SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Após instruir Timóteo em relação aos falsos
mestres, Paulo dá alguns conselhos sobre o ministério cristão. Na aula de hoje
meditaremos a respeito dos conselhos dados pelo Apóstolo com vistas à melhoria
dos relacionamentos no contexto eclesiástico. Conforme veremos, isso envolve,
entre outros assuntos, a relação entre patrão e empregado, bem como o cuidado
financeiro do rebanho com o seu pastor, ainda que esse não deva depositar sua
confiança nas riquezas.
1. O MINISTÉRIO CRISTÃO
A igreja deve permanecer atenta quanto ao sustento
dos seus presbíteros, para tanto é preciso reconhecer que digno é o obreiro do
seu salário. Os obreiros que tinham dedicação em tempo integral deveriam ser
remunerados, aqueles que administravam bem, e se dedicavam à Palavra e à doutrina,
seriam dignos de duplicados honorários (I Tm. 5.17). Os presbíteros devem ser
aptos a ensinar, na verdade essa é uma das qualificações exigidas para esse
ministério (I Tm. 3.2). Depreendemos que os presbíteros eram eminentemente
supervisores da obra, mas alguns também se dedicavam ao ensino. É importante
que tenhamos ministros que se esmeram no magistério eclesiástico (Rm. 12.7).
Uma igreja que não valoriza os seus mestres está fadada a trilhar o caminho das
falsas doutrinas. Essa valorização tem a ver com remuneração, especialmente
àqueles que dependem totalmente do ministério, pois não se deve privar o sustento ao boi que debulha (I
Tm. 5.18). Os presbíteros também devem ter tratamento diferenciados, inicialmente
que tenham vidas dedicadas a Deus, vigiem e orem para não caírem em pecado (Mt.
26.41). No caso de qualquer acusação contra eles, deve-se ter cuidado para não
julgar antecipadamente, testemunhas confiáveis devem ser ouvidas (I Tm. 5.19).
Se o pecado for comprovado, esse deve ser repreendido publicamente, a fim de
que sirva de instrução para os demais, para que não venham a cometer o mesmo
erro (I Tm. 5.20). Toda cautela é necessária, evitando, assim, que o obreiro
seja injustamente acusado, e que não haja parcialidade (I Tm. 5.21). A imposição
de mãos, em I Tm. 5.22, não se refere à consagração, mas a disciplina dos
presbíteros. Com essa orientação o Apóstolo demonstra sensatez diante da
necessidade da disciplina, ao mesmo tempo em que favorece a possibilidade de
restauração do obreiro. Em seguida recomenda a Timóteo quanto à ingestão de um
pouco de vinho, por razões medicinais, considerando que essa era uma prática
comum na antiguidade (I Tm. 5.23). Na medicina antiga o vinho era prescrito, a
fim de evitar problemas gástricos. Ninguém deve assumir esse recomendação como
doutrinária, trata-se de uma orientação específica para Timóteo.
2. A RELAÇÃO PATRÕES E
EMPREGADOS
Relacionamentos saudáveis são extremamente
importantes para o bem estar da igreja. Por isso Paulo dá alguns conselhos
sobre o trato entre patrões e empregados. A fé cristã sempre valorizou o
trabalho, reconhecendo que esse é uma benção de Deus, uma possibilidade para
glorificá-LO. O Deus que também trabalha espera que os seus servos façam tudo
para glória dEle, não apenas para agradar a homens. Qualquer tipo de trabalho,
contanto que seja lícito, é uma oportunidade para revelar nosso compromisso com
Deus (Cl. 3.22,23). Por isso os servos devem estimar seus senhores, evitando
que o nome de Deus, seja blasfemado (I Tm. 6.1). Como o cristão não trabalha
apenas para homens, deve ser um empregado dedicado, não roubando do seu
empregador, nem agindo com falta de responsabilidade. Os patrões, por sua vez,
devem respeitar os direitos trabalhistas, há patrões que tratam muito mal seus
empregados. Deus julgará a injustiça daqueles que administram gananciosamente
seus recursos, privando os servos do pagamento necessário (Tg. 5.4). Existem
leis trabalhistas que regem as relações patrão e empregado, e essas devem ser
respeitadas pelos cristãos, para que sirvam de exemplo para a sociedade. Por
outro lado, os empregados cristãos devem fazer todo o possível para não levar
seus patrões também cristãos aos tribunais humanos. Paulo aconselha os crentes
de Corinto, e isso se aplica também a nós, que resolvamos esse tipo de demanda
internamente, sem apelas aos tribunais públicos (I Co. 6.6).
3. ALGUNS CONSELHOS
Na parte final da Epístola Paulo dá conselhos aos
crentes a respeito de assuntos diversos. Inicialmente chama a atenção quanto
àqueles que não respeitam a sã doutrina, que se distanciam da Palavra de Deus.
Não podemos deixar de lembrar que a Bíblia foi inspirada pelo Espírito Santo
(II Tm. 2.16,17; II Pe. 1.21). As igrejas genuinamente evangélicas se submetem
ao testemunho fiel e verdadeiro das Escrituras, os ensinamentos são avaliados à
luz desse crivo, os doutrinadores são julgados a partir daquilo que está
escrito. É importante considerar esse conselho porque existem muitos mestres
que estão se infiltrando nas igrejas apenas para auferir lucros dos fiéis. O
obreiro de Deus, mesmo sendo sustentado pela igreja, não pode ser ganancioso,
muito menos colocar o coração nas riquezas. A maior riqueza de um obreiro é a
piedade (gr. eusebeia), uma vida dedicada a Deus, através de momentos de oração
e meditação na Palavra. Existem muitos pastores que, por causa do desejo de
ficarem ricos, estão se afastando da fé. Paulo adverte quanto ao amor ao
dinheiro, ressaltando que o amor a esse é a raiz de toda espécie de males (I
Tm. 6.9,10). Essa mensagem confronta diretamente a famigerada teologia da
ganância, que está se infiltrando em muitas igrejas evangélicas. A
espiritualidade do obreiro não deve ser identificada pelo total de bens que
conseguiu acumular. De nada adianta ser rico na terra, ajuntar tesouros nos bancos,
e não ser rico para Deus (Lc. 12.21). Há lideranças nas igrejas que se tornaram
escravas do dinheiro, são obreiros fraudulentos que não conseguem ver outra
coisa, a não ser a lã das ovelhas. Até mesmo os ricos da igreja devem ser
ensinados a não colocar sua fé nos bens materiais que possuem, mas em Deus que
abundantemente nos dá todas as coisas (I Tm. 6.17). Os bens não podem ser
usados apenas para satisfação pessoal, devem servir também para fazer o bem ao
próximo, é assim que se enriquece em boas obras (I Tm. 6.18).
CONCLUSÃO
O tesouro do cristão não está na terra, pois ele
não coloca a sua fé no que tem, mas em quem Deus é (Mt. 6.19-24). Mamom é o
deus deste século, e tem seu altar estabelecido no meio dos homens. O crente
aprendeu a viver contente em todas as circunstâncias, e sabe tanto ter
abundância quanto passar por privação (Fp. 4.13). A piedade, demonstrada através do
contentamento, é grande fonte de lucro para o cristão (I Tm. 6.6). Os obreiros
desta geração não podem esquecer essa importante verdade bíblica, que está
sendo deturpada por uma teologia equivocada, que busca apenas as riquezas
terrenas, e que nada tem a ver com as Escrituras.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos partes do capítulo cinco e seis da primeira
Epístola de Timóteo. Neste capítulo Paulo dá a Timóteo instruções mais
específicas quanto à liderança da igreja. Paulo deseja que o jovem pastor
prossiga alegremente e de modo irrepreensível. Como pastor, Timóteo precisava
aprender a lidar com os idosos e com todas as demais faixas etárias que
compunham a igreja. O pastor precisa cuidar, apascentar o bebê, a criança, o
adolescente, o jovem, o adulto e o ancião, pois todos fazem parte do rebanho do
Senhor.
No capítulo seis
Paulo vai dar prosseguimento as suas recomendações quanto ao relacionamento de
Timóteo com as ovelhas. [Comentário: O capítulo quatro de
1Tm encerra com exortação à fidelidade e à diligência no ministério e o
capítulo cinco traz diversos conselhos ao jovem pastor, isso após ter
desmascarado os falsos mestres, mostrando o que realmente são, Paulo, então,
continua com uma série de admoestações pessoais a Timóteo sobre o seu
ministério. Estas admoestações atingem todos os seguimentos da Igreja – são
conselhos gerais – e Timóteo deveria, como bom ministro, deveria exortar – ou
encorajar – os crentes com o respeito que merecem os membros da própria
família. Aprendamos, então com estes conselhos – extremamente úteis para hoje –
como bons ministros de Deus.]. Vamos pensar maduramente sobre a fé
cristã?
1. O CUIDADO COM O
REBANHO
1. O cuidado com os
anciãos (5.1). O pastor precisa se relacionar bem com os membros de diferentes
idades. Paulo procurou ensinar a Timóteo a maneira correta de lidar com as
pessoas mais velhas. Todavia, isso não significa dizer que o pastor não deve
corrigir, disciplinar os mais velhos, porém segundo o Comentário
Bíblico Beacon o conselho de Paulo a Timóteo é: “Em vez de repreender
o mais velho, solicite-lhe; apela a ele como se fosse teu pai”. [Comentário: Mandamento que dá equilíbrio ao que está
em 4.12. Timóteo não deve abusar da autoridade que ele possui. O termo ancião pode
se referir a um oficial da igreja. Entretanto, a menção de quatro grupos pode,
ao contrário, indicar idade, assim, embora a palavra presbíteros seja empregada
aqui, seu sentido está relacionado a homens com mais de sessenta anos de idade,
e não à função eclesiástica do presbítero. Timóteo tinha cerca de trinta anos
quando assumiu o pastorado da igreja de Éfeso. Um cargo de tamanha importância
e influência não era, normalmente, entregue a um homem tão jovem, no entanto,
Paulo o conhecia bem, e exorta seu “filho na fé” a mostrar, por meio de um
testemunho imaculado, ser um verdadeiro homem de Deus e um pastor do rebanho do
Senhor (1Tm 1.2; 1Pe 5.1-4)].
2. O cuidado com as
mulheres idosas e viúvas (5.2). As mulheres idosas deveriam ser tratadas como
mães, ou seja, membros da família. O pastor deve proteger as irmãs idosas e
ajudá-las para que continuem a crescer na graça e no conhecimento de Jesus
Cristo. Paulo também dá a Timóteo algumas orientações para que ele pudesse
resolver as questões das viúvas na igreja (5.3-8). No mundo antigo, as viúvas
enfrentavam uma situação difícil. Não havia o serviço de previdência social e
quando o marido morria, se os filhos e parentes não cuidassem delas, elas
passavam por sérias dificuldades financeiras. Não havia espaço para a mulher
viúva no mercado de trabalho, por isso, a igreja deveria sustentar aquelas que
não tinham nenhum parente. [Comentário: Não é novidade para o estudante da
Bíblia que na época da igreja primitiva, as viúvas, assim como os órfãos, de
modo geral, viviam em completo desamparo, pois a sociedade não dispunha de
mecanismos de assistência social como em nossos dias. Paulo entretanto, faz
duas observações interessantes: a igreja deve cuidar – amparar – dos
verdadeiros necessitados em seu meio, de maneira que a ninguém falte o
necessário para viver dignamente. Entretanto, adverte aos líderes cristãos para
que tenham cuidado com os falsos desamparados, pessoas que usam sua situação de
penúria e ociosidade para viverem às custas do trabalho do próximo. O cuidado
pelas viúvas, que frequentemenete tinham grandes necessidades materiais, é um
tema importante no Antigo Testamento (Dt 24.19-21; Is 1.17; Jr 22.3; Zc 7.9-10;
Ml 3.5) e também foi uma preocupação especial da igreja primitiva (veja o
versículo 16; At 6.1; Tg 1.27). Além disso, as mulheres idosas deveriam ser
tratadas com um grande respeito, e as moças, como irmãs. Todos os
relacionamentos sociais e físicos devem ser puros e íntegros.].
3. O cuidado com os
ministros fiéis (v.17). Os líderes que são fiéis ao Senhor e à Igreja devem ser estimados
e apoiados. Sabemos que não é fácil agradar a todos e que os líderes sempre
acabam sendo alvo de críticas. Como temos tratado os líderes de nossas igrejas?
Com estima e apreço? Assim como os primeiros apóstolos, muitos dos obreiros de
Éfeso deixaram tudo para seguir a Cristo, vivendo exclusivamente da igreja e
para a igreja. O cuidado espiritual e econômico fazia parte das recomendações
de Paulo a Timóteo. Aos coríntios, ele fez observações idênticas, revelando seu
zelo pela manutenção dos obreiros (1Co 9.6-10). [Comentário:
Vivemos dias de descrédito quanto ao ministério pastoral, isso em virtude de
que muitos falsos lideres religiosos - charlatões - que vivem da ignorância do
povo. Estes sabem tirar dinheiro dos incautos. Sabe-se que alguns religiosos só
aproveitam a religião para ficarem ricos – isso é fato. Diante disso, deve uma
igreja sustentar financeiramente o seu pastor? A resposta Bíblica é um grande
SIM. Paulo exorta a Timóteo sobre a honra da posição daquele que preside ou se
dedica ao ensino, bem como sobre sua remuneração financeira (v. 18). Temos duas
espécies de presbíteros aqui: os que governam a igreja e os que, além disso,
efetuam o ministério mais especializado de pregação e ensino. Note, ainda, que
não encontramos nenhuma orientação acerca dos chamados pregadores itinerantes,
não havia (há?) este ministério (?). O fato de Paulo citar, no
versículo 18, Dt 25.4 e uma declaração feita por Jesus, registrada em Lc 10.7,
como sendo Escritura, é uma indicação de quão cedo escritos cristãos foram
postos no mesmo nível de autoridade do Antigo Testamento (2Pe 3.15, 16). Com
isto, Paulo reforça sua tese sobre a importância da igreja assumir o sustento
completo dos pastores e ministros que dedicavam tempo integral à obra. O
trabalho de atender pelo rebanho de Deus (veja Atos 20:28-32) o coloca como
alvo dos que estão insatisfeitos. Por isso, a “honra” insiste que uma denúncia
contra um presbítero seja aceita somente com testemunho incontestável (5:19).].
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Nos tempos da
Bíblia, as viúvas geralmente não tinham meio de ganhar a vida. Aquelas que não
tinham filhos nem netos que as sustentassem eram literalmente necessitadas. Os
judeus e os primeiros cristãos mostraram grande preocupação por estas mulheres,
e eram cuidadosos em prover para elas. Esta carta a Timóteo sugere que as
viúvas cristãs não se limitavam a receber ajuda. Aquelas que tivessem
demonstrado um caráter cristão recebiam papéis quase oficiais na igreja
(5.9,10), e um ministério ativo junto a jovens casadas (Tt 2.3-5).
Paulo, no entanto,
limita ainda mais os membros neste papel oficial, embora sem limitar os
direitos das viúvas que não tinham famílias que as sustentassem. Ele incentiva
as viúvas jovens a se casarem novamente. E adverte que ‘a viúva que vive em
deleites, vivendo, está morta’. A expressão ‘que vive em deleites’ é uma única
palavra em grego, spatalao, que significa viver auto
indulgentemente ou em luxúria. Paulo não está acusando estas viúvas de uma
conduta sexual errada, mas sim de materialismo, de uma perspectiva voltada a si
mesmas, que contrasta com a de uma viúva que ‘espera em Deus e persevera de
noite e de dia em rogos e orações’.
Uma mulher assim
está ‘morta’ no sentido de que ela é insensível às realidades que marcam os
outros como sendo particularmente vitais e vivos” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2012,
pp.471-72).
2. O TRATO COM O
PRESBITÉRIO
1. Acusação contra
os presbíteros. Os presbíteros, ou pastores, não são isentos de falhas. Eles estão
sujeitos a pecar, por isso, precisam vigiar e orar ainda mais (Mt 26.41).
Nenhum obreiro pode pensar que é infalível. Sabemos que os líderes cristãos são
alvo de críticas, calúnias, injúrias e difamações, por isso, Paulo dá
orientações importantes quanto aos pastores dizendo: “Não aceites acusação
contra presbítero, senão com duas ou três testemunhas” (1Tm 5.19 cf. Dt 19.15).
Mas, se o líder for realmente culpado, precisa se arrepender, confessar, deixar
os seus pecados e ser disciplinado (Pv 28.13). Encobrir os erros daqueles que
pecaram não é a solução, pois “Deus não tem o culpado por inocente” (Nm 14.18). [Comentário: O Senhor Jesus afirma que a quem maior
autoridade é dada, maior será o grau de responsabilidade diante dele. Na
parábola do servo vigilante lemos que “àquele, porém, que não soube a vontade
do seu senhor e fez cousas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas
aquele quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e aquele a quem muito se
confia, muito mais lhe pedirão” (Lc 12:48, ARA). Os presbíteros e diáconos são
capacitados com dons específicos, e recebem o reconhecimento da igreja e são
revestidos de autoridade por Cristo para liderarem o rebanho. Por estes
motivos, não podem ser relapsos, nem irresponsáveis com os seus deveres
cristãos em todas as áreas da sua vida. Eles prestarão contas, de um modo
especial. Se fiéis em seu dever a sua honra será maior, entretanto, também será
proporcional o escândalo se houver queda. Não se deve aceitar qualquer acusação
contra um presbítero, a não ser que seja endossado pelo testemunho verbal de
duas ou três pessoas, e que sejam fidedignas. William Hendriksen comenta que
“não se deve prejudicar desnecessariamente a reputação de um presbítero, e sua
obra não deve sofrer uma interrupção desnecessária.”[ William Hendriksen,
Comentário do Novo Testamento – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito (São Paulo, Editora
Cultura Cristã), p. 228.] O mesmo poderia ser concluído acerca dos
diáconos. O livro de Provérbios observa que “mais vale o bom nome do que as
muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro” (Pv
22:1).].
2. A repreensão aos
presbíteros. “Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que
também os outros tenham temor” (5.20). Aqui, Paulo ensina a respeito da forma
como aqueles que pecaram e tiveram suas faltas comprovadas por testemunhas,
devem ser disciplinados. O pastor que aplica a disciplina precisa ter muito
cuidado para agir conforme a reta justiça. A disciplina deve ser feita de
maneira criteriosa, com sabedoria e amor. [Comentário:
Em se comprovando que o pastor realmente está errado, a Bíblia ensina que ele
deve ser exortado publicamente, não se deve colocar panos quentes, ou se tratar
às escondidas, veja que Paulo exorta para que não haja parcialidade ou
favoritismo. E isso deve ser assim para que haja temor no meio do povo de Deus.
Perceba que o texto não fala que o pastor deve ser mandado embora, ou que ele
não pode mais pastorear o rebanho, nem afirma que o mesmo está desqualificado
para ser pastor, mas que deve ser exortado publicamente, na frente de toda a
igreja, justamente para que até mesmo seus erros e pecados sejam um exemplo
para o rebanho, um pastor que se sujeita a isso é irrepreensível, pois está
sempre de cara limpa diante de todos, não tendo acusações ocultas que possam
causar suspeitas, pelo contrário, tudo é às claras, comprovado, e explícito a
todos. Além disso, Paulo diz que o objetivo disso é gerar temor na Igreja,
temor de Deus, sendo a exortação pública do pastor uma bênção para a vida da
Igreja, gerando na mesma purificação, sendo que o exemplo do pastor leva outros
a confessarem seus pecados e os deixarem.].
3. O cuidado com a
saúde (v.23). Paulo aconselhou Timóteo a não beber somente água pura, mas
misturar um pouco de vinho à água. Não sabemos ao certo o porquê de tal
conselho, mas sabemos que naquele tempo as pessoas não podiam contar com os
medicamentos que temos hoje. Sabemos também que o crente não deve beber vinho.
Encontramos na Palavra de Deus inúmeras advertências a respeito do vinho (Lv
10.9; Pv 20.1; 23.31 e Ef 5.18). O importante aqui é ressaltar que esse texto
contraria a ideia de que o crente não pode adoecer. Certamente Paulo sofreu
algum
tipo de enfermidade (Gl 4.13); seus companheiros, como Trófimo, adoeceram
(2Tm 4.20). Essas pessoas não tinham fé? Estavam em pecado? De forma alguma! O
líder também está sujeito a enfermidade, por isso, precisa cuidar da sua saúde
física e emocional a fim de que possa cuidar do rebanho do Senhor. [Comentário: Quando o assunto do vinho é apresentado na
Bíblia, o primeiro texto que aparece e que vem à mente de muitas pessoas é de 1
Tm. 5:23, onde Paulo aconselha a Timóteo a tomar um pouco de vinho. Um fator
frequentemente ignorado é que a advertência “Não continues a beber somente
água” implica que Timóteo, como os sacerdotes e nazireus, absteve-se de
vinho fermentado e não fermentado desde a época de seu nascimento,
presumivelmente em concordância com as instruções e o exemplo de Paulo. A
referência de Paulo à pureza no versículo 22 pode tê-lo levado a inserir uma
nota pessoal a Timóteo sobre o efeito de que a rejeição do uso medicinal do
vinho para problemas estomacais não tinha nada a ver com pureza. Ele tinha que
se prevenir contra o falso ascetismo. A prática da abstenção de vinho como uma
questão de princípio talvez reflita a influencia do conceito de pureza dos
falsos mestres (veja 4.3), além do que, Paulo reconhece o valor medicinal do
vinho, no entanto, não devemos entender que Paulo esteja liberando o beber vinho,
isso porque, anteriormente na mesma epístola Paulo disse que o que se requeria
de um bispo Cristão não era apenas ser abstinente (nephalion), mas também não
participante de bebidas em lugares e festas (me paroinon -- 1 Tm 3:2-3). É
razoável assumir que o apóstolo não poderia ter instruído a Timóteo para
requerer abstinência dos líderes da igreja sem primeiro ensiná-lo com tal
princípio. O fato de que Timóteo tenha bebido apenas água, implica que ele
havia seguido o conselho de seu mestre muito meticulosamente. O princípio da
abstinência não foi violado pela recomendação de Paulo, porque o uso de um
pouco de vinho era recomendado não para o prazer do abdômen, mas como uma
necessidade terapêutica do estômago.].
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Presbíteros
(5.17-20). Paulo observa que os presbíteros ‘dirigem os interesses da Igreja’.
O vocábulo grego proestotes quer dizer presidir, supervisionar
a vida da congregação. A expressão ‘merecedores de dobrados’, no contexto,
parece querer se referir aos os aspectos financeiros e de respeito.
A mensagem de
Deuteronômio 19.15 insiste que até mesmo os comuns do povo devem ser protegidos
contra as acusações de terceiros. O cargo público faz com que seus ocupantes
sejam mais vulneráveis à hostilidade e falsas acusações do que as outras
pessoas. Se acreditarem nessa acusação, estariam obstruindo a liderança.
Na igreja, não há
quem esteja isento de responsabilidades. Com efeito, a projeção do cargo de
presbítero implica em censura pública caso venha a cometer alguma falta. Ao
protegermos nossos líderes da responsabilidade de seus atos pecaminosos,
corrompemos a igreja, pois seus membros não levarão a sério quando forem
admoestados” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ:
CPAD, 2012, p.837).
3. CONSELHOS GERAIS
1. Aos que não
respeitam a sã doutrina (6.3,4). Doutrina “é a exposição sistemática e lógica
das verdades extraídas da Bíblia”. Na igreja em Éfeso havia alguns falsos
mestres que resolveram disseminar falsos ensinos. Algumas igrejas,
infelizmente, têm sucumbido aos apelos dos falsos mestres que deturpam a sã doutrina
(1Tm 1.10), falsificando a Palavra (2Co 4.2), e seguindo os ensinos de Balaão.
Para piorar ainda mais a situação, essas igrejas, à semelhança de Tiatira,
acabam tolerando a imoralidade (Ap 2.14,15,20,22). Porém, a autêntica noiva de
Cristo mantém-se fiel às Escrituras (Jo 14.15,21,23; Tt 1.9), pois, é “a igreja
do Deus vivo a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15). [Comentário: Paulo retoma pela última vez ao problema
dos falsos mestres, destacando especialmente sua tendência de causar divisões e
sua ganância. Isso leva-o a refletir sobre a perspectiva correta que se deve
ter sobre a posse de bens materiais. Aqui, então, ele retorna à necessidade da
doutrina sadia (veja 1.3). Todo o ensinamento deve ser julgado mediante as
palavras de nosso Senhor Jesus Cristo. Alguns mestres,
inchados com sua própria importância, haviam substituído a doutrina completa de
Cristo por doutrinas controversas e sutilmente ambíguas. Na sua Epístola aos
Efésios, Paulo havia prevenido a igreja do perigo de serem “agitados de um lado
para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina” (Efésios 4.14). Foi
esta a razão pela qual Paulo deixou Timóteo em Éfeso. Paulo refere-se ao
problema dos efésios como “loquacidade frívola”, “fábulas” e “sabedoria falsa”,
e menciona genealogias como se os cristãos de Éfeso estivessem interessados em
descobrir suas origens. Através do Judaísmo daquela época, elaboradas
interpretações fantasiosas do Antigo Testamento estavam-se espalhando com
rapidez. E como os efésios estivessem numa posição que permitia o conhecimento
de tudo o que surgia, os cristãos estavam sempre contando novidades e
especulando como poderiam encaixar a última novidade em sua teologia eclética.
Deste modo, passavam o tempo falando e argumentando, mais do que realmente
realizando algo.].
2. Aos que querem
ser ricos (6.9,10). É muito eloquente a exortação de Paulo acerca dos que buscam
riquezas. Ele se refere aos “que querem ser ricos” ou que vivem buscando bens
materiais, não dando valor às coisas de Deus. São como o rico da parábola, de
quem Jesus disse: “Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para
com Deus” (Lc 12.21). Paulo não é contra o possuir bens materiais, pois estes
podem ser usados para o Reino de Deus, beneficiando a obra do Senhor. Paulo
fala aqui do desejo de ser rico a qualquer custo. Ele fala do amor ao dinheiro
e da cobiça. A Palavra de Deus nos ensina que a cobiça leva a todos os tipos de
males: adultério, roubo, corrupção, suborno, etc.[Comentário: A Bíblia identifica a
busca insaciável e avarenta pelas riquezas como idolatria, a qual é demoníaca
(cf. 1Co 10.19,20; Cl 3.5). Por causa da influência demoníaca associada à
riqueza, a ambição por ela e a sua busca freqüentemente escravizam as pessoas
(cf. Mt 6.24). A ambição e a cobiça, por serem formas de auto-adoração, afastam
o homem de Deus e dos seus valores, comprometendo a estabilidade da família. As
riquezas são, na perspectiva de Jesus, um obstáculo, tanto à salvação como ao
discipulado (Mt 19.24; 13.22). Transmitem um falso senso de segurança (12.15ss.),
enganam (Mt 13.22) e exigem total lealdade do coração (Mt 6.21). Quase sempre
os ricos vivem como quem não precisa de Deus. Na sua luta para acumular
riquezas, os ricos sufocam sua vida espiritual (8.14), caem em tentação e
sucumbem aos desejos nocivos (1Tm 6.9), e daí abandonam a fé (1Tm 6.10).
Geralmente os ricos exploram os pobres (Tg 2.5,6). O cristão não deve, pois,
ter a ambição de ficar rico (1Tm 6.9-11)].
3. Conselhos aos
ricos (6.17-19). Paulo aconselha aos ricos que não sejam arrogantes e não depositem
sua esperança na riqueza. Os bens materiais são efêmeros, pois não vamos levar
nada quando partirmos desta vida (6.17). Paulo exorta aos ricos que “façam o
bem, enriqueçam em boas
obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis”
(6.18). As boas obras não salvam ninguém (Ef 2.8,9), mas são necessárias ao bom
testemunho cristão e fazem parte da vida cristã (Ef 2.10). O crente sábio não
entesoura para esta vida, mas para a futura (Mt 6.19-21). [Comentário: A advertência é contra o materialismo e a favor da
espiritualidade. A palavra piedade - que quer dizer santidade, dever religioso,
reverência e devoção a Deus - descreve o que tem verdadeiro valor na vida. O
discípulo só precisa das necessidades físicas, sem luxo, porque já tem tudo:
todas as riquezas pessoais e espirituais em Jesus! Dinheiro não compra as
coisas importantes; elas são presentes de Deus. O discípulo precisa apenas do
necessário para servir a Deus e não precisa cuidar da sua própria segurança
financeira porque Deus faz isto. O contentamento com aquilo que possui, sem
cobiça e avareza, é lucro puro. Não um lucro financeiro, como o dos charlatões,
porém lucro emocional e moral, de consciência tranquila, que vale mais do que
as riquezas. Os perigos são os males inevitáveis dos que querem ficar ricos,
dos obcecados pelo amor do dinheiro. O aviso é a certeza de ciladas e ruína.
Por quê? Porque riquezas sem Deus trazem apenas decepção e desilusão - o rico
tem tudo e não possui nada de valor e se pergunta: só isto? Dinheiro promete tudo
e não satisfaz; não cumpre suas expectativas. Um exemplo bíblico é Demas, que
abandonou o apóstolo Paulo, “tendo amado o presente século” (2Tm 4.10).
Querendo mais, acabou tendo nada. O jovem rico é outro exemplo; não segue Jesus
por ser “dono de muitas propriedades” (Mc 10.22). Portanto, o Mestre alerta na
parábola do semeador: “os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as
demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera.”
(Mc 4.19).].
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Foge destas coisas
(1Tm 6.11-19). ‘Fugir’ no sentido figurativo significa evitar ou abster-se.
Voltemos às costas para o desejo de tudo o que este mundo tem a oferecer e
optemos pela justiça, piedade, fé, amor, tolerância e gentileza. Se estas
qualidades são verdadeiras em nós, também é o nosso tesouro. Assim, estaremos a
salvo das tentações que arrastam e lançam muitos à ruína.
Aos ricos, Paulo
recomenda que não sejam arrogantes nem depositem sua esperança na riqueza.
Mudem todo o foco de sua expectativa para o futuro com Deus. Usem o dinheiro
para as boas obras. Sejam generosos e repartam. Estejam seguros de que o
fundamental seja ampliado a cada dia, não na terra, mas nos céus” (RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7ª
Edição. RJ: CPAD, 2012, p.838).
CONCLUSÃO
Paulo era cuidadoso em sua missão pastoral. Ele se
preocupava com diversos assuntos de interesse da igreja, de sua liderança e de
seus membros. Deu especial importância à manutenção dos obreiros, discorreu
sobre a questão da disciplina dos líderes, especialmente dos presbíteros que
vierem a falhar. De forma bem clara, doutrinou igualmente sobre o
relacionamento humano, na igreja local, entre servos e senhores. [Comentário: As cartas pastorais se caracterizam pelas
dezenas de exortações. Os verbos sempre estão no imperativo, como, por exemplo:
“Combata o bom combate”, “Exercite-se na piedade”, “Fortifique-se na
graça”, “Pregue a palavra”, “Seja moderado” etc. Se
fizermos um arranjo desses imperativos, encontraremos oito exortações básicas:
1. Cuidado com a saúde: (1 Tm 5.23); 2. Cuidado com a vida devocional: (1 Tm
4.7,8; 2 Tm 2.1); 3. Cuidado com a sexualidade: (1Tm 5.2;1Tm 5.22; 2Tm 2.22);
4. Cuidado com o exemplo: (1Tm 4.12; Tt 2.7); 5. Cuidado com as atitudes: (1Tm
5.1,2; 1Tm 5.19; 2Tm 2.23,24); 6. Cuidado com a pregação: (1Tm 4.6; 1Tm 4.13;
2Tm 2.15; 2Tm 2.8; 2Tm 4.2); 7. Cuidado com a doutrina: (1Tm 4.7; 2Tm 1.13; 2Tm
3.14; Tt 2.1), e 8. Cuidado com a moderação: (2Tm 4.5; 1Tm 5.22). Estes oito
imperativos estendem-se à todos os crentes, não apenas à liderança. São
conselhos gerais extremamente atuais e necessitam ser colocados em prática!
Amadureça na fé - “Combata -Exercite-se - Fortifique-se - Pregue – Seja!]. NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
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