sábado, 8 de agosto de 2015

LIÇÃO 6: CONSELHOS GERAIS




SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Após instruir Timóteo em relação aos falsos mestres, Paulo dá alguns conselhos sobre o ministério cristão. Na aula de hoje meditaremos a respeito dos conselhos dados pelo Apóstolo com vistas à melhoria dos relacionamentos no contexto eclesiástico. Conforme veremos, isso envolve, entre outros assuntos, a relação entre patrão e empregado, bem como o cuidado financeiro do rebanho com o seu pastor, ainda que esse não deva depositar sua confiança nas riquezas.

1. O MINISTÉRIO CRISTÃO

A igreja deve permanecer atenta quanto ao sustento dos seus presbíteros, para tanto é preciso reconhecer que digno é o obreiro do seu salário. Os obreiros que tinham dedicação em tempo integral deveriam ser remunerados, aqueles que administravam bem, e se dedicavam à Palavra e à doutrina, seriam dignos de duplicados honorários (I Tm. 5.17). Os presbíteros devem ser aptos a ensinar, na verdade essa é uma das qualificações exigidas para esse ministério (I Tm. 3.2). Depreendemos que os presbíteros eram eminentemente supervisores da obra, mas alguns também se dedicavam ao ensino. É importante que tenhamos ministros que se esmeram no magistério eclesiástico (Rm. 12.7). Uma igreja que não valoriza os seus mestres está fadada a trilhar o caminho das falsas doutrinas. Essa valorização tem a ver com remuneração, especialmente àqueles que dependem totalmente do ministério, pois não se  deve privar o sustento ao boi que debulha (I Tm. 5.18). Os presbíteros também devem ter tratamento diferenciados, inicialmente que tenham vidas dedicadas a Deus, vigiem e orem para não caírem em pecado (Mt. 26.41). No caso de qualquer acusação contra eles, deve-se ter cuidado para não julgar antecipadamente, testemunhas confiáveis devem ser ouvidas (I Tm. 5.19). Se o pecado for comprovado, esse deve ser repreendido publicamente, a fim de que sirva de instrução para os demais, para que não venham a cometer o mesmo erro (I Tm. 5.20). Toda cautela é necessária, evitando, assim, que o obreiro seja injustamente acusado, e que não haja parcialidade (I Tm. 5.21). A imposição de mãos, em I Tm. 5.22, não se refere à consagração, mas a disciplina dos presbíteros. Com essa orientação o Apóstolo demonstra sensatez diante da necessidade da disciplina, ao mesmo tempo em que favorece a possibilidade de restauração do obreiro. Em seguida recomenda a Timóteo quanto à ingestão de um pouco de vinho, por razões medicinais, considerando que essa era uma prática comum na antiguidade (I Tm. 5.23). Na medicina antiga o vinho era prescrito, a fim de evitar problemas gástricos. Ninguém deve assumir esse recomendação como doutrinária, trata-se de uma orientação específica para Timóteo.

2. A RELAÇÃO PATRÕES E EMPREGADOS

Relacionamentos saudáveis são extremamente importantes para o bem estar da igreja. Por isso Paulo dá alguns conselhos sobre o trato entre patrões e empregados. A fé cristã sempre valorizou o trabalho, reconhecendo que esse é uma benção de Deus, uma possibilidade para glorificá-LO. O Deus que também trabalha espera que os seus servos façam tudo para glória dEle, não apenas para agradar a homens. Qualquer tipo de trabalho, contanto que seja lícito, é uma oportunidade para revelar nosso compromisso com Deus (Cl. 3.22,23). Por isso os servos devem estimar seus senhores, evitando que o nome de Deus, seja blasfemado (I Tm. 6.1). Como o cristão não trabalha apenas para homens, deve ser um empregado dedicado, não roubando do seu empregador, nem agindo com falta de responsabilidade. Os patrões, por sua vez, devem respeitar os direitos trabalhistas, há patrões que tratam muito mal seus empregados. Deus julgará a injustiça daqueles que administram gananciosamente seus recursos, privando os servos do pagamento necessário (Tg. 5.4). Existem leis trabalhistas que regem as relações patrão e empregado, e essas devem ser respeitadas pelos cristãos, para que sirvam de exemplo para a sociedade. Por outro lado, os empregados cristãos devem fazer todo o possível para não levar seus patrões também cristãos aos tribunais humanos. Paulo aconselha os crentes de Corinto, e isso se aplica também a nós, que resolvamos esse tipo de demanda internamente, sem apelas aos tribunais públicos (I Co. 6.6).

3. ALGUNS CONSELHOS

Na parte final da Epístola Paulo dá conselhos aos crentes a respeito de assuntos diversos. Inicialmente chama a atenção quanto àqueles que não respeitam a sã doutrina, que se distanciam da Palavra de Deus. Não podemos deixar de lembrar que a Bíblia foi inspirada pelo Espírito Santo (II Tm. 2.16,17; II Pe. 1.21). As igrejas genuinamente evangélicas se submetem ao testemunho fiel e verdadeiro das Escrituras, os ensinamentos são avaliados à luz desse crivo, os doutrinadores são julgados a partir daquilo que está escrito. É importante considerar esse conselho porque existem muitos mestres que estão se infiltrando nas igrejas apenas para auferir lucros dos fiéis. O obreiro de Deus, mesmo sendo sustentado pela igreja, não pode ser ganancioso, muito menos colocar o coração nas riquezas. A maior riqueza de um obreiro é a piedade (gr. eusebeia), uma vida dedicada a Deus, através de momentos de oração e meditação na Palavra. Existem muitos pastores que, por causa do desejo de ficarem ricos, estão se afastando da fé. Paulo adverte quanto ao amor ao dinheiro, ressaltando que o amor a esse é a raiz de toda espécie de males (I Tm. 6.9,10). Essa mensagem confronta diretamente a famigerada teologia da ganância, que está se infiltrando em muitas igrejas evangélicas. A espiritualidade do obreiro não deve ser identificada pelo total de bens que conseguiu acumular. De nada adianta ser rico na terra, ajuntar tesouros nos bancos, e não ser rico para Deus (Lc. 12.21). Há lideranças nas igrejas que se tornaram escravas do dinheiro, são obreiros fraudulentos que não conseguem ver outra coisa, a não ser a lã das ovelhas. Até mesmo os ricos da igreja devem ser ensinados a não colocar sua fé nos bens materiais que possuem, mas em Deus que abundantemente nos dá todas as coisas (I Tm. 6.17). Os bens não podem ser usados apenas para satisfação pessoal, devem servir também para fazer o bem ao próximo, é assim que se enriquece em boas obras (I Tm. 6.18).

CONCLUSÃO

O tesouro do cristão não está na terra, pois ele não coloca a sua fé no que tem, mas em quem Deus é (Mt. 6.19-24). Mamom é o deus deste século, e tem seu altar estabelecido no meio dos homens. O crente aprendeu a viver contente em todas as circunstâncias, e sabe tanto ter abundância quanto passar por privação (Fp. 4.13).  A piedade, demonstrada através do contentamento, é grande fonte de lucro para o cristão (I Tm. 6.6). Os obreiros desta geração não podem esquecer essa importante verdade bíblica, que está sendo deturpada por uma teologia equivocada, que busca apenas as riquezas terrenas, e que nada tem a ver com as Escrituras.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa


COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na lição de hoje estudaremos partes do capítulo cinco e seis da primeira Epístola de Timóteo. Neste capítulo Paulo dá a Timóteo instruções mais específicas quanto à liderança da igreja. Paulo deseja que o jovem pastor prossiga alegremente e de modo irrepreensível. Como pastor, Timóteo precisava aprender a lidar com os idosos e com todas as demais faixas etárias que compunham a igreja. O pastor precisa cuidar, apascentar o bebê, a criança, o adolescente, o jovem, o adulto e o ancião, pois todos fazem parte do rebanho do Senhor.
No capítulo seis Paulo vai dar prosseguimento as suas recomendações quanto ao relacionamento de Timóteo com as ovelhas. [Comentário:  O capítulo quatro de 1Tm encerra com exortação à fidelidade e à diligência no ministério e o capítulo cinco traz diversos conselhos ao jovem pastor, isso após ter desmascarado os falsos mestres, mostrando o que realmente são, Paulo, então, continua com uma série de admoestações pessoais a Timóteo sobre o seu ministério. Estas admoestações atingem todos os seguimentos da Igreja – são conselhos gerais – e Timóteo deveria, como bom ministro, deveria exortar – ou encorajar – os crentes com o respeito que merecem os membros da própria família. Aprendamos, então com estes conselhos – extremamente úteis para hoje – como bons ministros de Deus.]. Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?

1. O CUIDADO COM O REBANHO

1. O cuidado com os anciãos (5.1). O pastor precisa se relacionar bem com os membros de diferentes idades. Paulo procurou ensinar a Timóteo a maneira correta de lidar com as pessoas mais velhas. Todavia, isso não significa dizer que o pastor não deve corrigir, disciplinar os mais velhos, porém segundo o Comentário Bíblico Beacon o conselho de Paulo a Timóteo é: “Em vez de repreender o mais velho, solicite-lhe; apela a ele como se fosse teu pai”. [Comentário:  Mandamento que dá equilíbrio ao que está em 4.12. Timóteo não deve abusar da autoridade que ele possui. O termo ancião pode se referir a um oficial da igreja. Entretanto, a menção de quatro grupos pode, ao contrário, indicar idade, assim, embora a palavra presbíteros seja empregada aqui, seu sentido está relacionado a homens com mais de sessenta anos de idade, e não à função eclesiástica do presbítero. Timóteo tinha cerca de trinta anos quando assumiu o pastorado da igreja de Éfeso. Um cargo de tamanha importância e influência não era, normalmente, entregue a um homem tão jovem, no entanto, Paulo o conhecia bem, e exorta seu “filho na fé” a mostrar, por meio de um testemunho imaculado, ser um verdadeiro homem de Deus e um pastor do rebanho do Senhor (1Tm 1.2; 1Pe 5.1-4)].

2. O cuidado com as mulheres idosas e viúvas (5.2). As mulheres idosas deveriam ser tratadas como mães, ou seja, membros da família. O pastor deve proteger as irmãs idosas e ajudá-las para que continuem a crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo. Paulo também dá a Timóteo algumas orientações para que ele pudesse resolver as questões das viúvas na igreja (5.3-8). No mundo antigo, as viúvas enfrentavam uma situação difícil. Não havia o serviço de previdência social e quando o marido morria, se os filhos e parentes não cuidassem delas, elas passavam por sérias dificuldades financeiras. Não havia espaço para a mulher viúva no mercado de trabalho, por isso, a igreja deveria sustentar aquelas que não tinham nenhum parente. [Comentário:  Não é novidade para o estudante da Bíblia que na época da igreja primitiva, as viúvas, assim como os órfãos, de modo geral, viviam em completo desamparo, pois a sociedade não dispunha de mecanismos de assistência social como em nossos dias. Paulo entretanto, faz duas observações interessantes: a igreja deve cuidar – amparar – dos verdadeiros necessitados em seu meio, de maneira que a ninguém falte o necessário para viver dignamente. Entretanto, adverte aos líderes cristãos para que tenham cuidado com os falsos desamparados, pessoas que usam sua situação de penúria e ociosidade para viverem às custas do trabalho do próximo. O cuidado pelas viúvas, que frequentemenete tinham grandes necessidades materiais, é um tema importante no Antigo Testamento (Dt 24.19-21; Is 1.17; Jr 22.3; Zc 7.9-10; Ml 3.5) e também foi uma preocupação especial da igreja primitiva (veja o versículo 16; At 6.1; Tg 1.27). Além disso, as mulheres idosas deveriam ser tratadas com um grande respeito, e as moças, como irmãs. Todos os relacionamentos sociais e físicos devem ser puros e íntegros.].

3. O cuidado com os ministros fiéis (v.17). Os líderes que são fiéis ao Senhor e à Igreja devem ser estimados e apoiados. Sabemos que não é fácil agradar a todos e que os líderes sempre acabam sendo alvo de críticas. Como temos tratado os líderes de nossas igrejas? Com estima e apreço? Assim como os primeiros apóstolos, muitos dos obreiros de Éfeso deixaram tudo para seguir a Cristo, vivendo exclusivamente da igreja e para a igreja. O cuidado espiritual e econômico fazia parte das recomendações de Paulo a Timóteo. Aos coríntios, ele fez observações idênticas, revelando seu zelo pela manutenção dos obreiros (1Co 9.6-10). [Comentário:  Vivemos dias de descrédito quanto ao ministério pastoral, isso em virtude de que muitos falsos lideres religiosos - charlatões - que vivem da ignorância do povo. Estes sabem tirar dinheiro dos incautos. Sabe-se que alguns religiosos só aproveitam a religião para ficarem ricos – isso é fato. Diante disso, deve uma igreja sustentar financeiramente o seu pastor? A resposta Bíblica é um grande SIM. Paulo exorta a Timóteo sobre a honra da posição daquele que preside ou se dedica ao ensino, bem como sobre sua remuneração financeira (v. 18). Temos duas espécies de presbíteros aqui: os que governam a igreja e os que, além disso, efetuam o ministério mais especializado de pregação e ensino. Note, ainda, que não encontramos nenhuma orientação acerca dos chamados pregadores itinerantes, não havia (há?) este ministério (?). O fato de Paulo citar, no versículo 18, Dt 25.4 e uma declaração feita por Jesus, registrada em Lc 10.7, como sendo Escritura, é uma indicação de quão cedo escritos cristãos foram postos no mesmo nível de autoridade do Antigo Testamento (2Pe 3.15, 16). Com isto, Paulo reforça sua tese sobre a importância da igreja assumir o sustento completo dos pastores e ministros que dedicavam tempo integral à obra. O trabalho de atender pelo rebanho de Deus (veja Atos 20:28-32) o coloca como alvo dos que estão insatisfeitos. Por isso, a “honra” insiste que uma denúncia contra um presbítero seja aceita somente com testemunho incontestável (5:19).].



SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“Nos tempos da Bíblia, as viúvas geralmente não tinham meio de ganhar a vida. Aquelas que não tinham filhos nem netos que as sustentassem eram literalmente necessitadas. Os judeus e os primeiros cristãos mostraram grande preocupação por estas mulheres, e eram cuidadosos em prover para elas. Esta carta a Timóteo sugere que as viúvas cristãs não se limitavam a receber ajuda. Aquelas que tivessem demonstrado um caráter cristão recebiam papéis quase oficiais na igreja (5.9,10), e um ministério ativo junto a jovens casadas (Tt 2.3-5).
Paulo, no entanto, limita ainda mais os membros neste papel oficial, embora sem limitar os direitos das viúvas que não tinham famílias que as sustentassem. Ele incentiva as viúvas jovens a se casarem novamente. E adverte que ‘a viúva que vive em deleites, vivendo, está morta’. A expressão ‘que vive em deleites’ é uma única palavra em grego, spatalao, que significa viver auto indulgentemente ou em luxúria. Paulo não está acusando estas viúvas de uma conduta sexual errada, mas sim de materialismo, de uma perspectiva voltada a si mesmas, que contrasta com a de uma viúva que ‘espera em Deus e persevera de noite e de dia em rogos e orações’.
Uma mulher assim está ‘morta’ no sentido de que ela é insensível às realidades que marcam os outros como sendo particularmente vitais e vivos” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2012, pp.471-72).

2. O TRATO COM O PRESBITÉRIO

1. Acusação contra os presbíteros. Os presbíteros, ou pastores, não são isentos de falhas. Eles estão sujeitos a pecar, por isso, precisam vigiar e orar ainda mais (Mt 26.41). Nenhum obreiro pode pensar que é infalível. Sabemos que os líderes cristãos são alvo de críticas, calúnias, injúrias e difamações, por isso, Paulo dá orientações importantes quanto aos pastores dizendo: “Não aceites acusação contra presbítero, senão com duas ou três testemunhas” (1Tm 5.19 cf. Dt 19.15). Mas, se o líder for realmente culpado, precisa se arrepender, confessar, deixar os seus pecados e ser disciplinado (Pv 28.13). Encobrir os erros daqueles que pecaram não é a solução, pois “Deus não tem o culpado por inocente” (Nm 14.18). [Comentário:  O Senhor Jesus afirma que a quem maior autoridade é dada, maior será o grau de responsabilidade diante dele. Na parábola do servo vigilante lemos que “àquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez cousas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas aquele quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e aquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lc 12:48, ARA). Os presbíteros e diáconos são capacitados com dons específicos, e recebem o reconhecimento da igreja e são revestidos de autoridade por Cristo para liderarem o rebanho. Por estes motivos, não podem ser relapsos, nem irresponsáveis com os seus deveres cristãos em todas as áreas da sua vida. Eles prestarão contas, de um modo especial. Se fiéis em seu dever a sua honra será maior, entretanto, também será proporcional o escândalo se houver queda. Não se deve aceitar qualquer acusação contra um presbítero, a não ser que seja endossado pelo testemunho verbal de duas ou três pessoas, e que sejam fidedignas. William Hendriksen comenta que “não se deve prejudicar desnecessariamente a reputação de um presbítero, e sua obra não deve sofrer uma interrupção desnecessária.”[ William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito (São Paulo, Editora Cultura Cristã), p. 228.] O mesmo poderia ser concluído acerca dos diáconos. O livro de Provérbios observa que “mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro” (Pv 22:1).].

2. A repreensão aos presbíteros. “Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor” (5.20). Aqui, Paulo ensina a respeito da forma como aqueles que pecaram e tiveram suas faltas comprovadas por testemunhas, devem ser disciplinados. O pastor que aplica a disciplina precisa ter muito cuidado para agir conforme a reta justiça. A disciplina deve ser feita de maneira criteriosa, com sabedoria e amor. [Comentário:  Em se comprovando que o pastor realmente está errado, a Bíblia ensina que ele deve ser exortado publicamente, não se deve colocar panos quentes, ou se tratar às escondidas, veja que Paulo exorta para que não haja parcialidade ou favoritismo. E isso deve ser assim para que haja temor no meio do povo de Deus. Perceba que o texto não fala que o pastor deve ser mandado embora, ou que ele não pode mais pastorear o rebanho, nem afirma que o mesmo está desqualificado para ser pastor, mas que deve ser exortado publicamente, na frente de toda a igreja, justamente para que até mesmo seus erros e pecados sejam um exemplo para o rebanho, um pastor que se sujeita a isso é irrepreensível, pois está sempre de cara limpa diante de todos, não tendo acusações ocultas que possam causar suspeitas, pelo contrário, tudo é às claras, comprovado, e explícito a todos. Além disso, Paulo diz que o objetivo disso é gerar temor na Igreja, temor de Deus, sendo a exortação pública do pastor uma bênção para a vida da Igreja, gerando na mesma purificação, sendo que o exemplo do pastor leva outros a confessarem seus pecados e os deixarem.].

3. O cuidado com a saúde (v.23). Paulo aconselhou Timóteo a não beber somente água pura, mas misturar um pouco de vinho à água. Não sabemos ao certo o porquê de tal conselho, mas sabemos que naquele tempo as pessoas não podiam contar com os medicamentos que temos hoje. Sabemos também que o crente não deve beber vinho. Encontramos na Palavra de Deus inúmeras advertências a respeito do vinho (Lv 10.9; Pv 20.1; 23.31 e Ef 5.18). O importante aqui é ressaltar que esse texto contraria a ideia de que o crente não pode adoecer. Certamente Paulo sofreu algum
tipo de enfermidade (Gl 4.13); seus companheiros, como Trófimo, adoeceram (2Tm 4.20). Essas pessoas não tinham fé? Estavam em pecado? De forma alguma! O líder também está sujeito a enfermidade, por isso, precisa cuidar da sua saúde física e emocional a fim de que possa cuidar do rebanho do Senhor. [Comentário:  Quando o assunto do vinho é apresentado na Bíblia, o primeiro texto que aparece e que vem à mente de muitas pessoas é de 1 Tm. 5:23, onde Paulo aconselha a Timóteo a tomar um pouco de vinho. Um fator frequentemente ignorado é que a advertência “Não continues a beber somente água” implica que Timóteo, como os sacerdotes e nazireus, absteve-se de vinho fermentado e não fermentado desde a época de seu nascimento, presumivelmente em concordância com as instruções e o exemplo de Paulo. A referência de Paulo à pureza no versículo 22 pode tê-lo levado a inserir uma nota pessoal a Timóteo sobre o efeito de que a rejeição do uso medicinal do vinho para problemas estomacais não tinha nada a ver com pureza. Ele tinha que se prevenir contra o falso ascetismo. A prática da abstenção de vinho como uma questão de princípio talvez reflita a influencia do conceito de pureza dos falsos mestres (veja 4.3), além do que, Paulo reconhece o valor medicinal do vinho, no entanto, não devemos entender que Paulo esteja liberando o beber vinho, isso porque, anteriormente na mesma epístola Paulo disse que o que se requeria de um bispo Cristão não era apenas ser abstinente (nephalion), mas também não participante de bebidas em lugares e festas (me paroinon -- 1 Tm 3:2-3). É razoável assumir que o apóstolo não poderia ter instruído a Timóteo para requerer abstinência dos líderes da igreja sem primeiro ensiná-lo com tal princípio. O fato de que Timóteo tenha bebido apenas água, implica que ele havia seguido o conselho de seu mestre muito meticulosamente. O princípio da abstinência não foi violado pela recomendação de Paulo, porque o uso de um pouco de vinho era recomendado não para o prazer do abdômen, mas como uma necessidade terapêutica do estômago.].


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Presbíteros (5.17-20). Paulo observa que os presbíteros ‘dirigem os interesses da Igreja’. O vocábulo grego proestotes quer dizer presidir, supervisionar a vida da congregação. A expressão ‘merecedores de dobrados’, no contexto, parece querer se referir aos os aspectos financeiros e de respeito.
A mensagem de Deuteronômio 19.15 insiste que até mesmo os comuns do povo devem ser protegidos contra as acusações de terceiros. O cargo público faz com que seus ocupantes sejam mais vulneráveis à hostilidade e falsas acusações do que as outras pessoas. Se acreditarem nessa acusação, estariam obstruindo a liderança.
Na igreja, não há quem esteja isento de responsabilidades. Com efeito, a projeção do cargo de presbítero implica em censura pública caso venha a cometer alguma falta. Ao protegermos nossos líderes da responsabilidade de seus atos pecaminosos, corrompemos a igreja, pois seus membros não levarão a sério quando forem admoestados” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.837).

3. CONSELHOS GERAIS

1. Aos que não respeitam a sã doutrina (6.3,4). Doutrina “é a exposição sistemática e lógica das verdades extraídas da Bíblia”. Na igreja em Éfeso havia alguns falsos mestres que resolveram disseminar falsos ensinos. Algumas igrejas, infelizmente, têm sucumbido aos apelos dos falsos mestres que deturpam a sã doutrina (1Tm 1.10), falsificando a Palavra (2Co 4.2), e seguindo os ensinos de Balaão. Para piorar ainda mais a situação, essas igrejas, à semelhança de Tiatira, acabam tolerando a imoralidade (Ap 2.14,15,20,22). Porém, a autêntica noiva de Cristo mantém-se fiel às Escrituras (Jo 14.15,21,23; Tt 1.9), pois, é “a igreja do Deus vivo a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15). [Comentário:  Paulo retoma pela última vez ao problema dos falsos mestres, destacando especialmente sua tendência de causar divisões e sua ganância. Isso leva-o a refletir sobre a perspectiva correta que se deve ter sobre a posse de bens materiais. Aqui, então, ele retorna à necessidade da doutrina sadia (veja 1.3). Todo o ensinamento deve ser julgado mediante as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo. Alguns mestres, inchados com sua própria importância, haviam substituído a doutrina completa de Cristo por doutrinas controversas e sutilmente ambíguas. Na sua Epístola aos Efésios, Paulo havia prevenido a igreja do perigo de serem “agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina” (Efésios 4.14). Foi esta a razão pela qual Paulo deixou Timóteo em Éfeso. Paulo refere-se ao problema dos efésios como “loquacidade frívola”, “fábulas” e “sabedoria falsa”, e menciona genealogias como se os cristãos de Éfeso estivessem interessados em descobrir suas origens. Através do Judaísmo daquela época, elaboradas interpretações fantasiosas do Antigo Testamento estavam-se espalhando com rapidez. E como os efésios estivessem numa posição que permitia o conhecimento de tudo o que surgia, os cristãos estavam sempre contando novidades e especulando como poderiam encaixar a última novidade em sua teologia eclética. Deste modo, passavam o tempo falando e argumentando, mais do que realmente realizando algo.].

2. Aos que querem ser ricos (6.9,10). É muito eloquente a exortação de Paulo acerca dos que buscam riquezas. Ele se refere aos “que querem ser ricos” ou que vivem buscando bens materiais, não dando valor às coisas de Deus. São como o rico da parábola, de quem Jesus disse: “Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus” (Lc 12.21). Paulo não é contra o possuir bens materiais, pois estes podem ser usados para o Reino de Deus, beneficiando a obra do Senhor. Paulo fala aqui do desejo de ser rico a qualquer custo. Ele fala do amor ao dinheiro e da cobiça. A Palavra de Deus nos ensina que a cobiça leva a todos os tipos de males: adultério, roubo, corrupção, suborno, etc.[Comentário:  A Bíblia identifica a busca insaciável e avarenta pelas riquezas como idolatria, a qual é demoníaca (cf. 1Co 10.19,20; Cl 3.5). Por causa da influência demoníaca associada à riqueza, a ambição por ela e a sua busca freqüentemente escravizam as pessoas (cf. Mt 6.24). A ambição e a cobiça, por serem formas de auto-adoração, afastam o homem de Deus e dos seus valores, comprometendo a estabilidade da família. As riquezas são, na perspectiva de Jesus, um obstáculo, tanto à salvação como ao discipulado (Mt 19.24; 13.22). Transmitem um falso senso de segurança (12.15ss.), enganam (Mt 13.22) e exigem total lealdade do coração (Mt 6.21). Quase sempre os ricos vivem como quem não precisa de Deus. Na sua luta para acumular riquezas, os ricos sufocam sua vida espiritual (8.14), caem em tentação e sucumbem aos desejos nocivos (1Tm 6.9), e daí abandonam a fé (1Tm 6.10). Geralmente os ricos exploram os pobres (Tg 2.5,6). O cristão não deve, pois, ter a ambição de ficar rico (1Tm 6.9-11)].

3. Conselhos aos ricos (6.17-19). Paulo aconselha aos ricos que não sejam arrogantes e não depositem sua esperança na riqueza. Os bens materiais são efêmeros, pois não vamos levar nada quando partirmos desta vida (6.17). Paulo exorta aos ricos que “façam o bem, enriqueçam em boas
obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis” (6.18). As boas obras não salvam ninguém (Ef 2.8,9), mas são necessárias ao bom testemunho cristão e fazem parte da vida cristã (Ef 2.10). O crente sábio não entesoura para esta vida, mas para a futura (Mt 6.19-21). [Comentário:  A advertência é contra o materialismo e a favor da espiritualidade. A palavra piedade - que quer dizer santidade, dever religioso, reverência e devoção a Deus - descreve o que tem verdadeiro valor na vida. O discípulo só precisa das necessidades físicas, sem luxo, porque já tem tudo: todas as riquezas pessoais e espirituais em Jesus! Dinheiro não compra as coisas importantes; elas são presentes de Deus. O discípulo precisa apenas do necessário para servir a Deus e não precisa cuidar da sua própria segurança financeira porque Deus faz isto. O contentamento com aquilo que possui, sem cobiça e avareza, é lucro puro. Não um lucro financeiro, como o dos charlatões, porém lucro emocional e moral, de consciência tranquila, que vale mais do que as riquezas. Os perigos são os males inevitáveis dos que querem ficar ricos, dos obcecados pelo amor do dinheiro. O aviso é a certeza de ciladas e ruína. Por quê? Porque riquezas sem Deus trazem apenas decepção e desilusão - o rico tem tudo e não possui nada de valor e se pergunta: só isto? Dinheiro promete tudo e não satisfaz; não cumpre suas expectativas. Um exemplo bíblico é Demas, que abandonou o apóstolo Paulo, “tendo amado o presente século” (2Tm 4.10). Querendo mais, acabou tendo nada. O jovem rico é outro exemplo; não segue Jesus por ser “dono de muitas propriedades” (Mc 10.22). Portanto, o Mestre alerta na parábola do semeador: “os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera.” (Mc 4.19).].

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“Foge destas coisas (1Tm 6.11-19). ‘Fugir’ no sentido figurativo significa evitar ou abster-se. Voltemos às costas para o desejo de tudo o que este mundo tem a oferecer e optemos pela justiça, piedade, fé, amor, tolerância e gentileza. Se estas qualidades são verdadeiras em nós, também é o nosso tesouro. Assim, estaremos a salvo das tentações que arrastam e lançam muitos à ruína.
Aos ricos, Paulo recomenda que não sejam arrogantes nem depositem sua esperança na riqueza. Mudem todo o foco de sua expectativa para o futuro com Deus. Usem o dinheiro para as boas obras. Sejam generosos e repartam. Estejam seguros de que o fundamental seja ampliado a cada dia, não na terra, mas nos céus” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.838).

CONCLUSÃO

Paulo era cuidadoso em sua missão pastoral. Ele se preocupava com diversos assuntos de interesse da igreja, de sua liderança e de seus membros. Deu especial importância à manutenção dos obreiros, discorreu sobre a questão da disciplina dos líderes, especialmente dos presbíteros que vierem a falhar. De forma bem clara, doutrinou igualmente sobre o relacionamento humano, na igreja local, entre servos e senhores. [Comentário:  As cartas pastorais se caracterizam pelas dezenas de exortações. Os verbos sempre estão no imperativo, como, por exemplo: “Combata o bom combate”, “Exercite-se na piedade”, “Fortifique-se na graça”, “Pregue a palavra”, “Seja moderado” etc. Se fizermos um arranjo desses imperativos, encontraremos oito exortações básicas: 1. Cuidado com a saúde: (1 Tm 5.23); 2. Cuidado com a vida devocional: (1 Tm 4.7,8; 2 Tm 2.1); 3. Cuidado com a sexualidade: (1Tm 5.2;1Tm 5.22; 2Tm 2.22); 4. Cuidado com o exemplo: (1Tm 4.12; Tt 2.7); 5. Cuidado com as atitudes: (1Tm 5.1,2; 1Tm 5.19; 2Tm 2.23,24); 6. Cuidado com a pregação: (1Tm 4.6; 1Tm 4.13; 2Tm 2.15; 2Tm 2.8; 2Tm 4.2); 7. Cuidado com a doutrina: (1Tm 4.7; 2Tm 1.13; 2Tm 3.14; Tt 2.1), e 8. Cuidado com a moderação: (2Tm 4.5; 1Tm 5.22). Estes oito imperativos estendem-se à todos os crentes, não apenas à liderança. São conselhos gerais extremamente atuais e necessitam ser colocados em prática! Amadureça na fé - “Combata -Exercite-se - Fortifique-se - Pregue – Seja!]. NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.



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