SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Nesta seção da II Epístola a Timóteo, Paulo alerta
a igreja em relação à corrupção dos últimos dias dentro e fora da igreja. Na
aula de hoje veremos que esses, de acordo com o Apóstolo, serão tempos
trabalhosos. Por isso, precisamos ter referenciais que apontem para Paulo,
principalmente Cristo, nosso modelo por excelência. Ao final da lição nos
voltaremos para a utilidade das Escrituras, enquanto norma de fé e prática, com
vistas à salvação, maturidade espiritual e apologética.
1. OS TEMPOS TRABALHOSOS
Paulo alerta o jovem Timóteo em relação aos tempos
difíceis que sobreviriam sobre a igreja nos últimos dias (II Tm. 3.1). Esse
período se refere ao tempo que antecede ao arrebatamento da igreja, a respeito
do qual Paulo discorreu em I Ts. 4.13-17. O adjetivo grego chalepos, traduzido
por difícil, significa que serão tempos “difíceis de suportar”, isto é,
não será fácil enfrenta-los. De certo modo, nos tempos de Paulo, e certamente
nos dias atuais, experimentamos essa condição. As pessoas se caracterizam pelo
comportamento egoísta, marcado pelos interesses próprios, e desrespeito a lei
de Deus (Rm. 8.7). Em seguida Paulo descreve o comportamento mau dos homens dos
últimos dias: amantes de si mesmos e inimigos de Deus. A palavra amor aparece
quatro nas dezenove expressões descritas pelo Apóstolo. É uma demonstração que
o amor das pessoas, nesses dias difíceis, estará direcionado para elas mesmas.
Isso será percebido pelas atitudes de avareza, jactância, arrogância e
blasfêmia (II Tm. 3.2). Além disso, elas serão desafeiçoadas, implacáveis,
caluniadoras, sem domínio de si, cruéis, inimigas do bem, traidoras, atrevidas,
enfatuadas, antes amigas dos prazeres do que de Deus (II Tm. 3.3,4). Esse é um
mostruário da situação na qual estamos vivendo, as pessoas são extremamente
hedonistas, a busca pelo prazer tornou-se a condição primordial da existência.
Isso as coloca em uma posição degradante, na medida em que, por não amarem a
Deus, também não amam ao próximo, contrariando o mandamento do Senhor (Mc.
12.28-34). O descaso em relação ao outros nos preocupa, estamos assistindo,
nesses últimos dias, uma coisificação da pessoa humana. Existem até aqueles que
aparentam piedade, mas não passam de sepulcros caiados, estão cheios de
hipocrisia e vaidade (Mt. 23.25).
2. PAULO, UM OBREIRO
EXEMPLAR
Os falsos mestres que estavam na igreja de
Éfeso eram tão perigosos, de modo que a aproximação deles se constituía em
situação de risco, o melhor seria manter distância (II Tm. 3.5,6; I Co.
5.9-12). Isso porque eles eram proselitistas, não se conformavam em seguir o
engano sozinhos, queriam conduzir outros após eles (II Tm. 3.6-9). Como Janes e
Jambres, os mágicos da corte de Faraó, que se opuseram a Moisés, se utilizam de
sofismas para levar ao erro (Ex. 7.11). Paulo orienta Timóteo a seguir outro
caminho, recorre à expressão: “tu, porém” (II Tm. 3.10). Os obreiros
verdadeiros vivem no “porém” de Deus, isto é, não se deixam levar pelas
correntezas do engano. Eles seguem os exemplos que são dignos de serem
imitados, e Paulo certamente é um desses, no procedimento, propósito, fé,
longanimidade, amor, perseverança, perseguições e sofrimentos. Paulo expressou
seu exemplo de vida aos Filipenses: “Irmãos, sede imitadores meus e observai os
que andam segundo o modelo que tendes em nós” (Fp. 3.17). Não que Paulo estivesse
se gloriando, seu objetivo era fazer distinção entre sua motivação, e a dos
falsos mestres que se infiltraram em Éfeso. Os cristãos são chamados para serem
diferentes no mundo, eles estão em uma fôrma diferente, são guiados pela
vontade de Deus (Rm. 12.1,2). Paulo repete o “porém”, a fim de que Timóteo, e
nós também, permaneçamos naquilo que aprendemos, e fomos inteirados, sabendo de
quem aprendemos. Os obreiros, e a igreja em geral, não devem fazer concessões
da Palavra de Deus, substituindo-a por pensamentos humanos. É preciso ter
cuidado quando se busca uma formação acadêmica, as tendências universitárias
seguem o materialismo. A psicologia moderna desconsidera os postulados
bíblicos, quer explicar os comportamentos humanos a partir de uma matriz meramente
cultural. Muitos pastores, influenciados por essas filosofias, estão
desconsiderando os ensinamentos da Palavra de Deus. Nenhum conhecimento humano
pode substituir a mensagem contundente das Sagradas Escrituras. Devemos
permanecer naquilo que ouvimos de Cristo, desde o princípio (II Jo. 9 I Jo.
2.24).
3. A UTILIDADE DA PALAVRA
DE DEUS
Os falsos mestres de Éfeso se envolviam em questões
loucas, tratavam de assuntos dos quais não tinham fundamento. Isso ainda
acontece atualmente, há supostos mestres nas igrejas que querem levantam temas
sem qualquer respaldo bíblico. Alguns debates assemelham-se às controvérsias da
igreja medieval, nas quais os estudiosos queriam calcular quantos anjos cabiam
na cabeça de um alfinete. Ao invés de nos envolvermos com essas questiúnculas,
que a ninguém edificam, e servem apenas para insuflar o ego, devemos nos
dedicar ao estudo da Bíblia. As Escrituras são inspiradas por Deus, no
grego o termo é theopneustos, cujo significado é o de “soprada por Deus, através
do Seu Espírito”. Isso mostra que a Bíblia não é apenas livros de homens, é a
Palavra revelada de Deus (II Tm. 3.16; II Pe. 1.21). Essa inspiração foi
plenária, diz respeito a sua totalidade; e verbal, abrange as palavras
registradas pelos escritores. Isso, por outro lado, não fundamenta a defesa de
uma teoria do ditado verbal, além disso, Deus respeitou os estilos de cada
escritor. A inspiração das Escrituras tem o propósito de edificar a igreja, o
objetivo delas é o ensino no contexto eclesiástico, para que o homem e a mulher
de Deus estejam aptos a fazer a obra de Deus com Sua aprovação. Inicialmente
elas nos tornam sábios para a salvação, e esse é o principal propósito das
Escrituras, conduzir as pessoas ao conhecimento da verdade em Cristo, o
Salvador. Depois disso, promover a maturidade espiritual, na medida em que o
estudo dedicado se realiza. E quando necessário, a Palavra de Deus tem função
apologética, ela se opõe ao erro, e mostra o caminho correto, a sã
doutrina (II Tm. 3.17). Não devemos nos distanciar da utilidade das Escrituras,
o termo grego é ophelimos, e diz respeito a algo que realmente é vantajoso.
Isso quer dizer que as discussões dos falsos mestres, além de serem
improdutivas, eram extremamente desvantajosas.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Estamos vivenciando os tempos difíceis a respeito
dos quais tratou Paulo em sua II Epístola a Timóteo. Nós, os cristãos deste
século, devemos viver no “porém” de Deus, em conformidade com Sua Palavra, não
segundo o curso deste mundo (Rm. 12.1,2). Para isso, devemos permanecer naquilo
que aprendemos, e fomos inteirados através do ensino e exemplo de homens e
mulheres de Deus. A Escritura deve continuar sendo nossa regra de fé e prática,
não podemos fazer concessões em relação à norma que vem de Deus, reconhecendo que
essa é útil para a salvação, maturidade e apologética.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Os tempos difíceis
que a Igreja, em seus primórdios sofrera, elucida acontecimentos preliminares e
simbólicos dos tempos do fim, que sobrevirão, antes do retorno de Cristo.
Segundo Paulo a corrupção do gênero humano iria atingir proporções bem maiores
com o passar dos tempos (II Tm 3). Nesta lição, traremos a definição da palavra
“corrupção” e das expressões tais como: “últimos dias”, “tempos trabalhosos”;
veremos ainda, as marcas que comprovam a degeneração social e, por fim, como os
crentes podem ser imunizados deste mal, mantendo-se irrepreensíveis em
santidade, a fim de herdarem a vida eterna (1Ts 3.13; 1Co 15).
I – DEFINIÇÕES DO TERMO CORRUPÇÃO
1.1. Definição linguística. O nosso termo
“corrupção” provém do latim, “corruptione”, e o Aurélio o define como “ato ou
efeito de corromper; decomposição, putrefação”. Já no sentido figurado, a
expressão significa: “devassidão, depravação, perversão” (FERREIRA, 2004, p.
560 – acréscimo nosso).
1.2. Definição teológica. Quando Boyer
relaciona as palavras “corrupção”, “corruptível” e “corrupto”, ele dá destaque
para o que é “corrompido, podre, depravado, pervertido, sujeito a putrefação,
algo desmoralizado” (96, p. 201 – acréscimo nosso).
1.3. Definição Bíblica. A apresentação
bíblica desse assunto é ampla, incluindo as seguintes categorias: (1) No Antigo
Testamento: (a) A decadência do corpo, que é a corrupção física (Sl 16.10); (b)
Os defeitos físicos em algum animal, que o tornavam impróprio para ser
sacrificado, que é a corrupção cerimonial (Lv 22.20-23); (c) A ruína moral
causada pelo pecado, que é a corrupção moral (Dt 9.12); (2) No Novo Testamento,
encontramos as palavras gregas “phthora” e “diaphthora”, ambas traduzidas por
“corrupção”. A primeira delas (phthora) aparece por nove vezes denotando a
decadência do corpo físico (1 Co15.42,50); do universo físico (Rm 8.21; Cl
2.22; 1Pd 2.2); da moral e religiosidade (1Pd 1.4; 2.9) (CHAMPLIN, 2013, p. 934
– acréscimo e grifo nosso).
II – A PREDIÇÃO DO APÓSTOLO PAULO
“A expressão 'últimos dias' no texto, aparece
somente nas epístolas pastorais, em At 2.17 e em Tg 5.3. Porém, expressa de
maneira diferente, e de ocorrência comum; um tema muito comum entre os líderes
da igreja primitiva (Mt 24; At 2.17; Tg 5.3; 2 Pe 3.3; Jd 18) (CHAMPLIN 2014,
p. 501 – acréscimo nosso). “Paulo passa a falar sobre o fim dos tempos, isto é,
a era cristã na sua totalidade, onde as coisas se tornarão piores à medida que
o fim se aproxima (2Pd 3.3; 1Jo 2.18; Jd 17,18). O que parece, é que o apóstolo
acreditava que vivenciava os últimos dias, pois esta expressão abrange todo o
intervalo entre o primeiro advento de Cristo, e o seu advento final, designado
como o fim dos séculos (1Co 10.11) (ADEYEMO, 2010, p. 1519 – acréscimo e grifo
nosso).
2.1. Tempos trabalhosos (II Tm 3.1).
“A heresia do gnosticismo era 'suave', quando contrastada com as heresias
futuras que antecedem a segunda vinda de Cristo, pois haverá uma apostasia de
proporções gigantescas. Da expressão 'tempos difíceis', no grego, temos o
adjetivo “chapelos”, que significa 'difícil', 'árduo', dando a entender um
período de 'tensão', de 'maldade'; serão tempos difíceis de suportar, perigosos
e problemáticos para a igreja em geral (CHAMPLIN, 2014, p 502 – acréscimo
nosso). A expressão “difíceis” é usada para descrever a natureza selvagem de dois
homens possuídos por demônios (Mt 8.28). Essas eras ou épocas selvagens ou
perigosas serão cada vez mais frequentes e severas à medida que se próxima a
volta de Cristo; a era da igreja está repleta desses movimentos perigosos que,
pelo fato de o fim estar se aproximando, estão ganhando força (Mt 7.15;
24.11,12,24; 2Pd 2.1,2) (ALMEIDA, 2010, p. 1672).
2.2. As marcas deste tempo (II Tm 3.2-5).
“Esse período é o mesmo que o apóstolo se refere como 'últimos tempos'; Na
primeira carta a Timóteo (1Tm 4.1), Paulo focaliza a proliferação de falsas
doutrinas, e aqui (2Tm 3.1), o apóstolo enfatiza a degeneração social, a
perversidade das pessoas que se tornam totalmente egoístas e buscam apenas
satisfazer seus próprios desejos, sem nenhuma consideração pelos outros (2Tm
3.3); Elas tem pouco interesse na religião e zombam das coisas de Deus, mas
gostam de cultivar uma fachada cristã (2Tm 3.4-5), amam os prazeres da carne
(2Tm 3.6), e se interessam por novas ideias apenas pelo fato de serem novas,
porém, não estão dispostas a chegar ao conhecimento da verdade (2Tm 3.7).
“Nestas descrições, o apóstolo Paulo está usando termos familiares aos judeus
e, sendo assim, o mesmo, pelo Espírito Santo, caracterizou o perfil das pessoas
destes 'últimos tempos'; Como disse E. K. Simpson: “O mundo se fará mais
mundano” (apud, BARCLAY, sd, p. 67 – acréscimo e grifo nosso).
III – TIPOS DE CORRUPÇÃO
A sociedade está caminhando a passos largos para o
auge da corrupção. Ela, aos poucos, está se degenerando; o sistema está
pervertido e corrompido. Há pessoas que mostram em seus comportamentos que a
corrupção está em todas as esferas, principalmente no que tange ao relativismo
moral (nada é definitivamente certo nem absolutamente errado) e as leis
incoerentes. Vejamos na tabela abaixo, os possíveis tipos de corrupções e
associemos aos comportamentos típicos que o apóstolo Paulo elenca na sua
segunda carta a Timóteo:
TIPOS DE CORRUPÇÃO 2TM 3.1-9
1 Moral “... amantes de si mesmos, avarentos,
presunçosos, soberbos, blasfemos, ingratos, profanos, caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados,
orgulhosos...” (2Tm 3.1-3).
2 Teológica “... nunca podem chegar ao conhecimento
da verdade...” (2Tm 3.7).
3 Religiosa “... irreconciliáveis, mais amigos dos
deleites, aparência de piedade...” (2Tm 3.3-5).
4 Familiar “...desobedientes a pais e mães...” (2Tm
3.2).
5 Política “... resistem à verdade, sendo homens
corruptos...” (2Tm 3.8).
6 Sentimental “... sem afeto natural...” (2Tm 3.3).
7 Pedagógica “... aprendem sempre...” (2Tm 3.7).
IV – IMUNIZANDO-NOS PELA PALAVRA DE DEUS
Como não é possível a igreja se isentar deste mal,
o apóstolo nos mostra que é possível se imunizar, se defender. “Paulo adornava
suas cartas a Timóteo com incentivos, desafios, esperanças, e confirmações.
Nesta última seção, antes de suas considerações finais, ele deu a
confiabilidade das Escrituras, a inspirada Palavra de Deus, e a constância do
seu próprio exemplo (2Tm 3.10-17), como duas orientações seguras para a
imunização contra as corrupções citadas acima, mostrando um elo existente entre
a 'Ortodoxia' (do grego “orthodoxos” “orthos”, “direito” + “doxa”, “doutrina”)
e a 'Ortopraxia' (do grego “orthopraxia” “orthos”, “direito” + “praxis”,
“prática”)” (RIBAS, 2009, p. 537 – acréscimo e grifo nosso). Vejamos na tabela
abaixo o exemplo do apóstolo Paulo nestas duas vertentes, praticando a
ortodoxia que ensinava:
Nº
ORTODOXIA
ORTOPRAXIA
1
“... ensino...” (1Tm 3.16). - instruir no Evangelho
“... o meu ensino, meu procedimento ...”
2
“... repreensão... (1Tm 3.16).” - Expor os erros
“... meu propósito, a minha fé...”
3
“... correção...” (1Tm 3.16). - Redirecionar o comportamento errado “... a minha longanimidade, o meu amor e a minha perseverança...”
4
“... educação na justiça...” (1Tm 3.16). - Nutrir os crentes e santidade “...
as minhas perseguições e os meus sofrimentos...”
PARA
O APÓSTOLO A ORTODOXIA DEVE GERAR A ORTOPRAXIA “... aperfeiçoamento, habilidade
para toda boa obra...”
CONCLUSÃO
Vivemos os dias, que previu o apóstolo Paulo, pelo
Espírito Santo. Tempos difíceis. Cada dia que se passa, precisamos nos voltar
para as Escrituras que por Deus são inspiradas (2Tm 3.16), a fim de nutrirmos
as nossas almas, para que possamos aguardar, irrepreensíveis em santidade, o
retorno glorioso de Jesus Cristo e, assim o que é corruptível se revestirá da
incorruptibilidade e o que é mortal se revestirá da imortalidade e, por toda a
eternidade estaremos com o Senhor.
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