COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
CRISTO É A NOSSA RECONCILIAÇÃO
COM DEUS
O segundo tópico explica que
pela paz, Cristo fez um “Novo Homem”, deixando claro que a paz conquistada por
Cristo possibilitou a comunhão com Deus e a união entre os povos. Essa nova
humanidade tem paz com Deus e uns com os outros. Nesse sentido a mensagem dos
cristãos deve ser uma proclamação de boas novas de paz, conforme Atos 10.36: “A
palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo
(este é o Senhor de todos)”.
O terceiro tópico evidencia que pela cruz fomos reconciliados com Deus, uma verdade que traduz o ministério da reconciliação entre dois povos ao restaurar a comunhão e estabelecer a Igreja, a nova família de Deus. Logo, a reconciliação entre os homens passava primeiramente pela reconciliação com Deus por meio de Cristo.
Aplicação
Use a ideia presente no subsídio
didático-pedagógico ao concluir a lição, mostrando que a união entre judeus e
gentios por meio da obra de Cristo é uma imagem poderosa para que a nossa
comunhão entre irmãos seja uma realidade experimentada em Deus no relacionamento
com o próximo.
Subsídio extraído da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº 82
(Abr/Mai/Jun)
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Nesta lição iremos estudar a
doutrina da reconciliação; veremos as definições: exegética e teológica da
palavra reconciliação; falaremos sobre o sublime ministério da reconciliação
conferido à Igreja de Cristo; e por fim, elencaremos as principais características
da mensagem da reconciliação que Deus pôs em nós conforme 2Coríntios 5.18-19.
I – A DOUTRINA DA RECONCILIAÇÃO
1.1 Definição etimológica e exegética da palavra reconciliação. Existem quatro importantes passagens no NT, que tratam sobre a obra de Cristo debaixo do prisma da reconciliação, a saber (Rm 5.10; 2Co 5.18; Ef 2.11; e Cl 1.19). Os vocábulos gregos importantes são o substantivo “kalallage” e os verbos “katallasso” e “apokatallasso” (DOUGLAS, 2006, p. 1137). O Novo Testamento emprega-o seis vezes, [...] somente Paulo dá conotação religiosa a esse grupo de palavras. O verbo “katallassõ” e o substantivo “katallagê” transmitem com exatidão a ideia de “trocar” ou “reconciliar”, da maneira como se conciliam os livros contábeis. No Novo Testamento, o assunto em pauta é primariamente o relacionamento entre Deus e a humanidade. A obra reconciliadora de Cristo restaura-nos ao favor de Deus porque “foi tirada a diferença entre os livros contábeis” (HORTON, 2006, p. 355.), ou seja, Ele, Cristo, pagou a nossa dívida (Cl 2.14) nos restaurando e nos conciliando com Deus.
1.2 Definição teológica. Reconciliação é um aspecto da obra redentora de Cristo (isto é,
salvação, restauração e renovação espiritual). Ser reconciliado com Deus
significa ser restaurado a um novo relacionamento correto com Ele […]. A
reconciliação só se torna efetiva para cada pessoa através do arrependimento
pessoal. Isto é admitir e abandonar o pecado, aceitar o perdão de Deus, confiar
sua vida a Cristo e se entregar aos propósitos dele (Lc 13.3,5; Jo 8.14, At
2.38; 3.19; 2Co 7.10) (STAMPS, 2018, p.1567- acréscimo nosso).
II - O MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO
Acerca da Doutrina da
Reconciliação, o apóstolo Paulo diz: “Tudo isto provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da
reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co
5.18,19). Enumeramos algumas lições que o apóstolo nos ensina neste texto.
Notemos:
2.1 A reconciliação provém de
Deus: “Tudo isto provém de Deus...”. Neste texto,
Paulo refere-se, especialmente, a obra da reconciliação. Isto nos ensina que,
quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus, pelo próprio Deus, através
da morte de Seu Filho (Rm 5.10). Foi Deus quem tomou a iniciativa de
reconciliar consigo mesmo o mundo, e deu seu Filho Unigênito (Jo 3.16) em
sacrifício pela humanidade, pois, Ele não quer que o pecador pereça (Ez 33.11),
e, sim, que todos se arrependam e venham ao conhecimento da verdade (1Tm 2.4;
2Pd 3.9).
2.2 Jesus morreu para nos
reconciliar com Deus: “...nos reconciliou
consigo mesmo por Jesus Cristo...”. A morte de Jesus Cristo tornou-se
necessária por causa da queda do homem. Todos os homens estavam debaixo do
pecado (Rm 3.23) e da ira de Deus (Rm 1.18; Ef 5.6), marchando para a ira
futura e para a perdição (Rm 2.5). Mas Deus, movido por seu grande amor, enviou
seu Filho Unigênito ao mundo (Jo 3.16; 1Co 15.3; Ef 3.11; 1Pd 1.19,20; Ap
13.8), para aniquilar o pecado pelo seu próprio sacrifício (Hb 9.28; 1Pd 2.24);
e, pela sua morte, não somente nos resgatar dos nossos pecados, como também nos
reconciliar com Deus. O apóstolo Paulo, em suas epístolas, discorre diversas
vezes acerca desse tema. Vejamos:
• “Porque se nós, sendo
inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais,
tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.10);
• “E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação. Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação” (Rm 5.18,19);
• “Mas agora em Cristo Jesus,
vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto” (Ef
2.13). • “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, e
que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como
as que estão nos céus” (Cl 1.19,20).
2.3 Deus nos deu o ministério da
reconciliação: “…e nos deu o ministério
da reconciliação”. A palavra ministério significa “ofício; cargo; função”. Nas
Sagradas Escrituras esse termo é coletivo e aponta para vários oficiais e
autoridades religiosas e civis, bem como denota ofícios específicos, tais como
ministério cristão, ministério dos anjos, etc. Assim, podemos afirmar que o
termo “ministério da reconciliação” refere-se a sublime tarefa da Igreja de Cristo:
a evangelização (Mt 9.35; 28.19; Mc 16.15; At 17.30; Ap 5.9); a anunciação das
boas novas aos pedidos a fim de que os homens se reconciliem com Deus.
III – AS CARACTERÍSTICAS DA PALAVRA DA
RECONCILIAÇÃO
O apóstolo Paulo diz que Deus:
“...pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co 5.18). Esta palavra visa
“...destruir a barreira, o muro de inimizade” (Ef 2.14 – NAA) que o pecado
levantou entre Deus e os homens (Is 59. 2). É nossa responsabilidade pregar a
palavra (1Co 9.16) a fim que os homens se arrependam e se reconciliem com Deus;
essa missão foi dada a Igreja (Mc 16.15).
3.1 A palavra da reconciliação foi concedida a igreja. A igreja (isto é, todos os verdadeiros seguidores de Cristo) recebeu o ministério da reconciliação: a oportunidade e a responsabilidade de divulgar a mensagens de Cristo e de ajudar os outros a serem reconciliados e restaurados a um relacionamento correto com Deus (STAMPS, 2018, p. 1567). O Senhor entregou a igreja a missão de anunciar ao mundo esta reconciliação, ou seja, proclamar as boas novas de salvação. O termo grego para “ministério” é “diakonia”, que significa “serviço”. Isto significa que Deus, não apenas reconciliou o mundo, como também comissionou mensageiros para proclamar as boas novas. Todos os que dão ouvidos ao chamado para o arrependimento tornam-se reconciliados com Deus, e recebem a incumbência de anunciar esta mensagem do Evangelho a outros (Mt 28.18-20; 1Co 9.16; 2Tm 4.1,2; 1Pd 2.9).
3.2 A palavra da reconciliação é
um convite ao arrependimento. A reconciliação com Deus
somente torna-se efetiva através do arrependimento pessoal. Como a Palavra do
Senhor afirma que todos os homens são pecadores e destituídos estão da glória
de Deus (Rm 3.23), o arrependimento dos pecados é uma condição vital para todas
as pessoas se reconciliem com Deus. Por isso, o Senhor Jesus ao proclamar a
mensagem do Reino de Deus convidou as pessoas a se arrependerem primeiro (Mt
4.17; 9.13; Mc 2.17). O arrependimento é vital para que o ser humano possa
obter a salvação (At 2.38; 3.19; 2Co 7.10). Jesus ensinou que, se não houver
arrependimento o homem perecerá em seus pecados (Lc 13.3,5; Jo 8.14). “O
verdadeiro arrependimento é o que produz convicção do pecado; contrição do
pecado; confissão do pecado; abandono do pecado; e conversão do pecado”
(GILBERTO, 2008, p. 358). Sem arrependimento sincero não é possível a
reconciliação com Deus.
3.3 A palavra da reconciliação desfaz a inimizade entre Deus e os homens. O homem afastado de Deus está em inimizade com o Senhor, pois a Bíblia classifica os pecadores como: (a) filhos da desobediência (Ef 2.2); (b) amigos do mundo (Tg 4.4); e (c) pecadores vivendo nas trevas (Ef 5.8; 11; 6.12; Cl 1.13). Por esses motivos e outros apresentados na palavra de Deus (Sl 14: 1-3; Is 64.6; Rm 3.10), o texto Sagrado apresenta o homem em inimizade constante com Deus. Mas em Cristo essa inimizade é desfeita: “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus, pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.10). Sendo Assim, quando os homens restabelecem a comunhão com Deus, a Paz de Cristo se instala em seu coração; esta paz é uma alegria que sobrepuja a compreensão humana, pois independe das circunstâncias (Tg 1.2; 1Ts 1.6; Sl 126.5). Ela procede do coração de Deus para o coração do crente (Ne 8.10; Sl 51.12; Jo 15.11). No entanto, isso somente é possível quando o homem aceita pela fé e através do arrependimento a mensagem da reconciliação com Deus.
CONCLUSÃO
Aprendemos nessa lição que é
desejo de Deus que todos os homens se reconciliem com Ele (1Tm 2. 4), para isso
o Senhor incumbiu a sua Igreja de pregar o evangelho. Esse santo ministério: da
palavra de reconciliação foi concedido a cada crente salvo em Cristo Jesus (1Pd
2.9; M t 10.8).
Ev. Caramuru
Afonso Francisco. Disponível em: https://www.portalebd.org.br
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Se na lição anterior, analisamos
o antigo quadro desolador acerca dos gentios, em que o apóstolo Paulo descreveu
(2.11,12), nesta veremos que houve uma significativa mudança na sequência do
capítulo dois. No versículo 13 Paulo usa a expressão adversativa, “mas agora”
para indicar que algo aconteceu e alterou a situação dos gentios. Ele explica
que essa mudança repousa na Obra que Cristo realizou: “vós, que antes estáveis
longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto” (2.13). Na presente lição
estudaremos os desdobramentos dessa mudança. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17
Maio, 2020]
“O mundo antigo tinha suas
barreiras e cercas. O judeu odiava e considerava odiado e desprezado por Deus
ao não judeu. O grego agrupava os bárbaros entre as bestas e pensava que a
guerra sem quartel contra eles estava na mesma natureza das coisas. Hoje em dia
existem ainda cortinas de ferro, barreiras alfandegárias e divisões entre
nações, classes, raças e igrejas. Numa sociedade sem Cristo não pode haver
senão barreiras e muros divisórios.” (BARCLAY, William. The Letter to the Ephesians. p. 63). Em Efésios 2.13-18, Paulo continua afirmando que em Cristo essas
barreiras foram derrubadas. De que maneira Cristo as destruiu?
Em Efésios 2.13, a expressão “Mas agora” faz paralelo com “Mas Deus” do capítulo 2.4. Ambos os textos falam da graciosa intervenção de Deus em favor dos perdidos. Nesta sessão da Carta, a palavra-chave é ‘Inimizade’. Entre judeus e gentios e entre pecadores e Deus. O que nós vamos estudar nesta passagem é simplesmente a maior missão de paz da história: Jesus não apenas reconciliou judeus e gentios, mas também pôs ambos em um corpo – a igreja!
I. CRISTO DESFEZ A
INIMIZADE ENTRE OS HOMENS
O exclusivismo religioso criou
inimizade entre judeus e gentios. Nesse ponto veremos o que Cristo fez para dar
fim a esse litígio entre os homens (2.14,15).
1. A parede de separação entre
os homens. Trata-se de uma analogia com as muralhas do
templo em Jerusalém. A estrutura da construção revela o exclusivismo religioso
do Judaísmo. Entre o santuário e o átrio dos gentios havia um muro de pedra com
a proibição de acesso aos estrangeiros. O extremismo judaico quanto a esse
aspecto levou Paulo à prisão quando ele foi acusado de permitir um grego
ultrapassar essa barreira (At 21.28-30). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17
Maio, 2020]
Quando Paulo diz “tendo derribado
a parede da separação que estava no meio”, ele faz uma descrição do templo, que
constava de uma série de átrios; cada um destes era mais alto que o anterior e
o próprio templo no centro. Em primeiro termo estava o átrio dos gentios, logo
o das mulheres, o dos israelitas, o dos sacerdotes e, finalmente, o próprio santuário.
William Barcklay diz que “Os
gentios só podiam entrar no primeiro átrio. Entre este e o das mulheres havia
um muro ou, antes, uma espécie de gradeado de mármore belamente trabalhado, no
qual a intervalos havia lápides nas quais se advertia que se um gentio passava
mais além se fazia passível de uma morte imediata”. (Efésios - William Barclay. p. 61)
Ainda Barcklay citando Josefo, diz: "Ao passar por este primeiro claustro ao segundo átrio do templo havia ali uma divisão feita de pedra em todo o redor, cuja altura era de três côvados. Sua construção era muito elegante; em cima se encontravam pilares equidistantes nos quais se declarava a lei de purificação: alguns em caracteres gregos e outros em latinos com a finalidade de que nenhum estranho ingressasse no santuário" (Guerras dos judeus 5,5,2).
O Rev Hernandes Dias Lopes,
escreve: “Durante séculos, os judeus foram diferentes dos gentios na religião,
na indumentária, na dieta alimentar e nas leis. Pedro resistiu ao projeto de
Deus de incluir os gentios em sua agenda evangelística (Atos 10). Os judeus
crentes repreenderam Pedro por ter entrado na casa de um gentio para
evangelizá-lo (Atos 11). Precisou haver uma conferência dos líderes da igreja,
em Jerusalém, para discutir o lugar dos gentios na igreja (Atos 15)” (Lopes, Hernandes Dias Efésios: igreja, a noiva
gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2009. p. 64).
2. A derrubada da parede da
separação. O apóstolo declara que em Cristo foi
derrubada “a parede de separação que estava no meio” (2.14b). Essa barreira era
tanto literal como espiritual, mas por mérito da cruz de Cristo a divisória foi
rompida. Assim, não somos mais forasteiros, mas somos da família de Deus, temos
acesso à presença do Pai (2.18) e, pelo sangue de Cristo, temos livre entrada
no santuário de Deus (Hb 10.19).
[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio,
2020]
A parede da
separação como já explicado, alude à parede no templo que separava a área
dos gentios das áreas acessíveis somente aos judeus. Paulo referiu-se a essa
parede como um símbolo da separação social, religiosa e espiritual que mantinha
os judeus e os gentios separados.
Em Cristo, Deus não só estava
reconciliando o mundo consigo, mas também enviando seus embaixadores ao mundo
para rogar aos homens que se reconciliassem com ele! Antes, no versículo 13,
Paulo diz que sem Cristo, os gentios estavam distantes, mas, agora, por estarem
em Cristo, se aproximaram. É importante frisar que essa aproximação não se deu
pelos ensinos de Cristo, mas pelo seu sangue vertido no Calvário (Ef 2.13). É
por causa do sangue de Cristo vertido no sacrifício consumado na cruz e do seu
ministério como Sumo Sacerdote, os crentes podem se colocar com intrepidez na
presença de Deus! Esse direito foi concedido aos crentes na morte sacrifical de
Cristo (Rm 5.2).
3. O conceito da lei dos mandamentos. A compreensão desse conceito repousa na visão tripartida da lei mosaica: a moral, a cerimonial e a civil, que na verdade são três esferas da mesma lei. A lei civil diz respeito ao israelita como cidadão. A lei moral permanece em vigor como padrão de conduta, mas não como meio de salvação (2.8,9). A lei cerimonial é citada como sendo a “circuncisão”, “sacrifícios”, “comida e bebida”, “dias de festas, lua nova e sábados” (Cl 2.11,16). Esses ritos identificavam a posição do povo judeu diante de Deus e demonstrava a hostilidade deles para com os gentios. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
Paulo esclarece o que foi abolido
por Jesus: a Lei dos mandamentos expressos em ordenanças. Os judeus criam que
só era bom o homem que observava a Lei judia; só dessa maneira podia-se obter a
amizade e a comunhão com Deus. Essa Lei consistia em milhares e milhares de
regras, prescrições, mandamentos e decretos. Em Deuteronômio temos que, as mãos
tinham que ser lavadas de uma maneira determinada; igualmente os pratos; há
páginas e páginas sobre o que se deve fazer e o que não se deve fazer no dia de
sábado; determinados tipos de sacrifícios deviam ser oferecidos com relação a
determinadas circunstâncias da vida. O que está em vista aqui é uma religião
baseada em todo tipo de regras, prescrições, rituais sagrados, costumes,
práticas, sacrifícios e dias. Jesus terminou com o legalismo como princípio da
religião.
4. A revogação da lei dos
mandamentos. A eliminação das barreiras que dividiam
judeus e gentios se deu pela revogação da “lei dos mandamentos, que consistia
em ordenanças” (2.15b). Essa revelação não contradiz o que Jesus disse: “não
vim para revogar, mas cumprir a lei” (Mt 5.17 – NAA). Visto que, ao entregar
seu corpo para ser crucificado, Cristo cumpriu a Lei oferecendo-se como
sacrifício em favor de ambos os povos (Hb 7.27). Desse modo, a revogação aqui
aludida é a da lei cerimonial, que resultava em separação entre judeus e
gentios. O ato de Cristo, oferecido a Deus em cheiro suave, aboliu a
necessidade dessas ordenanças ritualísticas e assim a inimizade foi desfeita
(5.2). [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
No tópico anterior vimos que
Jesus pôs fim à religião legalista. E o que colocou em lugar dela? Em seu lugar
pôs o amor a Deus e aos homens. Jesus veio para comunicar aos homens que não
podem merecer a aprovação de Deus observando uma Lei cerimonial; que devem
aceitar o amor, o perdão e a comunhão que Deus lhes oferece por pura
misericórdia.
Por meio de sua morte, Cristo
aboliu as leis, as festas e os sacrifícios cerimoniais, que separavam,
especificamente, os judeus dos gentios. Como explicado no subtópico 3, a lei
moral de Deus (conforme resumida nos Dez Mandamentos e escrita no coração de
todos os homens, Rm 2.15) não foi abolida mas incluída na nova aliança, não
obstante, porque ela reflete a sua própria natureza santa (Mt 5.17-19).
Nesse ponto, Barcklay escreve: “Jesus veio para comunicar aos homens que não podem merecer a aprovação de Deus observando uma Lei cerimonial; que devem aceitar o amor, o perdão e a comunhão que Deus lhes oferece por pura misericórdia. Agora sim, uma religião baseada no amor pode ser definitivamente uma religião universal.” (Efésios - William Barclay. p. 65).
Usando essa descrição de
Barcklay, nos vem à mente as muitas ordenanças humanas colocadas sobre o
rebanho a fim de garantir uma ‘santidade’, esquecendo-se que, a verdadeira
santidade flui do governo do Espírito Santo sobre o nosso ser, ao passo que, as
regras impostas podem nos levar ao legalismo tal qual àquela religião abolida
por Cristo.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Introduza a presente lição mostrando o quanto é difícil a existência de um
“muro” numa via pública. A liberdade de ir e vir é negada. Tome exemplos como a
questão humanitária da Coreia do Sul e Coreia do Norte em que parentes não
podem conviver juntos por causa do muro. O quanto tudo isso traz sofrimento,
dor e angústia para as pessoas.
Mostre aos alunos que a obra do Calvário, em primeiro lugar, derrubou o
muro que separava Deus dos homens e, consequentemente, dividia judeus e
gentios. Em Cristo, fomos feitos herdeiros das mesmas bênçãos espirituais
destinadas aos judeus por meio da promessa de Abraão: “Em ti todas as famílias
da terra serão benditas”. Cristo derrubou o muro que separava os povos. É uma
grande oportunidade relembrar essa verdade e vivê-la.
II. PELA
PAZ, CRISTO FEZ UM “NOVO HOMEM”
A partir da expiação na cruz, a
paz foi proclamada e de ambos os povos, judeus e gentios, Cristo fez uma nova
humanidade (2.14-17).
1. O conceito bíblico de
paz. De forma geral, a paz é a descrição de boas relações
(At 24.2,3), do fim de um conflito (Lc 14.32), do estado de tranquilidade (1 Rs
4.24) e de uma qualidade espiritual (Gl 5.22). Na passagem em apreço, o
apóstolo ressalta a paz conferida por meio de Cristo. Sua morte na cruz desfez
a nossa inimizade com Deus e como os homens, tornando possível a reconciliação
entre ambos e, promovendo assim, a paz (Cl 1.20). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
A palavra "paz" reflete o hebraico "shalom", que se tornou a saudação de Jesus aos discípulos depois da sua ressurreição (Jo 20.19-26). Em nível individual, essa paz, desconhecida daqueles que estão longe de Deus, assegura serenidade em face das grandes dificuldades, dissolve o temor (Fp 4.7) e reina nos corações do povo de Deus para manter a harmonia (Cl 3.15). A maior realidade dessa paz será vista no reino messiânico (Rm 1.7; 5.1; 14.17).
2. Cristo é o motivo da nossa
paz. Paulo declara que Cristo “é a nossa paz”
(2.14b). Essa expressão aponta para uma conotação mais profunda, pois Cristo
não é apenas o “autor da paz”, mas literalmente “a nossa paz”. Isso implica o
conceito de “comunhão espiritual”, ou seja, Cristo habita em nós sendo Ele
mesmo a nossa paz (Jo 14.23- 27). Desse modo, essa paz repousa na igreja, entre
o crente e Deus e entre judeus e gentios, agora um único povo em Cristo Jesus
(2.14.b). [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
Em Jesus Cristo, judeus e gentios
se tornaram um. Cristo estabeleceu a paz, pois ele é a nossa paz (2.14); ele
fez a paz (2.15) e ele proclamou a paz (2.17).
A palavra grega traduzida como
"evangelizou" significa, literalmente, "trazer ou anunciar
boas-novas", e no NT é quase sempre usada para proclamar as boas-novas de
que os pecadores podem se reconciliar com Deus pela salvação, a qual se dá por
meio de Jesus Cristo. Nesse contexto, a palavra usada no grego foi Eirene,
que significa paz, harmonia. Cristo, aquele "que é a nossa paz" (v.
14), também anunciou as boas-novas da paz, tanto para os gentios como para os
judeus. Esta paz é fruto do amor de Deus, da graça de Cristo. Ela é um
presente, só podemos recebê-la pela fé em Jesus Cristo. A paz que o
Espírito Santo coloca em nosso coração nos livra do jugo da escravidão e nos
faz viver a vida abundante em Cristo Jesus
3. A nova humanidade formada pela paz. Cristo uniu os povos que outrora se hostilizavam, para criar “em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz” (2.15c). Essa unidade não foi o resultado de algum acordo firmado entre os homens. Ela foi realizada “em si mesmo”, ou seja, o único modo possível era “em Cristo” e “por meio de Cristo”. A partir desse ato surge uma nova humanidade: a Igreja, “onde não há circuncisão e nem incircuncisão” (Cl 3.11). Foi Cristo quem criou esse novo povo “fazendo a paz” (2.15c). Nele, as desigualdades foram eliminadas, a acepção de pessoas desfeita, a etnia e a classe social desapareceram (Rm 2.11; Gl 3.28). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
Cristo não exclui ninguém que vá
até ele, e aqueles que são seus não diferem espiritualmente uns dos outros.
Espiritualmente, uma nova pessoa em Cristo não é mais judia ou gentia, somente
cristã (Rm 10.12-13; Cl 3.28), isso é o que denota o emprego da palavra grega kainós,
traduzida por "Novo", que quer dizer novo não apenas no tempo, mas
novo no sentido de que traz ao mundo um novo tipo de criação, uma nova
qualidade de criação que não existia antes; Diz respeito a ser diferente em
tipo e qualidade.
O resultado da Cruz foi a
reconciliação de ambos os povos com Deus. O termo usado por Paulo
é apokatallassein, usual para a reconciliação de dois amigos que se tinham
inimizade. A obra de Jesus consiste em mostrar aos homens que Deus é seu amigo
e porque ele é amigo deles devem por sua vez ser amigos entre si. A
reconciliação com Deus implica e exige a reconciliação com o homem.
Sobre isso, Barcklay escreve: “Por meio de Jesus tanto o judeu como o gentio têm o direito de acesso a Deus. A palavra que usa Paulo para acesso é prosagoge, uma palavra com muitos matizes. Aplica-se ao oferecimento de um sacrifício a Deus; ao acesso dos homens à presença de Deus para ser consagrados a seu serviço; à apresentação de um orador ou um embaixador na assembleia nacional; e, acima de tudo, aplica-se à introdução de uma pessoa à presença do rei. Efetivamente na corte real persa havia um funcionário chamado o prosagogeus cuja função era apresentar perante o rei aos que haviam solicitado audiência. É uma sorte inestimável desfrutar do direito de, a qualquer momento, ir a uma pessoa admirável, sábia e santa; de irromper, até incomodando-a e levar-lhe nossas dificuldades, nossos problemas, nossa solidão e nossas tristezas. Este é exatamente o direito que Jesus nos dá com respeito a Deus. Por Jesus sempre estão abertas as portas à presença de Deus, tanto para o judeu como para o gentio.” (EFÉSIOS - William Barclay. p. 67).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A RESTAURAÇÃO DA PAZ.
Embora o resultado da queda fosse a destruição da paz e do bem-estar para a raça
humana, e até mesmo para a totalidade do mundo criado, Deus planejou a
restauração do shalom; logo, a história da reconquista da paz é a
história da redenção em Cristo.
(1) Tendo em vista que
Satanás deu início à destruição da paz no mundo, o restabelecimento da paz deve
envolver a destruição de Satanás e do seu poder. Por isso, muitas promessas do AT
a respeito da vinda do Messias era promessas da vitória e paz vindouras. Davi
profetizou que o Filho de Deus governaria as nações (Sl 2.8,9; cf. Ap 2.26,27;
19.15). Isaías vaticinou que o Messias reinaria como o Príncipe da Paz (Is
9.6). Ezequiel predisse que o novo concerto que Deus se propôs estabelecer
através do Messias seria um concerto de paz (Ez 34.25; 37.26). E Miqueias, ao
profetizar o nascimento em Belém do rei vindouro, declarou: ‘E este será a
nossa paz’ (Mq 5.5).
(2) Por ocasião do
nascimento de Jesus, os anjos proclamaram que a paz de Deus acabara de chegar à
terra (Lc 2.14). O próprio Jesus veio para destruir as obras do diabo (1 Jo
3.8) e para romper todas as barreiras de conflito que tomasse parte da vida a
fim de fazer a paz (Ef 2.12-17). Jesus deu aos discípulos a sua paz como herança
perpétua antes de ir à cruz (Jo 4.27; 16.33). Mediante a sua morte e
ressurreição, Jesus desarmou os principados e potestades hostis, e assim
possibilitou a paz (Cl 1.20; 2.14,15; cf. Is 53.4,5). Por isso, quando se crê
em Jesus Cristo, se é justificado mediante a fé e se tem paz com Deus (Rm 5.1).
A mensagem que os cristãos proclamam são as boas-novas da paz (At 10.36; cf. Is
52.7)” (STAMPS, Donald (Ed.).
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.1120-21).
III. PELA CRUZ, RECONCILIADOS COM
DEUS NUM CORPO
O ministério da reconciliação
desfez a inimizade entre o homem e Deus, bem como entre os homens. Essas
dádivas foram possíveis por causa da cruz de Cristo.
1. Cristo se fez maldição por
nós. Ser condenado à morte de cruz era um sinal de
maldição e de profunda humilhação (Hb 12.2). O réu era açoitado por um chicote
de várias tiras de couro, acompanhado de chumbo ou ossos nas pontas (Mc 15.15).
Em seguida, era obrigado a carregar publicamente sua cruz até ao local da
execução (Jo 19.7). Por essas razões a cruz era escândalo para os judeus e
loucura para os gentios (1Co 1.23). Apesar disso, Cristo suportou a afronta,
levou a nossa culpa, entregou seu corpo para a crucificação e se fez maldição
em nosso lugar (Gl 3.13). [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
Em Jesus Cristo, judeus e gentios
se tornaram um. Cristo estabeleceu a paz, pois ele é a nossa paz (2.14); ele
fez a paz (2.15) e ele proclamou a paz (2.17). Em Gálatas 3.13 Paulo diz que
Jesus “fêz-se ele próprio maldição em nosso lugar” ao suportar na cruz a ira de
Deus pelos pecados dos crentes (Hb 9.28; 1Pe 2.24), Cristo levou sobre si a
maldição que estava sobre aqueles que violaram a lei.No mesmo capítulo, no
verso 10, Paulo uma citação de Dt 27.26 a fim do mostrar que o fato de não
conseguir cumprir perfeitamente a lei traz o julgamento e a condenação divina.
Uma violação da lei merece a maldição de Deus. (Dt 27—28). Deus e aqueles a
quem salvou não são mais inimigos uns dos outros.
2. Reconciliados pela cruz de
Cristo. Foi o sacrifício vicário de Cristo na cruz e
sua consequente vitória sobre a morte que possibilitaram nossa reconciliação
com Deus e com os homens (Cl 1.20). Nessa perspectiva que Cristo “é a nossa
paz” (2.14), que pela sua carne um novo homem foi criado “fazendo a paz” (2.15)
e que também “evangelizou a paz a vós”, proclamando ao mundo as boas novas da
cruz (2.17). A mensagem da cruz apregoa a paz entre Deus e os homens, isto é, o
ministério da reconciliação (2 Co 5.18-20). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17
Maio, 2020]
O ministério da reconciliação
fala a respeito da realidade de que Deus deseja que os homens pecadores se
reconciliem com ele (Rm 5.10; Ef 4.17-24). Deus chama os crentes para proclamar
o evangelho da reconciliação ao s outros (1Co 1.17).
O Rev Hernandes Dias Lopes
escreve: “Não apenas os gentios precisam ser reconciliados com os judeus; mas
ambos, judeus e gentios, precisam ser reconciliados com Deus (At 15.9,11). O
mesmo ensina Paulo (Rm 3.22,23). A cruz de Cristo destruiu a inimizade do homem
com Deus. A cruz de Cristo matou a inimizade que existia entre o homem e Deus. A
cruz foi onde Deus puniu o nosso pecado. A cruz foi onde Deus satisfez sua
justiça. A cruz é onde nossos pecados foram condenados. Por intermédio da cruz
somos reconciliados com Deus. Pela cruz, Deus é justo e ainda o nosso
justificador. Não é Deus que se reconcilia com o homem, mas o homem que se
reconcilia com Deus, pois foi o pecado que criou a separação e a inimizade. A
iniciativa da reconciliação, entretanto, é de Deus (2.15,17; 2Co 5.18). Paulo,
agora, diz que por meio de Jesus, judeus e gentios têm acesso ao Pai em um
Espírito (2.18). Francis Foulkes diz corretamente que “acesso” é provavelmente
a melhor tradução da palavra grega prosagoge. Nas cortes orientais, havia um
prosagoge que introduzia as pessoas à presença do rei. O pensamento pode ser o
de considerar Cristo como o prosagoge, mas a forma da expressão na cláusula
inteira sugere antes que, por meio dele, há um caminho de aproximação (3.12).
Ele é a Porta, o Caminho para o Pai (Jo 10.7,9; 14.6); por intermédio dele, os
homens, embora pecadores, uma vez reconciliados, podem se aproximar “com
confiança do trono da graça” (Hb 4.16).132” (Lopes, Hernandes Dias Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo. São
Paulo: Hagnos, 2009. p. 67).
3. Reconciliados na cruz em um
corpo. O apóstolo Paulo reforça que o propósito de
Cristo foi o de “reconciliar ambos [judeus e gentios] com Deus em um corpo”
(2.16b). A ênfase aqui recai sobre a inimizade existente na vertical, isto é,
entre os homens e Deus. No versículo 14, o destaque era a inimizade horizontal,
quer dizer, entre os judeus e os gentios. De forma que a reconciliação deve ser
duplamente compreendida. As duas inimizades foram desfeitas quando Cristo levou
nossos pecados no madeiro (1 Pe 2.24). A ira de Deus, que por causa dos pecados
estava sobre nós, foi cravada na cruz (Cl 2.13,14). Assim, a reconciliação foi
concretizada pela cruz, gerando um novo povo, num único corpo: a “família de
Deus”; a “Igreja de Cristo” (2.19; 3.6; 4.4; 5.23,30). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
Como os judeus e os gentios são
unidos a Deus por meio de Cristo Jesus, eles são unidos uns aos outros – essa é
a inimizade horizontal citada pelo comentarista, e isso foi realizado na cruz
onde Jesus tornou-se maldito (Cl 3.10-13), tendo suportado a ira de Deus de
modo que a justiça divina fosse satisfeita e a reconciliação com Deus se
tornasse realidade (2Co 5.19-21) – essa era a inimizade vertical citada e que
agora foi desfeita para aqueles alcançados pelo Evangelho da Paz!.
O homem reconcilia-se com Deus
quando este o restaura a um relacionamento justo com ele por meio de Jesus Cristo.
A morte substitutiva de Cristo na cruz que pagou o preço total pelo pecado de
todos aqueles que creem tornou a reconciliação possível e verdadeira (2Co
5.18-21; Rm 3.25).
É somente por meio da união com
Jesus Cristo aqueles que estão irremediavelmente mortos em seus pecados recebem
vida eterna (Ef 2.5). Nos chama a atenção aqui é o fato de que é Deus que toma
a iniciativa e exerce o poder de dar a vida para despertar os pecadores e
uni-los ao seu Filho; Como define Paulo o estado daquele que está longe de
Deus, os que estão espiritualmente mortos não têm a capacidade de vivificar a
si mesmos (Rm 4.17; 2Co 1.9). Sobre o texto de Colossensses 2.13 e 14, o
escrito da dívida dizia respeito a um certificado de dívida, escrito
manualmente, por meio do qual o devedor reconhecia sua dívida – uma nota
promissória. Paulo nos revela em seus escritos que todas as pessoas (Rm 3.23)
possuem para com Deus uma dívida impagável por terem violado a sua lei (Cl
3.10; Tg 2.10; cf. Mt 18.23-27) e estão, portanto, debaixo da sentença de morte
(Rm 6.23). Por meio da morte sacrifical de Cristo na cruz, Deus apagou
totalmente o nosso certificado de dívida, perdoando-nos por completo. De forma
poética, Paulo afirma que essa nota promissória, o escrito de dívida, foi
encravada na cruz, de forma metafórica, ele diz que em Cristo alcançamos perdão
para essas dívidas impagáveis. É interessante notarmos o paralelismo que Paulo
faz com a realidade que acontecia nas punições de morte de cruz: a lista dos
crimes de um criminoso crucificado era encravada na cruz com ele a fim de
declarar as violações pelas quais ele estava sendo punido (Mt 27.37). Nossos
pecados foram todos postos na conta de Cristo, encravados em sua cruz quando
ele pagou o castigo em substituição a todos nós, satisfazendo, assim, a ira
justa de Deus contra os crimes que requeriam o castigo integral.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“A paz e a unidade
entre judeus e gentios exigia que ambos fossem reconciliados ‘pela cruz... com
Deus em um corpo (2.16). Isso pressupõe que tanto judeus como gentios eram
pecadores separados de Deus (2.3) e necessitavam da morte expiatória de Cristo
a fim de serem reconciliados com Deus (2.17,18). Sua ‘inimizade (2.16), que foi
condenada à morte na cruz, era tanto horizontal como vertical - isto é, uma
hostilidade entre povos não regenerados e Deus (Rm 5.10), e entre grupos
hostis, tais como judeus e gentios. O milagre da reconciliação resultou em uma
nova entidade espiritual chamada ‘um corpo’ de Cristo (2.16). Esse assunto
tornar-se o foco de Paulo 2.19-22” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.417-18).
CONCLUSÃO
Em obediência ao plano divino,
Cristo cumpriu as demandas da lei na cruz. Em seu sacrifício derrubou as
barreiras e aboliu as ordenanças cerimoniais que serviam de divisão. Por meio
da paz conquistada no madeiro desfez a inimizade, criou uma nova humanidade e a
reconciliou com Deus. A partir dela, formou um novo povo: a Igreja, o Corpo de
Cristo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
A unidade em Cristo produz
cristãos cujo cristianismo transcende toda diferença local e racial; produz
homens que são amigos entre si porque são amigos de Deus; homens que são um,
porque se encontram na presença de Deus, a quem todos têm acesso. Cristo é a
Porta, o Caminho para o Pai (Jo 10.7,9; 14.6); por intermédio dele, os homens,
embora pecadores, uma vez reconciliados, podem se aproximar “com confiança do
trono da graça” (Hb 4.16).
Francisco Barbosa
Disponível no blog:
auxilioebd.blogspot.com.br
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