SUBSÍDIO I
Deus, o primeiro evangelista
O Antigo
Testamento é o primeiro documento da Bíblia Sagrada que conta a história de
salvação do Deus Trino. Ali, o Altíssimo se deu a conhecer ao ser humano.
Primeiro a Adão, depois a Abel, mais tarde a Sete. É bem verdade que em Adão,
antes da Queda, a relação de Deus com o nosso primeiro pai era intensa, diária,
como a de um pai com o filho que se veem, conversam e se relacionam em amor e
carinho.
Após a
Queda, portanto, essa relação foi dificultada. A Palavra de Deus diz que “as
vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados
encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2). O pecado
transtornou uma relação amorosa e desembocou numa tragédia. A seção dos
capítulos 1 a 11 de Gênesis dá conta dessa tragédia humana, isto é, a rebelião
dos seres humanos contra Deus: multiplicação da violência humana;
intensificação da promiscuidade; o gênero humano se corrompendo em todos os
aspectos da vida. Enfim, mais tarde Deus trouxe o seu juízo com o Dilúvio (Gn
6).
Deus seu deu a conhecer
Os 11
primeiros capítulos de Gênesis relatam a tentativa da parte de Deus em se
revelar ao homem e trazê-lo à consciência das coisas, à verdade dos fatos. Após
a Queda, o ápice dessa autorrevelação divina se deu com Abraão, onde foi
estabelecida a Aliança de Deus, que efetivou essa autorrevelação divina para o
homem (Gn 12-50). É a partir de Abraão que começa de fato a história da
salvação de Deus por intermédio do seu povo, Israel. Por isso, faz todo o
sentido dizer que Deus foi o primeiro evangelista, pois a primeira iniciativa
de se revelar ao homem foi exclusivamente dEle. Ele quem se deu a conhecer.
Após o Dilúvio e a geração de Noé, Abraão foi a primeira pessoa que entendeu e
aceitou o propósito de Deus para efetivar a sua Aliança em toda a Terra.
Uma história evangélica
Logo, a
história do Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), dos
Escritos (Josué a Cantares) e dos Profetas (Isaías a Malaquias), que formam o
cânon do Antigo Testamento, é a extensão dessa Aliança de Deus com Abraão —
essa é uma das razões pelas quais o Antigo Testamento é indissociável do Novo.
Nesse sentido, além de Abraão e Moisés, a história de Israel, sua poesia e seus
escritos proféticos são comprometidamente evangélicos. O povo de Israel foi
forjado por Deus para dar testemunho da grandeza e da beleza do seu Reino a fim
de convencer as nações daquele tempo de que havia um único Deus, o criador dos
céus e da terra: o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.
Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 17 - nº 67 –
julho/agosto/setembro de 2016.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A comunicação do evangelho foi
uma decisão divina, o próprio Deus tomou a iniciativa de trazer as boas novas
às pessoas. Na lição de hoje, estudaremos a comunicação do evangelho, desde o
Antigo Testamento, a partir do chamado de Abraão, até o Novo Testamento, com a
vinda de Jesus, o Verbo que se fez carne. Aprenderemos, nesta aula, que Deus se
interessa por nós, que se fez gente, para salvar os pecadores. E que, apesar da
condição de pecado, Ele ama os seres humanos, e deseja salvá-los.
1. DEUS
DECIDIU COMUNICAR O EVANGELHO
O Deus da Bíblia, como bem
lembrou Blaise Pascal, não é o dos filósofos. Isso porque Ele não é um axioma,
um conjunto de postulados. Ele é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, que se
envolve com as pessoas. Os deístas – movimento filosófico que defende que Deus
está ausente – comparam Deus a um relojoeiro, que depois de criar sua máquina,
dela se distanciou, sem dar qualquer informação de Si mesmo. Mas logo em Gn.
1.1, está escrito que Deus criou os céus e a terra, que se envolveu com seus
habitantes. A criação de Adão e Eva, bem como a comunicação com eles, é uma
demonstração do envolvimento de Deus com a humanidade. Deus não está ausente,
Ele está conosco, na verdade, Ele é Deus conosco (Is. 7.14). Ele poderia muito
bem não dar notícias, pois é Soberano e Senhor, sobre tudo e todos. Em Ex. 20,
lemos a respeito da dádiva da Torah, que equivocadamente traduzimos por Lei.
Através daquele ato Deus decidiu comunicar aos hebreus sua vontade. O objetivo
central da Torah seria a preservação do povo escolhido por Deus. Os israelitas
aprenderam a amar a Torah de Deus, de tal modo que os salmistas celebraram, com
gratidão e alegria, a singeleza da revelação divina (Sl. 19; 119). Aquela
também era uma notícia alvissareira, a mensagem graciosa e misericordiosa de
Deus, que conduzia o povo por um outro caminho, diferente daquele trilhado para
nações vizinhas. Verdadeiramente, o Deus de Israel, e também da Igreja, não
está ausente. Ele é um Deus que está próximo, que se identifica com Sua
criatura, que a dirige pelo caminho da justiça (Sl. 1).
2. O
EVANGELHO NO ANTIGO TESTAMENTO
No Antigo Testamento, testemunhamos
o progresso da comunicação divina aos pecadores. Deus chamou Abrão da terra dos
Caldeus, para sair do meio da sua parentela, e ir para a terra que o Senhor
prometeu lhe dar. Fez-se necessário que esse perdesse seu pai, para que ele
tomasse sua decisão (Gn. 12.1,2). O evangelho de Deus nos é comunicado, na
maioria das vezes, através de sacrifícios, nossos ou dos entes queridos. A
decisão de Abrão, no entanto, tornou-se uma benção, não apenas para ele, mas
para todas as nações, para todos aqueles que creem (Gl. 3.8; Rm. 4.11, 17).
Abrão, que posteriormente veio a se chamar Abrãao, tornou-se o primeiro
evangelista, depois do próprio Deus. Para tanto, Ele teve uma experiência
pessoal com Yahweh, conhecendo-O também por meio da revelação. Depois desse
contato com o divino, Abraão passou a testemunhar de Deus para os gentios (Gn.
20.7). Os descendentes de Abraão receberam a Torah do Senhor, por meio da qual
pautaram suas vidas. Eles também teriam a responsabilidade de levar àquela
mensagem às nações. O próprio sacrifício pascal apontava para o derramamento do
sangue do cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Ex. 12.1-28; Jo. 1.29).
Alguns salmos destacam a responsabilidade evangelizadora dos Israelitas,
ressaltando que Deus não é apenas daquela nação, mas de todos os povos (Sl. 47;
66; 67). Os profetas da Antiga Aliança apontaram para um futuro, no qual Deus
chamaria todas as nações para estar perante Ele (Is. 60.3; Jr. 31.31-33). A
atuação de profetas como Daniel entre os gentios é uma demonstração prática do
testemunho de Deus entre as nações (Dn. 2.31-35).
3. O EVANGELHO
NO NOVO TESTAMENTO
No Novo Testamento, o testemunho
do evangelho é realizado por meio da Igreja, a assembleia dos santos, chamada
para anunciar as boas novas, em Cristo (At. 15.14). Esse novo povo, formado por
judeus e gentios, tornou-se um objetivando reconciliar as pessoas com Deus,
tendo essa mesma sido alcançada pela queda da parede da separação (Rm. 9.29;
Ef. 2.14-16). Os gentios, através desse ministério divino, deixaram de ser goym
(palavra hebraica para estrangeiros), e passaram a ser hagioi (palavra grega
para santos), concidadãos da família de Deus (Ef. 2.11-22; I Pe. 2.5),
participantes da promessa feita originalmente a Abraão (Ef. 3.6). Por meio das
viagens missionárias de Paulo o evangelho saiu da Judéia e Samaria, e chegou
até aos confins da terra (At. 1.8). O apóstolo dos gentios propagou a boa nova
entre os povos, raças e culturas (Rm. 11.13; Ef. 3.7). Nos dias atuais Deus não
tem mais um povo, o tratamento não é mais com uma nação, nem mesmo com Israel.
As promessas em relação à Israel, enquanto nação, se cumprirão por ocasião do
milênio. A Igreja, formada por crentes de todas as nações, deve testemunhar do
amor de Cristo, da sua morte e ressurreição (At. 2.32). As epístolas do Novo
Testamento são decorrentes da evangelização, elas foram escritas a fim de
discipular igrejas que foram alcançadas pelo evangelho de Cristo. O livro de
Apocalipse, em uma dimensão escatológica, anuncia os resultados da
evangelização. No futuro, diante do trono do Cordeiro, estarão povos de todas
as nações (Ap. 5.9).
CONCLUSÃO
Deus sempre trouxe boas notícias
para o Seu povo, depois deles reconhecerem uma má notícia, a realidade do
pecado (Gn. 3.15). A Bíblia inteira, de Gênesis a Apocalipse, é um testemunho
do amor evangelístico de Deus. O ápice da Sua atuação evangelizadora foi o
envio do Seu Filho, que se entregou pelos pecadores (Jo. 3.16). O Verbo se fez
carne, e habitou no meio dos homens (Jo. 1.1,14), essa é a prova maior do amor divino,
que não nos considerou, mesmo na condição de pecado (Rm. 5.8).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd
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