SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Depois de estudar I e II Timóteo, nos voltaremos,
nas próximas aulas, à Epístola de Paulo a Tito. Na aula de hoje apresentaremos
alguns aspectos contextuais dessa Carta, ressaltando sua autoria, data e
propósito. Em seguida, mostraremos que Paulo, através desse texto, pretendia
despertar Tito, e os demais obreiros, para o ministério da Palavra. Ao final,
ressaltaremos a necessidade da organização pastoral da igreja, sobretudo nas
qualificações para a liderança cristã.
1. EPÍSTOLA A TITO: aspectos
contextuais
A Epístola de Paulo a Tito tinha como objetivo
principal dar conselhos ao jovem pastor da ilha de Creta, com respeito à
supervisão e organização da igreja local (Tt. 1.5). Essa ilha era grande e
populosa, por volta de 141 a. C. se tornou forte o suficiente, chamando a
atenção de Roma, que a anexou em 67 a. C. Seus portos eram muito importantes
para os navios que atravessavam o Mediterrâneo, especialmente em tempos
tempestuosos (At. 27.7-14). Tito foi um gentio convertido a Cristo, filho de
pais gregos (Gl. 2.3), alcançado por Deus através do ministério de Paulo
(Tt.1.4). Esse obreiro foi bastante útil ao ministério do Apóstolo, tendo sido
responsável por conduzir epístolas de Paulo aos seus destinatários (II Co. 2.12;
8.6). A maioria dos estudiosos defende que a Epístola de Paulo a Tito foi
escrita por volta do ano 64. Ainda que essa seja a última na disposição dos
livros do Novo Testamento, foi escrita no mesmo período da I Epístola de Paulo
a Timóteo, antes da prisão final de Paulo em Roma, e de ter escrito II Timóteo.
A mensagem dessa Epístola é bastante apropriada na atualidade, considerando que
estamos atravessando um momento de crise ministerial no país. Alguns obreiros
estão cansados (Gl. 6.9), indolentes em relação à Palavra (I Tm. 5.17), pondo o
rebanho em risco (At. 20.29,30). Diante dessa realidade, faz-se necessário
despertar os obreiros para uma vida que reflita a Palavra de Deus, que tenha
cuidado não apenas da doutrina, mas de viverem aquilo que ensinam (I Tm. 4.16).
Por isso a Epístola de Paulo a Tito equilibra a sã doutrina (Tt. 2.1) com a
vida de piedade (1.1), demonstrada na prática das boas obras (Tt. 2.14).
2. A PALAVRA DE DEUS NO
MINISTÉRIO APOSTÓLICO
Inicialmente Paulo apresenta suas credenciais, como
servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo (Tt. 1.1). Por ter sido enviado por
Deus, Paulo assumiu a condição de servo, a fim de promover a fé dos eleitos de
Deus. Isso não quer dizer que Deus tem preferência por algumas pessoas, em
detrimento de outras. Deus deseja que todos sejam salvos (I Tm. 2.4), mas serão
salvos aqueles que creem em Cristo (Jo. 3.16). Por isso a igreja deve promover
o pleno conhecimento da verdade, sendo embaixadora do evangelho de Jesus.
A ortodoxia bíblica é o fundamento da fé da igreja cristã, é a sã
doutrina a respeito da qual trata o Apóstolo. Mas a mensagem de Deus não pode
ser meramente intelectiva, deve resultar em transformação de vida (Tt. 2.12).
Tal mudança deve também trazer esperança em relação à vida eterna (Tt. 1.2),
pois nascemos de novo para uma viva esperança (I Pe. 1.3). O fundamento dessa
esperança não são as palavras humanas, mas as promessas de Deus, encontradas na
Palavra de Deus (Tt. 1.2). Por isso Tito, o filho espiritual de Paulo, estava
comprometido com o evangelho genuíno (Tt. 1.4), o qual resultaria em benção
graciosa da parte de Deus. O Apóstolo o deixou em Creta para colocar algumas
coisas em ordem (gr. epidiorthose - colocar na linha). Paulo havia começado um
trabalho naquela localidade, mas se fazia necessário que houvesse continuidade
(Tt. 1.5). Para tanto, Tito deveria escolher obreiros fiéis, comprometidos com
a Palavra de Deus. O antídoto contra o falso ensinamento é o ensino da verdade,
através da inspirada e proveitosa Palavra de Deus (II Tm. 3.16,17).
3. A ORGANIZAÇÃO
PASTORAL DA IGREJA
A organização da igreja cristã no primeiro século
estava fundamentada no presbiterado ou episcopado. Por isso Paulo usa os termos
presbítero (Tt. 1.5) e bispo (Tt. 1.7) para se referir à mesma função. Assim,
tanto o presbítero (gr. presbyteros) quanto o bispo (gr. epíscopos) exercem a
função de supervisão na igreja (At. 20.17,28). É importante destacar que o
objetivo de Paulo, com essa organização na liderança, não é estabelecer uma
hierarquia, mas o funcionamento adequado da igreja. O Apóstolo apresenta
algumas qualificações para a escolha desses obreiros (Tt. 1.6-9), de modo a
ressaltar a vida piedosa como característica daqueles que têm pretensões ao
ministério. É digno de destaque a função precípua do obreiro cristã,
especialmente os presbíteros, é o ensino da Palavra de Deus, refutando os
contradizentes (I Tm. 5.17; Tt. 1.9-11). Negativamente, exige-se do presbítero
que seja irrepreensível (gr. anencletos), que não tenha motivo de acusação (Tt.
1.6), marido de uma só mulher, não deve enveredar pela bigamia ou poligamia,
que seus filhos em tenra idade não sejam desobedientes, que seja irrepreensível
como despenseiro da casa de Deus (Tt. 1.7). Ele também não pode ser soberbo
(gr. authades – arrogante), nem iracundo (gr. orgilos – raivoso), muito menos
dado ao vinho, nem espancador (gr. plektes – violento), nem cobiçoso
(gr.aiskrokerdes – interesseiro) de torpe ganância (Tt. 1.7). Positivamente, o
presbítero deve ser hospitaleiro (gr. acolhedor) , amigo do bem (gr. philagatos
– bondoso), moderado (gr. sophron – equilibrado), justo (gr. dikaios –
correto), santo (gr. hosios – puro) e temperante (gr. egkrates – controlado), e
o mais importante, que retenha firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina
(gr. didaskalia – ensino), para que seja poderoso, tanto para admoestar com a
sã doutrina como para convencer os contradizentes (gr. antilego – os que se
opõem à palavra) (Tt. 1.8,9). Esse padrão de comportamento dos obreiros na Casa
de Deus deve ser distinto do dos falsos mestres, que são desordenados (gr.
anupotaktos – insubmissos), faladores vãos (gr. mataiologos – faladores
insensatos) e enganadores (gr. phrenapates – sedutores), ensinam o que não
convém, por torpe ganância (gr. kerdos – interesse de lucro) (Tt. 1.10,11).
CONCLUSÃO
O pastor-presbítero-bispo tem a responsabilidade de
conduzir o rebanho de Deus através da Palavra. Para isso, deve fazer uso das
Escrituras, sendo essas a base do seu ministério, por meio dos quais ensinará a
sã doutrina, e se oporá aos falsos ensinamentos. Diante de situações nas quais
o evangelho de Cristo está sendo criticado, cabe a igreja exercer a função
apologética, com destaque para a liderança, que deve pelejar pela fé que uma
vez foi entregue aos santos (Jd. 3).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Com esta lição estaremos
iniciando o estudo da Epistola de Tito. Timóteo recebeu a incumbência de
exortar uma igreja que estava sofrendo com os ataques dos falsos mestres. A
missão de Tito era semelhante a de Timóteo, mas com um encargo a mais, que foi
o de estabelecer presbíteros, "em cada cidade", pondo "em
ordem" a Igreja. Paulo mostra, na Carta a Tito, que não era apenas
pregador, ensinador e "doutor dos gentios", mas também um
administrador eclesiástico. [Comentário: Entramos na
epístola dirigida a Tito. Foi somente no século XVIII que as cartas a Timóteo e
Tito se tornaram conhecidas como Epístolas Pastorais, contudo, já
em 1274, Tomás de Aquino, referindo-se a 1º Timóteo, escreveu: “Esta
carta é, por assim dizer, uma lei pastoral que o apóstolo enviou a Timóteo”.
O foco destas cartas é dirigido ao cuidado do rebanho de Deus, à administração
da igreja e ao comportamento nela. A Epístola a Tito foi escrita em
aproximadamente 66 dC. As muitas jornadas de Paulo estão bem documentadas e
mostram que ele escreveu a Tito de Nicópolis em Épiro. Em algumas Bíblias, uma
anotação da epístola pode mostrar que Paulo escreveu de Nicópolis na Macedônia.
No entanto, não há conhecimento desse lugar e anotações não têm nenhuma
autoridade por não serem autênticas. Como deixa claro o texto de Tt 1.5, a
organização das igrejas recém-formadas havia ficado por completar. Não há
registro em Atos sobre a campanha evangelística de Paulo em Creta. Consequentemente,
ela deve ter ocorrido após a primeira prisão romana de Paulo. A palavra presbítero designa,
aparentemente, o mesmo cargo de bispo, um grupo de pessoas
encarregadas do cuidado geral de uma igreja local (At 14.23; 20.17; 1Tm 5.17).
O versículo 7 esclarece que Paulo usou, de forma alternada, o termo presbítero e bispo.
Paulo discute as qualificações dos bispos em termos semelhantes em 1Tm 3.2-7,
porém, com algumas diferenças. Paulo não tenciona apresentar nenhuma dessas
listas como se fosse completa. Seu propósito é simplesmente indicar as
qualidades pessoais daqueles que haveriam de servir como líderes eclesiásticos.
Além de instruir Tito sobre o que procurar em um líder da igreja, Paulo também
incentivou-o a voltar a Nicópolis para uma visita. Em outras palavras, Paulo
continuou a discipular a Tito e a outros enquanto cresciam na graça do Senhor
(Tt 3.13).]. Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?
1. A EPÍSTOLA ENVIADA A
TITO
1. O intento da Epístola. Qual era o
principal propósito da Epístola de Tito? O objetivo de Paulo era dar conselhos
ao jovem pastor Tito a respeito da responsabilidade que ele havia recebido.
Tito recebeu a incumbência de supervisionar e organizar as igrejas na ilha de
Creta. Paulo havia visitado a ilha com Tito e o deixou ali com esta importante
incumbência (v. 5). [Comentário: A Epístola a Tito é
conhecida como uma das Epístolas Pastorais, assim como as duas cartas a
Timóteo. Esta carta foi escrita pelo apóstolo Paulo para incentivar o seu irmão
na fé, Tito, o qual havia sido deixado em Creta para liderar a Igreja que Paulo
havia estabelecido em uma de suas viagens missionárias (Tito 1.5). Esta carta
aconselha Tito a respeito de quais qualificações deve-se buscar nos líderes da
igreja. Ele também alerta Tito acerca da reputação daqueles que viviam na ilha
de Creta (Tito 1.12).]
2. Data em que foi escrita. Acredita-se
que foi escrita no ano de 64.d.C., aproximadamente. A carta a Tito foi escrita
na mesma época da Primeira Carta a Timóteo. Provavelmente foi redigida na
Macedônia, durante as viagens que Paulo fez quando esteve sob a custódia dos
romanos. [Comentário: A Epístola a Tito
foi escrita por Paulo enquanto estava na sua quarta viagem missionária e,
provavelmente, sua data esteja entre 64 e 66 dC. As muitas jornadas de Paulo
estão bem documentadas e mostram que ele escreveu a Tito de Nicópolis em Épiro.
Em algumas Bíblias, uma anotação da epístola pode mostrar que Paulo escreveu de
Nicópolis na Macedônia (3.12). No entanto, não há conhecimento desse lugar e
anotações não têm nenhuma autoridade por não serem autênticas.].
3. Um viver correto. Como ministro
do evangelho, Paulo exige ordem na igreja e que os irmãos vivam de maneira
correta, santa. Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, a ilha de Creta
era conhecida pela preguiça, glutonaria e maldade de seus habitantes. Ao
aceitar a Cristo como Salvador, o novo convertido torna-se santo pela lavagem
da regeneração do Espírito (Tt 3.5), por meio da Palavra de Deus (Ef 5.26). A
santificação é também um processo gradual e contínuo que conduz ao
aperfeiçoamento do caráter e da vida espiritual do crente, tornando-o
participante da natureza divina (2 Pe 1.4). Sem a santificação, jamais alguém
verá a Deus (Hb 12.14). [Comentário: A ilha de Creta,
local onde Paulo deixou Tito encarregado de liderar a igreja,
era habitada por nativos da ilha e judeus que não conheciam a verdade de Jesus
Cristo (Tito 1.12-14). Paulo sentiu que era a sua responsabilidade continuar
discipulando a Tito, assim como instruir e incentivá-lo no desenvolvimento de
líderes dentro da igreja em Creta. Assim como o apóstolo Paulo guiou Tito na
sua busca de líderes, Paulo também deu sugestões sobre como Tito deveria
instruir esses líderes para que pudessem crescer na sua fé em Cristo. Suas
instruções incluíam direções para homens e mulheres de todas as idades (Tito
2.1-8). Para ajudar Tito a permanecer na sua fé em Cristo, Paulo sugeriu que
Tito viesse a Nicópolis e trouxesse com ele dois outros membros da igreja (Tito
3.12-13). Enquanto discursava para um grupo de filósofos epicureus e estóicos
em Atos 17.22 – 34, Paulo, no verso 28, cita a Cretica de Epimênides (“porque
nele vivemos, e nos movemos e somos). Segundo conta os historiadores,
Epimênides, que também era de Creta, descreveu o seu povo com estas palavras:
“…os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, glutões preguiçosos…”. Aprendemos
que o profeta Epimênides (poeta) utiliza a palavra sempre (advérbio) que indica
continuidade da depravação e perversões dos cretenses e demonstra um quadro de
corrupção irrecuperável, como se dissesse: “…sempre preguiçosos,sempre bestas
ruins, sempre ventres preguiçosos…”(v.12). A partir destas palavras podemos
perceber quem eram os cretenses e os membros que compunham as igrejas em Creta,
também eram oriundos destas depravações e perversões morais e espirituais e por
isso deviam ser curados pelo evangelho de Deus.].
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"Tito, como 1 e 2 Timóteo, é uma carta pessoal
de Paulo a um dos seus auxiliares mais jovens. É chamada de 'epístola pastoral'
porque trata de assuntos relacionados com ordem e o ministério na igreja. Tito,
um gentio convertido (Gl 2.3), tornou-se íntimo companheiro de Paulo no
ministério apostólico. Embora não mencionado nominalmente em Atos (por ser,
talvez, irmão de Lucas), o grande relacionamento entre Tito e o apóstolo Paulo
vê-se (1) nas treze referências a Tito nas epístolas de Paulo, (2) no fato de
ele ser um dos convertidos e fruto do ministério de Paulo (1.4; como Timóteo),
e um cooperador de confiança (2 Co 8.23), (3) pela sua missão de representante
de Paulo em pelo menos uma missão importante a Corinto durante a terceira viagem
missionária do apóstolo (2 Co 2.12,13; 7.6-15; 8.6,16-24), e (4) pelo seu
trabalho como cooperador de Paulo em Creta (1.5)" (Bíblia de Estudo
Pentecostal, CPAD, 1995, p.1886-87).
2. O PASTOR PRECISA
PROTEGER O REBANHO DE DEUS
1. Qualificação dos pastores. Em sua carta a
Tito, Paulo enfatiza as qualificações do bispo, em relação a família, como
homem casado, fiel à sua esposa e na criação de seus filhos de forma exemplar
(v. 6). Paulo diz que os filhos dos ministros, presbíteros ou pastores, não
devem ser "acusados de dissolução", nem de serem "desobedientes".
No original, tais adjetivos vêm de anupotaktos, "não sujeito",
"indisciplinado", "desobediente". O exemplo mau dos filhos
do sacerdote Eli é referência negativa para a família dos pastores (1 Sm 2.12,
31). Paulo mostra que o bispo deve ser uma pessoa íntegra, irrepreensível,
"como despenseiro da casa de Deus" (v.7); Por outro lado, ensina
também que o bispo não pode ser "soberbo", "iracundo",
"dado ao vinho", "não espancador", "cobiçoso de torpe
ganância" (vide os mercantilistas na atualidade que só trabalham por
dinheiro); Paulo instrui que o obreiro precisa ser "[...] dado à
hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante" (Tt 1.8). [Comentário: Inicialmente, deve ser pesado e aferido na vida do
pastor; a causa do seu ministério: ela é um chamado do Senhor, pelo Senhor, e
para o Senhor da Obra? Ou, se é uma vontade humana baseada em impressões,
visões, revelações, ou vaidades pessoais provenientes do seu fraco e pecaminoso
coração. Há pastores que estão no ministério por diversos motivos fúteis:
inveja, orgulho, vaidade, o ser o astro, preferências pessoais, filosofias
mundanas, competições extravagantes entre sexo, enfim, não são chamados pelo
ministério do Senhor na Palavra, são fabricados e por isto tornam-se marionetes
dos seus idealizadores. A nós, não cabe cometermos esse erro, permitirmos que
alguém seja colocado num ministério do Senhor, sob a nossa cooperação e
supervisão; pelo simples ato de imposição de mãos (não que seja contra a
imposição de mãos no sentido bíblico – autoridade conferida por Cristo e Sua
Igreja); mas só devo impor minhas mãos em quem eu posso pela comprovação e
direção do Espírito Santo, que foi colocado por ação pessoal d”Ele. O mesmo
Apóstolo Paulo ensinou a Timóteo: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos.
Não te tornes cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro.”. O
texto começa com a exigência: A ninguém, e nós sabemos o que significa ninguém
não é mesmo? Ninguém, é ninguém. Nenhuma pessoa, seja qual for o relacionamento
que tenhamos ou venhamos a ter com ela, neste campo não há espaço para
preferências, desejos, bajulações, vaidades e paternalismos. Lembre-se é de
Deus, e para Deus que você estará aprovando. Certo tempo atrás, não lembro
exatamente o quanto, conversei com alguém que havia sido indicado para se
consagrar a pastor pelo seu líder, e como sempre; perguntei: por que é que você
quer ser pastor consagrado e ordenado ao ministério? A pessoa candidata me
disse, é para mostrar a alguns pastores que eu serei a primeira pastora
ordenada aqui na região, no nosso meio batista. É para mostrar? Pois bem, se
nós estivermos sendo motivados a ordenar líderes ao Santo Ministério da Palavra
de Jesus pelo motivo que esta candidata externou, (não é preconceito é temor e
tremor) precisamos continuar lendo e interpretando o texto Bíblico, por que já
passei pelo chamado de Deus na minha vida, e confesso a vocês que foi um misto
de alegria, desespero, impotência e incapacidade que me custou muito digerir,
ainda hoje, carrego um pouco disso, e acredito que não me acostumarei ao ponto
de banalizar e me tornar o querido do povo, não tenho vocação para isto,
parece-me que me contento apenas com ser útil para aquilo ao qual o Senhor me
chamou, o que ainda tenho procurado n”Ele consolidar. Eu mesmo, não queria, mas
com muito cuidado e agir de Deus e alguns irmãos mais experientes me
aconselhando, o Pastor Jônatas, o irmão Eli e outros; fui sendo conduzido por
Deus a este supremo ofício. E conforme me respondeu a candidata aquém tenho
muito apreço, “para mostrar aos outros”; é um desejo muito vazio, efêmero e
egoísta, sobre estes, virão as prestações de conta com o Senhor da Seara.http://prsalesioporto.blogspot.com.br/2012/11/qualificacoes-e-deveres-dos-pastores-e.html.].
2. Crentes, porém problemáticos. Paulo ressalta
o respeito que o presbítero deve ter à doutrina e a autoridade ministerial para
argumentar com os contradizentes (vv. 9,10). Entre os crentes da igreja de
Creta, haviam os "complicados" e "contradizentes",
"faladores", tipos não raros em igrejas nos tempos presentes. Mas o
apóstolo indicou a maneira de tratá-los. Aos contradizentes e desobedientes ao
ensino da Palavra de Deus, Paulo demonstra não ter nenhuma afinidade com eles,
pois são perigosos, não só para a igreja local, mas para as famílias cristãs, e
devem receber a admoestação e repreensão à altura: "[...] aos quais convém
tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não
convém, por torpe ganância" (v.11). O fato de tais falsos crentes terem
espaço para transtornar "casas inteiras" se devia à realidade das
igrejas cristãs em seus primórdios. Elas funcionavam, em grande parte, nas
residências dos convertidos (Rm 16.5; 1 Co 16.19; Cl 4.15). Além de
desordenados, eles são "faladores" e murmuradores. [Comentário: Os padrões espirituais dos presbíteros eram mais
importantes, pois os cretenses tinham reputações notórias (VS 12-13). A lista
de qualificações se iguala à encontrada em 1m 3.1-7, com poucas diferenças.
Além de um bom caráter moral, os presbíteros devem manter a verdadeira doutrina
cristã com seriedade e zelo, tanto para o objetivo de instruir os crentes
quanto para rebater os falsos mestres. Um líder espiritual deve reconhecer que
algumas pessoas são insubordinadas e não submeterão sua vontade ao domínio de qualquer
líder. Eles adoram pular de igreja em igreja falando sobre assuntos
espirituais, mas em seu engano eles não percebem que só falam e não rendem
frutos. Paulo tem em mente especialmente os da circuncisão, ou os judeus
legalistas.].
3. Não dar ouvidos a ensinos falsos. Tito, na
condição de "supervisor", estabelecendo igrejas, "de cidade em
cidade", tinha que ministrar a palavra de edificação e advertência contra
os falsos cristãos. Deveria repreendê-los de modo veemente. Na verdade, eles
eram desviados da verdade. Mais adiante, Paulo resume como tratar os desviados
e hereges: "Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação,
evita-o" (Tt 3.10). [Comentário: Um homem herege é
alguém que faz uma escolha satisfazendo a si mesmo, sem levar em consideração
os outros. Ele é obstinadamente preso a uma opinião que não é íntegra e que
ameaça a unidade da Igreja. Um homem assim deve ser repreendido, e se ele não
considerar a reprimenda, deve ser evitado. O presbítero precisa ser uma pessoa
pacífica e pacificadora e, não, um criador de caso. Entretanto, ser pacífico
não significa dizer sim a tudo, como uma vaquinha de presépio, para não se
expor e, assim, se sentir confortável junto à maioria dos seus pares. Vale
lembrar, que antes de tudo, o presbítero tem o dever maior de zelar pela ética,
pela moral e pelos bons costumes; zelar pelos princípios e doutrinas bíblicas;
e, zelar pelo que for melhor para a igreja. Se necessário for, ele vai debater
e discutir sim e exaustivamente as questões; com todo o respeito às pessoas,
com inteligência e sensatez. Jamais deverá se omitir, sentindo-se acuado pela
maldosa insinuação de alguém de que não está promovendo a paz. Seu dever é
expor seu ponto de vista com argumentos, fatos e dados. Se a maioria decidir de
forma diferente, sua postura tem que ser de respeito, reflexão e entrega para o
Senhor, em oração. É preciso ter sempre em mente a possibilidade de estar
equivocado ou, por outro lado, que o Senhor Deus pretenda usar uma eventual má
decisão do grupo para fins que escapam a nossa visão pessoal, mas não a
soberania de Deus.].
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"As
qualificações dos presbíteros (1.6-9)
As qualificações no verso 6, de acordo com o idioma
original, são condições ou questões indiretas relativas aos candidatos que
estão sendo considerados para o ministério. O grego traduz literalmente:
'Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis,
que não possam ser acusados de dissolução [desperdício de dinheiro] nem são desobedientes'
- este pode ser considerado como um candidato ao presbitério.
Paulo parece estar usando as palavras
'ancião/presbítero' (presbyteros, v.5) e 'líder/bispo' (episkopos, v.7) de modo
intercambiável. Neste primeiro período da história da Igreja, os ofícios
ministeriais eram variáveis e indistintos.
Paulo chama os bispos de 'despenseiros da casa de
Deus'. Os despenseiros (pessoas encarregadas de administrar os negócios de uma
casa) eram bem conhecidos daqueles que viveram no primeiro século. Uma vez que
tais pessoas tinham perante o dono da casa a responsabilidade de cuidar desta,
era necessário que fossem irrepreensíveis. Note também que os bispos não são
simplesmente responsáveis perante Deus como seus servos, cuidando das coisas de
Deus" (Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 1.ed.Rio de
Janeiro: CPAD, 2004, p.1509).
3. A PERCEPÇÃO DA PUREZA
PARA OS PUROS E PARA OS IMPUROS
1. Tudo é puro para os puros (v. 15). Paulo diz que
"todas as coisas são puras para os puros" (Tt 1.15), pois esses
procuram viver segundo a Palavra de Deus. Aqueles que vivem de modo santo não
veem mal em tudo, pois seus olhos são bons, santos. Isso é reflexo de suas
mentes e corações bondosos. Deus nos chamou para sermos santos em todas as
esferas e aspectos da nossa vida (1 Pe 1.15). Quem despreza esse ensino não
despreza ao homem, mas sim a Deus. [Comentário: Enquanto os judeus
legalistas compilavam uma lista surpreendente de coisas impuras que
iam muito além das exigências do Antigo Testamento, os cristãos não precisavam
mais fazer distinções entre alimentos puros e impuros. Entretanto, aqueles que
estão contaminados (corruptos) e infiéis mancham tudo o que dizem. Este
versículo não dá licença aos cristãos para entregar-se ao mal (1Tm 4.4-5). A
natureza santa de Deus é a motivação para a santidade cristã.].
2. Nada é puro para os impuros (v. 15). De fato, para os
"contaminados e infiéis", tudo o que eles pensam e praticam é de má
natureza. O motivo pelo qual "nada é puro para os contaminados" é
porque "confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo
abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda boa obra" (v.16).
Esses são hipócritas e maliciosos, pois dizem uma coisa e fazem outra. [Comentário: (Etm.
do latim: hypocrita.ae, pelo grego: hypokrités.oû); adjetivo. Fingido; que
finge possuir um sentimento que não possui; que demonstra um pensamento e/ou
uma opinião diferentes dos que realmente têm; que por interesse ou por medo de
assumir sua verdadeira personalidade finge qualidades que não apresenta. Falso;
que se comporta com hipocrisia; que dissimula sua verdadeira personalidade.
Paulo concorda com Tiago que o trabalho dá evidências da fé. O Novo Testamento
ensina que a ausência de ações condizentes com a vida transformada leva a
pessoa a duvidar da fé em Cristo (Tg 2.14-16; 1Jo 3.17)].
3. Conhecem a Deus, mas o negam com as atitudes (v.
16). Atualmente muitos dizem conhecer a Deus, porém, se olharmos para
suas atitudes veremos que estes nunca conheceram ao Senhor. A nossa conduta
revela a nossa fé e o nosso relacionamento com Deus. O que as pessoas aprendem
com você ao observar a sua conduta na igreja e fora dela? [Comentário: Muitos estão como aquela figueira cheia de folhas
mas sem frutos, que foi amaldiçoada por Jesus (Mt 21.19). É só aparência.
Talvez caiba aqui uma comparação com a igreja primitiva de Corinto, a igreja
que mais fluía nos dons, mas curiosamente, a mais carnal, problemática e
escandalosa. Devemos refletir se o que está acontecendo hoje no Brasil, o
grande número de conversões, representa um genuíno avivamento como nunca antes
jamais visto. De fato, estamos crescendo numericamente, nossos templos cada vez
maiores, mas e a qualidade dos santos? Nosso país está mergulhado numa crise
ética e moral, e se verdadeiramente estivéssemos gozando um genuíno avivamento,
faríamos a diferença! Muitos de nós afirmam conhecer a Deus, mas o negam com
seu caráter. Deveríamos transformar nossa sociedade com o nosso caráter
transformado. Pense nisso.].
CONCLUSÃO
A administração de uma igreja
requer a observância de preceitos e diretrizes, emanadas da Palavra de Deus, o
maior e melhor "manual de administração eclesiástica". Por isso,
Paulo escreveu três cartas pastorais, visando o estabelecimento, a organização
e o crescimento sadio da Igreja do Senhor Jesus. [Comentário: A Igreja deve estar
fundamentada nos ensinamentos contidos na Bíblia Sagrada, estruturada nela para
cumprir a missão que lhe foi outorgada no Novo Testamento, consubstanciada no
discipulado e apoiada nos pilares da proclamação do Evangelho e do crescimento
cristão. Paulo escreve em Efésios 4.11-16: “E
ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos
santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo, até
que todos cheguemos a unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão
perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais
meninos inconstantes, levados em toda por todo vento de doutrina, pelo engano dos
homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em
caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o
corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa
operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.”
Este é não só o padrão universal de liderança que Deus estabeleceu para sua
Igreja, mas também, a descrição dos propósitos, definidos e mensuráveis, que
Ele propôs para serem alcançados. É, por assim dizer, o plano de vôo que o
piloto da aeronave tem em mãos para chegar ao destino.]. “NaquEle
que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
SUBSÍDIO ENSINADOR CRISTÃO
Segundo os estúdios, a epístola do apóstolo Paulo a Tito
foi escrita aproximadamente no ano 64 d.C., e provavelmente, foi redigida na Macedônia,
uma província que fazia fronteira com a Grécia. Por certo, a carta foi escrita
no tempo em que Paulo estava sob a custódia dos soldados romanos.
Nesta epístola, podemos dizer que há pelo menos quatro
assuntos principais ensinado pelo apóstolo Paulo: (1) O ensino sobre o caráter
e as qualificações espirituais necessárias a todos os que são separados para o
ministério na igreja 13 isto é, "homens piedosos", "de caráter
cristão comprovado" e "bem sucedidos na direção da sua família"
(1.5-9); (2) estímulo a Tito para ensinar a "sã doutrina", repreender
e silenciar os falsos mestres (1.1002.1); (3) descrição de Paulo para Tito do
devido papel dos anciões (2.1,2), das mulheres idosas (2.3,4), das mulheres
jovens (2.4,5), dos homens jovens (2.6-8) e dos servos (2.9,10) na comunidade
cristã em Creta; (4) por último, o apóstolo enfatiza que as boas obras e uma
vida de santidade a Deus são o devido fruto da fé genuína (1.16; 2.7,14).
Mediante essa lista de requisitos, notamos o quanto é
importante que, em primeiro lugar, quem se sente vocacionado para um chamado
ministerial, acima de tudo, seja reconhecido pela Igreja de Cristo. O
ministério na vida de uma pessoa não é algo oculto, ou de conhecimento apenas
para quem o deseja, mas é manifesto, reconhecido pela comunidade local a quem
ele serve. O ministério de Deus na vida de um vocacionado também não é
confirmado por uma só pessoa, mas confirmado e aprovado pela Igreja de Cristo
reunida naquela comunidade local. O ministério vocacional de um escolhido por
Deus, que ama o Senhor acima de todas as coisas, tem de ser reconhecido pelo
Corpo de Cristo, a igreja local.
Mas é preciso a igreja local saber discernir quem é de
quem não é vocacionado para o ministério. Para isso, o nosso Deus manifestou a
sua vontade nas Escrituras por intermédio do apóstolo Paulo sobre as características
de como deve ser uma pessoa vocacionada para o santo ministério. A Igreja de
Cristo não pode se furtar dessa responsabilidade, pois segundo a herança da tradição
da Reforma Protestante: não há um sacerdote como representante de Deus para o
povo; muito pelo contrário, em Cristo, todos somos sacerdotes, a nação santa e
o povo adquirido para propagar o Evangelho.
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