quinta-feira, 24 de junho de 2021

LIÇÃO 13: A MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I 

 INTRODUÇÃO 

O Altíssimo revelou para a Igreja um mistério oculto desde a fundação do mundo. Pelo Espírito Santo, o Senhor trouxe luz para o seu povo usando os “seus santos apóstolos e profetas” para mostrar que esse mistério é Cristo em nós, a esperança da glória. Era a multiforme sabedoria do Pai manifestando-se para pessoas simples como eu e você– No encerramento deste trimestre, estudaremos os dons espirituais e ministeriais, os quais revelam que Deus tem muitas maneiras de agir e que a unidade da Igreja é construída em meio à diversidade. “O Senhor, com sabedoria, fundou a terra; preparou os céus com inteligência” (Pv 3.19). A sabedoria de Deus e sua inteligência divina sempre agiram juntas para que o Eterno alcançasse seus objetivos e propósitos, ao criar todas as coisas. Encerrando o estudo dos dons espirituais, concluímos que a sabedoria de Deus transcende a tudo o que nossa limitada percepção pode compreender. Ela é multiforme, sendo manifestada desde a criação de todas as coisas, numa demonstração de planejamento perfeito, jamais alcançado pela mente humana. Em Salmos encontramos esta declaração: “Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas” (SI 104.24). É por isso mesmo que o incrédulo é chamado de néscio, porque em sua arrogância e presunção, não percebe que Deus se mostra através da Revelação Geral - o universo, o macrocosmo, a imensa complexidade do microcosmo, observado nos microuniversos das células ou das moléculas dos elementos da natureza, não podem ter sido fruto do acaso cego, mas de uma mente sobrenatural, dotada de sabedoria e inteligência além da imaginação limitada do homem.

 I. OS DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS

1. São diversos. Na passagem bíblica de 1 Coríntios 12.8-10 são mencionados nove dons do Espírito Santo. Há outros dons espirituais noutras passagens da Bíblia já mencionados em lições anteriores deste trimestre, como Romanos 12.6-8; 1 Coríntios 12.28-30; 1 Pedro 4.10,11 e Hebreus 2.4. São dons na esfera congregacional. Em Efésios 4.7-11 e 2 Timóteo 1.6 vemos dons espirituais na esfera ministerial da Igreja

2. São amplos. A sabedoria de Deus é multiforme e plural. É manifesta em seus dons espirituais e ministeriais nas mais variadas comunidades cristãs espalhadas pelo mundo. 

3. Dádivas do Pai. Outras excelentes dádivas de Deus dispensadas à sua Igreja para comunicar o Evangelho a todos, são: 

a) A dádiva do amor. A grande manifestação de amor do Altíssimo para com a humanidade foi enviar o seu Filho Amado para salvar o mundo (Jo 3.16). Este amor dispensado por Deus desafia-nos a que amemos aos nossos inimigos e ao próximo, isto é, qualquer ser humano carente da graça do Pai (Jo 1.14). 

b) A dádiva da filiação divina. Deus torna um filho das trevas em filho de Deus (Jo 1.12; 1Pe 2.9). É a graça do Pai indo ao encontro da pessoa, tornando-a membro da família de Deus (Ef 2.19). 

c) O ministério da reconciliação. O apóstolo Paulo explica o milagre da salvação como resultado do “ministério da reconciliação” (2Co 5.19). Todo ser humano pode ter a esperança de salvação eterna, mas de salvação agora também. Quem está em Cristo é uma nova criatura e o resultado disto é que Deus faz tudo novo em sua vida (2Co 5.17). 

São Diversos – Já temos estudado acerca da quantidade dos dons espirituais na introdução do trimestre, lá dissemos que Paulo nos oferece cinco listas de dons espirituais listadas em Romanos 6.6-8; 1 Coríntios 12.8-10; 1 Coríntios 12.28; 1 Coríntios 14; Efésios 4.11-13. É muito provável que ainda haja dons não especificados no NT, o certo é que não há crentes sem dom nem crente possua todos os dons (12.29-31). É o Espírito Santo quem os distribui a cada um, como Ele quer, visando um fim proveitoso: a edificação do Corpo de Cristo. São passagens como a de 1Coríntios 12 e Romanos 12 que atribuem ao Espírito Santo a decisão sobre quais dons distribuir e a quem dentre os convertidos, esses dons serão confiados. “Há diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum” (1Co 12.6-7). O maravilhoso disso é saber que não pode existir Igreja local sem o exercício dos dons espirituais! Assim, manifesta-se o poder de Deus e sua multiforme sabedoria, e somos os instrumentos usados por Ele para a edificação e o fortalecimento espiritual da igreja: “Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificação da igreja” (1Co 14.12).

São amplos – Os dons são vários; a graça é uma só! Pneumatikon nos fala que os dons espirituais são coisas caracterizadas pelo Espírito Santo, charisma nos ensina que eles são dons da graça de Deus. A Bíblia King James, Versão Autorizada (KJV), em 1Co 12.1 menciona “dons espirituais”. No grego lemos simplesmente “espirituais” (ton pneumatikon), significando “coisas caracterizadas ou controladas pelo Espírito”. Dons espirituais são, portanto, em primeiro lugar, coisas controladas ou caracterizadas pelo Espírito, logo, todos os dons são carismáticos, isto é, todos os dons são livremente dados por um Deus gracioso. o Espírito distribui cada um deles ao cristão (1 Co 12.11). Em 1Co 12.4-6, o Filho de Deus determina ao cristão o modo específico como o dom é manifestado no corpo (1 Co 12.12-27); no versículo 6, o Pai provê a força ao cristão no exercício do dom (1Co 12.28). Deus opera Sua vontade por meio de Seu povo de muitas maneiras. Ninguém foi colocado no corpo para ser igual a outro membro nem para exercer a mesma função. O Espírito é o mesmo [...] o Senhor é o mesmo [...] o mesmo Deus. Embora as pessoas recebam dons diferentes do Altíssimo, Deus e Sua obra estão unidos. Sejam quais forem os dons que diversas pessoas tenham ou não, o único Deus opera todas essas coisas (v. 11). O Reverendo Hernandes Dias Lopes escreveu em Blog o seguinte sobre os dons espirituais à luz da Bíblia: “Os dons espirituais são uma capacitação sobrenatural dada pelo Espírito Santo aos membros do corpo de Cristo para o desempenho do ministério. Nós somos individualmente membros do corpo de Cristo. Cada membro tem sua função no corpo. Nenhum membro pode considerar-se superior nem inferior aos demais. Todos os membros são importantes e interdependentes. Servem uns aos outros. Pelo exercício dos dons espirituais as necessidades dos santos são supridas, de tal forma que, numa humilde interdependência todos os salvos crescem rumo à maturidade, à perfeita estatura do Varão perfeito, Cristo Jesus”.

Dádivas do Pai – Deus se compraz em dar presentes. É da natureza divina a generosidade para com sua criação, e o mesmo pode ser dito no que concerne ao relacionamento de Deus para com sua Igreja. Nesse caso específico, a Bíblia nos apresenta a expressão “dom” como uma capacitação dada pelo próprio Deus para que seus servos possam atuar de forma adequada nas esferas da igreja local. A salvação foi a maior dádiva que Deus concedeu ao mundo (Jo 3.16). A dádiva da vida eterna, em Cristo Jesus. 1Co 12.7 diz:“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil”, logo, essas manifestações visam à edificação e à santificação da igreja (12.7; ver 14.26).

a) A dádiva do amor – A maior manifestação do amor de Deus foi o ter enviado Seu Filho a fim de que os eleitos fossem salvos. foi o eterno amor de Deus que formulou o propósito de enviar Cristo, para que Ele obedecesse a Sua lei e morresse pelos pecadores. A nossa salvação revela que a natureza de Deus é amor.

b) A dádiva da filiação divina – Através da fé no Filho, o Pai torna o pecador justificado e o recebe por filho. João registrou esse fato: “Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de DEUS-, aos que creem no seu nome” (Jo 1.12). Lembrando que Dom é dado graciosamente, ninguém pode conquistar esse poder (ou direito). Resultado da graça e do amor de Deus. “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus” (Ef 2.19).

c) O ministério da reconciliação – Em 2Coríntios, Paulo discorre sobre a nova vida do salvo em Cristo e  explica que o milagre da salvação, que inclui a regeneração, a justificação e a santificação, “provém de Deus”, que nos concedeu o “ministério da reconciliação”. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2 Co 5.17-19).

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA 

Professor, para introduzira última lição do trimestre reproduza na lousa o esquema abaixo. Em seguida, faça uma revisão dos assuntos tratados ao longo do trimestre. Cite e comente cada dom estudado. O propósito desta revisão é para que fique claro ao aluno o caráter múltiplo de Deus em lidar com a sua amada Igreja. Por isso, podemos perceber através dos estudos dos dons a multiforme sabedoria do Pai sobre o seu povo. Boa aula!

  II. BONS DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DIVINOS   

1. Com sobriedade e vigilância. O despenseiro deve administrar a igreja local, retirando da “despensa divina” o melhor alimento para o rebanho. Paulo destaca a sobriedade e a vigilância do candidato ao episcopado como habilidades indispensáveis ao exercício do ministério (1Tm 3.2). Por isso, o apóstolo recomenda ao obreiro não ser dado ao vinho, pois a bebida traz confusão, contenda e dissolução (1Tm 3.2 cf. Ef 5.18). O fiel despenseiro é o oposto disso. Nunca perde a sobriedade e a vigilância em relação ao exercício do ministério dado por Deus.

2. Amor e hospitalidade. Os despenseiros de Cristo têm um “ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (1Pe 4.8). Mediante a graça de Deus, o obreiro pode demonstrar sabedoria e amor no trato com as pessoas. Amar sem esperar receber coisa alguma é parte do chamado de Deus para os relacionamentos (1Jo 3.16). Esta atitude é a verdadeira identidade daqueles que se denominam discípulos do Senhor Jesus (Jo 13.34,35). Aqui, também entra o caráter hospitaleiro do obreiro, recomendado pelo apóstolo Pedro (1Pe 4.9). Isso se torna possível para quem ama incondicionalmente, pois a hospitalidade é acolhimento, bom trato com todas as pessoas — crentes ou não, pobres ou ricas, cultas ou não etc. Este é o apelo que o escritor aos Hebreus faz a todos os crentes (Hb 13.2,3).

3. O despenseiro deve administrar com fidelidade. A graça derramada sobre os despenseiros de Cristo tem de ser administrada por eles com zelo e fidelidade. A Palavra de Deus nos adverte: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4.10). Pregando, ensinando ou administrando o corpo de Cristo, tudo deve ser feito para a glória do Senhor, a quem realmente pertence a majestade e o poder (1Pe 4.11). Paulo ensina-nos ainda que devemos ser vistos pelos homens como “ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (1Co 4.1; Cl 1.26,27). Por isso, os despenseiros de Deus devem ser fiéis em tudo; “para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef 3.10).

Com sobriedade e vigilância – Despenseiros são as pessoas que tomam conta da despensa de uma casa, ou do lugar onde são guardados os alimentos e outros itens necessários à manutenção da família. O apóstolo Pedro exorta os destinatários da sua primeira carta, quanto à iminente vinda de Jesus, fazendo solene advertência sobre como os cristãos devem comportar-se, “como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4.10). O Despenseiro deve guardar a sobriedade e vigilância, em oração (1Pe 4.7); essa advertência refere-se à simplicidade que deve caracterizar um servo de Deus, sobretudo aquele que tem a liderança, na casa do Senhor. Fala da constante vigilância sobre a vida cristã, ante os ataques diuturnos do Adversário. Ele anda como leão, buscando destruir vidas preciosas. O que administra o rebanho de Deus deve saber retirar da “despensa” de Deus o melhor alimento. E vigiar por suas vidas. É Pedro quem dá idêntica advertência em sua primeira carta: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8; Mt 26.41). 

Amor e hospitalidade – O DESPENSEIRO DEVE SER AMOROSO: - Em segundo lugar, o despenseiro de Cristo deve ter “ardente amor uns para com os outros, porque o amr cobrirá a multidão de pecados” (1 Pe 4.8); todo crente fiel deve ser despenseiro de Deus; mas, como já refletimos, o obreiro, pastor, dirigente, ou líder de uma igreja, pastoreia ovelhas que não são suas. E cada ovelha é diferente da outra, em temperamento, formação, visão das coisas, e nem sempre é dócil e obediente. Há crentes que dão muito trabalho aos líderes. Como despenseiro da graça de Deus, o obreiro deve demonstrar amor em todas as ocasiões, no trato com todo o tipo de ovelha. Com as mais fracas, deve ser mais compreensivo; com as mais fortes, deve ser incentivador de sua fé e testemunho; com as feridas, deve ter sempre o bálsamo do amor e da compreensão; e com as que pecam, fazer uso da disciplina com amor, sem abuso de autoridade. Enfim, em qualquer situação o despenseiro deve ter amor. É característica do verdadeiro discípulo de Jesus (Jo 13.34,35). O DESPENSEIRO DEVE SER HOSPITALEIRO: - Deve ter hospitalidade para com “os outros, sem murmurações” (1 Pe 4.9); já foi visto que hospitalidade é acolhimento, bom trato com todas as pessoas, na administração da igreja local; ou do crente com seus irmãos, familiares, amigos e pessoas em geral. “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque, por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram anjos” (Hb 13.2). Há quem faça acepção de pessoas, discriminando os mais humildes ou menos favorecidos na vida humana. Essa não é atitude do despenseiro da casa de Deus. Esse deve ser sempre atencioso com todos, ajudando-os em suas necessidades espirituais emocionais e físicas, dentro de suas possibilidades. Não agir assim, é pecado (Dt 16.19; Tg 2.9).

O despenseiro deve administrar com fidelidade – Sobre a necessidade de administrarmos com fidelidade, transcrevo o comentário de Matthew Henry: (1) A regra é que, qualquer que seja o dom, comum ou extraordinário, quaisquer que sejam o poder, a habilidade ou a capacidade para fazer o bem que nos foram dados, devemos administrar, ou servir, uns aos outros com eles, não nos considerando senhores, mas somente “...bons despenseiros da multiforme graça”, ou dos diversos dons de Deus. Aprenda: [1] Seja qual for a habilidade que tivermos para fazer o bem, precisamos reconhecê-la como um dom de Deus e atribuí-lo à sua graça. [2] Quaisquer dons que tenhamos recebido, devemos considerá-los como recebidos para o uso uns aos outros. Não podemos tomá-los para nós mesmos, nem escondê-los num lenço, mas servir com eles aos outros da melhor maneira que conseguirmos. [3] Ao recebermos os multiformes dons de Deus, precisamos considerar-nos apenas despenseiros, e agir de acordo com isso. Os talentos que nos são confiados são bens do nosso Senhor, e precisam ser empregados de acordo com a orientação dele. E se exige de um despenseiro que seja encontrado fiel. (2) O apóstolo exemplifica as suas orientações acerca dos dons em dois aspectos particulares: falar e administrar, acerca dos quais ele dá estas regras: [1] “Se alguém, seja um ministro em público, seja um cristão numa reunião particular, falar ou ensinar, precisa fazê-lo segundo as palavras de Deus”, que nos orientam acerca dos assuntos da nossa fala. O que os cristãos em particular ou os ministros em público ensinam e falam precisa ser a pura palavra e os oráculos de Deus. Acerca da maneira de falar, precisa ser com seriedade, reverência e solenidade, que convém à santa e divina palavra. [2] “Se alguém administrar, ou como um diácono, distribuindo donativos da igreja e cuidando dos pobres, ou como pessoa particular, por meio de dádivas e contribuições de caridade, administre segundo o poder que Deus dá”. Aquele que recebeu abundância e habilidades de Deus deve administrar com abundância, e de acordo com sua habilidade. Essas regras devem ser seguidas e praticadas para este fim, “...para que em tudo, em todos os seus dons, ministrações e serviços, Deus seja glorificado” (v.11), “...para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16), “...por Jesus Cristo” (v. 11), que obteve e concedeu esses dons aos homens (Ef 4.8), e unicamente por meio de quem nós e nossos serviços são aceitáveis a Deus (Hb 13.15), a quem, Jesus Cristo, “...pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém.” Aprenda que, em primeiro lugar, é dever dos cristãos em particular e dos ministros em público falar uns aos outros das coisas de Deus (Ml 3.16; Ef 4.29; SI 145.10-12). Em segundo lugar, importa seriamente a todos os pregadores do evangelho manter-se próximos da palavra de Deus, e tratar essa palavra como os oráculos de Deus. Em terceiro lugar os cristãos não devem somente cumprir com as suas obrigações, mas precisam cumpri-las com vigor e de acordo com as suas melhores habilidades. Em quarto lugar, em todos os deveres e serviços da vida devemos almejar a glória de Deus como o nosso propósito principal; todas as outras coisas precisam ser submetidas a isso, que vai santificar nossos atos e coisas comuns (1 Co 10.31). Em quinto lugar, Deus não é glorificado por nada do que fazemos se não oferecermos isso a Ele por meio da mediação e dos méritos de Jesus Cristo. Em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, que é o único caminho para o Pai. Em sexto lugar, a adoração que o apóstolo presta a Jesus Cristo e o fato de lhe atribuir louvor e domínio eternos provam que Jesus Cristo é o Deus Altíssimo, bendito acima de tudo para sempre. Amém. 

SUBSÍDIO TEOLÓGICO 

"Em virtude do fato de Paulo, Apoio e Pedro pertencerem aos crentes, os homens (gr. anthropos, 'pessoas', 'humanidade') devem considerá-los como servos de Cristo enviados por Ele para ajudá-los.

A Paulo, Apoio e Pedro são confiados os 'mistérios de Deus' (que eram mistérios não revelados nos tempos do Antigo Testamento, mas que agora são revelados no Evangelho).

A eles são confiados não para guardar ou proteger esses 'mistérios', mas para administrá-los a todos os crentes. Porque eles têm esta responsabilidade exige-se que sejam fiéis, ou seja, eles têm de entregar-se à obra de disseminar o Evangelho, apesar das dificuldades e das consequências.

Paulo foi incumbido pelo Senhor de administrar os segredos de Deus. Portanto, ele era responsável a Deus, não a algum tribunal humano com suas limitações humanas, e certamente não aos coríntios que o estavam julgando (examinando, investigando, criticando)" (HORTON, Stanley. I & II Coríntios: Os Problemas da Igreja e Suas Soluções. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.46,45).

  III. OS DONS ESPIRITUAIS E O FRUTO DO ESPÍRITO

1. A necessidade dos dons espirituais. Os dons espirituais são indispensáveis à Igreja. Uma onda de frieza e mornidão tem atingido muitas igrejas na atualidade, as quais não estão vivendo a real presença e o poder de Deus para salvar, batizar com Espírito Santo e curar enfermidades (Ap 3.15-20). Em tal estado, os dons do Espírito são ainda mais necessários. É no tempo de sequidão que precisamos buscar mais e mais a face do Senhor, rogando-lhe a manifestação dos dons espirituais para o despertamento espiritual dos crentes em Jesus (Hb 3.2).

2. Os dons espirituais e o amor cristão. Paulo termina o capítulo sobre os dons espirituais, dizendo: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente” (1Co 12.31). Em seguida abre o capítulo mais belo da Bíblia Sagrada sobre o amor — 1 Coríntios 13. Como já dissemos, não é por acaso que o tema do amor (capítulo 13) está entre os assuntos espirituais (capítulos 12 e 14). Ali, o apóstolo dos gentios refere-se a vários dons, ensinando que sem o amor nada adianta tê-los. 

3. A necessidade do fruto do Espírito. Uma vida cristã pautada pela perspectiva do fruto do Espírito (Gl 5.22) — o amor — é o que o nosso Pai Celestial quer à sua Igreja. Uma igreja cheia de poder, que também ama o pecador. Cheia de dons espirituais, mas que também acolhe o doente. Zelosa da boa doutrina, mas em chamas pelo amor fraterno que, como diz Paulo, “é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal” (1Co 13.4,5). O caminho do amor é mais excelente que o dos dons espirituais (1Co 12.31).

A necessidade dos dons espirituais – O Pr Elinaldo Renovato escreve em seu livro de apoio a esta lição: No capítulo 2, vimos o Propósito dos Dons Espirituais. Neste item, podemos identificar a necessidade dos dons para as igrejas em todos os tempos e lugares. Hoje, mais do que nunca, com o esfriamento do amor e a multiplicação da iniquidade (cf. Mt 24.12), a Igreja do Senhor Jesus necessita de mais poder, de mais unção, de “mais demonstração do Espírito e de poder” (1 Co 2.4). Os teólogos cessacionistas, que ensinam que os dons espirituais cessaram com o fechamento do Cânon do Novo Testamento, e não há mais necessidade deles, cometem equívoco elementar em sua exegese sobre a atualidade dos dons. O fechamento do Cânon nada tem a ver com doutrina. Quer dizer que não se pode acrescentar mais nenhum livro ao Novo Testamento. No que concerne aos dons espirituais, os ensinos cessacionistas não se firmam na boa interpretação da Bíblia, porque carecem de fundamento escriturístico. Eles se baseiam em premissas equivocadas, que aprenderam com seus mentores, nos seminários, ou em seus tratados teológicos. Para esses teólogos, suas conclusões cessacionistas tornaram-se dogmas, a exemplo do que ocorreu na teologia católica. São postulados intocáveis, sagrados, infalíveis. Eles defendem, corretamente, o postulado da “Sola Scriptura”, fundamento da Reforma, mas, em seus estudos, valorizam mais a opinião dos teólogos do que a própria Palavra de Deus. Em nenhum lugar, na Bíblia, está escrito que os dons espirituais deixaram de operar na igreja. Os dons espirituais, hoje, são mais necessários do que no tempo dos apóstolos. Há uma “frente fria”, passando pelos seminários, por faculdades teológicas, e por muitas igrejas, em que não se vê a presença de Deus, através dos dons espirituais, ou dos sinais do poder de Deus, na vida das pessoas.

Os dons espirituais e o amor cristão – A afirmativa de Paulo “Um caminho ainda mais excelente” não é uma comparação negativa entre dons e amor, visto que o advérbio ainda indica a continuação do assunto. Todas as manifestações do Espírito devem, ao mesmo tempo, manifestar o lado do amor, pois o amor é a questão definitiva que está por trás de todas as coisas. É o esteio, o apoio, o início e o fim no que se refere ao uso dos dons. Paulo incentiva a Igreja coríntia a buscar com zelo os dons Espirituais e orienta aqueles crentes a buscarem algo ainda mais precioso. Paulo está mostrando aos coríntios em que consiste a essência do cristianismo e porque ele é um “caminho” tão inusitado, que sobrepuja a tudo.

A necessidade do fruto do Espírito – Somente o Espírito Santo pode produzir no cristão o fruto do Espírito. Quando o Espírito controla completamente a vida do cristão, ele produz todas essas graças. Elinaldo Renovato escreve sobre isto: “O fruto do Espirito — O amor (G1 5.22) — é o que faz a diferença entre um crente correto e um crente que trabalha, mas não produz o que Deus espera dele. O que tem dons de Deus, ou dons do Espírito Santo, necessita ser coberto pelo amor de Deus em seu coração, e em suas ações. Por isso, Paulo diz que “A caridade [o amor, em outras versões] é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal” (1 Co 13.4,5 — colchete inserido). A prática da caridade, ou do amor em ação, age no caráter do crente. Não admite inveja, irresponsabilidade, orgulho, indecência, e “não busca seus interesses”, ou seja, não é egoísta (1 Co 13.5), “não se irrita”, ou seja, não permite que o crente viva irritado com os outros, o tempo todo, e não dá lugar a suspeitas infundadas, como o texto citado em evidencia. O dom do Espírito deve ser exercido com amor e humildade, sem presunção ou orgulho (1 Co 13.4). O uso dos dons deve dar lugar a um exercício constante em busca da maturidade cristã. A falta de maturidade leva os detentores de dons a serem carnais e infantis na fé. A igreja de Corinto possuía em seu seio todos os dons, mas os crentes não estavam maduros na fé. Diz Paulo: “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis; porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens? (1 Co 3.1-3 — grifo nosso). Exortando a igreja, Paulo diz da necessidade de deixarem de ser meninos na fé. “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” (1 Co 13.11). A prática do fruto do Espírito, aliada ao exercício dos dons, é o que evita a meninice espiritual, e leva o crente a alcançar a maturidade espiritual, como diz Paulo: “logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino”. É a falta do fruto do Espírito da temperança, da bondade, da benignidade e acima de tudo do amor, que tem sido causa de escândalos e decepções nas igrejas.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO 

"Paulo havia elogiado os coríntios, a quem não faltavam nenhum dom espiritual (1 Co 1.7), e lhes mostrado a necessidade de apreciar a variedade dos dons e a unidade do corpo. Agora ele quer destacar 'um caminho mais excelente' para exercer os dons, o caminho do amor. Ele não sugere que os dons sejam inferiores ao fruto do Espírito (que inclui-se todo no amor). Nem quer dizer que os dons e as manifestações espirituais não sejam necessários se eles têm o amor. Embora o amor de Deus e o amor de Cristo sejam a fonte de nossa salvação e de tudo o que Deus tem para nós, o amor não é chamado de dom espiritual (um dos charismata). Tudo o que foi dito no capítulo 12 mostra que os dons são necessários para a vida e ministério cristãos. Mas em Corinto eles precisavam de correção. Os dons eram genuínos, mas em Corinto eles precisavam de correção. Os dons eram genuínos, mas os motivos dos crentes eram tudo o que deviam ser. Não nos esqueçamos de que Deus modelou este amor para nós 'segundo sua pessoa e trabalho" (HORTON, Stanley. I & II Coríntios: Os Problemas da Igreja e Suas Soluções. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.124,25).

CONCLUSÃO 

A multiforme sabedoria de Deus manifesta-se na igreja através da intervenção sobrenatural do Espírito Santo e a partir dos dons de Deus necessários ao crescimento espiritual dos crentes. Sejam quais forem os dons, aqueles que os possuem devem usá-los com humildade e fidelidade, não buscando os interesses próprios, mas sobretudo o amor, pois sem amor de nada adianta possuir dons. Estes são para a edificação dos salvos em Cristo Jesus. – Antes mesmo da criação do mundo, Deus tinha um plano. Este plano foi feito em Cristo e reunirá em Cristo todas as coisas que existem nos céus e na terra. Deus planejou tudo isto por causa da sua vontade, ou para o seu prazer. Deus é o Número Um. Por isso todas as coisas são dele e por meio dele. Efésios 3.10 nos apresenta o mistério da multiforme sabedoria de Deus que agora é dada a conhecer por meio da igreja aos principados e potestades. A Sabedoria de Deus é Cristo; portanto, o que se dá a conhecer por meio da igreja é o próprio Cristo. Cada vez que a igreja se reúne, dá testemunho e expressa o Senhor Jesus Cristo. Efésios 4.11 relaciona cinco ministérios: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Através deles, o Senhor capacita a igreja; mas na realidade, estes cinco ministérios são cinco expressões de Cristo. Cristo é o verdadeiro Apóstolo, o verdadeiro Profeta, o grande Evangelista, o bom Pastor, e o grande Mestre. Assim que cada um destes cinco ministérios expressa cinco aspectos da maravilhosa pessoa de Cristo. Deus nos salvou com seu sangue, nos deu Dons Espirituais, nos colocou em uma igreja local e espera que sua face seja refletida através de cada um de nós. Assim, encerramos este trimestre, cada aula desenrolou-nos mistérios acerca dos dons e ministérios, acima de tudo, mostrou-nos que sua mola propulsora é o amor e sua finalidade é a edificação do próximo. Agora, é só colocarmos em prática.

REFERÊNCIAS

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos, p. 135.

COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO APLICAÇÃO PESSOAL. Rio de Janeiro: CPAD. p. 502.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: Atos a Apocalipse. Edição completa. Rio de Janeiro: CPAD. p. 260-262.

LIÇÕES BÍBLICAS. 2º Trimestre 2021 - Lição 13. Rio de Janeiro: CPAD, 27, jun. 2021. 

LIMA, Elinaldo Renovado de. Dons Espirituais e Ministeriais: servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1261-1262.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

W. E. Vine, Merril F. Unger & William White Jr. Dicionário Vine. CPAD, Rio de Janeiro, 2002, p. 648. 

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