SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Na aula anterior estudamos a respeito da escolha dos filhos de Arão para ministrarem no tabernáculo, como sacerdotes. Nesta aula nos voltaremos para a consagração dos sacerdotes, destacando os procedimentos rituais pelos quais esses passavam durante esse processo. Em seguida, mostraremos como acontecia a ministração por parte dos sacerdotes na tenda do Senhor. Ao final, ressaltaremos que Cristo, o Sumo-Sacerdote, é Aquele que ofereceu sacrifício perfeito pelos nossos pecados.
1. A CONSAGRAÇÃO SACERDOTAL
Os sacerdotes deveriam participar do culto público no qual passariam por um processo de consagração. Durante essa celebração eles deveriam ser lavados (Ex. 29.4; Lv. 8.6), e para esse fim Moisés conduziu Arão e seus filhos à porta do tabernáculo. O ato de lavar representava a purificação dos sacerdotes para o ofício. Eles deveriam lavar as mãos e os pés na bacia, demonstrando, assim, que estavam sendo purificados diante do Senhor. Os cristãos do Novo Pacto passaram por esse processo de purificação ao aceitarem a Cristo como Salvador (I Co. 6.9-11). Dando continuidade ao ritual, os sacerdotes eram vestidos com a indumentária especificada em Ex. 28, não podemos deixar de ressaltar que essa vestimenta destacava a dignidade do ministério (Ex. 29.5-9). Como cristãos, devemos deixar de lado as vestes imundas, e nos revestirmos dos trajes da graça em Cristo (Ef. 4.17-32; Cl. 3.1-15). Depois os sacerdotes eram ungidos com um óleo especial (Ex. 29.7,21; 30.22,23). O óleo no Antigo Testamento é símbolo do Espírito Santo para ter poder e servir (Is. 61.1-3). O ministério de Cristo foi conduzido pelo poder do Espírito Santo (Lc. 4.17-19). A igreja também deve buscar o poder de Deus para testemunhar com eficácia a respeito da morte e ressurreição de Cristo (At. 1.8). Os crentes, individualmente, precisam ser cheio do Espírito Santo (Ef. 5.18). Como parte do procedimento, o pecado dos sacerdotes era perdoado, isso porque um touro era imolado para sacrifício, o que era repetido ao longo da semana (Ex. 29.10-14). Aqueles que ministram diante de Deus, e para o povo, precisam antes passaram pelo novo nascimento, da água e do Espírito (Jo. 3.3). Os sacerdotes eram, em seguida, consagrados a Deus, para dependerem integralmente do ministério (Ex. 29.15-18). Como cristãos, precisamos também nos entregar incondicionalmente à vontade de Deus, em culto santo e agradável (Rm. 12.1,2; I Tm. 4.15). Posteriormente os sacerdotes eram marcados pelo sangue, que apontava para uma vida de sacrifício, a serviço do Senhor (Ex. 29.22-28). É uma pena que alguns que ministram na casa de Deus querem apenas satisfazer seus interesses (I Sm. 2.17-17).
2. A MINISTRAÇÃO SACERDOTAL
Os sacerdotes tinham a responsabilidade de ministrarem diante do Senhor, para tanto durante a semana teriam que ficar dentro dos limites do tabernáculo (Lv. 9.33-36). Esse era um processo de concentração, isto é, de preparação para a ministração no culto. Os pastores precisam atentar para a preparação na ministração da palavra. Há obreiros que dependem apenas de seus esboços, alguns deles extraídos da internet, ou de esboços de livros. Não há mais consagração na vida de alguns pastores antes da ministração, de modo que seus ouvintes percebem que estão tão somente repassando informações. Falta vida em muitos sermões nas igrejas, simplesmente porque os pastores deixaram de orar, de se consagrarem para o ministério. A burocracia eclesiástica, pautada pelo ativismo, está minando a espiritualidade de muitos obreiros. Na Antiga Aliança o sacerdote começava o dia sacrificando um cordeiro como holocausto, significando consagração total a Deus. Ao final do dia ele apresentava outro cordeiro em sacrifício pelo povo. Como os sacerdotes, precisamos começar o dia, e termina-lo, em consagração ao Senhor. Cada cristão deve viver, integralmente, 24 horas por dia, 31 dias por mês, 366 dias do ano para o Senhor. O culto no templo é importante, mas a vida cristã é uma questão de estilo, que se concretiza em todo tempo e nos vários lugares. É importante também separarmos momentos silenciosos para estar na presença do Senhor (Mt. 6.7-15). O sacerdote também oferecia sacrifícios de manjares, colocando uma porção simbólica de farinha no altar e usavam o restante para suas refeições. A farinha, bem como o vinho, representavam o fruto do trabalho do povo, e a providência divina para alimentá-lo (Dt. 6.6-18). Devemos aprender a ser gratos ao Senhor pelo pão nosso de cada dia, por sua graça maravilhosa, que tem nos suprido com o sustento necessário (I Co. 10.31).
3. O SACERDÓCIO DE CRISTO
Cristo é o nosso Sumo-sacerdote, que penetrou os céus, e que se identifica com nossas fraquezas (Hb. 4.14-16). A função do sacerdote era interceder e oferecer sacrifícios pelo povo. Ele poderia entrar no Santo dos santos, com o sangue do cordeiro, uma vez ao ano, para purificação do pecado povo (Hb. 9.22). Jesus, o Sumo Sacerdote, “penetrou os céus” e onde se encontra continuamente para interceder pelos pecadores arrependidos (I Jo. 2.10). Ele não era da tribo de Levi, por isso sua ordem é a de Melquisedque,“sem pai, sem mãe, sem genealogia”, portanto, superior, eterno e imutável (Gn. 14.18; Hb. 7.3). Por esse motivo “pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb. 7.25). Jesus entrou no lugar santo não com sangue de cordeiros e bodes, mas com Seu próprio sangue, “uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção” (Hb. 9.11-15). O sacerdócio de Cristo é perfeito, por isso os sacrifícios não precisam mais ser repetidos, foi único, perfeito e perpétuo (Hb. 7.25-28). Assim, se andarmos na luz, como Ele está na luz, “o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (I Jo. 1.7). Essa doutrina nos inspira, portanto, a um viver santo, em novidade de vida, a fim de agradar a Deus, não para sermos salvos, mas porque Ele nos salvou (Ef. 2.8-10). Essa é também uma mensagem de esperança, pois podemos guardar “firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel” (Hb. 10.23). É importante destacar que temos, em Cristo, um Sumo Sacerdote que se identifica conosco, que conhece nossas limitações (Hb. 4.15; 5.1,2). Por isso podemos nos achegar, confiadamente, junto ao trono da graça, não por méritos próprios, mas pela graça manifestada em Cristo, na cruz do calvário (Hb. 4.16), temos intrepidez para entrar nos Santos dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou (Hb. 10.19,20).
CONCLUSÃO
Os sacerdotes da Antiga Aliança eram consagrados ao serviço do Senhor. Para isso, passavam por um ritual, por meio do qual eram reconhecidos, publicamente como ministros separados para o serviço. Como líderes no ministério, devemos consagrar nossas vidas diante de Deus, em sacrifício vivo, santo e agradável. Cristo é o nosso exemplo, pois carregou sobre Si o sofrimento pelos nossos pecados, sendo Ele também a propiciação pelas transgressões. Por causa da perfeição do Seu sacrifício, e Sacerdócio, podemos nos aproximar com confiança de Deus, chamando-O de Aba, Pai (Mt. 6.9,10; Gl. 4.4-6).
José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Consagração: Ação de dedicar-se a Deus; dedicação, sagração.
Deus ordenou que Moisés separasse Arão e seus filhos para o sacerdócio. O vestiário, bem como o modo de proceder dos sacerdotes, foram dados por orientações do próprio Deus. Antes de oferecer sacrifícios em favor do povo, Arão deveria oferecer sacrifício para a remissão dos seus próprios pecados. Na lição de hoje, estudaremos a respeito do ato de consagração e purificação do sacerdócio, conforme as determinações de Deus. [Comentário: Na continuidade do estudo do livro de Êxodo, estudaremos o capítulo 29, onde o Senhor descreve a Moisés o ritual da consagração dos sacerdotes. Até o momento, temos visto como o próprio Deus resgatou Israel do Egito, proveu um líder forte, uma lei sem comparação; agora, YAHWEH requer uma adoração orientada por Ele mesmo; ensina-lhes a respeito do ofício Sacerdotal e separa a família de Arão e os levitas para esta obra. Esses filhos de Arão eram responsáveis por oferecer sacrifícios a Deus em busca do perdão dos pecados do povo. Eram eles e só eles, então, ministros de Deus. A cerimônia da consagração dos sacerdotes é uma belíssima lição sobre o sacerdócio do cristão. O termo "sacerdote" ficou exclusivo para um tipo de ministério, que se tornou amplo para incluir os músicos, os porteiros, os metalúrgicos, os reis e os profetas, entre outros indivíduos que se colocavam nas mãos de Deus para ajudar o povo a crescer. O salmista chega a chamar de ministros a todos que fazem a vontade do Senhor (Salmo 103.21). O profeta Isaías espera por um tempo em que o povo de Deus (isto é, todos quanto levam Deus a sério) sejam chamados de sacerdotes e ministros do Senhor (Isaías 61.6).]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. A CONSAGRAÇÃO DE ARÃO E SEUS FILHOS
1. A lavagem com água. “Então, farás chegar Arão e seus filhos à porta da tenda da congregação e os lavarás com água” (Êx 29.4). Muitos eram os rituais de preparação que os sacerdotes deveriam realizar antes de se achegarem à presença de Deus. Uma parte dos rituais era a lavagem com água, que simbolizava pureza e perfeição. Deus é santo e requer santidade do seu povo: “Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2). Atualmente o crente é limpo pela Palavra (Jo 15.3) e pelo sangue de Cristo (1Jo 1.7). Sem pureza e santidade não podemos nos achegar à presença de Deus.
Uma importante razão pela qual o crente deve santificar-se é que a santidade de Deus, em parte, é revelada através do procedimento justo e da vida santificada do crente. [Comentário:A purificação ritual lidava com purificação exterior de uma pessoa. Essa lavagem prefigura o batismo do Novo Testamento. Estas cerimônias de consagração dos sacerdotes estão descritas em Êxodo 29 e Levítico 8. Era parte desse ritual a lavagem do corpo, unção, vestimenta e sacrifícios. C. H. Mackintosh, em seu livro “Estudos Sobre O Livro De Êxodo” (Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé), afirma que “Nos primeiros versículos deste capítulo é dado o primeiro lugar a Arão. "Então, farás chegar Arão e seus filhos à porta da tenda da congregação e os lavarás com água" (versículo 4). A lavagem da água tornava Arão simbolicamente aquilo que Cristo é intrinsecamente, isto é: santo. A Igreja é santa em virtude de estar ligada a Cristo na vida de ressurreição. Ele é a definição perfeita daquilo que ela é perante Deus. O ato cerimonial da lavagem da água representa a ação da palavra de Deus (Ef 5.26). "E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade" (Jo 17.19), disse o Senhor Jesus. Separou-Se para Deus no poder de uma perfeita obediência, orientando-Se em todas as coisas, como homem, pela Palavra, mediante o Espírito eterno, a fim de que todos aqueles que são d'Ele pudessem ser inteiramente separados pelo poder moral da verdade” (C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé). Russell Norman CHAMPLIN afirma que o método usado para esta lavagem do corpo era o da imersão, mesmo que não disponhamos de um texto de prova a respeito. Ele cita, ainda, que muitos intérpretes cristãos veem aqui, um símbolo para o batismo, já que a lavagem aqui era do corpo inteiro (cf. Jo 13.10; Hb 10.22), e não somente das mãos e dos pés (Êx 30.19-21). O Targum de Jonathan diz-nos que essa lavagem foi realizada em quarenta grandes receptáculos, cheios de água extraída de mananciais correntes, e que esses receptáculos eram grandes o bastante para que o corpo inteiro dos sacerdotes fosse imerso. Jarchi também alude a como o corpo inteiro de cada sacerdote foi mergulhado na água. A lavagem mesma era um emblema da corrupção retirada, para que a santidade pudesse ser derramada sobre os sacerdotes. Temos aqui a primeira menção bíblica à ablução cerimonial. A água é um símbolo natural da pureza e de um agente natural de purificação. (citação extraída de: CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 434). O Comentário Bíblico Beacon traz a informação de que “os sacerdotes usavam a pia de cobre (30.17-21) para este propósito”.Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 217.].
2. A unção com azeite (Êx 30.23-33). O azeite da unção deveria ser derramado sobre a cabeça de Arão e seus filhos. O azeite é símbolo do Espírito Santo que viria habitar no crente pelo ministério intercessor de Jesus (Jo 14.16,17,26), bem como o batismo com o Espírito Santo (At 1.4,5,8). Assim também a igreja recebeu o penhor do Espírito (2Co 1.21,22), mas alguns de seus membros são individualmente separados para ministérios específicos, segundo os propósitos de Deus. [Comentário: "E tomarás o azeite da unção e o derramarás sobre a sua cabeça" (v. 7); Arão e seus filhos representam CRISTO e a Igreja. Arão foi ungido antes de o sangue ser derramado, justamente por representar a figura de Cristo, que, em virtude daquilo que era em Sua Própria Pessoa, foi ungido com o Espírito Santo muito antes do Calvário. Note-se que seus filhos só foram ungidos depois de ser espargido o sangue. Para os crentes da Nova Aliança, o sangue vertido na cruz é o fundamento de tudo. Como escreve C. H. Mackintosh na obra supracitada,“Ela não podia ser ungida com o Espírito Santo até que a sua Cabeça ressuscitada tivesse subido ao céu e depositado sobre o trono da Majestade divina o relato do sacrifício que havia oferecido. "Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai e promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis" (At 2.32-33); comparem-se também Jo 7.39; At 19.1 - 6). Desde os dias de Abel que haviam sido regeneradas almas pelo Espírito Santo e experimentado a Sua influência, sobre as quais operou e a quem qualificou para o serviço; porém a Igreja não podia ser ungida com o Espírito Santo até que o Seu Senhor tivesse entrado vitorioso no céu e recebesse para ela a promessa do Pai. A verdade desta doutrina é ensinada, da forma mais direta e completa, em todo o Novo Testamento; e a sua integridade estreita é mantida, em figura, no símbolo que temos perante nós, pelo fato claro que, embora Arão fosse ungido antes de o sangue haver sido derramado (versículo 7), contudo os seus filhos não o foram, e não podiam ser ungidos senão depois (versículo 21). C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé. Em Israel era questão muito séria como esse azeite era preparado e usado (Êx 30.22-23). Devia ser resguardado de qualquer profanação, e somente os sacerdotes sabiam como prepará-lo com exatidão. Era usado para propósitos e para pessoas específicos. Um homem comum não podia ser ungido com o óleo santo. As mais finas especiarias eram tão valiosas quanto o ouro. Podiam ser usadas como presentes mais seletos, sendo dados até à realeza (1Rs 10.2,10,15). A receita do óleo da unção é a mais antiga fórmula perfumista que se tem conhecimento. Os intérpretes judeus dizem-nos que as essências eram primeiramente extraídas dos materiais naqueles pesos respectivos, e, então, essas essências eram misturadas com o azeite. Parte das responsabilidades dos sacerdotes levíticos era preservar a fórmula do óleo da unção, não permitindo que o mesmo fosse alterado ou corrompido. Sua profanação do azeite da unção era tida como um crime, e tão grave que o indivíduo que ousasse fazer isso, seria eliminado. E esse óleo santo também não podia ser usado para fins profanos (Êx 30.32). Nenhum óleo similar ao óleo santo podia ser preparado, a fim de que permanecesse sem igual, não podendo ser confundido com qualquer outra composição do perfumista - pode haver muitas imitações da unção do Espírito; há fogo estranho e óleo estranho, como o próprio Cristo ensinou: Mt 7.21 ss. Cf. 1Jo 4.1. As especiaria aromáticas, por terem propriedades curativas e fragrância, tornavam a substância perfumada apropriadamente típica do Espírito Santo, que santifica e unge o povo de Deus. O Espírito Santo é figura desta combinação de substâncias odoríferas e óleo! Ele perfuma e cura a alma ungida; torna santo todos que o recebem; não pode ser falsificado e quem procura substituí-lo cai na condenação de DEUS; não é dado ao mundo, mas a quem é redimido pelo sangue de CRISTO; e sempre é o mesmo. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 221-222.].
3. Animais são imolados como sacrifício (Êx 29.10-18). Era necessário que antes de ministrar em favor do povo, o sacerdote oferecesse sacrifícios de holocausto por sua própria vida. Arão e seus filhos deveriam levar um cordeiro, sem mancha ou defeito, diante do altar. O cordeiro morto tipificava a morte vicária de Jesus Cristo, que “morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1Co 15.3). A morte vicária de Cristo proporciona ao homem pecador a reconciliação com Deus. Jesus morreu para expiar os nossos pecados (1Pe 1.18,19). [Comentário: Partes do corpo do animal, inclusive a gordura, eram queimadas sobre o altar e o restante era levado para fora do acampamento, a fim de ser queimado (13,14), tipificando Cristo que “padeceu fora da porta” (Hb 13.11,12). Esta oferta representava a entrega das pessoas a Deus para servi-lo em espírito de adoração. O sumo sacerdote realizava o mais central desses sacrifícios, mas no caso presente foi Moisés quem ofereceu o sacrifício em favor do sumo sacerdote, o qual, por ser homem, também tinha a necessidade de seu pecado ser removido, para que estivesse apto para cumprir os deveres de seu ofício. Também foi feito um sacrifício pelo pecado em favor dos sacerdotes, e pelas mesmas razões. Notemos o fato da imposição de mãos na cabeça do animal a ser sacrificado, desse modo, identificavam-se com o novilho. Assim, o que acontecia ao novilho, acontecia, em tipo e espiritualmente, ao sacerdote (Êx 29.10). Temos aqui uma ideia vicária, tal como Cristo, o Cordeiro de Deus que foi morto, tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Talvez esta figura aponte para a transferência dos pecados do sacerdote para o novilho e com a morte do animal punha fim à questão (Lv 16.21,22). O animal, por ter ficado simbolicamente com os pecados do homem, era maldito; mas a sua morte e o derramamento de seu sangue deixavam o homem em liberdade (Gl 3.13; Rm 6.23; Ap 5.6,12; 13.8)]. O Dicionário Unger afirma que “o animal inteiro, por ser um sacrifício pelo pecado, era considerado impuro, servindo somente para ser queimado. No caso de todos os demais sacrifícios, certas porções do animal sacrificado podiam ser comidas pelos sacerdotes e pelos adoradores. “No caso de sacrifícios ligados aos cultos regulares do santuário, aqueles que eram oferecidos em ocasiões festivas e em favor do povo todo, os animais eram abatidos, esfolados e cortados em pedaços pelos sacerdotes... certas porções eram comidas pelos sacerdotes e por aquele que trouxera o animal a ser sacrificado” Unger, Dictionary, sobre Sacrifícios. Ver Lev. 8.31 e Êxo. 29.32. A aspersão do sangue provavelmente era feita mediante o uso de um ramo de hissopo, comumente usado para essa finalidade, dessa maneira, o sangue era aplicado de forma plena, e o sacrifício mostrava-se totalmente eficaz].
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A consagração do sacerdócio de Arão e de seus filhos decorria pela passagem da água, a unção com azeite e a imolação de animais como sacrifício.
II. O SACRIFÍCIO DA POSSE
1. O segundo carneiro da consagração (Êx 29.19-35). Era necessário que outro animal inocente fosse morto. Segundo o Comentário Bíblico Beacon, “parte do sangue era colocada primeiramente na orelha direita, no dedo polegar da mão direita e no dedo polegar do pé direito”. O restante do sangue deveria ser derramado sobre o altar. Sem derramamento de sangue não há remissão de pecado (Hb 9.22). Tudo apontava para o Calvário, onde Cristo derramou seu sangue por nós. [Comentário: O primeiro animal sacrificado, nos ritos de consagração de sacerdotes, era o novilho, uma oferta pelo pecado (vss. 10 ss.). O segundo animal sacrificado era o primeiro carneiro, oferecido como oferta de louvor e consagração (vs. 15). O terceiro animal sacrificado era o segundo carneiro. Esse carneiro era oferecido como sacrifício de consagração do sacerdote (vs. 22). O trecho de Levítico 8.22 chama esse animal de “o carneiro da consagração”. Era consagrado a Deus; e o homem que o tinha oferecido era assim também cerimonialmente consagrado a Deus. Seu sangue era usado, juntamente com o azeite, tendo em vista a consagração dos sacerdotes (vss. 20,21). Suas porções mais sagradas foram postas por Moisés nas mãos dos sacerdotes, de tal modo que eles ofereciam com elas a sua primeira oferenda a Deus. Era uma espécie de ato coroado da cerimônia. Tudo isso fazia parte da consagração de sacerdotes. O segundo carneiro chegou a ser chamado de “carneiro do enchimento”, porque estava associado ao último estágio do rito, “o enchimento das mãos” do sacerdote com as oferendas de cereais (vss. 23-25). Tudo isso simbolizava a autoridade, a graça, os dons e os poderes próprios do oficio sacerdotal. Os intérpretes veem vários sentidos na aplicação do sangue, bem como nos lugares onde o sangue era posto: (1). O sangue era posto em lugares estratégicos, dando a entender, metaforicamente, uma aplicação completa, ou seja, uma completa consagração. (2). Especificamente: A ponta da orelha direita. Um sacerdote era alguém que devia estar preparado para ouvir tudo quanto Yahweh ordenasse, a fim de cumprir Suas ordens. O polegar das suas mãos direitas. Um sacerdote devia estar preparado para fazer tudo quanto Yahweh ordenasse, visto que as mãos são o instrumento de ação. O polegar dos seus pés direitos. Um sacerdote devia andar pelos caminhos de Yahweh, pois caminhar é aquilo que fazemos com os nossos pés. (3). É possível que, originalmente, tais ritos tivessem por intuito prover completa proteção contra os ataques de poderes demoníacos sinistros, falando assim sobre uma plena proteção divina, diante de qualquer mal. O sangue era então aspergido sobre o altar, como no caso do primeiro carneiro (ver 0 vs. 16). Ficava assim simbolizada a total aplicação do sangue, exibindo a total eficácia do sacrifício. A unção das vestes de Arão e de seus filhos sacerdotes foi feita com azeite e com sangue. Não se sabe se o sangue foi misturado ou não com o azeite. O fato é que assim elas foram consagradas. O vs. 7 já havia falado sobre a unção com azeite, mas temos aqui um outro tipo, em adição àquele. Portanto, o culto de consagração incluía dois tipos. Os estudiosos cristãos veem nisso a unção dos crentes em Cristo, a outorga de autoridade e de graças para cumprirem sua missão. Como é claro, dispomos do poder e dos dons do Espírito, representados no azeite, bem como dos poderes justificadores e santificadores de Cristo, representados no sangue (Sl 45.8; Ap 7.14). Nessa dupla unção, alguns eruditos veem a justificação e a santificação simbolizadas. O trecho de Lv 8.30 parece indicar apenas uma unção, e alguns críticos pensam que o vs. 21 deste capítulo foi uma adição posterior feita sobre o relato original.].
2. Sacrifícios diários. Diariamente eram oferecidos sacrifícios pelo pecado. Pela manhã e a tarde havia sacrifícios e um animal inocente era morto em resgate da vida de alguém. O sacrifício de Cristo foi perfeito e único. Por isso, hoje podemos nos achegar a Deus para adorá-lo livremente.
No Tabernáculo, tudo deveria estar sempre pronto a fim de que o culto diário a Deus nunca fosse interrompido. Os sacerdotes cuidavam para que o fogo do altar nunca se apagasse. A cada manhã, este era alimentado com nova lenha e novos holocaustos (Lv 6.12,13). Da mesma forma Deus quer que nos apresentemos a Ele, prontos e renovados espiritualmente (2Co 4.16).[Comentário: Lv 6.12,13: “O fogo... sempre arderá sobre o altar”. As chamas sobre o altar eram perenes. Esses dois versículos dão-nos duas afirmações garantindo-nos que não podiam apagar-se as chamas sobre o altar de bronze. Os sacerdotes estavam encarregados de garantir que essas chamas nunca se apagassem. O sacerdote tinha de usar de cuidado ao remover as cinzas, a fim de não perturbar os pedaços de gordura que continuassem queimando. Pela manhã, o fogo era avivado com lenha, para que as chamas não se apagassem Uma madeira santa era escolhida para esse mister, pelo que sempre havia em depósito bastante lenha com esse propósito (Lv 1.7). O vs. 13 repete a questão do fogo santo. Levítico 9.24 afirma que foi o Senhor quem enviara o fogo do céu, e o homem era agora responsável por sua continuidade. Durante os dias do segundo templo, o fogo perpétuo consistia em três partes ou pilhas separadas de lenha sobre o altar, mas isso representava uma complicação da ordenança original. As maiores fogueiras eram usadas nos holocaustos diários; a segunda fogueira supria os incensários e a queima do incenso; e a terceira era o fogo perpétuo, que alimentava continuamente as outras duas fogueiras. Esse fogo nunca se apagava, até que Nabucodonosor forçou o fim desse fogo continuo, devido ao cativeiro babilônico. A mitologia diz que os sacerdotes judeus foram capazes de manter as chamas vivas em algum lugar oculto, e que, nos dias de Neemias, elas foram renovadas publicamente. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 496. O texto de Êxodo 29.38,39 nos informa que um holocausto era oferecido pela manhã e outro à tardinha. Era a gordura do sacrifício da tarde que mantinha o fogo do altar queimando a noite toda. Uma chama permanente queimando diante da deidade não é exclusividade da religião bíblica. E expressão da intuição humana que louvor e adoração contínuos devam subir do homem para Deus. Se esta realidade é sentida por quem conhece pouco da graça divina, quanto mais relevante que o coração do crente seja cheio de oração incessante e louvor permanente].
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O sacrifício da posse consistia na consagração do segundo carneiro e nos sacrifícios diários.
III. CRISTO, PERPÉTUO SUMO SACERDOTE
1. Sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque.A primeira referência a Melquisedeque como sacerdote encontra-se no livro de Gênesis 14.18. Poucos sabemos a respeito de Melquisedeque: “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida” (Hb 7.3). Melquisedeque é um tipo de Cristo.[Comentário: As referências veterotestamentárias a Melquisedeque aparecem em Gn 14.18 e Sl 110.4. No Novo Testamento, todas as referências acham-se na epístola aos Hebreus (5.6,10; 6.20; 7.1,10,11,15,17,21). O honorável sacerdote-rei de Salém (Jerusalém), deu comida e bebida aos vencedores e pronunciou uma bênção a Abrão (19). O nome DEUS ALTÍSSIMO era, naqueles dias, designação comum para Deus na Palestina. Em atenção aos atos do sacerdote-rei, Abraão deu o dízimo de tudo a Melquisedeque. O autor da epístola aos Hebreus faz dele um tipo de Cristo, o originador do tipo de sacerdócio que Cristo tinha, que já existia antes do sacerdócio aarônico e até lhe era superior].
2. O sacrifício perfeito de Cristo. Arão e seus descendentes deveriam oferecer diariamente sacrifícios por seus pecados e também do seu povo. Hoje não precisamos fazer esses tipos de sacrifícios, pois o sacrifício de Cristo foi único, perfeito e perpétuo (Hb 7.25-28). [Comentário: As ações sacerdotais de Jesus são infinitas e imutáveis, permitindo-lhe trazer a salvação que não carece de nada. A salvação total exige um sumo sacerdote perfeito e um perfeito sacrifício para os pecados. Essa obra é tão superior ao ministério dos sacerdotes judeus que, através dela, o antigo sistema é suprimido, substituído pelo sacerdócio absoluto, eterno e perfeito de Cristo. Cristo desenvolve seu ministério no verdadeiro santuário, não na terra, mas no céu. Como sacerdote e rei, ele ocupa o lugar do poder supremo! Hebreus contrasta as alianças de Deus através de Moisés e de Cristo. A aliança mosaica realizava sacrifícios com animais que traziam alívio temporário à culpa do homem e demonstravam as lições da justiça de Deus. A aliança através de Moisés fornecia uma ligação pelo sangue de animais. Esses sacrifícios, entretanto, tinham de ser repetidos anualmente no tabernáculo, que era apenas um símbolo para o altar eterno e celeste de Deus. Entretanto, Jesus Cristo entrou na história como um sacerdote eterno para oferecer um sacrifício eterno pelo pecado. O derramamento do seu sangue forneceu um sacrifício permanente e uma ligação permanente entre Deus e o homem. Seu sangue não foi meramente aplicado a um altar terreno, mas ao próprio altar de Deus no céu, onde, de uma vez por todas, obteve redenção dos pecados a todos os que têm fé nele (Is 1.11;Gn 3.21)].
3. O sacrifício eterno de Cristo. “Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo” (Hb 7.24). O vocábulo “perpétuo” significa“inalterável”. Jesus não pertencia à tribo de Levi, mas seu sacerdócio era segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.6,10; 7.11,12), logo, seu sacerdócio era superior ao de Arão. O sacerdócio de Cristo é superior, eterno e imutável. [Comentário: Todas as declarações que o apóstolo fez na comparação entre o sacerdócio de Arão e o sumo sacerdócio de Jesus, o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque, culminam nessa única frase: Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. O que a lei e o sacerdócio do Antigo Testamento não puderam realizar, isto Jesus realiza com base em sua vida divina eterna: pode salvar integralmente! Ele “pode socorrer!” (Hb 2.18). Foi isto o que o apóstolo havia ressaltado primeiramente como efeito do serviço de sumo sacerdócio de Jesus. Agora ele avança mais um passo em sua declaração. Jesus nos trouxe a redenção total.
Cristo conquistou uma salvação perfeita, eternamente válida. Esta redenção eterna, de validade plena, vigora para todas as pessoas, é oferecida a cada ser humano, sendo porém eficaz somente para aquele que volta para Deus. De modo semelhante como em Hb 2.16, o apóstolo também delimita aqui o círculo de pessoas em quem a salvação se realiza. Lá ele havia afirmado: Ele “socorre a descendência de Abraão”. Aqui ele assevera: “Jesus pode salvar aqueles que por meio dele chegam a Deus!” A salvação dos pecados somente é concretizada naqueles que se convertem ao Senhor com arrependimento e fé (cf. At 3.19).].
SINOPSE DO TÓPICO (III)
O sacrifício de Cristo é perfeito, eterno e perpétuo segundo a ordem de Melquisedeque.
CONCLUSÃO
Deus estabeleceu o sacerdócio e as cerimônias de purificação e consagração. Estas cerimônias apontavam para o sacrifício perfeito e o sacerdócio eterno de Cristo. Ele se ofereceu como holocausto em nosso lugar. Sem Cristo, jamais poderíamos nos achegar à presença santa e eterna de Deus e ter comunhão com Ele. [Comentário: Moisés, segundo as instruções divinas, separou a Arão e seus filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar para o sacerdócio (Êx 28.1). Todos os dias o sacerdote deveria oferecer no altar do holocausto sacrifícios. Primeiro era necessário que um animal inocente fosse morto em resgate da vida do próprio sacerdote, e em seguida outro animal morreria em favor do povo de Deus. Vários eram os ritos de purificação. O sacerdócio não apenas era imperfeito como também era interrompido pela morte. Houve muitos sumos sacerdotes, pois nenhum sacerdote viveria para sempre. A Igreja, pelo contrário, tem um Sumo Sacerdote, Jesus, o Filho de Deus, que vive para sempre! Um Sacerdote imutável significa um sacerdócio imutável, o que, por sua vez, significa segurança e confiança para o povo de Deus. "Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre" (Hb 13.8). "Tu és sacerdote para sempre" (Sl 110.4). Hebreus 7.25 declara: "Por isso [porque ele é o Sumo Sacerdote eternamente vivo e imutável], também pode salvar totalmente [completamente, para sempre] os que por ele se chegam a DEUS, vivendo sempre para interceder por eles". Por certo, Cristo pode salvar qualquer pecador que se encontra em qualquer situação, mas não é a isso que o versículo se refere. A ênfase é sobre o fato de que ele salva completamente e para sempre todos os que crêem nele. Uma vez que é nosso Sumo Sacerdote para sempre, pode salvar para sempre.]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco Barbosa
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