SUBSÍDIO I
A primeira lição tem como tema, “as obras da carne
e o fruto do Espírito”. Para sua reflexão e uma maior compreensão do assunto, é
importante que você leia todo o capítulo cinco da Epístola aos Gálatas. O
conceito-chave deste capítulo é a liberdade. Que tipo de liberdade? Paulo trata
a respeito da liberdade cristã (Gl 5.1). Muitos exegetas consideram este
primeiro versículo a chave de todo o capítulo. O texto bíblico nos mostra que
livres da lei e da escravidão do pecado, mediante o sacrifício de Jesus Cristo,
não podemos mais viver segundo as concupiscências da nossa carne (Gl 5.16).
Fomos regenerados e transformados; a natureza adâmica não pode mais nos
dominar, embora tenhamos que conviver com ela.
No primeiro tópico é importante que você defina bem
as duas palavras-chave da lição: carne e Espírito. Carne – “Do
hebraico basar; do grego sarx; do latim carnem. Nas
Sagradas Escrituras, o termo é usado tanto para descrever a natureza humana,
como para qualificar o princípio que está sempre disposto a opor-se ao
espírito. Este último sentido foi desenvolvido pelo apóstolo Paulo (Rm 7.7-25).
O crente carnal, segundo muito bem explica ele em suas epístolas, é o que dá
inteira guarida ao pecado” (ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico.
13.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.90). Espírito – “Pneuma
denota primariamente ‘vento’ (cognato de pneo, ‘respirar, soprar’; também
respiração’, então, especialmente ‘espírito’, que, como o vento, é invisível,
imaterial e poderoso” (Dicionário Vine. 14.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011,
p.616).
Carne e Espírito são distintos e se opõem. Por
isso, podemos afirmar que todo crente vive constantemente uma luta interior.
Quem vai vencer essa luta? Aquele que for melhor “alimentado”. Você está
alimentando a sua carne ou permitindo que o Espírito Santo o alimente?
Nosso espírito, santificado e transformado pelo
Espírito Santo, mediante a nossa fé no Filho de Deus, deseja buscar mais ao Pai
e agradá-Lo, nos conduzindo a uma vida de comunhão com Ele. Mas, a nossa carne,
ou o “velho homem” que ainda habita em nós, vai nos conduzir para longe de
Deus, contribuindo para que venhamos fazer somente aquilo que nos agrada. O que
nos apraz, nem sempre está de acordo com a Palavra de Deus ou é a sua vontade
para nós. O Senhor não nos obriga a nada, nós é que vamos decidir se queremos
viver no Espírito ou segundo a carne. Porém, os que decidem viver segundo a
carne jamais vão poder agradar a Deus: “Portanto, os que estão na carne não
podem agradar a Deus” (Rm 8.8). Vida ou morte, qual escolher? Podemos optar,
pois Deus criou seres autônomos e não robôs programados, mas temos que ter
consciência de que teremos que viver com as consequências das nossas escolhas.
Se escolher o viver na carne teremos a morte (espiritual e física), no entanto,
se optarmos pela vida no Espírito vamos experimentar uma vida abundante aqui na
Terra e nos céus a eternidade (Rm 8.11; 1 Co 6.14).
É possível viver neste mundo de pecado e se tornar
imune a ele? Sim, é possível! Porém, não existe uma “fórmula mágica” capaz de
nos livrar do pecado. Existe uma única maneira: ser cheio do Espírito Santo (Ef
5.18). Esse enchimento precisa ser diário, constante, pois somente o Espírito
Santo tem condições de controlar a nossa natureza adâmica. Homem ou religião
alguma tem esse poder. Se quisermos agradar a Deus e viver de modo que o seu
nome seja glorificado em nossas vidas, precisamos nos encher do Espírito Santo.
A Palavra de Deus nos diz que sem santidade ninguém
verá ao Senhor. Mas o que é ser santo? Ser santo significa ser separado. Separado
do quê? Separado do mal e dedicado a Deus. O fruto do Espírito revela que
pertencemos ao Senhor e que vivemos para Ele. Atualmente muitos se dizem
cristãos, mas como podemos identificar aqueles que são autênticos, genuínos?
Pelos seus frutos, ou seja, suas ações. Antes da nossa conversão e regeneração
éramos dominados, escravos do pecado. As obras da carne eram evidentes em
nossas vidas. Mas, agora, como novas criaturas, podemos afirmar que o pecado
não tem mais poder e domínio sobre nós. Em Jesus somos livres! Então, temos que
produzir frutos que vão evidenciar o nosso arrependimento e a nossa nova
natureza (Mt 3.8).
Sugestão didática: Para concluir a lição, reproduza o quadro abaixo. Utilize-o para
evidenciar os desejos errados da carne e o fruto do Espírito.
CARNE X ESPÍRITO
NOSSOS DESEJOS ERRADOS SÃO:
|
O FRUTO DO ESPÍRITO É:
|
Maus
|
Bom
|
Destrutivos
|
Produtivo
|
Fáceis
de despertar
|
Difícil
de despertar
|
Difíceis
de sufocar
|
Fácil
de sufocar
|
Egocêntricos
|
Abnegado
|
Opressivos
e possessivos
|
Libertador
e protetor
|
Decadentes
|
Exaltador
|
Pecaminosos
|
Santos
|
Mortais
|
Vida
abundante
|
(Extraído
de Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD,
p. 466).
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos a respeito das obras da
carne e o fruto do Espírito. Como cristãos, devemos andar no Espírito, e não
satisfazer as obras da carne. Na aula de hoje, contextualizaremos essa passagem
bíblica, destacando que foi escrita para os crentes da Galácia, a fim de que
esses trilhassem o caminho da verdadeira santidade. A princípio, enfatizaremos
o objetivo da escrita dessa Epístola por Paulo, em seguida, sua defesa contra
as obras da carne, e a favor do fruto do Espírito.
1. AOS
CRENTES DA GALÁCIA
A Epístola aos Gálatas foi escrita por Paulo,
aproximadamente no ano 49 d.C., em Antioquia, antes do Concílio de Jerusalém,
no ano 50. d. C. O objetivo central dessa é refutar os judaizantes, que
ensinavam os crentes gentios a obedecerem a lei judaica, a fim de obterem a
salvação. O Apóstolo destaca que os crentes foram libertos por Cristo, por
isso, deveriam permanecer firmes nessa liberdade, e não deviam se colocar
debaixo do jugo da servidão (Gl. 5.1). A controvérsia judaizante precisava ser
refutada, considerando que o retorno ao legalismo judaico poderia comprometer
os princípios do evangelho. Paulo é enfático, caso os crentes substituíssem o
evangelho por normas legalistas, estariam retornando a rudimentos antigos. Por
isso chama a atenção deles: “maravilho-me de que tão depressa passásseis
daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho” (Gl. 1.6). E
acrescenta: “ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho
além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gl. 1.8). Como alternativa a
um padrão de vida anomistas (sem considerar normas) ou legalista (com normas
humanas), o Apóstolo aponta como alternativa a vida no Espírito. Ele explica:
“vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então, da liberdade para
dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pela caridade” (Gl. 5.13).
Isso acontece porque há um antagonismo dentro de cada pessoa, pois “a carne
cobiça contra o Espírito, o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao
outro, para que não façais o que quereis” (Gl. 5.17). Segundo Paulo, andar em
Espírito, e não cumprir os desejos desenfreados da carne, é a alternativa
revolucionária. Isso porque, diz ele, “se sois guiados pelo Espírito, não
estais debaixo da lei” (Gl. 5.18).
2. CONTRA AS
OBRAS DA CARNE
Antes de destacar as obras da carne, faz-se
necessário explicitar biblicamente, com base no texto original em grego, o
significado do termo “carne”. A palavra sarx é utilizada com bastante
diversidade no Novo Testamento, pode significar, por exemplo, a parte material,
que envolve ossos e carne, como a expressão “espinho na carne”, em II Co. 12.7.
Nesse sentido, está relacionada ao corpo de alguém, em Ef. 5.29, Paulo diz que
o esposo deve cuidar da esposa, como da sua própria carne. Nesse contexto, o
sentido do termo não é negativo, considerando que o próprio Deus se fez carne
(Jo. 1.14). Mas é preciso considerar que existe um uso negativo dessa palavra
no Novo Testamento. Na teologia paulina, a sarx pode também se referir à natureza
humana caída, que se pauta pelos interesses deste mundo (I Co. 1.26), por isso
há uma oposição direta entre a vida no Espírito, e aquela fundamentada na carne
(Rm. 8.4). As obras da carne são elecandas por Paulo em Gl. 5.17, pois essa se
opõe ao que é espiritual, tornando seus adeptos escravos do pecado. Jesus
destacou que aqueles que pecam se tornam servos do pecado (Jo. 8.34). Por isso,
se o Filho, que é o próprio Cristo, nos libertar, verdadeiramente seremos
livres (Jo. 8.36). E essa liberdade acontece por meio de uma vida comandada
pelo Espírito, não se trata de mera religiosidade. Conta-se a história de uma
senhora que tinha um cãozinho, que costumava morder a vizinhança. Deram-lhe a
ideia de fazer uma focinheira, para que o animal não mais causasse problemas.
De fato, ele deixou de correr morder os vizinhos, mas não perdeu o hábito de
correr atrás. Assim acontece com aqueles que andam na carne, cada vez mais se
tornam dependentes dos seus desejos desenfreados. A religiosidade humana é
incapaz de fazê-lo, a mudança de comportamento se dá através da produção do
fruto do Espírito.
3. A FAVOR
DO FRUTO DO ESPÍRITO
A palavra espírito – pneuma em grego – também
apresenta vários significados, dependendo do contexto. Pode significar vento,
sopro, bem como espírito e Espírito, podendo se referir a um fenômeno da
natureza, ao espírito que está no homem, criado por Deus, ou ao próprio
Espírito Santo, que é Deus. Em Gl. 5.22 Paulo introduz o fruto do Espírito – ho
de karpos tou pneumatos - não é no plural, como se costuma afirmar
equivocadamente: “os frutos do espírito”. Trata-se de um fruto, e dos seus
vários gomos, ou para ser mais específico, suas várias virtudes. As obras da
carne são: adultério (moikeia), fornicação (porneia), impureza (akatarsia),
lascívia (aselgeia), idolatria (eidolatreia), feitiçaria (farmakeia),
hostilidade (okthra), contenda (eris), ciúme (zelos), ira (thumos), intriga (eritheia),
desunião (dikostasia), sectarismo (haireses), inveja (phthonos), homicídios
(phonos), intoxicação (methe), orgias (komos), e “coisas semelhantes a essas”
(Gl. 5.21). Mas o fruto do Espírito é: amor-sacrificial (ágape), alegria divina
(chara), paz interior (eirene), paciência nas tribulações (makrothumia),
gentileza (chrestotes), bondade (agathosine), fidelidade (pistis), humildade
(praotes), autocontrole (agkrateia), “contra essas coisas não há lei” (Gl.
5.23). Quando o Espírito produz em nós o Seu fruto, somos conduzidos à
santidade, sem que isso se torne um fardo. Certo jovem questionou seu pastor
que estava lutando contra forças antagônicas dentro dele mesmo. E estava com
receio de que viesse a perder essa luta, e gostaria de saber o que fazer. De pronto,
o orientou para que alimentasse o espírito, pois na luta entre esse e a carne,
venceria aquele que estivesse mais preparado. Andar no Espírito é uma
disposição espiritual, diz respeito à condição de se colocar debaixo da direção
de Deus.
CONCLUSÃO
Aqueles que estão na carne, destaca Paulo na
Epístola aos Romanos, não podem agradar a Deus (Rm. 8.7,8). Portanto, como
seguidores de Cristo, somos chamados a desenvolver o caráter dEle, e isso
somente é possível quando deixamos que o Espírito Santo produza Seu fruto em
nós. Essa tarefa é continua, e não acontece repentinamente, tem a ver com
disciplina espiritual – piedade (eusebeia) – investimento em um relacionamento
duradouro com Deus, através da oração e meditação na Sua Palavra.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Neste trimestre,
estudaremos a respeito das obras da carne e o fruto do Espírito. Na Epístola
aos Gálatas, o apóstolo Paulo, de maneira brilhante e contundente, trata do
assunto, mostrando o embate existente entre a carne e o Espírito. Ele faz uma
exposição da luta que se inicia, internamente, quando aceitamos Jesus como
Salvador e procuramos viver segundo a sua vontade. Como poderemos vencer esse
embate entre a carne e o Espírito? Veremos que não é possível vencer a natureza
carnal mediante o autoflagelo. Para vencermos as obras da carne, precisamos, em
primeiro lugar, deixar-nos dominar pelo Espírito Santo de Deus. É preciso ser
cheio do Espírito Santo diariamente (Ef 5.18). Se o crente tiver uma vida
controlada pelo Consolador, terá plena condição de resistir à sua natureza
pecaminosa. Se permitirmos que o Espírito nos domine e nos guie vamos então
produzir o fruto que nos leva a agir como discípulos de Cristo (Gl 5.16). [Comentário: Iniciamos 2017 com um excelente tema para estudarmos e
aplicarmos em nossa vida: “As Obras da Carne e o Fruto do Espírito - Como
o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente”.
Santificação será o tema! É urgente, imperativo, intransferível, impostergável.
Começando por Gálatas 5, onde encontramos o mais nítido contraste entre o modo
de vida do crente cheio do Espírito e aquele controlado pela natureza humana
pecaminosa (Gl 5.16-26). Paulo não somente examina a diferença geral do modo de
vida desses dois tipos de crentes, ao enfatizar que o Espírito e a carne estão
em conflito entre si, mas também inclui uma lista específica tanto das obras da
carne, como do fruto do Espírito. Em contraste com as obras da carne, temos o
modo de viver íntegro e honesto que a Bíblia chama “o fruto do Espírito”. Esta
maneira de viver se realiza no crente à medida que ele permite que o Espírito
dirija e influencie sua vida de tal maneira que ele (o crente) subjugue o poder
do pecado, especialmente as obras da carne, e ande em comunhão com Deus (Rm
8.5-14; 8.14; 2Co 6.6; Ef 4.2,3; 5.9; Cl 3.12-15; 2Pe 1.4-9). O Espírito e a
carne humana são duas forças conflitantes, são dois reinos opostos. E o crente
se vê dividido entre essas duas tendências, visto que possui em si mesmo, as
duas naturezas que correspondem a essa luta, ou seja o "velho homem"
e o "novo homem". Os rabinos judeus pensavam que Deus teria dado a
Adão dois desejos em conflito, requerendo dele que se apegasse a um e
rejeitasse o outro. O trecho de Rm 7:15,25 descreve a agonia da luta entre
esses dois elementos no homem crente. São opostos entre si - A dualidade do bem
e do mal, nas regiões celestiais, no mundo, nas dimensões espirituais e até
mesmo em cada ser humano é uma grande realidade. Para obtermos a vitória
devemos estar em contato com o Espírito do Deus vivo, sendo esse o único meio
de obter a santidade nessa luta. E devemos ainda lançar mão de vários outros
meios como o: "Estudo das Escrituras, a oração e a meditação, mas tais
coisas desacompanhadas do poder pessoal do Espírito Santo, nunca conseguirão
propiciar-nos a vitória sobre o pecado".] Dito isto, vamos pensar maduramente a
fé cristã?
I. ANDAR NA CARNE X ANDAR NO ESPÍRITO
1. O que é a carne? Dentro do contexto neotestamentário, o vocábulo carne é sarx. Essa palavra
é utilizada para designar a natureza adâmica que domina o velho homem e o leva
a praticar as obras da carne relacionadas em Gálatas 5.19-21. Edward Robinson,
no seu dicionário de grego do Novo Testamento, utiliza a palavra sarx para
descrever a natureza exterior que difere do homem interior (Lc 24.39). A
palavra carne, no aspecto teológico, denota a fragilidade humana e a sua
tendência ao pecado. Ela é a sede dos apetites carnais (Mt 26.41). O homem
somente poderá viver em novidade de vida e no poder do Espírito Santo se, pela
fé, receber Jesus Cristo como Salvador. [Comentário:Como bem explicado pelo comentarista, a palavra grega para
"carne" no Novo Testamento é sarx,
um termo que pode muitas vezes nas Escrituras referir-se ao corpo físico. No
entanto, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian
Literature (léxico grego-inglês) descreve a palavra desta forma: "o corpo
físico que funciona como uma entidade; no pensamento de Paulo especialmente,
todas as partes do corpo constituem uma totalidade conhecida como carne, a qual
é dominada pelo pecado a tal ponto que onde quer que a carne esteja, todas as
formas de pecado estão igualmente presentes e nenhuma coisa boa pode
viver." Assim, sarx é a natureza pecaminosa com seus
desejos corruptos, e que continua no cristão mesmo após sua conversão, sendo o
nosso mais vigoroso inimigo (Rm 8.6-8, 13; Gl 5.17, 21). O alerta paulino é que
“aqueles que praticam as obras da carne não poderão herdar o reino de Deus” (Gl
5.21). Por isso, essa natureza decaída precisa ser resistida e mortificada e
isso resulta num conflito interno que Paulo denomina “guerra espiritual”;
esta batalha só é vencida pelo poder do Espírito Santo (Rm 8.4-14). O site ‘Got
Questions?org’ trás um artigo interessante sobre este assunto: “A visão
bíblica da natureza humana difere da filosofia grega em que a Escritura diz que
a natureza física e espiritual da humanidade era originalmente boa. Por outro
lado, filósofos como Platão viram um dualismo ou dicotomia na humanidade. Tal
pensamento eventualmente produziu uma teoria de que o corpo (o físico) era
ruim, mas o espírito de uma pessoa era bom. Este ensinamento influenciou grupos
como os gnósticos, os quais acreditavam que o mundo físico foi erroneamente
criado por um semi-deus chamado de "Demiurgo". Os gnósticos se
opuseram à doutrina da encarnação de Cristo porque acreditavam que Deus nunca
tomaria uma forma física, já que o corpo era mal. O apóstolo João encontrou uma
forma de este ensino em seus dias e advertiu contra ele: "Amados, não
creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos
falsos profetas têm saído pelo mundo. Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo
espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito
que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a
respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo"
(1 João 4:1-3). Além disso, os gnósticos ensinavam que não importava o que uma
pessoa fazia em seu corpo, uma vez que o espírito era tudo que importava. Este
dualismo platônico teve o mesmo efeito no século primeiro como tem hoje - leva
ao ascetismo ou à licenciosidade, ambos os quais a Bíblia condena (Colossenses
2:23; Judas 4). Assim, ao contrário do pensamento grego, a Bíblia diz que a
natureza da humanidade, tanto no plano físico quanto no espiritual, era boa,
mas ambos foram prejudicados pelo pecado. O resultado final do pecado é uma
natureza muitas vezes mencionada como a "carne" na Escritura - algo
que se opõe a Deus e busca a satisfação pecaminosa. O pastor Mark Bubek define
a carne desta forma: "A carne é uma lei embutida para o fracasso, o que
torna impossível que o homem natural agrade ou sirva a Deus. É uma força
interior compulsiva herdada da queda do homem, a qual se expressa em rebelião
geral e específica contra Deus e Sua justiça. A carne nunca pode ser reformada
ou melhorada. A única esperança para escapar da lei da carne é a sua execução
total e substituição por uma nova vida no Senhor Jesus Cristo.” Acesse o artigo
completo clicando no link: https://www.gotquestions.org/Portugues/a-carne.html.]
2. O que é o espírito? A palavra espírito no grego é pneuma. Esse termo significa
sopro, vento, respiração e princípio da vida. Esse vocábulo também descreve o
espírito que habita no homem o qual foi soprado por Deus (Gn 2.7). Logo,
percebemos que esta palavra tem diferentes significados, e segundo o pastor
Claudionor de Andrade, o seu significado teológico vai muito além: “Espírito é
a parte imaterial que Deus insuflou no ser humano, transmitindo-lhe a vida”.
Essa palavra também é aplicada, no Evangelho de João, em referência a Deus (Jo
4.24). A Terceira Pessoa da Santíssima Trindade é identificada no Novo
Testamento como o Espírito Santo (Lc 4.1; Hb 3.7), e, uma vez mais é importante
frisar que o Espírito Santo é uma pessoa. [Comentário: As palavras espírito e sopro são traduções da palavra
hebraica neshamah e da palavra grega pneuma. As palavras
significam "forte rajada de vento ou inspiração".Neshamah é a fonte da vida que vitaliza a
humanidade (Jó 33.4). É o intangível, invisível espírito humano que governa a
existência mental e emocional do homem. O apóstolo Paulo disse: "Pois,
qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele
está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito
de Deus" (1Co 2.11). Com a morte, o "espírito volta a Deus que
o deu" (Ec 12.7; ver também Jó 34.14-15 e Sl 104.29-30). Em Gl 5.17 o
Espírito se refere a terceira pessoa da Trindade, o agente responsável em
conduzir o crente a fazer a vontade de Deus. Dessa forma, é possível entender
porque há uma guerra irreconciliável instalada na mente do cristão. Seguir a
orientação do Espírito é obter um duplo livramento: por um lado, o livramento
dos maus apetites e das paixões da carne; e por outro lado, o livramento do
domínio exercido pela lei. É fácil determinar qual dessas duas coisas - a carne
ou o espírito - está exercendo domínio em alguém.]
3. Andar na carne x andar no
Espírito. Paulo adverte os
crentes mostrando que os que vivem segundo a carne, ou seja, uma vida dominada
pelo pecado, jamais agradarão a Deus: “Portanto, os que estão na carne não
podem agradar a Deus” (Rm 8.8). O viver na carne opera morte (espiritual e
física), mas o viver no Espírito conduz o crente à felicidade, à vida eterna
(Rm 8.11; 1Co 6.14). Paulo foi enfático ao afirmar: “Andai em Espírito” (Gl
5.16). O Espírito Santo nos ajuda a viver em santidade e de maneira que o nome
do Senhor seja exaltado. Sem Ele não poderíamos agradar a Deus. Quem pode nos
ajudar e nos conduzir de modo a agradar a Deus? Somente o Espírito Santo. O
doutor Stanley Horton diz que andar no Espírito e ser guiado por Ele significa
obter vitória sobre os desejos e os impulsos carnais. Significa desenvolver o
fruto do Espírito, o melhor antídoto às concupiscências carnais. Jamais tente viver
a vida cristã pelos seus próprios esforços, tomando atalhos, buscando desvios,
mas renda-se constantemente ao Espírito Santo, pois Ele lhe ensinará a maneira
certa de viver a vida cristã. Quando o Espírito Santo tem o controle do nosso
espírito, Ele faz com que o nosso homem interior tenha forças e condições para
opor-se às obras da carne. Andar na carne, ou seja, ser dominado pela velha
natureza adâmica, leva a pessoa a portar-se de modo pecaminoso. Infelizmente,
muitos crentes, como os de Corinto, estão se deixando dominar pelas obras da
carne (1Co 3.3). [Comentário: Em Gl 5.17 ‘Milita contra...’ é melhor traduzido como ‘deseja contra’. Trata-se
da mesma palavra, que em forma verbal, é empregada no versículo anterior, para
indicar as "concupiscências" da carne. O Espírito e a carne humana
são duas forças conflitantes, são dois reinos opostos. E o crente se vê
dividido entre essas duas tendências, visto que possui em si mesmo, as duas
naturezas que correspondem a essa luta, ou seja o "velho homem" e o
"novo homem". Esta agonia habita cada crente - a luta da carne contra
o Espírito. As obras da carne estão classificadas em pecados de ordem moral,
religiosa e social. Em contrapartida, quando o Espírito Santo habita na vida do
crente, este não se encontra mais sob o jugo dá carne, seus desejos e obras
pecaminosas, mas está livre para produzir o fruto do Espírito, o qual não é
resultante de uma imposição religiosa ou de qualquer sistema religioso
legalista. Viver no Espírito é subjugar a carne e isso gera o conflito interno,
a luta da carne contra o espírito. O estudo de hoje é uma análise dessa batalha
espiritual de cada cristão. O andar, por ser uma ação contínua, requer uma
atenção contínua, conflito espiritual e uma busca contínua (Mc 7.5; Jo 8.12; At
22.21; Rm 6.4; Rm 8.4; 1Co 3.3; Fp 3.18, Rm 13.13). .]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Professor, elabore um cartaz de
acordo com o quadro abaixo. Utilize-o para fazer um contraponto Espírito x
Natureza pecadora.
“Ao descrever este conjunto de opostos, Paulo nos
lembra de verdades vitais e maravilhosas. O que não conseguimos fazer, Deus
consegue e fará, tanto em nós quanto para nós. Nunca nos tornaremos as pessoas
verdadeiramente boas que desejamos ser, tentando obedecer à Lei de Deus. Mas,
nos tornaremos gradativamente mais justos à medida que confiarmos no Espírito
de Deus para nos orientar e capacitar” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.414).
II. OBRAS DA CARNE, UM CONVITE AO PECADO
1. A cobiça. Quem anda no Espírito resiste às obras da carne, pois
somente cheios dEle teremos condições de viver de modo a exaltar e a glorificar
o nome do Senhor. Quem de fato deve controlar a vida do crente é o Espírito
Santo. Homem algum tem o poder de controlar ou transformar a natureza de outra
pessoa, somente Deus tem esse poder. A natureza pecaminosa nos incentiva a
viver em concupiscência, luxúria, desejos descontrolados e paixões impuras (2Pe
2.10). A Bíblia nos ensina que a concupiscência da carne não procede de Deus
(1Jo 2.16). Eva cobiçou o fruto da árvore que Deus havia ordenado que não
comesse. Seu desejo trouxe terríveis consequências para sua vida e para a
humanidade (Gn 3.6). A cobiça de Acã o levou à morte (Js 7.21). Portanto, não
permita que o desejo da carne, da velha natureza, domine você. Atente para o
que Paulo ensinou às igrejas da Gálacia a respeito da cobiça da carne contra o
Espírito (Gl 5.17). [Comentário: No texto de Gl 5.16 e 17, com o termo "carne"
Paulo quer dizer o que somos por natureza e hereditariedade, nossa condição
caída, o que a Bíblia na Linguagem de Hoje chama de "os desejos da
natureza humana". Com "Espírito" ele refere-se ao próprio
Espírito Santo, que nos renova e regenera, primeiro dando-nos uma nova natureza
e, então, permanecendo em nós. Mais simplesmente, poderíamos dizer que "a
carne" representa o que somos por nascimento natural, e "o
Espírito" o que nos tornamos pelo novo nascimento, o nascimento do
Espírito. E estes dois, a carne e o Espírito, vivem em ferrenha oposição. Paulo
não deixa dúvida em seu comentário final, no versículo 21: "...a
respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não
herdarão o reino de Deus os que tais cousas praticam". Há uma ligação
inegável entre nossa conduta e nossa salvação eterna. A pessoa que não permite
ao Espírito mudar totalmente sua vida e remover tal carnalidade não receberá o
prêmio de um lar eterno com Deus. Devemos ser transformados de dentro para fora
(Rm 12.1-2).]
2. A oposição da carne. O seu espírito deseja orar, jejuar e buscar a Deus, mas a sua carne vai
preferir ver televisão, comer bem e ficar no conforto da sua casa. Precisamos
ter cuidado, pois a oposição da carne contra o Espírito é algo contínuo. Essa
oposição somente será vencida se procurarmos viver cheios do Espírito Santo. A
carne não pode ter vez na vida do crente, posto que a força do Espírito Santo é
maior, porém o embate entre a carne e o Espírito vai perdurar até o dia que
receberemos do Senhor um corpo glorificado (Fp 3.21). O crente que realmente
deseja fazer oposição às obras da carne precisa andar pelo Espírito, porque Ele
não deixa que as paixões infames o domine. Para
o crente existem duas maneiras pelas quais ele pode viver: na carne ou no
Espírito. Ou você serve a Deus e permite que Ele domine sua natureza adâmica ou
vive na prática das obras da carne. O que você escolhe? [Comentário: “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito
contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que
porventura seja do vosso querer” (Gl 5.17). É aí que se trava a batalha. O
velho homem arma-se contra o novo homem. A natureza pecaminosa da carne luta
por sufocar a influência do Espírito Santo. Embora essa guerra seja interna e
invisível, há claros sinais externos da carnificina provocada pela batalha.
Quando o Espírito é vitorioso, vemos o fruto do Espírito. E quando a carne
vence, também percebemos a evidência externa. A lista das obras da carne é
crucial por duas razões. Primeiramente, oferece o contraste com o fruto do
Espírito. E, em segundo lugar, identifica as práticas pecaminosas que, conforme
o apóstolo enfatizou (mediante repetição), caracterizam os não-regenerados e os
perdidos. Naturalmente, é possível que uma pessoa regenerada caia em qualquer
desses pecados por algum tempo. Cada um desses erros tem sido manifestado, em
um tempo ou outro, pelos maiores santos. Mas não são características do crente.
Todavia, se essa lista caracteriza a conduta de uma pessoa, isso é prova de que
ela não foi ainda remida. Este
texto foi retirado de ‘As Obras da Carne’, de RC Sproul, disponível em:http://www.ligacalvinista.com/2012/04/as-obras-da-carne-r-c-sproul.html. Pelo texto de RC Sproul, concluímos que a afirmativa do
comentarista “Para o crente existem duas maneiras pelas quais ele pode
viver: na carne ou no Espírito. Ou você serve a Deus e permite que Ele domine
sua natureza adâmica ou vive na prática das obras da carne. O que você escolhe?”
não possui apoio escriturístico, pois a evidência da salvação é a santificação,
sem a qual, ninguém verá a Deus (Hb 12.14). Não há escolha para o salvo.
Aqueles que praticam as obras da carne não poderão herdar o reino de Deus
(5.21). Por isso, essa natureza carnal pecaminosa precisa ser resistida e
mortificada numa guerra espiritual contínua, que o crente trava através do
poder do Espírito Santo (Rm 8.4-14). Se verdadeiramente Cristo está em nós
através do Espírito Santo, guiando-nos em toda a verdade (Jo 16.13), as obras
da carne serão exterminadas (Gl 5.16-17), e as boas obras que constituem o
fruto do Espírito (Gl 5.21-23), serão reveladas em nossa vida.]
SUBSÍDIO DEVOCIONAL
“Não cumprireis a concupiscência
da carne
Quando nos tornamos crentes, a nossa natureza
pecadora continua existindo. Mas Deus nos pede que coloquemos a nossa natureza
pecadora sob o controle do Espírito Santo de modo que Ele possa transformá-la.
Este é um processo sobrenatural. Nunca devemos subestimar o poder da nossa
natureza pecadora, e nunca devemos tentar combatê-la com as nossas próprias
forças. Satanás é um tentador ardiloso, e nós temos uma capacidade ilimitada de
inventar desculpas. Em lugar de tentar superar o pecado com a nossa própria
força de vontade, devemos aproveitar o tremendo poder de Cristo. Deus permite a
vitória sobre a nossa natureza pecadora — Ele envia o Espírito Santo para
residir em nós e nos capacitar. Mas a nossa capacidade de resistir aos desejos
da natureza pecadora irá depender do quanto estamos dispostos a ‘viver de
acordo’ com o Espírito Santo. Para cada crente, este processo diário requer
decisões constantes” (Comentário do Novo Testamento: Aplicação pessoal. Volume
2. RJ: CPAD, 2010, p.294).
III. O FRUTO DO ESPÍRITO, UM CHAMADO PARA SANTIDADE
1. O que é o fruto do Espírito? Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, “o fruto do Espírito
são os hábitos e princípios misericordiosos que o Espírito Santo produz em cada
cristão”. Esses hábitos e princípios são o resultado de uma vida de comunhão
com Deus. De acordo com Romanos 6.22, depois de liberto do pecado, o crente
precisa desenvolver o fruto do Espírito. Os dons espirituais são dádivas
divinas, mas o fruto precisa ser desenvolvido, cultivado. O Espírito Santo
desenvolve o seu fruto em nós à medida que nos aproximamos de Deus e procuramos
ter uma vida de comunhão e santidade. [Comentário: Em forte contraste com as obras da carne, temos o modo de
viver íntegro e honesto que a Bíblia chama “o fruto do Espírito”. Esta maneira
de viver se realiza no crente à medida que ele permite que o Espírito dirija e
influencie sua vida de tal maneira que ele (o crente) subjugue o poder do
pecado, especialmente as obras da carne, e ande em comunhão com Deus (ver Rm
8.5-14; 8.14; 2Co 6.6; Ef 4.2,3; 5.9; Cl 3.12-15; 2Pe 1.4-9). Um dos propósitos
principais do Espírito Santo ao entrar na vida de um Cristão é transformar
aquela vida. É a tarefa do Espírito Santo conformar-nos à imagem de Cristo,
fazendo-nos mais e mais como Ele. A vida Cristã é uma batalha entre as obras da
natureza pecaminosa e os frutos do Espírito Santo. Como pecadores, ainda
estamos presos a um corpo que deseja coisas pecaminosas (Romanos 7:14-25). Como
Cristãos, temos o Espírito Santo produzindo fruto em nós e o Seu poder
disponível para nos ajudar a vencer as ações da nossa natureza de pecado (2
Coríntios 5:17; Filipenses 4:13). Um Cristão nunca vai ser completamente
vitorioso em sempre demonstrar os frutos do Espírito Santo. No entanto, um dos
propósitos principais da vida Cristã é progressivamente permitir que o Espírito
Santo produza mais e mais de Seu fruto em nossas vidas – e de permitir que o
Espírito vença os desejos pecaminosos que se opõem aos Seus frutos. O fruto do
Espírito é o que Deus deseja que nossa vida demonstre.... e com a ajuda do
Espírito Santo, isso é possível!https://www.gotquestions.org/Portugues/fruto-do-Espirito.html]
2. Os frutos provam a nossa
verdadeira santidade. Quando vivíamos no
pecado, nossos frutos, ações, eram as obras da carne, mas libertos do seu poder
e domínio, tendo uma nova natureza implantada em nosso ser, nos tornamos uma
pessoa melhor. João Batista falou a respeito da importância de produzirmos
frutos dignos de arrependimento (Mt 3.8). João estava dizendo que o
arrependimento genuíno será acompanhado pelo fruto da justiça. O arrependimento
genuíno é evidenciado pelos nossos frutos, ou seja, nossas ações. Como
conhecemos uma árvore? Por seus frutos. Logo, o verdadeiro crente é reconhecido
por seu caráter e suas ações. [Comentário: O fruto do Espírito é a expressão da natureza e do caráter
de Cristo através do crente, ou seja, é a reprodução da vida de Cristo no
crente. Já foi dito anteriormente que por si só, o homem não tem condições de
produzir o fruto do Espírito. Sua inclinação natural será sempre de produzir os
frutos da carne. Contrastando com os frutos (ou obras) da carne, o fruto do
Espírito possibilita ao autêntico cristão viver de modo íntegro diante de Deus
e dos homens. Para isso, é necessário que o crente submeta-se
incondicionalmente ao domínio do Espírito Santo. O '...Fruto...' de Gálatas
5.22, conceituado como 'expressões do caráter cristão', está no singular
provavelmente por tratar-se de uma única notável virtude implantada pelo
Espírito Santo de uma só vez no crente. É através do fruto do Espírito que o
cristão participa da natureza divina. Leia
mais:http://www.assembleiadedeusembrejo.com/discipulado/estudo-discipulado-1/li%C3%A7%C3%A3o-12-o-discipulo-e-o-fruto-do-espirito-santo/ Estas são virtudes ou
qualidades da personalidade de Deus implantadas pelo Espírito de Verdade no
interior do crente com a finalidade de conduzi-lo à perfeição, ou seja, à
imagem de Cristo.]
3. A santidade que o Espírito
Santo gera em nós. O Espírito Santo
nos molda e nos ensina o que é certo e o que é errado à medida que buscamos a
Deus em oração, leitura da Palavra e jejuns. Por meio da Palavra de Deus, o
Espírito Santo vai trabalhando paulatinamente em nós, até que alcancemos a
estatura de homem perfeito (Ef 4.13). Quando deixamos de ser meninos, estamos
prontos para produzir bons frutos (Lc 8.8). O crente precisa andar em novidade
de vida, em santidade. Segundo os pressupostos bíblicos, a santificação do
crente é: [Comentário: O Espírito Santo produz o fruto do caráter cristão em nossa
vida somente à medida que cooperamos com Ele. As línguas, a profecia, e até
mesmo o conhecimento são úteis, e são dons maravilhosos do Espírito Santo, mas
sua presença em nossa vida nem sempre é uma indicação de nossa maturidade
cristã. A medida de nossa maturidade em Deus, depende de quão bem temos
permitido que o Espírito Santo produza os traços do caráter de Jesus em nossa
vida. A maturidade espiritual envolve melhor entendimento do Espírito de Deus e
das necessidades das pessoas. 'O fruto do Espírito é resultado na vida dos que
participam da natureza divina, ou seja, dos que estão ligados a Cristo a
'videira verdadeira' (João 15:1 a 5). Maturidade em Cristo envolve união com
Ele; a limpeza ou a poda pelo Pai e a frutificação. Estas são as condições da
frutificação e conseqüente vida cristã vitoriosa. Leia mais: http://www.assembleiadedeusembrejo.com/discipulado/estudo-discipulado-1/li%C3%A7%C3%A3o-12-o-discipulo-e-o-fruto-do-espirito-santo/ “Santificar” é
“pôr à parte, separar, consagrar ou dedicar uma coisa ou alguém para uso
estritamente pessoal”. Santo é o crente que vive separado do pecado e das
práticas mundanas pecaminosas, para o domínio e uso exclusivo de Deus. É
exatamente o contrário do crente que se mistura com as coisas tenebrosas do
pecado. A santificação do crente tem dois lados: sua separação para a posse e
uso de Deus; e a separação do pecado, do erro, de todo e qualquer mal
conhecido, para obedecer e agradar a Deus.]
a) Posicional. Quando, por meio da fé,
aceitamos Jesus Cristo como nosso único e suficiente Salvador, nossos pecados
são apagados, recebemos o perdão divino e passamos a desfrutar de uma nova vida
em Cristo (2Co 5.17). A natureza adâmica já não tem mais domínio sobre nós, e
por meio da ação do Espírito Santo podemos experimentar o novo nascimento (Jo
3.3). Mediante a fé passamos a desfrutar de uma nova posição espiritual em
Jesus Cristo.
[Comentário: A santificação posicional seria obtida quando se torna
cristão, i.e., entendendo-se pecadora a pessoa aceita o sacrifício de Jesus
como pagamento pelo pecado. Como ouvi certa vez, acreditar em Deus não é o
mesmo que entender o que Jesus fez e aceita-lo. Aceitar o sacrifício de Jesus
é, ao mesmo tempo, reconhecer-se pecador e necessitador da graça. Ao se tornar
cristão o indivíduo está entrando em uma nova existência – as coisas velhas se
foram, surgiram coisas novas. Temos acesso ao Pai, a presença do Espírito. http://www.outrasfronteiras.com.br/blog/santificacao-em-tres-niveis/]
b) Progressiva. A santificação é um processo
que vai se desenvolvendo ao longo da nossa vida. Depois do novo nascimento, o
crente precisa crescer na graça e no conhecimento de Cristo Jesus (1Pe 3.18). A
santificação é gradual, progressiva e nos leva para mais perto de Deus. [Comentário: Se a santificação “posicional” é um marco dramático na vida
de qualquer um, ela por si só não garante uma transformação de vida. Somos sim
nascidos de novo (Jo 1), contudo, não passamos de bebês (1 Co) e, como tais,
precisamos de crescer. A santificação progressiva é atuada por Deus em nossa
vida mas, diferentemente da Posicional, em que nada podemos acrescentar (Gl),
ela depende de nossa cooperação. Cooperar com sua santificação progressiva
demanda consciência de nosso papel. Não será o tempo que nos tornará mais
maduros, sábios e sem pecado. Temos que batalhar por isso junto com Deus.
Enfatizar o caráter gratuito da santificação posicional é importante sempre (Ef
2:8-9) mas pode nos dar a impressão de que assim também é a progressiva, em que
temos um papel mais pró-ativo. Aqui residem as práticas das disciplinas espirituais,
o separar tempo para leitura, o simplesmente estar com Deus por uma hora
diária, ouvir o que o coração traz, não as coisas belas somente, mas as podres:
as inseguranças, os temores, as invejas, as raivas. Perguntar-se: por que isso
me incomoda tanto? E dizer para Deus sobre tudo isso. Ler a Bíblia. Ler
devocionais. Crescer com Deus demanda esforço e demanda decisão. Essa é a parte
da santificação que depende um pouco de nós.http://www.outrasfronteiras.com.br/blog/santificacao-em-tres-niveis/]
c) Final. Em Filipenses 3.12.13, Paulo mostra
que ele estava buscando uma transformação maior e final. Essa transformação
somente acontecerá quando recebermos um corpo glorificado e nos tornarmos
semelhantes a Jesus (1Jo 3.2). [Comentário: Aqui reside um mistério. Não sei como será isso, mas essa
parte da santificação será depois do fim dos tempos, quando teremos um corpo
glorioso. A santificação definitiva será operada por Deus e nos permitirá viver
com ele para sempre. Esta é nossa esperança.http://www.outrasfronteiras.com.br/blog/santificacao-em-tres-niveis/. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o
vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis
para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23). Trata-se da
santificação completa e final (1 Jo 3.2). Ver também: Ef 5.27; 1 Ts 3.13.]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Andai em Espírito e não
cumprireis a concupiscência da carne (Gl 5.16)
O texto original apresenta ‘andai (peripateite) em
Espírito’. Esta frase reflete uma expressão idiomática comum em hebraico, na
qual ‘andar’ significa ‘conduzir a própria vida’.
Os judaizantes disseram aos gálatas que conduzissem as suas vidas
observando a Lei. Mas Paulo argumentou que a lei não tem papel algum na vida do
cristão. A pessoa que procura ser ‘justificada pela lei’ (5.4) cai da graça, e
se separa de Cristo como a fonte da vida justa.
Em Romanos 7.4-6, Paulo vai ainda mais adiante, e diz que a natureza
pecadora (sarx, a carne) na verdade é energizada (ou estimulada) pela Lei.
Então, o que o cristão deve fazer? O cristão deve conduzir sua vida
observando não a Lei, mas o Espírito de Deus. Pois, Paulo promete, a pessoa que
olhar para o Espírito (confiar nEle) ‘não cumprirá a concupiscência da carne
[sarx]’” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. RJ: CPAD, 2012, p.412).
CONCLUSÃO
Para vencermos o conflito existente entre a
carne e o Espírito, precisamos tão somente nos encher do Espírito Santo e
crucificar a nossa carne com suas paixões e concupiscências (Gl 5.24; Ef 5.18).
Permita que o Espírito Santo guie você pelo caminho certo e que Ele controle os
seus desejos de modo que o fruto seja evidenciado em sua vida. [Comentário: A Bíblia afirma que temos dentro de nós a “lei do pecado”
(Rm 7.23; 8.2). Daí, ela ordenar que sejamos santos (1 Pe 1.16; Lv 11.44; Ap
22.11), pois o Senhor habita somente em lugar santo (Is 57.15; 1 Co 3.17). Uma
importante razão pela qual o crente deve santificar-se é que a santidade de
Deus, em parte, é revelada através do procedimento justo e da vida santificada
do crente (Lv 10.3; Nm 20.12). Então, o crente não deve ficar observando, nem
exigindo santidade na vida dos outros; ele deve primeiro demonstrar a sua! Em
muitas igrejas hoje, a santificação é chamada de fanatismo. Nessas igrejas
falam muito de união, amor, fraternidade, louvor, mas não da separação do
mundanismo e do pecado. Notemos que as “virgens” da parábola de Mateus 25
pareciam todas iguais; a diferença só foi notada com a chegada do noivo. Não há
nada mais doce, mais sublime ou mais santo neste mundo do que a santificação. O
batismo com o Espírito Santo é o dom de poder na alma santificada,
capacitando-a para pregar o Evangelho de Cristo ou para morrer na fogueira. O
batismo reveste o crente até o dia da redenção, de modo que ele esteja pronto
para encontrar-se com o Senhor Jesus à meia-noite ou a qualquer momento, porque
tem óleo em sua vasilha, junto com a sua lâmpada. Você é participante do Espírito
Santo no batismo pentecostal da mesma maneira que foi participante do Senhor
Jesus Cristo na santificação” SEYMOUR,
W. J. Santificados antes do Pentecostes. In KEEFAUVER, L. (ed.). O avivamento
da Rua Azusa — Seymour. RJ: CPAD, 2001, p.80-3.]“NaquEle que me
garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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