LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 14.25-35
25 - Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe:
26 - Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e
filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo.
27 - E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode
ser meu discípulo.
28 - Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta
primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?
29 - Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não
a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele,
30 - dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.
31 - Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não
se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro
do que vem contra ele com vinte mil?
32 - De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores e
pede condições de paz.
33 - Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não
pode ser meu discípulo.
34 - Bom é o sal, mas, se ele degenerar, com que se adubará?
35 - Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem
tem ouvidos para ouvir, que ouça.
SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
O ensino é uma das
principais tarefas da igreja cristã, para isso Jesus enviou Seus discípulos
(Mt. 28.19,20). Na aula de hoje veremos que Jesus é o Modelo de Mestre, na
verdade Ele é o Mestre dos mestres. Em seguida, destacaremos a realidade do
discipulado, o chamado e a vocação para esse ministério. Ao final,
ressaltaremos a missão dos discípulos de Jesus, que é prioritariamente, fazer
novos discípulos de Cristo.
1. O MESTRE DOS MESTRES
Jesus, como
reconheceu Nicodemos, foi um Mestre vindo da parte de Deus (Jo. 3.1). Por esse
motivo Seus ensinos estão fundamentados na autoridade divina. Conforme Ele
mesmo expressou, nEle se encontra a Verdade, a expressa revelação de Deus (Jo.
14.6). Por essa razão, as pessoas que O ouviam ensinar distinguiam a forma e o
conteúdo, que se diferenciava daquela dos escribas da sua época (Mc. 1.22). O
fundamento do ensinamento de Cristo era o serviço, Ele expressou em palavras e
ações que veio para servir, não para ser servido (Mt. 20.29; Jo. 13). Existem
muitas passagens bíblicas que identificam Jesus como pregador, mas na verdade
Ele se destacou mais pelo ensino, não por acaso costumava ser chamado de Rabi
(Jo. 3.2). Ele mesmo ressaltou Seu ministério de ensino (Jo. 13.13), os Seus
seguidores eram identificados como alunos, o mais apropriadamente, discípulos
(Mt. 5.2). O principal fundamento para o ensino de Jesus era as Escrituras, Ele
apontava para os Escritos Sagrados como fonte de autoridade divina (Lc. 24.47).
Como Mestre por excelência, Jesus conhecia o ser humano, Ele perscrutava a
intimidade das pessoas (Mt. 9.4; 12.15). Essas características de Jesus,
enquanto Mestre dos mestres, devem ser buscadas por todos aqueles que exercem o
ministério do ensino na igreja. Não podemos esquecer que um dos dons
ministeriais da igreja é o do mestre (Ef. 4.11), e aqueles que são vocacionados
para tal devem demonstrar esmero (Rm. 12.7).
2. O CHAMADO AO DISCIPULADO
Jesus vocacionou
algumas pessoas para permanecerem mais próximas dEle, a quem chamou de
discípulos. É possível afirmar que existem os discípulos em sentido restrito,
aqueles que foram vocacionados para uma missão mais específica, mais
especificamente os doze. E os discípulos em sentido amplo, ou seja, todos
aqueles que são chamados a ir após o Mestre. Em relação ao sentido restrito, os
discípulos de Jesus foram chamados em momentos distintos, e de formas variadas.
Jesus os chamou enquanto pregava e ensinava (Mc. 1.16-20), através da indicação
de João Batista (Jo. 1.35-39), oferecimento pessoal (Lc. 9.57-62), desses Jesus
compôs seu corpo de discípulos, os doze (Lc. 6.13-16). Para ser discípulo de
Jesus seria preciso pagar um preço, o custo do discipulado implicava em custo.
Jesus deixou claro que aqueles que quisessem ser Seu discípulo deveriam viver
em renúncia (Mc. 16.24). Muitos queriam segui-Lo baseado na emoção, na
empolgação do momento (Lc.14.25-27), sem atentar para a necessidade de carregar
a cruz do discipulado. Isso ainda acontece nos dias atuais, muitos querem ser
identificados como discípulos de Jesus, mas não se submetem aos ensinamentos
dEle (Lc. 12.22-30). Ainda hoje, os verdadeiros discípulos de Jesus não fazem o
que querem, mas o que o Senhor deseja que façam. Ser discípulo de Jesus
significa viver a partir das declarações do Mestre, que se encontram reveladas
nas páginas do evangelho. Há noções variadas a respeito de Jesus, a maioria
delas distante do que expressa os evangelhos. Aqueles que querem conhecer Seu
Mestre devem ler e reler os evangelhos, para compreenderem e viverem com base
nos ensinamentos de Cristo (Jo. 15.14).
3. A MISSÃO DOS DISCÍPULOS
Os discípulos de
Jesus têm uma missão a cumprir, a de propagar a mensagem do Reino de Deus (Mt.
4.23; Lc. 4.44). Viver a partir do Reino de Deus, e da sua justiça, deve ser o
grande alvo de todo seguidor de Jesus (Mt. 6.33). Como seguidores de Cristo,
não podemos mais adorar a nós mesmos, muito menos os valores do mundo, devemos
viver para glória de Deus (Mt. 4.10). A ênfase no materialismo terreno, que é
um dos principais valores da sociedade contemporânea, não é compatível com os
valores do Reino de Deus (Mt. 6.20,21). A produção de frutos espirituais é o
alvo principal daqueles que seguem após Cristo (Jo. 15.7-8). Isso se torna
possível quando permanecemos nEle, quando ouvimos Suas palavras (Mt. 7.24,25),
e nos dispomos a obedecê-la (Jo. 10.27; 14.23). O amor a Jesus acima de
qualquer coisa, até mesmo de qualquer pessoa, é uma das características do
verdadeiro discípulo (Mt. 10.37). A cruz do discipulado não pode ser desprezada,
não existe um discípulo genuíno de Cristo sem cruz (Mt. 10.38,39). Alguns deles
serão sacrificados por causa da sua disposição para segui-LO, mas como uma
semente depositada na terra, gerarão muitos frutos (Jo. 12.24-25). O
discipulado, como o próprio termo o determina, é uma vida constate de
aprendizado, a fim de tomar o jugo de Jesus (Mt. 11.28-30). E finalmente, os
discípulos de Jesus têm expectativas em relação ao futuro, eles não perdem a
esperança mesmo nos momentos difíceis (Lc. 12.35-37).
CONCLUSÃO
Os discípulos de
Jesus foram chamados para uma missão, a de proclamar e viver a partir dos
valores do Reino de Deus. De igual modo, todos aqueles que seguem após Ele,
devem viver com base nas palavras do Mestre. O custo do discipulado continua
posto, os que quiserem segui-Lo devem continuar carregando a sua cruz,
sobretudo negando a Si mesmo, submetendo-se ao senhorio de Cristo.
Prof. Ev. José Roberto A.
Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Como
crentes, temos consciência do valor que a pregação da Palavra tem para a
construção do Reino de Deus. Todavia, quando lemos os Evangelhos, acabamos
descobrindo que Jesus, durante o seu ministério terreno, ensinou mais do que
pregou. Na verdade, suas pregações, mesmo quando proclamações, eram recheadas
de conteúdo pedagógico. Esses fatos nos mostram a importância que o ensino tem
para um aprendizado eficiente. Nesta lição, aprenderemos com o Mestre dos
mestres como Ele ensinou os seus seguidores e como, dentre eles, formou seus
discípulos. [Comentário: Segundo o Dicionário Houaiss
da Língua Portuguesa, “ensinar” é “repassar (a alguém) ensinamentos sobre
(algo) ou sobre como fazer (algo); doutrinar, lecionar”; “transmitir
experiência prática a; instruir (alguém) por meio de exemplos”; “tornar (algo)
conhecido, familiar (a alguém); fazer ficar sabendo”; “dar lições a; instruir”;
“mostrar (a alguém) as conseqüências ruins de seus atos”; “mostrar com
precisão; indicar”. A palavra vem do latim “insigno”, cujo significado é “’pôr
uma marca, distinguir, assinalar”. Se houve um título que Jesus sempre aceitou
foi o de Mestre (Jo 13.13), numa clara demonstração de que sempre quis ser
reconhecido como tal. Isto já nos permite observar como o ministério de ensino
se encontra no âmago da missão do Senhor. Lucas, ao sintetizar o ministério
terreno de Jesus, no início do livro de Atos dos Apóstolos, disse que Jesus, na
Terra, veio “fazer e ensinar” (At 1.1), numa outra prova bíblica de que o
ensino foi um dos pilares de todo o ministério terreno de Cristo. De igual maneira,
a Igreja, corpo de Cristo que é (1Co 12.27; Ef 4.12), deve dar prioridade ao
ensino da Palavra de Deus enquanto o Senhor não vem para arrebatá-la. Nossa
pregação deve consistir em “ensino”, afinal, a pregação é a comunicação verbal
da Palavra de Deus aos ouvintes. É a transmissão do evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo às pessoas que precisam ouvi-lo. Vemos em 1Co 2.:4, que a pregação
não é um simples ato de retórica, um discurso político ou uma estratégia de
ensino para transferir conhecimentos. Ela e a "demonstração do Espírito e
de poder..."]. Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!
1. O MESTRE
1. Seu ensino. Jesus, o homem perfeito,
foi o Mestre por excelência. A maior parte do seu ministério foi dedicada a
ensinar e a preparar os seus discípulos (Lc 4.15,31; 5.3,17; 6.6; 11.1,2;
13.10; 19.47). Portanto, o ministério de Jesus foi centralizado no ensino. As
Escrituras registram que as pessoas ficavam maravilhadas com o ensino do Senhor
(Lc 4.22). Elas já estavam acostumadas a ouvir os mestres judeus ensinando nas
sinagogas (Lc 4.20). Porém, quando ouviram Jesus ensinando, logo perceberam
algo diferente! (Mt 7.28,29) O que era? Ele as ensinava com autoridade, e não
apenas reproduzindo o que os outros disseram. A natureza de seu ensino era
diferente - seu ensino era de origem divina (Jo 7.16). [Comentário: O Rev.
Hernandes Dias Lopes esclarece: “Jesus foi o maior mestre da história.
Seu nome se alteia acima dos grandes corifeus deste mundo. Sócrates ensinou
durante 40 anos. Platão ensinou 50 anos. Aristóteles encheu bibliotecas com a
sua erudição. Jesus não deixou nenhum livro, nenhum tratado nem sequer uma
página escrita. Não lecionou em nenhuma Universidade, contudo, foi o MAIOR
MESTRE do mundo. Jesus revolucionou o mundo com a sua influência e com o seu
ensino. JESUS não escreveu palavras no papel, mas gravou-as no coração dos seus
discípulos e estes, outrora acovardados tornaram-se verdadeiros gigantes da fé,
protagonistas incontestáveis da maior revolução e transformação da história:
vidas foram arrancadas do negrume da ignorância; perdidos foram encontrados,
enfermos foram curados, cegos viram, surdos ouviram, mudos falaram, os
atormentados acharam paz, os enclausurados acharam liberdade, os párias foram
dignificados e os homens rebeldes foram reconciliados com Deus. JESUS, O MESTRE
veio para mostrar aos filósofos gregos a suprema verdade, veio para vencer o
orgulhoso romano e colocar no seu estandarte uma cruz em vez de uma águia, veio
para afagar em seus braços os continentes.” http://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/jesus-o-mestre-por-excelencia/#.VT7GLyFViko.
William Hendriksen, no Comentário do Novo Testamento (Cultura Cristã), comenta:
“Quando Jesus parou de falar, a grande multidão, que fascinada o ouvia, estava
em estado de espanto. Em nosso idioma é muito difícil, talvez impossível,
reproduzir o exato sabor do pitoresco verbo usado no original para descrever o
estado do coração e da mente do povo. As várias versões em português traduzem o
termo por “maravilhadas” (Atualizada), “admirou-se” (Corrigida), “extasiadas” (BÍBLIA
de
Jerusalém). The Amplified New Testament traz: “estavam atônitos e dominados de
perplexa admiração." Essas traduções são todas elas muito úteis. O
significado literal do original é “ficaram como que fora de si”. Tem-se
sugerido “tirados de seus sentidos”. Compare-se também com o alemão “ser
trazido para fora de si” (Lenski, op. cit., p.305) e o holandês “derrotados
para fora do campo ”. O tempo do verbo mostra que esse estado de assombro não
foi só uma experiência momentânea, mas que durou algum tempo. Poder-se-ia muito
bem perguntar: Quais foram algumas das razões desse sentimento de admiração e
assombro? Mt 13.54,55 poderia fornecer parte da resposta. Não obstante, com
base no próprio sermão e em 7.28 (“não como os seus escribas”), os seguintes
temas merecem consideração: a. Ele falava a verdade (Jo 14.6; 18.37). O
arrazoado corrupto e evasivo caracterizava os sermões de muitos dos escribas
(Mt 5.21 ss.). b. Ele apresentava assuntos de grande relevância, questões de vida,
morte e eternidade. Eles com freqüência desperdiçavam seu tempo com
trivialidades (Mt 23.23; Lc 11.42). c. Havia sistema na pregação de Jesus.
Segundo o Talmude deles comprova, eles com freqüência divagavam sem parar. d.
Ele excitava a curiosidade ao fazer uso generoso de ilustrações (5.13-16;
6.26-30; 7.24-27; etc.) e exemplos concretos (5.21—6.24; etc.), como o sermão o
revela do princípio ao fim. Os discursos deles eram com freqüência áridos como
o pó. e. Ele falava como aquele que amava os homens, como aquele que se
preocupava com o bem-estar eterno de seus ouvintes e apontava para o Pai e seu
amor (5.44-48). A falta de amor por parte deles é evidente com base em
passagens tais como 23.4,13-15; Mc
12.40; etc. f. Finalmente, e este aspecto é o mais importante, pois ele é
especificamente declarado aqui (v.28). Ele falava “com autoridade” (Mt 5.18,26;
etc.), porque sua mensagem vinha diretamente do coração e mente do Pai (Jo
8.26), daí também vir do mais profundo de seu próprio ser e das Escrituras (5.17;
7.12; cf. 4.4,7,10). Eles estavam constantemente aproveitando fontes falíveis,
citando um escriba ou outro. Eles tentavam tirar água de cisternas rotas. Ele
extraía de si mesmo, pois era (e é) “a fonte de águas vivas” (Jr 2.13)”. HENDRIKSEN. William. Comentário
do Novo Testamento. Mateus I. Editora Cultura Cristã. pag. 540-541.]
2. Seu exemplo. Jesus ensinou seus discípulos
através do exemplo: "Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos
fiz, façais vós também" (Jo 13.15). Isso o distanciou dos escribas e
fariseus que ensinavam, mas não praticavam o que ensinavam (Mt 23.3). Os
discípulos se sentiram motivados a orar quando viram seu Mestre orando (Lc
11.1-4). As palavras de Jesus eram acompanhadas de atitudes práticas. De nada
adianta a beleza das palavras se elas não vêm acompanhadas pelas ações (Tg
1.22). O povo se convence mais rápido pelo que vê do que pelo que ouve. Por
isso, o Mestre exortou os seus discípulos a serem exemplos (Mt 5.16). [Comentário: Jesus foi o maior especialista na arte
de ensinar. Ele é O Mestre. Ensinou com maestria invulgar. Sobrepujou os
grandes deste mundo. Foi Mestre em grau superlativo. Dominou com capacidade
inigualável todos os recursos pedagógicos. Variava de método de acordo com as
circunstâncias e pessoas. Para cada caso, usava um método próprio e adequado.
Assim o Comentário Esperança (Editora Evangélica Esperança) comenta Jo 13.15:
“Porque eu vos dei um exemplo, para que vós façais como eu vos fiz. Representa
uma distorção do evangelho se virmos em Jesus apenas um exemplo, ao qual
queremos imitar com nossas próprias forças. Nessa leitura se ignoraria o que
Jesus disse em Jo 3.1ss ao sério fariseu Nicodemos sobre a necessidade do novo
nascimento. Por outro lado, também não podemos nem devemos negar que Jesus é
exemplo. Em consonância, ele próprio está se colocando a seus discípulos como
exemplo precisamente em sua função apostólica. Acrescenta-se que no grego a
palavra como (kathos - ως - Lê-se Óus) não possui apenas um sentido
comparativo, mas também uma conotação de justificativa. Devem fazer como Jesus
fez; porém somente podem fazê-lo porque Jesus agiu primeiro dessa forma com
eles”. Werner de Boor.
Comentário Esperança Evangelho de João. Editora Evangélica Esperança. Ainda
o Rev. Hernandes Dias Lopes, esclarece: “Quando Jesus terminou de ensinar o
“Sermão do Monte” as multidões ficaram maravilhadas, porque ele ensinava com
autoridade e não como os escribas e fariseus. Eric Fromm nos fala de dois tipos
de autoridade: 1. autoridade imposta e 2. autoridade adquirida. O elemento mais
importante na vida de um mestre é aquilo que ele é em si. Foi isto que levou
Emerson a dizer: “O que mais importa não é o que aprendemos e sim, com quem
aprendemos.” Mackinney disse que “a vida do mestre é a lição que mais apela ao
coração do aluno.” A vida do professor é a vida do seu ensino. Schweitzer disse
que “O exemplo não é uma, mas a única maneira de ensinar.” Jesus podia ensinar
sobre Mansidão (Mt 5.5) porque ele era manso aprendei de mim porque sou manso e
humilde de coração (Mt 11.28). Jesus podia ensinar sobre humildade (Mt 5.3)
porque quando os discípulos discutiam quem era o maior entre eles, Jesus tomou
uma toalha e uma bacia e lavou-lhes os pés. Jesus podia ensinar sobre o perdão
porque na hora que seus algozes o afligiam na cruz, pede a Deus para perdoá-los
e ainda os defende: porque não sabem o que fazem. Jesus viveu aquilo que
ensinou, viveu tudo antes de ensinar, e viveu tudo bem mais do que pode ensinarhttp://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/jesus-o-mestre-por-excelencia/#.VT7GLyFViko.]
SÍNTESE DO TÓPICO I
Jesus é o Mestre por excelência.
2. O CHAMADO
1. O método. Os teólogos têm observado que o método usado por Jesus para recrutar seus
discípulos é variado. De fato, a Escritura mostra que algumas vezes a
iniciativa do chamamento parte do próprio Senhor Jesus. Enquanto pregava e
ensinava, Jesus observava as pessoas a quem iria chamar (Mc 1.16-20). Em alguns
casos, o chamamento veio através da indicação do Batista (Jo 1.35-39). Houve
também pessoas que se ofereceram para serem seguidoras de Jesus (Lc
9.57,58,61,62). E, finalmente, existiram os que foram conduzidos até Jesus por
intermédio de amigos (Jo 1.40-42,45,46). Dessa forma, todas as classes foram
alcançadas por Jesus. E foi dentre esses seguidores que Jesus chamou doze para
serem seus apóstolos (Lc 6.13-16).
[Comentário: Ainda
o Comentário Esperança (Editora Evangélica Esperança): “Jesus passou a noite
vigiando em oração. Mais de uma vez Lucas salientou essa necessidade íntima que
o Redentor tinha de orar. Contudo os termos aqui utilizados contêm uma ênfase
muito especial. A palavra “vigiar por toda a noite” ocorre unicamente aqui. A
escolha dessa expressão incomum, bem como a forma verbal analítica (imperfeito
e particípio), destacam a persistência determinada e incessante dessa vigília
noturna. A expressão “oração de Deus” (προσευχή του Θεού - Lê-se - prosef̱chí̱
tou Theoú), é também única no Novo Testamento. Essa formulação não designa
nenhum pedido peculiar, mas um estado da mais profunda devoção na presença
santa e direta de Deus, uma invocação que transita para a mais íntima comunhão
com Deus. Durante essa noite Jesus apresentou a Deus sua obra no estágio
decisivo em que ingressara naquele momento, aconselhando-se com ele. Durante
essa longa luta de oração, por toda a noite, Jesus provavelmente havia
apresentado todos os seus discípulos individualmente a seu Pai, para que o Pai
designasse aqueles que o Filho deveria tornar emissários da salvação. O que
será que os discípulos, que haviam se ajuntado em grande número em torno de
Jesus, sentiram quando Jesus, como um general, chamou um por um do meio deles,
até que ficasse completo o número dos doze? “Simão”, começou ele. Com quanta
expectativa cada novo nome era aguardado! Com que estremecimento cada um ouvia,
então, o chamado do próprio nome. Dentre o grupo de discípulos “ele escolheu os
doze”, “aos quais também chamou de apóstolos”. Isso é significativo. Os demais
discípulos aceitaram que esses doze obtivessem uma posição especial do Senhor.
O Redentor os havia escolhido em virtude de ordem divina. Deus é soberano. Os
discípulos não têm outra opção a não ser obedecer a esse Senhor extraordinário.
“Chamou-os a si”. Ele os “ordenou” para duas finalidades. 1) Primeiramente,
devem estar junto dele. Devem perseverar com ele em suas tentações até chegarem
ao Getsêmani; afinal, devem tornar-se testemunhas dele até os confins do mundo
(At 1.8). Precisavam conhecer suas “horas silenciosas”, conviver com ele no
dia-a-dia, observar seu trabalho, obter uma visão dos mistérios de sua
sabedoria de educador, e até mesmo familiarizar-se com os objetivos de sua
ação. 2) O segundo aspecto é que eles partilharão de sua autoridade. Dessa
maneira ele providencia, de certo modo, pernas e pés, línguas e lábios que
levem adiante sua obra. Mateus relata a convocação e o credenciamento dos
apóstolos em uma ocasião (Mt 10.1ss), e Lucas o faz em dois trechos, mais
precisamente como segue: de acordo com Lucas, o primeiro passo de Jesus foi
nomeá-los, provavelmente para que passassem a ser seus alunos de modo especial.
Isso aconteceu aqui em Lc 6.12-16. A capacitação é relatada em Lc 9.1-6, onde
Jesus lhes confere a autoridade para servir como apóstolos. O relato mais
preciso indica que esse deve ter sido o processo. Mateus reúne em uma só
ocasião as duas ações de Jesus. Isso tem a ver com sua característica de
enfatizar tão-somente o aspecto doutrinário e fundamental. Dessa forma o
Redentor obteve, portanto, um grupo de auxiliares para sua obra. Ele, o
maravilhoso canal da poderosa benignidade de Deus, fora multiplicado por doze.
Quanto ao título “apóstolo”, cf. o exposto no Comentário Esperança, Marcos,
sobre Mc 3.13-19, bem como Jo 17.18; 20.21; At 1.8. Essas passagens não devem
levar à conclusão que a tarefa dos apóstolos consistia tão somente em ser
testemunhas de Jesus. O próprio nome expressa mais, cf. 2Co 5.20: “Somos
mensageiros de Cristo… e rogamos que vos reconcilieis com Deus.” Com a escolha
dos doze estava organizada a obra de Jesus. Passou do estágio de fenômeno local
e isolado para o estágio de instituição que abrange e cuja intenção arrebata povos
e épocas. A obra do Senhor obteve um solo histórico firme e uma perspectiva
clara para o futuro, com todas as suas esperanças e todos os seus perigos.Fritz
Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica
Esperança.”]
2. O custo. Jesus deixa bem claro quais são
as implicações envolvidas na vida daquele que aceitasse o chamado para ser seu
discípulo. Tornar-se discípulo é bem diferente de se tornar um simples aluno.
No discipulado, o seguidor passa a conviver com o mestre, enquanto na relação
professor-aluno essa prática não está presente. O aprendizado acontece
diuturnamente, e não apenas durante algumas aulas dadas em domicílio ou numa
sala. Quem quiser segui-lo deve, portanto, avaliar os custos. Seguir a Cristo
envolve renúncia, significa submissão total a Ele. Jesus lembrou as pessoas
desse custo, pois não queria que o seguisse apenas por empolgação (Lc
14.25-27). Muitos querem ser discípulos mas não querem renunciar nada. Às vezes
precisamos sacrificar até mesmo o nosso relacionamento religioso na família, abrir mão de algumas
coisas para seguir a Jesus. O que o Mestre está requerendo de você? [Comentário: Anthony Lee Ash em O Evangelho Segundo Lucas (Editora Vida Cristã), escreve: “Quem
se qualifica como discípulo?” (vs. 26,27,33). Essas palavras foram ditas em
vista da paixão de JESUS que estava próxima e deveriam separar o verdadeiro
discípulo dos seguidores indiferentes. O primeiro teste do discipulado se
referia aos parentes mais próximos (cf. 18:29). Jesus apoiava o amor familiar,
mas mesmo este precisa ser subordinado ao amor a Deus. Aborrecer é um termo
duro, mas o paralelo em Mateus 10:37 indica que significa “amar menos” (também
Gn 29:30; Dt 21:15). Além da família, a pessoa precisa amar a sua própria vida
menos do que ama Jesus. Vida abrange todos os interesses mundanos, até mesmo o
nosso próprio ser (cf. Jo 12:25). (27) A cruz, sugerindo um criminoso
desprezado seguindo para a sua morte terrível, amplia a idéia de aborrecer a
própria vida (veja 9:23). É preciso estar disposto, se necessário, a sofrer um
destino assim horrível por causa de Jesus. Essas palavras teriam ainda maior
significado para os cristãos depois
da crucificação e ressurreição de Jesus (cf. G1 2:20; 6:14). Anthony Lee Ash. O Evangelho
Segundo Lucas. Editora Vida Cristã. pag. 235.]
SÍNTESE DO TÓPICO II
Jesus chamou doze discípulos para estar com Ele
3. O TREINAMENTO
1. Mudança de destino. No treinamento dado aos
discípulos, a cruz ocupa um lugar central nos ensinamentos do Mestre (Lc 9.23;
14.27). A cruz de Cristo aparece como um divisor de águas na vida dos
discípulos. Uma mudança de rumo ou destino. A vida com Cristo é cheia de vida,
na verdade vida em abundância (Jo 10.10). Mas por outro lado, é uma vida para a
morte! Quem não estivesse disposto a morrer, não poderia ser seu seguidor
autêntico. A cruz muda o destino daquele que se torna seguidor de Jesus. Ela
garante paz e vida eterna, mas somente para aqueles que morrerem para este
mundo. [Comentário: O Comentário Bíblico de William Barclay
esclarece: “Jesus estabelece as condições do serviço daqueles que o seguem. (1)
Negar-se a si mesmo. O que significa isto? Um grande erudito dá o significado
seguinte: Pedro uma vez negou a seu Senhor. Disse: "Não conheço esse
homem." Negar-nos a nós mesmos quer dizer: "Não me conheço a mim
mesmo." É ignorar a existência de si mesmo. É tratar o eu como se não
existisse. Quase sempre tratamos a nós mesmos como se nosso eu fora com muito o
mais importante do mundo. Se queremos seguir ao Jesus devemos destruir o eu e
nos esquecer de que existe. (2) Tomar sua cruz. O que significa isto? Jesus
sabia muito bem o que significava a crucificação. Quando era menino de uns onze
anos, Judas o Galileo tinha encabeçado uma rebelião contra Roma. Tinha atacado
ao exército real em Séforis (capital da Galiléia), que estava a uns seis
quilômetros de Nazaré. A vingança dos romanos foi rápida e repentina. Queimaram
a cidade integralmente; seus habitantes foram vendidos como escravos; e dois
mil rebeldes foram crucificados com o passar do caminho para que fossem uma
terrível advertência para outros que queriam fazer o mesmo. Tomar nossa cruz
significa estar preparados para enfrentar coisas como esta por nossa fidelidade
a Deus; significa estar dispostos a suportar o pior que um homem nos possa
fazer pela graça de ser fiéis para com Deus. BARCLAY.
William. Comentário Bíblico. Lucas. pag. 106.]
2. Mudança de valores. Lucas mostra Jesus instruindo os
Doze antes de enviá-los em missão evangelística (Lc 9.1-6) e, posteriormente,
enviando outros setenta após dar-lhes também instruções detalhadas (Lc
10.1-12). Para chegar a esse ponto, muitas coisas precisaram ser mudadas na
vida desses discípulos. Uma delas, e muito importante, foi a mudança de
mentalidade dos discípulos. Jesus mudou a forma de pensar deles. Seus
discípulos não poderiam mais, por exemplo, possuir uma mente materialista como
os gentios, que não conheciam a Deus (Lc 12.22,30). Quem conhece a Jesus de
verdade não fica preocupado com o amanhã, com as coisas deste mundo, pois sabe
que Ele, o Bom Pastor, supre cada uma das nossas necessidades. [Comentário: Quanto a isso, Matthew Henry em seu
Comentário Matthew Henry Novo Testamento (Editora CPAD), esclarece o seguinte:
“O Senhor os exorta a não ficarem apreensivos com os cuidados perturbadores e
desconcertantes pelas coisas necessárias para a manutenção da vida: Não
estejais apreensivos pela vossa vida, v. 22. Na parábola anterior Ele havia nos
dado aviso contra o ramo da avareza do qual os ricos estão em maior perigo; ou
seja, uma complacência sensual quanto à abundância dos bens deste mundo. Agora
os seus discípulos poderiam pensar que não estavam correndo este risco, pois
eles não tinham fartura nem variedade em que pudessem se gloriar. Portanto, o
Senhor aqui os adverte contra um outro ramo da avareza, ao qual eles estão mais
sujeitos à tentação, o de terem apenas um pouco neste mundo (que, na melhor
hipótese, era o caso dos discípulos, muito mais agora que haviam deixado tudo
para seguir a Cristo), sentindo uma ansiosa solicitude pelas coisas que são
necessárias para a manutenção da vida: “Não estejais apreensivos pela vossa
vida, seja pela preservação dela, se estiver em perigo, ou pela provisão que
deve ser feita para ela, seja de comida ou de roupas, o que comereis ou o que
vestireis” . Esta é a advertência que o Senhor havia enfatizado, Mateus 6.25 e
versículos seguintes. E os argumentos usados aqui são em boa parte os mesmos,
tendo como propósito o nosso encorajamento para lançarmos todo o nosso cuidado
sobre Deus, que é o modo correto de nos tranquilizarmos. Uma busca excessiva e
ansiosa das coisas deste mundo, mesmo das coisas necessárias, não é algo que
convenha aos discípulos de Cristo (w. 29,30): “A despeito daquilo que outros façam,
não pergunteis o que haveis de comer ou o que haveis de beber. Não andeis
inquietos com preocupações confusas, nem vos canseis com trabalhos constantes.
Não vos apresseis em perguntar o que haveis de comer ou beber como os inimigos
de Davi que vagueavam buscando o que comer (SI 59.15) ou como a águia que, de
longe, descobre a sua presa, Jó 39.29. Que os discípulos de Cristo, portanto,
não apenas trabalhem pelo alimento, mas peçam-no a Deus todos os dias; que eles
não tenham mentes duvidosas; me meteorizesthe - Não sejam como os meteoros no
ar, que são lançados aqui e ali por todo vento; não subam ou caiam, como eles,
mas mantenham uma constância em si mesmos; sejam equilibrados e firmes, e
tenham seus corações fixos; não vivam em suspense cuidadoso; não deixem que
suas mentes fiquem continuamente perplexas entre a esperança e o medo,
permanecendo sempre angustiados”. Que os filhos de Deus não fiquem apreensivos;
porque: (1) Isto seria agir como os filhos deste mundo: “Porque os gentios do
mundo buscam todas essas coisas, v. 30. Aqueles que só buscam os cuidados do
corpo, e não os da alma, só para este mundo, e não para o porvir, não olham
além daquilo que comerão e beberão; e, não tendo um Deus totalmente suficiente
para buscar e em quem confiar, eles se sobrecarregam com cuidados ansiosos
sobre estas coisas. Mas isto não vos convém. Vós, que fostes chamados deste
mundo, não deveis vos conformar com este mundo, nem andar no caminho deste
povo, Isaías 8.11,12. Quando os cuidados excessivos dominam a nossa vida,
devemos pensar: “O que sou eu, um cristão ou um pagão? Batizado ou não
batizado? Sendo um cristão batizado, será que devo me igualar aos gentios,
unindo-me a eles naquilo que buscam?” (2) É desnecessário que eles estejam
apreensivos com os cuidados pelas coisas necessárias para o sustento da vida;
porque eles têm um Pai no céu que sempre cuida deles, que toma conta deles:
“Vosso Pai sabe que necessitais delas, e considera isto, e suprirá todas as
vossas necessidades de acordo com as riquezas da sua glória. Pois Ele é o vosso
Pai, que vos fez sujeitos a estas coisas; portanto, Ele mesmo usará sua
compaixão e suprirá todas elas. Vosso Pai, que vos sustenta, vos educa e
reserva uma herança para vós, portanto, Ele cuidará para que não vos falte
nada”. HENRY. Matthew.
Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa.Editora
CPAD. pag. 625-626.]
SÍNTESE DO TÓPICO III
Jesus escolheu seus discípulos e
os treinou para todo trabalho na seara.
4. A MISSÃO
1. Pregar e ensinar. Já foi dito que o ministério de
Jesus consistia no ensino da Palavra de Deus, na pregação do Evangelho do Reino
e na cura dos doentes (Mt 4.23; Lc 4.44; 8.1). No texto de Lucas 9.1,2, vemos
Jesus enviando os doze: "E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes
virtude e poder sobre todos os demônios e para curarem enfermidades; e
enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos".
"Pregar" é a tradução do verbo grego kerysso, que possui o sentido de
"proclamar como um arauto". Jesus treinou seus discípulos com uma
missão específica - serem proclamadores da mensagem do Reino de Deus. Proclamar
o Evangelho do Reino ainda continua sendo a principal missão do Corpo de
Cristo! Quando a Igreja se esquece desse princípio, ela perde o seu foco. [Comentário: Jesus
anunciou o Reino pregando a Palavra de Deus e curando os enfermos. Se Ele
tivesse se limitado a pregar, as pessoas poderiam imaginar o seu Reino com um
caráter apenas espiritual. Por outro lado, se tivesse curado sem pregar, talvez
elas não percebessem a importância espiritual da missão de Jesus. A maioria dos
ouvintes esperava um Messias que traria riqueza e poder à nação judaica; o povo
preferia os benefícios materiais ao discernimento espiritual. A verdade sobre
Jesus é que Ele é o Deus encarnado, tem duas naturezas: uma divina e outra
humana; possui espírito, alma e corpo; a salvação que Ele oferece é tanto para
a alma quanto para o corpo. Qualquer ensino que enfatize a salvação da alma à
custa do corpo ou o contrário distorce as Boas Novas de Jesus Cristo. Russell
Norman Champlin escreve em sua Enciclopédia
de Bíblia Teologia e Filosofia
(Vol. 5) (Editora Hagnos): “A grande abundância de referências ao ensino e à
pregação demonstra o papel primordial dessas funções, no Novo Testamento. O
texto de I Cor. 1:18,21 mostra-nos que, no conceito dos gregos incrédulos, a
pregação era uma «tolice». Eles preferiam a sabedoria filosófica. Porém,
através da pregação do evangelho é que a salvação é outorgada aos homens. O
trecho de Rom. 10:14,15 mostra que o pregador é uma figura necessária dentro do
modus operandi de Deus, para anunciar a mensagem de Deus aos homens. O próprio
Senhor Jesus deixou-nos o exemplo, tendo sido ele o supremo pregador”. CHAMPLIN, Russell Norman,
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 367. ]
2. Libertar e curar. O Evangelho de Cristo provê
tanto a cura para a alma como também para o corpo. O Evangelho de Mateus revela
com clareza que o Senhor Jesus proveu tanto a cura como a libertação para todos
aqueles que se achegavam a Ele com fé e contrição (Mt 8.16,17). Frank Stagg,
teólogo americano, observa que embora a obra redentora de Cristo tenha o seu
centro na cruz, Ele já era redentor da doença e do pecado durante o seu
ministério terreno. Os discípulos, portanto, precisavam levar à frente essa
verdade a todos os locais. [Comentário: Russell
Norman Champlin em O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo
(Editora Candeias), escreve: «ELE MESMO tomou as nossas enfermidades e carregou
com as nossas doenças». Profecia messiânica, que se acha em Is. 53:4. A citação
foi tirada do hebraico, porque a LXX interpreta essa profecia como referência
ao pecado. No grego a expressão é enfática. O Messias, Cristo Jesus, veio com a
finalidade de aliviar (ευκολία - Lê-se - ef̱kolíá) o sofrimento humano. Esse
versículo tem recebido diversas interpretações: 1. Refere-se ao ministério
espiritual do Messias, ao levar o pecado do mundo. O texto de Isaías aborda
exatamente isso, e a LXX reflete isso na tradução. 2. Segundo o uso de Mateus,
indica apenas as doenças físicas. A profecia, pois, expõe outro aspecto do
ministério de Cristo; sem mencionar aqui a expiação pelo pecado. 3. Refere-se a
ambas as coisas — o pecado e as enfermidades e doenças —, provavelmente
considerando as doenças como resultantes do pecado, ou então com ligação direta
ao pecado; o Messias veio para tratar da enfermidade espiritual e física da
natureza humana. Provavelmente o autor
do evangelho concordaria com esta interpretação. Essa doutrina tem recebido
várias interpretações exageradas, como: 1. A cura física está incorporada na
expiação pelo pecado, e assim sendo, nunca é da vontade de Deus que seu povo
adoeça. É verdade que, no fim, a expiação terá o efeito de eliminar as
enfermidades físicas, mas isso só ocorrerá da transformação operada na
ressurreição. Não é menos ridículo dizer que a morte física é agora eliminada
pela expiação, isto é, a morte no presente. A morte física geralmente -e
resultado das doenças. A expiação também elimina a morte na raça humana, mas
isso só será total após o arrebatamento e depois do milênio (I Cor. 15:24-26).
A expiação eliminará finalmente as doenças, mas dizer que isso ocorre no
presente é exagerar a doutrina. O próprio Paulo sofreu fisicamente. (Ver II
Cor. 12:7). Paulo nunca atingiu a perfeição nesta vida (Fp. 3:12). João declarou
enfaticamente a permanência do pecado (I João 1:8), e somente o equivoco pode
levar as pessoas a pensar de outro modo. Enquanto permanecer o pecado,
permanecerão as enfermidades. 2. Outros abusam desse versículo, dizendo que
Jesus sofreu de esgotamento espiritual por haver carregado os nossos pecados e doenças em oportunidades como
esta. Não há que duvidar que algumas vezes ele sofreu de esgotamento físico e
mental. Ver Marc. 5:30, quando dele saiu poder, ao curar; ver também Luc. 22:44
e Marc. 15:21. Finalmente, seria um erro não notar que este versículo (além de
ensinar certas doutrinas) mostra principalmente a simpatia e o espírito de
misericórdia de Jesus para com a raça humana. Jesus não operou milagres para
mostrar sua divindade, ilustrar as doutrinas, etc. , mas para aliviar o
sofrimento humano, porquanto, como homem, participou desses sofrimentos e
simpatizou com os homens. O versículo demonstra, mais do que qualquer outra
coisa, a compaixão de Jesus. CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 1. pag. 342. Ainda cito William Barclay em seu Comentário
Bíblico: “Sem dúvida, tinha ensinado e pregado, e certamente se teria
encontrado com seus acérrimos (Insistentes) adversários. Agora tinha chegado a
tarde. Deus deu aos homens o dia para trabalhar e a noite para o descanso. A
tarde é o momento quando se deixa de lado o trabalho e começa o repouso. Mas
não era assim para Jesus. No momento em que ele também necessitava o descanso,
viu-se rodeado das clamorosas necessidades humanas e sem egoísmo, sem
protestar, com uma generosidade divina, saiu ao encontro dos homens. Enquanto
houvesse uma alma necessitada, não haveria
descanso para Jesus. Esta cena traz à mente de Mateus certas palavras de Isaías
(Isaías 53:4) onde se diz que o Servo de Deus levou nossas enfermidades e
sofreu nossas dores. O discípulo de Cristo não pode procurar descanso quando
ainda há quem necessita ajuda e saúde; e o mais estranho é que seu cansaço
desaparecerá e sua fraqueza se fortalecerá quando usar suas energias para
ajudar a outros. De algum modo, quando chegarem as demandas, também virá o
poder. E sentirá que pode seguir adiante por amor dos outros quando por si
mesmo não daria mais nenhum passo”. BARCLAY.
William. Comentário Bíblico. Lucas. pag. 335.]
SÍNTESE DO TÓPICO IV
A missão dos discípulos era pregar o
Evangelho do Reino a todos.
CONCLUSÃO
Aprendemos
nesta lição sobre a importância que o ensino tem na formação do caráter cristão.
Jesus ensinou os seus discípulos, mas não os ensinou de qualquer forma nem
tampouco lhes deu qualquer coisa como conteúdo. Ele lhes ensinou a Palavra de
Deus. Mas até mesmo o ensino da Palavra de Deus, para ter eficácia, precisa ser
acompanhada pelo exemplo, valer-se de recursos didáticos eficientes, firmar-se
em valores e possuir um objetivo claro e definido. Tudo isso encontramos com
abundância nos ensinos de Jesus. Ao seguir seus ensinos, temos a garantia de
que o hiato existente entre o professor e o aluno, entre o educador e o
educando, desaparecerão. Dessa forma teremos um ensino eficiente. [Comentário: Há uma
frase atribuía da à Confúcio que diz: “A palavra convence, o exemplo arrasta”.
Influenciar na vida das pessoas que estão ao nosso redor exige muito esforço,
ideias e riscos, mas isso não poderia ser diferente. Aceitemos ou não, somos
influenciados uns pelos outros. Não há como viver de modo independente, pois
tentar viver uma vida isolada não seria natural. Além do que conduziria à
insanidade. Em se tratando de ensinar pelo exemplo, Jesus é o mestre por excelência porque
ensinou as verdades eternas e Ele era, é e será esta própria verdade. Jesus é o
mestre por excelência porque foi o exemplo vivo de seus ensinamentos. Jesus
amou seus alunos e lapidou-os, preparou-os para a vida, valorizou-os e fez
deles uma bênção para o mundo: PEDRO = pedra bruta – pregador poderoso. JOÃO,
FILHO DO TROVÃO – discípulo do amor. Que possamos, destarte, como Paulo em 1Co
11.1, afirmar: “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo” ou numa
melhor tradução: Sigam o meu
exemplo como eu sigo o exemplo de Cristo!]. NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
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