sábado, 29 de agosto de 2015

LIÇÃO 9: A CORRUPÇÃO DOS ÚLTIMOS DIAS




SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Nesta seção da II Epístola a Timóteo, Paulo alerta a igreja em relação à corrupção dos últimos dias dentro e fora da igreja. Na aula de hoje veremos que esses, de acordo com o Apóstolo, serão tempos trabalhosos. Por isso, precisamos ter referenciais que apontem para Paulo, principalmente Cristo, nosso modelo por excelência. Ao final da lição nos voltaremos para a utilidade das Escrituras, enquanto norma de fé e prática, com vistas à salvação, maturidade espiritual e apologética.

1. OS TEMPOS TRABALHOSOS

Paulo alerta o jovem Timóteo em relação aos tempos difíceis que sobreviriam sobre a igreja nos últimos dias (II Tm. 3.1). Esse período se refere ao tempo que antecede ao arrebatamento da igreja, a respeito do qual Paulo discorreu em I Ts. 4.13-17. O adjetivo grego chalepos, traduzido por difícil, significa que serão  tempos “difíceis de suportar”, isto é, não será fácil enfrenta-los. De certo modo, nos tempos de Paulo, e certamente nos dias atuais, experimentamos essa condição. As pessoas se caracterizam pelo comportamento egoísta, marcado pelos interesses próprios, e desrespeito a lei de Deus (Rm. 8.7). Em seguida Paulo descreve o comportamento mau dos homens dos últimos dias: amantes de si mesmos e inimigos de Deus. A palavra amor aparece quatro nas dezenove expressões descritas pelo Apóstolo. É uma demonstração que o amor das pessoas, nesses dias difíceis, estará direcionado para elas mesmas. Isso será percebido pelas atitudes de avareza, jactância, arrogância e blasfêmia (II Tm. 3.2). Além disso, elas serão desafeiçoadas, implacáveis, caluniadoras, sem domínio de si, cruéis, inimigas do bem, traidoras, atrevidas, enfatuadas, antes amigas dos prazeres do que de Deus (II Tm. 3.3,4). Esse é um mostruário da situação na qual estamos vivendo, as pessoas são extremamente hedonistas, a busca pelo prazer tornou-se a condição primordial da existência. Isso as coloca em uma posição degradante, na medida em que, por não amarem a Deus, também não amam ao próximo, contrariando o mandamento do Senhor (Mc. 12.28-34). O descaso em relação ao outros nos preocupa, estamos assistindo, nesses últimos dias, uma coisificação da pessoa humana. Existem até aqueles que aparentam piedade, mas não passam de sepulcros caiados, estão cheios de hipocrisia e vaidade (Mt. 23.25).

2. PAULO, UM OBREIRO EXEMPLAR

Os falsos mestres que  estavam na igreja de Éfeso eram tão perigosos, de modo que a aproximação deles se constituía em situação de risco, o melhor seria manter distância (II Tm. 3.5,6; I Co. 5.9-12). Isso porque eles eram proselitistas, não se conformavam em seguir o engano sozinhos, queriam conduzir outros após eles (II Tm. 3.6-9). Como Janes e Jambres, os mágicos da corte de Faraó, que se opuseram a Moisés, se utilizam de sofismas para levar ao erro (Ex. 7.11). Paulo orienta Timóteo a seguir outro caminho, recorre à expressão: “tu, porém” (II Tm. 3.10). Os obreiros verdadeiros vivem no “porém” de Deus, isto é, não se deixam levar pelas correntezas do engano. Eles seguem os exemplos que são dignos de serem imitados, e Paulo certamente é um desses, no procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, perseguições e sofrimentos. Paulo expressou seu exemplo de vida aos Filipenses: “Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós” (Fp. 3.17). Não que Paulo estivesse se gloriando, seu objetivo era fazer distinção entre sua motivação, e a dos falsos mestres que se infiltraram em Éfeso. Os cristãos são chamados para serem diferentes no mundo, eles estão em uma fôrma diferente, são guiados pela vontade de Deus (Rm. 12.1,2). Paulo repete o “porém”, a fim de que Timóteo, e nós também, permaneçamos naquilo que aprendemos, e fomos inteirados, sabendo de quem aprendemos. Os obreiros, e a igreja em geral, não devem fazer concessões da Palavra de Deus, substituindo-a por pensamentos humanos. É preciso ter cuidado quando se busca uma formação acadêmica, as tendências universitárias seguem o materialismo. A psicologia moderna desconsidera os postulados bíblicos, quer explicar os comportamentos humanos a partir de uma matriz meramente cultural. Muitos pastores, influenciados por essas filosofias, estão desconsiderando os ensinamentos da Palavra de Deus. Nenhum conhecimento humano pode substituir a mensagem contundente das Sagradas Escrituras.  Devemos permanecer naquilo que ouvimos de Cristo, desde o princípio (II Jo. 9 I Jo. 2.24).

3. A UTILIDADE DA PALAVRA DE DEUS

Os falsos mestres de Éfeso se envolviam em questões loucas, tratavam de assuntos dos quais não tinham fundamento. Isso ainda acontece atualmente, há supostos mestres nas igrejas que querem levantam temas sem qualquer respaldo bíblico. Alguns debates assemelham-se às controvérsias da igreja medieval, nas quais os estudiosos queriam calcular quantos anjos cabiam na cabeça de um alfinete. Ao invés de nos envolvermos com essas questiúnculas, que a ninguém edificam, e servem apenas para insuflar o ego, devemos nos dedicar ao estudo da  Bíblia. As Escrituras são inspiradas por Deus, no grego o termo é theopneustos, cujo significado é o de “soprada por Deus, através do Seu Espírito”. Isso mostra que a Bíblia não é apenas livros de homens, é a Palavra revelada de Deus (II Tm. 3.16; II Pe. 1.21). Essa inspiração foi plenária, diz respeito a sua totalidade; e verbal, abrange as palavras registradas pelos escritores. Isso, por outro lado, não fundamenta a defesa de uma teoria do ditado verbal, além disso, Deus respeitou os estilos de cada escritor. A inspiração das Escrituras tem o propósito de edificar a igreja, o objetivo delas é o ensino no contexto eclesiástico, para que o homem e a mulher de Deus estejam aptos a fazer a obra de Deus com Sua aprovação. Inicialmente elas nos tornam sábios para a salvação, e esse é o principal propósito das Escrituras, conduzir as pessoas ao conhecimento da verdade em Cristo, o Salvador. Depois disso, promover a maturidade espiritual, na medida em que o estudo dedicado se realiza. E quando necessário, a Palavra de Deus tem função apologética, ela se opõe ao erro, e mostra  o caminho correto, a sã doutrina (II Tm. 3.17). Não devemos nos distanciar da utilidade das Escrituras, o termo grego é ophelimos, e diz respeito a algo que realmente é vantajoso. Isso quer dizer que as discussões dos falsos mestres, além de serem improdutivas, eram extremamente desvantajosas.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
Estamos vivenciando os tempos difíceis a respeito dos quais tratou Paulo em sua II Epístola a Timóteo. Nós, os cristãos deste século, devemos viver no “porém” de Deus, em conformidade com Sua Palavra, não segundo o curso deste mundo (Rm. 12.1,2). Para isso, devemos permanecer naquilo que aprendemos, e fomos inteirados através do ensino e exemplo de homens e mulheres de Deus. A Escritura deve continuar sendo nossa regra de fé e prática, não podemos fazer concessões em relação à norma que vem de Deus, reconhecendo que essa é útil para a salvação, maturidade e apologética.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa


COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Os tempos difíceis que a Igreja, em seus primórdios sofrera, elucida acontecimentos preliminares e simbólicos dos tempos do fim, que sobrevirão, antes do retorno de Cristo. Segundo Paulo a corrupção do gênero humano iria atingir proporções bem maiores com o passar dos tempos (II Tm 3). Nesta lição, traremos a definição da palavra “corrupção” e das expressões tais como: “últimos dias”, “tempos trabalhosos”; veremos ainda, as marcas que comprovam a degeneração social e, por fim, como os crentes podem ser imunizados deste mal, mantendo-se irrepreensíveis em santidade, a fim de herdarem a vida eterna (1Ts 3.13; 1Co 15).

I – DEFINIÇÕES DO TERMO CORRUPÇÃO

1.1. Definição linguística. O nosso termo “corrupção” provém do latim, “corruptione”, e o Aurélio o define como “ato ou efeito de corromper; decomposição, putrefação”. Já no sentido figurado, a expressão significa: “devassidão, depravação, perversão” (FERREIRA, 2004, p. 560 – acréscimo nosso).

1.2. Definição teológica. Quando Boyer relaciona as palavras “corrupção”, “corruptível” e “corrupto”, ele dá destaque para o que é “corrompido, podre, depravado, pervertido, sujeito a putrefação, algo desmoralizado” (96, p. 201 – acréscimo nosso).

1.3. Definição Bíblica. A apresentação bíblica desse assunto é ampla, incluindo as seguintes categorias: (1) No Antigo Testamento: (a) A decadência do corpo, que é a corrupção física (Sl 16.10); (b) Os defeitos físicos em algum animal, que o tornavam impróprio para ser sacrificado, que é a corrupção cerimonial (Lv 22.20-23); (c) A ruína moral causada pelo pecado, que é a corrupção moral (Dt 9.12); (2) No Novo Testamento, encontramos as palavras gregas “phthora” e “diaphthora”, ambas traduzidas por “corrupção”. A primeira delas (phthora) aparece por nove vezes denotando a decadência do corpo físico (1 Co15.42,50); do universo físico (Rm 8.21; Cl 2.22; 1Pd 2.2); da moral e religiosidade (1Pd 1.4; 2.9) (CHAMPLIN, 2013, p. 934 – acréscimo e grifo nosso).

II – A PREDIÇÃO DO APÓSTOLO PAULO

“A expressão 'últimos dias' no texto, aparece somente nas epístolas pastorais, em At 2.17 e em Tg 5.3. Porém, expressa de maneira diferente, e de ocorrência comum; um tema muito comum entre os líderes da igreja primitiva (Mt 24; At 2.17; Tg 5.3; 2 Pe 3.3; Jd 18) (CHAMPLIN 2014, p. 501 – acréscimo nosso). “Paulo passa a falar sobre o fim dos tempos, isto é, a era cristã na sua totalidade, onde as coisas se tornarão piores à medida que o fim se aproxima (2Pd 3.3; 1Jo 2.18; Jd 17,18). O que parece, é que o apóstolo acreditava que vivenciava os últimos dias, pois esta expressão abrange todo o intervalo entre o primeiro advento de Cristo, e o seu advento final, designado como o fim dos séculos (1Co 10.11) (ADEYEMO, 2010, p. 1519 – acréscimo e grifo nosso).

2.1. Tempos trabalhosos (II Tm 3.1). “A heresia do gnosticismo era 'suave', quando contrastada com as heresias futuras que antecedem a segunda vinda de Cristo, pois haverá uma apostasia de proporções gigantescas. Da expressão 'tempos difíceis', no grego, temos o adjetivo “chapelos”, que significa 'difícil', 'árduo', dando a entender um período de 'tensão', de 'maldade'; serão tempos difíceis de suportar, perigosos e problemáticos para a igreja em geral (CHAMPLIN, 2014, p 502 – acréscimo nosso). A expressão “difíceis” é usada para descrever a natureza selvagem de dois homens possuídos por demônios (Mt 8.28). Essas eras ou épocas selvagens ou perigosas serão cada vez mais frequentes e severas à medida que se próxima a volta de Cristo; a era da igreja está repleta desses movimentos perigosos que, pelo fato de o fim estar se aproximando, estão ganhando força (Mt 7.15; 24.11,12,24; 2Pd 2.1,2) (ALMEIDA, 2010, p. 1672).

2.2. As marcas deste tempo (II Tm 3.2-5). “Esse período é o mesmo que o apóstolo se refere como 'últimos tempos'; Na primeira carta a Timóteo (1Tm 4.1), Paulo focaliza a proliferação de falsas doutrinas, e aqui (2Tm 3.1), o apóstolo enfatiza a degeneração social, a perversidade das pessoas que se tornam totalmente egoístas e buscam apenas satisfazer seus próprios desejos, sem nenhuma consideração pelos outros (2Tm 3.3); Elas tem pouco interesse na religião e zombam das coisas de Deus, mas gostam de cultivar uma fachada cristã (2Tm 3.4-5), amam os prazeres da carne (2Tm 3.6), e se interessam por novas ideias apenas pelo fato de serem novas, porém, não estão dispostas a chegar ao conhecimento da verdade (2Tm 3.7). “Nestas descrições, o apóstolo Paulo está usando termos familiares aos judeus e, sendo assim, o mesmo, pelo Espírito Santo, caracterizou o perfil das pessoas destes 'últimos tempos'; Como disse E. K. Simpson: “O mundo se fará mais mundano” (apud, BARCLAY, sd, p. 67 – acréscimo e grifo nosso).

III – TIPOS DE CORRUPÇÃO

A sociedade está caminhando a passos largos para o auge da corrupção. Ela, aos poucos, está se degenerando; o sistema está pervertido e corrompido. Há pessoas que mostram em seus comportamentos que a corrupção está em todas as esferas, principalmente no que tange ao relativismo moral (nada é definitivamente certo nem absolutamente errado) e as leis incoerentes. Vejamos na tabela abaixo, os possíveis tipos de corrupções e associemos aos comportamentos típicos que o apóstolo Paulo elenca na sua segunda carta a Timóteo:

TIPOS DE CORRUPÇÃO 2TM 3.1-9

1 Moral “... amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, ingratos, profanos, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos...” (2Tm 3.1-3).
2 Teológica “... nunca podem chegar ao conhecimento da verdade...” (2Tm 3.7).
3 Religiosa “... irreconciliáveis, mais amigos dos deleites, aparência de piedade...” (2Tm 3.3-5).
4 Familiar “...desobedientes a pais e mães...” (2Tm 3.2).
5 Política “... resistem à verdade, sendo homens corruptos...” (2Tm 3.8).
6 Sentimental “... sem afeto natural...” (2Tm 3.3).
7 Pedagógica “... aprendem sempre...” (2Tm 3.7).

IV – IMUNIZANDO-NOS PELA PALAVRA DE DEUS

Como não é possível a igreja se isentar deste mal, o apóstolo nos mostra que é possível se imunizar, se defender. “Paulo adornava suas cartas a Timóteo com incentivos, desafios, esperanças, e confirmações. Nesta última seção, antes de suas considerações finais, ele deu a confiabilidade das Escrituras, a inspirada Palavra de Deus, e a constância do seu próprio exemplo (2Tm 3.10-17), como duas orientações seguras para a imunização contra as corrupções citadas acima, mostrando um elo existente entre a 'Ortodoxia' (do grego “orthodoxos” “orthos”, “direito” + “doxa”, “doutrina”) e a 'Ortopraxia' (do grego “orthopraxia” “orthos”, “direito” + “praxis”, “prática”)” (RIBAS, 2009, p. 537 – acréscimo e grifo nosso). Vejamos na tabela abaixo o exemplo do apóstolo Paulo nestas duas vertentes, praticando a ortodoxia que ensinava:

Nº                ORTODOXIA                                                     ORTOPRAXIA

1    “... ensino...” (1Tm 3.16). - instruir no Evangelho                             “... o meu ensino, meu procedimento ...”
2    “... repreensão... (1Tm 3.16).” - Expor os erros                                   “... meu propósito, a minha fé...”
3 “... correção...” (1Tm 3.16). - Redirecionar o comportamento errado   “... a minha longanimidade, o meu amor e a minha perseverança...”
4 “... educação na justiça...” (1Tm 3.16). - Nutrir os crentes e santidade “... as minhas perseguições e os meus sofrimentos...”

PARA O APÓSTOLO A ORTODOXIA DEVE GERAR A ORTOPRAXIA “... aperfeiçoamento, habilidade para toda boa obra...”

CONCLUSÃO


Vivemos os dias, que previu o apóstolo Paulo, pelo Espírito Santo. Tempos difíceis. Cada dia que se passa, precisamos nos voltar para as Escrituras que por Deus são inspiradas (2Tm 3.16), a fim de nutrirmos as nossas almas, para que possamos aguardar, irrepreensíveis em santidade, o retorno glorioso de Jesus Cristo e, assim o que é corruptível se revestirá da incorruptibilidade e o que é mortal se revestirá da imortalidade e, por toda a eternidade estaremos com o Senhor.

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