COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas
Cristo
formou a Igreja por meio da reconciliação efetivada na cruz (Ef 2.13-19). O apóstolo
compara-a a um edifício em construção (2.21). A pedra angular dessa edificação é
Cristo, e o fundamento foi estabelecido pelos apóstolos e os profetas (2.20). O
propósito é tornar-se templo santo do Senhor e morada do Altíssimo (2.22). Tanto
os judeus quanto os gentios fazem parte da Igreja, também identificada como “família
de Deus” (2.19b).
Como já
visto no capítulo anterior, pela obra de Cristo na cruz, ocorreu uma mudança na
condição dos gentios que agora “já não [são mais] estrangeiros, nem
forasteiros, mas concidadãos dos Santos e [membros] da família de Deus” (2.19).
Por causa de Cristo, homens e mulheres de toda a raça, língua, tribo, nação e
posição social estão juntos na mesma família – a família de Deus. Essa família é
semelhante a um edifício construído sobre um sólido fundamento. Aqui no
texto aos Efésios, Paulo enumera os apóstolos e profetas como sendo o
fundamento (2.20). Porém, aos Coríntios, lê-se que “ninguém pode pôr outro
fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co 3.11).
Essa
aparente contradição é explicada pela apresentação diferente que Paulo faz da
mesma metáfora: “aqui, o apóstolo se refere a si mesmo e aos outros como pedras
do edifício, ao passo que em Coríntios (Ef 3.10) a referência é a construtores”.
Além da explicação já descrita que se trata de apresentação diferente de uma
mesma metáfora, Bullinger, na sua obra Comentário sobre Efésios, interpreta que “Paulo
não quer dizer que os apóstolos e profetas são o fundamento da Igreja, mas
Jesus Cristo, de quem os apóstolos e profetas deram testemunho, porque Ele é a
pedra que o Senhor colocou em Sião. [BAPTISTA, Douglas. A Igreja Eleita:
redimida pelo sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo da Promessa. Rio
de Janeiro: CPAD, 2020].
Cristo Jesus edificou a sua
Igreja, os apóstolos ensinaram e os profetas testemunharam o Cristo edificador.
Com isso, você tem o compromisso de ensinar nesta lição que Cristo é a base da
Igreja e que estamos alicerçados na doutrina dos apóstolos e no testemunho dos
profetas. Para isso, outros objetivos na lição devem ser desdobrados.
Em primeiro lugar, você deve
explicitar que no Antigo Testamento Deus habitou no Tabernáculo e no Templo,
mas que no Novo habita em nós por meio de seu Espírito Santo.
Em segundo, você deve apresentar o fundamento como a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas tendo Cristo como a pedra basilar. E, finalmente, você deve fazer uma reflexão sobre sermos o templo do Espírito Santo e a necessidade de vivermos em santidade. Somos Igreja, o Corpo de Cristo. Esse Corpo expressa tudo o que Jesus ensinou e viveu.
Resumo e destaques da lição
Tudo na lição gira em torno
dessa sentença: Jesus Cristo é pedra basilar da Igreja. Ou seja, todo o seu planejamento
de aula deve atingir esse ponto.
Assim, o primeiro tópico
mostrará que no Antigo Testamento Deus habitou em lugares erguidos por mãos
humanos, mas no Novo Ele habita em nós. O que você precisa deixar bem claro
neste tópico é que em Cristo um novo conceito de santuário é construído. Os
crentes são comparados a um edifício espiritual onde Cristo Jesus é a pedra
principal. Esse edifício espiritual requer uma vida interior de espiritualidade
profunda em Deus.
O segundo tópico apresentará o
fundamento como a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas tendo
Cristo como a pedra basilar, o que significa que você deve apresentar a verdade
de que a igreja está edificada sobre a pedra angular que é o próprio Cristo. O
seu fundamento é a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas bíblicos.
Nesse sentido o edifício espiritual foi erguido na Igreja do Novo Testamento:
(1) Cristo, a pedra basilar; (2) os ensinos dos apóstolos; (3) o testemunho dos
profetas.
O último tópico traz uma
reflexão sobre sermos o templo do Espírito Santo e a necessidade de viver a
santidade, o que significa que você deve conscientizar os alunos de que Deus
habita na vida daquele que, edificado em Cristo, torna-se templo santo do Senhor.
Deus comunga com o crente por intermédio do Espírito Santo. Ser templo do
Espírito Santo é um dos símbolos mais fortes da Bíblia em relação à morada de
Deus em nós. [Subsídio extraído
da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº 82 (Abr/Mai/Jun]
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Por meio da reconciliação
efetivada na cruz, Cristo formou a Igreja (2.13,19). O apóstolo Paulo a compara
como um edifício em construção (2.21). A pedra angular dessa edificação é
Cristo e o fundamento é a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas
(2.20). Assim, há o propósito divino de que sejamos o templo santo do Senhor, a
morada do Altíssimo (2.22). Nesta lição, estudaremos cada um desses aspectos. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]
Efésios 2:19-22 é a última seção
deste capítulo, e aqui encontramos três vívidas imagens usadas por Paulo: ele
fala sobre uma nação (2.19a); sobre uma família (2.19b), e sobre um santuário
(2.20-22). Nesse ponto, Paulo afirma que os gentios já não são estrangeiros e
peregrinos, mas concidadãos perfeitos no povo de Deus e membros em sentido
pleno da família divina. Encontramos nessa seção da carta a palavra grega xenos designando
os estrangeiros. William Barclay escreve que “Em cada cidade grega haviam
xenoi cuja vida não era fácil. Um forasteiro escreveu de uma cidade estranha:
"É melhor que fiquem em seus lares, sejam como forem, antes que ir a terra
estranha". O estrangeiro era olhado sempre com suspeita e antipatia. Paulo
usa a palavra paroikos para peregrinos. O paroikos já deu um passo adiante com
respeito ao anterior. Era um estrangeiro residente; um homem que se tinha
radicado num lugar sem chegar nunca a fazer-se cidadão naturalizado. Tinha que
pagar um imposto pelo privilégio de viver num país que não era o próprio. Podia
permanecer ali e trabalhar, mas era um estranho e forasteiro cujo lar estava em
outra parte. Tanto o xenos como o paroikos tinham que aguentar dificuldades
onde se encontrassem; sempre eram marginados. De modo que Paulo diz aos
gentios: "Vocês ainda não estão na Igreja e o povo de Deus sendo
tolerados. Vocês são verdadeiros cidadãos da sociedade de Deus. Vocês são
membros plenos da família de Deus"” (Efésios - William
Barclay. P. 68).
I. UM EDIFÍCIO ESPIRITUAL
1. O santuário
judeu. O templo em Jerusalém era o
símbolo do exclusivismo de Israel como povo de Deus (1 Rs 8.16-20). A proibição
dos estrangeiros acessarem o Templo era um motivo de inimizade entre judeus e
gentios (2.14). Ao reconciliar ambos os povos, Cristo aboliu as leis
cerimoniais, desfez a inimizade entre eles e formou uma nova humanidade – a
Igreja (2.18,19). Assim, o templo judaico perde sua relevância e um novo
conceito de santuário é apresentado. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020.
Lição 8, 24 Maio, 2020].
Os gentios estavam
autorizados a entrar na parte externa da área delimitada do templo em
Jerusalém. Esse pátio externo também era chamado de pátio dos gentios. Uma
barreira de cerca de um metro e meio (o “muro de inimizade”, de Efésios 2.14)
impedia o acesso dos gentios aos pátios internos do templo. O historiador judeu
Flavio Josefo informa que: “Havia uma divisão feita de pedra (…). Sua
construção era muito elegante; sobre ela, ficavam pilares, em distâncias iguais
entre um e outro, anunciando a lei de pureza, em grego e em outras letras
romanas, dizendo que ‘nenhum estrangeiro deveria entrar no santuário’” (Guerras,
5.5.2).
Hernandes Dias Lopes
escreve em sua obra ‘Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo’ (Hagnos), que
“a palavra grega usada para santuário aqui não é a palavra comum para
santuário, hieron, referindo-se ao templo e suas dependências de uma forma
geral, mas a palavra naos, “o santuário interior”, ou “santo dos santos”. O
templo, nos dias do Antigo Testamento, quando era considerado naos, era acima
de tudo o lugar especial do encontro de Deus com seu povo. Era o lugar em que a
glória de Deus descia e se manifestava pela sua presença. Cristo, ao vir à
terra, tornou obsoleto o tabernáculo, templo feito por mãos de homens. Ele
mesmo tornou-se o lugar de habitação divina entre os homens (Jo 1.14). E esse
templo já não está mais entre os homens, pois Deus, agora, procura para sua
habitação homens e mulheres regenerados pelo seu Espírito” (Lopes,
Hernandes Dias Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos,
2009. p. 70).
2. O santuário
cristão. Os que pertencem a
Cristo são comparados a um edifício onde Deus habita em Espírito (2.22). O
ensino apostólico lembra Salomão, quando este reconheceu que o templo em
Jerusalém não poderia conter a Deus (1 Rs 8.27); e reafirma a instrução de
Estevão em que “o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens”
(At 7.48; cf. 17.24). Desse modo, os crentes – judeus ou gentios – tornaram-se
o templo onde o Espírito de Deus habita (1 Co 3.16), em que eles são “pedras
vivas” em um “edifício espiritual” (1 Pe 2.5). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]
No sentido metafórico,
Deus está edificando uma casa espiritual, colocando todos os cristãos no devido
lugar e integrando-os uns com os outros e cada um deles com a vida de Cristo
(2.19; Hb 3.6). A igreja cresce não como um edifício de pedras mortas, mas com
um crescimento orgânico de pedras vivas (1Pe 2.5). Esse edifício cresce como um
corpo (4.15). Esse edifício cresce para se tornar um santuário dedicado ao
Senhor. É isso que Pedro quer dizer quando escreve “também vós mesmos, como
pedras que vivem” (1Pe 2.5); Os cristãos têm uma identificação e união tão
íntima com Cristo que a vida que existe em Cristo existe neles também (Cl 2.20;
3.3-4; 2Pe 1.4).
3. A pedra
angular. Na arquitetura
antiga, a construção de um edifício requeria uma pedra angular. Ela é traduzida
como a “pedra mais importante” ou “pedra principal”. Ela era posta no canto do
prédio para sustentar o alicerce, firmar e unir toda a estrutura e manter as
paredes em linha certa. Para que se tenha uma ideia dessa dimensão, em uma das
escavações no local do templo em Jerusalém, foi encontrado um monólito com
cerca de 12 metros de comprimento. Portanto, a pedra angular deste novo
santuário é o próprio Cristo. No Sermão do Monte aprendemos que o homem
prudente edifica a sua casa sobre a rocha [...]. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020.
Lição 8, 24 Maio, 2020]
Nas construções
antigas, feitas com pedras, uma destas era colocada com a mesma função que
possui hoje as colunas nas estruturas de edifícios e casas; Uma pedra muito
forte era utilizada como “pedra angular”. Esta pedra era cuidadosamente
selecionada na pedreira e talhada no tamanho e formato corretos para ser a
“pedra angular” – a pedra que iria receber o maior peso do edifício e
sustentá-lo. Esse tipo de pedra também era usada na construção de arcos, era a
pedra central que mantinha toda a estrutura unida, na forma correta, com a
força necessária para suportar pesos e sem a possibilidade de cair. Pedro
identificou a pedra principal no Novo Testamento como Cristo (At 4.11; 1Pe
2.7). Na parábola da vinha (Mt 21.42; Mc 12.10-11; Lc 20.17), o filho rejeitado
do dono da vinha é comparado à pedra rejeitada que se tornou a pedra angular.
Cristo foi a pedra rejeitada. Os líderes judeus foram retratados como os
construtores da nação. Essa figura usada por Paulo tem uma base histórica cujas
grandes características se comparam por analogia à rejeição de Cristo, que veio
livrar/salvar a nação.
4. Cristo, a pedra
principal. A identificação de
Cristo como a pedra angular remonta a profecia messiânica em que a pedra
rejeitada “tornou-se cabeça de esquina” (Sl 118.22). Ele mesmo afirmou ser “a
cabeça da esquina” (Mc 12.10), assim como também os apóstolos testificaram ser
Cristo “a pedra principal” (At 4.11; 1 Pe 2.7). Portanto, a pedra angular deste
novo santuário é o próprio Cristo. No Sermão do Monte aprendemos que o homem
prudente edifica a sua casa sobre a rocha, que é Cristo Jesus (Mt 7.24). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]
O alicerce desse
santuário é o próprio Cristo, e não Pedro (2.20b). Cristo é quem dá à igreja
unidade e solidez. Essa importante e fundamental pedra de uma construção é
usada como figura em Isaías 28.16 para alguém que seria colocado em Sião
(Jerusalém). Em Atos 4.11 Pedro apontou que essa pedra era Jesus Cristo, que
foi rejeitado, mas, na verdade, era a Pedra Angular, principal da obra que Deus
estava fazendo. Quando a Bíblia, então, usa o termo pedra angular aplicado a
Jesus Cristo está destacando a posição exaltada de Jesus, Sua grandeza, Sua
primazia, Sua importância fundamental. Sem Ele nenhuma construção haveria,
nenhuma obra de Deus seria realizada e não haveria qualquer esperança para os
povos. Além dos apóstolos, o próprio Jesus destacou que Ele era essa pedra
angular, quando contou a parábola dos lavradores maus (Lc 20.17-18). Jesus destaca
que a Pedra angular é a pedra mais forte que sustenta toda a construção. Também
é a pedra indestrutível. Qualquer pedra que caia sobre ela se quebrará (aqui
temos a menção do juízo de Deus sobre os que se levantarem contra Jesus). Os
apóstolos eram também “pedras” nessa construção da igreja que estava sendo
feita por Deus, mas Jesus era a pedra fundamental, a pedra angular, principal,
que sustentava tudo e todos.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Para introduzir o tema desta lição, você pode fazer um paralelo entre a ideia de templo do Antigo Testamento com a expressão “templo do Espírito” nas cartas de Paulo. Peça aos alunos que façam considerações sobre esse paralelo. Após ouvi-los, mostre como a carga semântica da expressão “templo do Espírito”, à luz do ensino do apóstolo Paulo, traz uma conotação de vida interior dominada pelo Espírito Santo em que, nEle, somos um templo vivo no mundo. Nesse sentido, o Espírito Santo faz morada em nós. Antes de preparar essa reflexão, aprofunde-se num bom comentário Bíblico. Sugerimos o Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, editado pelo CPAD.
II. O
FUNDAMENTO: APÓSTOLOS E PROFETAS
1. O conceito de
Apóstolos. O termo grego
apóstolos é usado para “enviado” ou “mensageiro”. O apostolado é centrado na
natureza da missão de Cristo, que foi enviado para ser o salvador do mundo (Hb
3.1; 1 Jo 4.14). Nos Evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas usam o termo quando se
referem aos doze escolhidos por Jesus (Mt 10.2-5; Mc 6.30; Lc 6.13). Eles foram
testemunhas oculares do ministério, morte e ressurreição de nosso Senhor (At
1.21,22). Assim, Paulo também foi chamado pelo próprio Senhor para ser Apóstolo
(1 Co 15.8,9; Rm 1.1). Aos apóstolos foi confiado o ministério da Palavra com o
compromisso de instruírem a Igreja (At 6.2-4). Nesse aspecto, os apóstolos são
aqueles que foram comissionados por Cristo para a Igreja primitiva, e a
mensagem de Cristo, o fundamento. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020.
Lição 8, 24 Maio, 2020]
Etimologicamente o
termo grego ἀπόστολος (apóstolos) significa "aquele que é enviado";
A Bíblia de Estudo Pentecostal assim define o termo: “Uma definição mais
ampla é a de que apóstolo seria alguém enviado em missão especial como
mensageiro e representante pessoal de quem o enviar” (Bíblia de
Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com
referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995,
Flórida-EUA: CPAD, 1999, p. 1814). No Novo Testamento, refere-se,
especialmente, aos 12 homens escolhidos por Cristo para acompanhá-lo (Mc
3.13-19) e Matias, o qual foi escolhido pelos outros apóstolos para substituir
Judas (At 1.15-26). Cristo deu a eles poder para confirmar o apostolado por
milagres (Mt 10.1; 2Co 12.12) e autoridade para falar como seus representantes
— todos os livros do Novo Testamento foram escritos por um apóstolo ou sob a
sua proteção (Jo 14.26). Os ensinos deles formam o fundamento da igreja (Ef
2.20). O próprio Cristo escolheu Paulo para essa posição (At 9.15; 22.14;
26.16; Gl 1.1) e o treinou para realizar o seu ministério (Gl 1.12,16).
É interessante notar
que, não é possível limitar o número de apóstolos aos 12 mais Matias e Paulo; O
Comentário Bíblico Pentecostal classifica os apóstolos em dois grupos:
“Apóstolos Específicos” e “Apóstolos Gerais”, incluindo na relação dos gerais
Tito e outros (2 Co 8.23), Epafrodito (Fp 2.25) e Tiago, irmão de Jesus (Gl
1.19) (ARRINGTON, FRENCH L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) Comentário
Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 1248).
Seguindo essa linha de pensamento, Deere argumenta que: “O fato de haver
falsos apóstolos (2 Co 11.13) indica que o número de apóstolos, nos tempos do
Novo Testamento, não podia ser fixado, pois doutra sorte não haveria qualquer
possibilidade dos tais se mascararem de apóstolos” (DEERE, Jack.
Surpreendido pelo poder do Espírito. 9. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 232).
O Pr Carlos Alberto de
Araujo em sua obra ‘A Igreja dos Apóstolos’ (CPAD), escreve: “Após a morte
dos apóstolos originais o vocábulo grego “apóstolos” deixa de ser aplicado como
título aos membros da liderança eclesiástica mais elevada e, a partir do século
II, os enviados pelas igrejas às regiões que não conheciam o evangelho passam a
ser denominados pelo termo latino missus, significando “enviado” (de mittere,
“enviar”), uma vez que prosseguiram a missão dos apóstolos originais sem,
contudo, atenderem aos requisitos propostos pelo Onze (cf. At 1.21,22) ou
reconhecidos em Paulo (1 Co 9.1). Portanto, é possível afirmar que o vocábulo
“apóstolo” tenha se limitado à conotação missionária, sendo então substituído
pelo termo “missionários”” (ARÁUJO, Carlos Alberto R. A Igreja
dos Apóstolos: conceito e forma das lideranças na Igreja Primitiva. Rio de
Janeiro: CPAD, 2012, p. 207).
2. A doutrina dos
apóstolos. Embora não se
possa desassociar das pessoas o ofício que ocupavam, o que constitui o
fundamento da igreja não são os apóstolos em si, mas a doutrina que eles
ensinavam, ou seja, as Escrituras (At 2.42; 2 Tm 3.16). Os apóstolos receberam
a doutrina diretamente de Cristo (Rm 6.17; 1 Tm 1.3; 2 Pe 3.16). Assim como não
se pode mexer na pedra angular depois de colocado o alicerce, igualmente o
fundamento da Igreja não pode ser violado. Acerca disso, o Senhor Jesus
asseverou: “as minhas palavras não hão de passar” (Lc 21.33). A Bíblia de
Estudo Pentecostal ratifica que a revelação dos Apóstolos conforme temos no
Novo Testamento nunca poderá ser substituída ou anulada por revelação,
testemunho ou profecia posterior. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020.
Lição 8, 24 Maio, 2020]
“O primeiro sermão
produziu três mil convertidos! 3.000! Talvez alguns pensaram: “Agora, o que
faremos com todas estas pessoas?” Lucas resumiu as atividades destes primeiros
crentes em um versículo: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2:42). Neste artigo, vamos
destacar a primeira das quatro coisas citadas por Lucas: a doutrina dos
apóstolos. O ensinamento na primeira igreja foi chamado a doutrina dos
apóstolos. Jesus revelou a sua vontade aos apóstolos e mandou que eles a
entregassem ao mundo. Observe que este ensinamento não foi chamado “a doutrina
da igreja”. A Igreja Católica Romana ensina que a igreja produz as Escrituras.
É com esta base que eles aceitam os escritos dos “Pais da Igreja”, as tradições
e até editos modernos como palavras de autoridade. Mas o relato de Lucas
demonstra que aconteceu ao contrário. Foi a pregação do evangelho que deu
origem à igreja. Então, santos apóstolos e profetas guiaram a igreja até Deus
completar a sua revelação (Efésios 3:5). A doutrina da igreja primitiva veio
dos apóstolos porque eles a receberam diretamente de Deus”. (Bryan
Moody em: https://estudosdabiblia.net/escb14_02.htm).
3. O testemunho
dos profetas. A palavra grega
prophetes significa proclamador e intérprete da revelação divina. A ordem da
frase em Efésios 2.20, “apóstolos e profetas”, indica tratar-se dos profetas da
Igreja, e não os do Antigo Testamento. Mais adiante Paulo assegura que a
compreensão do mistério que no passado estivera oculto, de que os gentios
tinham igual posição no Corpo de Cristo e eram participantes da promessa, foi
revelado pelo Espírito aos profetas do Novo Testamento (3.4-6). Assim, os
profetas neotestamentários que “falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe
1.21) perfazem o alicerce da Igreja de Cristo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]
Por mais importantes
que os apóstolos e profetas fossem, não foram eles pessoalmente, mas a
revelação divina por eles ensinada, pois falavam, com autoridade, a respeito da
Palavra de Deus para a igreja antes do término do Novo Testamento, que forneceu
o fundamento (Rm 15.20). A pedra angular estabeleceu o fundamento e ajustou a
edificação, o santuário dedicado ao Senhor.
Foram os apóstolos,
aqueles escolhidos diretamente por Cristo, chamados de "apóstolos de
Cristo" (1Pe 1.1), imbuídos de três responsabilidades:
1) estabelecer o
fundamento da igreja (2.20)
2) receber,
declarar e escrever a palavras de Deus (At 11.28; 21.10-11); e
3) apresentar
confirmações dessa Palavra por meio de sinais, maravilhas e milagres (2Co
12.12; cf. At 8.6-7; Hb 2.3-4).
O termo
"apóstolo", como já explicado no tópico II e subtópico I, é usado de um
modo mais geral para os outros homens da Igreja primitiva, tais como Barnabé
(At 14.4), Silas e Timóteo (1Ts 2.6), dentre outros (Rm 16.7; Fp 2.25). Eles
eram chamados de "apóstolos das igrejas" (2Co 8.23), em vez de
"apóstolos de Jesus Cristo" como os 13. Eles não se autoproclamavam e
nem eram substituídos quando um dos apóstolos morria. Tratando especificamente
dos profetas, não se trata dos cristãos comuns que tinham o dom da profecia,
mas homens especialmente comissionados na Igreja primitiva. O ofício de profeta
parece ter sido exclusivamente para o trabalho na congregação local. Eles não
eram "aqueles enviados" como eram os apóstolos (At 13.1). Eles,
algumas vezes, contaram a revelação prática e direta da parte de Deus para a
igreja (At 11.21-28) ou expuseram a revelação já dada (implícita em At 13.1).
Não foram usados para o recebimento da Escritura. A mensagem deles linha de ser
julgada por outros profetas para ser validada (1Co 14.32) e tinha de estar em
conformidade com os ensinos dos apóstolos. Muitos estudiosos defendem que esses
dois ofícios foram substituídos pelos de evangelista e pastor-mestre.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Essencialmente, a
igreja representa uma comunidade de pessoas. No entanto, em muitos aspectos
pode ser comparada a um edifício e, especialmente, a um templo’ (Stott, 106). A
frase ‘edificados sobre o fundamento’ é a transição para essa analogia da Igreja
como um edifício em processo de construção. Em 2.20 -22, Paulo novamente
assegura aos gentios que formarão parte integral da igreja que Deus está
construído. [...] A Igreja é ‘edificada’ sobre a revelação original e infalível
de Cristo aos primeiros apóstolos e profetas. No entanto, deve-se acrescentar
que líderes visionários e santos, pessoas cheias da Palavra e do ‘espírito de
sabedoria e de revelação’ (1.17), continuam a ser necessárias para liderar a
Igreja ‘até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de
Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.
419,20).
III. EDIFICADOS PARA MORADA DE
DEUS
1. Edifício bem
ajustado. A expressão “todo
o edifício, bem ajustado cresce” indica um processo contínuo de desenvolvimento
dos crentes (2.21). Assim como todas as partes do edifício precisam estar
harmônicas (Cl 2.2; 1 Co 1.10), o crescimento da igreja também depende de tudo
ser bem ajustado a Cristo (Rm 14.15,16; 2 Co 13.11). Nessa caminhada o salvo
comporta-se como filho obediente e passa a evidenciar o fruto do Espírito (1 Pe
1.14; Gl 5.22). O desenvolvimento prossegue até alcançar à medida completa de
Cristo (Ef. 4.13), pois todo crente bem ajustado torna-se “templo santo no
Senhor” (2.21). Como já vimos, o crente tornou-se “templo santo no Senhor”
(2.21). Isso indica que Deus habita em nós por meio de seu Espírito (2.22). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]
Todo cristão que entra
no Corpo é uma nova pedra no templo de Cristo, a igreja, Seu corpo, formado
pelos crentes (1Pe 2.5). A edificação de Cristo da sua igreja não se completará
até que cada pessoa que deverá crer nele o tenha feito! (2Pe 3.9).
É importante lembrar
que, o termo para "habitação" no versículo 22, indica uma morada
permanente. O inquilino dessa morada permanente é a terceira pessoa da Trindade
Santa, Deus, o Espírito Santo, habitando no seu santuário terrestre (1Co
6.19-20; 2Co 6.16). E aqui temos uma séria advertência a qualquer pessoa que
tentar interferir na edificação da igreja sobre o fundamento de Cristo ou
destruí-la (veja 1Co 3.16,17).
2. Templo santo no
Senhor. A palavra aqui usada para templo
é o vocábulo naon, que designa o recinto interior (o Lugar Santíssimo), ou
seja, o lugar do encontro do sumo sacerdote com Deus (Hb 9.7). Todavia, a
analogia paulina não se refere a uma estrutura material, mas sim ao crente que
se tornou templo santo (1 Co 3.16). Separado do pecado, quem pertence a Cristo
passa a viver em santidade (1 Pe 1.15; 1Jo 1.7). Como resultado, ao desfrutar
da comunhão divina, o crente recebe o livre acesso à presença do Pai,
tornando-se assim, “morada de Deus no Espírito” (2.22; Hb 4. 14-16). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]
Isso significa que o
próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo, habita em nós. Este tópico e próximo
são a mesma coisa, a considerar o texto de 1Co 3.16, onde Paulo usa os dois
termos com a mesma significação.
3. Morada do
Altíssimo. No Antigo
Testamento, a expressão “morada de Deus” fazia alusão ao tabernáculo e, depois,
ao templo Israelita. Indicava lugar de habitação permanente e de comunhão
íntima. Como já vimos, o crente tornou-se “templo santo no Senhor” (2.21). Isso
indica que Deus habita em nós por meio de seu Espírito (2.22) e que tal
afirmação ratifica o ensino apostólico de que “Deus não habita em templos
feitos por mãos de homens” (At 17.24). Ele reside individualmente dentro de
cada cristão, bem como no corpo inteiro de crentes, a Igreja formada por judeus
e gentios (Jo 14.23; 1 Co 3.16). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020.
Lição 8, 24 Maio, 2020]
Feitas AS considerações
do comentarista, acredito ser bem mais proveitoso discorrer acerca de em “Que
implicações tem essa verdade magna?” Transcrevo a seguir, um excelente artigo
de autoria do Rev. Hernandes Dias Lopes, disponível em seu site: “Em
primeiro lugar, o nosso corpo é sagrado (1Co 3.17). O nosso corpo, embora
frágil e mortal, é a habitação do Espírito Santo. Porque ele é a morada de
Deus, o nosso corpo é sagrado. Profaná-lo, portanto, é uma desonra para aquele
que nele habita. Destruí-lo, é afrontar aquele que tem o poder para dar a vida
e tirá-la. A sacralidade do nosso corpo não está em sua essência, mas na sua
utilidade. Ele é sagrado porque aquele que é Santo, Santo, Santo nele habita. Em
segundo lugar, o nosso corpo é membro de Cristo (1Co 6.15). Sendo o nosso corpo
membro de Cristo, não podemos fazer dele, membro de meretriz. Isso é profanar o
santo nome do nosso Salvador e macular sua honra bendita. Precisamos ter plena
consciência de quem somos, a quem estamos unidos e quem é que habita em nós.
Nosso corpo não está a serviço do pecado. Nosso corpo não existe para atender
as seduções do mundo. Nosso corpo é membro de Cristo e está a serviço dele.
Em terceiro lugar, o
nosso corpo é o santo dos santos onde a glória de Deus assiste (1Co 3.16). A
palavra santuário no texto em tela, onde o Espírito de Deus habita, não é templo,
mas o santo dos santos, o lugar mais sagrado templo, onde estava a arca da
aliança e onde a glória de Deus se manifestava em seu fulgor. A arca era um
símbolo de Cristo e Cristo está em nós. Ele habita em nosso coração. E tem as
chaves de toda a nossa vida.
Em quarto lugar, o
nosso corpo não nos pertence (1Co 6.19). Aqueles que são morada de Deus não
pertencem mais a si mesmos. Eles foram criados por Deus, remidos por Cristo e
selados pelo Espírito Santo para serem propriedade exclusiva de Deus. Não podem
mais usar o corpo para a impureza. Não podem profanar com imoralidade a santa
habitação de Deus. Não podem se render aos vícios deletérios. Não podem
destruir o corpo com práticas invasivas e perniciosas, subjugando-o à
escravidão do pecado.
Em quinto lugar, o
nosso corpo foi comprado por alto preço (1Co 6.20a). O nosso corpo é de Deus,
porque ele o criou e porque ele o comprou por alto preço, o preço de sangue, o
sangue do seu Filho. Fomos resgatados do nosso fútil procedimento. Embora
pecadores e sujeitos à morte, Deus investiu tudo em nós. Ele nos comprou não
com coisas perecíveis como o ouro ou a prata, mas com o sangue precioso de
Jesus. Somos de Deus. Duplamente dele! Ele tem direito sobre nós tanto de
criação como de redenção!
Em sexto lugar, devemos
glorificar a Deus no nosso corpo (1Co 6.20b). Em vez de unir nosso corpo à
impureza para profaná-lo ou em vez de destruir o nosso corpo capitulando-nos
aos vícios degradantes, devemos glorificar a Deus em nosso corpo, vivendo de
forma justa, sensata e piedosa neste mundo” (Rev
Hernandes Dias Lopes, ‘Nós somos a morada de Deus’, disponível em: http://hernandesdiaslopes.com.br/nos-somos-a-morada-de-deus-3/).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Templo do Espírito.
Outra figura muito significativa da igreja, no Novo Testamento, é ‘o templo do
Espírito Santo’. Os escritores bíblicos empregam vários símbolos para
representar os componentes da construção desse templo, que têm seu paralelo nos
materiais necessários à construção de uma estrutura terrestre. Por exemplo:
toda edificação precisa de um alicerce sólido. Paulo indica com clareza que o
alicerce primário da Igreja é a pessoa e obra históricas de Cristo: ‘Porque
ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus
Cristo’ (1 Co 3.11). Em outra Epístola, no entanto, Paulo afirma que, em outro sentido,
a Igreja é edificada ‘sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas’ (Ef
2.20). Talvez isto signifique que esses primeiros líderes tivessem sido usados
de modo muito especial pelo Senhor, a fim de estabelecer e fortalecer o templo
do Espírito com os ensinos e práticas que haviam aprendido de Cristo e que
continuam a ser comunicados aos crentes hodiernos através da Escrituras” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 546).
CONCLUSÃO
A comparação da Igreja como edifício em construção indica que estamos em
processo de aperfeiçoamento até que todos cheguemos à unidade da fé (4.12,13).
A pedra angular, que é o próprio Cristo, não pode ser substituída. A doutrina
dos apóstolos e o testemunho dos profetas não podem ser revogados. Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]
Somos ainda um templo
inacabado. Estamos ainda sendo edificados (2.22). Só depois, no novo céu e na
nova terra, ouviremos a voz: “O tabernáculo de Deus está entre os homens” (Ap
21.3). Depois de imersos no Corpo de Cristo, o crente está sendo
aperfeiçoamento, isto é, restaurado à sua condição original, à sua forma
adequada ou perfeita. Estamos sendo conduzidos do pecado para a obediência. A
chave para esse processo é a Palavra de Deus (2Tm 3.16,17; Jo 15.3). Toda a
Escritura produzirá, irremediavelmente, a unidade da fé – fé em respeito ao
corpo da verdade revelada que constitui o ensinamento cristão, o edifício
construído sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que
Jesus Cristo é a principal pedra da esquina, caracterizando,
particularmente, todo o conteúdo do evangelho. A unidade e a harmonia entre os
cristãos são possíveis somente quando construídas sobre o fundamento da sã doutrina.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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