo bem. Como escreveu Isaías: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal! Que fazem da escuridade luz, e da luz, escuridade, e fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” (5.20).

O preço da obediência a Deus – Ao ver os animais obedecendo a uma ordem de Deus para trazer-lhe comida foi uma grande experiência para Elias. Quando a água do ribeiro de Querite secou-se, Deus deu ordens ao profeta para procurar a viúva de Sarepta, que o sustentaria. Essa história desfaz as premissas da Teologia da Prosperidade, que apregoa que o cristão fiel nunca deverá passar por privações. Caso elas venham, então será fruto da falta de fé e da atuação de demônios na vida do fiel. O evangelho da prosperidade gera crentes ingênuos e egoístas que acreditam que Deus está sempre pronto para impedir que os seus filhos tenham privações. Quando Ele não atende esses pedidos, ficam frustrados e rancorosos com Deus. Jesus mesmo disse que “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Ele não prometeu ausência de problemas ou conflitos, pois Ele mesmo os enfrentou, e foram tantos que até foi morto; mas a grande diferença está em como se enfrentam esses dilemas da vida. A orientação de Jesus foi que tudo fosse enfrentado com ânimo, que significa determinação, coragem, valor e, principalmente, dignidade diante do perigo ou do sofrimento. Ânimo não é um sentimento ou estímulo momentâneo, mas uma característica que acompanha o sujeito na maior parte da vida e diante das maiores dificuldades. Elias é um modelo ideal desse tipo de conduta espiritual diante das dificuldades. Embora ele tivesse tido o seu momento de desânimo, isso foi pontual, como veremos no próximo capítulo.

Deus sempre cuida dos seus filhos – Na casa da viúva, Elias realizou o milagre da multiplicação, pois tinha ela apenas um punhado de farinha de trigo e um pouco de azeite num jarro. A viúva obedeceu a ordem de Elias para preparar-lhe a comida, e, sob a palavra de Deus, não faltou a farinha na panela e nem o azeite na botija (1 Rs 17.14) durante todo o período de seca. Além disso, Elias ficou sendo alimentado pela viúva. Esse episódio, além de mostrar que Deus cuida dos seus profetas, demonstra o amor que Ele tem para com o órfão e a viúva (Dt 10.17,18; 24.21; 26.12). Sendo Ele o pai dos órfãos e o juiz das viúvas (Sl 68.5; 146.9), o Senhor não deixou faltar alimento nesse caso de extrema necessidade dessa mulher e do seu filho. – Sarepta ficava no sul da Fenícia, um reino vizinho ao norte de Israel, cujo rei era o pai de Jezabel. Embora essa viúva provavelmente não fosse israelita, assim mesmo Deus cuidou dela por meio do profeta Elias nos tempos de seca. A situação das viúvas nos tempos antigos quanto à pobreza, penúria e vulnerabilidade social e econômica era bem maior do que nos dias de hoje, pois elas apenas eram a propriedade de um homem e, quando viúvas, ficavam à mercê da bondade dos outros, pois geralmente não tinham forças para cultivar a terra e nem fontes de renda, pois os seus bens eram repartidos com o filho mais velho ou os parentes do esposo. Por isso, os profetas exigiram proteção e cuidado para com elas (Is 1.17; Jr 22.3), especialmente porque não havia nenhum tipo de seguridade social ou aposentadoria como nos dias de hoje.

SUBSÍDIO DEVOCIONAL

“1 Rs 17.13-16 – Quando a viúva de Sarepta encontrou Elias, pensou que estivesse preparando a sua última refeição. Mas um simples ato de fé realizou o milagre. Ela confiou em Elias e lhe deu tudo o que tinha de comer. A fé é o passo entre a promessa e a certeza. Os milagres parecem extremamente fora de alcance para a nossa fé frágil. Mas cada milagre, grande ou pequeno, começa com um ato de obediência. Não podemos ver a solução até que demos o primeiro passo de fé.”

“1 Rs 17.17 – Mesmo depois que Deus realiza um milagre em nossas vidas, nossos problemas podem não estar terminados. A fome era uma experiencia terrível, mas o pior ainda estava por vir. A provisão de Deus nunca é dada para que descansemos nela. Precisamos confiar nEle ao enfrentar cada provação” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, pp. 778,729).  

III  O ENCONTRO DE ELIAS COM ACABE 

1. Um coração endurecido. A idolatria e a insistente desobediência do rei de Israel provocaram, da parte de Deus, uma grande seca que durou muito tempo (1 Rs 17.1). A total falta de discernimento espiritual para perceber o que Deus estava fazendo através Elias, e a impossibilidade de se arrepender, mesmo com todas as evidências de que ele era o culpado de todos os males que estavam acontecendo (1 Rs 18.17,18), fizeram com que consequências ainda mais graves viessem sobre a nação.

A primeira palavra que o rei dirigiu a Elias foi de acusação: “És tu o perturbador de Israel?” (1 Rs 18.17b). Seu coração estava tão endurecido em razão da recorrência do pecado, que não havia mais jeito de ele voltar atrás e rever seu deplorável estado espiritual.

2. A sequidão espiritual do rei. Sempre que alguém se torna um contumaz pecador, de modo a não mais discernir os intentos do próprio coração, como aconteceu a Acabe, algo muito grave acontece: a sequidão espiritual. O pior é que não somente o apóstata sofre as consequências disso, mas todas as pessoas que dependem dele (1 Rs 17.1).

Um coração endurecido - A consequência da desobediência de Acabe foi uma grande seca que durou muitos anos. Como fruto da apostasia de Acabe, surgiram consequências ainda mais graves: a total falta de discernimento espiritual para perceber o que Deus estava fazendo por meio do profeta e, ainda, a impossibilidade de arrepender-se mesmo com todas as evidências que apontavam para o fato de o rei ser o culpado de todos os males que estavam acontecendo. – A primeira palavra que o rei dirigiu a Elias é de acusação, atestando para a sua falta de discernimento. O seu coração havia-se endurecido de tal forma, por causa da constante recorrência no mesmo pecado, que já não havia mais jeito para o rei. Tornou-se, portanto, impossível ele voltar atrás e rever o seu deplorável estado espiritual. – Pode-se traçar um paralelo entre as histórias proféticas de Elias com Acabe e a de Natã com Davi. Em ambos os casos, houve pecados graves da parte dos dois reis, só que a grande diferença estava na resposta que eles deram para Deus quando foram confrontados, embora Elias fosse mais contundente que Natã na abordagem. Elias foi direta e claramente ao assunto expondo a situação de maneira grave. Davi, um homem segundo o coração de Deus, rendeu-se em completo arrependimento e obediência ao Senhor. Já Acabe endureceu-se ainda mais, e o seu pecado só aumentou. Nos dois profetas, Elias e Natã, estão presentes grande dose de coragem para enfrentar o poder real, com consequências concretas de morrer por causa das mensagens que eles entregaram.

A sequidão espiritual do rei – Quando uma pessoa se torna um contumaz pecador, a tal ponto de não conseguir mais discernir o seu próprio coração, como foi no caso de Acabe, uma consequência espiritual grave que acontece é que sobrevém uma grande seca espiritual, e não somente o apóstata sofre as consequências, mas também todas as pessoas que dependem dele. No caso de Acabe, todo o Israel sofreu as consequências da seca. A seca espiritual levou o povo a ficar dividido entre dois pensamentos (1 Rs 18.21), tentando agradar a Deus e a Mamom (Mt 6.24) — no caso de Israel, a Baal. As intervenções de Elias na vida de Acabe demonstraram o desejo que o profeta tinha, impulsionado pelo Espírito Santo, de trazer a luz da Palavra de Deus sobre o rei e leva-lo ao arrependimento e, dessa forma, permitir que Israel experimentasse a bondade de Deus.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

17.1 – NEM ORVALHO NEM CHUVA HAVERÁ.

Elias, na qualidade de mensageiro de Deus, pronunciou uma palavra de juízo da parte do Senhor contra a nação rebelde de Israel. Deus ia reter a chuva durante três anos e meio (cf. Dt 11.13-17). Esse juízo humilhava Baal, pois seus adoradores criam que ele controlava a chuva e que era responsável pela abundância nas colheitas. O NT declara que essa seca em Israel resultou das ferventes orações de Elias (Tg 5.17)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 550).

CONCLUSÃO 

Apesar da grande misericórdia de Deus sobre o rei Acabe, permitindo que o profeta Elias o exortasse a retornar aos caminhos do Senhor, ele acabou levando seu reino à ruína. Não podemos permitir que a ignorância e a sequidão espiritual nos atinjam. Para isso, precisamos estar atentos à convocação divina ao arrependimento. Observamos que durante o seu reinado o rei Acabe, teve embates com dois profetas: Elias, como já estudamos, e Micaías. Acabe foi hostil a ambos, pois a sua idolatria e fracassos espirituais suscitaram várias profecias de Jeová contra ele e a sua esposa. Acabe chegou a afirmar que odiava Micaías, pois só lhe profetizava mal (1 Rs 22.8). Na profecia em que Micaías afirmou que Acabe perderia a guerra e seria morto, este mandou lançá-lo na prisão e sustentá-lo com pão e água (1 Rs 22.26). Temendo o cumprimento da profecia, Acabe entrou disfarçado na batalha, porém foi atingido por uma flecha perdida (1 Rs 22.34). Ele morreu naquele mesmo dia, e o seu sangue foi lambido pelos cães (1 Rs 21.19; 22.38), conforme a profecia de Elias.

REFERÊNCIAS

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 3. Rio de Janeiro: CPAD, 18, jul. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário