sábado, 9 de julho de 2016

LIÇÃO 2: DEUS, O PRIMEIRO EVANGELISTA

 

SUBSÍDIO I

Deus, o primeiro evangelista

O Antigo Testamento é o primeiro documento da Bíblia Sagrada que conta a história de salvação do Deus Trino. Ali, o Altíssimo se deu a conhecer ao ser humano. Primeiro a Adão, depois a Abel, mais tarde a Sete. É bem verdade que em Adão, antes da Queda, a relação de Deus com o nosso primeiro pai era intensa, diária, como a de um pai com o filho que se veem, conversam e se relacionam em amor e carinho.
Após a Queda, portanto, essa relação foi dificultada. A Palavra de Deus diz que “as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2). O pecado transtornou uma relação amorosa e desembocou numa tragédia. A seção dos capítulos 1 a 11 de Gênesis dá conta dessa tragédia humana, isto é, a rebelião dos seres humanos contra Deus: multiplicação da violência humana; intensificação da promiscuidade; o gênero humano se corrompendo em todos os aspectos da vida. Enfim, mais tarde Deus trouxe o seu juízo com o Dilúvio (Gn 6).

Deus seu deu a conhecer
Os 11 primeiros capítulos de Gênesis relatam a tentativa da parte de Deus em se revelar ao homem e trazê-lo à consciência das coisas, à verdade dos fatos. Após a Queda, o ápice dessa autorrevelação divina se deu com Abraão, onde foi estabelecida a Aliança de Deus, que efetivou essa autorrevelação divina para o homem (Gn 12-50). É a partir de Abraão que começa de fato a história da salvação de Deus por intermédio do seu povo, Israel. Por isso, faz todo o sentido dizer que Deus foi o primeiro evangelista, pois a primeira iniciativa de se revelar ao homem foi exclusivamente dEle. Ele quem se deu a conhecer. Após o Dilúvio e a geração de Noé, Abraão foi a primeira pessoa que entendeu e aceitou o propósito de Deus para efetivar a sua Aliança em toda a Terra.

Uma história evangélica
Logo, a história do Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), dos Escritos (Josué a Cantares) e dos Profetas (Isaías a Malaquias), que formam o cânon do Antigo Testamento, é a extensão dessa Aliança de Deus com Abraão — essa é uma das razões pelas quais o Antigo Testamento é indissociável do Novo. Nesse sentido, além de Abraão e Moisés, a história de Israel, sua poesia e seus escritos proféticos são comprometidamente evangélicos. O povo de Israel foi forjado por Deus para dar testemunho da grandeza e da beleza do seu Reino a fim de convencer as nações daquele tempo de que havia um único Deus, o criador dos céus e da terra: o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.

 Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 17 - nº 67 – julho/agosto/setembro de 2016. 


SUBSÍDIO II


INTRODUÇÃO

A comunicação do evangelho foi uma decisão divina, o próprio Deus tomou a iniciativa de trazer as boas novas às pessoas. Na lição de hoje, estudaremos a comunicação do evangelho, desde o Antigo Testamento, a partir do chamado de Abraão, até o Novo Testamento, com a vinda de Jesus, o Verbo que se fez carne. Aprenderemos, nesta aula, que Deus se interessa por nós, que se fez gente, para salvar os pecadores. E que, apesar da condição de pecado, Ele ama os seres humanos, e deseja salvá-los.

1. DEUS DECIDIU COMUNICAR O EVANGELHO

O Deus da Bíblia, como bem lembrou Blaise Pascal, não é o dos filósofos. Isso porque Ele não é um axioma, um conjunto de postulados. Ele é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, que se envolve com as pessoas. Os deístas – movimento filosófico que defende que Deus está ausente – comparam Deus a um relojoeiro, que depois de criar sua máquina, dela se distanciou, sem dar qualquer informação de Si mesmo. Mas logo em Gn. 1.1, está escrito que Deus criou os céus e a terra, que se envolveu com seus habitantes. A criação de Adão e Eva, bem como a comunicação com eles, é uma demonstração do envolvimento de Deus com a humanidade. Deus não está ausente, Ele está conosco, na verdade, Ele é Deus conosco (Is. 7.14). Ele poderia muito bem não dar notícias, pois é Soberano e Senhor, sobre tudo e todos. Em Ex. 20, lemos a respeito da dádiva da Torah, que equivocadamente traduzimos por Lei. Através daquele ato Deus decidiu comunicar aos hebreus sua vontade. O objetivo central da Torah seria a preservação do povo escolhido por Deus. Os israelitas aprenderam a amar a Torah de Deus, de tal modo que os salmistas celebraram, com gratidão e alegria, a singeleza da revelação divina (Sl. 19; 119). Aquela também era uma notícia alvissareira, a mensagem graciosa e misericordiosa de Deus, que conduzia o povo por um outro caminho, diferente daquele trilhado para nações vizinhas. Verdadeiramente, o Deus de Israel, e também da Igreja, não está ausente. Ele é um Deus que está próximo, que se identifica com Sua criatura, que a dirige pelo caminho da justiça (Sl. 1).

2. O EVANGELHO NO ANTIGO TESTAMENTO

No Antigo Testamento, testemunhamos o progresso da comunicação divina aos pecadores. Deus chamou Abrão da terra dos Caldeus, para sair do meio da sua parentela, e ir para a terra que o Senhor prometeu lhe dar. Fez-se necessário que esse perdesse seu pai, para que ele tomasse sua decisão (Gn. 12.1,2). O evangelho de Deus nos é comunicado, na maioria das vezes, através de sacrifícios, nossos ou dos entes queridos. A decisão de Abrão, no entanto, tornou-se uma benção, não apenas para ele, mas para todas as nações, para todos aqueles que creem (Gl. 3.8; Rm. 4.11, 17). Abrão, que posteriormente veio a se chamar Abrãao, tornou-se o primeiro evangelista, depois do próprio Deus. Para tanto, Ele teve uma experiência pessoal com Yahweh, conhecendo-O também por meio da revelação. Depois desse contato com o divino, Abraão passou a testemunhar de Deus para os gentios (Gn. 20.7). Os descendentes de Abraão receberam a Torah do Senhor, por meio da qual pautaram suas vidas. Eles também teriam a responsabilidade de levar àquela mensagem às nações. O próprio sacrifício pascal apontava para o derramamento do sangue do cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Ex. 12.1-28; Jo. 1.29). Alguns salmos destacam a responsabilidade evangelizadora dos Israelitas, ressaltando que Deus não é apenas daquela nação, mas de todos os povos (Sl. 47; 66; 67). Os profetas da Antiga Aliança apontaram para um futuro, no qual Deus chamaria todas as nações para estar perante Ele (Is. 60.3; Jr. 31.31-33). A atuação de profetas como Daniel entre os gentios é uma demonstração prática do testemunho de Deus entre as nações (Dn. 2.31-35).

3. O EVANGELHO NO NOVO TESTAMENTO

No Novo Testamento, o testemunho do evangelho é realizado por meio da Igreja, a assembleia dos santos, chamada para anunciar as boas novas, em Cristo (At. 15.14). Esse novo povo, formado por judeus e gentios, tornou-se um objetivando reconciliar as pessoas com Deus, tendo essa mesma sido alcançada pela queda da parede da separação (Rm. 9.29; Ef. 2.14-16). Os gentios, através desse ministério divino, deixaram de ser goym (palavra hebraica para estrangeiros), e passaram a ser hagioi (palavra grega para santos), concidadãos da família de Deus (Ef. 2.11-22; I Pe. 2.5), participantes da promessa feita originalmente a Abraão (Ef. 3.6). Por meio das viagens missionárias de Paulo o evangelho saiu da Judéia e Samaria, e chegou até aos confins da terra (At. 1.8). O apóstolo dos gentios propagou a boa nova entre os povos, raças e culturas (Rm. 11.13; Ef. 3.7). Nos dias atuais Deus não tem mais um povo, o tratamento não é mais com uma nação, nem mesmo com Israel. As promessas em relação à Israel, enquanto nação, se cumprirão por ocasião do milênio. A Igreja, formada por crentes de todas as nações, deve testemunhar do amor de Cristo, da sua morte e ressurreição (At. 2.32). As epístolas do Novo Testamento são decorrentes da evangelização, elas foram escritas a fim de discipular igrejas que foram alcançadas pelo evangelho de Cristo. O livro de Apocalipse, em uma dimensão escatológica, anuncia os resultados da evangelização. No futuro, diante do trono do Cordeiro, estarão povos de todas as nações (Ap. 5.9).

CONCLUSÃO

Deus sempre trouxe boas notícias para o Seu povo, depois deles reconhecerem uma má notícia, a realidade do pecado (Gn. 3.15). A Bíblia inteira, de Gênesis a Apocalipse, é um testemunho do amor evangelístico de Deus. O ápice da Sua atuação evangelizadora foi o envio do Seu Filho, que se entregou pelos pecadores (Jo. 3.16). O Verbo se fez carne, e habitou no meio dos homens (Jo. 1.1,14), essa é a prova maior do amor divino, que não nos considerou, mesmo na condição de pecado (Rm. 5.8).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa

Extraído do Blog subsidioebd

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