sexta-feira, 22 de maio de 2020

LIÇÃO 8: EDIFICADOS SOBRE O FUNDAMENTO DOS APÓSTOLOS E DOS PROFETAS

 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas

Cristo formou a Igreja por meio da reconciliação efetivada na cruz (Ef 2.13-19). O apóstolo compara-a a um edifício em construção (2.21). A pedra angular dessa edificação é Cristo, e o fundamento foi estabelecido pelos apóstolos e os profetas (2.20). O propósito é tornar-se templo santo do Senhor e morada do Altíssimo (2.22). Tanto os judeus quanto os gentios fazem parte da Igreja, também identificada como “família de Deus” (2.19b).

Como já visto no capítulo anterior, pela obra de Cristo na cruz, ocorreu uma mudança na condição dos gentios que agora “já não [são mais] estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e [membros] da família de Deus” (2.19). Por causa de Cristo, homens e mulheres de toda a raça, língua, tribo, nação e posição social estão juntos na mesma família – a família de Deus. Essa família é semelhante a um edifício construído sobre um sólido fundamento. Aqui no texto aos Efésios, Paulo enumera os apóstolos e profetas como sendo o fundamento (2.20). Porém, aos Coríntios, lê-se que “ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co 3.11).

Essa aparente contradição é explicada pela apresentação diferente que Paulo faz da mesma metáfora: “aqui, o apóstolo se refere a si mesmo e aos outros como pedras do edifício, ao passo que em Coríntios (Ef 3.10) a referência é a construtores”. Além da explicação já descrita que se trata de apresentação diferente de uma mesma metáfora, Bullinger, na sua obra Comentário sobre Efésios, interpreta que “Paulo não quer dizer que os apóstolos e profetas são o fundamento da Igreja, mas Jesus Cristo, de quem os apóstolos e profetas deram testemunho, porque Ele é a pedra que o Senhor colocou em Sião. [BAPTISTA, Douglas. A Igreja Eleita: redimida pelo sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo da Promessa. Rio de Janeiro: CPAD, 2020].

Cristo Jesus edificou a sua Igreja, os apóstolos ensinaram e os profetas testemunharam o Cristo edificador. Com isso, você tem o compromisso de ensinar nesta lição que Cristo é a base da Igreja e que estamos alicerçados na doutrina dos apóstolos e no testemunho dos profetas. Para isso, outros objetivos na lição devem ser desdobrados.

Em primeiro lugar, você deve explicitar que no Antigo Testamento Deus habitou no Tabernáculo e no Templo, mas que no Novo habita em nós por meio de seu Espírito Santo.

Em segundo, você deve apresentar o fundamento como a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas tendo Cristo como a pedra basilar. E, finalmente, você deve fazer uma reflexão sobre sermos o templo do Espírito Santo e a necessidade de vivermos em santidade. Somos Igreja, o Corpo de Cristo. Esse Corpo expressa tudo o que Jesus ensinou e viveu.    

Resumo e destaques da lição

Tudo na lição gira em torno dessa sentença: Jesus Cristo é pedra basilar da Igreja. Ou seja, todo o seu planejamento de aula deve atingir esse ponto.

Assim, o primeiro tópico mostrará que no Antigo Testamento Deus habitou em lugares erguidos por mãos humanos, mas no Novo Ele habita em nós. O que você precisa deixar bem claro neste tópico é que em Cristo um novo conceito de santuário é construído. Os crentes são comparados a um edifício espiritual onde Cristo Jesus é a pedra principal. Esse edifício espiritual requer uma vida interior de espiritualidade profunda em Deus.

O segundo tópico apresentará o fundamento como a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas tendo Cristo como a pedra basilar, o que significa que você deve apresentar a verdade de que a igreja está edificada sobre a pedra angular que é o próprio Cristo. O seu fundamento é a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas bíblicos. Nesse sentido o edifício espiritual foi erguido na Igreja do Novo Testamento: (1) Cristo, a pedra basilar; (2) os ensinos dos apóstolos; (3) o testemunho dos profetas.  

O último tópico traz uma reflexão sobre sermos o templo do Espírito Santo e a necessidade de viver a santidade, o que significa que você deve conscientizar os alunos de que Deus habita na vida daquele que, edificado em Cristo, torna-se templo santo do Senhor. Deus comunga com o crente por intermédio do Espírito Santo. Ser templo do Espírito Santo é um dos símbolos mais fortes da Bíblia em relação à morada de Deus em nós. [Subsídio extraído da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº 82 (Abr/Mai/Jun]

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

   INTRODUÇÃO

Por meio da reconciliação efetivada na cruz, Cristo formou a Igreja (2.13,19). O apóstolo Paulo a compara como um edifício em construção (2.21). A pedra angular dessa edificação é Cristo e o fundamento é a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas (2.20). Assim, há o propósito divino de que sejamos o templo santo do Senhor, a morada do Altíssimo (2.22). Nesta lição, estudaremos cada um desses aspectos. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Efésios 2:19-22 é a última seção deste capítulo, e aqui encontramos três vívidas imagens usadas por Paulo: ele fala sobre uma nação (2.19a); sobre uma família (2.19b), e sobre um santuário (2.20-22). Nesse ponto, Paulo afirma que os gentios já não são estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos perfeitos no povo de Deus e membros em sentido pleno da família divina. Encontramos nessa seção da carta a palavra grega xenos designando os estrangeiros. William Barclay escreve que “Em cada cidade grega haviam xenoi cuja vida não era fácil. Um forasteiro escreveu de uma cidade estranha: "É melhor que fiquem em seus lares, sejam como forem, antes que ir a terra estranha". O estrangeiro era olhado sempre com suspeita e antipatia. Paulo usa a palavra paroikos para peregrinos. O paroikos já deu um passo adiante com respeito ao anterior. Era um estrangeiro residente; um homem que se tinha radicado num lugar sem chegar nunca a fazer-se cidadão naturalizado. Tinha que pagar um imposto pelo privilégio de viver num país que não era o próprio. Podia permanecer ali e trabalhar, mas era um estranho e forasteiro cujo lar estava em outra parte. Tanto o xenos como o paroikos tinham que aguentar dificuldades onde se encontrassem; sempre eram marginados. De modo que Paulo diz aos gentios: "Vocês ainda não estão na Igreja e o povo de Deus sendo tolerados. Vocês são verdadeiros cidadãos da sociedade de Deus. Vocês são membros plenos da família de Deus"” (Efésios - William Barclay. P. 68).

   I. UM EDIFÍCIO ESPIRITUAL

1. O santuário judeu. O templo em Jerusalém era o símbolo do exclusivismo de Israel como povo de Deus (1 Rs 8.16-20). A proibição dos estrangeiros acessarem o Templo era um motivo de inimizade entre judeus e gentios (2.14). Ao reconciliar ambos os povos, Cristo aboliu as leis cerimoniais, desfez a inimizade entre eles e formou uma nova humanidade – a Igreja (2.18,19). Assim, o templo judaico perde sua relevância e um novo conceito de santuário é apresentado. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020].

Os gentios estavam autorizados a entrar na parte externa da área delimitada do templo em Jerusalém. Esse pátio externo também era chamado de pátio dos gentios. Uma barreira de cerca de um metro e meio (o “muro de inimizade”, de Efésios 2.14) impedia o acesso dos gentios aos pátios internos do templo. O historiador judeu Flavio Josefo informa que: “Havia uma divisão feita de pedra (…). Sua construção era muito elegante; sobre ela, ficavam pilares, em distâncias iguais entre um e outro, anunciando a lei de pureza, em grego e em outras letras romanas, dizendo que ‘nenhum estrangeiro deveria entrar no santuário’” (Guerras, 5.5.2).

Hernandes Dias Lopes escreve em sua obra ‘Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo’ (Hagnos), que “a palavra grega usada para santuário aqui não é a palavra comum para santuário, hieron, referindo-se ao templo e suas dependências de uma forma geral, mas a palavra naos, “o santuário interior”, ou “santo dos santos”. O templo, nos dias do Antigo Testamento, quando era considerado naos, era acima de tudo o lugar especial do encontro de Deus com seu povo. Era o lugar em que a glória de Deus descia e se manifestava pela sua presença. Cristo, ao vir à terra, tornou obsoleto o tabernáculo, templo feito por mãos de homens. Ele mesmo tornou-se o lugar de habitação divina entre os homens (Jo 1.14). E esse templo já não está mais entre os homens, pois Deus, agora, procura para sua habitação homens e mulheres regenerados pelo seu Espírito” (Lopes, Hernandes Dias Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2009. p. 70).

2. O santuário cristão. Os que pertencem a Cristo são comparados a um edifício onde Deus habita em Espírito (2.22). O ensino apostólico lembra Salomão, quando este reconheceu que o templo em Jerusalém não poderia conter a Deus (1 Rs 8.27); e reafirma a instrução de Estevão em que “o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens” (At 7.48; cf. 17.24). Desse modo, os crentes – judeus ou gentios – tornaram-se o templo onde o Espírito de Deus habita (1 Co 3.16), em que eles são “pedras vivas” em um “edifício espiritual” (1 Pe 2.5). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

No sentido metafórico, Deus está edificando uma casa espiritual, colocando todos os cristãos no devido lugar e integrando-os uns com os outros e cada um deles com a vida de Cristo (2.19; Hb 3.6). A igreja cresce não como um edifício de pedras mortas, mas com um crescimento orgânico de pedras vivas (1Pe 2.5). Esse edifício cresce como um corpo (4.15). Esse edifício cresce para se tornar um santuário dedicado ao Senhor. É isso que Pedro quer dizer quando escreve “também vós mesmos, como pedras que vivem” (1Pe 2.5); Os cristãos têm uma identificação e união tão íntima com Cristo que a vida que existe em Cristo existe neles também (Cl 2.20; 3.3-4; 2Pe 1.4).

3. A pedra angular. Na arquitetura antiga, a construção de um edifício requeria uma pedra angular. Ela é traduzida como a “pedra mais importante” ou “pedra principal”. Ela era posta no canto do prédio para sustentar o alicerce, firmar e unir toda a estrutura e manter as paredes em linha certa. Para que se tenha uma ideia dessa dimensão, em uma das escavações no local do templo em Jerusalém, foi encontrado um monólito com cerca de 12 metros de comprimento. Portanto, a pedra angular deste novo santuário é o próprio Cristo. No Sermão do Monte aprendemos que o homem prudente edifica a sua casa sobre a rocha [...]. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Nas construções antigas, feitas com pedras, uma destas era colocada com a mesma função que possui hoje as colunas nas estruturas de edifícios e casas; Uma pedra muito forte era utilizada como “pedra angular”. Esta pedra era cuidadosamente selecionada na pedreira e talhada no tamanho e formato corretos para ser a “pedra angular” – a pedra que iria receber o maior peso do edifício e sustentá-lo. Esse tipo de pedra também era usada na construção de arcos, era a pedra central que mantinha toda a estrutura unida, na forma correta, com a força necessária para suportar pesos e sem a possibilidade de cair. Pedro identificou a pedra principal no Novo Testamento como Cristo (At 4.11; 1Pe 2.7). Na parábola da vinha (Mt 21.42; Mc 12.10-11; Lc 20.17), o filho rejeitado do dono da vinha é comparado à pedra rejeitada que se tornou a pedra angular. Cristo foi a pedra rejeitada. Os líderes judeus foram retratados como os construtores da nação. Essa figura usada por Paulo tem uma base histórica cujas grandes características se comparam por analogia à rejeição de Cristo, que veio livrar/salvar a nação.

4. Cristo, a pedra principal. A identificação de Cristo como a pedra angular remonta a profecia messiânica em que a pedra rejeitada “tornou-se cabeça de esquina” (Sl 118.22). Ele mesmo afirmou ser “a cabeça da esquina” (Mc 12.10), assim como também os apóstolos testificaram ser Cristo “a pedra principal” (At 4.11; 1 Pe 2.7). Portanto, a pedra angular deste novo santuário é o próprio Cristo. No Sermão do Monte aprendemos que o homem prudente edifica a sua casa sobre a rocha, que é Cristo Jesus (Mt 7.24). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

O alicerce desse santuário é o próprio Cristo, e não Pedro (2.20b). Cristo é quem dá à igreja unidade e solidez. Essa importante e fundamental pedra de uma construção é usada como figura em Isaías 28.16 para alguém que seria colocado em Sião (Jerusalém). Em Atos 4.11 Pedro apontou que essa pedra era Jesus Cristo, que foi rejeitado, mas, na verdade, era a Pedra Angular, principal da obra que Deus estava fazendo. Quando a Bíblia, então, usa o termo pedra angular aplicado a Jesus Cristo está destacando a posição exaltada de Jesus, Sua grandeza, Sua primazia, Sua importância fundamental. Sem Ele nenhuma construção haveria, nenhuma obra de Deus seria realizada e não haveria qualquer esperança para os povos. Além dos apóstolos, o próprio Jesus destacou que Ele era essa pedra angular, quando contou a parábola dos lavradores maus (Lc 20.17-18). Jesus destaca que a Pedra angular é a pedra mais forte que sustenta toda a construção. Também é a pedra indestrutível. Qualquer pedra que caia sobre ela se quebrará (aqui temos a menção do juízo de Deus sobre os que se levantarem contra Jesus). Os apóstolos eram também “pedras” nessa construção da igreja que estava sendo feita por Deus, mas Jesus era a pedra fundamental, a pedra angular, principal, que sustentava tudo e todos.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Para introduzir o tema desta lição, você pode fazer um paralelo entre a ideia de templo do Antigo Testamento com a expressão “templo do Espírito” nas cartas de Paulo. Peça aos alunos que façam considerações sobre esse paralelo. Após ouvi-los, mostre como a carga semântica da expressão “templo do Espírito”, à luz do ensino do apóstolo Paulo, traz uma conotação de vida interior dominada pelo Espírito Santo em que, nEle, somos um templo vivo no mundo. Nesse sentido, o Espírito Santo faz morada em nós. Antes de preparar essa reflexão, aprofunde-se num bom comentário Bíblico. Sugerimos o Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, editado pelo CPAD.

  II. O FUNDAMENTO: APÓSTOLOS E PROFETAS

1. O conceito de Apóstolos. O termo grego apóstolos é usado para “enviado” ou “mensageiro”. O apostolado é centrado na natureza da missão de Cristo, que foi enviado para ser o salvador do mundo (Hb 3.1; 1 Jo 4.14). Nos Evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas usam o termo quando se referem aos doze escolhidos por Jesus (Mt 10.2-5; Mc 6.30; Lc 6.13). Eles foram testemunhas oculares do ministério, morte e ressurreição de nosso Senhor (At 1.21,22). Assim, Paulo também foi chamado pelo próprio Senhor para ser Apóstolo (1 Co 15.8,9; Rm 1.1). Aos apóstolos foi confiado o ministério da Palavra com o compromisso de instruírem a Igreja (At 6.2-4). Nesse aspecto, os apóstolos são aqueles que foram comissionados por Cristo para a Igreja primitiva, e a mensagem de Cristo, o fundamento. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Etimologicamente o termo grego ἀπόστολος (apóstolos) significa "aquele que é enviado"; A Bíblia de Estudo Pentecostal assim define o termo: “Uma definição mais ampla é a de que apóstolo seria alguém enviado em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o enviar” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida-EUA: CPAD, 1999, p. 1814). No Novo Testamento, refere-se, especialmente, aos 12 homens escolhidos por Cristo para acompanhá-lo (Mc 3.13-19) e Matias, o qual foi escolhido pelos outros apóstolos para substituir Judas (At 1.15-26). Cristo deu a eles poder para confirmar o apostolado por milagres (Mt 10.1; 2Co 12.12) e autoridade para falar como seus representantes — todos os livros do Novo Testamento foram escritos por um apóstolo ou sob a sua proteção (Jo 14.26). Os ensinos deles formam o fundamento da igreja (Ef 2.20). O próprio Cristo escolheu Paulo para essa posição (At 9.15; 22.14; 26.16; Gl 1.1) e o treinou para realizar o seu ministério (Gl 1.12,16).

É interessante notar que, não é possível limitar o número de apóstolos aos 12 mais Matias e Paulo; O Comentário Bíblico Pentecostal classifica os apóstolos em dois grupos: “Apóstolos Específicos” e “Apóstolos Gerais”, incluindo na relação dos gerais Tito e outros (2 Co 8.23), Epafrodito (Fp 2.25) e Tiago, irmão de Jesus (Gl 1.19) (ARRINGTON, FRENCH L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 1248). Seguindo essa linha de pensamento, Deere argumenta que: “O fato de haver falsos apóstolos (2 Co 11.13) indica que o número de apóstolos, nos tempos do Novo Testamento, não podia ser fixado, pois doutra sorte não haveria qualquer possibilidade dos tais se mascararem de apóstolos” (DEERE, Jack. Surpreendido pelo poder do Espírito. 9. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 232).

O Pr Carlos Alberto de Araujo em sua obra ‘A Igreja dos Apóstolos’ (CPAD), escreve: “Após a morte dos apóstolos originais o vocábulo grego “apóstolos” deixa de ser aplicado como título aos membros da liderança eclesiástica mais elevada e, a partir do século II, os enviados pelas igrejas às regiões que não conheciam o evangelho passam a ser denominados pelo termo latino missus, significando “enviado” (de mittere, “enviar”), uma vez que prosseguiram a missão dos apóstolos originais sem, contudo, atenderem aos requisitos propostos pelo Onze (cf. At 1.21,22) ou reconhecidos em Paulo (1 Co 9.1). Portanto, é possível afirmar que o vocábulo “apóstolo” tenha se limitado à conotação missionária, sendo então substituído pelo termo “missionários”” (ARÁUJO, Carlos Alberto R. A Igreja dos Apóstolos: conceito e forma das lideranças na Igreja Primitiva. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 207).

2. A doutrina dos apóstolos. Embora não se possa desassociar das pessoas o ofício que ocupavam, o que constitui o fundamento da igreja não são os apóstolos em si, mas a doutrina que eles ensinavam, ou seja, as Escrituras (At 2.42; 2 Tm 3.16). Os apóstolos receberam a doutrina diretamente de Cristo (Rm 6.17; 1 Tm 1.3; 2 Pe 3.16). Assim como não se pode mexer na pedra angular depois de colocado o alicerce, igualmente o fundamento da Igreja não pode ser violado. Acerca disso, o Senhor Jesus asseverou: “as minhas palavras não hão de passar” (Lc 21.33). A Bíblia de Estudo Pentecostal ratifica que a revelação dos Apóstolos conforme temos no Novo Testamento nunca poderá ser substituída ou anulada por revelação, testemunho ou profecia posterior. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

O primeiro sermão produziu três mil convertidos! 3.000! Talvez alguns pensaram: “Agora, o que faremos com todas estas pessoas?” Lucas resumiu as atividades destes primeiros crentes em um versículo: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2:42). Neste artigo, vamos destacar a primeira das quatro coisas citadas por Lucas: a doutrina dos apóstolos. O ensinamento na primeira igreja foi chamado a doutrina dos apóstolos. Jesus revelou a sua vontade aos apóstolos e mandou que eles a entregassem ao mundo. Observe que este ensinamento não foi chamado “a doutrina da igreja”. A Igreja Católica Romana ensina que a igreja produz as Escrituras. É com esta base que eles aceitam os escritos dos “Pais da Igreja”, as tradições e até editos modernos como palavras de autoridade. Mas o relato de Lucas demonstra que aconteceu ao contrário. Foi a pregação do evangelho que deu origem à igreja. Então, santos apóstolos e profetas guiaram a igreja até Deus completar a sua revelação (Efésios 3:5). A doutrina da igreja primitiva veio dos apóstolos porque eles a receberam diretamente de Deus”. (Bryan Moody em: https://estudosdabiblia.net/escb14_02.htm).

3. O testemunho dos profetas. A palavra grega prophetes significa proclamador e intérprete da revelação divina. A ordem da frase em Efésios 2.20, “apóstolos e profetas”, indica tratar-se dos profetas da Igreja, e não os do Antigo Testamento. Mais adiante Paulo assegura que a compreensão do mistério que no passado estivera oculto, de que os gentios tinham igual posição no Corpo de Cristo e eram participantes da promessa, foi revelado pelo Espírito aos profetas do Novo Testamento (3.4-6). Assim, os profetas neotestamentários que “falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21) perfazem o alicerce da Igreja de Cristo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Por mais importantes que os apóstolos e profetas fossem, não foram eles pessoalmente, mas a revelação divina por eles ensinada, pois falavam, com autoridade, a respeito da Palavra de Deus para a igreja antes do término do Novo Testamento, que forneceu o fundamento (Rm 15.20). A pedra angular estabeleceu o fundamento e ajustou a edificação, o santuário dedicado ao Senhor.

Foram os apóstolos, aqueles escolhidos diretamente por Cristo, chamados de "apóstolos de Cristo" (1Pe 1.1), imbuídos de três responsabilidades:

1) estabelecer o fundamento da igreja (2.20)

2) receber, declarar e escrever a palavras de Deus (At 11.28; 21.10-11); e

3) apresentar confirmações dessa Palavra por meio de sinais, maravilhas e milagres (2Co 12.12; cf. At 8.6-7; Hb 2.3-4).

O termo "apóstolo", como já explicado no tópico II e subtópico I, é usado de um modo mais geral para os outros homens da Igreja primitiva, tais como Barnabé (At 14.4), Silas e Timóteo (1Ts 2.6), dentre outros (Rm 16.7; Fp 2.25). Eles eram chamados de "apóstolos das igrejas" (2Co 8.23), em vez de "apóstolos de Jesus Cristo" como os 13. Eles não se autoproclamavam e nem eram substituídos quando um dos apóstolos morria. Tratando especificamente dos profetas, não se trata dos cristãos comuns que tinham o dom da profecia, mas homens especialmente comissionados na Igreja primitiva. O ofício de profeta parece ter sido exclusivamente para o trabalho na congregação local. Eles não eram "aqueles enviados" como eram os apóstolos (At 13.1). Eles, algumas vezes, contaram a revelação prática e direta da parte de Deus para a igreja (At 11.21-28) ou expuseram a revelação já dada (implícita em At 13.1). Não foram usados para o recebimento da Escritura. A mensagem deles linha de ser julgada por outros profetas para ser validada (1Co 14.32) e tinha de estar em conformidade com os ensinos dos apóstolos. Muitos estudiosos defendem que esses dois ofícios foram substituídos pelos de evangelista e pastor-mestre.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Essencialmente, a igreja representa uma comunidade de pessoas. No entanto, em muitos aspectos pode ser comparada a um edifício e, especialmente, a um templo’ (Stott, 106). A frase ‘edificados sobre o fundamento’ é a transição para essa analogia da Igreja como um edifício em processo de construção. Em 2.20 -22, Paulo novamente assegura aos gentios que formarão parte integral da igreja que Deus está construído. [...] A Igreja é ‘edificada’ sobre a revelação original e infalível de Cristo aos primeiros apóstolos e profetas. No entanto, deve-se acrescentar que líderes visionários e santos, pessoas cheias da Palavra e do ‘espírito de sabedoria e de revelação’ (1.17), continuam a ser necessárias para liderar a Igreja ‘até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 419,20).

  III. EDIFICADOS PARA MORADA DE DEUS

1. Edifício bem ajustado. A expressão “todo o edifício, bem ajustado cresce” indica um processo contínuo de desenvolvimento dos crentes (2.21). Assim como todas as partes do edifício precisam estar harmônicas (Cl 2.2; 1 Co 1.10), o crescimento da igreja também depende de tudo ser bem ajustado a Cristo (Rm 14.15,16; 2 Co 13.11). Nessa caminhada o salvo comporta-se como filho obediente e passa a evidenciar o fruto do Espírito (1 Pe 1.14; Gl 5.22). O desenvolvimento prossegue até alcançar à medida completa de Cristo (Ef. 4.13), pois todo crente bem ajustado torna-se “templo santo no Senhor” (2.21). Como já vimos, o crente tornou-se “templo santo no Senhor” (2.21). Isso indica que Deus habita em nós por meio de seu Espírito (2.22). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Todo cristão que entra no Corpo é uma nova pedra no templo de Cristo, a igreja, Seu corpo, formado pelos crentes (1Pe 2.5). A edificação de Cristo da sua igreja não se completará até que cada pessoa que deverá crer nele o tenha feito! (2Pe 3.9).

É importante lembrar que, o termo para "habitação" no versículo 22, indica uma morada permanente. O inquilino dessa morada permanente é a terceira pessoa da Trindade Santa, Deus, o Espírito Santo, habitando no seu santuário terrestre (1Co 6.19-20; 2Co 6.16). E aqui temos uma séria advertência a qualquer pessoa que tentar interferir na edificação da igreja sobre o fundamento de Cristo ou destruí-la (veja 1Co 3.16,17).

2. Templo santo no Senhor. A palavra aqui usada para templo é o vocábulo naon, que designa o recinto interior (o Lugar Santíssimo), ou seja, o lugar do encontro do sumo sacerdote com Deus (Hb 9.7). Todavia, a analogia paulina não se refere a uma estrutura material, mas sim ao crente que se tornou templo santo (1 Co 3.16). Separado do pecado, quem pertence a Cristo passa a viver em santidade (1 Pe 1.15; 1Jo 1.7). Como resultado, ao desfrutar da comunhão divina, o crente recebe o livre acesso à presença do Pai, tornando-se assim, “morada de Deus no Espírito” (2.22; Hb 4. 14-16). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Isso significa que o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo, habita em nós. Este tópico e próximo são a mesma coisa, a considerar o texto de 1Co 3.16, onde Paulo usa os dois termos com a mesma significação.

3. Morada do Altíssimo. No Antigo Testamento, a expressão “morada de Deus” fazia alusão ao tabernáculo e, depois, ao templo Israelita. Indicava lugar de habitação permanente e de comunhão íntima. Como já vimos, o crente tornou-se “templo santo no Senhor” (2.21). Isso indica que Deus habita em nós por meio de seu Espírito (2.22) e que tal afirmação ratifica o ensino apostólico de que “Deus não habita em templos feitos por mãos de homens” (At 17.24). Ele reside individualmente dentro de cada cristão, bem como no corpo inteiro de crentes, a Igreja formada por judeus e gentios (Jo 14.23; 1 Co 3.16). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Feitas AS considerações do comentarista, acredito ser bem mais proveitoso discorrer acerca de em “Que implicações tem essa verdade magna?” Transcrevo a seguir, um excelente artigo de autoria do Rev. Hernandes Dias Lopes, disponível em seu site: “Em primeiro lugar, o nosso corpo é sagrado (1Co 3.17). O nosso corpo, embora frágil e mortal, é a habitação do Espírito Santo. Porque ele é a morada de Deus, o nosso corpo é sagrado. Profaná-lo, portanto, é uma desonra para aquele que nele habita. Destruí-lo, é afrontar aquele que tem o poder para dar a vida e tirá-la. A sacralidade do nosso corpo não está em sua essência, mas na sua utilidade. Ele é sagrado porque aquele que é Santo, Santo, Santo nele habita. Em segundo lugar, o nosso corpo é membro de Cristo (1Co 6.15). Sendo o nosso corpo membro de Cristo, não podemos fazer dele, membro de meretriz. Isso é profanar o santo nome do nosso Salvador e macular sua honra bendita. Precisamos ter plena consciência de quem somos, a quem estamos unidos e quem é que habita em nós. Nosso corpo não está a serviço do pecado. Nosso corpo não existe para atender as seduções do mundo. Nosso corpo é membro de Cristo e está a serviço dele.

Em terceiro lugar, o nosso corpo é o santo dos santos onde a glória de Deus assiste (1Co 3.16). A palavra santuário no texto em tela, onde o Espírito de Deus habita, não é templo, mas o santo dos santos, o lugar mais sagrado templo, onde estava a arca da aliança e onde a glória de Deus se manifestava em seu fulgor. A arca era um símbolo de Cristo e Cristo está em nós. Ele habita em nosso coração. E tem as chaves de toda a nossa vida.

Em quarto lugar, o nosso corpo não nos pertence (1Co 6.19). Aqueles que são morada de Deus não pertencem mais a si mesmos. Eles foram criados por Deus, remidos por Cristo e selados pelo Espírito Santo para serem propriedade exclusiva de Deus. Não podem mais usar o corpo para a impureza. Não podem profanar com imoralidade a santa habitação de Deus. Não podem se render aos vícios deletérios. Não podem destruir o corpo com práticas invasivas e perniciosas, subjugando-o à escravidão do pecado.

Em quinto lugar, o nosso corpo foi comprado por alto preço (1Co 6.20a). O nosso corpo é de Deus, porque ele o criou e porque ele o comprou por alto preço, o preço de sangue, o sangue do seu Filho. Fomos resgatados do nosso fútil procedimento. Embora pecadores e sujeitos à morte, Deus investiu tudo em nós. Ele nos comprou não com coisas perecíveis como o ouro ou a prata, mas com o sangue precioso de Jesus. Somos de Deus. Duplamente dele! Ele tem direito sobre nós tanto de criação como de redenção!

Em sexto lugar, devemos glorificar a Deus no nosso corpo (1Co 6.20b). Em vez de unir nosso corpo à impureza para profaná-lo ou em vez de destruir o nosso corpo capitulando-nos aos vícios degradantes, devemos glorificar a Deus em nosso corpo, vivendo de forma justa, sensata e piedosa neste mundo” (Rev Hernandes Dias Lopes, ‘Nós somos a morada de Deus’, disponível em: http://hernandesdiaslopes.com.br/nos-somos-a-morada-de-deus-3/).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Templo do Espírito. Outra figura muito significativa da igreja, no Novo Testamento, é ‘o templo do Espírito Santo’. Os escritores bíblicos empregam vários símbolos para representar os componentes da construção desse templo, que têm seu paralelo nos materiais necessários à construção de uma estrutura terrestre. Por exemplo: toda edificação precisa de um alicerce sólido. Paulo indica com clareza que o alicerce primário da Igreja é a pessoa e obra históricas de Cristo: ‘Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo’ (1 Co 3.11). Em outra Epístola, no entanto, Paulo afirma que, em outro sentido, a Igreja é edificada ‘sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas’ (Ef 2.20). Talvez isto signifique que esses primeiros líderes tivessem sido usados de modo muito especial pelo Senhor, a fim de estabelecer e fortalecer o templo do Espírito com os ensinos e práticas que haviam aprendido de Cristo e que continuam a ser comunicados aos crentes hodiernos através da Escrituras” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 546).

  CONCLUSÃO

A comparação da Igreja como edifício em construção indica que estamos em processo de aperfeiçoamento até que todos cheguemos à unidade da fé (4.12,13). A pedra angular, que é o próprio Cristo, não pode ser substituída. A doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas não podem ser revogados. Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 8, 24 Maio, 2020]

Somos ainda um templo inacabado. Estamos ainda sendo edificados (2.22). Só depois, no novo céu e na nova terra, ouviremos a voz: “O tabernáculo de Deus está entre os homens” (Ap 21.3). Depois de imersos no Corpo de Cristo, o crente está sendo aperfeiçoamento, isto é, restaurado à sua condição original, à sua forma adequada ou perfeita. Estamos sendo conduzidos do pecado para a obediência. A chave para esse processo é a Palavra de Deus (2Tm 3.16,17; Jo 15.3). Toda a Escritura produzirá, irremediavelmente, a unidade da fé – fé em respeito ao corpo da verdade revelada que constitui o ensinamento cristão, o edifício construído sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina, caracterizando, particularmente, todo o conteúdo do evangelho. A unidade e a harmonia entre os cristãos são possíveis somente quando construídas sobre o fundamento da sã doutrina.

 

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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