sábado, 2 de maio de 2015

LIÇÃO 5: JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS



 LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 14.25-35

25 - Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe:
26 - Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
27 - E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo.
28 - Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?
29 - Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele,
30 - dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.
31 - Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
32 - De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores e pede condições de paz.
33 - Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.
34 - Bom é o sal, mas, se ele degenerar, com que se adubará?
35 - Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça.





SUBSÍDIO I



INTRODUÇÃO


O ensino é uma das principais tarefas da igreja cristã, para isso Jesus enviou Seus discípulos (Mt. 28.19,20). Na aula de hoje veremos que Jesus é o Modelo de Mestre, na verdade Ele é o Mestre dos mestres. Em seguida, destacaremos a realidade do discipulado, o chamado e a vocação para esse ministério. Ao final, ressaltaremos a missão dos discípulos de Jesus, que é prioritariamente, fazer novos discípulos de Cristo.


1. O MESTRE DOS MESTRES


Jesus, como reconheceu Nicodemos, foi um Mestre vindo da parte de Deus (Jo. 3.1). Por esse motivo Seus ensinos estão fundamentados na autoridade divina. Conforme Ele mesmo expressou, nEle se encontra a Verdade, a expressa revelação de Deus (Jo. 14.6). Por essa razão, as pessoas que O ouviam ensinar distinguiam a forma e o conteúdo, que se diferenciava daquela dos escribas da sua época (Mc. 1.22). O fundamento do ensinamento de Cristo era o serviço, Ele expressou em palavras e ações que veio para servir, não para ser servido (Mt. 20.29; Jo. 13). Existem muitas passagens bíblicas que identificam Jesus como pregador, mas na verdade Ele se destacou mais pelo ensino, não por acaso costumava ser chamado de Rabi (Jo. 3.2). Ele mesmo ressaltou Seu ministério de ensino (Jo. 13.13), os Seus seguidores eram identificados como alunos, o mais apropriadamente, discípulos (Mt. 5.2). O principal fundamento para o ensino de Jesus era as Escrituras, Ele apontava para os Escritos Sagrados como fonte de autoridade divina (Lc. 24.47). Como Mestre por excelência, Jesus conhecia o ser humano, Ele perscrutava a intimidade das pessoas (Mt. 9.4; 12.15). Essas características de Jesus, enquanto Mestre dos mestres, devem ser buscadas por todos aqueles que exercem o ministério do ensino na igreja. Não podemos esquecer que um dos dons ministeriais da igreja é o do mestre (Ef. 4.11), e aqueles que são vocacionados para tal devem demonstrar esmero (Rm. 12.7).


2. O CHAMADO AO DISCIPULADO

Jesus vocacionou algumas pessoas para permanecerem mais próximas dEle, a quem chamou de discípulos. É possível afirmar que existem os discípulos em sentido restrito, aqueles que foram vocacionados para uma missão mais específica, mais especificamente os doze. E os discípulos em sentido amplo, ou seja, todos aqueles que são chamados a ir após o Mestre. Em relação ao sentido restrito, os discípulos de Jesus foram chamados em momentos distintos, e de formas variadas. Jesus os chamou enquanto pregava e ensinava (Mc. 1.16-20), através da indicação de João Batista (Jo. 1.35-39), oferecimento pessoal (Lc. 9.57-62), desses Jesus compôs seu corpo de discípulos, os doze (Lc. 6.13-16). Para ser discípulo de Jesus seria preciso pagar um preço, o custo do discipulado implicava em custo. Jesus deixou claro que aqueles que quisessem ser Seu discípulo deveriam viver em renúncia (Mc. 16.24). Muitos queriam segui-Lo baseado na emoção, na empolgação do momento (Lc.14.25-27), sem atentar para a necessidade de carregar a cruz do discipulado. Isso ainda acontece nos dias atuais, muitos querem ser identificados como discípulos de Jesus, mas não se submetem aos ensinamentos dEle (Lc. 12.22-30). Ainda hoje, os verdadeiros discípulos de Jesus não fazem o que querem, mas o que o Senhor deseja que façam. Ser discípulo de Jesus significa viver a partir das declarações do Mestre, que se encontram reveladas nas páginas do evangelho. Há noções variadas a respeito de Jesus, a maioria delas distante do que expressa os evangelhos. Aqueles que querem conhecer Seu Mestre devem ler e reler os evangelhos, para compreenderem e viverem com base nos ensinamentos de Cristo (Jo. 15.14).



3. A MISSÃO DOS DISCÍPULOS

Os discípulos de Jesus têm uma missão a cumprir, a de propagar a mensagem do Reino de Deus (Mt. 4.23; Lc. 4.44). Viver a partir do Reino de Deus, e da sua justiça, deve ser o grande alvo de todo seguidor de Jesus (Mt. 6.33). Como seguidores de Cristo, não podemos mais adorar a nós mesmos, muito menos os valores do mundo, devemos viver para glória de Deus (Mt. 4.10). A ênfase no materialismo terreno, que é um dos principais valores da sociedade contemporânea, não é compatível com os valores do Reino de Deus (Mt. 6.20,21). A produção de frutos espirituais é o alvo principal daqueles que seguem após Cristo (Jo. 15.7-8). Isso se torna possível quando permanecemos nEle, quando ouvimos Suas palavras (Mt. 7.24,25), e nos dispomos a obedecê-la (Jo. 10.27; 14.23). O amor a Jesus acima de qualquer coisa, até mesmo de qualquer pessoa, é uma das características do verdadeiro discípulo (Mt. 10.37). A cruz do discipulado não pode ser desprezada, não existe um discípulo genuíno de Cristo sem cruz (Mt. 10.38,39). Alguns deles serão sacrificados por causa da sua disposição para segui-LO, mas como uma semente depositada na terra, gerarão muitos frutos (Jo. 12.24-25). O discipulado, como o próprio termo o determina, é uma vida constate de aprendizado, a fim de tomar o jugo de Jesus (Mt. 11.28-30). E finalmente, os discípulos de Jesus têm expectativas em relação ao futuro, eles não perdem a esperança mesmo nos momentos difíceis (Lc. 12.35-37).

CONCLUSÃO

Os discípulos de Jesus foram chamados para uma missão, a de proclamar e viver a partir dos valores do Reino de Deus. De igual modo, todos aqueles que seguem após Ele, devem viver com base nas palavras do Mestre. O custo do discipulado continua posto, os que quiserem segui-Lo devem continuar carregando a sua cruz, sobretudo negando a Si mesmo, submetendo-se ao senhorio de Cristo.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa




SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Como crentes, temos consciência do valor que a pregação da Palavra tem para a construção do Reino de Deus. Todavia, quando lemos os Evangelhos, acabamos descobrindo que Jesus, durante o seu ministério terreno, ensinou mais do que pregou. Na verdade, suas pregações, mesmo quando proclamações, eram recheadas de conteúdo pedagógico. Esses fatos nos mostram a importância que o ensino tem para um aprendizado eficiente. Nesta lição, aprenderemos com o Mestre dos mestres como Ele ensinou os seus seguidores e como, dentre eles, formou seus discípulos. [Comentário: Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “ensinar” é “repassar (a alguém) ensinamentos sobre (algo) ou sobre como fazer (algo); doutrinar, lecionar”; “transmitir experiência prática a; instruir (alguém) por meio de exemplos”; “tornar (algo) conhecido, familiar (a alguém); fazer ficar sabendo”; “dar lições a; instruir”; “mostrar (a alguém) as conseqüências ruins de seus atos”; “mostrar com precisão; indicar”. A palavra vem do latim “insigno”, cujo significado é “’pôr uma marca, distinguir, assinalar”. Se houve um título que Jesus sempre aceitou foi o de Mestre (Jo 13.13), numa clara demonstração de que sempre quis ser reconhecido como tal. Isto já nos permite observar como o ministério de ensino se encontra no âmago da missão do Senhor. Lucas, ao sintetizar o ministério terreno de Jesus, no início do livro de Atos dos Apóstolos, disse que Jesus, na Terra, veio “fazer e ensinar” (At 1.1), numa outra prova bíblica de que o ensino foi um dos pilares de todo o ministério terreno de Cristo. De igual maneira, a Igreja, corpo de Cristo que é (1Co 12.27; Ef 4.12), deve dar prioridade ao ensino da Palavra de Deus enquanto o Senhor não vem para arrebatá-la. Nossa pregação deve consistir em “ensino”, afinal, a pregação é a comunicação verbal da Palavra de Deus aos ouvintes. É a transmissão do evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo às pessoas que precisam ouvi-lo. Vemos em 1Co 2.:4, que a pregação não é um simples ato de retórica, um discurso político ou uma estratégia de ensino para transferir conhecimentos. Ela e a "demonstração do Espírito e de poder..."].  Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!

1. O MESTRE

1. Seu ensino.  Jesus, o homem perfeito, foi o Mestre por excelência. A maior parte do seu ministério foi dedicada a ensinar e a preparar os seus discípulos (Lc 4.15,31; 5.3,17; 6.6; 11.1,2; 13.10; 19.47). Portanto, o ministério de Jesus foi centralizado no ensino. As Escrituras registram que as pessoas ficavam maravilhadas com o ensino do Senhor (Lc 4.22). Elas já estavam acostumadas a ouvir os mestres judeus ensinando nas sinagogas (Lc 4.20). Porém, quando ouviram Jesus ensinando, logo perceberam algo diferente! (Mt 7.28,29) O que era? Ele as ensinava com autoridade, e não apenas reproduzindo o que os outros disseram. A natureza de seu ensino era diferente - seu ensino era de origem divina (Jo 7.16).  [Comentário: O Rev. Hernandes Dias Lopes esclarece: “Jesus foi o maior mestre da história. Seu nome se alteia acima dos grandes corifeus deste mundo. Sócrates ensinou durante 40 anos. Platão ensinou 50 anos. Aristóteles encheu bibliotecas com a sua erudição. Jesus não deixou nenhum livro, nenhum tratado nem sequer uma página escrita. Não lecionou em nenhuma Universidade, contudo, foi o MAIOR MESTRE do mundo. Jesus revolucionou o mundo com a sua influência e com o seu ensino. JESUS não escreveu palavras no papel, mas gravou-as no coração dos seus discípulos e estes, outrora acovardados tornaram-se verdadeiros gigantes da fé, protagonistas incontestáveis da maior revolução e transformação da história: vidas foram arrancadas do negrume da ignorância; perdidos foram encontrados, enfermos foram curados, cegos viram, surdos ouviram, mudos falaram, os atormentados acharam paz, os enclausurados acharam liberdade, os párias foram dignificados e os homens rebeldes foram reconciliados com Deus. JESUS, O MESTRE veio para mostrar aos filósofos gregos a suprema verdade, veio para vencer o orgulhoso romano e colocar no seu estandarte uma cruz em vez de uma águia, veio para afagar em seus braços os continentes.” http://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/jesus-o-mestre-por-excelencia/#.VT7GLyFViko. William Hendriksen, no Comentário do Novo Testamento (Cultura Cristã), comenta: “Quando Jesus parou de falar, a grande multidão, que fascinada o ouvia, estava em estado de espanto. Em nosso idioma é muito difícil, talvez impossível, reproduzir o exato sabor do pitoresco verbo usado no original para descrever o estado do coração e da mente do povo. As várias versões em português traduzem o termo por “maravilhadas” (Atualizada), “admirou-se” (Corrigida), “extasiadas” (BÍBLIA  de Jerusalém). The Amplified New Testament traz: “estavam atônitos e dominados de perplexa admiração." Essas traduções são todas elas muito úteis. O significado literal do original é “ficaram como que fora de si”. Tem-se sugerido “tirados de seus sentidos”. Compare-se também com o alemão “ser trazido para fora de si” (Lenski, op. cit., p.305) e o holandês “derrotados para fora do campo ”. O tempo do verbo mostra que esse estado de assombro não foi só uma experiência momentânea, mas que durou algum tempo. Poder-se-ia muito bem perguntar: Quais foram algumas das razões desse sentimento de admiração e assombro? Mt 13.54,55 poderia fornecer parte da resposta. Não obstante, com base no próprio sermão e em 7.28 (“não como os seus escribas”), os seguintes temas merecem consideração: a. Ele falava a verdade (Jo 14.6; 18.37). O arrazoado corrupto e evasivo caracterizava os sermões de muitos dos escribas (Mt 5.21 ss.). b. Ele apresentava assuntos de grande relevância, questões de vida, morte e eternidade. Eles com freqüência desperdiçavam seu tempo com trivialidades (Mt 23.23; Lc 11.42). c. Havia sistema na pregação de Jesus. Segundo o Talmude deles comprova, eles com freqüência divagavam sem parar. d. Ele excitava a curiosidade ao fazer uso generoso de ilustrações (5.13-16; 6.26-30; 7.24-27; etc.) e exemplos concretos (5.21—6.24; etc.), como o sermão o revela do princípio ao fim. Os discursos deles eram com freqüência áridos como o pó. e. Ele falava como aquele que amava os homens, como aquele que se preocupava com o bem-estar eterno de seus ouvintes e apontava para o Pai e seu amor (5.44-48). A falta de amor por parte deles é evidente com base em passagens tais como 23.4,13-15; Mc 12.40; etc. f. Finalmente, e este aspecto é o mais importante, pois ele é especificamente declarado aqui (v.28). Ele falava “com autoridade” (Mt 5.18,26; etc.), porque sua mensagem vinha diretamente do coração e mente do Pai (Jo 8.26), daí também vir do mais profundo de seu próprio ser e das Escrituras (5.17; 7.12; cf. 4.4,7,10). Eles estavam constantemente aproveitando fontes falíveis, citando um escriba ou outro. Eles tentavam tirar água de cisternas rotas. Ele extraía de si mesmo, pois era (e é) “a fonte de águas vivas” (Jr 2.13)”. HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Mateus I. Editora Cultura Cristã. pag. 540-541.]

2. Seu exemplo. Jesus ensinou seus discípulos através do exemplo: "Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também" (Jo 13.15). Isso o distanciou dos escribas e fariseus que ensinavam, mas não praticavam o que ensinavam (Mt 23.3). Os discípulos se sentiram motivados a orar quando viram seu Mestre orando (Lc 11.1-4). As palavras de Jesus eram acompanhadas de atitudes práticas. De nada adianta a beleza das palavras se elas não vêm acompanhadas pelas ações (Tg 1.22). O povo se convence mais rápido pelo que vê do que pelo que ouve. Por isso, o Mestre exortou os seus discípulos a serem exemplos (Mt 5.16). [Comentário: Jesus foi o maior especialista na arte de ensinar. Ele é O Mestre. Ensinou com maestria invulgar. Sobrepujou os grandes deste mundo. Foi Mestre em grau superlativo. Dominou com capacidade inigualável todos os recursos pedagógicos. Variava de método de acordo com as circunstâncias e pessoas. Para cada caso, usava um método próprio e adequado. Assim o Comentário Esperança (Editora Evangélica Esperança) comenta Jo 13.15: “Porque eu vos dei um exemplo, para que vós façais como eu vos fiz. Representa uma distorção do evangelho se virmos em Jesus apenas um exemplo, ao qual queremos imitar com nossas próprias forças. Nessa leitura se ignoraria o que Jesus disse em Jo 3.1ss ao sério fariseu Nicodemos sobre a necessidade do novo nascimento. Por outro lado, também não podemos nem devemos negar que Jesus é exemplo. Em consonância, ele próprio está se colocando a seus discípulos como exemplo precisamente em sua função apostólica. Acrescenta-se que no grego a palavra como (kathos - ως - Lê-se Óus) não possui apenas um sentido comparativo, mas também uma conotação de justificativa. Devem fazer como Jesus fez; porém somente podem fazê-lo porque Jesus agiu primeiro dessa forma com eles”. Werner de Boor. Comentário Esperança Evangelho de João. Editora Evangélica Esperança. Ainda o Rev. Hernandes Dias Lopes, esclarece: “Quando Jesus terminou de ensinar o “Sermão do Monte” as multidões ficaram maravilhadas, porque ele ensinava com autoridade e não como os escribas e fariseus. Eric Fromm nos fala de dois tipos de autoridade: 1. autoridade imposta e 2. autoridade adquirida. O elemento mais importante na vida de um mestre é aquilo que ele é em si. Foi isto que levou Emerson a dizer: “O que mais importa não é o que aprendemos e sim, com quem aprendemos.” Mackinney disse que “a vida do mestre é a lição que mais apela ao coração do aluno.” A vida do professor é a vida do seu ensino. Schweitzer disse que “O exemplo não é uma, mas a única maneira de ensinar.” Jesus podia ensinar sobre Mansidão (Mt 5.5) porque ele era manso aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração (Mt 11.28). Jesus podia ensinar sobre humildade (Mt 5.3) porque quando os discípulos discutiam quem era o maior entre eles, Jesus tomou uma toalha e uma bacia e lavou-lhes os pés. Jesus podia ensinar sobre o perdão porque na hora que seus algozes o afligiam na cruz, pede a Deus para perdoá-los e ainda os defende: porque não sabem o que fazem. Jesus viveu aquilo que ensinou, viveu tudo antes de ensinar, e viveu tudo bem mais do que pode ensinarhttp://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/jesus-o-mestre-por-excelencia/#.VT7GLyFViko.]
  

SÍNTESE DO TÓPICO I
 Jesus é o Mestre por excelência.


2. O CHAMADO

1. O método. Os teólogos têm observado que o método usado por Jesus para recrutar seus discípulos é variado. De fato, a Escritura mostra que algumas vezes a iniciativa do chamamento parte do próprio Senhor Jesus. Enquanto pregava e ensinava, Jesus observava as pessoas a quem iria chamar (Mc 1.16-20). Em alguns casos, o chamamento veio através da indicação do Batista (Jo 1.35-39). Houve também pessoas que se ofereceram para serem seguidoras de Jesus (Lc 9.57,58,61,62). E, finalmente, existiram os que foram conduzidos até Jesus por intermédio de amigos (Jo 1.40-42,45,46). Dessa forma, todas as classes foram alcançadas por Jesus. E foi dentre esses seguidores que Jesus chamou doze para serem seus apóstolos (Lc 6.13-16).  
[Comentário: Ainda o Comentário Esperança (Editora Evangélica Esperança): “Jesus passou a noite vigiando em oração. Mais de uma vez Lucas salientou essa necessidade íntima que o Redentor tinha de orar. Contudo os termos aqui utilizados contêm uma ênfase muito especial. A palavra “vigiar por toda a noite” ocorre unicamente aqui. A escolha dessa expressão incomum, bem como a forma verbal analítica (imperfeito e particípio), destacam a persistência determinada e incessante dessa vigília noturna. A expressão “oração de Deus” (προσευχή του Θεού - Lê-se - prosef̱chí̱ tou Theoú), é também única no Novo Testamento. Essa formulação não designa nenhum pedido peculiar, mas um estado da mais profunda devoção na presença santa e direta de Deus, uma invocação que transita para a mais íntima comunhão com Deus. Durante essa noite Jesus apresentou a Deus sua obra no estágio decisivo em que ingressara naquele momento, aconselhando-se com ele. Durante essa longa luta de oração, por toda a noite, Jesus provavelmente havia apresentado todos os seus discípulos individualmente a seu Pai, para que o Pai designasse aqueles que o Filho deveria tornar emissários da salvação. O que será que os discípulos, que haviam se ajuntado em grande número em torno de Jesus, sentiram quando Jesus, como um general, chamou um por um do meio deles, até que ficasse completo o número dos doze? “Simão”, começou ele. Com quanta expectativa cada novo nome era aguardado! Com que estremecimento cada um ouvia, então, o chamado do próprio nome. Dentre o grupo de discípulos “ele escolheu os doze”, “aos quais também chamou de apóstolos”. Isso é significativo. Os demais discípulos aceitaram que esses doze obtivessem uma posição especial do Senhor. O Redentor os havia escolhido em virtude de ordem divina. Deus é soberano. Os discípulos não têm outra opção a não ser obedecer a esse Senhor extraordinário. “Chamou-os a si”. Ele os “ordenou” para duas finalidades. 1) Primeiramente, devem estar junto dele. Devem perseverar com ele em suas tentações até chegarem ao Getsêmani; afinal, devem tornar-se testemunhas dele até os confins do mundo (At 1.8). Precisavam conhecer suas “horas silenciosas”, conviver com ele no dia-a-dia, observar seu trabalho, obter uma visão dos mistérios de sua sabedoria de educador, e até mesmo familiarizar-se com os objetivos de sua ação. 2) O segundo aspecto é que eles partilharão de sua autoridade. Dessa maneira ele providencia, de certo modo, pernas e pés, línguas e lábios que levem adiante sua obra. Mateus relata a convocação e o credenciamento dos apóstolos em uma ocasião (Mt 10.1ss), e Lucas o faz em dois trechos, mais precisamente como segue: de acordo com Lucas, o primeiro passo de Jesus foi nomeá-los, provavelmente para que passassem a ser seus alunos de modo especial. Isso aconteceu aqui em Lc 6.12-16. A capacitação é relatada em Lc 9.1-6, onde Jesus lhes confere a autoridade para servir como apóstolos. O relato mais preciso indica que esse deve ter sido o processo. Mateus reúne em uma só ocasião as duas ações de Jesus. Isso tem a ver com sua característica de enfatizar tão-somente o aspecto doutrinário e fundamental. Dessa forma o Redentor obteve, portanto, um grupo de auxiliares para sua obra. Ele, o maravilhoso canal da poderosa benignidade de Deus, fora multiplicado por doze. Quanto ao título “apóstolo”, cf. o exposto no Comentário Esperança, Marcos, sobre Mc 3.13-19, bem como Jo 17.18; 20.21; At 1.8. Essas passagens não devem levar à conclusão que a tarefa dos apóstolos consistia tão somente em ser testemunhas de Jesus. O próprio nome expressa mais, cf. 2Co 5.20: “Somos mensageiros de Cristo… e rogamos que vos reconcilieis com Deus.” Com a escolha dos doze estava organizada a obra de Jesus. Passou do estágio de fenômeno local e isolado para o estágio de instituição que abrange e cuja intenção arrebata povos e épocas. A obra do Senhor obteve um solo histórico firme e uma perspectiva clara para o futuro, com todas as suas esperanças e todos os seus perigos.Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.”]

2. O custo. Jesus deixa bem claro quais são as implicações envolvidas na vida daquele que aceitasse o chamado para ser seu discípulo. Tornar-se discípulo é bem diferente de se tornar um simples aluno. No discipulado, o seguidor passa a conviver com o mestre, enquanto na relação professor-aluno essa prática não está presente. O aprendizado acontece diuturnamente, e não apenas durante algumas aulas dadas em domicílio ou numa sala. Quem quiser segui-lo deve, portanto, avaliar os custos. Seguir a Cristo envolve renúncia, significa submissão total a Ele. Jesus lembrou as pessoas desse custo, pois não queria que o seguisse apenas por empolgação (Lc 14.25-27). Muitos querem ser discípulos mas não querem renunciar nada. Às vezes precisamos sacrificar até mesmo o nosso relacionamento religioso na família, abrir mão de algumas coisas para seguir a Jesus. O que o Mestre está requerendo de você? [Comentário: Anthony Lee Ash em O Evangelho Segundo Lucas (Editora Vida Cristã), escreve: “Quem se qualifica como discípulo?” (vs. 26,27,33). Essas palavras foram ditas em vista da paixão de JESUS que estava próxima e deveriam separar o verdadeiro discípulo dos seguidores indiferentes. O primeiro teste do discipulado se referia aos parentes mais próximos (cf. 18:29). Jesus apoiava o amor familiar, mas mesmo este precisa ser subordinado ao amor a Deus. Aborrecer é um termo duro, mas o paralelo em Mateus 10:37 indica que significa “amar menos” (também Gn 29:30; Dt 21:15). Além da família, a pessoa precisa amar a sua própria vida menos do que ama Jesus. Vida abrange todos os interesses mundanos, até mesmo o nosso próprio ser (cf. Jo 12:25). (27) A cruz, sugerindo um criminoso desprezado seguindo para a sua morte terrível, amplia a idéia de aborrecer a própria vida (veja 9:23). É preciso estar disposto, se necessário, a sofrer um destino assim horrível por causa de Jesus. Essas palavras teriam ainda maior significado para os cristãos depois da crucificação e ressurreição de Jesus (cf. G1 2:20; 6:14). Anthony Lee Ash. O Evangelho Segundo Lucas. Editora Vida Cristã. pag. 235.]


SÍNTESE DO TÓPICO II
Jesus chamou doze discípulos para estar com Ele



3. O TREINAMENTO

1. Mudança de destino. No treinamento dado aos discípulos, a cruz ocupa um lugar central nos ensinamentos do Mestre (Lc 9.23; 14.27). A cruz de Cristo aparece como um divisor de águas na vida dos discípulos. Uma mudança de rumo ou destino. A vida com Cristo é cheia de vida, na verdade vida em abundância (Jo 10.10). Mas por outro lado, é uma vida para a morte! Quem não estivesse disposto a morrer, não poderia ser seu seguidor autêntico. A cruz muda o destino daquele que se torna seguidor de Jesus. Ela garante paz e vida eterna, mas somente para aqueles que morrerem para este mundo.  [Comentário: O Comentário Bíblico de William Barclay esclarece: “Jesus estabelece as condições do serviço daqueles que o seguem. (1) Negar-se a si mesmo. O que significa isto? Um grande erudito dá o significado seguinte: Pedro uma vez negou a seu Senhor. Disse: "Não conheço esse homem." Negar-nos a nós mesmos quer dizer: "Não me conheço a mim mesmo." É ignorar a existência de si mesmo. É tratar o eu como se não existisse. Quase sempre tratamos a nós mesmos como se nosso eu fora com muito o mais importante do mundo. Se queremos seguir ao Jesus devemos destruir o eu e nos esquecer de que existe. (2) Tomar sua cruz. O que significa isto? Jesus sabia muito bem o que significava a crucificação. Quando era menino de uns onze anos, Judas o Galileo tinha encabeçado uma rebelião contra Roma. Tinha atacado ao exército real em Séforis (capital da Galiléia), que estava a uns seis quilômetros de Nazaré. A vingança dos romanos foi rápida e repentina. Queimaram a cidade integralmente; seus habitantes foram vendidos como escravos; e dois mil rebeldes foram crucificados com o passar do caminho para que fossem uma terrível advertência para outros que queriam fazer o mesmo. Tomar nossa cruz significa estar preparados para enfrentar coisas como esta por nossa fidelidade a Deus; significa estar dispostos a suportar o pior que um homem nos possa fazer pela graça de ser fiéis para com Deus. BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Lucas. pag. 106.]

2. Mudança de valores. Lucas mostra Jesus instruindo os Doze antes de enviá-los em missão evangelística (Lc 9.1-6) e, posteriormente, enviando outros setenta após dar-lhes também instruções detalhadas (Lc 10.1-12). Para chegar a esse ponto, muitas coisas precisaram ser mudadas na vida desses discípulos.  Uma delas, e muito importante, foi a mudança de mentalidade dos discípulos. Jesus mudou a forma de pensar deles. Seus discípulos não poderiam mais, por exemplo, possuir uma mente materialista como os gentios, que não conheciam a Deus (Lc 12.22,30). Quem conhece a Jesus de verdade não fica preocupado com o amanhã, com as coisas deste mundo, pois sabe que Ele, o Bom Pastor, supre cada uma das nossas necessidades. [Comentário: Quanto a isso, Matthew Henry em seu Comentário Matthew Henry Novo Testamento (Editora CPAD), esclarece o seguinte: “O Senhor os exorta a não ficarem apreensivos com os cuidados perturbadores e desconcertantes pelas coisas necessárias para a manutenção da vida: Não estejais apreensivos pela vossa vida, v. 22. Na parábola anterior Ele havia nos dado aviso contra o ramo da avareza do qual os ricos estão em maior perigo; ou seja, uma complacência sensual quanto à abundância dos bens deste mundo. Agora os seus discípulos poderiam pensar que não estavam correndo este risco, pois eles não tinham fartura nem variedade em que pudessem se gloriar. Portanto, o Senhor aqui os adverte contra um outro ramo da avareza, ao qual eles estão mais sujeitos à tentação, o de terem apenas um pouco neste mundo (que, na melhor hipótese, era o caso dos discípulos, muito mais agora que haviam deixado tudo para seguir a Cristo), sentindo uma ansiosa solicitude pelas coisas que são necessárias para a manutenção da vida: “Não estejais apreensivos pela vossa vida, seja pela preservação dela, se estiver em perigo, ou pela provisão que deve ser feita para ela, seja de comida ou de roupas, o que comereis ou o que vestireis” . Esta é a advertência que o Senhor havia enfatizado, Mateus 6.25 e versículos seguintes. E os argumentos usados aqui são em boa parte os mesmos, tendo como propósito o nosso encorajamento para lançarmos todo o nosso cuidado sobre Deus, que é o modo correto de nos tranquilizarmos. Uma busca excessiva e ansiosa das coisas deste mundo, mesmo das coisas necessárias, não é algo que convenha aos discípulos de Cristo (w. 29,30): “A despeito daquilo que outros façam, não pergunteis o que haveis de comer ou o que haveis de beber. Não andeis inquietos com preocupações confusas, nem vos canseis com trabalhos constantes. Não vos apresseis em perguntar o que haveis de comer ou beber como os inimigos de Davi que vagueavam buscando o que comer (SI 59.15) ou como a águia que, de longe, descobre a sua presa, Jó 39.29. Que os discípulos de Cristo, portanto, não apenas trabalhem pelo alimento, mas peçam-no a Deus todos os dias; que eles não tenham mentes duvidosas; me meteorizesthe - Não sejam como os meteoros no ar, que são lançados aqui e ali por todo vento; não subam ou caiam, como eles, mas mantenham uma constância em si mesmos; sejam equilibrados e firmes, e tenham seus corações fixos; não vivam em suspense cuidadoso; não deixem que suas mentes fiquem continuamente perplexas entre a esperança e o medo, permanecendo sempre angustiados”. Que os filhos de Deus não fiquem apreensivos; porque: (1) Isto seria agir como os filhos deste mundo: “Porque os gentios do mundo buscam todas essas coisas, v. 30. Aqueles que só buscam os cuidados do corpo, e não os da alma, só para este mundo, e não para o porvir, não olham além daquilo que comerão e beberão; e, não tendo um Deus totalmente suficiente para buscar e em quem confiar, eles se sobrecarregam com cuidados ansiosos sobre estas coisas. Mas isto não vos convém. Vós, que fostes chamados deste mundo, não deveis vos conformar com este mundo, nem andar no caminho deste povo, Isaías 8.11,12. Quando os cuidados excessivos dominam a nossa vida, devemos pensar: “O que sou eu, um cristão ou um pagão? Batizado ou não batizado? Sendo um cristão batizado, será que devo me igualar aos gentios, unindo-me a eles naquilo que buscam?” (2) É desnecessário que eles estejam apreensivos com os cuidados pelas coisas necessárias para o sustento da vida; porque eles têm um Pai no céu que sempre cuida deles, que toma conta deles: “Vosso Pai sabe que necessitais delas, e considera isto, e suprirá todas as vossas necessidades de acordo com as riquezas da sua glória. Pois Ele é o vosso Pai, que vos fez sujeitos a estas coisas; portanto, Ele mesmo usará sua compaixão e suprirá todas elas. Vosso Pai, que vos sustenta, vos educa e reserva uma herança para vós, portanto, Ele cuidará para que não vos falte nada”. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa.Editora CPAD. pag. 625-626.]

SÍNTESE DO TÓPICO III
 Jesus escolheu seus discípulos e os treinou para todo trabalho na seara.




4. A MISSÃO

1. Pregar e ensinar. Já foi dito que o ministério de Jesus consistia no ensino da Palavra de Deus, na pregação do Evangelho do Reino e na cura dos doentes (Mt 4.23; Lc 4.44; 8.1). No texto de Lucas 9.1,2, vemos Jesus enviando os doze: "E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios e para curarem enfermidades; e enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos". "Pregar" é a tradução do verbo grego kerysso, que possui o sentido de "proclamar como um arauto". Jesus treinou seus discípulos com uma missão específica - serem proclamadores da mensagem do Reino de Deus. Proclamar o Evangelho do Reino ainda continua sendo a principal missão do Corpo de Cristo! Quando a Igreja se esquece desse princípio, ela perde o seu foco.  [Comentário:  Jesus anunciou o Reino pregando a Palavra de Deus e curando os enfermos. Se Ele tivesse se limitado a pregar, as pessoas poderiam imaginar o seu Reino com um caráter apenas espiritual. Por outro lado, se tivesse curado sem pregar, talvez elas não percebessem a importância espiritual da missão de Jesus. A maioria dos ouvintes esperava um Messias que traria riqueza e poder à nação judaica; o povo preferia os benefícios materiais ao discernimento espiritual. A verdade sobre Jesus é que Ele é o Deus encarnado, tem duas naturezas: uma divina e outra humana; possui espírito, alma e corpo; a salvação que Ele oferece é tanto para a alma quanto para o corpo. Qualquer ensino que enfatize a salvação da alma à custa do corpo ou o contrário distorce as Boas Novas de Jesus Cristo. Russell Norman Champlin escreve em sua Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia (Vol. 5) (Editora Hagnos): “A grande abundância de referências ao ensino e à pregação demonstra o papel primordial dessas funções, no Novo Testamento. O texto de I Cor. 1:18,21 mostra-nos que, no conceito dos gregos incrédulos, a pregação era uma «tolice». Eles preferiam a sabedoria filosófica. Porém, através da pregação do evangelho é que a salvação é outorgada aos homens. O trecho de Rom. 10:14,15 mostra que o pregador é uma figura necessária dentro do modus operandi de Deus, para anunciar a mensagem de Deus aos homens. O próprio Senhor Jesus deixou-nos o exemplo, tendo sido ele o supremo pregador”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 367. ]

2. Libertar e curar. O Evangelho de Cristo provê tanto a cura para a alma como também para o corpo. O Evangelho de Mateus revela com clareza que o Senhor Jesus proveu tanto a cura como a libertação para todos aqueles que se achegavam a Ele com fé e contrição (Mt 8.16,17). Frank Stagg, teólogo americano, observa que embora a obra redentora de Cristo tenha o seu centro na cruz, Ele já era redentor da doença e do pecado durante o seu ministério terreno. Os discípulos, portanto, precisavam levar à frente essa verdade a todos os locais. [Comentário: Russell Norman Champlin em O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo (Editora Candeias), escreve: «ELE MESMO tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças». Profecia messiânica, que se acha em Is. 53:4. A citação foi tirada do hebraico, porque a LXX interpreta essa profecia como referência ao pecado. No grego a expressão é enfática. O Messias, Cristo Jesus, veio com a finalidade de aliviar (ευκολία - Lê-se - ef̱kolíá) o sofrimento humano. Esse versículo tem recebido diversas interpretações: 1. Refere-se ao ministério espiritual do Messias, ao levar o pecado do mundo. O texto de Isaías aborda exatamente isso, e a LXX reflete isso na tradução. 2. Segundo o uso de Mateus, indica apenas as doenças físicas. A profecia, pois, expõe outro aspecto do ministério de Cristo; sem mencionar aqui a expiação pelo pecado. 3. Refere-se a ambas as coisas — o pecado e as enfermidades e doenças —, provavelmente considerando as doenças como resultantes do pecado, ou então com ligação direta ao pecado; o Messias veio para tratar da enfermidade espiritual e física da natureza humana. Provavelmente o autor do evangelho concordaria com esta interpretação. Essa doutrina tem recebido várias interpretações exageradas, como: 1. A cura física está incorporada na expiação pelo pecado, e assim sendo, nunca é da vontade de Deus que seu povo adoeça. É verdade que, no fim, a expiação terá o efeito de eliminar as enfermidades físicas, mas isso só ocorrerá da transformação operada na ressurreição. Não é menos ridículo dizer que a morte física é agora eliminada pela expiação, isto é, a morte no presente. A morte física geralmente -e resultado das doenças. A expiação também elimina a morte na raça humana, mas isso só será total após o arrebatamento e depois do milênio (I Cor. 15:24-26). A expiação eliminará finalmente as doenças, mas dizer que isso ocorre no presente é exagerar a doutrina. O próprio Paulo sofreu fisicamente. (Ver II Cor. 12:7). Paulo nunca atingiu a perfeição nesta vida (Fp. 3:12). João declarou enfaticamente a permanência do pecado (I João 1:8), e somente o equivoco pode levar as pessoas a pensar de outro modo. Enquanto permanecer o pecado, permanecerão as enfermidades. 2. Outros abusam desse versículo, dizendo que Jesus sofreu de esgotamento espiritual por haver carregado os nossos pecados e doenças em oportunidades como esta. Não há que duvidar que algumas vezes ele sofreu de esgotamento físico e mental. Ver Marc. 5:30, quando dele saiu poder, ao curar; ver também Luc. 22:44 e Marc. 15:21. Finalmente, seria um erro não notar que este versículo (além de ensinar certas doutrinas) mostra principalmente a simpatia e o espírito de misericórdia de Jesus para com a raça humana. Jesus não operou milagres para mostrar sua divindade, ilustrar as doutrinas, etc. , mas para aliviar o sofrimento humano, porquanto, como homem, participou desses sofrimentos e simpatizou com os homens. O versículo demonstra, mais do que qualquer outra coisa, a compaixão de Jesus. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 342. Ainda cito William Barclay em seu Comentário Bíblico: “Sem dúvida, tinha ensinado e pregado, e certamente se teria encontrado com seus acérrimos (Insistentes) adversários. Agora tinha chegado a tarde. Deus deu aos homens o dia para trabalhar e a noite para o descanso. A tarde é o momento quando se deixa de lado o trabalho e começa o repouso. Mas não era assim para Jesus. No momento em que ele também necessitava o descanso, viu-se rodeado das clamorosas necessidades humanas e sem egoísmo, sem protestar, com uma generosidade divina, saiu ao encontro dos homens. Enquanto houvesse uma alma necessitada, não haveria descanso para Jesus. Esta cena traz à mente de Mateus certas palavras de Isaías (Isaías 53:4) onde se diz que o Servo de Deus levou nossas enfermidades e sofreu nossas dores. O discípulo de Cristo não pode procurar descanso quando ainda há quem necessita ajuda e saúde; e o mais estranho é que seu cansaço desaparecerá e sua fraqueza se fortalecerá quando usar suas energias para ajudar a outros. De algum modo, quando chegarem as demandas, também virá o poder. E sentirá que pode seguir adiante por amor dos outros quando por si mesmo não daria mais nenhum passo”. BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Lucas. pag. 335.]


SÍNTESE DO TÓPICO IV
 A missão dos discípulos era pregar o Evangelho do Reino a todos.




CONCLUSÃO

Aprendemos nesta lição sobre a importância que o ensino tem na formação do caráter cristão. Jesus ensinou os seus discípulos, mas não os ensinou de qualquer forma nem tampouco lhes deu qualquer coisa como conteúdo. Ele lhes ensinou a Palavra de Deus. Mas até mesmo o ensino da Palavra de Deus, para ter eficácia, precisa ser acompanhada pelo exemplo, valer-se de recursos didáticos eficientes, firmar-se em valores e possuir um objetivo claro e definido. Tudo isso encontramos com abundância nos ensinos de Jesus. Ao seguir seus ensinos, temos a garantia de que o hiato existente entre o professor e o aluno, entre o educador e o educando, desaparecerão. Dessa forma teremos um ensino eficiente. [Comentário: Há uma frase atribuía da à Confúcio que diz: “A palavra convence, o exemplo arrasta”. Influenciar na vida das pessoas que estão ao nosso redor exige muito esforço, ideias e riscos, mas isso não poderia ser diferente. Aceitemos ou não, somos influenciados uns pelos outros. Não há como viver de modo independente, pois tentar viver uma vida isolada não seria natural. Além do que conduziria à insanidade. Em se tratando de ensinar pelo exemplo, Jesus é o mestre por excelência porque ensinou as verdades eternas e Ele era, é e será esta própria verdade. Jesus é o mestre por excelência porque foi o exemplo vivo de seus ensinamentos. Jesus amou seus alunos e lapidou-os, preparou-os para a vida, valorizou-os e fez deles uma bênção para o mundo: PEDRO = pedra bruta – pregador poderoso. JOÃO, FILHO DO TROVÃO – discípulo do amor. Que possamos, destarte, como Paulo em 1Co 11.1, afirmar: “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo” ou numa melhor tradução: Sigam o meu exemplo como eu sigo o exemplo de Cristo!]. NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.



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