sexta-feira, 14 de março de 2014

LIÇÃO 11 - DEUS ESCOLHE ARÃO E SEUS FILHOS PARA O SACERDÓCIO







SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO
A escolha dos sacerdotes, na família de Arão, tinha o propósito do serviço, eles também tinham a responsabilidade de representar a Deus diante do povo. Na aula de hoje atentaremos para a importância do serviço sacerdotal diante de Deus e do Seu povo. Ao final, mostraremos que esse ofício deveria ser exercitado com temor ao Senhor, e que, no Novo Pacto, formos escolhidos para sacerdotes, ministros na igreja de Cristo.

1. SACERDÓCIO: SERVIÇO PARA DEUS
A expressão “para que me ministre”, nesse texto, ocorre cinco vezes, ressaltando a relevância do ofício sacerdotal. Antes de ministrar ao povo, os sacerdotes deveriam ministrar, isto é, servir, diante de Deus. Essa é uma valiosa lição para aqueles que ministram na igreja de Cristo, não podem se esquecer de que estão diante de Deus. A burocratização na administração eclesiástica tem feito com que muitos obreiros deixem de levar o ministério cristão. Isso acontece principalmente no contexto de igrejas que são tratadas como empresas, e em alguns casos, como grandes negócios. A escolha de Arão, e da sua família, para ministrar como sacerdotes, foi um ato gracioso de Deus. Ele é soberano, e escolhe as pessoas para o Seu trabalho, conforme Lhe apraz (Jo. 15.16). Após a morte de Arão, Eleazar tornou-se seu sucessor (Nm. 20.22-29), o trabalho prossegue, as pessoas passam, mas a obra continua. Ninguém deve se achar insubstituível, mesmo depois do cativeiro babilônico, os descendentes de Itamar deram continuidade ao ministério sacerdotal (Ed. 8.1,2). Nós, obreiros e obreiras no trabalho do Senhor, devemos buscar, primordialmente, agradá-Lo. Como escreveu Paulo a Timóteo, não devemos ter do que nos envergonhar, manejando bem a palavra da verdade (II Tm. 2.15). O Amor ao Senhor deve ser o grande crivo na escolha de obreiros para a seara do Senhor, isso porque antes de partir, Jesus perguntou a Pedro se esse O amava, responsabilizando-o para o ministério (Jo. 21.17). Há obreiros que amam a obra, o dinheiro que obra dar, até as pessoas da obra, mas não amam a Deus, por isso fracassam. Quando amamos a Deus, tudo o mais flui naturalmente, não precisamos fazer esforço, acabamos parecendo artificial (Mt. 22.34-40) Em relação às vestes sacerdotais, essas tinham um papel importante na identificação do serviço. As vestimentas davam dignidade e glória (Ex. 28.1), distinguindo-os do restante do povo, o uso daquelas roupas os colocava em posição de risco, caso as instruções não fossem obedecidas (Ex. 28.35,43). Como cristãos, devemos estar revestidos da justiça de Deus em Cristo (Gl. 3.27,28), para nos apresentarmos diante de Deus de acordo com Sua vontade. 

2. SACERDÓCIO: SERVIÇO PARA O POVO
As peças da vestimenta sacerdotal não eram meros adereços, elas tinham uma simbologia própria, representavam o ministério diante do povo. As peças de roupas eram sete: calções (Ex. 28.42,43), uma túnica branca (Ex. 28.39), e por cima desta uma sobrepeliz azul, com campainhas e romãs na orla (Ex. 28.3-35); a estola sacerdotal, que era composta por uma veste sem mangas, feita de ouro, estofo azul, púrpura e carmesim e presa por ombreiras incrustadas de joias, e um cinto; e um peitoral com joias, colocado por cima da sobrepeliz com correntes de ouro presas às ombreiras (Ex. 28.9-30), com uma lâmina de ouro em que estava escrito: “Santidade ao Senhor” (Ex. 28.36). A estola era uma veste simples de linho, sem mangas, que ia até os calcanhares. Juntamente com o cinto era feita de linho branco, bordado com estofo azul, púrpura e fios carmesins. Nas ombreiras da estola tinha os nomes de seis tribos de Israel, de acordo com sua ordem de nascimento, gravados em uma pedra ônix. Isso mostra que o sumo sacerdote entrava na presença do Senhor em nome do povo. As duas pedras de ônix revelam a importância do povo, uma lição primorosa para os líderes eclesiásticos. Parece redundante, mas o povo de Deus a Ele pertence, e a Ele prestaremos contas da forma como conduzimos o rebanho (At. 20.28-31). Não apenas os líderes, mas toda a igreja está no mundo para servir ao Senhor, e também às pessoas, Cristo é o maior exemplo de liderança servidora (Lc. 22.27; Jo. 13.12-17). O peitoral era um pedaço de tecido quadrado e duplo, com muitos bordados, que tinha um palmo de cumprimento, e um de largura, localizado no peito do sacerdote, pendurado por duas correntes de ouro. Nesse peitoral havia doze pedras, cada uma delas representando uma tribo de Israel. O sacerdote, por conseguinte, carregava o povo no peito, próximo ao coração. Os obreiros do Senhor devem ter o povo no coração, amá-lo como fez Cristo, e se necessário, entregar a vida por ele (I Jo. 3.16-18), como também fez Paulo (Fp. 1.7). Como as pedras eram diferentes, as pessoas da igreja também as são, e devem ser respeitadas na sua diversidade. Ainda dentro do peitoral ficavam o Urim e o Tumim, que quer dizer “luzes e perfeições”, eram usadas para determinar a vontade de Deus. Não existem informações detalhadas como elas eram utilizadas, mas era de responsabilidade do sacerdote identificar a revelação de Deus através delas (Ex. 28.30). O Urim e o Tumim da igreja do Senhor é a Sua palavra (Sl. 119.105), ela revela a vontade de Deus, a qual deve ser obedecida (J. 7.17; Sl. 25.8-11; Rm. 12.1,2).

3. SACERDÓCIO: NO TEMOR DO SENHOR
A sobrepeliz azul, usada por baixo da estola, não tinha costuras, representando a perfeição. O colarinho em torno da abertura para a cabeça era tecido de modo que não se rasgasse, isso diz respeito à reputação do sacerdote, ninguém poderia desabonar sua conduta. Na orla de suas vestes existiam romãs, feitas de estofo azul, púrpura e carmesim, que ficavam dependuradas. Essas romãs apontavam para a abundância de frutos, que deveriam ser produzidos pelos sacerdotes. Junto a essas romãs ficavam as campainhas, que indicavam a ministração do sacerdote no Lugar Santo. As campainhas indicam que devemos demonstrar ao mundo que estamos ministrando não para nós mesmos, antes para o Senhor, e para o povo. A mitra era usada pelo sumo sacerdote, os demais sacerdotes usavam apenas turbantes de linho, com a mensagem: “Santidade ao Senhor”. Essa é uma mensagem na qual devemos meditar, muitos cristãos atualmente pensam que foram chamados para serem felizes. Mas, na verdade, o chamado de Deus para nós é para a santificação (Lv. 11.44,45), esse ensinamento foi enfatizado por Pedro aos cristãos do Sec. I, e serve também para nós hoje (I Pe. 1.15,16). O sacerdote carregava a mitra para demonstrar seu temor diante da santidade de Deus, o sacrifício de Cristo nos torna aceitável diante do Senhor (I Pe. 2.5). Os sacerdotes morreriam se não observassem as orientações de Deus em relação as vestes, sobretudo a purificação (Ex. 28.35,43). Como cristãos devemos demonstrar reverência ao Senhor, e santo temor (Hb. 12.28). Isso não significa que devemos estar tristes, muito pelo contrário, o temor a Deus deve nos conduzir à alegria (Sl. 2.11). Temor nada tem a ver com medo, é bem verdade que estremecemos diante da grandeza de Deus, mas podemos nos aproximar dEle, pelo caminho que Cristo nos consagrou (Hb. 9.1-14). 

CONCLUSÃO 
A igreja do Senhor Jesus é, neste mundo, sacerdócio santo, e um sacerdócio real, adquirido pelo Seu sangue, derramado na cruz (I Pe. 2.5,9). Para tanto, deve ser fiel na proclamação das virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (I Pe. 2.9). Como cristãos no mundo, devemos ministrar às pessoas, debaixo da orientação da Palavra, e conduzidos pelo Espírito, com temor e tremor (Fp. 2.12). O mundo precisa do sacerdócio da igreja, ainda que não saiba, e a igreja, não pode se identificar com o mundo, sob pena de deixar de ser sal e luz (Mt. 5.13,14).


Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa



SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO



Palavra Chave

Sacerdócio: Ofício, o ministério e a função do sacerdote.



O capítulo 28 de Êxodo trata da chamada divina para o sacerdócio em Israel. O povo precisava aprender a adorar a Deus. Era necessário que homens chamados por Deus cuidassem da prática do culto ao Senhor no Tabernáculo e também através da congregação de Israel. Logo, o Senhor separou a tribo de Levi para o serviço no Tabernáculo e para o santo ministério sacerdotal. Os levitas serviam a Deus e auxiliavam os sacerdotes. Assim, todo sacerdote em Israel era levita, mas nem todo levita era sacerdote como veremos na lição. [Comentário: Constuma-se esquecer que antes da entrega da lei por Deus a Israel, havia sacerdotes, uma vez que a Bíblia menciona o rei de Salém, Melquizedeque, como “sacerdote do Senhor” (Gn 14.18; Hb 7.1-3). Antes da lei, qualquer homem podia desempenhar esse papel desde que possuísse a capacidade para tanto. Já no período patriarcal, o sacerdócio era desempenhado pelo cabeça de cada família, conforme lê-se em Gn 8.20; 22. 13; 26.25; 33.20. Com a entrega da Lei, o sacerdócio foi organizado e separou-se os descendentes de Arão. Todavia, isso não sucedeu de modo absoluto, pelo que, se é geralmente correto dizer que todos os sacerdotes pertenciam à tribo de Levi (através de Arão), isso não ocorria no caso de todos eles. Pode-se dizer que, se um levita pudesse ser achado, ele era a preferência natural; mas houve exceções a essa regra. Assim, Samuel exercia poderes sacerdotais, mas ele mesmo não era da tribo de Levi. Talvez seja correto dizer que Salomão foi um rei - sumo sacerdote; e, no entanto, era da tribo de Judá. Os profetas também desempenhavam certa função sacerdotal, posto que não formal, no tabernáculo ou no templo. Em face de sua ocupação, os sacerdotes também eram juízes. O filho de Mica, que era efraimita, atuou como sacerdote (Jz 17.5). Outro tanto fizeram alguns dos filhos de Davi (2Sm 8.18), Gideão (Jz 6.26) e Manoá, este da tribo de Dã (Jz 13.19). Hoje, é comum alguns se arvorarem levitas por exercerem alguma atividade ligada ao “louvor” dentro da liturgia, dado as informações acima, sem uma exegese mais profunda, essa ideia cai por terra.]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!



I. O SACERDÓCIO (ÊX 28.1-5)



1. O sacerdote. Deus ordena que Moisés separe Arão e seus filhos para o ministério sacerdotal. O sacerdote deveria não somente pertencer à tribo de Levi, mas era preciso que fosse um descendente de Arão, que teve o privilégio de ser o primeiro sacerdote de Israel. Pertenciam à classe sacerdotal em Israel o sumo sacerdote, os sacerdotes e também os levitas. O sacerdócio de Arão apontava para Cristo, nosso Sumo Sacerdote eterno (Hb 6.20). Arão era um ser humano e, portanto, um pecador que carecia de se apresentar diante de Deus com sacrifícios pelos seus próprios pecados. Mas Cristo é perfeito e seu sacrifício por nós foi único, completo e aceito pelo Pai. [Comentário: Apesar da ordem divina de separar Arão e seus descendentes para o sacerdócio, um estudo minuncioso do tema nos levará à conclusão de que houveram sacerdotes em Israel que não eram da genealogia Aarônica. Foi somente no período pós-exilico que o sacerdócio foi “monopolizado” pelos descendentes reais ou supostos de Arão, enquanto que outros levitas ocuparam posições subordinadas. Foi durante esse último estágio de desenvolvimento que emergiu o verdadeiro sumo sacerdote de Israel, embora Arão tivesse sido um protótipo do oficio. Embora o Velho Testamento apresente claramente a noção de um ofício sacerdotal exercido por elementos da tribo de Levi em benefício do povo de Israel, existem passagens que antecipam um entendimento mais amplo dessa função. Êxodo 19.5-6: “Se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade particular dentre todos os povos... vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa”. Outro texto relevante é Isaías 61.6: “Vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso Deus”.].



2. O ministério dos sacerdotes. Quais eram as funções de um sacerdote? Sua principal missão era apresentar o homem pecador diante do Deus santo. Eram, especificamente, três as obrigações básicas do sacerdote: “santificar o povo, oferecer dons e sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores”. Eles também atuavam como mestres da lei (Lv 10.10,11). O sacerdócio de Arão apontava para Cristo, nosso único mediador diante de Deus. Como Sumo Sacerdote, Cristo intercede diante do Pai por nós (1Tm 2.5). [Comentário: Os sacerdotes eram ordenados a seu oficio e às suas funções mediante um elaborado ritual (Êx 29; Lv 8). Os sacerdotes tinham o direito de receber dízimos e porções determinadas das oferendas. Cuidavam do santuário e das formas externas do culto, e envolviam-se no sistema sacrificial. Eram os guardiões das tradições e protegiam a pureza da adoração. Os sacerdotes comuns realizavam todos os sacrifícios (Lv 1-6), cuidavam de questões sobre alimentos próprios e impróprios (Lv 13-14), e estavam encarregados de diversos outros deveres secundários (Nm 10.10; Lv 23.24; 25.9). No judaísmo posterior, o sacerdote (no hebraico, cohen) retinha o privilégio de pronunciar a bênção sacerdotal, e de ser o primeiro a ler o livro da lei. Quando o sacerdócio formal caiu e desapareceu da história, os rabinos retiveram o trabalho dos sacerdotes, em forma simbólica, embora também literal em outros sentidos, tomando-se então os líderes espirituais do povo de Israel. Os sacerdotes eram guardiões dos ritos sagrados, os quais promoviam o conhecimento sobre a santidade de Deus e a necessidade de os homens se aproximarem dele sem a polução do pecado. mediante os holocaustos apropriados e a mudança de vida correspondente. Eles queimavam o incenso sobre o altar de ouro, no lugar santo, o que era mesmo um símbolo das funções sacerdotais. Também cuidavam das lâmpadas, acendendo-as a cada novo começo de noite; e arrumavam os pães da proposição sobre a mesa própria a cada sábado (Êx 27.21; 30.7,8; Lv 24.5-8). Eles mantinham a chama sempre acesa no altar dos holocaustos (Lv 6.9,12); limpavam as cinzas desse altar (vss. 10,11); ofereciam sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44); abençoavam o povo após os sacrifícios diários (Lv 9.22; Nm 6.23-27); aspergiam o sangue e depositavam sobre o altar as várias porções da vítima sacrificial; sopravam as trombetas de prata e o chifre do jubileu, por ocasião de festividades especiais; inspecionavam os imundos quanto à lepra (Nm 6.22 ss. e capítulos 13 e 14); administravam o juramento que uma mulher deveria fazer quando acusada de adultério (Nm 5.15); eram os mestres da lei e agiam como juízes quanto às queixas do povo, tomando decisões válidas quanto aos casos apresentados (Du 17.8 ss.; 19.17; 21.5) CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 16; 17-19.].



3. O sumo sacerdote. As nações que estavam ao redor dos hebreus já conheciam o serviço sacerdotal. Os sacerdotes não receberam nenhuma herança de terras quando as tribos entraram na Terra Prometida, pois a sua recompensa era servir ao Todo-Poderoso. Eles eram sustentados pelas ofertas e os sacrifícios levados ao Tabernáculo. Viviam de modo simples e dependiam única e exclusivamente da obediência e fidelidade do povo ao trazer seus dízimos (Nm 18.3-32). [Comentário: O sumo sacerdote estava encarregado de certos deveres especiais, que só ele podia cumprir, como oficiar no dia da expiação, entrando no Santo dos Santos com esse propósito, e servir de principal oráculo do sacerdócio. Também tinha o dever de oferecer a refeição diária (Lv 6.19). O termo sumo sacerdote só começou a ser usado após o exílio babilônico; e aqui 0 título é conferido a Arão, porque essa tinha sido a sua função original, embora ela não fosse chamada por esse nome. Ver sumo sacerdote (2Cr 19.11; 24.11; Ed 7.5); príncipe da casa de Deus (1Cr 9.11). Na época dos hamoneus, o sumo sacerdote tornou-se uma poderosa figura política, mas foi então que o oficio sofreu várias corrupções. Funções sacerdotais existiam em uma religião de tendências predominantemente reconciliadoras; de outra sorte, elas nem seriam necessárias. Os sacerdotes aarônicos eram mediadores do pacto mosaico. O sumo sacerdote destacava o conceito da necessidade que o homem tem de reconciliar-se com Deus (Êx 33.12-23). Arão mediava as graças e dons de YAHWEH ao povo de Israel. Mas foi através de Moisés que Arão havia recebido seu ofício e sua autoridade. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 429. Os sumos sacerdotes antes de Davi, sete em número, foram os seguintes: Aarão, Eleazar, Finéias. EIi, Aitúbe (l Crô.9: 11; Nee, 11: 11; 1 Sam. 14:3), Alas e José. Josefo assevera que o pai de Buqui a quem ele chamou de José (mas que na Bíblia é chamado de Abiezer, equivalente a Abísua), foi o último sumo sacerdote da linhagem de Finéias, antes de Sadoque. Nos dias de Davi havia dois sumos sacerdotes, a saber, Sadoque e Abiatar, que parecem ter brandido igual autoridade (1Cr 15.11; 2Sm 8.17; 15.24,25). Alguns estudiosos têm conjeturado que Sadoque era um aliado importante de Davi, embora tendo sido nomeado por Saul. Davi não perturbou a situação, mas a sucessão coube, por direito, a seu amigo, Abiatar. Diplomaticamente, Davi deixou ambos no cargo; mas o Urim e o Tumim, com a estola sacerdotal, permaneceram com Abiatar, o qual, por  isso mesmo, ficou encarregado dos serviços especiais que circundavam a arca da aliança.].



SINOPSE DO TÓPICO (I)

Deus ordena o ministério sacerdotal por intermédio de Moisés, separando Arão e seus filhos para o santo ofício.




II. A INDUMENTÁRIA DO SACERDOTE



1. A túnica de linho e o éfode (Êx 28.4-28). As vestes do sacerdote deveriam ser santas (Êx 28.3). Eles não poderiam se apresentar diante do Senhor de qualquer maneira. O linho fino apontava para a pureza, perfeição e justiça de Cristo, nosso sacerdote. Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “o éfode era um tipo esmerado de avental bordado, unido nos ombros e ligados por uma faixa na cintura”. No éfode havia duas pedras de ônix com os nomes das doze tribos. Arão deveria levar e apresentar diante de Deus as doze tribos de Israel. Cristo carregou sobre si os nossos pecados e os apresentou diante do Pai (1Co 15.3). Sobre o éfode estava o peitoral contendo doze pedras preciosas com os nomes dos doze filhos de Israel. Esta peça ficava sobre o coração de Arão — o sumo sacerdote (Êx 28.15,17,21,29). [Comentário: As vestes destes sacerdotes eram especiais e consideradas santas. Duas coisas chamam a atenção de início no texto bíblico que fala das vestes dos sacerdotes. Em primeiro lugar, quem confeccionou essas vestimentas não foram quaisquer alfaiates em Israel. O texto bíblico afirma que foram homens “sábios de coração”, a quem DEUS havia “enchido do ESPÍRITO de Sabedoria” (Ex 28.3). Em segundo lugar, o propósito da indumentária sacerdotal era “santificar”, isto é, distinguir, destacar, honrar os sumos sacerdotes, dar-lhes ornamentação, beleza e glória diante do povo; enfim, enfatizar o significado e a importância do seu ofício perante todos. Suas vestes foram pensadas para refletir a dignidade do seu ofício. Os materiais para fazer as vestes sacerdotais eram os mesmos das cortinas e do véu do Tabernáculo (Ex 26.1,31,32; 28.5,6). Ou seja, o sacerdote não poderia ministrar “com roupas simples e sem brilho” em um Tabernáculo que era “graciosamente colorido”. DEUS, “o Autor de tudo o que é bom e bonito, deseja que seu povo seja formoso e que haja beleza nos procedimentos de adoração”. Típico da pureza interior do povo de Deus, os objetos externos eram separados para propósitos santos. Estas roupas também eram para glória e ornamento. Seria incompatível e desprovido de glória o sacerdote ministrar com roupas simples e sem brilho no Tabernáculo graciosamente colorido. Deus, o Autor de tudo que é bom e bonito, deseja que seu povo seja formoso e que haja beleza nos procedimentos de adoração. Deus concedeu espírito de sabedoria (3) a homens sábios para capacitá-los a fazer estas vestes. Deus, que criou a beleza, dá ao homem a apreciação divina pela beleza e a aptidão divina para criá-la. Certas produções que o mundo chama arte não passam de imoralidade, mas a verdadeira arte é de Deus. No versículo 4, há uma lista dividida em grupos dos artigos para o sumo sacerdote, os quais são detalhados separadamente nos versículos seguintes. Os materiais eram os mesmos para as cortinas do Tabernáculo (5), exceto que havia ouro. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 214.].



2. O Urim e Tumim (Êx 28.30). Eram pedras que os sacerdotes utilizavam na hora de tomar decisões. Eles deveriam carregar estas peças junto ao coração, mostrando a importância delas. Isso nos mostra que nossas decisões devem ser tomadas de acordo com a Palavra de Deus. [Comentário: Urim e Tumim (do hebraico אורים ותמים luzes e perfeições) é o nome dado à um processo de adivinhação utilizado pelos antigos israelitas para descobrir a vontade de Deus sobre determinado evento. O Urim e o Tumim, por cujo intermédio à vontade de Deus era conhecida em casos duvidosos, foram colocados neste peitoral, que é, por isto, chamado de peitoral do juízo,].



SINOPSE DO TÓPICO (II)

A túnica de linho, o éfode, o Urim e o Tumim eram elementos sagrados que compunham a indumentária sacerdotal.




III. MINISTROS DE CRISTO PARA A IGREJA



1. Chamados por Deus. Os verdadeiros ministros da igreja são chamados e vocacionados pelo Senhor. O ministério pastoral não é simplesmente um cargo ou uma forma de se alcançar status seja ele qual for. Muitos querem viver da obra e não para ela. Quem exerce o santo ministério sem a direta chamada do Senhor — o Dono da obra — é um intruso e está profanando a obra de Deus. [Comentário: No Novo Testamento, o conceito de sacerdócio tem dois aspectos: (a) Jesus Cristo é o grande sumo sacerdote: todas as funções do sacerdócio da antiga dispensação concentram-se nele, e são por ele transformadas. Ele é o único mediador entre Deus e os seres humanos (1 Tm 2.5). Ele é o representante de Deus junto aos homens e o representante dos homens junto a Deus. Ele é, ao mesmo tempo, o sacerdote e o sacrifício. A Carta aos Hebreus expõe claramente a superioridade do sacerdócio de Cristo sobre o sacerdócio levítico e apresenta o caráter definitivo e totalmente eficaz do seu auto-sacrifício sobre a cruz (Hb 2.17; 3.1; 4.14s; 5.10; 6.20; 7:24-27; 9:12,26; 10.12). A literatura joanina também fala repetidamente do sacerdócio de Cristo, como em João 1.29. (b) Todos os crentes partilham desse sacerdócio: isso se expressa principalmente nas áreas da adoração, serviço e testemunho. 1 Pedro 2.5: “Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”. 1 Pedro 2.9: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. O Apocalipse destaca o aspecto governamental desse sacerdócio: “Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai...” (1.5-6); “Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes” (5.9-10). O Novo Testamento não menciona a existência de um ofício sacerdotal na Igreja. Essa idéia surgiu posteriormente, em escritores como Clemente (ministério cristão composto de sumo sacerdote, sacerdote e levita), a Didaquê (chama os profetas cristãos de “vossos sumos sacerdotes” e refere-se à eucaristia como um sacrifício) e, mais especificamente, em Tertuliano e Hipólito, que se referem aos ministros cristãos como “sacerdotes” e “sumos sacerdotes”. Alderi Souza de Matos, O SACERDÓCIO UNIVERSAL DOS FIÉIS. http://www.mackenzie.com.br/6967.html].



2. Qualificações. O sacerdote não podia se apresentar diante de Deus e da congregação de qualquer maneira. Um pastor deve sempre agir de modo a dar um bom testemunho (1Tm 3.7). O bom testemunho deve vir não somente dos que estão fora da igreja, mas especialmente pelos irmãos em Cristo. É preciso viver uma vida digna diante dos homens e também diante de Deus (1Tm 6.11,12). O pastor deve em tudo ser o exemplo (Tt 2.7). [Comentário: I Tm 3.7 Mas ele também precisa ter um bom testemunho dos de fora, a fim de não cair na difamação e no laço do diabo. Já em sua carta mais antiga o apóstolo exorta a congregação para que tenha uma “conduta decente (honrada)” aos olhos dos de fora. Não ser tropeço nem causar escândalo! Essa exortação vale para a conduta diante de todos: judeus, gregos, cristãos. Isso não tem nada a ver com uma falsa adaptação aos padrões e costumes do mundo, porque a igreja deve ser irrepreensível e pura em meio a esta geração pervertida e corrupta. Suas boas obras devem poder ser vistas à luz do dia e se diferenciar das inúteis obras das trevas. Porque “enquanto os cristãos se preocupam sacerdotalmente pelo mundo, o mundo lança o afiado olhar da hostilidade sobre a igreja, a fim de encontrar pontos vulneráveis. Por isso não será recomendável colocar na liderança da igreja homens que eram notórios na cidade por seus pecados ou fraquezas passadas, ainda que se tenham emendado sinceramente”. Os de fora na realidade estão fora da igreja, mas nem por isso fora do alcance do juízo e da graça de DEUS. Os que estão fora da igreja possuem uma percepção implacável e um juízo insubornável para os pecados daqueles que se dizem cristãos. Com essa atitude na verdade condenam a si mesmos, porque confessam que sabem muito bem o que é certo e como deveriam viver. Contudo, isso não desculpa a igreja. Ela mesma deve manter um juízo vigilante acerca das próprias transgressões e por isso ir com humildade e mansidão ao encontro dos “de fora”. Quando se pondera como os meios de comunicação de massa vasculham a vida passada e atual de líderes políticos, econômicos e religiosos com a criatividade de um detetive, desnudando-a em público (em geral por motivos ignóbeis de luta pelo poder), torna-se ainda mais atual a exigência do bom testemunho de fora. Pois quando a difamação circula em lugar do bom testemunho, ela pode influir de modo tão terrível sobre o envolvido que lhe rouba a fé no perdão de DEUS, lançando-o no desespero. Como uma mosca na teia da aranha, ele ficará então emaranhado nos laços do diabo, do acusador originário. A lista das 16 “virtudes” começa de forma aparentemente inofensiva com a irrepreensibilidade como premissa fundamental para o serviço de presidente. O catálogo termina com a condição quase idêntica do bom testemunho dado pelos de fora da igreja, anunciando surpreendentemente a verdadeira razão e a grave conotação de toda a listagem: laço e juízo do diabo, esses são a ameaça e o risco reais daquele que visa servir a outros sendo seu presidente. Enquanto assim se abre a visão para o pano de fundo da sedução demoníaca, o catálogo de virtudes perde sua limitação helenista e o sabor pequeno-burguês resultante da apreciação meramente superficial. Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.].



3. Comprometidos com a Palavra. Os sacerdotes também tinham a função de ensinar a Palavra de Deus. Da mesma forma, Paulo recomenda que o ministro seja apto para ensinar (1Tm 3.2). É preciso que seja alguém capacitado na Palavra. A missão dos ministros de Cristo consiste no serviço, na mordomia, isto é, na administração dos negócios de Deus e, sobretudo, em sua fidelidade e santidade. [Comentário: Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar. No total, há 15 qualificações estipuladas pelo apóstolo, sete das quais ocorrem no versículo 2. E importante que a primeiríssima destas seja a irrepreensibilidade. O significado da palavra é “acima de repreensão”, “de reputação irrepreensível” (cf. CH), “de caráter impecável”, “que ninguém possa culpar de nada” (NTLH). Por qualquer método que avaliemos, esta é a virtude mais inclusiva que aparece na lista. Significa que o líder na igreja de CRISTO não pode ter defeito óbvio de caráter e deve ser pessoa de reputação imaculada. Dificilmente se esperaria que não tivesse defeito, mas que fosse sem culpa. E apropriado que o ministro seja julgado por um padrão mais rígido que os membros leigos da igreja. Os leigos podem ser perdoados por defeitos e falhas que seriam totalmente fatais a um ministro. Há certas coisas que um DEUS misericordioso perdoa em um homem, mas que a igreja não perdoa no ministério deste. A irrepreensibilidade do candidato é requisito no qual devemos ser insistentes hoje em dia, como o foi Paulo no século I. O líder da igreja deve ser exemplar especialmente em assuntos relativos a sexo. Este é o destaque da segunda estipulação do apóstolo: Marido de uma mulher (2). Trata-se de precaução contra a poligamia, que gerava um problema sério para a igreja cujos membros eram ganhos para CRISTO vindos de um paganismo que tolerava abertamente casamentos plurais. Em todo quesito que a igreja com seus altos padrões éticos relativos a casamento confrontar o paganismo de nossos dias, em regiões incivilizadas ou não, a insistência cristã na pureza deve ser enunciada de forma clara e seguida com todo o rigor. Mas temos de perguntar: A intenção de Paulo era desaprovar o segundo casamento? Alguns dos manuscritos antigos requerem a tradução “casado apenas uma vez” (conforme nota de rodapé na NEB). “Sobre este assunto, como em muitos outros”, comenta Kelly, “a atitude que vigorava na antiguidade difere notadamente da que prevalece em grande parte dos círculos de hoje. Existem evidências abundantes provenientes da literatura e inscrições funerárias, tanto gentias quanto judaicas, que permanecer solteiro depois da morte do cônjuge ou depois do divórcio era considerado meritório, ao passo que casar-se outra vez era visto como sinal de satisfação excessiva dos próprios desejos”.1 E óbvio que em alguns segmentos da igreja primitiva esta era a opinião prevalente, chegando ao extremo último da ordem de um ministério celibatário. Mas esta não é a interpretação do ensino de Paulo que prevalece hoje. E bem conhecida sua própria preferência da vida solteira em comparação ao estado casado; e há passagens nos seus escritos em que ele recomenda este estado aos outros (e.g., 1 Co 7.39,40). Talvez o melhor resumo da intenção do apóstolo para os nossos dias seja a declaração de E. F. Scott: “O bispo tem de dar exemplo de moralidade rígida”. As próximas três especificações — vigilante, sóbrio, honesto (2) — têm relação próxima entre si e descrevem a vida cristã ordeira. Moffatt traduz estas qualidades pelas palavras: “temperado [NVI; cf. RA], mestre de si, calmo”. A temperança neste contexto transmite a ideia de autocontrole (cf. CH) ou autodisciplina. O próximo quesito qualificador é apresentado pelo apóstolo na palavra descritiva hospitaleiro (2). Esta mesma característica é mais detalhada em Tito 1.8: “Dado à hospitalidade, amigo do bem”. Nesses primeiros dias da igreja, esta era uma virtude muito importante. Havia poucos albergues no mundo do século I, e os apóstolos e evangelistas cristãos que eram enviados de lugar em lugar ficavam dependentes da hospitalidade de cristãos que tivessem um “quarto de profeta”, mantido com a finalidade de atender essas necessidades. Em nossos dias de hotéis, expressamos nossa hospitalidade cristã de modo diferente. Mas quando a igreja era jovem, essa hospitalidade era extremamente primordial. O dever e privilégio de ministrá-la recaíam naturalmente sobre o bispo ou pastor. O espírito essencial do ato é tão importante hoje como era outrora. Igualmente essencial e até mais importante é a sétima qualidade que Paulo menciona: Apto para ensinar (2). Pelo visto, nem todos os pastores eram empregados no ministério de ensino. E o que mostra 5.17: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina”. Mas a aptidão para ensinar era rendimento certo para o ministro cristão. Era importante então como é hoje. Sempre haverá indivíduos que possuem maior capacidade nesta ou naquela área que outros, mas certa habilidade para ensinar é de extrema necessidade ao ministério completo e frutífero. J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 469-470.].


SINOPSE DO TÓPICO (III)

Os ministros de Cristo são dados por Deus à Igreja. Eles devem manifestar um caráter que honre ao Pai e que, igualmente, demonstre o compromisso com o ministério da Palavra.





CONCLUSÃO

Os sacerdotes levavam os israelitas até a presença de Deus. O sacerdócio de Arão apontava para o sacerdócio perfeito de Cristo. Atualmente, todos os que creem em Jesus e no seu sacrifício na cruz foram feitos, pela fé, reis e sacerdotes do Deus Altíssimo (1Pe 2.5,9). Você é um representante de Deus aqui na terra, e nessa posição, você tem levado outros até Cristo? [Comentário: Em síntese, o sacerdote deveria ministrar no santuário perante Deus e ensinar ao povo a guardar a Lei de Deus. E eventualmente, ele também tomava conhecimento da vontade divina em situações muito difíceis por meio da consulta ao Urim e Tumim (Êx 29.10; Nm 16.40; 27.21; Ed 2.63). No Novo Testamento, o Sumo Sacerdote é Cristo, que através do Seu sacrifício acabou com a necessidade de novas ofertas e sacrifícios (Hb 7.1-8.13); e todos os cristãos são sacerdotes (Ap 1.6; 5.10). Aliás, a Bíblia diz que originalmente Deus desejava tornar a nação de Israel, como um todo, em um reino sacerdotal (Êx 19.6). Há características do ministério sacerdotal que são, de forma geral, princípios válidos para todo ministro do Senhor até hoje. As características gerais do ministério sacerdotal são: chamado divino (Hb 5.4); purificação (Êx 29.4); unção e santificação (Lv 8.12); submissão (Lv 8.24-27) e vestes santas para glória e ornamento (Êx 28.2; 29.6,9). Tais características resultam do caráter regenerado pela mensagem do Evangelho]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!


 
Francisco Barbosa

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