SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Moisés, o menino que foi retirado da água, morreu
muito tempo depois, e deixou-nos um legado considerável. Esse será o assunto estudado
nesta última lição do trimestre. A princípio, apontaremos como se deu seus
últimos dias, antes de morrer. Em seguida, destacaremos sua fé, que deve servir
de exemplo para todos os cristãos. E ao final, mostraremos sua dedicação ao
Senhor e generosidade, virtudes necessárias a todos aqueles que seguem os
passos do Senhor Jesus Cristo.
1. OS ÚLTIMOS DIAS DE MOISÉS
O Salmo 90 é da autoria de Moisés, no versículo 12 ele
ora ao Senhor: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração
sábio”. No final do livro de Deuteronômio nos deparamos com os últimos dias de
Moisés na terra, um homem que realmente alcançou um coração sábio. Mas antes,
em um primoroso cântico, ele declama sua benção sobre Israel. Nesse texto o
homem de Deus declara a glória de Deus, recebida através da revelação (Dt.
33.1-5). Como Moisés, devemos também glorificar o nome do Senhor, com hinos e
cânticos (Ef. 5.19; Cl. 3.16). A graça maravilhosa de Deus, em Cristo, é motivo
suficiente para tributarmos a Ele louvor, glória e adoração (II Co. 5.21). O
Deus de Israel é o nosso Deus, nenhum outro pode ser igualado a Ele (Ex.
33.29). Em seguida Moisés se volta para
as tribos de Israel, a fim de direcionar a elas as bênçãos do Senhor (Dt.
33.6-25). Após declarar as bênçãos ao povo de Israel, Moisés aponta para o
verdadeiro Deus, que deveria ser reconhecido por aquela nação (Dt. 33.26-29).
Em seguida, o servo de Deus toma consciência da sua morte, tema que é repetido
nesses capítulos de encerramento (Dt. 31.1-16; 32.48-52; 33.1; 34.1-12). Como
Moisés, todos nós, a menos que sejamos arrebatados (I Ts. 4.13-17), passaremos
pela morte física (Hb. 9.27). Mas devemos manter a fé no Senhor, mesmo quando esta
se aproximar. Não precisamos nos desesperar como aqueles que não conhecem a
Cristo, e não têm esperança (I Ts. 4.13-17). Muito pelo contrário, temos a
convicção que quando esse tabernáculo se desfizer, partiremos para estar com
Cristo, o que é consideravelmente melhor (II Co. 5.1; Fp. 1.23). Moisés foi
deixado fora da terra prometida, por não ter cumprido as orientações
estabelecidas pelo Senhor (Dt. 1.37-40; Nm. 20.12,13). Mesmo tendo orado a esse
respeito, o Senhor , soberanamente, não o atendeu (Dt. 3.23-26). Moisés apenas
viu a terra no Monte Nebo, que fica cerca de dez quilômetros da Terra
Prometida. Após ter visto a terra, Moisés faleceu, e o Senhor e o arcanjo
Miguel (Jd. 9) o sepultaram no monte Nebo, em local que ninguém jamais
identificou. Mas na transfiguração de Cristo, registrada em Mt. 17.1-3 e Lc. 9.28-31, temos conhecimento
de Moisés no alto do monte, na Terra Prometida.
2. MOISÉS, SUA FÉ E EXEMPLO PARA OS FIÉIS
Moisés faleceu em cumprimento à Palavra do Senhor
(DT. 34.5), isso mostra que Deus é Aquele que tem a vida e a morte em Suas mãos
(Sl. 139.16). Não temos motivos para ficar apavorados diante da morte, pois
essa, mesmo nas condições mais adversas, é preciosa aos olhos do Senhor (Sl.
116.15). Nossa maior expectativa não deve ser a de viver muitos anos, mais
importante ainda é viver para o Senhor, e deixar um legado espiritual para
aqueles que nos veem. Moisés foi um exemplo de fidelidade, pois foi comparado a
Cristo, um homem que se manteve firme na palavra do Senhor (Hb. 3.1-6). Ele
também foi um homem que buscou ter intimidade com Deus, não se conformou com a
mediocridade espiritual (Ex. 33.11; Nm. 12.7,8). Moisés não dependeu da sua
formação acadêmica, ainda que essa tenha sido útil ao seu ministério, o segredo
do seu êxito repousava na orientação de Deus (At. 7.22). Os cristãos deste
tempo precisam reaprender a passar mais tempo na presença de Deus. Os momentos
devocionais através da oração e meditação na palavra precisam ser resgatados,
principalmente por aqueles que exercem posição de liderança. Moisés era um
homem dedicado à oração e ao ministério da palavra (At. 6.4). Por isso se
destacou, tornando-se “poderoso em palavras e obras”, isto é, demonstrando
equilíbrio entre o que dizia e fazia. Como Moisés, e o Senhor Jesus, devemos agir
coerentemente com as nossas palavras. Como disse certo pensador, devemos pregar,
utilizando as palavras se necessário. Em suma, como Moisés, devemos recusar
tudo àquilo que nada tem a ver com Deus, abrir mãos do engano do mundo,
preferindo e considerando a posição para a qual o Senhor nos escolheu (Hb. 11.24-26);
se necessário for, devemos deixar a zona de conforto, “abandonar o Egito”,
perder o medo, a fim de alcançar a recompensa invisível (Hb. 11.27); e confiar
nas orientações de Deus, mesmo que essa pareçam não fazer sentido (Hb. 11.28).
3. MOISÉS, SUA DEDICAÇÃO E GENEROSIDADE
Moisés mostrou-se dedicado ao povo de Israel,
sobretudo generoso, intercedendo, sempre que necessário pela salvação daquela
nação (Ex. 32.9-14; Nm. 14.10-25). Tenhamos cuidado com os falsos obreiros,
muitos que dizem ser pastores na atualidade não passam de mercenários. O maior
exemplo de pastor é o Senhor Jesus Cristo, ao entregar Sua própria vida pelas
ovelhas (Jo. 10.12-14). Moisés, em sua identificação com o povo, passou por
muitos sofrimentos (Hb. 11.24-27). Muitos obreiros modernos não querem mais sofrer,
relacionam o ministério ao status, não podem dizer com Paulo, que não tinha sua
vida por preciosa, e se gastava pelo rebanho (At. 20.24; II Co. 12.15). Moisés
abriu mão de tudo que tinha, seus status social, seu conhecimento acadêmico,
até mesmo das suas posses (Hb. 11.24). O desapego às coisas materiais deve ser
uma das marcas registradas do obreiro cristão (I Tm. 6.10). Jesus abriu mãos
dos tesouros terrenos, e se tornou pobre a fim de nos enriquecer espiritualmente
(II Co. 8.9). Essas características de Moisés estavam atreladas a sua mansidão,
ele foi reconhecido como um dos homens mais mansos da terra (Nm. 12.3). Jesus
também foi um homem manso, e que por isso atraiu para Si os que carregavam o
fardo do pecado (Mt. 11.28-30; I Pe. 2.21). Diante da morte iminente, Moisés
deixou-nos o legado da escolha do seu sucessor. Ele não era um cratomaníaco,
isto é, um líder aficionado pelo poder, receoso de perder seu cargo para
outros. Moisés preparou Josué para assumir o restante da jornada, delegando a
este a condução do povo para entrar na Terra Prometida. Os líderes do nosso
tempo precisam investir na formação de sucessores. É triste quando a obra de
Deus sofre porque aqueles que estão diante dela não querem soltar o cajado.
Pior ainda é quando o cajado é passado para as mãos erradas, por critérios
definidos pela politicagem eclesiástica. Seguido a orientação de Paulo a
Timóteo, precisamos identificar homens fiéis, que se enquadrem no perfil
cristão, para conduzirem o rebanho de Deus (II Tm. 2.1,2).
CONCLUSÃO
Ao autor da Epístola aos Hebreus dedicou seis
versículos, em sua galeria de homens que serviram de exemplo de fé, a Moisés.
Isso porque a vida desse homem continua servindo de modelo para todos aqueles
que querem seguir piedosamente a Cristo. Ele não se deixou conduzir pelos seus
sentimentos, antes dependeu da sua fé no Deus de Israel. Quando foi criticado,
fundamentou suas decisões na âncora da fé. Diante das adversidades, devemos
lembrar que a fé o firme fundamento das coisas que se esperam, mas que se não
veem (Hb. 11.1).
José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Moisés nasceu quando Israel estava
cativo no Egito, durante os terríveis dias em que Faraó ordenou que todos os
recém-nascidos israelitas do sexo masculino fossem mortos (Êx 1.15,16).
Casou-se com Zípora, filha de Jetro, sacerdote de Midiã, descendente de Abraão
(Gn 25.1,2). Ele teve uma comunhão especial com o Senhor e nas Escrituras
Sagradas é repetidamente chamado de “servo de Deus”, pois “foi fiel em toda a
sua casa” (Hb 3.5). No último livro do Antigo Testamento, Deus chama Moisés de
“meu servo” (Ml 4.4), e no último livro do Novo Testamento ele é chamado
“Moisés, servo de Deus” (Ap 15.3). Moisés é uma figura tipológica de Cristo. [Comentário: Moisés foi, sem dúvida alguma, uma
das maiores personalidades e um dos maiores heróis da fé de todos os tempos. O
seu legado não ficou restrito ao povo de Israel, mas foi estendido à humanidade
como um todo e à Igreja até os dias de hoje. Nesta última lição, o comentarista
apresenta alguns pontos desse legado, aspectos especiais e inspiradores da vida
e da obra de Moisés, e sua importância para os crentes em Cristo de todos os
tempos. O Dicionário Aurélio da língua portuguesa define legado como: “dádiva
deixada em testamento, aquilo que alguém transmite a outrem ou a posteridade”
também pode ser do Latim “legatu” que significa: “embaixador, enviado”
(FERREIRA, 2004, p. 1190). Podemos ainda dizer que um legado pode ser
constituído por alguma coisa imaterial, ou seja, uma herança cultural,
linguística, intelectual. Este grande líder deixou uma espantosa coletânea de
escritos, que incluem poesia (Jó, Salmo 90), prosa literária com fundo
histórico (Gênesis, Êxodo, Números), genealogias (Gênesis, capítulos 5, 11, 19,
22, 25) e um notável código de leis chamado de Lei de Moisés (Êxodo, capítulos
20-40; Levítico; Números; Deuteronômio).].
Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. OS ÚLTIMOS DIAS DE MOISÉS
1. As palavras de despedida. O ministério de Moisés chegaria ao fim em breve. Consciente deste fato,
ele se despede ensinando o seu povo a guardar as leis.
No capítulo 32 do livro de Deuteronômio, temos
o último cântico de Moisés. O servo do Senhor se despede com adoração e louvor.
Moisés de forma bem didática faz um resumo de toda a história de Israel em
forma de cântico. Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, ele “fez o povo
lembrar de seus erros, a fim de que não mais os repetisse e suscitou a nação a
confiar apenas em Deus”.
[Comentário: “Goteje
a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho; como
chuvisco sobre a selva” (32.1-47). Encontramos nesse poema o autêntico espírito
profético. Implícita em cada página dos escritos proféticos, acha-se a
convicção de que um ser humano não pode afundar tanto que a Palavra de Deus não
seja capaz de alcançá-lo. A doutrina ou “ensino” -como apresenta as versões NTLH
e NVI - do concerto tem o efeito que a chuva faz na vegetação, porque é a
palavra de Deus. Deve ser recebida neste princípio vital. O termo doutrina (hb.
leqah) é usado somente na literatura
sapiencial, como, por exemplo, em Provérbios 1.5; 4.2; Jó 11.4 e Isaías 29.24.]
2. Moisés incentiva o povo a meditar na Palavra. Moisés era um homem que amava os preceitos
divinos. Por isso, antes de sua partida ele incentiva e reforça a ideia de que
os israelitas precisavam ouvir e obedecer às ordenanças de Deus, a fim de que
prosperassem enquanto nação. Sabemos que todos que amam e meditam na lei de
Deus são bem-aventurados (Sl 1.1-6). [Comentário: Compreendemos que a alegria aqui
mencionada é dada por DEUS, como recompensa aos piedosos que a merecem por
terem observado a lei. Presume-se que o guardador da lei seja um homem
espiritual, inspirado pelo Espírito a ser bom e a praticar o bem. O hebraico
diz aqui, literalmente, ‘'oh, felicidade de" ou, simplesmente, “feliz”. O
justo tem tanto alegria interior como felicidade exterior.]
3. Moisés vê a Terra Prometida e morre. Antes de morrer, Moisés abençoou cada uma das
tribos de Israel (Dt 33.1-29). Ele lutou em favor do seu povo e o amou até os
últimos dias de sua vida. Ele foi fiel a Deus e à sua nação em tudo. Por
ocasião de sua morte, por ordem de Deus, Moisés sobe até o monte Nebo e dali
avista toda a Terra Prometida. Porém, não tem permissão para entrar nela. Moisés
havia desobedecido a Deus ferindo a rocha (Nm 20). Ali no monte, solitário, o
grande legislador vai se encontrar com o seu Deus. Ele foi sepultado pelo
Senhor em um vale na terra de Moabe, todavia, o local nunca foi revelado a
ninguém (Dt 34.6). Certamente Deus quis evitar que o local, assim como o corpo
de Moisés, fossem venerados pelos israelitas. Durante trinta dias os israelitas
choraram e lamentaram a morte de Moisés (Dt 34.8). [Comentário: A Bíblia diz que quando Moisés
faleceu, ele estava com 120 anos, que era uma idade já bem longeva para os
padrões da época, conforme depoimento do próprio Moisés (SI 90.10). Não
obstante, “os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu ele o seu vigor” (Dt
34.7). Estão envolvidas aqui duas tradições acerca do lugar onde Moisés teria
morrido: O Monte Nebo, na Transjordânia, a leste da cidade de Jericó; e o Monte
Pisga, um pico que existe na mesma serra montanhosa, ligeiramente para oeste.
Daquela grande altura, Moisés olhou para o norte, na direção do Mar da Galiléia
(área que ficou com as tribos de Dã e Naftali); para o ocidente, na direção do
Mar Grande (ou Mediterrâneo); para o sul, na direção do Neguebe (deserto sul de
Judá); e na direção do vale do rio Jordão, até Zoar (localizada no extremo sul
do Mar Morto (ver Gn 14.2). Yahweh sepultou secretamente o corpo de Moisés (Cf.
Nm 27.18- 23). Quanto ao parecer de que Moisés foi o maior de todos os profetas
de Israel, conferir Dt 18.15-22; Nm 12.6-8; Os 12.13" (Oxford Annotated
Bibleo). “Então subiu Moisés das campinas
de Moabe” (Dt 34.1). Era nessa planície que o povo de Israel estava
acampado, preparado para invadir a terra de Canaã. A narrativa, abandonada no
fim do livro de Números, reinicia-se aqui, uma vez terminados os discursos
deuteronômios (que constituem essencialmente o livro) de Moisés (Ver Nm 36.13),
último versículo do livro de Números, onde lemos que o povo de Israel estava
nas campinas de Moabe. Isso posto, Moisés deixou o acampamento e partiu na
direção do Monte (Nebo ou Pisga), que dava de frente para a cidade de Jericó. Todos
os nomes próprios que aparecem neste versículo são anotados no Dicionário. É
óbvio que os dois montes ou picos mencionados não são um só; mas os
intérpretes, a fim de evitar a ideia de discrepância, ou a fim de evitar
afirmar que o editor incluiu duas tradições diversas em seu livro, deram a
entender que Pisga deve ter sido um pico da serra que se estendia desde o Monte
Nebo, de tal modo que o local podia ser chamado Nebo ou Pisga. Fosse como
fosse, daquele elevado pico, Yahweh mostrou a Moisés toda a Terra Prometida,
apontando-lhe trechos, em diversas direções. A narrativa começa dizendo que
Moisés olhou na direção oeste, para então, acompanhando um movimento
anti-horário, mencionar áreas em cada uma das outras direções do compasso, ou
seja, norte, oeste e sul. Dt 34.4 Esta é a terra. Em outras palavras, toda a
Palestina, o território que Yahweh havia prometido dar a Abraão e aos demais
patriarcas, Isaque e Jacó, e que agora era entregue aos descendentes deles.
Essa era uma das provisões do Pacto Abraâmico (Gn 15.18). Moisés Pôde
Contemplar a Terra, Mas Não Pôde Entrar Nela. Isso por ser ele o símbolo da
lei, ao passo que Josué, que liderou os hebreus na invasão da Terra Prometida,
foi símbolo de Jesus e do sistema da graça-fé, do Novo Testamento. Quanto às
razões pelas quais Moisés não teve permissão de entrar na Terra Prometida ver
Nm 20.12; Dt 1.37; 3.23,26 e 4.21. A Terra Prometida havia sido assegurada a
Abraão (Gên. 15.18), a Isaque (Gên. 26.3), a Jacó (Gên. 28.13) e, daí por
diante, ao povo hebreu. Por ocasião de sua morte, Moisés estava com cento e
vinte anos de idade. Ver Deu. 31.2 e 34.7. Ele passou por três períodos
distintos de quarenta anos cada: missão especial: quarenta anos no Egito;
quarenta anos no interior do deserto, em Mídiã; e quarenta anos em
perambulações pelo deserto, junto com o povo de Israel. A morte de Moisés não
ocorreu por motivo de idade avançada, enfermidade ou acidente, e, sim, de
acordo com a palavra que fora dita pelo Senhor, fazendo com que a alma de
Moisés saísse de seu corpo e deixasse o corpo físico a fim de ser sepultado.
Seja como for, o fato é que a morte de Moisés ocorreu de acordo com a vontade
de Deus, sendo que o momento, o lugar e as circunstâncias haviam sido todos
determinados por Deus. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 890-891.]
4. Moisés nomeia seu sucessor (Dt 31.1-8). É necessário começar bem um ministério e
terminá-lo de igual forma. Moisés preparou Josué para que este fosse o seu sucessor.
O Legislador de Israel tinha consciência de que seu ministério um dia findaria.
É muito importante que o líder do povo de Deus tenha esta consciência e prepare
os seus sucessores ainda em vida, assim como fez Moisés (Dt 34.7-9). [Comentário:
Moisés Não Pôde
Entrar em Canaã. Ver a história sobre isso em Nm 20.1- 13. Cf. Dt 3.27. Veja Nm
20.12 quanto às diversas razões pelas quais ele foi barrado. É provável que os
trechos de Dt 1.37 e 3.23 nos forneçam a maior de todas as razões. Foi “por
causa de Israel”, mais do que por sua própria culpa, que a Moisés foi negada a
permissão de entrar na Terra Prometida. Em outras palavras, a identificação de
Moisés com o povo de Israel era tão profunda que ele precisou compartilhar da
sorte da geração mais velha, rebelde. Moisés, um tipo da lei, não poderia mesmo
introduzir o povo de Israel na Terra Prometida, mas chegou somente até a
fronteira. Porém Cristo, o segundo Moisés, por meio do sistema da graça-fé, foi
capaz de assim o fazer. A Terra Prometida simboliza a salvação. Vemos, pois,
que mesmo dentro desse simbolismo, a salvação não ocorre por meio da obediência
à lei mosaica, mas mediante a graça de Deus em Jesus Cristo. Josué já havia sido
nomeado como o sucessor de Moisés. Josué não seria um grande profeta como
Moisés, o qual conheceu a Yahweh face a face; mas seria um excelente
instrumento para a missão de introduzir Israel na Terra Prometida, apto como
general e um excelente líder. A missão de Josué era diferente da missão de
Moisés, embora fosse uma missão necessária, que confirmava e ampliava o poder e
a missão de Moisés. Os dois faziam parte da mesma equipe, e não competiam um
com o outro. Ό programa de Deus para a nação de Israel não dependia de nenhum
líder humano. Dependia somente do poder de Deus, para que fossem cumpridas as
promessas do pacto” (Jack S. Deere, in loc.). Sete povos diferentes tinham de
ser destruídos (Êx 33.2 e Dt 7.1). Esses povos eram mais numerosos e mais
poderosos do que Israel, mas faltava-lhes a ajuda divina, pelo que sucumbiram
diante de um poder militar inferior. A derrota infligida sobre os reis Seom
e Ogue, registrada no capítulo 21 do
livro de Números, tinham sido apenas vitórias preliminares, que tinham servido
para infundir coragem aos israelitas, ajudando-os a atirar-se no cumprimento de
um tremendo labor. Yahweh afirmou especificamente que o resto da campanha
militar obteria um resultado similar, pelo que aquelas vitórias se tornaram
lições objetivas, como garantias de vitórias ainda maiores que viriam em
seguida. A mudança de liderança não seria prejudicial para os filhos de Israel.
Afinal de contas, a realização era de Yahweh, e não dos homens. “Moisés
preparou Josué para a gigantesca tarefa que havia à frente. Foi por idênticas
razões que JESUS preparou os Seus apóstolos. Todos aqueles cuja vida fica
envolvida na sua tarefa esforçar-se-ão para prover uma liderança adequada aos
seus continuadores, pois a grande preocupação de um líder religioso deve ser a
sucessão de homens piedosos que haverão de segui-lo” (Henry H. Shires, in
loc.). Cf. Jos. 1.5, onde Josué repetiu essas palavras de encorajamento a
outros líderes. “Nessas palavras, Moisés entregou formalmente a incumbência de
dirigir o povo de Israel a Josué, que deveria liderá-los na travessia do Jordão
e além” (Ellicott, in loc.). Israel enfrentaria adversários muito mais fortes,
mas não precisaria ficar desencorajado, porquanto um poder mais do que adequado
tinha sido posto à disposição deles para cumprirem a contento a sua missão. O
crente precisa confiar na presença fortalecedora de Deus. Assim também Josué
foi instruído a esperar grandes coisas da parte de Yahweh. O homem que esteja
empenhado em cumprir a sua missão pode esperar receber um grande sucesso. CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 872-873.].
SINOPSE
DO TÓPICO (I)
Em seus últimos dias de vida, Moisés dispensou palavras de advertências
e exortações ao povo. Em seguida, viu a Terra Prometida e morreu.
II. MOISÉS, PASTOR DE ISRAEL
1. Homem de Deus. No final de sua carreira, Moisés é chamado nas
Escrituras de “homem de Deus” (Dt 33.1). Ele é também pastor e líder do povo de
Israel sob a mão de Deus (Sl 77.20). Assim, Homem de Deus é o homem a quem Deus
usa como Ele quer. [Comentário:
“O teu povo, tu o
conduziste, como rebanho”(Sl 77.20). Israel era o rebanho de Deus, que Ele
tirou da escravidão no Egito. Israel era o Seu rebanho, quando se aproximou das
águas temíveis. Os subpastores foram Moisés e Arão. Eles chegaram à beira-mar,
estando o mar à frente e o exército egípcio avançando por trás. O braço
poderoso de Deus se ergueu, e as águas foram divididas. Um caminho se formou no
meio do mar, e os homens, admirados, seguiram por aquele caminho em segurança.
O Pastor divino não perdeu uma única ovelha (Cf. Sl 23; 78.52; 79.13; 100.3).
Quanto à liderança do Senhor durante o Êxodo, ver Êx 13.21; 15.13 e 78.52,53.
Quanto à liderança de Moisés e Arão, ver Nm 33.1. Cf. Os 12.13; Is 63.11,12 e
Mq 6.4. Nos países orientais, o pastor lidera, em vez de tanger as ovelhas. O
povo de Israel não teria atravessado o mar Vermelho se Yahweh não houvesse
seguido à frente deles, tornando aquela vereda um caminho possível e seguro. CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 2291.]
2. Homem de oração. A vida de intensa oração de Moisés resultou em
força, coragem, destemor, sabedoria e humildade, pois o povo de Israel era na
época muito desobediente, murmurador e carnal. Moisés era um homem muito
ocupado com seus encargos, mas conseguia levar sempre muito tempo em oração
intercessória pelo povo. Era com a sabedoria do Alto que Moisés orava. Um
exemplo disso está em Êxodo 33.13, quando ele diz: “rogo-te que [...] me faças
saber o teu caminho”. No versículo 18, ele ora em continuação: “Rogo-te que me
mostres a tua glória”. Essas duas orações não devem ser invertidas pelo crente,
como alguns fazem por imaturidade ou fanatismo.
Moisés intercedeu diante do Senhor
pedindo para entrar na tão sonhada Terra Prometida, mas Deus negou esse pedido
(Dt 3.23-25).
Oremos sempre uns pelos outros,
inclusive pelos desconhecidos. Intercedamos “por todos os homens” (1Tm 2.1), a
fim de que alcancem a eterna Jerusalém. [Comentário: Êx 33.13 Rogo-te que me faças
saber... o teu caminho. Com quanta frequência enfrentamos problemas para os
quais precisamos de iluminação. Não basta sermos bem versados nas Escrituras;
também não basta orar. Algumas vezes precisamos do toque místico da presença de
Deus a fim de podermos entender o Seu plano e o modus operando desse plano. A
fé chama-nos à ação quando não podemos ver. Mas às vezes é uma grande ajuda ver
alguma coisa! É de prestimoso auxílio ser testemunha do poder de Deus. Nenhum
homem é tão forte que não precise desse tipo de ajuda, mesmo que só
ocasionalmente. Deus se conserva em meio à luz inarcesível, para ver o que
podemos fazer com os dons e a graça que Ele nos tem outorgado. Ele nos dá
oportunidades e espera que usemos nossos próprios dons e poderes. Ele provê
para Seus filhos uma boa educação, esperando da parte deles que usem essa
instrução. Mas ao notar que eles têm mais para fazer do que são capazes de
fazer, Ele sai das luz anacersível e provê a assistência divina. Esta nação é
teu povo. Em Êxodo 32.7, Yahweh pareceu ter renegado a Seu povo, chamando-o de
povo “de Moisés” e não Dele mesmo. A primeira intercessão de Moisés lembrou
Yahweh da relação especial que Ele mantivera com Israel como um filho (Êx
32.7-14). Abraão, Isaque e Jacó tinham que ser levados em consideração, sem
falar sobre o Pacto Abraâmico. Sendo esses fatos indiscutíveis, Moisés sentiu
ser necessário que Yahweh reafirmasse Suas boas intenções no tocante a Israel,
garantindo a Sua presença, para que a marcha até à Terra Prometida tivesse bom
êxito. Êx 33.18 Rogo-te que me mostres a tua glória. Moisés estava sempre
pronto para fazer outra petição audaciosa. Visto que Yahweh tinha prometido a
Sua presença e orientação, Moisés agora anelou por ver alguma manifestação
especial de Deus. E pediu uma poderosíssima experiência mística. Moisés
desejava que Deus se manifestasse de modo totalmente franco a ele. Então Moisés
entenderia o caráter e o poder de Deus de uma maneira que não tinha sucedido
ainda até ali. Yahweh satisfaria esse pedido, embora com limitações (vs. 23),
pois uma revelação completa de Deus só aconteceria na eternidade, e como uma
questão de progresso espiritual eterno, não podendo ser dado como um único
acontecimento. Moisés estava pedindo demais, mas é melhor pedir demais, com
sinceridade, do que não ser um inquiridor. É melhor pedir demais do que pedir a
menos. É melhor crer demais do que crer a menos. Essa visão é uma questão de
glorificação eterna, e não de um único acontecimento dentro do tempo. Essa
experiência inclui a participação na natureza divina, de um filho com seu Pai
celeste. As expectações de Moisés eram demasiadas para este lado da vida, mas
seu zelo obteve para ele experiências tremendas, embora não tudo quanto ele
esperava. Ademais, o que ele havia esperado estava muito acima do escopo da
experiência humana mortal. Algo visível e glorioso haveria de ser dado, mas
Moisés não veria a essência mesma da deidade, e, sim, alguma manifestação de Deus.
“Talvez esse tenha sido o mais alto favor que já foi concedido a um ser humano,
antes da encarnação de nosso Senhor* (John Gill, in loc.). “Embora os homens
não pudessem ver a Deus, eles puderam contemplar a glória que indicava a Sua
presença (Êx 40.34; Nm 14.10,22; 16.19; Ez 11.23”). CHAMPLIN, Russell Norman,
Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
455-456.]
3. Homem de fé. Moisés agia por fé em Deus (Hb 11.24-29), daí,
a quantidade de milagres realizados pelo Senhor através dele. Seus pais foram
campeões da fé (Hb 11.23), pois a fé em Deus opera milagres (Mt 17.18-21; At
3.16; 6.8;). Aliás, um dos dons espirituais é o da fé (1Co 12.9); fé para
operar maravilhas.
Moisés e Arão realizaram muitos
milagres perante Faraó e seus oficiais no período que precedeu a saída de
Israel do Egito (Êx 4-12). Esses milagres em forma de catástrofes tinham por
objetivo demonstrar publicamente que os deuses do Egito nada eram diante do
Deus verdadeiro e único de Israel (Êx 12.12; Nm 33.4). [Comentário: Hb 11.26-29: “Pela fé deixou o
Egito... Pela fé celebrou a páscoa e a aspersão do sangue... Pela fé passaram o
Mar Vermelho, como por terra seca”. Foi a fé que capacitou Anrão e Joquebede a
esconder Moisés, já nascido [...] três meses [...] porque viram que era um menino
formoso; e não temeram o mandamento do rei (Ex 2.2ss). verdadeira fé sempre sai
do Egito. Ela nunca fica. Na verdade, o versículo 27 é tanto um prefácio como
uma apresentação prévia desta seção, que consiste em esboçar os pontos altos da
migração do Egito para Canaã. A história aqui não é de todo brilhante; uma
descrença vergonhosa tornou a história acidentada, com consequências trágicas. Os
cristãos hebreus têm sido lembrados deste fato com muita intensidade. Mas a
atenção agora está no fato de que a nação nunca teria sido liberta da
escravidão, e nunca teria entrado em Canaã, se não fosse por aqueles que
tiveram fé. Cada passo importante era uma vitória da fé. Mas a dúvida nunca
registrou avanços. a) A Páscoa (11.28). O primeiro passo preparatório essencial
no Êxodo foi a Páscoa. Pela fé, celebrou a Páscoa e a aspersão do sangue. O
objetivo era escapar da espada do destruidor dos primogênitos. Este ato de
julgamento divino não era somente necessário e justificado pela teimosia
egípcia, mas foi simbólico da morte eterna que é endêmica do Egito espiritual.
Semelhantemente, o cordeiro morto era simbólico do futuro Cordeiro de DEUS, que
tiraria o pecado do mundo (Jo 1.29). Não há escape, quer da escravidão egípcia
ou da escuridão ou morte egípcia, sem o aspergir do sangue. Mas note bem, a
vida não depende apenas do sangue derramado, mas do sangue aplicado. Somente o
derramar do sangue não teria protegido ninguém. Havia salvação somente à medida
que o sangue era aspergido individualmente na verga da porta e em ambas as
ombreiras das casas (Ex 12.23). A verdade aplica-se igualmente ao sangue do
Cordeiro de DEUS. Somente quando a fé toma posse e o ESPÍRITO opera, que o
Sangue salva. b) O mar Vermelho (11.29). Pela fé, passaram o mar Vermelho, como
por terra seca. Para maiores detalhes, leia Êxodo 14.22-27. A fé agora é
atribuída ao povo, bem como a Moisés. Neste acontecimento, vemos a diferença
entre fé e presunção. A fé não depende do que é feito, mas com que autoridade.
Israel agiu de acordo com a ordem divina, mas o intentar (lit., tentar) dos
egípcios em fazer a mesma coisa causou o seu afogamento. A mesma ação pode ser
apropriada e bem-sucedida ou presunçosa, fanática e desastrosa, dependendo da
presença ou ausência de DEUS. “Com DEUS, ando sobre o mar; sem Ele, nem saio
pela porta”. Richard S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD.
Vol. 10. pag. 109-111. Moisés e o Êxodo].
SINOPSE
DO TÓPICO (II)
Moisés como pastor de Israel era um homem de Deus,
de oração e de fé.
III. APRENDENDO COM MOISÉS
1. A cultivar comunhão com Deus. “Cultivar”, significa incentivar, preparar
para o crescimento. Muito antes de as primeiras flores aparecerem ou os sinais
do fruto serem vistos, muito foi feito para preparar a planta para o fruto
esperado. O lavrador cuida da planta com zelo para que esta seja mais
produtiva. Este processo de carinho e atenção é o cultivo. É em nossa relação
com Deus, mediante a comunhão contínua, que nossa vida é mudada e desenvolvida
em direção à realização plena. Como filho de Deus, você desfruta de plena
comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo? Cultive, como Moisés, esta
comunhão, passando mais tempo com Deus em oração, leitura da Palavra e
adoração. Moisés foi um homem que cultivou uma comunhão bastante íntima com
Deus. [Comentário: Há uma comunhão com Deus, por meio do
Espírito, O espírito humano é capaz de ter comunhão com o Espírito Santo.
Paulo, por mais de cento e sessenta vezes, falou em estarmos em
Cristo, retratando, com essas duas palavras, a nossa comunhão mística (1Co
1.4). A comunhão não tem apenas a dimensão humana, do homem com homem; também
tem a dimensão divina, do homem com Deus. O trecho de Efésios 4.1-6, e vários
trechos paralelos, dão-nos esse ensino. Diz 1João 1.3: «... a nossa comunhão é
com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo... o Espírito Santo reside em nós e nos
confere comunhão divina (João 14.16 ss). Cristo é a vinha, e nós somos os
ramos, pelo que devemos pensar em uma comunhão orgânica (João 15). Há a
comunhão do Espirito (Fp 2.1 ss). «A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de
Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós. (2Co 13.13). CHAMPLIN,
Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos.
pag. 822.]
2. A ter comunhão com outros crentes. Através da vida de comunhão com os santos,
você é incentivado a viver a vida cristã saudável e abundante. Os primeiros
cristãos tinham comunhão diária entre si (At 2.46). Não admira que suas vidas
fossem testemunhos poderosos do Evangelho e fizessem com que as pessoas
tivessem sede de salvação. Havia uma colheita diária de almas, à medida que o
Senhor acrescentava à igreja os que iam sendo salvos (At 2.46,47). Moisés
prezava pela comunhão em família e com todo o povo de Deus. Sigamos de perto o
seu exemplo e busquemos a comunhão com os nossos irmãos, pois estamos também
todos caminhando rumo à Terra Prometida. [Comentário: At 2.46 É verdade, porém, que ao
mesmo tempo tinham necessidade de seus próprios encontros: “Partiam pão de casa
em casa e tomavam as suas refeições com regozijo e singeleza de coração.” Essas
reuniões nas refeições comunitárias caracterizavam-se pela “regozijo e
singeleza de coração”. Com certeza deram pouca atenção ao cardápio! Essa
alegria jubilosa não era um contraste para o “temor”, nem sequer era limitada
apenas pelo temor, mas, exatamente como o “temor”, constituía o efeito da
presença plena de Deus. Sempre deixamos de ver a verdade quando separamos em Deus
a justiça e o amor, a seriedade e a bondade. Por isso sempre perdemos a alegria
profunda quando perdemos o temor diante de Deus. Pelo Deus vivo revelado em Jesus,
em Sua cruz e ressurreição foram-nos dados gratidão efusiva e santo respeito. O
Espírito Santo em nossos corações faz-nos regozijar e tremer, temer e amar a Deus.
É preciso levar em conta que a palavra “regozijar” sempre possui conotação
“escatológica”. “Os resgatados do Senhor voltarão e virão a Sião com cânticos
de júbilo; alegria eterna coroará a sua cabeça; gozo e alegria alcançarão, e
deles fugirá a tristeza e o gemido”, profetizou Isaías (Is 35.10). Ao serem
celebradas agora na igreja as refeições cheias de júbilo e louvor a Deus,
apesar de toda a pobreza material, essas refeições já eram prefiguração e
primeira garantia do banquete nupcial do fim dos tempos, quando Deus estará no
meio de seu povo com toda a Sua glória e presença visíveis e o encherá com
“alegria indizível e gloriosa” (1Pe 1.8). A circunstância de que eles, inimigos
de Deus e assassinos de Jesus, podiam pertencer a esses “redimidos do Senhor”
representava uma razão sempre renovada desse “regozijo” que agora já perpassava
os dias da novel igreja com seu brilho. As orações de santa ceia transmitidas
no assim chamado “Didaquê” nos permitem perceber algo de como precisamos
imaginar esse “tomar as refeições com regozijo e singeleza de coração e com
louvor a Deus”. Consequentemente, esses primeiros cristãos estavam em paz com Deus
e as pessoas, “louvavam a Deus e contavam com a simpatia de todo o povo”. Foi
um grande presente que essa igreja – diferente da de Tessalônica (1Ts 1.6) –
pôde organizar-se inicialmente em paz. No momento não havia dificuldades
exteriores para chegar à fé em Jesus e lhe render a vida. É óbvio que a
superação interior dos corações não é produzida pela simpatia exterior, e nem
mesmo pela palavra desafiadora de uma igreja viva como tal. Somente o próprio
Senhor pode nos resgatar da incredulidade e perdição e nos conceder a
conversão. Foi assim que Jesus fez naquele tempo. Não se limitou ao avivamento
daquele primeiro dia de Pentecostes. Diariamente acontecia a grande alegria por
pessoas que se deixavam salvar. “O Senhor, porém, acrescentava os que iam sendo
salvos, dia a dia, ao mesmo”. Werner de Boor. Comentário Esperança Atos.
Editora Evangélica Esperança.]
3. A aceitar o ministério de líderes piedosos. Os líderes são instrumentos de Deus para
alimentar e nutrir seu povo. Efésios 4.11-13 enfatiza que o propósito dos
ministérios de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores na igreja
é edificar o povo de Deus. Quando você aceita e aplica os ensinos de Deus, que
nos são proporcionados por meio dos líderes que Ele chamou, você é levado a um
lugar de maior fertilidade e de crescimento (Ef 4.16). Toda vez que os hebreus
deixavam de obedecer a Moisés eles pecavam e eram grandemente prejudicados. Quando
Miriã se rebelou contra a liderança de Moisés, seu irmão, ela ficou leprosa e o
povo todo não pôde partir. Todos ficaram retidos pela desobediência de uma
única pessoa.
[Comentário: “Devemos
a Cristo o fato de termos ministros do evangelho”, diz Calvino. A Igreja pode
indicar homens para diferentes trabalhos e funções, mas, a menos que tenham os
dons do Espírito e sejam, portanto, eles mesmos os dons de Cristo à Sua Igreja,
sua indicação será sem valor. A expressão também “serve para lembrar aos ministros
que os dons do Espírito não são para enriquecimento pessoal, e sim para
enriquecimento da Igreja” (Allan). Se esta epístola tivesse sido escrita numa
data posterior, conforme o pensamento de alguns, seria quase impossível não
existir referência ao ministério local dos bispos, presbíteros e diáconos, os
quais se tornaram da maior importância para a Igreja. Assim, o apóstolo não
está pensando nos ministros de Cristo em seus ofícios, mas sim em seus dons
espirituais específicos e suas tarefas, e havia muitos que não estavam
limitados a uma determinada localidade no exercício de suas funções para a
edificação da Igreja. Este fato explica a seleção que encontramos aqui e na
lista semelhante em 1 Coríntios 12.28. Em primeiro lugar estavam os apóstolos.
A palavra apóstolos é usada no Novo Testamento com três sentidos diferentes.
Podia significar simplesmente um mensageiro, como é aparentemente o caso em
Filipenses 2.25 sentido esse que podemos deixar de lado aqui. Era usada acima
de tudo para os doze, que por todo o Novo Testamento ocuparam uma posição
especial e preeminente (1 Co 15.5; Ap 21.14). Mas lemos a respeito de outros
como apóstolos, não apenas o próprio Paulo e Barnabé (At 14.14), mas também
Tiago, o irmão do Senhor (G1 1.19), Silas (1 Ts 2.7), e Júnias e Andrônico que
são mencionados apenas em Romanos 16.7. De fato, parece terem existido alguns
que podem ser verdadeiramente chamados de apóstolos (1 Co 15.7), mas que não
conhecemos nem de nome. De acordo com as palavras de Paulo em 1 Coríntios 9.1
parece que uma das qualidades para o apostolado era a de ter visto o Senhor
JESUS ressurreto, e de ter sido enviado por Ele, e, dessa forma, ter assumido
pessoalmente o compromisso como membro considerado fundador (Ef 2.20),
consagrado ao trabalho de edificação da Igreja. Se a qualificação para ser
apóstolo era a de ter visto o Senhor ressurreto e de ter sido enviado por Ele,
a prova de ser apóstolo eram seus labores no poder de Cristo, inclusive “por
sinais, prodígios e poderes miraculosos” (2 Co 12.12). Francis Foulkes.
Efésios. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 98]
4. A ter cuidado com os inimigos. Ao entrarem na Terra Prometida, os israelitas
tinham de destruir as nações ímpias que ali viviam. Esse era o plano de Deus,
mas Israel não o seguiu. Em consequência disso, o povo de Israel foi seduzido
pelos maus caminhos desses povos (Sl 106.34-36). Essa experiência é um aviso
para nós. Cuidado com o Inimigo e as suas propostas. Vigie para que você e sua
família não sejam seduzidos pelas coisas deste mundo. O mundo e a sua
concupiscência é passageiro, mas os valores de Deus e a sua Palavra são
eternos.
[Comentário: Sl
106.34 Não exterminaram os povos. Tendo entrado na Terra Prometida, os hebreus
não foram capazes de exterminar os cananeus nativos, conforme as referências
dadas anteriormente o demonstram. Apareceram muitos bolsões de resistência, e
em cada um houve uma má influência qualquer que fez com que Israel pecasse,
especialmente imiscuindo-se na idolatria. Somente nos tempos de Davi os
inimigos de Israel foram finalmente aniquilados ou confinados. (Ver em 2Sm
10.19 como Davi derrotou oito nações inimigas.) Tendo derrotado esses povos,
Davi possibilitou a Salomão uma boa era de paz, a época áurea de Israel. Mas
isso levou vários séculos para ser realizado. O poeta sentiu que a falta de fé
de Israel impediu o processo da conquista. Os israelitas contentaram-se com o
que já tinham conseguido, pelo que estavam sendo constantemente atacados pelos
povos não dominados, além de se deixarem corromper moral e espiritualmente.
Eles deveriam ter feito guerra santa contra aqueles povos, levando-os ao
aniquilamento total, incluindo homens e animais, e nem ao menos ficando com os
despojos. Quanto a isso, ver Dt 7.1-5 e 20.10-18. Sl 106.35 Antes se mesclaram
com as nações. Israel continuou a mesclar-se com os povos em derredor,
aprendendo más ideias e maus hábitos, especialmente a idolatria e a variedade
de pecados que sempre a acompanha. Essas práticas eram imorais, incluindo
prostituição sagrada e até sacrifícios infantis (vss. 37-40), a mais terrível
de todas as práticas associadas à idolatria (ver a respeito no Dicionário) Os
pagãos os engaiolaram como pássaros e os fizeram transformar- se em um povo
pagão (Jz 2.3; Êx 23.33; Dt 7.16). Josué e outros homens de Deus avisaram acerca
do que estava acontecendo (Js 23.12,13), mas os filhos de Israel não atentaram
para essas advertências. Os casamentos mistos promoviam a corrupção geral (Dt
7.3.4). Sl 106.36 Deram culto a seus ídolos. A idolatria era o pior dos pecados
de Israel, multifacetado e mortífero para o espírito. A síndrome do
pecado-julgamento-restauração nunca deixou de rolar até que os cativeiros
assírio e babilônico puseram fim a esse ciclo (Êx 23.33 e Jz 8.27). A armadilha
causou destruição, tal como uma ave é apanhada pela rede e depois é morta, de
maneira que o seu corpo pode ser usado como alimento ou em algum outro
propósito (Ex 10.7). Quanto à adoção dos pactos canaanitas, ver Jz 2.11,12; 2Reis
16.3,4."... tal como uma ave ou fera em uma armadilha, eles foram levados
à tribulação e à angústia, das quais foram incapazes de livrar-se” (John Gill,
in loc.). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2397-2398.]
SINOPSE
DO TÓPICO (III)
A vida de Moisés nos ensina a cultivar a comunhão
com Deus e com o próximo, a piedade e a prudência.
CONCLUSÃO
Moisés
cumpriu sua carreira com fé em Deus, coragem e determinação. Em tudo ele buscou
ser fiel ao Senhor. Sigamos o exemplo deste líder a fim de que possamos viver
com sabedoria e a agradar a Deus em toda a nossa maneira de viver. [Comentário: O Pentateuco termina com realismo
(‘Vocês ainda não são o que Deus quer que vocês sejam’) e esperança (‘Logo
vocês estarão no lugar que Deus lhes separou’). É no deserto que você está, mas
não é no deserto que ficará. Para citar Walter Brueggemann: ‘O texto, de mais a
mais, serve para todo o tipo de comunidades de exilados. O Pentateuco é, no
final das contas, a promessa de um lar e de um retorno ao lar. É uma promessa
dada pelo Deus de todas as promessas, que jamais se contentará com o deserto, o
exílio ou o degredo’” (HAMILTON, V. P. Manual do Pentateuco: Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio. 1 ed., RJ: CPAD, 2006, pp.534-35)].
“NaquEle que me garante: "Pela
graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus"
(Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco Barbosa
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