sexta-feira, 14 de novembro de 2014

LIÇÃO 7: INTEGRIDADE EM TEMPOS DE CRISE








TEXTO ÁUREO

“Então os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa” (Dn 6.4).


VERDADE PRÁTICA


A integridade deve ser a nossa marca, compreendendo igualmente coração mente e vontade.


HINOS SUGERIDOS

175, 310, 394


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE 
 DN 6.3-5,10,15,16,20


3 - Então o mesmo Daniel se distinguiu destes príncipes e presidentes, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino.
4 - Então os príncipes e os presidentes procuraram achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa.
5 - Então estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus.
10 - Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer.
11 - Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e suplicando diante do seu Deus.
15 - Então aqueles homens foram juntos ao rei, e disseram ao rei: Sabe, ó rei, que é uma lei dos medos e dos persas que nenhum edito ou ordenança, que o rei determine, se pode mudar.
16 - Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o lançaram na cova dos leões. E, falando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará.
20 - E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz triste; e, falando o rei, disse a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo! dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?


OBJETIVOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Saber que Daniel era um homem íntegro, mesmo vivendo em um meio corrompido.
Analisar o caráter íntegro de Daniel.
Compreender porque Daniel foi parar na cova dos leões.



SUBSÍDIO I




INTRODUÇÃO


Na lição de hoje nos voltaremos para a integridade de Daniel em tempos de crise. Por causa da sua fidelidade, o profeta do Senhor fora lançado na cova dos leões, mesmo assim não fez concessões em relação a sua fé. Inicialmente destacaremos o desafio de viver em integridade, mesmo quando as situações são desfavoráveis. Ressaltaremos a necessidade de uma vida íntegra, especialmente quando somos postos diante da possibilidade de corromper e/ou de ser corrompido.  


1 DESAFIO À INTEGRIDADE


A integridade é uma virtude, e diz respeito à inteireza de caráter. Dizemos que alguém é integro quando é coerente, não se mostra dividido. Há menção na Bíblia de um homem chamado Jó, que era íntegro e reto, e que se desviava do mal (Jó. 1.1,2). Viver em integridade é um desafio porque podemos ser moldados pela cultura na qual nos encontramos. Por isso Paulo escreve aos Romanos, advertindo-os para que não se coadunem à forma do mundo (Rm. 12.1,2). O desafio está posto, ou nos moldamos ao mundo, conforme seu modo de pensar e agir, ou experimentamos a vontade de Deus, que é perfeita, boa e agradável. O mundo jaz no Maligno, e é inimigo de Deus, ninguém pode agradar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo (I Jo. 2.14; Tg. 4.4). O mundo é inimigo de Deus porque se opõe aos Seus valores, as propostas do mundo se enquadram dentro do relativismo, contrário à Palavra de Deus. Daniel, Hananias, Mizael e Azarias estiverem na Babilônia, e experimentaram o desafio de viver com integridade, no contexto de uma terra estranha. Devemos lembrar, como cristãos, que somos cidadãos da terra e do céu. Como cidadãos da terra, devemos agir com moderação, em respeito as autoridade, com direitos e obrigações (Rm. 13.1). As autoridades são dignas de respeito, mas não são soberanas, suas posições estão abaixo das determinações divinas (At. 5.25-29).  Quando os governantes impuserem valores anticristãos à sociedade, devemos optar pela Palavra, isso porque estamos debaixo do senhorio de Cristo (Mt. 28.18). Uma vida de integridade é manifesta em submissão, na obediência Àquele que é verdadeiramente o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap. 19.16). Há uma tendência ao liberalismo moral na sociedade, e descaso em relação aos problemas sociais, mas nós não devemos pactuar com esse pensamento. A vida dos cristãos está fundamentada em valores eternos, cuja expressão é Deus, que vive para sempre.


2 EM TEMPOS DE CRISE POLÍTICA


Daniel foi desafiado pela política aculturalista do império babilônico, a corrupção grassava naquele solo (Dn. 5). O rei Nabucodonosor era um tirano, que centralizava o poder, e mantinha as pessoas debaixo do seu jugo (Dn. 4). A política tende à centralização, os governantes querem se perpetuar no poder. A soberba é uma característica recorrente entre os políticos, principalmente àqueles que não reconhecem seu papel social. A mudança de governo, dos babilônicos para os medo-persas, não modificou o quadro de corrupção. Isso mostra que todos os governantes podem ser picados pela “mosca azul”. O poderio econômico também exerce influência sobre esses, que preferem satisfazer o mercado, que o elegeu ao invés de buscar satisfazer os necessitados. Determinadas críticas que são feitas entre os políticos soam como hipocrisia, alguns censuram seus opositores pela corrupção, sendo culpados das mesmas atitudes. A crise política pela qual Daniel passou não é muito diferente das que nos deparamos na sociedade. Temos a necessidade inclusive de uma reforma política no Brasil, o processo democrático, respeitando suas limitações, cumpre seu papel, mas precisa ser aprimorado. Os políticos que entram no governo, até mesmo os evangélicos, ficam tolhidos pelas amarras do sistema. De vez em quando são propagados casos de corrupção, inclusive entre aqueles que se dizem evangélicos. Mas nem tudo está perdido, existem aqueles que tal como Daniel não se misturam, permanecem íntegros mesmo quando são perseguidos (Dn. 6.4-5). Na política dos homens também existem os desafetos, que buscam oportunidade para condenaram os que servem a Deus. Esses são os bajuladores do governo, que querem tirar vantagem, perseguindo os que são fieis a Deus (Dn. 5.6-9). A vida de Daniel é uma demonstração de integridade, mesmo quando proibido de orar, buscou seu quarto e se voltou para a presença de Deus (Dn. 6.10).


3 FIDELIDADE A DEUS


Daniel preferiu morrer a fazer concessões em relação a sua fé no Deus no vivo e verdadeiro. Dario, por causa do seu amor à bajulação, tornou-se escravo das suas leis. Assim acontece nos dias atuais, leis e mais leis são criadas, algumas delas injustas, para oprimir os mais pobres (Is. 10.1). Essas leis são humanas, resultantes da história, e das perspectivas modernas, podem ou não ter respaldo bíblico. O rei não podia contrariar suas próprias leis, por isso foi obrigado a colocar Daniel na cova com os leões. A arma de Daniel não foi material, ele não quis fazer uma revolução, antes se entregou à oração (Dn. 6.10,11). A oração precisa ser mais valorizada neste tempo de pragmatismo, em que as pessoas fazem mais do que oram. A ação é imprescindível, não devemos deixar de fazer o que nos compete, mas precisamos aprender a também depender de Deus. Daniel orava três vezes ao dia, talvez em consonância com o salmista (Sl. 55.17), seguindo uma disciplina espiritual. Em observância à palavra de Salomão, em I Rs. 8.46-49, se voltava constantemente em direção à Jerusalém, para buscar a presença do Senhor. Nem sempre a oração nos livra de problemas, às vezes serve para nos dar a força necessária para enfrentá-los. A fidelidade de Daniel foi reconhecida por Deus, Ele defende nossa causa perante os inimigos (Dn. 6.24). Como diz o próprio nome do profeta, Deus é nosso juiz, a maldade cairá sobre os inimigos (Dn. 6.24). A exaltação vem de Deus, é bem verdade que nem sempre ela acontece no plano terreno (Dn. 6.28). Mas aqueles que se humilham debaixo da potente mão de Deus são exaltados em tempo oportuno (Lc. 14.11). O próprio nome de Deus é glorificado quando mantemos nossa integridade (Dn. 6.26,27). A vida dos servos de Deus precisa ser um arauto, uma pregação não apenas por meio de palavras, mas, sobretudo, pelo testemunho de vida.


CONCLUSÃO


É nos tempos de crise que demonstramos com maior firmeza nossa convicção e fidelidade a Deus. Existe um discurso repetido, inclusive entre os evangélicos, que os cristãos não podem ser perseguidos. Mas essa mensagem não se coaduna com a revelação bíblica, Jesus nos advertiu que no mundo teríamos aflições (Jo. 16.33), e Paulo chama atenção quanto a verdade que todos aqueles que seguem a Cristo padecerão perseguição (II Tm. 3.12). Em tempos de paz ou de crise, somos chamados para viver em integridade, firmes e constantes, sempre abundantes, sabendo que no Senhor nosso trabalho não é vão (I Co. 15.58).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa




SUBSÍDIO II




INTRODUÇÃO


O capítulo seis do livro de Daniel, objeto de estudo desta lição, destaca o valor da integridade moral e espiritual de Daniel e seus amigos durante o reinado de Dario. Daniel agora era um homem idoso, todavia, sua fé em Deus e sua fidelidade permaneceram inabaláveis, mesmo diante das falsas acusações e da condenação que fizeram com que ele enfrentasse a cova dos leões. [Comentário: A lição desta história é a lição da lealdade aos mandamentos de Deus, É a historia de um homem que se manteve integro durante sua vida independente das circunstâncias. A integridade parece ser uma virtude em extinção. Vivemos uma crise de integridade sem precedentes no mundo. Mudam os governos, mudam os partidos, mudam as leis, mas a corrupção continua instalada em todos os segmentos da política nacional e internacional. As CPIs destampam os esgotos nauseabundos de contínuos atos de corrupção nos corredores do poder, em que transitam desavergonhadamente as ratazanas esfaimadas que mordem sem piedade o erário público. Os escândalos se multiplicam. Políticos sem escrúpulo se abastecem das riquezas da nação e deixam os pobres de estômago vazio. Há falta de integridade na família. A fidelidade conjugal está ameaçada. A multiplicação dos divórcios por motivos banais é proclamada como uma conquista. O Brasil realizou, com ufanismo, a maior parada gay do mundo, com 1,5 milhão de pessoas, em São Paulo, no ano de 2004, sob os aplausos de eminentes políticos da nossa nação. Há falta de integridade moral nos vários segmentos da sociedade. A integridade está ausente na escola, no namoro, no casamento, no comércio, na vida financeira, nas palavras e nos acordos firmados, nos palácios e até nas igrejas. Rui Barbosa chegou mesmo a vaticinar que chegaria o tempo em que os homens teriam vergonha de ser honestos. Esse tempo chegou. A história, porém, nos mostra que em meio à corrupção há pessoas que se mantêm íntegras. O homem não é produto do meio como pensava o filósofo John Locke. Há abundantes exemplos dignos de serem seguidos nessa área da integridade. O jovem José, do Egito, foi íntegro ao preferir a prisão à liberdade do pecado. O profeta Jeremias preferiu a prisão à popularidade. João Batista, o precursor de Jesus, por ser íntegro, preferiu perder a cabeça a perder a honra. LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 79-80.] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!


I. DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO EM UM MEIO POLÍTICO CORRUPTO (Dn 6.1-6)


Mais de sessenta anos já haviam se passado desde que Daniel e seus companheiros foram levados para o palácio babilônio. Apesar disso, eles permaneceram íntegros, e mantiveram a fé inabalável no Deus vivo, mesmo vivendo em meio à idolatria e corrupção. Eles não se corromperam com as ofertas palacianas. [Comentário: Depois da conquista medo-persa, Dario, era um tipo de vice-rei de Ciro, da Pérsia. Entretanto, foi Dario, um rei sobre o reino, especialmente, sobre os caldeus. O poder de mando era maior com Ciro, da Pérsia que era rei sobre todo o império, e vários textos bíblicos comprovam esse fato (Is 44.21—45.5; 2 Cr 36.22,23; Ed 1.1-4). Independente da discussão sobre quem reinava, de fato, é o nome de Dario que aparece no início do capítulo 6. Mais de 60 anos já se haviam passado desde que Daniel e seus companheiros foram levados para o Palácio da Babilônia. Eram jovens que, naquela época, demonstraram integridade na sua crença no Deus Vivo e não se corromperam com as ofertas palacianas. Agora, com 80 anos, aproximadamente, já era um ancião experimentado que tinha ganhado a confiança dos reis que passaram por aquele reino. Estava agora, no início do segundo Império, o medo-persa, sob o comando desses dois reis, Dario, o medo e Ciro, da Pérsia. Daniel, por alguma razão especial continuou a gozar da confiança do novo rei, especialmente, na Babilônia. Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 90.].

1. Dario reorganiza o governo e delega autoridade administrativa (Dn 6.1-3). Pareceu bem ao rei nomear 120 príncipes para presidirem sobre todo o reino. Dentre estes, três seriam os principais. Os outros teriam que prestar contas a esses. Daniel estava entre os três e, dentre eles, logo se destacou e chamou a atenção do rei Dario, pois tinha “um espírito excelente” (v.3). Assim, não demorou muito para que o rei, devido à aptidão de Daniel, o constituísse sobre todo o reino (v.3). Tal decisão despertou ciúme e inveja nos outros líderes, os quais logo se tornaram inimigos de Daniel (vv.4,5). [Comentário: Dn 6.1 Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino. O autor sacro recupera aqui o fio de Dn 5.31, e agora nos diz como Dario, o medo, perpetrou um ato abominável contra o profeta Daniel, instigado pelas classes governantes invejosas do “cativo de Judá" que tinha subido tão alto no favor divino. Foi Dario I quem estabeleceu satrapias (isto é, províncias), cada qual com seu governador. Mas Dario aqui é o medo referido em 5.31. Em Dn 5.31 existem os problemas históricos que circundam o Dario deste texto. A divisão do país em satrapias foi descrita por Heródoto [Hist. III.89-94), que afirmou que Dario I dividiu o reino em vinte divisões. Essa mesma informação figura em inscrições da época. As tradições judaicas, no entanto, aumentam esse número para 127 divisões (ver Est. 1.1; 8.9). Josefo então aumentou o número das satrapias para 1201 (Antiq. X.11.4). É provável que os judeus usassem o termo “satrapias” em um sentido mais amplo do que faziam os persas. Note o leitor que o vs. 1 deste capítulo dá o número judaico de 120 satrapias. Dn 6.2,3 E sobre eles três presidentes. “Uma das primeiras responsabilidades de Dario foi reorganizar o reino da Babilônia recentemente conquistado. Ele nomeou 120 sátrapas (cf. Dan. 3.2) para governar o reino e colocou-os sob as ordens de três administradores, um dos quais era Daniel. Os sátrapas eram responsáveis diante dos três presidentes ou administradores, talvez 40 sátrapas para cada presidente. Daniel foi um administrador extraordinário, em parte por causa de sua experiência de 39 anos sob Nabucodonosor (ver Dan. 2.48). Assim sendo, Dario planejava torná-lo responsável pela administração do reino inteiro. Isso, naturalmente, criou atrito entre Daniel e os outros administradores e os 120 sátrapas" (J. Dwight Pentecost, in loc.). Daniel tinha um “espírito excelente”, provável alusão a como o espírito dos deuses (segundo a terminologia pagã) estava com ele (ver Dan. 4.8,9,18). Cf. Dan. 5.12, que nos transmite a mesma mensagem. Daniel era "preferido acima de outros administradores, ou, literalmente, brilhava mais do que eles”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3397-3398. Um homem íntegro num meio encharcado de corrupção (Dn 6.1-6) A Babilônia tinha caído, um novo império tinha se levantado, mas os homens que subiram ao poder continuavam corruptos. O absolutismo do rei no império babilônico mudou para a descentralização do poder no império medo-persa. O regime de governo mudou, mas não o coração dos homens. É um grande engano pensar que as coisas vão mudar para melhor em virtude das mirabolantes promessas dos políticos. Mudam-se os partidos. Mudam-se as figuras, mas o espírito e a cultura do aproveitamento são os mesmos. O rei Dario estava preocupado com o problema da corrupção, por isso, constituiu 120 prefeitos e três governadores. Constituiu fiscais do erário público. Mas aqueles que deveriam vigiar e fiscalizar se corromperam. As riquezas caíram no ralo dos desvios. A corrupção estava instalada dentro do palácio, nas rodas mais altas do governo de Dario. Nesse mar de lama, floresce um lírio puro. A vida de Daniel nos mostra que é possível ser íntegro mesmo cercado por um mar de lama de corrupção. Daniel mantém-se íntegro a despeito do ambiente. O homem não é produto do meio. Daniel não vende sua consciência. Ele não negocia os seus valores absolutos. Ele não se corrompe. A base de sua integridade é sua fidelidade a Deus. Concordo com a afirmação de Stuart Olyott: “A espiritualidade de Daniel é o alicerce de sua fidelidade diante dos homens”. Sua fé é a pedra de esquina de sua moralidade privada e pública. Os amigos de Daniel apagaram as chamas do fogo pela fé. Agora, Daniel fecha a boca dos leões pela fé. LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 80-81].

2. Daniel se torna alvo de uma conspiração (Dn 6.4,5). A inveja e o ciúme fizeram com que homens malignos, sedentos de poder, tentassem derrubar Daniel. O problema era que por mais que os inimigos de Daniel procurassem um motivo, político ou moral, para acusá-lo, nada encontravam que pudesse manchar sua reputação. A integridade e a lealdade de Daniel eram tão imbatíveis que seus inimigos resolveram armar uma situação ardilosa contra ele, utilizando a própria fidelidade de Daniel a Deus (v.5). [Comentário: Dn 6.4 Então os presidentes e os sátrapas. Daniel voava alto demais; as coisas corriam bem demais; o homem precisava ser submetido a teste. Ele era um administrador bom demais para que seus rivais encontrassem falhas nele. Portanto, a solução foi levantar o antigo espírito de perseguição religiosa. O homem sustentava sua fé judaica em meio à idolatria pagã; seus inimigos manipulariam isso para vantagem própria, e fá-lo-iam ser executado oficialmente pelo Estado, por meio de Dario, o medo, naturalmente. Era preciso, porém, encontrar motivos para acusar Daniel com uma ‘illah, ou seja, uma acusação legal. Eles não queriam apenas diminuir o ritmo de Daniel. Queriam vê-lo morto. E buscaram encontrar alguma talha (no hebraico, shehithah, “ação incorreta”) ou erro (no hebraico, shalu, algum “deslize” ou “remissão”), mas Daniel e seu trabalho mostravam-se imaculados. Cf. Ed 4.22 e 6.9, onde temos as ideias de negligência ou relaxamento na execução das ordens oficiais. Daniel, porém, estava acima dessas pequenas falhas humanas. Dn 6.5 Disseram, pois, estes homens. Daniel era conhecido pelos frutos que produzia tanto em sua vida profissional como em sua vida pessoal. Seus oponentes haveriam de distorcer as coisas, colocando-o em uma situação perigosa. Tentariam desacreditá-lo e livrar-se dele, o que é o abc da política. Eles diriam a “grande mentira', o instrumento mais usado pelos políticos. Por outra parte, “a vida correta é mais importante que o rótulo correto. O público, entretanto, por muitas vezes anela escolher o rótulo acima da realidade” (Gerald Kennedy, in loc.).CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3398].

3. O perigo das confabulações políticas. A intenção do rei, de promover Daniel ao posto de maior destaque no governo, suscitou raiva nos outros príncipes, pois um estrangeiro teria poder sobre eles. Os príncipes se utilizaram da vaidade e do ego do próprio monarca para estabelecer uma trama que prejudicasse Daniel. Invejosos se uniram e foram até o rei e propuseram que fosse feito um edito real determinando que, durante o período de trinta dias, ninguém fizesse oração a outro deus, ou homem, que não fosse ao rei Dario. Tal edito agradou o vaidoso monarca que desejava ser adorado como um deus (vv.6-9). Daniel não fora consultado sobre tal decreto, mas certamente sabia que o objetivo era atingir a sua vida devocional e prejudicar sua comunhão com Deus. Depois que o rei aprovou o edito, os inimigos de Daniel ficaram na espreita, esperando o momento em que ele estaria orando ao Senhor. Daniel seria apanhado em flagrante. Entretanto, Daniel não ficou abalado ou preocupado com tal edito (v.10). Ele não permitiria que nada viesse atrapalhar sua comunhão com Deus e suas orações. [Comentário: A vida de Daniel nos ensina que a mesma pessoa que bajula é aquela que também maquina o mal contra os justos (Dn 6.5-9). Sabiam que Daniel era um homem de oração, bajularam o rei Dario, elevando-o ao posto de divindade por um mês. O projeto trazia como isca a exaltação e a lealdade ao rei. Mas a intenção era outra. O rei tornou-se refém de seu próprio orgulho e, por conseguinte, de seu próprio decreto. E assim, sentenciaram à morte o homem de confiança do rei. Além da bajulação, usaram a mentira (v. 7). Atingiram Daniel com essa manobra em que ele era o alvo e a vítima. A vida de Daniel prova que um homem pode ser íntegro tanto na adversidade como na prosperidade. Muitos fraquejam quando passam pelo teste da adversidade. Daniel foi integro quando chegou a Babilônia como escravo. Ele resolveu firmemente não se contaminar. Agora ele passa pelo teste da prosperidade. Foi o primeiro ministro da Babilônia e agora é um governador do reino medo-persa. Sua integridade é a mesma. Ele não se deixa seduzir pela fama nem pela riqueza. Ele é um homem absolutamente confiável. A integridade nem sempre nos ajuda a granjear amigos. Gente íntegra é uma ameaça ao sistema de corrupção. Daniel incomodava a equipe de governo de Dario. Um funcionário honesto é uma ameaça para o sistema viciado pela corrupção. Uma jovem que não transige em seu namoro é vista como alguém antiquado. Um comerciante íntegro é uma ameaça para o sistema de propinas. A vida de Daniel prova que a integridade implica em você fazer o que é certo quando ninguém olha ou mesmo quando todos transigem. Uma pessoa íntegra procura agradar a Deus mais que aos homens. Ela não depende de elogios nem muda sua rota por causa das críticas. Uma pessoa íntegra cumpre com a palavra empenhada e seu aperto de mão vale mais que um contrato. Daniel mantém-se íntegro apesar de haver uma debandada geral no governo de Dario. Ele sabia que sua integridade o tornava impopular diante dos outros líderes, mas sua consciência era cativa ao Senhor e comprometida com a verdade. Os opositores de Daniel odiaram-no não porque ele praticara o mal, mas porque ele praticara o bem. Eles bajularam e se tornaram hipócritas para alcançar o fim que desejavam, a morte de Daniel. Eles agiram em surdina, maquinaram nos bastidores, tramaram na escuridão. Por ser fiel, você pode ser perseguido com maior rigor. As trevas aborrecem a luz. Os que andam na verdade perturbam os que vivem no engano. O íntegro é uma ameaça aos corruptos. LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 82-83.]


SINOPSE DO TÓPICO (1)


Mesmo vivendo em uma sociedade pagã, corrompida pelo pecado, Daniel se manteve íntegro.



II. DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO QUE NÃO TRANSIGIU COM SUA FÉ EM DEUS (Dn 6.10-16)


1. Nenhuma trama política mudaria em Daniel o seu hábito devocional de oração (Dn 6.10). A palavra integridade pode ser definida como “solidez, ou estado de ser inteiro, isto é, completo”. Ainda muito jovem Daniel entendera que sua vida dependia de sua relação com Deus. A oração era a maneira de ele ser orientado em suas decisões pessoais e políticas. Da mesma forma, Deus nos orienta e revela a sua vontade por intermédio das nossas orações. [Comentário: Daniel tinha por costume orar três vezes ao dia, e parte de seu ritual era recolher-se em seu pequeno quarto especial de oração, abrir as janelas na direção de Jerusalém, sua terra natal e local do templo de Yahweh, ajoelhar-se e orar. Parte de suas orações consistia em ações de graças. Assim, estando agora ameaçado, ele continuou suas práticas, que eram bem conhecidas. Agora, porém, o homem era vigiado, com o objetivo de constatar se ele interromperia seus costumes de fé religiosa durante aquele período crítico de 30 dias. Mas Daniel não interrompeu sua prática, pelo que foi facilmente descoberto e acusado. Essas câmaras eram edificadas no eirado plano das casas, provendo um lugar fresco e recluso para que ali o proprietário se ocupasse da adoração, oração e meditação. Cf. Is 2.1; Sl 102.7; IRs 17.19; IIRs 1.2; Jz 8.5; At 1.13; 9.36,39. Daniel gostava de orar diante da janela aberta, enviando suas orações na direção de onde estivera o templo de Jerusalém; Berakhoth 4.1 menciona os três períodos de oração, e o costume se generalizou no judaísmo posterior. O trecho de Ez 8.16 menciona o costume de orar na direção do Oriente. ...se punha de joelhos. Esta é uma das posturas comuns na oração, embora orar de pé parecesse ser a mais comum. Quando alguém ora de pé, tem mais energia para orar e não dorme. Mas ajoelhar em oração indica humildade e súplica intensa. Cf. IRs 8.54; IICr 6.13; Ed 9.5; Lc 22.41; At 9.40; 20.36; 21.5. Quanto à posição de pé na oração, ver Mt 6.5 e Mc 11.25. Diante do seu Deus. É precisamente neste ponto que encontramos o “crime” de Daniel. Ele tinha desobedecido à ímpia regra dos 30 dias, e logo estaria à mercê dos leões sem misericórdia. Vemos pois o idoso homem Daniel, agora com mais de 80 anos, perseverando até o fim em suas práticas piedosas, a despeito das perseguições que lhe ameaçavam a vida. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3398-3399.]

2. A momentânea vitória dos conspiradores. Daniel soube do edito real, mas não abriria mão da sua fé, mesmo que tal resistência lhe custasse a vida (v.10). Cientes da integridade de Daniel, os inimigos apenas esperaram o horário costumeiro para fazer o flagrante do “infrator” (v.11). De posse das provas, foram ao rei e reivindicaram que a lei dos medos e dos persas fosse cumprida (vv.12,13). Só então Dario percebeu que havia sido usado para que os inimigos de Daniel conseguissem o seu intento (vv.13-15) [Comentário: Daniel não foi poupado dos problemas, mas nos problemas (Dn 6.11-17). Seus inimigos agiram com maldade, orquestrando e tramando nos bastidores. Nesse processo, quatro coisas acontecem: em primeiro lugar, a descoberta (Dn 6.11). Os orquestradores contra Daniel encontraram-no orando. Era tudo que eles precisavam para levar adiante o plano de matá-lo. Em segundo lugar, a informação (Dn 6.12-15). A informação estava cheia de veneno: 1) acentuava o preconceito, falando de Daniel como um exilado, mesmo depois de setenta anos de integridade como o homem mais importante do governo; 2) acrescentava uma informação falsa, afirmando que Daniel não fazia caso do rei; e 3) ressaltava que tanto Daniel como o rei foram vítimas de uma trama. LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 86.]

3. Preservando a integridade (Dn 6.18-22). Daniel nos deixou o exemplo de que é possível permanecer íntegro mesmo vivendo em meio a corrupção. Os servos de Deus são chamados para que sejam luz em meio às trevas. Uma pessoa íntegra não é dividida, não age com duplicidade, não finge, não faz de conta e, mesmo diante do perigo, não nega a sua fé. Daniel nunca escondeu sua fé e o fato de que orava a Deus, pois segundo o texto bíblico, ele orava em seu quarto com as janelas abertas (v.10). As pessoas íntegras não escondem nada de ninguém. Suas vidas são transparentes. [Comentário: Dn 6.18 Então o rei se dirigiu para o seu palácio. O pobre rei Dario ficou extremamente desanimado. Ele perdeu o apetite e nada comeu. Talvez ele estivesse ocupado em um jejum religioso, mediante o qual esperava salvar Daniel “de alguma maneira”. Naquela noite ele não quis que houvesse a música, a dança e os entretenimentos que faziam parte regular das “noites do rei”. Ele não dormiu, e suponho que ele muito orou ao Deus dos judeus, a despeito do decreto restringidor. Sem dúvida o rei não estava confiando em si mesmo naquela noite. Este versículo combina admiravelmente com a experiência humana. Há tempos em que as coisas saem de nosso controle, e somente Deus pode fazer alguma diferença. Mas existe uma profunda agitação “lá fora”, pois as pessoas são envolvidas por situações impossíveis e não têm fé suficiente para livrar-se delas. Dn 6.19 Pela manhã, ao romper do dia. O rei agitou-se e rolou em seu leito real a noite inteira, em meio a uma ansiedade nada real. Assim que o sol surgiu no horizonte, ele foi com coração pesado dar uma olhada na miserável cova dos leões. Ele temia olhar para dentro da cova. Talvez só houvesse ossos e pedaços do profeta Daniel. Porém, em seu desespero, ele correu para a cova. Somos lembrados de como certas mulheres, e então um grupo de discípulos, correram para o túmulo de Jesus, pois se espalhara a notícia de que ele tinha escapado daquele lugar miserável por meio de um milagre (ver João 20.4). “Elevados oficiais, nos países do Oriente, moviam-se com pomposa lentidão, como sinal de sua dignidade. Se alguém era uma grande figura, não precisava andar com pressa. Portanto, a pressa, por parte do rei, foi um elemento do efeito dramático deste relato” (Arthur Jeffery, in loc.). “Dario esperava... que o idoso estadista teria sido salvo por Deus, a quem servia (ver Dn 3.17; 6.16)” (J. Dwight Pentecost, in loc.). Dn 6.20 Chegando-se ele à cova, chamou por Daniel com voz triste. Chegando à cova, o rei era um destroço nervoso e, com voz chorosa, lamentável de ser ouvida, ele gritou pelo buraco, na esperança de que um homem vivo ouvisse e respondesse. O rei estava todo entusiasmado com a ideia de que o Deus vivo e verdadeiro dos judeus, sobre o qual ele tinha ouvido, realmente teria algum poder, a ponto de reverter a miserável situação de Daniel. Daniel tinha servido bem esse Deus e estava disposto a ser um mártir, para evitar tornar-se um apostatado. Talvez por essa razão, Deus tivesse baixado Sua mão poderosa e fechado a boca dos leões. Por isso o rei perguntou: “Estás vivo, Daniel? Teu Deus fez algum grande feito em teu favor? Grita de volta se puderes!". "Teu Deus, a quem sempre tens adorado, te salvou dos leões?” (NCV). Dn 6.21 Então Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre! Para profunda admiração do rei, uma voz saudável e forte, a voz do próprio Daniel, respondeu. Ficam os homens sempre surpresos quando Deus faz outro feito em nosso favor, que ultrapassa tudo quanto poderíamos fazer por nós mesmos. De fato, continuamos a ser surpreendidos, sem importar quantas vezes isso volte a acontecer. Portanto, Senhor, continua enviando surpresas. Um homem tem de crer em tudo quanto vem de Deus, pois é Dele que os milagres provêm. Sempre é melhor crer de mais do que crer de menos. Oh! Senhor, concede-nos tal graça! Ademais, tudo quanto temos a fazer é pedir com fé.“... foi algo tão grande, que encheu o rei de admiração. A coisa foi realmente extraordinária e admirável" (John Gill, in loc.). Daniel introduziu o que tinha a dizer acerca de sua libertação com uma típica saudação segundo a cortesia da corte: “Ó rei, vive para sempre”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3399-3400. O livramento (Dn 6.18-23). Você não pode evitar que os homens maus tramem contra você, mas você pode orar, e Deus pode frustrar o propósito dos ímpios. Os perversos não contavam com a intervenção de Deus, com o livramento do anjo do Senhor. Stuart Olyott narra essa situação da seguinte maneira: Naquela noite, Satanás não incomodou Daniel, porque este lhe havia resistido. Daniel teve a companhia do Senhor Jesus Cristo! O anjo do Senhor que guiou Jacó do início ao fim de sua longa vida, o anjo que andou com Sadraque, Mesaque e Abednego na fornalha de fogo - esse mesmo anjo abençoou Daniel, ficando ao seu lado durante aquela noite. Aquele que, anos depois, mostraria Sua autoridade sobre os ventos e as ondas do mar, naquela noite demonstrou Sua autoridade sobre os leões ao restringir todos seus instintos naturais, a fim de não matarem brutalmente a vítima que lhes fora apresentada! LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 86-87.]


SINOPSE DO TÓPICO (2)


A fé de Daniel contribuiu para que ele tivesse uma vida devocional bem-sucedida.

 


III. DANIEL NA COVA DOS LEÕES (Dn 6.16-24)


1. Daniel preferiu morrer a se dobrar diante de um edito maligno (Dn 6.16,17). Daniel não discutiu nem questionou com o rei o seu edito. Quando soube da lei real, foi para o seu quarto e, como de costume, orou a Deus (v.10). Na verdade, Daniel tinha certeza de que Deus poderia livrá-lo se assim o quisesse. A grande lição é que sua integridade não o livrou da maldade e da inveja dos seus inimigos, pois foi denunciado, preso e lançado na cova dos leões (vv.16,17). [Comentário: Daniel não discutiu, nem questionou sua condenação com o rei. Sua convicção era de que o seu Deus o livraria se assim o quisesse. Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel. O rei, impotente, e confessando sua impotência, com relutância ordenou que Daniel fosse trazido e lançado na cova onde os leões viviam, tal como os três amigos do profeta tinham sido lançados na fornalha ardente. Quando Daniel estava sendo arriado na cova dos leões, o rei expressou o desejo de que Deus o protegesse, pois Daniel confiava Nele. A história, como é claro, exalta Judá e YAHWEH, à custa do paganismo e de seus inúmeros deuses de nada. E Daniel, profeta genuíno, também é exaltado, às expensas dos profetas do paganismo. O livro de Daniel, em certo sentido, é uma apologia à fé de Daniel e de seus companheiros que são monoteístas. (Dn 6.17) - Foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova. A cova dos leões era uma espécie de abismo, conforme a palavra usada dá a entender. Ao que tudo indica, só havia uma saída, pelo que uma pedra tampou a cova, impedindo que Daniel fugisse. Naturalmente, o idoso profeta não correria muito, mesmo que os leões viessem em sua perseguição! A pedra foi selada com argila, e o pobre rei “assinou” sobre ela com seu sinete, talvez fazendo uma impressão no barro com seu anel real. Isso dizia às pessoas que se mantivessem afastadas sob pena de morte. Ninguém ousaria tentar salvar Daniel, pois, se violasse a marca do anel do rei, essa pessoa seria a próxima a descer à cova. Heródoto (Hist. 1.195) mencionou o costume babilônico de fechar covas e selar a tampa, e esse costume continuou com os persas (Et 3.12; 8.8,10). Dario afixou seu selo a documentos oficiais, conforme informou Heródoto (ver Hist. 111.128). Cf. IRs 21.8 e Mt 27.66. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3399.

2. Daniel foi protegido da morte pelo anjo de Deus (Dn 6.22,23). A firmeza de Daniel estava acima de qualquer trama diabólica. Com essa confiança, resignadamente aceitou a sua arbitrária condenação (vv.16,17). Porém, na cova, Daniel constatou o livramento do Senhor, que enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, os quais não puderam devorá-lo (v.22). O rei Dario ficou temeroso e triste ao ver que não poderia livrar seu fiel súdito daquela situação (v.14). Porém, no seu íntimo, o rei sabia que o Deus de Daniel poderia operar um milagre. Por isso, foi à cova para constatar o livramento (vv.18-20). Ali, o monarca foi surpreendido pelos feitos do Todo-Poderoso. Daniel foi retirado da cova sem nenhum ferimento (vv.22,23). Então, o rei ordenou que todos aqueles que haviam tramado contra Daniel fossem lançados na cova (v.24). Os inimigos experimentaram o castigo que eles mesmos haviam preparado. [Comentário: Daniel nos deixou o exemplo de que é possível permanecer íntegro mesmo quando somos ameaçados e vítimas de conspiração contra nós. Integridade é uma palavra que significa “inteireza, ser completo, ser inteiro”. Aprendemos que uma pessoa íntegra não é dividida, não age com duplicidade, não finge, não faz de conta. As pessoas íntegras não escondem nada porque são transparentes em seus comportamentos. Champlin comenta Dn 6.22 assim: “O meu Deus enviou o seu anjo. Deus, o Poder, a Deidade dos judeus, foi o libertador de Daniel, e o anjo foi o Seu instrumento. O anjo tinha o poder de manter os leões tranquilos e sem vontade de atacar o profeta, e foi isso o que ele fez, conforme se entende pelas palavras “fechou a boca aos leões”. Este versículo ensina a realidade do ministério do anjos. O fato de Daniel ter sido livrado deveu-se à sua inocência diante de Deus e diante do rei. O rei é que tinha pecado, assinando o ridículo decreto e assumindo uma posição divina, o que não é certo ao homem fazer. A história de Daniel na cova dos leões ilustra um dos atos de fé, conforme registra Hb 11. Ver o vs. 33. Daniel era inocente e leal a Deus, pelo que Deus usou Sua graça para conceder aquele grande milagre. Dn 6.23 - Então o rei se alegrou sobremaneira. Daniel nunca mais foi sujeitado a abusos. O rei ordenou que tirassem o profeta daquele buraco miserável. Ele não tinha sofrido nenhum dano físico, porquanto havia confiado em seu Deus, na hora de provação. Antes disso, porém, havia demonstrado extraordinário grau de lealdade, pelo que era o tipo de pessoa da qual se podia esperar um milagre. O paralelo, naturalmente, é a história dos três amigos de Daniel que foram libertados da fornalha ardente, e as mesmas qualidades morais governaram os dois incidentes. Cf. Sl 57.4-6 e 91.11,15. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3400.

3. Deus mais uma vez foi glorificado através da vida de Daniel (Dn 6.22,23,25-28). Daniel não saiu da cova esbravejando e amaldiçoando os conspiradores. Ao contrário, ele reafirmou sua inocência e disse que Deus havia enviado o seu anjo para livrá-lo (v.22). Mediante a fidelidade de Daniel, o rei Dario aprendeu uma importante lição e, por isso, decidiu honrar o Deus de Daniel com um edito. Este decretava que todos os habitantes do império babilônico temessem ao Deus de Daniel “porque ele é o Deus vivo e para sempre permanente, e o seu reino não se pode destruir; o seu domínio é até ao fim. Ele livra, e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele livrou Daniel do poder dos leões” (vv.26,27). Portanto, não há e nem houve um Deus como o da Igreja. [Comentário: Então o rei Dario escreveu aos povos. Champlin citando Arthur Jeffery, afirma: “Assim como Nabucodonosor, no terceiro capítulo, sentiu-se impelido a assinar um decreto no qual reconhecia a grandeza do Deus dos judeus e convocava todos os seus súditos a respeitá-Lo, também Dario se sentiu impulsionado a fazer o mesmo, depois do milagre que ocorreu com Daniel. De fato, os detalhes desse decreto seguem de perto o padrão de Dn 3.29, usando palavras e frases que já havíamos encontrado em Dn 2.44; 4.1-3 e 5.19” (Arthur Jeffery, in loc.). A terra era o que eles conheciam. O império persa era bastante amplo e abarcava a maior civilização da época. Foi irônico que o homem que tinha acabado de assinar um decreto, tornando a si mesmo um deus pelo espaço de 30 dias, tenha precisado admitir que existe um Deus verdadeiro, vivo e eterno, que governa o tempo todo e para sempre e merece a adoração dos homens. A paz foi multiplicada ao povo, quando foram libertados do primeiro decreto e sujeitados ao segundo. A paz na terra resulta da paz espiritual, quando os homens endireitam os seus caminhos diante de Deus (Rm 5.1). Dn 6.26,27 - Faço um decreto. O Deus dos judeus faz-se sempre presente com os homens em Sua criação, punindo e recompensando. Isso, no caso de Daniel, livrou-o de maneira miraculosa. O relato é uma apologia em favor do Deus dos judeus e contra os não-deuses dos pagãos (Cf. este versículo com Dn 3.29). O Deus libertador, que opera milagres diante dos homens, é o Deus vivo, em contraste com os ídolos mortos que nada podem fazer. Ele encabeça um reino que é permanente e eterno o tempo todo. Embora a destruição seja a sorte dos reinos terrenos, ela não tem efeito sobre o reino de Deus. Deus domina até o fim, até onde o olho pode enxergar ao longo dos corredores do futuro, em contraste com os reis terrenos, que aparecem e desaparecem . O rei tentara libertar Daniel, mas fora impotente para isso (vs. 14). Deus é quem salva tanto o corpo como a alma (cf. com o vs. 16 e Dn 3.28,29). Ele emprega sinais e maravilhas (ver Dn 4.2). “Que excelente elogio ao grande Deus e ao Seu servo fiel!” (Adam Clarke, in loc.). Dn 6.28 - Daniel, que por essa altura estava com aproximadamente 80 anos de idade, recebeu certo número de anos a mais, a fim de terminar seu trabalho, prosperar e continuar a buscar e a servir o seu Deus. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! Ele continuava vivo no começo do reinado de Ciro. Essa informação já fora dada em Dn 1,21. Dn 10.3 mostra-nos que Daniel continuava vivo no terceiro ano do reinado de Ciro. Daniel tinha prosperado e continuava a prosperar, porque o Espírito de Deus estava com ele. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3400.]


SINOPSE DO TÓPICO (3)


 Daniel não se dobrou diante de um edito maligno. Ele foi fiel e o Senhor o livrou dos leões.





 CONCLUSÃO


Daniel foi próspero e abençoado durante todo o reinado de Dario e no reinado de Ciro, o persa (v.28). Deus honrou a fé do seu servo. Ele também vai honrar a sua fé e o livrará de todo o mal. Confie! Atualmente, os inimigos dos servos de Deus também procuram, mediante articulações ardilosas, caluniar e mentir contra aqueles que servem ao Senhor fielmente e se destacam no cenário político e eclesiástico. Estes lançam calúnias a fim de denegrir a integridade daqueles que legislam e realizam seu trabalho com excelência. Muitas vezes os íntegros também padecem diante de leis injustas. A fé do profeta fez com que ele mantivesse sua comunhão com Deus mesmo em tempo de crise. A fé em Deus nos dá paz e convicção interior para enfrentar as situações adversas da vida. Como crentes, estaríamos dispostos a sacrificar nossa vida e até morrer pelo nome de Jesus? O Mestre declarou que no final dos tempos os verdadeiros discípulos seriam odiados, atormentados e levados à morte. Temos pessoas como Daniel? Oremos a Deus para que sejamos como este profeta. [Comentário: Quando cuidamos de nossa integridade, Deus cuida de nossa reputação. Daniel não podia administrar a orquestração dos seus inimigos, nem fazer o rei retroceder, nem mesmo se recusar a ir para a cova dos leões. Ele não podia tapar a boca dos leões, mas podia manter-se íntegro. Ele podia orar e pôr sua confiança em Deus. Isso ele fez. Cabe a nós manter-nos fiéis, velar pelo nosso testemunho e honrar a Deus com nossa vida. Cabe ao Senhor nos livrar das garras do inimigo. Daniel creu em Deus e o anjo fechou a boca dos leões. Deus livrou Daniel em meio do problema e não do problema. Muitas vezes, Deus não nos poupa das aflições, mas nos livra nelas ou mesmo na morte. Quando cuidamos de nossa integridade, Deus defende nossa causa contra nossos inimigos (Dn 6.24). Daniel saiu da cova dos leões. A maldição dos seus inimigos caiu sobre a cabeça deles (v. 24). Daniel foi exaltado e honrado, enquanto seus inimigos foram desmascarados e destruídos. Quando cuidamos de nossa integridade, Deus nos exalta (Dn 6.28). Daniel viu a Babilônia cair. Ele foi promovido no reino de Dario, o medo, e também no reino de Ciro, o persa. Deus honra aqueles que o honram. Deus é quem exalta e também quem humilha. Quando cuidamos de nossa integridade, o nome de Deus é exaltado (Dn 6.26,27). Mais do que o nome de Daniel, o nome de Deus foi proclamado e exaltado em todo o império medo-persa. O fim último de nossa vida é glorificar a Deus. Devemos viver de tal maneira que os homens vejam nossas boas obras e glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus. Dario exaltou a Deus dizendo: 1) Ele é o Deus vivo; 2) Ele é o Deus eterno que vive para sempre; 3) Seu reino jamais será destruído; 4) o domínio de Deus jamais terá fim; 5) Ele é o Deus que livra, salva e faz maravilhas; e 6) Ele é o Deus que livrou Daniel. LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 87-88.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa

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