quarta-feira, 2 de setembro de 2015

LIÇÃO 10: O LÍDER DIANTE DA CHEGADA DA MORTE





SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Este é o capítulo final da II Epístola de Paulo a Timóteo, nele nos deparamos com informações bastante pessoais a respeito dos últimos dias do Apóstolo na terra. Inicialmente, conforme veremos na lição, ele mostra confiança em Deus diante da morte. Posteriormente, lamenta pelo abandono de alguns daqueles que se diziam companheiros de ministério. Ao final, demonstra sua firmeza em Cristo, que jamais o abandonou, também expressa suas considerações pelo fieis cooperadores de ministério.

1. O OBREIRO DIANTE DA MORTE

De acordo com a tradição, Paulo foi decapitado na Via Ápia, após trinta anos de trabalho como apóstolo do Senhor. Nessa Epístola encontramos aquelas que provavelmente foram as últimas palavras do Apóstolo: combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé (II Tm. 3.7). Por meio dessa expressão Paulo revela sua convicção no reconhecimento do Senhor em relação à obra que desenvolveu. É importante que o obreiro cristão tenha a realidade da morte sempre diante dele. Não pode se esquecer de que um dia prestará contas de tudo que fez ou deixou de fazer para o Senhor, isso traz seriedade ao ministério. No caso de Paulo, ele sabia que “a coroa da justiça” o aguardava, e que a maior recompensa viria de Deus, e não dos homens. Mas antes ele demonstrou preocupação com a continuidade da obra, como se costuma de dizer, em “passar o bastão” adiante. Nem todos os obreiros têm esse cuidado, resultando em dificuldade para a obra do Senhor. Há obreiros tão apegados ao cargo que não preparam seus sucessores, agarram-se demasiadamente à função, e às vezes, delegam-na a pessoas que não foram vocacionadas. É bastante comum em algumas igrejas que a sucessão aconteça sempre no âmbito familiar, sendo essa inclusive uma condição colocada pelo obreiro para se afastar do pastorado. Mas O cuidado de Paulo é com a pregação da palavra, para que a sã doutrina seja propagada, e o evangelho de Jesus Cristo não seja vituperado (II Tm. 4.2). A igreja cristã não pode abrir mão da pregação, nada substitui a exposição da Palavra de Deus. A fim de tornar o culto “mais agradável” alguns pastores estão retirando a pregação dos púlpitos, ou reduzindo-a uns poucos minutos. Nos dias atuais, os quais as pessoas não resistem à sã doutrina, há líderes que estão fazendo concessões, e deixando de ensinar a Palavra, substituindo-a por fábulas meramente humanas, que agradam os ouvintes (II Tm. 4.3,4).

2. O OBREIRO DIANTE DO ABANDONO

Paulo já estava velho, mas não deixou de pregar o evangelho genuíno, mesmo estando em prisão. De igual modo, aqueles que professam a fé em Cristo, devem continuar vivendo no “porém”, cumprindo o ministério com integridade (II Tm. 4.6-8). Timóteo deveria dar continuidade ao ministério que Paulo havia iniciado, pois o Apóstolo tinha consciência que sua vida já estava sendo colocada no altar, e sendo oferecida como libação, pois a hora da sua partida estava se aproximando. Mas ele está consciente do prêmio que o Senhor lhe dará, não apenas para ele, mas a todos quantos amam a Sua vinda. Ele sabe que guardou, com toda segurança, como bom despenseiro, o tesouro do evangelho, que foi confiado aos seus cuidados. Todo obreiro deveria trabalhar com esse propósito em mente, convicto de que está labutando não apenas para homens, mas, sobretudo, para Deus. Se assim fizessem, teríamos menos disputas pastorais, engrandeceríamos mais o ministério.  Por causa da política eclesiástica, aqueles que defendem o evangelho, como fez Paulo, acabam sendo abandonados pelos interesseiros. No final da vida Paulo estava sozinho, Demas, por amar o presente século, abandonou o Apóstolo. Pela necessidade do ministério, outros precisaram se deslocar para outras regiões. Mas Paulo não ficou totalmente só, Lucas, o médico amado, permaneceu com ele, certamente para auxilia-lo em suas enfermidades. Paulo lembra também de João Marcos, e pede para que o traga, reconhecendo sua utilidade para o ministério. João Marcos, que o havia abandonado em uma das viagens missionárias (At. 12.25), demonstrou ter amadurecido, tornando-se relevante para a obra de Deus (Cl. 4.10; Fm. 24; I Pe. 5.13). Os obreiros que fracassaram, principalmente os mais jovens, devem ter outra oportunidade, desde que se arrependam.  

3. CRISTO EM DEFESA DO OBREIRO

Apesar do abandono de alguns que estavam com Paulo, ele não perdeu sua confiança no Senhor, principalmente porque Ele o assistiu, e o revestiu de forças (II Tm. 4.17). Jesus é o Confortador dos obreiros fiéis, eles sabem que quando incompreendidos, podem derramar suas lágrimas aos pés do Salvador. O conforto também pode vir através de companheiros autênticos, como era o caso de Timóteo, a quem Paulo pede para que “venha depressa”. É alentador saber que podemos confiar em obreiros genuínos, pessoas como Timóteo e Epafrodito, que auxiliaram a Paulo em suas necessidades. O Apóstolo sabia que o inverno se avizinhava (II Tm. 4.21), por isso pediu a Timóteo que trouxesse sua capa, que havia deixado em Trôade, na casa de Carpo (II Tm. 4.13). Os estudiosos explicam que essa se tratava de um vestuário de tecido grosso, em modelo circular com uma abertura para a cabeça. Há quem especule que Paulo teria sido preso na casa de Carpo, e que na ocasião da prisão não teve tempo para pegar seus pertences (At. 20). Paulo também sentiu falta dos seus livros, “especialmente os pergaminhos” (II Tm. 4.13), ao que tudo indica, a versão do Antigo Testamento em grego. É uma pena que alguns crentes desprezem a leitura, é triste constatar que alguns obreiros, que deveriam se dedicar ao estudo, o considerem desnecessário. Não devemos esquecer a instrução dada a Timóteo, em II Tm. 3.16,17, em relação à autoridade e proveito das Escrituras. A Palavra de Deus é o fundamento, não apenas para a pregação, mas para que esse encontre alento nos momentos de adversidade. Diante do julgamento, Paulo encontrou guarida nos pés do Senhor, e firmeza em Sua palavra. Principalmente quando Alexandre, o latoeiro, lhe causou muitos males, e na sua primeira defesa, quando ninguém o assistiu.

CONCLUSÃO

O obreiro cristão sabe que a morte não é o fim, por isso a enfrentam com coragem, sobretudo resignação. Há líderes que, influenciados pelo espírito secularista, ficam perplexos somente em pensar na possibilidade da morte. Evidentemente a grande esperança do cristão é o arrebatamento, que acontecerá logo após a ressurreição dos mortos em Cristo (I Ts. 4.13-18). Mas é possível que a morte chegue antes do arrebatamento, por isso devemos permanecer firmes, e esperançosos em relação ao futuro. Sabemos que quando esse tabernáculo terreno se desfizer, temos da parte de Deus uma morada eterna (II Co. 5.1) e que estaremos com Cristo, o que e consideravelmente melhor (Fp. 1.23).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa


COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Paulo tem consciência de que seu ministério está chegando ao fim. A segunda Epístola a Timóteo, na verdade é uma forma, comovente, de dizer adeus ao seu "amado filho" e à Igreja do Senhor. Paulo exorta Timóteo a respeito da responsabilidade que é estar na liderança de uma igreja e faz uma revisão do caminho que havia percorrido em sua jornada com o Salvador: "Combati o bom combate" (2 Tm 4.7). Paulo não estava pesaroso com a partida, pois suas dores e sofrimentos, com certeza, foram esquecidos, diante da certeza de que fez um bom trabalho e que cumpriu a missão para qual fora designado pelo Senhor.
A morte é inevitável. Um dia líderes e liderados terão que enfrentá-la, porém, o que faz a diferença é a maneira como a encaramos. [Comentário:  “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21). – O verdadeiro crente, vivendo no centro da vontade de Deus, não precisa ter medo da morte. Ele sabe que Deus tem um propósito para o seu viver, e que a morte, quando ela vier, é simplesmente o fim da sua missão terrestre, e o início de uma vida mais gloriosa com Cristo. Paulo quando escreve esse texto (Fp 1.21), não anseia pela morte, mas por uma presença mais próxima de Cristo que a morte trará. Para o crente, a morte não é o fim da vida, mas o início de uma plena, sublime e eterna comunhão com Deus. Na continuidade do texto de Fp 1, Paulo utiliza uma expressão em referência à morte – o termo partir – que também é usada para tirar pequenas estacas de barracas ou âncora de um barco; com isso, Paulo nos ensina que a morte significa apenas levantar acampamento e continuar, ou içar as velas para outro porto. Não estamos acostumados a ouvir ensinos acerca da morte, muito menos sobre como enfrentar uma situação de perca de algum ente querido; não se arrisca a falar de um tema tão triste e acabamos deixando esse assunto de lado e, o que é pior, substituindo-o por coisas triviais e terrenas como se jamais fôssemos enfrentar este momento. Todo homem, quer salvo ou não, está sujeito à morte, contudo, o crente encara a morte de modo diferente do não salvo, pois para nós, ela não é o fim da vida, mas um novo começo, como nos inspira Paulo, é um levantar acampamento e partir para uma vida mais plena, é ser liberto de todas as aflições deste mundo para ser revestido da vida e glória celestiais (2Co 5.1-5).]. Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?

1. A CONSCIÊNCIA DA MORTE NÃO TRAZ DESESPERO AO CRENTE FIEL

1. Seriedade diante da morte. Enquanto Timóteo ainda era um jovem obreiro, Paulo já estava idoso (Fm 1,9), e tinha consciência de que estava no fim de sua longa, sacrificada e honrosa missão (v. 6). Paulo assegura que seu sangue seria derramado como uma oferta de libação. Esta era uma oferta de caráter voluntário, "de cheiro suave ao Senhor" (Lv 2.2). Segundo a Bíblia de Aplicação Pessoal, "libação era uma oferta líquida e consistia em derramar vinho sobre o altar como um sacrifício a Deus". Não era uma oferta pelos pecados, mas uma oferta de gratidão ao Senhor. [Comentário:  Temos convicção de que a morte não é o fim de tudo. O homem não morre como a besta do campo e o crente morre como alguém sem esperança. Pela graça ele crê que Deus lhe deu a vida eterna, e que a morte é o meio pelo qual ele passa para uma experiência mais gloriosa dessa vida: "Tragada foi a morte na vitória" (1Co 15.54). Embora seu corpo retorne ao pó, o mesmo não permanecerá nessa corrupção. Ele será levantado dentre os mortos. O corruptível se vestirá de incorrupção, e o mortal de imortalidade. "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro" (1Ts 4.16). Paulo pode enfrentar este momento porque tinha consciencia dessa verdade, por isso, ele entende seu mart~irio como uma libação - oferta de líquidos, em geral de vinho ou de azeite, derramados em sacrifício de dedicação a Deus – parte, junto com a oferta de manjares, das ofertas regulares apresentadas todos os dias (Êx 29.38-41). No Novo Testamento, simboliza aquele que derrama a vida pela causa de Cristo (Fp 2.17).]

2. A certeza da missão cumprida (vv. 7,8). No texto, que indica a consciência da proximidade da partida para a eternidade, queremos destacar três aspectos:

a) "Combati o bom combate". Todos os apóstolos de Jesus eram homens que combatiam "pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Jd 3). Mas nenhum teve tantas oposições e ameaças quanto Paulo. Foi um obreiro muito perseguido, mas nunca desistiu da luta espiritual em prol do evangelho (1 Tm 1.20; 2 Tm 3.11, 12; 4.14). Que você também não desista diante das dificuldades e oposições.  Conforme percebemos do texto de 1 Timóteo 1,18-19, fica claro que o combate de Paulo não é literalmente uma batalha, uma guerra, mas uma imagem que descreve a vida do cristão, o seu comportamento sobretudo em relação ao perseverar na fé. A vida do cristão é feita de escolhas e a liberdade que nos foi dada faz com que cada vez tenhamos que decidir qual estrada tomar; o bom cristão deve seguir fiel ao ensinamento divino. Esse processo é chamado por Paulo de "combate". O êxito final vai defini-lo como "bom" ou "mau".

b) "Acabei a carreira". O texto indica que Paulo se referia à "pista de corrida", das competições em Atenas e em Roma. Em sua carreira ou "corrida", ele diz que não olhava para trás, mas para as coisas que estavam diante dele, prosseguindo "para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Fp 3.13,14). Muitos começam a carreira da vida cristã bem, mas desistem ou recuam ante os obstáculos e os problemas que surgem. O pastor de uma igreja não pode se acovardar diante das dificuldades, mas firmado em Cristo precisa prosseguir até o final. Sem determinação torna-se impossível para o atleta completar a prova. A mesma regra pode ser aplicada em nossas vidas. Isto é, sem perseverarmos nos é impossível transformar sonhos em realidade. ACABEI A CARREIRA, esta é a declaração de profunda alegria de um perseverante no bem. Ele diz que “Terminei minha missão”, “Fiz o que estava em minha alçada” (At 20. 27), “Não me embaracei com os negócios desta vida” (2Tm 2. 4), e “Imitei meu salvador que disse: “Está consumado” (Jo 19. 30).

c) "Guardei a fé". Isso quer dizer que Paulo foi fiel a Deus, em todas as circunstâncias de sua vida cristã. Ele não se embaraçou "com os negócios dessa vida" e militou legitimamente (2 Tm 2.4,5). Guardar a fé significa guardar a fidelidade a Cristo e a seus ensinamentos. O crente precisa guardar a fé até o seu último momento de vida. Paulo ensinou a Timóteo e à Igreja do Senhor a respeito desse cuidado. O crente é consolado pela fé (Rm 1.12); a justiça de Deus é pela fé (Rm 3.22); o homem é justificado pela fé (Rm 3.28; 5.1; Gl 2.16); o justo vive pela fé (Gl 3.11); a salvação é pela fé em Jesus (Ef 2.8). Paulo sabia o que era lutar e guardar a "fé que uma vez foi dada aos santos" (Jd 3). [Comentário:  Esta é a consciência de não se ter deixado corromper. Ao afirmar “Guardei a fé”, Paulo quer dizer que “Não negociei a graça de Deus”, “Resisti às tentações” (1Co 9. 27), “Permaneci em comunhão” (1Co 4. 1-5), e “Meu depósito foi guardado para mim por meu Senhor” (2Tm 1. 12). O Apóstolo Paulo convoca Timóteo a combater o bom combate da fé, o que significa nesse contexto específico, resistir ao materialismo, à avareza e as deturpações que levam a conclusão errônea de que "piedade é fonte de lucro". Combater o bom combate, significa também, seguir com firmeza as virtudes distintamente cristãs - Justiça, piedade, fé, amor, constância e mansidão (v.11). É ainda, viver intensamente o ministério recebido do Senhor (v.14).]


SUBSÍDIO DIDÁTICO

Professor, em muitas das suas cartas, o apóstolo Paulo afirmava que estava morto para o mundo e vivo no serviço de Cristo (Fp 1.21-23; 2 Co 5.2). Entretanto, o tom presente nesta segunda carta a Timóteo parece mais grave e mais sério. Neste trecho da epístola, há algumas formas literárias que ajuda-nos a descrever a gravidade desse tom na epístola, bem como em outras semelhantes: 1) o reconhecimento de que a morte está próxima; 2) advertências sobre a vinda dos falsos doutores; 3) a designação de sucessores para continuar a tradição apostólica; 4) a correta interpretação de pontos controversos. Assim, é possível perceber a típica forma de Paulo se comunicar neste momento de sofrimento: "oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé" (Fp 2.17); "Combati o bom combate e terminei a carreira" (2 Tm 4.7). Então, a sua última realização foi: "guardei a fé". O apóstolo sabia que restava pouco tempo de vida.
Sugerimos que você repasse essa explicação aos alunos, logo depois de expor o primeiro tópico da lição.

2. O SENTIMENTO DE ABANDONO

1. O clamor de Paulo na solidão. No início da Segunda Carta, Paulo já havia demonstrado que sentia muito a falta de Timóteo: "[...] desejando muito ver-te [...]" (1.4). No final da epístola, vemos a súplica de Paulo ao seu filho na fé: "Procura vir ter comigo depressa" (4.9). Ele também revela o porquê de sua pressa em rever seu filho na fé. Vejamos:

a) Demas o desamparou. "Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica" (2Tm 4. 10). Demas era um dos cooperadores de Paulo (Cl 4.14; Fm 24). Porém, será que ele havia se desviado? Não sabemos ao certo. O texto bíblico mostra que ele abandonou Paulo quando este precisava muito de sua ajuda. O versículo também afirma que no momento, Demas amava mais o "presente século" do que o amigo e irmão em Cristo. Os momentos de adversidade revelam aqueles que são realmente amigos e que nos amam.[Comentário:  O apóstolo Paulo,nesse contexto,pedia para que Timóteo estivesse com ele. O homem de Deus estava só. Um dos seus principais colaboradores,Demas,o havia abandonado. Demas é citado por Paulo em Cl 4.14 e Fm 24. Pelo texto de Filemon (v. 24) vemos que Demas começou muito bem, é citado como “colaborador”. Não se sabe a princípio o porquê, mas talvez o desinteresse, a frieza, a indiferença de Demas foram crescendo até ele chegar a esta situação, ao limite perigosíssimo da apostasia. A história de Demas é a história de todos os que não sabem ou não podem perseverar até o fim que é a condição para se obter a coroa da vida!]

b) Só o médico amado ficou com Paulo. Tíquico foi mandado para Éfeso (4.12) e só Lucas ficou junto de Paulo (4.11). Lucas, "o médico amado" (Cl 4.14), escritor do livro de Atos dos Apóstolos e cooperador do apóstolo (Fm 24), fez-se presente, dando toda assistência a Paulo. Sem dúvida alguma, fora providência de Deus. Em idade avançada (Fm 9), Paulo precisava de cuidados médicos, físicos e emocionais. E ali estava o doutor Lucas, seu amigo, que não o desamparou. [Comentário:  A Bíblia conta maravilhosas histórias de amizade, e aquim o Novo Testamento nos apresenta uma destas histórias, Lucas e Paulo, Por intermédio de Paulo, sabemos que Lucas era médico (Cl 4.14). Parece que o primeiro encontro entre os dois ocorreu em Trôade (At 16.6-10), onde juntos partiram para a Macedônia. A primeira cidade Macedônia em que eles pregaram o Evangelho foi Filipos. Há historiadores cristãos que concordam que Lucas pastoreou aquela igreja por seis anos (51-57 d.C.). É na última prisão de Paulo que a amizade foi realmente provada. “Só Lucas está comigo”, disse Paulo para seu discípulo Timóteo. Neste período, Paulo está esperando sua execução, que aconteceu, provavelmente, no ano de 68 d.C., por decapitação, por ordem de Nero. Todos os demais companheiros de Paulo o tinham deixado. Lucas, um médico, homem que provou ser culto pela qualidade das obras que escreveu, abriu mão de vários anos de sua vida para acompanhar o apóstolo enquanto estava preso. Num desses períodos, na primeira prisão em Roma (At 28.16), Lucas redige sua obra: o evangelho de Lucas e Atos. Lembrando que estes dois livros também mostram a dedicação de Lucas a outro amigo, a saber, Teófilo (Lc 1.3; At 1.1). A dedicação às pessoas é fruto do amor que transforma vidas. Nós temos uma fé que não pode ser vivida para nós mesmos, mas nossa fé deve se abrir para os outros. Nosso alvo é servir o nosso próximo (Tg 2.14-26). Deus nos escolheu para sermos um povo de boas obras (Ef 2.10; Tt 2.14).]

2. A serenidade dos últimos dias. "Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos" (v. 13). A prisão de Paulo se deu tão de repente que ele não teve tempo para reunir suas coisas. Agora, aproximava-se o inverno (v. 21), e Paulo sentia a necessidade da capa que deixou na casa de Carpo e também dos livros. Sabemos quão rigoroso é o inverno europeu. O texto também nos mostra que até o fim de sua vida, Paulo se preocupou em ler e estudar. Tem você dedicado tempo ao estudo da Palavra de Deus?
O seu julgamento, perante a justiça de Roma, poderia demorar alguns dias ou meses. De qualquer forma, é um eloquente testemunho de que o homem de Deus, quando está seguro com o Senhor, não teme a morte ou qualquer  outra adversidade. [Comentário:  No mesmo contexto, alguns versículos antes em II Timóteo 4:6-8, Paulo afirma que encerrou sua carreira, e que está prestes a morrer. Mesmo assim, no versículo 13 ele ainda pede que sejam trazidos seus livros. Aprendemos então que Paulo continua tendo interesse em ler, escrever e aprender, mesmo estando prestes a morrer. Uma vez que a Bíblia não afirma expressamente, não podemos afirmar nada com certeza sobre isso. Podemos, entretanto, examinar as Escrituras e ter a melhor compreensão possível e tirar todo aprendizado possível sobre o assunto. Se examinarmos o livro de Atos, perceberemos informações importantes, que possivelmente demonstram como foi que Paulo acabou deixando essas coisas todas em Trôade, na casa de Carpo (Atos 16:8-12).]

3. Preocupações finais com o discípulo. Paulo alerta Timóteo a respeito de "Alexandre, o latoeiro", que foi inimigo do apóstolo (vv. 14,15). "Tu, guarda-te dele." Segundo a Bíblia de Aplicação Pessoal, Alexandre pode ter sido uma testemunha contra Paulo em seu julgamento. O crente fiel sempre vai encontrar pessoas difíceis em sua caminhada, por isso, precisa estar preparados para lidar com toda a sorte de gente, boas e más. [Comentário:  Em algumas outras versões da Bíblia este mesmo Alexandre é chamado de ferreiro! Possivelmente este Alexandre fazia utensílios domésticos de metais, ferramentas, escudos, facas, espadas, lanças, etc. Alexandre, o latoeiro, foi pior que Demas! Apesar de também ter saído da Obra, ele passou a perseguir o Apóstolo Paulo, chegando a ponto de interferir na sua sentença em Roma, causando-lhe muitos males (2Tm 4.14). Mesmo assim, Paulo orou por ele e entregou o caso nas Mãos de Deus, pedindo justiça. Segundo alguns estudiosos da Bíblia, há muitas chances deste Alexandre ter sido o mesmo que foi citado na Primeira Carta de Paulo a Timóteo no “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé. 20 - E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar” (1Tm 1.19).]


SUBSÍDIO DIDÁTICO

"Bem sabes isto: que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim; entre os quais foram Fígelo e Hermógenes. O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou e não se envergonhou das minhas cadeias; antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou. O Senhor lhe conceda que, naquele Dia, ache misericórdia diante do Senhor. E, quanto me ajudou em Éfeso, melhor o sabes tu" (2 Tm 1.15-18). Este texto, mostra com clareza, que o apóstolo Paulo já havia se queixado da solidão. Esta é uma informação importante que você, prezado professor, deve repassar à classe. O texto de Paulo expresso no capítulo 4 de 2 Timóteo é de caráter bem pessoal, demonstrando o sentimento, a pessoalidade e a dor do apóstolo em ser abandonado por quem deveria apoiá-lo em seu árduo ministério. Enfatize que 2 Timóteo 4 narra os últimos momentos da vida do apóstolo. Podemos afirmar que temos o privilégio de conhecer os últimos momentos da vida de um grande homem de Deus, apóstolo Paulo.   

3. A CERTEZA DA PRESENÇA DE CRISTO

1. Sozinho perante o tribunal dos homens (v. 16). Nem Lucas, o "médico amado" se encontrava na cidade, quando Paulo compareceu a audiência. Mas ele não era murmurador, nem guardou mágoa dos amigos ausentes. Pelo contrário, demonstrou que os perdoara, pedindo a Deus "que isto lhes não seja imputado". A atitude de Paulo nos faz recordar a postura de Jesus na cruz, quando Ele exclamou: "[...] Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34). Podem os amigos e companheiros nos abandonar nos momentos difíceis, mas Deus é fiel e jamais nos deixa sozinho. [Comentário:  Embora os homens tenham abandonado Paulo em sua primeira audiência no tribunal, o Senhor não o fez. Paulo pode usar aquela ocasião para pregar o evangelho. Como cidadão romano, Paulo não poderia ser jogado aos leões no teatro público. Diz a tradição que, como resultado de haver apelado para César, após dois julgamentos no ano 68 d.C., Paulo foi executado. Relata-se que Nero saiu de viagem enquanto Paulo estava em Roma; entrementes, uma de suas concumbinas foi ganha para o Senhor por intermédio do apóstolo. Quando Nero voltou para casa, ela havia se juntado a um grupo cristão, abandonando o imperador. Nero ficou tão furioso que descarregou sua ira sobre Paulo, que foi levado para a Via Óstia onde o executaram.]
2. Sentindo a presença de Cristo (v. 17). Paulo não tinha a companhia dos amigos e irmãos em Cristo, mas pôde sentir, de perto, a gloriosa presença de Deus. O Senhor se fez presente e fortaleceu a alma e o espírito do seu servo. Mesmo estando preso, ele se sentia "livre da boca do leão", o que pode referir-se ao sentimento de libertação espiritual em relação a Satanás, ou de Nero, o sanguinário imperador. Ele não foi liberto da prisão e da morte, pois suas palavras eram de despedida: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé" (v. 7). [Comentário:  Viver e morrer para o crente significa aceitar a passagem pascal, onde a doação a Cristo e aos irmãos não se realiza sem dificuldades e desilusões, sem passar pelas inúmeras mortes cotidianas até a morte física, etapa obrigatória criada pelo ato redentor de suprema doação de Cristo que morre por amor e ressuscita para que nós possamos ressuscitar com Ele. Agora vivemos uma vida nova, porque aquele que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos, dará a vida também aos nossos corpos mortais (Rm 8.11). Livre da boca do leão, essa era uma forma figurada de dizer que os esforços de Satanás em causar a morte prematura de Paulo tinham sido desviados, impedidos até o presente.]

3. Palavras e saudações finais. "E o Senhor me livrará de toda má obra e guardar-me-á para o seu Reino celestial [...]" (v. 18). Paulo não estava se referindo ao livramento físico da morte. Ele já havia se despedido de forma muito comovente nos versículos 6 a 8. Esse texto nos mostra o quanto ele estava tranquilo, aguardando a vontade de Deus sobre sua vida e o fim do seu ministério. E conclui, saudando seu amigo e filho na fé, dizendo: "O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito. A graça seja convosco. Amém!" (v. 22). [Comentário:  Paulo não expressa imunidade à doença física. Pelo contrário, ele espera a morte, mas nenhum ataque a ele poderia prejudicá-lo. Sua morte traria a libertação do sofrimento e a entrada no céu.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"A graça seja convosco. Estas são as últimas palavras de Paulo nas Escrituras registradas enquanto ele aguardava o martírio num cárcere romano. Do ponto de vista do mundo, a vida do apóstolo estava para terminar num trágico fracasso.
Durante trinta anos, largara tudo por amor a Cristo; pouca coisa ganhara com isso, a não ser perseguição e inimizade dos seus próprios patrícios. Sua missão e sua pregação aos gentios resultaram no estabelecimento de um bom número de igrejas, mas muitas dessas igrejas estavam decaindo em lealdade a ele e à fé apostólica (2 Tm 1.15). E agora, no cárcere, depois de todos os seus leais amigos o deixarem, a não ser Lucas (vv.11,16), ele aguarda a morte" (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, 1995, p.1885).

CONCLUSÃO

Os últimos trechos da Segunda Carta de Paulo a Timóteo nos ensinam que o servo de Deus que tem certeza da sua salvação, mediante a obra redentora de Cristo, não teme a morte. Paulo sabia que a morte física aniquilaria apenas o seu corpo, mas seu espírito e sua alma (o homem interior - 2 Co 4.16) estavam guardados em Cristo Jesus. [Comentário:  “Melhor é a boa fama do que o melhor ungüento, e o dia da morte, do que o dia do nascimento de alguém” (Eclesiastes 7:1). O dia da morte do cristão é melhor do que o dia do seu nascimento. Todos os dias do cristão em Cristo sobre a terra são bons, mas estar com Cristo na glória eterna será melhor. Paulo foi abençoado em Cristo sobre a terra, mas o apogeu da bênção para Paulo seria estar com Cristo na glória: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei, então, o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne” (Fp 1.21-24). O cristão olha para a morte como uma partida da imperfeição para imperfeição (2Tm 4.6). Paulo viveu uma vida espiritual progressiva. Ela não foi ausente de dificuldade, perseguição e sofrimento. Contudo, essa vida estava em preparação para a morte, pois ele aguardava a experiência com confiança alegre e expectativa esperançosa. A Bíblia refere-se à morte do crente em termos consoladores. A morte para o justo, segundo Lucas, é ser levado pelos anjos “para o seio de Abrão” (Lc 16.22); é ir ao “paraíso”(Lc 23.43); é ir à casa do nosso Pai, onde há “muitas moradas” (Jo 14.2); é uma partida bem-aventurada para “estar com Cristo”(Fp 1.23), e é a ocasião de receber a “coroa da justiça”(2Tm 4.8). Nossa corporal está garantida pela ressurreição de Cristo (At 17.31; 1Co 15.12, 20-23). Essas porções bíblicas ensinam claramente a sobrevivência da alma humana fora do corpo, quer do salvo, quer do ímpio, após a morte. Jesus nos ensina acerca de uma ressurreição da vida, para o crente, e de uma ressurreição de juízo, para o ímpio (Jo 5.28,29). O crente passa do tempo para a eternidade. Paulo usou o substantivo grego kerdos significando ganho, o adjetivo kreitton significando maior, melhor ou superior, e o advérbio mallon significando mais ou muito mais em Filipenses 1.21-23. A combinação das palavras prova que o crente falecido não se torna inferior a uma pessoa quando ele morre: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada...E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.18,23). O corpo redimido será a finalização ou perfeição do que Deus o Espírito Santo começou na regeneração. O Espírito aplicou o que o Filho de Deus providenciou em Sua morte. O que o Filho providenciou foi em favor do eleito que o Pai lhe deu antes da fundação do mundohttp://www.monergismo.com/textos/morte/considerar_morte_best.htm; ] NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.


SUBSÍDIO ENSINADOR CRISTÃO

A morte é a consequência do pecado (Rm 6.23). Deus não criou o homem e a mulher para a morte. Esta é a separação entre a alma e o corpo. A base bíblica para este entendimento encontra-se em Gênesis 35.18 a respeito da morte de Raquel: "E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu)". E Tiago, o irmão do Senhor, corrobora com este fato quando ensina: "Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obra é morta" (Tg 2.26). Podemos, então, afirmar: quando a alma deixa o corpo estabelece-se o evento no qual denominamos morte.
A pergunta de Jó, "morrendo o homem, porventura, tornará a viver?", é de interesse perene a todos os seres humanos. Quem nunca se perguntou: 'Há vida após a morte?"; "Há consciência após a morte?'. As Sagradas Escrituras têm respostas afirmativas para estas indagações:
a) "No Antigo Testamento". O lugar denominado "sheol" aparece com frequência no Antigo Testamento. Em Salmos 16.10; 49.14,15 o termo hebraico é traduzido por "inferno" e "sepultura'. Em ambos os textos o ensino da imortalidade da alma é o âmago da esperança de salvação humana após a experiência da morte. As frequentes advertências contra a consulta aos mortos (comunicação com espíritos de mortos) indicam a imortalidade da alma numa esfera além vida (Dt 18.11; Is 8.19; 29.4). Em seguida, os textos de Jó 19.23-27; Sl 16.9-11; 17.15; Is 26.19 Dn 12.2 são taxativos em relação à doutrina da ressurreição denotando, inclusive, a alegria do crente em comunhão com Deus de se encontrar com Ele depois da morte. Logo, podemos afirmar que o Antigo Testamento afirma perfeitamente que, após a morte, a alma continua a existir conscientemente.

b) "Em o Novo Testamento". A base bíblica neotestamentária para a imortalidade da alma está na pessoa de Jesus Cristo. Ele é quem trouxe à luz, a vida e a imortalidade. As evidências são abundantes. Passagens como Mt 10.28; Lc 23.43; Jo 11.25,26; 14.3; 2 Co 5.1 ensina claramente que a alma dos crentes e do ímpios sobreviverão após a morte. A redenção do corpo e a entrada na vida alegre de comunhão com Deus é o resultado da plena e bem-aventurada imortalidade da alma (1 Co 15; 1 Ts 4.16; Fp 3.21). Para os crentes, a vida não é uma mera existência do acaso, mas uma encantadora comunhão com Deus implantada em nós, por intermédio de Cristo Jesus, enquanto de nossa peregrinação terrena.

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