COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
O MISTÉRIO
DA UNIDADE REVELADO
Que mistério foi esse revelado
no Novo Testamento? Um mistério oculto desde todos os tempos e todas as
gerações foi revelado ao povo de Deus do Novo Testamento. Esse é o assunto
desta lição. Você tem o objetivo geral de ensinar acerca do mistério de Deus que
esteve oculto e a revelação concedida aos profetas e aos apóstolos. Para isso,
você deve explicar que o mistério oculto é o de que judeus e gentios seriam um
só povo integrante de um mesmo corpo. Essa é uma consequência natural da
inimizade destruída pela obra de Cristo, assunto que vimos em lição anterior.
Depois você deve expor como e quando Deus revelou o mistério aos apóstolos e
aos profetas. Isso tem tudo a ver com o desdobramento que a revelação se deu no
Novo Testamento. E, finalmente, você deve mostrar aos alunos que desde a
eternidade o mistério esteve encoberto para ser revelado em tempo oportuno.
Resumo da lição
Deus revelou o mistério que
esteve oculto. Hoje, graças as Escrituras Sagradas, temos o privilégio de ter
acesso a esse mistério. Nesse sentido, o tópico primeiro explica que o mistério
da igreja de Cristo formada pela união entre judeus e gentios estivera oculto
desde a eternidade. Aqui, você deve pontuar com clareza que o mistério oculto é
que judeus e gentios seriam um só povo integrante de um mesmo corpo.
O segundo tópico, expõe como e
quando Deus revelou o mistério aos apóstolos e aos profetas. Nesse ponto você
deve destacar que o “mistério revelado” é a Igreja redimida por Cristo e
formada pelos povos e nações do mundo todo. É a nova raça espiritual, formada
por uma nova comunidade internacional em que judeus e gentios são iguais e
desfrutam dos mesmos privilégios espirituais em Cristo.
O terceiro tópico mostra que
desde a eternidade o mistério esteve encoberto para ser revelado em tempo
oportuno, ou seja, o mistério da Igreja de Cristo foi pré-estabelecido pelo Pai
desde antes da fundação do mundo. Aqui, você pode reforçar com a classe a
onipotência e a onisciência divinas, atributos que revelam o quanto Deus é
soberano e sustentador daquilo que planeja de antemão.
Aplicação
Reflita com os seus alunos o
quanto Deus é incomensurável. Ele planejou tudo desde a fundação do mundo. As
Escrituras esclarecem o mistério que estava oculto desde muito tempo. Nós, a
Igreja, o Corpo de Cristo, fazemos parte do mistério revelado.
Subsídio extraído
da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº 82 (Abr/Mai/Jun)
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Paulo e os demais
apóstolos, bem como os profetas do Novo Testamento, receberam por meio de
Cristo a revelação do mistério oculto (3.1-4). Nesta lição estudaremos o
conceito bíblico para “mistério” (3.4,6), como esse mistério esteve oculto nas
eras passadas, como o mistério foi revelado na Nova Aliança (3.5,10) e como ele
foi pré-estabelecido por Deus na eternidade (3.11). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]
Agora, no capítulo 3,
Paulo vai falar sobre o maior mistério de Deus na história. O Rev Hernandes
Dias Lopes citando Martyn Lloyd-Jones, escreve: “o que realmente pôs Paulo na
prisão foi ele pregar por toda parte que o evangelho de Jesus Cristo era tanto
para judeus como para gentios. Foi isso que, mais que qualquer outra coisa,
enfureceu os judeus. Foi esse estilo de mensagem que culminou em sua prisão em
Jerusalém e seu subsequente envio para Roma”. (Lopes, Hernandes Dias. Efésios:
igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos,
2009. Pág. 74). É acerca desse mistério revelado a Paulo e através de seus
escritos, a nós, que estudaremos nesta lição – gentios e judeus reunidos em um
só povo, a Igreja – o Corpo de Cristo! Vamos pensar maduramente a nossa
fé cristã?
I. O MISTÉRIO OCULTO NO
ANTIGO TESTAMENTO
Os gentios
ignoravam as promessas, e os judeus pensavam serem os únicos beneficiários
delas, porém, ambos desconheciam o “mistério” que esteve oculto.
1. O conceito
bíblico de mistério. Do grego
mysterion, a palavra mistério significa “segredo” ou “doutrina secreta”. Indica
alguma verdade divina que esteve oculta e passou a ser conhecida (3.3). Não se
refere a algo misterioso que somente alguns poucos iniciados possam
compreender, como ensinavam alguns adeptos do falso misticismo (Cl 2.18). Pelo
contrário, no cristianismo significa uma verdade que esteve encoberta e agora
foi desvendada em benefício de todos (1 Tm 2.4). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020.
Lição 9, 31 Maio, 2020]
A palavra ‘mistério’
aparece três vezes nesse parágrafo (3.3,4,9). Como explicado no tópico, a
palavra grega mysterion tem um significado diferente da palavra
portuguesa mistério, como é traduzido em nossas Bíblias. Para
nós, mistério é algo obscuro, oculto, secreto, enigmático,
inexplicável, incompreensível. No uso feito por Paulo tem o sentido de algum
segredo que já foi revelado. É importante frisar que, nas Escrituras e na fé
Cristã, não há espaço para mistérios, como entendem os esotéricos, um
conhecimento reservado somente a alguns poucos iniciados. Como enfatizado no
contexto de efésios, os “mistérios” são verdades que foram reveladas por Deus.
De fato, em algum momento esteve oculta ao conhecimento ou entendimento dos
homens, mas através do apostolado de Paulo, foi desvendada pela revelação de
Deus.
2. O
desconhecimento do mistério. Para compreender
em que sentido o mistério esteve oculto desde outras gerações, é preciso pôr em
foco o advérbio “como” que aparece no texto com valor circunstancial: “noutros séculos
não foi manifestado, como, agora” (3.5). A expressão “como” indica que no
Antigo Testamento esse mistério não foi dado a conhecer tão claramente como
agora o foi desvendado pelo Espírito. Isso não quer dizer que antes da Nova
Aliança ninguém tomara conhecimento acerca da desse mistério, ou seja, a bênção
de que os gentios também participariam. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020.
Lição 9, 31 Maio, 2020]
Uma leitura do Antigo
Testamento nos revela que Deus já tinha um projeto que englobava todos os
homens e não apenas um povo exclusivo. Isso fica claro na chamada Abrão, na
promessa de ser aquele patriarca, bênção para todas as famílias da terra,
através da sua posteridade; Israel foi dado como uma luz para as nações. O que
é absolutamente novo é que a nação judaica sob o governo de Deus terminando e
sendo substituída por uma nova comunidade integrada por todos os povos, a
igreja, o corpo de Cristo. Algo inconcebível à mente judaica de então. Havia
muitas verdades escondidas e reveladas posteriormente no Novo Testamento que
são chamadas de mistérios. Aqui está uma; judeus e gentios reunidos num
corpo no Messias.
3. O mistério e os
profetas da Antiga Aliança. Os
escritores do Antigo Testamento não apenas conheciam a respeito das bênçãos
prometidas aos gentios; eles fizeram menção delas (Gn 12.3; 22.18; Is 11.10;
49.6; 54.1-3; 60.1-3; Ml 1.11). O que esses profetas não sabiam era como isso
aconteceria, como Deus faria algo totalmente novo. Que as barreiras raciais e
religiosas seriam rompidas por meio de Cristo, que judeus e gentios seriam um
só povo integrante de um mesmo corpo – a Igreja: o mistério oculto (3.6,10). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]
Embora Deus tenha
prometido a bênção universal por intermédio de Abraão (Gn 12.3), 0 pleno
significado dessa promessa tornou-se claro quando Paulo obteve por revelação
divina e escreveu claramente (Gl 3.28). A passagem de Is 49.6 previu a salvação
para todas as raças, porém foi Paulo quem escreveu a respeito dessa promessa
(At 13.46-47). Paulo revelou a verdade que nem mesmo os maiores profetas
compreenderam - que na igreja, composta de todos os salvos desde o Pentecostes
em um corpo unido, não haveria distinções raciais, sociais ou espirituais.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Para introduzir esta lição é importante que você conceitue bem biblicamente a palavra “mistério” e amplie o seu conceito. Para lhe auxiliar nessa tarefa, juntamente com o conceito presente na lição, leve em conta o seguinte fragmento textual: “Embora a palavra ‘mistério’ não apareça no AT [...] o conceito de segredo no AT é o de conselhos que Deus revela ao seu povo. [...] O NT usa o termo para se referir ao Evangelho, às vezes no seu sentido mais amplo, incluindo o plano de Deus de redenção, existente desde tempos eternos (Rm 16.25,26; 1 Co 2.7; 4.1; Ef 1.9,10; 6.19; Cl 1.26,27; 4 .3; 1 Tm 3.9; Ap 10.7). É também aplicável a aspectos específicos do evangelho: a encarnação (Cl 2.2,9; 1 Tm 3.16); a igreja como o Corpo de Cristo incluindo os judeus e os gentios (Ef 3.3-6,9; 5.32); as características do reino espiritual atual (Mt 13.11; Mc 4.11; Lc 8.10); a cegueira temporária de Israel (Rm 11.25) e a transformação do crente na volta de Cristo (1 Co 15.51). O termo também é usado para se referir a qualquer verdade oculta que tenha que se entendida de forma sobrenatural (1 Co 13.2; 14.2), e ao mistério da influência do Anticristo ainda não revelado (2 Ts 2.7)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 1292).
II. O MISTÉRIO
REVELADO NO NOVO TESTAMENTO
O plano divino
oculto quanto à Igreja de Cristo é a ênfase paulina acerca do “mistério
revelado” aos apóstolos e aos profetas.
1. Revelado aos
apóstolos e profetas. Ao fazer
abertura do capítulo três de Efésios, Paulo destaca a sua condição de
prisioneiro, o processo de sua vocação e como lhe foi “este mistério
manifestado pela revelação” (3.1-3). Em passagens correlatas, Paulo deixa claro
que não recebeu seu apostolado de homem algum (Gl 1.1), que a doutrina que
ensinava não aprendeu com nenhum homem (Gl 1.11) e que ao ser enviado aos
gentios não consultou homem algum (Gl 1.16). Significa dizer que a chamada, a
doutrina e a comissão lhe foram divinamente confiadas “pela revelação de Jesus
Cristo” (Gl 1.12).
O apóstolo
assegura ainda que o mistério oculto foi revelado pelo Espírito de Deus a ele e
aos demais apóstolos e profetas (At 11.4-17,27). Ele indica que o mistério
divino não poderia ser desvendado por meio do raciocínio intelectual. Portanto,
o apóstolo enfatiza que o mistério foi dado a conhecer por meio da “revelação
divina” e não por sabedoria humana (1 Co 2.4). Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020.
Lição 9, 31 Maio, 2020]
Iniciando o parágrafo,
Paulo esclarece seu apostolado, o que já havia feito aos Gálatas, quando dizia
àqueles crentes que não recebeu sua chamada da parte de homens... mas por
Jesus Cristo, isso, para defender o seu apostolado contra o ataque dos falsos mestres,
Paulo enfatizou que o próprio Cristo o havia designado como apóstolo antes de
ele ter se encontrado com os outros apóstolos. O evangelho pregado por Paulo
não era de origem humana, caso em ele que seria como todas as outras religiões
humanas, permeado com obras nascidas da justiça do orgulho do ser humano e da
ilusão de Satanás (Rm 1.16). O mistério foi a verdade revelada a Paulo, e o
evangelho é a verdade proclamada por Paulo (3.7).
2. O mistério
oculto revelado. Em termos
gerais o “mistério revelado” é a Igreja. Essa revelação começa pela declaração
de que o Pai idealizou tudo desde sempre (1.14; 3.11); e prossegue com a
execução da Obra de Cristo (1.7; 2.15); e também com a criação de uma nova
humanidade (2.1-10); como também a união de judeus e gentios como família de
Deus e Corpo de Cristo (2.11-22; 3.6); e a comunicação dessas verdades aos
santos apóstolos e profetas (3.3,5). Por fim, o anúncio dessas dádivas do
mistério revelado recai sobre a responsabilidade da Igreja, para que “a
multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida” (3.10). Significa que a
própria Igreja é a principal agência divina de divulgação desse “mistério” a
fim de unir todos os homens em um só povo por meio de Cristo. Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]
Interessante notar que,
esse mistério não estava oculto apenas dos homens, mas também das potestades,
como fica claro no verso 10, que fala exatamente sobre o evangelho sendo
endereçado aos homens e aos anjos! Os anjos, tanto os santos como os perversos
(Ef 1.21; 6.12). Deus, por meio da igreja, manifesta a sua glória para todos os
anjos. Os anjos santos se regozijam (Lc 15.10; 1Pe 1.12) porque estão
envolvidos com a igreja (1Co 11.10; Hb 1.14). Apesar de não terem o desejo de louvar
a Deus, e nem a capacidade para isso, mesmo os anjos caídos veem a glória de
Deus na salvação e na preservação da igreja. Note que o versículo fala
dos lugares celestiais, como em Ef 1.3 e 6.12, diz respeito a toda esfera
dos seres espirituais. E qual o teor dessa lição? Descortina-se diante de todos
um novo povo, formado por judeus e gentios, reconciliado com Deus e uns com os
outros - revela a multiforme sabedoria de Deus. O Ver Hernandes Dias Lopes, em
sua Obra ‘Efésios’, escreve: “Paulo também diz que a igreja está no palco da
história como o maior espetáculo do mundo. Enquanto o evangelho se espalha em
todas as partes do mundo, essa nova comunidade cristã de cores variadas
desenvolve-se. E como a encenação de um grande drama. A história é teatro, o mundo
é o palco, e os membros da igreja de todos os países são os atores. O próprio
Deus escreveu a peça, dirige-a e a produz. Ato após ato, cena após cena, a
história continua a desdobrar-se. Mas quem está no auditório? São os anjos.
Eles são os espectadores do drama da salvação. “A história da igreja cristã
fica sendo uma escola superior para os anjos.” Por meio da antiga criação (o
Universo), Deus revelou sua glória aos seres humanos. Por meio da nova criação
(a igreja), Deus revelou sua sabedoria aos anjos. Os anjos olham fascinados ao
ver judeus e gentios sendo incorporados na igreja como iguais.” (Lopes, Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva
gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. Pág. 82).
3. A magnitude do
mistério. Outrora ninguém tinha
ventilado a possibilidade da formação de um só povo, sem distinção de pessoas,
etnia ou classe social; mas em Cristo e por Cristo, todos são um e
participantes da mesma promessa (Gl, 3.28; Ef 3.6, Cl 3.11). Até mesmo alguns
líderes da primitiva igreja demoraram a entender esse mistério onde todos são
aceitos em Cristo (At 11.4-17). Esse mistério, ora revelado, deve ser propagado
aos homens conforme Deus planejara desde o princípio (3.7,8,10,11). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]
O mistério que esteve
oculto e que agora foi revelado aos apóstolos e profetas é que os gentios são
co-herdeiros e membros de um mesmo corpo: “A saber, que os gentios são
co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo
evangelho” (Ef 3.6). Este é o grande mistério, que não poderia ser elucidado
racionalmente, apenas por divina revelação – todos os cristãos são herdeiros da
bênção espiritual que acompanhou a aliança abraâmica – através da justificação
pela fé (Gn 15.6; Rm 4.3-11).
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“O fato de Deus
pretender que as bênçãos de Abraão e as promessas da salvação messiânica,
através da teocracia judaica, incluíssem os gentios, não estavam anteriormente
ocultas (v.5). Elas foram claramente reveladas nos livros do Antigo Testamento
da Lei, dos Profetas e dos Escritos (por exemplo, em Gn 12.1-3; Dt 32.43; Sl
18.49; 117.1; Is 11.10). O que estava oculto nas antigas gerações e não havia
sido previsto nem mesmo pelos profetas do Antigo Testamento era o seguinte: o
plano de Deus para a redenção em Cristo (o Messias) envolvia a destruição da
antiga linha de demarcação que separava judeus de gentios (2.14,15). O antigo
pacto das promessas divinas, a teocracia nacional judaica, devia ser
substituído por uma nova raça espiritual (os cristãos), e por uma nova
comunidade internacional (a Igreja) nas quais, em Cristo, judeus e gentios
seriam admitidos em bases iguais, sem nenhuma distinção” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 423).
III. O MISTÉRIO PRE-ESTABELECIDO
POR DEUS
Deus não foi
surpreendido com o pecado no Éden. Desde a eternidade o Senhor pré-estabeleceu
um plano para ser executado na “plenitude dos tempos”.
1. As riquezas
insondáveis de Cristo. O mistério
agora revelado e anunciado é considerado pelo apóstolo como “riquezas
insondáveis” (3.8). A expressão se refere às maravilhas e a providência divina
que estão além do entendimento humano (1.7). Para o apóstolo Paulo,
compartilhar com os povos essas boas novas era algo imensurável (3.18,19). A
mensagem da qual ele fora incumbido consistia em ministrar a todos a perfeição
e a preciosidade do mistério que estivera oculto (3.8,9); proclamar que essas
dádivas foram projetadas desde a eternidade, sendo livremente concedidas aos
homens por meio de Cristo (1.4; 2.16). Tudo abrange o beneplácito da vontade
divina, que articulou o plano (1.11), o conteúdo desse plano (Ef 2.16) e a pessoa
de Cristo que executou o plano pré-estabelecido por Deus (Ef 1.19-22). Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]
Todas insondáveis
riquezas de Cristo se trata de todas as verdades de Deus, todas as suas bênçãos,
tudo o que ele é e tem (Ef 1.3; Cl 2.3; 2Pe 1.3). No versículo 9 não há uma
repetição do versículo 8. “Há três diferenças revelantes: 1) a pregação do
evangelho, agora, é definida não como euangelizo, mas, sim, como photizo.
Agora, o pensamento muda do conteúdo da mensagem (boas-novas) para a condição
daqueles aos quais é proclamada (nas trevas da ignorância e do pecado).1/18
Concordo com o que disse Lenski: “Pregar o evangelho aos gentios era como expor
o profundo mistério à plena luz do dia de maneira que todos pudessem vê-lo”.
Essa era a missão que Paulo tinha recebido de Cristo: “Para lhes abrir os olhos
a fim de que se convertam das trevas para a luz, e do poder de Satanás para
Deus” (At 26.18). O diabo cega o entendimento das pessoas (2Co 4.4).
Evangelizar é levar luz onde há trevas (2Co 4.6), para que os olhos sejam
abertos para ver. 2) Entre os versículos 8 e 9 há uma mudança de ênfase. No
versículo 8, a mensagem de Paulo é Cristo; no versículo 9, a mensagem de Paulo
é a igreja.” (Lopes, Hernandes
Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São
Paulo: Hagnos, 2009. Pág. 79).
2. O eterno
propósito em Cristo. Como vimos
anteriormente, o mistério “desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo
criou” (3.9). O que significa que, desde o princípio dos tempos, o Criador
manteve o mistério encoberto para ser revelado em tempo oportuno (1 Pe 1.20). E
indica que Deus sempre esteve no controle de sua criação “para que agora seja
manifestada [...] segundo o eterno propósito que fez em Cristo” (3.10,11).
Assim, o “plano da salvação”, que abrange o “mistério da igreja”, e a
“revelação desse mistério”, sempre estiveram de acordo com o desígnio divino
para serem executados por intermédio de Cristo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020.
Lição 9, 31 Maio, 2020]
As Escrituras são
claras ao afirmar que foi na eternidade passada, antes de Adão e Eva pecarem,
que Deus planejou a redenção dos pecadores por meio de Jesus Cristo (At 2.23;
4.27-28; 2Tm 1.9). 2.23 pelo determinado desígnio e presciência de Deus. Lucas
escreve em Atos 2.23: “sendo este entregue pelo determinado desígnio e
presciência de Deus, 'vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;”
indicando que desde a eternidade passada (Ap 13.8), Deus predeterminou que
Jesus sofreria morte expiatória como parte de seu plano pré-ordenado (At
4.27-28; 13.27-29). E aqui cabe uma ressalva: o fato de a crucificação ter sido
predeterminada por Deus não absolve da culpa aqueles que a infligiram.
3. O plano divinamente
pré-estabelecido. O plano
divino não surgiu pelo advento do pecado de Adão. Deus não foi apanhado de
surpresa. Ao contrário, Ele sempre esteve no controle e já tinha um plano de
salvação pré-estabelecido desde a eternidade. Essa verdade nos ensina que por
trás de todo o evento da história existe um propósito eterno em andamento. Deus
é soberano e controla todas as eras, tempos e circunstâncias. Nesse eterno
propósito, no tempo previamente determinado, o mistério da Igreja foi executado
em Cristo “no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele”
(3.12). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 9, 31 Maio, 2020]
“A necessidade dos
eventos terem ocorrido como de fato ocorreram (criação-queda-encarnação do Filho-
salvação) pressupunham, de antemão a vinda do Messias. E esta já estava
prevista e planejada desde a eternidade. Antes da criação do homem já havia um
plano eterno para resgatá-lo dos efeitos malignos e tenebrosos de sua decisão
rebelde. Em seu amor, Deus já havia suprido um meio de resgatar o homem de sua
condição de pecado. Alguém deveria assumir a culpa e pagar completamente o
débito devido a Deus. Como não havia nenhum homem nessa condição, o próprio
Deus, na pessoa de seu Filho, vem e reconcilia o mundo consigo mesmo (2Co
5.18). O Filho de Deus, portanto, já havia se disposto a sacrificar-se pelo
homem antes mesmo da fundação de toda Criação (Ap 13.8). Não foi uma decisão
obrigada, mas voluntária, pois havia uma maravilhosa unidade nas Pessoas de Deus.
E o Filho havia assumido todas as consequências dessa decisão, inclusive a sua
morte na cruz. Deus não teria criado o mundo, e assim o homem, se não tivesse
incluído dentro do plano da criação, um plano de salvação. É nesse sentido que
as Escrituras afirmam a existência de um plano salvador antes da fundação do
mundo (Ef 1.4-11; 3.10; At 4.28; 2Tm 1.9; 1Pe 1.19). E este plano salvador se
constituía em um mistério que seria revelado em tempo oportuno, e desde
eternidade estava oculto em Deus (Rm 16.25; Ef 3.9; Cl 1.26). Sempre foi do
plano de Deus que o homem estivesse eternamente em comunhão com Ele. Dessa
forma podemos dizer que a obra de Cristo já havia sido planejada de antemão e
foi anunciada, aos homens por meio da promessa de vinda do Messias Salvador,
descrito nas Escrituras. Como prometido e planejado Ele veio, e vimos sua
glória, como o unigênito do Pai.” (http://solascriptura-tt.org/Cristologia/Cristlg-PromssPlanEtrnSalvc-Kelson.htm).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Outro aspecto da
doutrina de Deus que requer a nossa atenção é o das suas obras. Este aspecto
pode ser dividido em: 1) seus decretos 2) sua providência e 3) conservação. Os
decretos divinos são o seu plano eterno que, em virtude de suas
características, faz parte de um só plano eterno que, em virtude de suas características,
faz parte de um só plano, que é imutável e eterno (Ef 3.11; Tg 1.17). São
independentes e não podem ser condicionados de nenhuma maneira (Sl 135.6). Têm
a ver com as ações de Deus, e não com a sua natureza (Rm 3.26). Dentro desses
decretos, há as ações praticadas por Deus, pelas quais tem Ele responsabilidade
soberana; e também as ações das quais Ele, embora permita que aconteçam, não é
responsável. Baseado nessa distinção, torna-se possível concluir que Deus nem é
o autor do mal (embora seja o criador de todas criaturas subalternas), nem é a
causa derradeira do pecado” (HORTON,
Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio
de Janeiro: CPAD, 2018, p. 153).
CONCLUSÃO
O mistério da
Igreja esteve oculto nas gerações passadas. No tempo estipulado, Deus revelou o
seu eterno propósito aos apóstolos e aos profetas. Judeus e gentios estavam
inseridos nesse mistério idealizado por Deus. Tal mistério agora revelado deve
ser anunciado pela própria igreja conforme os desígnios divinamente
pré-estabelecidos desde a eternidade. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020.
Lição 9, 31 Maio, 2020]
No cumprimento desse eterno propósito, no tempo previamente
determinado, o mistério da Igreja foi executado em Cristo, “no qual temos
ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele” (3.12). Significa que o
acesso ao Deus-Pai estava fechado antes da vinda de Cristo; porém, agora pelo
mistério da unidade revelado, temos livre acesso à presença do Pai (Hb
10.19-20), desfrutamos da “comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo,
seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1.7).
Francisco Barbosa
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