TEXTO ÁUREO
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“Então os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra
Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma;
porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa” (Dn 6.4).
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VERDADE
PRÁTICA
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A integridade deve ser a nossa marca, compreendendo igualmente coração
mente e vontade.
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HINOS
SUGERIDOS
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175,
310, 394
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
DN 6.3-5,10,15,16,20
3 - Então o mesmo Daniel se
distinguiu destes príncipes e presidentes, porque nele havia um espírito
excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino.
4 - Então os príncipes e os
presidentes procuraram achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não
podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele
nenhum vício nem culpa.
5 - Então estes homens disseram:
Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele
na lei do seu Deus.
10 - Daniel, pois, quando soube
que a escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto
janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de
joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes
costumava fazer.
11 - Então aqueles homens foram
juntos, e acharam a Daniel orando e suplicando diante do seu Deus.
15 - Então aqueles homens foram
juntos ao rei, e disseram ao rei: Sabe, ó rei, que é uma lei dos medos e dos
persas que nenhum edito ou ordenança, que o rei determine, se pode mudar.
16 - Então o rei ordenou que
trouxessem a Daniel, e o lançaram na cova dos leões. E, falando o rei, disse a
Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará.
20 - E, chegando-se à cova,
chamou por Daniel com voz triste; e, falando o rei, disse a Daniel: Daniel,
servo do Deus vivo! dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente
serves, tenha podido livrar-te dos leões?
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Saber que Daniel era um homem íntegro, mesmo
vivendo em um meio corrompido.
Analisar o caráter íntegro de Daniel.
Compreender porque Daniel foi parar na cova dos leões.
SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje nos voltaremos para a integridade de Daniel em tempos
de crise. Por causa da sua fidelidade, o profeta do Senhor fora lançado na cova
dos leões, mesmo assim não fez concessões em relação a sua fé. Inicialmente destacaremos
o desafio de viver em integridade, mesmo quando as situações são desfavoráveis.
Ressaltaremos a necessidade de uma vida íntegra, especialmente quando somos
postos diante da possibilidade de corromper e/ou de ser corrompido.
1 DESAFIO À INTEGRIDADE
A integridade é uma virtude, e diz respeito à inteireza de caráter.
Dizemos que alguém é integro quando é coerente, não se mostra dividido. Há
menção na Bíblia de um homem chamado Jó, que era íntegro e reto, e que se
desviava do mal (Jó. 1.1,2). Viver em integridade é um desafio porque podemos
ser moldados pela cultura na qual nos encontramos. Por isso Paulo escreve aos
Romanos, advertindo-os para que não se coadunem à forma do mundo (Rm. 12.1,2).
O desafio está posto, ou nos moldamos ao mundo, conforme seu modo de pensar e
agir, ou experimentamos a vontade de Deus, que é perfeita, boa e agradável. O
mundo jaz no Maligno, e é inimigo de Deus, ninguém pode agradar a Deus e ao
mundo ao mesmo tempo (I Jo. 2.14; Tg. 4.4). O mundo é inimigo de Deus porque se
opõe aos Seus valores, as propostas do mundo se enquadram dentro do
relativismo, contrário à Palavra de Deus. Daniel, Hananias, Mizael e Azarias
estiverem na Babilônia, e experimentaram o desafio de viver com integridade, no
contexto de uma terra estranha. Devemos lembrar, como cristãos, que somos
cidadãos da terra e do céu. Como cidadãos da terra, devemos agir com moderação,
em respeito as autoridade, com direitos e obrigações (Rm. 13.1). As autoridades
são dignas de respeito, mas não são soberanas, suas posições estão abaixo das
determinações divinas (At. 5.25-29). Quando os governantes impuserem
valores anticristãos à sociedade, devemos optar pela Palavra, isso porque
estamos debaixo do senhorio de Cristo (Mt. 28.18). Uma vida de integridade é
manifesta em submissão, na obediência Àquele que é verdadeiramente o Rei dos
reis e Senhor dos senhores (Ap. 19.16). Há uma tendência ao liberalismo moral
na sociedade, e descaso em relação aos problemas sociais, mas nós não devemos
pactuar com esse pensamento. A vida dos cristãos está fundamentada em valores
eternos, cuja expressão é Deus, que vive para sempre.
2 EM
TEMPOS DE CRISE POLÍTICA
Daniel foi desafiado pela política aculturalista do império babilônico,
a corrupção grassava naquele solo (Dn. 5). O rei Nabucodonosor era um tirano,
que centralizava o poder, e mantinha as pessoas debaixo do seu jugo (Dn. 4). A
política tende à centralização, os governantes querem se perpetuar no poder. A
soberba é uma característica recorrente entre os políticos, principalmente
àqueles que não reconhecem seu papel social. A mudança de governo, dos
babilônicos para os medo-persas, não modificou o quadro de corrupção. Isso
mostra que todos os governantes podem ser picados pela “mosca azul”. O poderio
econômico também exerce influência sobre esses, que preferem satisfazer o
mercado, que o elegeu ao invés de buscar satisfazer os necessitados.
Determinadas críticas que são feitas entre os políticos soam como hipocrisia,
alguns censuram seus opositores pela corrupção, sendo culpados das mesmas
atitudes. A crise política pela qual Daniel passou não é muito diferente das
que nos deparamos na sociedade. Temos a necessidade inclusive de uma reforma
política no Brasil, o processo democrático, respeitando suas limitações, cumpre
seu papel, mas precisa ser aprimorado. Os políticos que entram no governo, até
mesmo os evangélicos, ficam tolhidos pelas amarras do sistema. De vez em quando
são propagados casos de corrupção, inclusive entre aqueles que se dizem
evangélicos. Mas nem tudo está perdido, existem aqueles que tal como Daniel não
se misturam, permanecem íntegros mesmo quando são perseguidos (Dn. 6.4-5). Na
política dos homens também existem os desafetos, que buscam oportunidade para
condenaram os que servem a Deus. Esses são os bajuladores do governo, que
querem tirar vantagem, perseguindo os que são fieis a Deus (Dn. 5.6-9). A vida
de Daniel é uma demonstração de integridade, mesmo quando proibido de orar,
buscou seu quarto e se voltou para a presença de Deus (Dn. 6.10).
3 FIDELIDADE A DEUS
Daniel preferiu morrer a fazer concessões em relação a sua fé no Deus no
vivo e verdadeiro. Dario, por causa do seu amor à bajulação, tornou-se escravo
das suas leis. Assim acontece nos dias atuais, leis e mais leis são criadas,
algumas delas injustas, para oprimir os mais pobres (Is. 10.1). Essas leis são
humanas, resultantes da história, e das perspectivas modernas, podem ou não ter
respaldo bíblico. O rei não podia contrariar suas próprias leis, por isso foi
obrigado a colocar Daniel na cova com os leões. A arma de Daniel não foi
material, ele não quis fazer uma revolução, antes se entregou à oração (Dn.
6.10,11). A oração precisa ser mais valorizada neste tempo de pragmatismo, em
que as pessoas fazem mais do que oram. A ação é imprescindível, não devemos
deixar de fazer o que nos compete, mas precisamos aprender a também depender de
Deus. Daniel orava três vezes ao dia, talvez em consonância com o salmista (Sl.
55.17), seguindo uma disciplina espiritual. Em observância à palavra de Salomão,
em I Rs. 8.46-49, se voltava constantemente em direção à Jerusalém, para buscar
a presença do Senhor. Nem sempre a oração nos livra de problemas, às vezes
serve para nos dar a força necessária para enfrentá-los. A fidelidade de Daniel
foi reconhecida por Deus, Ele defende nossa causa perante os inimigos (Dn.
6.24). Como diz o próprio nome do profeta, Deus é nosso juiz, a maldade cairá
sobre os inimigos (Dn. 6.24). A exaltação vem de Deus, é bem verdade que nem
sempre ela acontece no plano terreno (Dn. 6.28). Mas aqueles que se humilham
debaixo da potente mão de Deus são exaltados em tempo oportuno (Lc. 14.11). O
próprio nome de Deus é glorificado quando mantemos nossa integridade (Dn.
6.26,27). A vida dos servos de Deus precisa ser um arauto, uma pregação não
apenas por meio de palavras, mas, sobretudo, pelo testemunho de vida.
CONCLUSÃO
É nos tempos de crise que demonstramos com maior firmeza nossa convicção
e fidelidade a Deus. Existe um discurso repetido, inclusive entre os
evangélicos, que os cristãos não podem ser perseguidos. Mas essa mensagem não
se coaduna com a revelação bíblica, Jesus nos advertiu que no mundo teríamos
aflições (Jo. 16.33), e Paulo chama atenção quanto a verdade que todos aqueles
que seguem a Cristo padecerão perseguição (II Tm. 3.12). Em tempos de paz ou de
crise, somos chamados para viver em integridade, firmes e constantes, sempre
abundantes, sabendo que no Senhor nosso trabalho não é vão (I Co. 15.58).
Prof. Ev. José Roberto A.
Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O capítulo seis do livro de Daniel, objeto de estudo desta lição,
destaca o valor da integridade moral e espiritual de Daniel e seus amigos
durante o reinado de Dario. Daniel agora era um homem idoso, todavia, sua fé em
Deus e sua fidelidade permaneceram inabaláveis, mesmo diante das falsas
acusações e da condenação que fizeram com que ele enfrentasse a cova dos leões. [Comentário:
A lição desta história é a lição da lealdade aos mandamentos de Deus, É a
historia de um homem que se manteve integro durante sua vida independente das circunstâncias. A integridade parece ser uma virtude em extinção. Vivemos uma
crise de integridade sem precedentes no mundo. Mudam os governos, mudam os
partidos, mudam as leis, mas a corrupção continua instalada em todos os
segmentos da política nacional e internacional. As CPIs destampam os esgotos
nauseabundos de contínuos atos de corrupção nos corredores do poder, em que
transitam desavergonhadamente as ratazanas esfaimadas que mordem sem piedade o
erário público. Os escândalos se multiplicam. Políticos sem escrúpulo se
abastecem das riquezas da nação e deixam os pobres de estômago vazio. Há falta
de integridade na família. A fidelidade conjugal está ameaçada. A multiplicação
dos divórcios por motivos banais é proclamada como uma conquista. O Brasil
realizou, com ufanismo, a maior parada gay do mundo, com 1,5 milhão de pessoas,
em São Paulo, no ano de 2004, sob os aplausos de eminentes políticos da nossa
nação. Há falta de integridade moral nos vários segmentos da sociedade. A
integridade está ausente na escola, no namoro, no casamento, no comércio, na
vida financeira, nas palavras e nos acordos firmados, nos palácios e até nas
igrejas. Rui Barbosa chegou mesmo a vaticinar que chegaria o tempo em que os
homens teriam vergonha de ser honestos. Esse tempo chegou. A história, porém,
nos mostra que em meio à corrupção há pessoas que se mantêm íntegras. O homem
não é produto do meio como pensava o filósofo John Locke. Há abundantes
exemplos dignos de serem seguidos nessa área da integridade. O jovem José, do
Egito, foi íntegro ao preferir a prisão à liberdade do pecado. O profeta
Jeremias preferiu a prisão à popularidade. João Batista, o precursor de Jesus,
por ser íntegro, preferiu perder a cabeça a perder a honra. LOPES.
Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 79-80.]
Convido você para mergulharmos
mais fundo nas Escrituras!
I. DANIEL, UM HOMEM
ÍNTEGRO EM UM MEIO POLÍTICO CORRUPTO (Dn 6.1-6)
Mais de sessenta anos já haviam se passado
desde que Daniel e seus companheiros foram levados para o palácio babilônio.
Apesar disso, eles permaneceram íntegros, e mantiveram a fé inabalável no Deus
vivo, mesmo vivendo em meio à idolatria e corrupção. Eles não se corromperam
com as ofertas palacianas. [Comentário:
Depois da conquista medo-persa, Dario, era um tipo de vice-rei de Ciro, da
Pérsia. Entretanto, foi Dario, um rei sobre o reino, especialmente, sobre os
caldeus. O poder de mando era maior com Ciro, da Pérsia que era rei sobre todo
o império, e vários textos bíblicos comprovam esse fato (Is 44.21—45.5; 2 Cr
36.22,23; Ed 1.1-4). Independente da discussão sobre quem reinava, de fato, é o
nome de Dario que aparece no início do capítulo 6. Mais de 60 anos já se haviam
passado desde que Daniel e seus companheiros foram levados para o Palácio da
Babilônia. Eram jovens que, naquela época, demonstraram integridade na sua
crença no Deus Vivo e não se corromperam com as ofertas palacianas. Agora, com
80 anos, aproximadamente, já era um ancião experimentado que tinha ganhado a
confiança dos reis que passaram por aquele reino. Estava agora, no início do
segundo Império, o medo-persa, sob o comando desses dois reis, Dario, o medo e
Ciro, da Pérsia. Daniel, por alguma razão especial continuou a gozar da
confiança do novo rei, especialmente, na Babilônia. Elienai Cabral.
Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje.
Editora CPAD. pag. 90.].
1. Dario reorganiza o governo e delega autoridade administrativa (Dn
6.1-3).
Pareceu bem ao rei nomear 120 príncipes para presidirem sobre todo o reino.
Dentre estes, três seriam os principais. Os outros teriam que prestar contas a
esses. Daniel estava entre os três e, dentre eles, logo se destacou e chamou a
atenção do rei Dario, pois tinha “um espírito excelente” (v.3). Assim, não
demorou muito para que o rei, devido à aptidão de Daniel, o constituísse sobre
todo o reino (v.3). Tal decisão despertou ciúme e inveja nos outros líderes, os
quais logo se tornaram inimigos de Daniel (vv.4,5). [Comentário: Dn 6.1 Pareceu bem a Dario
constituir sobre o reino. O autor sacro recupera aqui o fio de Dn 5.31, e agora
nos diz como Dario, o medo, perpetrou um ato abominável contra o profeta
Daniel, instigado pelas classes governantes invejosas do “cativo de Judá"
que tinha subido tão alto no favor divino. Foi Dario I quem estabeleceu
satrapias (isto é, províncias), cada qual com seu governador. Mas Dario aqui é
o medo referido em 5.31. Em Dn 5.31 existem os problemas históricos que
circundam o Dario deste texto. A divisão do país em satrapias foi descrita por
Heródoto [Hist. III.89-94), que afirmou que Dario I dividiu o reino em vinte
divisões. Essa mesma informação figura em inscrições da época. As tradições
judaicas, no entanto, aumentam esse número para 127 divisões (ver Est. 1.1;
8.9). Josefo então aumentou o número das satrapias para 1201 (Antiq. X.11.4). É
provável que os judeus usassem o termo “satrapias” em um sentido mais amplo do
que faziam os persas. Note o leitor que o vs. 1 deste capítulo dá o número
judaico de 120 satrapias. Dn 6.2,3 E sobre eles três presidentes. “Uma das
primeiras responsabilidades de Dario foi reorganizar o reino da Babilônia
recentemente conquistado. Ele nomeou 120 sátrapas (cf. Dan. 3.2) para governar
o reino e colocou-os sob as ordens de três administradores, um dos quais era
Daniel. Os sátrapas eram responsáveis diante dos três presidentes ou
administradores, talvez 40 sátrapas para cada presidente. Daniel foi um
administrador extraordinário, em parte por causa de sua experiência de 39 anos
sob Nabucodonosor (ver Dan. 2.48). Assim sendo, Dario planejava torná-lo
responsável pela administração do reino inteiro. Isso, naturalmente, criou
atrito entre Daniel e os outros administradores e os 120 sátrapas" (J.
Dwight Pentecost, in loc.). Daniel tinha um “espírito excelente”, provável
alusão a como o espírito dos deuses (segundo a terminologia pagã) estava com
ele (ver Dan. 4.8,9,18). Cf. Dan. 5.12, que nos transmite a mesma mensagem.
Daniel era "preferido acima de outros administradores, ou, literalmente,
brilhava mais do que eles”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3397-3398. Um
homem íntegro num meio encharcado de corrupção (Dn 6.1-6) A Babilônia tinha
caído, um novo império tinha se levantado, mas os homens que subiram ao poder
continuavam corruptos. O absolutismo do rei no império babilônico mudou para a
descentralização do poder no império medo-persa. O regime de governo mudou, mas
não o coração dos homens. É um grande engano pensar que as coisas vão mudar
para melhor em virtude das mirabolantes promessas dos políticos. Mudam-se os
partidos. Mudam-se as figuras, mas o espírito e a cultura do aproveitamento são
os mesmos. O rei Dario estava preocupado com o problema da corrupção, por isso,
constituiu 120 prefeitos e três governadores. Constituiu fiscais do erário público.
Mas aqueles que deveriam vigiar e fiscalizar se corromperam. As riquezas caíram
no ralo dos desvios. A corrupção estava instalada dentro do palácio, nas rodas
mais altas do governo de Dario. Nesse mar de lama, floresce um lírio puro. A
vida de Daniel nos mostra que é possível ser íntegro mesmo cercado por um mar
de lama de corrupção. Daniel mantém-se íntegro a despeito do ambiente. O homem
não é produto do meio. Daniel não vende sua consciência. Ele não negocia os
seus valores absolutos. Ele não se corrompe. A base de sua integridade é sua
fidelidade a Deus. Concordo com a afirmação de Stuart Olyott: “A
espiritualidade de Daniel é o alicerce de sua fidelidade diante dos homens”.
Sua fé é a pedra de esquina de sua moralidade privada e pública. Os amigos de
Daniel apagaram as chamas do fogo pela fé. Agora, Daniel fecha a boca dos leões
pela fé. LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora
Hagnos. pag. 80-81].
2. Daniel se torna alvo de uma conspiração (Dn 6.4,5). A inveja e o ciúme fizeram
com que homens malignos, sedentos de poder, tentassem derrubar Daniel. O
problema era que por mais que os inimigos de Daniel procurassem um motivo,
político ou moral, para acusá-lo, nada encontravam que pudesse manchar sua
reputação. A integridade e a lealdade de Daniel eram tão imbatíveis que seus
inimigos resolveram armar uma situação ardilosa contra ele, utilizando a
própria fidelidade de Daniel a Deus (v.5). [Comentário: Dn 6.4 Então os presidentes e os sátrapas.
Daniel voava alto demais; as coisas corriam bem demais; o homem precisava ser
submetido a teste. Ele era um administrador bom demais para que seus rivais
encontrassem falhas nele. Portanto, a solução foi levantar o antigo espírito de
perseguição religiosa. O homem sustentava sua fé judaica em meio à idolatria
pagã; seus inimigos manipulariam isso para vantagem própria, e fá-lo-iam ser
executado oficialmente pelo Estado, por meio de Dario, o medo, naturalmente.
Era preciso, porém, encontrar motivos para acusar Daniel com uma ‘illah, ou
seja, uma acusação legal. Eles não queriam apenas diminuir o ritmo de Daniel.
Queriam vê-lo morto. E buscaram encontrar alguma talha (no hebraico, shehithah,
“ação incorreta”) ou erro (no hebraico, shalu, algum “deslize” ou “remissão”),
mas Daniel e seu trabalho mostravam-se imaculados. Cf. Ed 4.22 e 6.9, onde
temos as ideias de negligência ou relaxamento na execução das ordens oficiais.
Daniel, porém, estava acima dessas pequenas falhas humanas. Dn 6.5 Disseram,
pois, estes homens. Daniel era conhecido pelos frutos que produzia tanto em sua
vida profissional como em sua vida pessoal. Seus oponentes haveriam de
distorcer as coisas, colocando-o em uma situação perigosa. Tentariam
desacreditá-lo e livrar-se dele, o que é o abc da política. Eles diriam a
“grande mentira', o instrumento mais usado pelos políticos. Por outra parte, “a
vida correta é mais importante que o rótulo correto. O público, entretanto, por
muitas vezes anela escolher o rótulo acima da realidade” (Gerald Kennedy, in
loc.).CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo
por versículo. Editora Hagnos. pag. 3398].
3. O perigo das confabulações políticas. A intenção do rei, de
promover Daniel ao posto de maior destaque no governo, suscitou raiva nos
outros príncipes, pois um estrangeiro teria poder sobre eles. Os príncipes se
utilizaram da vaidade e do ego do próprio monarca para estabelecer uma trama
que prejudicasse Daniel. Invejosos se uniram e foram até o rei e propuseram que
fosse feito um edito real determinando que, durante o período de trinta dias,
ninguém fizesse oração a outro deus, ou homem, que não fosse ao rei Dario. Tal
edito agradou o vaidoso monarca que desejava ser adorado como um deus (vv.6-9).
Daniel não fora consultado sobre tal decreto, mas certamente sabia que o
objetivo era atingir a sua vida devocional e prejudicar sua comunhão com Deus. Depois que
o rei aprovou o edito, os inimigos de Daniel ficaram na espreita, esperando o
momento em que ele estaria orando ao Senhor. Daniel seria apanhado em
flagrante. Entretanto, Daniel não ficou abalado ou preocupado com tal edito
(v.10). Ele não permitiria que nada viesse atrapalhar sua comunhão com Deus e
suas orações. [Comentário: A vida de Daniel nos ensina
que a mesma pessoa que bajula é aquela que também maquina o mal contra os
justos (Dn 6.5-9). Sabiam que Daniel era um homem de oração, bajularam o rei
Dario, elevando-o ao posto de divindade por um mês. O projeto trazia como isca
a exaltação e a lealdade ao rei. Mas a intenção era outra. O rei tornou-se
refém de seu próprio orgulho e, por conseguinte, de seu próprio decreto. E
assim, sentenciaram à morte o homem de confiança do rei. Além da bajulação,
usaram a mentira (v. 7). Atingiram Daniel com essa manobra em que ele era o
alvo e a vítima. A vida de Daniel prova que um homem pode ser íntegro tanto na
adversidade como na prosperidade. Muitos fraquejam quando passam pelo teste da
adversidade. Daniel foi integro quando chegou a Babilônia como escravo. Ele
resolveu firmemente não se contaminar. Agora ele passa pelo teste da
prosperidade. Foi o primeiro ministro da Babilônia e agora é um governador do
reino medo-persa. Sua integridade é a mesma. Ele não se deixa seduzir pela fama
nem pela riqueza. Ele é um homem absolutamente confiável. A integridade nem
sempre nos ajuda a granjear amigos. Gente íntegra é uma ameaça ao sistema de
corrupção. Daniel incomodava a equipe de governo de Dario. Um funcionário
honesto é uma ameaça para o sistema viciado pela corrupção. Uma jovem que não
transige em seu namoro é vista como alguém antiquado. Um comerciante íntegro é
uma ameaça para o sistema de propinas. A vida de Daniel prova que a integridade
implica em você fazer o que é certo quando ninguém olha ou mesmo quando todos
transigem. Uma pessoa íntegra procura agradar a Deus mais que aos homens. Ela
não depende de elogios nem muda sua rota por causa das críticas. Uma pessoa
íntegra cumpre com a palavra empenhada e seu aperto de mão vale mais que um
contrato. Daniel mantém-se íntegro apesar de haver uma debandada geral no
governo de Dario. Ele sabia que sua integridade o tornava impopular diante dos
outros líderes, mas sua consciência era cativa ao Senhor e comprometida com a
verdade. Os opositores de Daniel odiaram-no não porque ele praticara o mal, mas
porque ele praticara o bem. Eles bajularam e se tornaram hipócritas para
alcançar o fim que desejavam, a morte de Daniel. Eles agiram em surdina,
maquinaram nos bastidores, tramaram na escuridão. Por ser fiel, você pode ser
perseguido com maior rigor. As trevas aborrecem a luz. Os que andam na verdade
perturbam os que vivem no engano. O íntegro é uma ameaça aos corruptos. LOPES.
Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 82-83.]
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Mesmo vivendo em uma sociedade pagã, corrompida pelo pecado, Daniel se
manteve íntegro.
II. DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO QUE NÃO TRANSIGIU COM SUA FÉ EM DEUS (Dn
6.10-16)
1. Nenhuma trama política mudaria em Daniel o seu hábito devocional de
oração (Dn 6.10). A
palavra integridade pode ser definida como “solidez, ou estado de ser inteiro,
isto é, completo”. Ainda muito jovem Daniel entendera que sua vida dependia de
sua relação com Deus. A oração era a maneira de ele ser orientado em suas
decisões pessoais e políticas. Da mesma forma, Deus nos orienta e revela a sua
vontade por intermédio das nossas orações. [Comentário: Daniel tinha por costume orar três vezes ao
dia, e parte de seu ritual era recolher-se em seu pequeno quarto especial de
oração, abrir as janelas na direção de Jerusalém, sua terra natal e local do
templo de Yahweh, ajoelhar-se e orar. Parte de suas orações consistia em ações
de graças. Assim, estando agora ameaçado, ele continuou suas práticas, que eram
bem conhecidas. Agora, porém, o homem era vigiado, com o objetivo de constatar
se ele interromperia seus costumes de fé religiosa durante aquele período
crítico de 30 dias. Mas Daniel não interrompeu sua prática, pelo que foi
facilmente descoberto e acusado. Essas câmaras eram edificadas no eirado plano
das casas, provendo um lugar fresco e recluso para que ali o proprietário se
ocupasse da adoração, oração e meditação. Cf. Is 2.1; Sl 102.7; IRs 17.19; IIRs
1.2; Jz 8.5; At 1.13; 9.36,39. Daniel gostava de orar diante da janela aberta,
enviando suas orações na direção de onde estivera o templo de Jerusalém;
Berakhoth 4.1 menciona os três períodos de oração, e o costume se generalizou
no judaísmo posterior. O trecho de Ez 8.16 menciona o costume de orar na
direção do Oriente. ...se punha de joelhos. Esta é uma das posturas comuns na
oração, embora orar de pé parecesse ser a mais comum. Quando alguém ora de pé,
tem mais energia para orar e não dorme. Mas ajoelhar em oração indica humildade
e súplica intensa. Cf. IRs 8.54; IICr 6.13; Ed 9.5; Lc 22.41; At 9.40; 20.36;
21.5. Quanto à posição de pé na oração, ver Mt 6.5 e Mc 11.25. Diante do seu
Deus. É precisamente neste ponto que encontramos o “crime” de Daniel. Ele tinha
desobedecido à ímpia regra dos 30 dias, e logo estaria à mercê dos leões sem
misericórdia. Vemos pois o idoso homem Daniel, agora com mais de 80 anos,
perseverando até o fim em suas práticas piedosas, a despeito das perseguições
que lhe ameaçavam a vida. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3398-3399.]
2. A momentânea vitória dos conspiradores. Daniel soube do edito
real, mas não abriria mão da sua fé, mesmo que tal resistência lhe custasse a
vida (v.10). Cientes da integridade de Daniel, os inimigos apenas esperaram o
horário costumeiro para fazer o flagrante do “infrator” (v.11). De posse das
provas, foram ao rei e reivindicaram que a lei dos medos e dos persas fosse
cumprida (vv.12,13). Só então Dario percebeu que havia sido usado para que os
inimigos de Daniel conseguissem o seu intento (vv.13-15) [Comentário: Daniel não foi poupado dos problemas, mas nos problemas (Dn 6.11-17).
Seus inimigos agiram com maldade, orquestrando e tramando nos bastidores. Nesse
processo, quatro coisas acontecem: em primeiro lugar, a descoberta (Dn 6.11).
Os orquestradores contra Daniel encontraram-no orando. Era tudo que eles
precisavam para levar adiante o plano de matá-lo. Em segundo lugar, a
informação (Dn 6.12-15). A informação estava cheia de veneno: 1) acentuava o
preconceito, falando de Daniel como um exilado, mesmo depois de setenta anos de
integridade como o homem mais importante do governo; 2) acrescentava uma
informação falsa, afirmando que Daniel não fazia caso do rei; e 3) ressaltava
que tanto Daniel como o rei foram vítimas de uma trama. LOPES. Hernandes
Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 86.]
3. Preservando a integridade (Dn 6.18-22). Daniel nos deixou o
exemplo de que é possível permanecer íntegro mesmo vivendo em meio a corrupção.
Os servos de Deus são chamados para que sejam luz em meio às trevas. Uma pessoa
íntegra não é dividida, não age com duplicidade, não finge, não faz de conta e,
mesmo diante do perigo, não nega a sua fé. Daniel nunca escondeu sua fé e o
fato de que orava a Deus, pois segundo o texto bíblico, ele orava em seu quarto
com as janelas abertas (v.10). As pessoas íntegras não escondem nada de
ninguém. Suas vidas são transparentes. [Comentário:
Dn 6.18 Então o rei se dirigiu
para o seu palácio. O pobre rei Dario ficou extremamente desanimado. Ele perdeu
o apetite e nada comeu. Talvez ele estivesse ocupado em um jejum religioso,
mediante o qual esperava salvar Daniel “de alguma maneira”. Naquela noite ele
não quis que houvesse a música, a dança e os entretenimentos que faziam parte
regular das “noites do rei”. Ele não dormiu, e suponho que ele muito orou ao
Deus dos judeus, a despeito do decreto restringidor. Sem dúvida o rei não
estava confiando em si mesmo naquela noite. Este versículo combina
admiravelmente com a experiência humana. Há tempos em que as coisas saem de
nosso controle, e somente Deus pode fazer alguma diferença. Mas existe uma
profunda agitação “lá fora”, pois as pessoas são envolvidas por situações
impossíveis e não têm fé suficiente para livrar-se delas. Dn 6.19 Pela manhã,
ao romper do dia. O rei agitou-se e rolou em seu leito real a noite inteira, em
meio a uma ansiedade nada real. Assim que o sol surgiu no horizonte, ele foi
com coração pesado dar uma olhada na miserável cova dos leões. Ele temia olhar
para dentro da cova. Talvez só houvesse ossos e pedaços do profeta Daniel.
Porém, em seu desespero, ele correu para a cova. Somos lembrados de como certas
mulheres, e então um grupo de discípulos, correram para o túmulo de Jesus, pois
se espalhara a notícia de que ele tinha escapado daquele lugar miserável por
meio de um milagre (ver João 20.4). “Elevados oficiais, nos países do Oriente,
moviam-se com pomposa lentidão, como sinal de sua dignidade. Se alguém era uma
grande figura, não precisava andar com pressa. Portanto, a pressa, por parte do
rei, foi um elemento do efeito dramático deste relato” (Arthur Jeffery, in
loc.). “Dario esperava... que o idoso estadista teria sido salvo por Deus, a
quem servia (ver Dn 3.17; 6.16)” (J. Dwight Pentecost, in loc.). Dn 6.20
Chegando-se ele à cova, chamou por Daniel com voz triste. Chegando à cova, o
rei era um destroço nervoso e, com voz chorosa, lamentável de ser ouvida, ele
gritou pelo buraco, na esperança de que um homem vivo ouvisse e respondesse. O
rei estava todo entusiasmado com a ideia de que o Deus vivo e verdadeiro dos judeus,
sobre o qual ele tinha ouvido, realmente teria algum poder, a ponto de reverter
a miserável situação de Daniel. Daniel tinha servido bem esse Deus e estava
disposto a ser um mártir, para evitar tornar-se um apostatado. Talvez por essa
razão, Deus tivesse baixado Sua mão poderosa e fechado a boca dos leões. Por
isso o rei perguntou: “Estás vivo, Daniel? Teu Deus fez algum grande feito em
teu favor? Grita de volta se puderes!". "Teu Deus, a quem sempre tens
adorado, te salvou dos leões?” (NCV). Dn 6.21 Então Daniel falou ao rei: Ó rei,
vive para sempre! Para profunda admiração do rei, uma voz saudável e forte, a
voz do próprio Daniel, respondeu. Ficam os homens sempre surpresos quando Deus
faz outro feito em nosso favor, que ultrapassa tudo quanto poderíamos fazer por
nós mesmos. De fato, continuamos a ser surpreendidos, sem importar quantas
vezes isso volte a acontecer. Portanto, Senhor, continua enviando surpresas. Um
homem tem de crer em tudo quanto vem de Deus, pois é Dele que os milagres
provêm. Sempre é melhor crer de mais do que crer de menos. Oh! Senhor,
concede-nos tal graça! Ademais, tudo quanto temos a fazer é pedir com fé.“...
foi algo tão grande, que encheu o rei de admiração. A coisa foi realmente
extraordinária e admirável" (John Gill, in loc.). Daniel introduziu o que
tinha a dizer acerca de sua libertação com uma típica saudação segundo a
cortesia da corte: “Ó rei, vive para sempre”. CHAMPLIN, Russell Norman,
Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
3399-3400. O livramento (Dn 6.18-23). Você não pode evitar que os homens
maus tramem contra você, mas você pode orar, e Deus pode frustrar o propósito
dos ímpios. Os perversos não contavam com a intervenção de Deus, com o
livramento do anjo do Senhor. Stuart Olyott narra essa situação da seguinte
maneira: Naquela noite, Satanás não incomodou Daniel, porque este lhe havia
resistido. Daniel teve a companhia do Senhor Jesus Cristo! O anjo do Senhor que
guiou Jacó do início ao fim de sua longa vida, o anjo que andou com Sadraque,
Mesaque e Abednego na fornalha de fogo - esse mesmo anjo abençoou Daniel,
ficando ao seu lado durante aquela noite. Aquele que, anos depois, mostraria
Sua autoridade sobre os ventos e as ondas do mar, naquela noite demonstrou Sua
autoridade sobre os leões ao restringir todos seus instintos naturais, a fim de
não matarem brutalmente a vítima que lhes fora apresentada! LOPES.
Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 86-87.]
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
A fé de Daniel contribuiu para que ele tivesse uma vida devocional
bem-sucedida.
III. DANIEL
NA COVA DOS LEÕES (Dn 6.16-24)
1. Daniel preferiu morrer a se dobrar diante de um edito maligno (Dn
6.16,17).
Daniel não discutiu nem questionou com o rei o seu edito. Quando soube da lei
real, foi para o seu quarto e, como de costume, orou a Deus (v.10). Na verdade,
Daniel tinha certeza de que Deus poderia livrá-lo se assim o quisesse. A grande
lição é que sua integridade não o livrou da maldade e da inveja dos seus
inimigos, pois foi denunciado, preso e lançado na cova dos leões (vv.16,17). [Comentário: Daniel não discutiu, nem
questionou sua condenação com o rei. Sua convicção era de que o seu Deus o
livraria se assim o quisesse. Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel. O
rei, impotente, e confessando sua impotência, com relutância ordenou que Daniel
fosse trazido e lançado na cova onde os leões viviam, tal como os três amigos
do profeta tinham sido lançados na fornalha ardente. Quando Daniel estava sendo
arriado na cova dos leões, o rei expressou o desejo de que Deus o protegesse,
pois Daniel confiava Nele. A história, como é claro, exalta Judá e YAHWEH, à
custa do paganismo e de seus inúmeros deuses de nada. E Daniel, profeta
genuíno, também é exaltado, às expensas dos profetas do paganismo. O livro de
Daniel, em certo sentido, é uma apologia à fé de Daniel e de seus companheiros
que são monoteístas. (Dn 6.17) - Foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da
cova. A cova dos leões era uma espécie de abismo, conforme a palavra usada dá a
entender. Ao que tudo indica, só havia uma saída, pelo que uma pedra tampou a
cova, impedindo que Daniel fugisse. Naturalmente, o idoso profeta não correria
muito, mesmo que os leões viessem em sua perseguição! A pedra foi selada com
argila, e o pobre rei “assinou” sobre ela com seu sinete, talvez fazendo uma
impressão no barro com seu anel real. Isso dizia às pessoas que se mantivessem
afastadas sob pena de morte. Ninguém ousaria tentar salvar Daniel, pois, se
violasse a marca do anel do rei, essa pessoa seria a próxima a descer à cova.
Heródoto (Hist. 1.195) mencionou o costume babilônico de fechar covas e selar a
tampa, e esse costume continuou com os persas (Et 3.12; 8.8,10). Dario afixou
seu selo a documentos oficiais, conforme informou Heródoto (ver Hist. 111.128).
Cf. IRs 21.8 e Mt 27.66. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3399.
2. Daniel foi protegido da morte pelo anjo de Deus (Dn 6.22,23). A firmeza de Daniel
estava acima de qualquer trama diabólica. Com essa confiança, resignadamente
aceitou a sua arbitrária condenação (vv.16,17). Porém, na cova, Daniel
constatou o livramento do Senhor, que enviou o seu anjo e fechou a boca dos
leões, os quais não puderam devorá-lo (v.22). O rei Dario ficou temeroso e
triste ao ver que não poderia livrar seu fiel súdito daquela situação (v.14).
Porém, no seu íntimo, o rei sabia que o Deus de Daniel poderia operar um
milagre. Por isso, foi à cova para constatar o livramento (vv.18-20). Ali, o
monarca foi surpreendido pelos feitos do Todo-Poderoso. Daniel foi retirado da
cova sem nenhum ferimento (vv.22,23). Então, o rei ordenou que todos aqueles
que haviam tramado contra Daniel fossem lançados na cova (v.24). Os inimigos experimentaram
o castigo que eles mesmos haviam preparado. [Comentário: Daniel nos deixou o exemplo
de que é possível permanecer íntegro mesmo quando somos ameaçados e vítimas de
conspiração contra nós. Integridade é uma palavra que significa “inteireza, ser
completo, ser inteiro”. Aprendemos que uma pessoa íntegra não é dividida, não
age com duplicidade, não finge, não faz de conta. As pessoas íntegras não
escondem nada porque são transparentes em seus comportamentos. Champlin comenta
Dn 6.22 assim: “O meu Deus enviou o seu anjo. Deus, o Poder, a Deidade dos
judeus, foi o libertador de Daniel, e o anjo foi o Seu instrumento. O anjo
tinha o poder de manter os leões tranquilos e sem vontade de atacar o profeta,
e foi isso o que ele fez, conforme se entende pelas palavras “fechou a boca aos
leões”. Este versículo ensina a realidade do ministério do anjos. O fato de
Daniel ter sido livrado deveu-se à sua inocência diante de Deus e diante do
rei. O rei é que tinha pecado, assinando o ridículo decreto e assumindo uma
posição divina, o que não é certo ao homem fazer. A história de Daniel na cova
dos leões ilustra um dos atos de fé, conforme registra Hb 11. Ver o vs. 33.
Daniel era inocente e leal a Deus, pelo que Deus usou Sua graça para conceder
aquele grande milagre. Dn 6.23 - Então o rei se alegrou sobremaneira. Daniel
nunca mais foi sujeitado a abusos. O rei ordenou que tirassem o profeta daquele
buraco miserável. Ele não tinha sofrido nenhum dano físico, porquanto havia
confiado em seu Deus, na hora de provação. Antes disso, porém, havia
demonstrado extraordinário grau de lealdade, pelo que era o tipo de pessoa da
qual se podia esperar um milagre. O paralelo, naturalmente, é a história dos
três amigos de Daniel que foram libertados da fornalha ardente, e as mesmas
qualidades morais governaram os dois incidentes. Cf. Sl 57.4-6 e 91.11,15. CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 3400.
3. Deus mais uma vez foi glorificado através da vida de Daniel (Dn 6.22,23,25-28). Daniel não saiu da cova
esbravejando e amaldiçoando os conspiradores. Ao contrário, ele reafirmou sua
inocência e disse que Deus havia enviado o seu anjo para livrá-lo (v.22).
Mediante a fidelidade de Daniel, o rei Dario aprendeu uma importante lição e,
por isso, decidiu honrar o Deus de Daniel com um edito. Este decretava que
todos os habitantes do império babilônico temessem ao Deus de Daniel “porque
ele é o Deus vivo e para sempre permanente, e o seu reino não se pode destruir;
o seu domínio é até ao fim. Ele livra, e salva, e opera sinais e maravilhas no
céu e na terra; ele livrou Daniel do poder dos leões” (vv.26,27). Portanto, não
há e nem houve um Deus como o da Igreja. [Comentário: Então o
rei Dario escreveu aos povos. Champlin citando Arthur Jeffery, afirma: “Assim
como Nabucodonosor, no terceiro capítulo, sentiu-se impelido a assinar um
decreto no qual reconhecia a grandeza do Deus dos judeus e convocava todos os
seus súditos a respeitá-Lo, também Dario se sentiu impulsionado a fazer o
mesmo, depois do milagre que ocorreu com Daniel. De fato, os detalhes desse
decreto seguem de perto o padrão de Dn 3.29, usando palavras e frases que já
havíamos encontrado em Dn 2.44; 4.1-3 e 5.19” (Arthur Jeffery, in loc.). A
terra era o que eles conheciam. O império persa era bastante amplo e abarcava a
maior civilização da época. Foi irônico que o homem que tinha acabado de
assinar um decreto, tornando a si mesmo um deus pelo espaço de 30 dias, tenha
precisado admitir que existe um Deus verdadeiro, vivo e eterno, que governa o
tempo todo e para sempre e merece a adoração dos homens. A paz foi multiplicada
ao povo, quando foram libertados do primeiro decreto e sujeitados ao segundo. A
paz na terra resulta da paz espiritual, quando os homens endireitam os seus
caminhos diante de Deus (Rm 5.1). Dn 6.26,27 - Faço um decreto. O Deus dos
judeus faz-se sempre presente com os homens em Sua criação, punindo e
recompensando. Isso, no caso de Daniel, livrou-o de maneira miraculosa. O
relato é uma apologia em favor do Deus dos judeus e contra os não-deuses dos
pagãos (Cf. este versículo com Dn 3.29). O Deus libertador, que opera milagres
diante dos homens, é o Deus vivo, em contraste com os ídolos mortos que nada
podem fazer. Ele encabeça um reino que é permanente e eterno o tempo todo.
Embora a destruição seja a sorte dos reinos terrenos, ela não tem efeito sobre
o reino de Deus. Deus domina até o fim, até onde o olho pode enxergar ao longo
dos corredores do futuro, em contraste com os reis terrenos, que aparecem e desaparecem
. O rei tentara libertar Daniel, mas fora impotente para isso (vs. 14). Deus é
quem salva tanto o corpo como a alma (cf. com o vs. 16 e Dn 3.28,29). Ele
emprega sinais e maravilhas (ver Dn 4.2). “Que excelente elogio ao grande Deus
e ao Seu servo fiel!” (Adam Clarke, in loc.). Dn 6.28 - Daniel, que por essa
altura estava com aproximadamente 80 anos de idade, recebeu certo número de
anos a mais, a fim de terminar seu trabalho, prosperar e continuar a buscar e a
servir o seu Deus. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! Ele continuava vivo no
começo do reinado de Ciro. Essa informação já fora dada em Dn 1,21. Dn 10.3
mostra-nos que Daniel continuava vivo no terceiro ano do reinado de Ciro.
Daniel tinha prosperado e continuava a prosperar, porque o Espírito de Deus
estava com ele. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3400.]
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Daniel não se dobrou diante de um
edito maligno. Ele foi fiel e o Senhor o livrou dos leões.
CONCLUSÃO
Daniel foi próspero e abençoado durante todo o reinado de Dario e no
reinado de Ciro, o persa (v.28). Deus honrou a fé do seu servo. Ele também vai
honrar a sua fé e o livrará de todo o mal. Confie! Atualmente, os inimigos dos
servos de Deus também procuram, mediante articulações ardilosas, caluniar e
mentir contra aqueles que servem ao Senhor fielmente e se destacam no cenário
político e eclesiástico. Estes lançam calúnias a fim de denegrir a integridade
daqueles que legislam e realizam seu trabalho com excelência. Muitas vezes os
íntegros também padecem diante de leis injustas. A fé do profeta fez com que
ele mantivesse sua comunhão com Deus mesmo em tempo de crise. A fé em Deus nos
dá paz e convicção interior para enfrentar as situações adversas da vida. Como
crentes, estaríamos dispostos a sacrificar nossa vida e até morrer pelo nome de
Jesus? O Mestre declarou que no final dos tempos os verdadeiros discípulos
seriam odiados, atormentados e levados à morte. Temos pessoas como Daniel?
Oremos a Deus para que sejamos como este profeta. [Comentário:
Quando cuidamos de nossa integridade, Deus cuida de nossa reputação.
Daniel não podia administrar a orquestração dos seus inimigos, nem fazer o rei
retroceder, nem mesmo se recusar a ir para a cova dos leões. Ele não podia
tapar a boca dos leões, mas podia manter-se íntegro. Ele podia orar e pôr sua
confiança em Deus. Isso ele fez. Cabe a nós manter-nos fiéis, velar pelo nosso
testemunho e honrar a Deus com nossa vida. Cabe ao Senhor nos livrar das garras
do inimigo. Daniel creu em Deus e o anjo fechou a boca dos leões. Deus livrou
Daniel em meio do problema e não do problema. Muitas vezes, Deus não nos poupa
das aflições, mas nos livra nelas ou mesmo na morte. Quando cuidamos de nossa
integridade, Deus defende nossa causa contra nossos inimigos (Dn 6.24). Daniel
saiu da cova dos leões. A maldição dos seus inimigos caiu sobre a cabeça deles
(v. 24). Daniel foi exaltado e honrado, enquanto seus inimigos foram
desmascarados e destruídos. Quando cuidamos de nossa integridade, Deus nos
exalta (Dn 6.28). Daniel viu a Babilônia cair. Ele foi promovido no reino de
Dario, o medo, e também no reino de Ciro, o persa. Deus honra aqueles que o
honram. Deus é quem exalta e também quem humilha. Quando cuidamos de nossa integridade,
o nome de Deus é exaltado (Dn 6.26,27). Mais do que o nome de Daniel, o nome de
Deus foi proclamado e exaltado em todo o império medo-persa. O fim último de
nossa vida é glorificar a Deus. Devemos viver de tal maneira que os homens
vejam nossas boas obras e glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus. Dario
exaltou a Deus dizendo: 1) Ele é o Deus vivo; 2) Ele é o Deus eterno que vive
para sempre; 3) Seu reino jamais será destruído; 4) o domínio de Deus jamais
terá fim; 5) Ele é o Deus que livra, salva e faz maravilhas; e 6) Ele é o Deus
que livrou Daniel. LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu.
Editora Hagnos. pag. 87-88.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em
Cristo!
Francisco Barbosa
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