sexta-feira, 4 de abril de 2014

LIÇÃO 1 - E DEU DONS AOS HOMENS





SUBSÍDIO I


INTRODUÇÃO
Ao longo deste trimestre estudaremos os dons espirituais e ministeriais, uma oportunidade ímpar para conhecer os dons que Deus disponibiliza para o serviço cristão. Na aula de hoje apresentaremos os dons espirituais (charismata /pneumatikon) e ministeriais (diakonia). Mas antes, destacaremos os doadores: o Espírito Santo e Jesus Cristo. Ao final, mostraremos a necessidade de que homens e mulheres sejam capacitados para o serviço, e que isso acontece por meio desses dons que são disponibilizados por Deus.


1. E ELE DEU
Há um equívoco entre os cristãos evangélicos, mas propriamente entre os pentecostais. Alguns acreditam que são proprietários dos dons, ou seja, donos deles, mas os dons são de Deus, disponibilizados para a igreja.  Ele é o Doador, que concede, aos homens, para o serviço cristão no Corpo de Cristo. Outro equívoco é o de pensar que os dons são para dar status eclesiástico àqueles que os utiliza. Na verdade os dons são funcionais, ou melhor, têm serventia para cumprir um proposito, mais especificamente a edificação da igreja (Ef. 4.12-16). Há também o equívoco de pensar que os dons espirituais são dispensados por méritos pessoais. Ninguém é usado por Deus, através dos dons espirituais ou ministeriais, porque é digno (Rm. 12.6; I Pe. 4.10), não podemos esquecer que fomos salvos pela graça de Deus (Ef. 4.9,10). Os dons procedem de Deus, Ele é a fonte dos dons, tanto os espirituais (charismata/penumatikon) quanto os ministeriais (diakonia). A distribuição dos dons é um trabalho da Trindade, o Pai enviou Cristo, e depois o Espírito Santo (Jo. 14.6; 20.21). A concessão dos dons espirituais e ministeriais vem de Deus, sendo que existem os dons do Espírito (I Co. 12.4-7), e os dons de Cristo (Ef.4.11). É importante destacar que há mais de nove dons espirituais, não apenas aqueles listados por Paulo em I Co. 12.8-11. Em Rm. 12.3-8 encontramos uma lista, diferente daquela exposta na I Epístola aos Coríntios, no capítulo 12, são eles: profecia, ministério, ministração, ensino, exortação, partilha, presidência e misericórdia. Esses dons, de acordo com o texto, são todos provenientes de Deus. Os dons, grosso modo, partem de Deus para a igreja, a fim de constituir uma unidade na diversidade (Rm. 12.5). A dispensação dos dons, tanto os espirituais quanto ministeriais, é de Deus, mas há também participação humana. No texto de Rm. 12.3-8, Paulo instrui os crentes a desenvolverem os dons. Diferentemente dos dons de I Co. 12.8-11, que têm caráter mais instantâneo, e aspecto notadamente sobrenatural.


2. DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS
Há diferentes palavras para dons em hebraico, destacamos: berekah, minhah, korban e teruma. Berekah é geralmente traduzida por benção, e diz respeito aos pronunciamentos de coisas boas em relação a outros (I Sm. 25.27; II Rs. 5.15-18). A palavra minhah traz o significado de oferta, geralmente entregue como parte do culto. Korban também significa oferta ou dádiva, trata-se de um dos termos mais gerais no hebraico para a oferta. Teruma pode ser traduzido como oferta, porção, dom ou contribuição. O verbo dar é natan em hebraico, que comunica a ação de entregar algo a alguém (Lv. 26.4; Dt. 11.14). No grego do Novo Testamento, temos as palavras doreá, no sentido de dádiva, sendo Cristo a maior dádiva de Deus (II Co. 9.15; Rm. 5.15; Ef. 3.4). O próprio Espírito Santo é uma dádiva de Deus, depois que o pecador se arrepende dos seus pecados (At. 2.38; 8.20; 10.45; 11.17). O termo dóron também transmite o significado de dádiva, relacionado especificamente às ofertas a Deus (Mt. 5.23,24; Lc. 21.1-4). Outra palavra grega associada às dádivas é eleemosuné, de conotação mais social, relacionada à contribuição aos necessitados (Mt. 6.2; Lc. 11.41; At. 9.36; 10.2). Palavras de bênçãos também podem ser pronunciadas na Nova Aliança, são as eulogias, cujo significado é o de expressar nosso desejo de que Deus abençoe os outros. A palavra charisma, em grego, está associada aos dons do Espírito Santo (I Co. 12). Mas tem uma dimensão mais ampla, tendo em vista que Timóteo recebeu um charisma, quando lhe impuseram as mãos, um dom para o exercício ministerial (I Tm. 4.14; II Tm. 1.6). Dentre os charisma que Paulo recebeu, destacamos o do celibato, tratando-se, portanto, de uma capacitação de Deus, não de uma imposição humana (I Co. 7.7). As palavras gregas relacionadas aos dons espirituais são charismata e pneumatikon, o primeiro diz respeito aos aspectos da graça na capacitação dos dons, e o segundo, ressalta o Espírito Santo como a fonte dos dons (I Co. 12.11).


3. AOS HOMENS
Os dons espirituais e ministeriais foram destinados aos homens e mulheres da igreja, com vistas ao serviço (diakonia), e mais especificamente, à edificação do Corpo de Cristo. Os dons espirituais e ministeriais não devem ser ignorados, é necessário que os membros da igreja se interessem por eles, mas é preciso usá-los com equilíbrio (I Co. 12.1). Os homens e mulheres de Deus, quando usados pelo Espírito, através dos dons, devem exercitá-los com responsabilidade, sobretudo com zelo e amor (I Pe. 5.2,3). Há igrejas ditas pentecostais que estão se distanciando dos dons espirituais, algumas delas sequer ensinam a respeito do batismo no Espírito Santo, bem como a buscar os dos dons espirituais. Uma pesquisa feita recentemente nos Estados Unidos constatou que cada vez mais pentecostais estão falando menos em línguas. Se uma pesquisa desse tipo for feita no Brasil talvez o resultado não seja diferente. Os pentecostais estão se envergonhando dos fundamentos da sua fé. O batismo no Espírito Santo, como virtude de poder, para testemunhar de Cristo, precisa ser resgatado (At. 1.8). Os dons espirituais também devem ser estimulados, não devemos proibir os membros da igreja de buscá-los (I Co. 14.9), a responsabilidade pastoral é a de instrui-los à utilização, com decência e ordem (I Co. 14.40). Todos devem buscar os dons, visando sempre o outro, a valorização de um dom, repousa justamente na capacidade de edificação dos membros (I Co. 12.31; 14.1). Os dons, tanto espirituais quanto ministeriais, devem ser exercidos em amor, considerando que esse – agape - é o caminho sobremodo excelente (I Co. 13). Muitos dons, sem amor, e mais apropriadamente, sem o fruto (Gl. 5.22), pode resultar em desequilíbrio espiritual. A igreja de Corinto era muito fervorosa, mas deficiente na espiritualidade, com demonstração de carnalidade, implicando nas dissenções no seio da igreja (I Co. 3.3-5).


CONCLUSÃO
Os dons espirituais e ministeriais são fundamentais para o desenvolvimento espiritual das igrejas locais. Os membros do Corpo de Cristo devem desejar e buscar os dons, para a edificação (I Co. 12.31; 14.1). Os dons espirituais de I Co. 12.8-10) se caracterizam por serem instantâneos, enquanto que os dons de Rm. 12.6-8, e de Ef. 4.11 são desenvolvidos ao longo de um processo. Teologicamente os dons espirituais, com base na lista de I Co. 12.8-10, são categorizados assim: 1) Sabedoria: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento e discernimento de espírito; 2) Poder: fé, curas e operação de maravilhas; e 3) Elocução: profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas. Busquemos, pois, os melhores dons, mas sem esquecer-se de cultivar o amor cristão. Em relação aos dons ministeriais, conforme Ef. 4.11, são: 1) apóstolos, 2) profetas, 3) evangelistas, 4) pastores e mestres, todos para o aperfeiçoamento dos santos. Oramos para que não nos falte dom algum, até o dia da manifestação em glória do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (I Co. 1.7).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa


SUBSÍDIO II


INTRODUÇÃO

A Bíblia de Estudo Pentecostal define "dons” como “manifestações sobrenaturais concedidas da parte do Espírito Santo, e que operam através dos crentes, para o seu bem comum". Neste trimestre analisaremos os dons de Deus dispensados á Igreja para que, com graça e poder, ela proclame o Evangelho de Jesus a toda criatura. Além de auxiliar o Corpo de Cristo no exercício da grande Comissão, os dons divinos subsidiam os santos para que cheguem à unidade da fé (Ef 4.12,13). [Comentário: Deus se compraz em dar presentes. É da natureza divina a generosidade para com sua criação, e o mesmo pode ser dito no que concerne ao relacionamento de Deus para com sua Igreja. Nesse caso específico, a Bíblia nos apresenta a expressão “dom” como uma capacitação dada pelo próprio Deus para que seus servos possam atuar de forma adequada nas esferas da igreja local. DE LIMA, Elinaldo Renovato. Dons Espirituais & Ministeriais - Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. CPAD, 2014. “Dons”, que é traduzida a partir da palavra grega charisma; portanto, nosso termo “carismático”. A palavra raiz significa “graça”. A definição ativa da graça (caris) é Deus nos dando o desejo e a força para cumprir sua vontade. É a capacitação sobrenatural, sobre-humana (unção) para realizar a vontade de Deus. Este termo é usado em Romanos 12.6, 1 Coríntios 12 e 1 Pedro 4.10. Quando Paulo fala de dons em Efésios 4.7-8, ele emprega outro termo, dorea, que enfatiza virtualmente a mesma verdade; isto é, que os dons espirituais são justamente isto — dons, não recompensas.) Isto é mais adiante enfatizado durante toda a primeira metade do capítulo 12 de 1 Coríntios. Por exemplo, o verso 7 nos diz que eles são dados; novamente no verso 8 é o mesmo. Os versos 11 e 18 declaram que os dons são dados soberanamente pelo Espírito de Deus: Ele os distribui como quer. A salvação foi o maior dom de Deus ao mundo (Jo 3.16). O dom da vida eterna, em Cristo Jesus. (1) 1Co 12.7 diz:“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil”, logo, essas manifestações visam à edificação e à santificação da igreja (12.7; ver 14.26).] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!


I - OS DONS NA BÍBLIA

1. No Antigo Testamento. O Dicionário Bíblico Wycliffe mostra que há várias palavras hebraicas que significam "dádiva". A origem dessas palavras está na raiz hebraica nathan, que significa "dar". Por isso, podemos afirmar que no Antigo Testamento há vislumbres dos dons divinos concedidos a pessoas peculiares como reis, sacerdotes, profetas e outros. Todavia, os dons divinos não estavam acessíveis ao povo de Deus da Antiga Aliança como observamos no regime da Nova Aliança. [Comentário: A palavra “dom” tem vários significados no texto bíblico. No Antigo Testamento, escrito em hebraico, há várias palavras que traduzem o sentido de “dom”. Dentre elas, destacamos os termos mattan, com o sentido de alguma coisa oferecida gratuitamente, ou “um presente”, como em Provérbios 19.6; 21.14; ou como dote, dádiva (Gn 34.12). Há o termo maseth, que também significa “presente”, “dádiva” (Et 2.18; Jr 40.5); a mais usada, no entanto, é minchach, que ocorre duzentas e nove vezes, com o significado de “oferta”, “presente” (SI 45.12; 72.10). Em todas as ocorrências, o sentido é sempre o de algo que é dado ou oferecido gratuitamente. No Antigo Testamento, os dons eram concedidos a pessoas específicas, chamadas por DEUS para cumprir determinadas missões. Os dons não estavam à disposição de todo o povo de DEUS. DE LIMA Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 11-12. Nas antigas sociedades neoliticas e da era do bronze, conforme somos informados através das evidências arqueológicas, a outorga de presentes era uma prática comum. As razões para a doação de presentes eram variadas e isso é refletido nas palavras hebraicas examinadas acima. Membros de uma família se presenteavam mutuamente como sinal de estima e amor. Esses presentes eram conferidos em ocasiões especiais, como por ocasião dos noivados, dos casamentos, de nascimentos e de morte. Também havia presentes dados a superiores, com a finalidade de agradar e esses presentes, algumas vezes, assumiam a natureza de suborno ou peita, quando algum favor especial era buscado, ou quando se esperava evitar que algum castigo fosse aplicado. A adoração religiosa requeria doações da parte dos participantes, a fim de que pudesse ser mantido o culto. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 211-212.]

2. No Novo Testamento. O mesmo dicionário informa ainda que ao longo do Novo Testamento a palavra "dom" aparece com diferentes significados, que se relacionam ao verbo grego didomi. Este verbo representa o sentido ativo da palavra "dar" em Filipenses 4.15. Na Nova Aliança, os dons de Deus estão disponíveis para que a Igreja, em nome de Jesus, promova a libertação dos cativos, ministre a cura aos doentes e proclame a salvação do homem para a glória de Deus. 0 Novo Testamento também deixa claro que todos os crentes têm acesso direto a Deus através de Cristo Jesus e, por isso, podem receber os dons do Espirito. [Comentário: No Novo Testamento, escrito em grego, a palavra “dom” assume de igual modo significados diversos. O termo “doma” indica a oferta de um “presente”, “boa coisa” (Mt 7.11); o “pão nosso” é uma dádiva de DEUS (Lc 11.13); “dons”, concedidos por Deus aos homens (Ef 4.8), com base no Salmo 68.19. A palavra cháris indica “dom gratuito”, ou “graça” (2 Co 8.4). O termo charisma é muito utilizado em estudos bíblicos, pois tem o significado de “dons do Espírito”, concedidos pela graça de Deus, com propósitos muito elevados; é relacionado ao termo ta charismata, utilizado em 1 Coríntios 12.4,9,28,30,31, que tem o sentido de “dons da graça”. Há o termo grego ta pneumática, usado por Paulo, em 1 Coríntios 12.1; 14.1, que se refere a “dons espirituais”. Em o Novo Testamento, os dons de Deus estão à disposição de todos os que creem, com a finalidade de promover graça, poder e unção à Igreja no exercício de sua missão, de forma que Cristo seja glorificado. Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 12. Elinaldo Renovato exemplifica o termo grego didomi usando o texto de Fp 4,15, aqui, Paulo considerava a relação entre ele e os filipenses como uma via de mão dupla, com ambas as partes ativamente envolvidas no sentido de partilhar tanto dádivas materiais como espirituais.O Reverendo Hernando Dias Lopes comentando este mesmo texto, afirma que Paulo aparentemente está lembrando seus amigos filipenses de que eles ocupavam um lugar único em suas atividades missionárias: nenhuma igreja se associou (gr. ekoinõnèsen), isto é, na obra do evangelho, comigo (Seesemann, op. cit., p. 33) no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros. Fica clara a intenção de Paulo de selecionar a igreja filipense como sendo a comunidade que ocupava lugar especial em seu afeto e estima. Ele estava pronto para receber donativos (não necessariamente em dinheiro: possivelmente outros itens estariam incluídos). Contudo, a menos que a frase dar e receber seja uma expressão idiomática, não se devendo conferir-lhe um sentido estrito, parece que havia uma transação mútua, de duas mãos, entre igreja e apóstolo. Os filipenses deram e eles também receberam, presumivelmente bens espirituais, da parte de Paulo (como em 1 Co 9.11; cf. Rm 15.27). Eles haviam sustentado Paulo em seus labores apostólicos, desde o começo. Até mesmo antes de ele deixar a Macedônia, os filipenses estavam envolvidos em seu duplo ministério. De 2 Coríntios 11.8; 12.13 se vê que outras igrejas enviaram ajuda ao apóstolo, não sendo, pois, o sustento material dos filipenses a Paulo, que os colocou numa situação privilegiada. O que marcou o relacionamento de Paulo com os filipenses foi que eles deram e receberam e, além disso, podemos presumir, não levantaram objeções como as que Paulo encontrou em Corinto, em razão das quais ele determinou que não receberia pagamento pelo seu ministério ali. LOPES. Hernandes Dias. Filipenses. Editora Hagnos. pag. 180-181.]

3. Uma dádiva para a Igreja. A fim de sermos mais didáticos e eficientes no estudo a respeito dos dons. dividiremos este assunto em três categorias principais: Dons de Serviço, Dons Espirituais e Dons Ministeriais. Esta divisão acompanha a classificação dos dons conforme se encontra nas epístolas paulinas aos Romanos, I Coríntios e Efésios, respectivamente. Insistimos, porém, que esta classificação é apenas um recurso didático, pois quando o apóstolo expõe o assunto em suas cartas, ele não parece querer exaurir os dons em uma lista, antes, preocupa-se em exortar os irmãos a buscá-los e usá-los para encorajar, confortar e edificar a Igreja de Cristo, bem como glorificar a Deus e evangelizar o mundo. [Comentário: Os dons são vários; a graça é um só! Há alguém, equivocadamente, ensinando que Existem Dons de Deus Pai (dons de serviço), Dons de Deus Filho Jesus Cristo (dons ministeriais) e Dons do Espírito Santo (dons espirituais). Sepneumatikon nos fala que os dons espirituais são coisas caracterizadas pelo Espírito Santo,charisma nos ensina que eles são dons da graça de Deus; Em nosso texto áureo, Paulo apresenta Cristo distribuindo os tributos de sua vitória aos homens. A Bíblia King James, Versão Autorizada (KJV), em 1Co 12.1 menciona “dons espirituais”. No grego lemos simplesmente “espirituais” (ton pneumatikon), significando “coisas caracterizadas ou controladas pelo Espírito”. Dons espirituais são, portanto, em primeiro lugar, coisas controladas ou caracterizadas pelo Espírito, logo, entendemos que todos os dons são carismáticos; isto é, todos os dons são livremente dados por um Deus gracioso. o Espírito distribui cada um deles ao cristão (1 Co 12.11). Em 1Co 12.4-6, o Filho de Deus determinaao cristão o modo específico como o dom é manifestado no corpo (1 Co 12.12-27); no versículo 6, o Pai provê a força ao cristão no exercício do dom (1Co 12.28). Deus opera Sua vontade por meio de Seu povo de muitas maneiras. Ninguém foi colocado no corpo para ser igual a outro membro nem para exercer a mesma função. O Espírito é o mesmo [...] o Senhor é o mesmo [...] o mesmo Deus. Embora as pessoas recebam dons diferentes do Altíssimo, Deus e Sua obra estão unidos. Sejam quais forem os dons que diversas pessoas tenham ou não, o único Deus opera todas essas coisas (v. 11).]
SINOPSE DO TÓPICO (1)
Nas páginas do Novo Testamento os dons estão à disposição de todos os crentes, com o propósito de edificar a Igreja de Cristo.


II - OS DONS DE SERVIÇO, ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS

1. Dons relacionados ao serviço cristão. Em Romanos 12 o apóstolo Paulo admoesta a igreja, lembrando-a de que o membro do Corpo de Cristo não pode se achar autossuficiente. Assim como um membro do corpo humano depende dos outros para exercer a sua função, na igreja necessitamos uns dos outros para o fortalecimento da nossa vida espiritual e comunhão em Cristo. Por isso, a categoria de dons apresentada em Romanos 12 traz a ideia da manutenção dessa comunhão dos santos, pois ao falarmos de serviços, subentende-se que quem serve está prestando um serviço para alguém. Observe os dons de serviço listados por Paulo em Romanos: Ministério (oficio diaconal), exortação (encorajamento), repartir, presidir e exercer misericórdia. Note que esses dons estão relacionados com uma ação em prol do outro, do próximo. Portanto, se você tem um dom, deve usá-lo em benefício da Igreja de Cristo na Terra. [Comentário: O Reverendo Hernandes Dias Lopes, escrevendo em seu Blog Palavra da Verdade, acerca do propósito de Deus para os dons espirituais, afirma o seguinte: “Os dons têm um tríplice aspecto: São “charismata”, “diakonia” e “energémata” = dons, ministérios e obras. Com isso, Paulo fala sobre: Origem dos dons; o modo como atuam; a finalidade dos dons. Quanto à origem dos dons = Os dons são “chamarismata”, manifestação concreta de “charis” graça divina. A graça de Deus é a origem de todo dom. A origem dos dons nunca está no homem, mas na graça de Deus. É errado os crentes quererem distrubuir os dons. Quanto ao seu modo de atuar = Os dons são “diaconia”, prontidão para servir. É concentrar não em mim mesmo, mas no outro. É buscar não minha auto-edificação, mas a edificação do meu próximo. Quanto à sua finalidade = Os dons são “energémata”, isto é, obras exteriores. A igreja é a continuação histórica da encarnação de Cristo. Somos o corpo de Cristo na terra. A finalidade do dom é a realização de alguma obra concreta, uma ajuda a alguém, a edificação da comunidade” (2). Assim, os dons são para o Corpo. Falando principalmente da vida interior da comunidade cristã, Paulo descreve o propósito para o qual CRISTO deu à igreja estes ministérios. Pelo menos quatro dimensões do propósito divino são distinguíveis. (a) Estes ministérios são dados para edificar ou construir o corpo de CRISTO (12). As três frases neste versículo, cada uma separada por uma vírgula (RC), dão a impressão de que o apóstolo expressa um propósito triplo. No idioma original, a ênfase está na última frase: “Ele fez isso para preparar o povo de DEUS para o serviço cristão, a fim de construir o corpo de CRISTO” (NTLH). O objetivo destes servos especiais é ocasionar um aperfeiçoamento (katartismos, lit., “adaptação” ou “equipamento”) para a obra do ministério (diakonias). A expectativa é que haverá um trabalho ativo e frutífero para o Senhor, com o resultado de que a igreja será edificada. A medida que as almas são ganhas, a vida da comunidade se aprofunda e se fortalece pelo serviço unificador da igreja. (b) Estes dons ministeriais são dados para promover maturidade. O versículo 13 rememora o anterior e oferece explicação adicional da “edificação” da igreja. Uma vez mais, Paulo usa três frases, cada uma iniciada com a preposição grega eis: 1) à unidade da fé; 2) a varão perfeito; 3) à medida da estatura completa de CRISTO. Estas não são ideias paralelas. A primeira fala do meio da maturidade, a segunda fala da realidade da maturidade e a terceira fala da medida da maturidade. Uma tradução melhor do versículo seria esta: “Assim, todos finalmente atingiremos a unidade inerente em nossa fé e em nosso conhecimento do Filho de DEUS, e chegaremos à maturidade, medida por nada menos que a estatura completa de CRISTO” (NEB). A unidade da fé e do conhecimento do Filho de DEUS constitui o meio do amadurecimento (cf. RA). A unidade é um dom do ESPÍRITO (cf. 3), mas requer-se fé e conhecimento para recebê-la. Neste texto, a fé é a resposta que damos ao Filho de DEUS e a nossa confiança nele — DEUS manifestado na carne que morreu no Calvário em nosso benefício. Aqui, conhecimento (epignosis) é semelhante à fé no ponto em que significa “compreensão, familiaridade, discernimento”. Não devemos equipará-lo a conhecimento intelectual, mas a relações pessoais. A unidade se origina dessa intimidade com o Filho proporcionada pela graça. Paulo não está falando da experiência inicial com CRISTO. O apóstolo se preocupa com o crescimento e aumento em entendimento e compreensão dos propósitos e vontade de DEUS conforme estão revelados em associação com CRISTO. Os membros da igreja podem e devem ter tal crescimento em maior medida enquanto o servem. A varão perfeito refere-se ao nível de maturidade coletiva e individual na igreja, no qual o poder de DEUS se manifesta inteiramente em santidade e justiça. Tal estado será atingido em seu significado máximo futuramente, quando possuirmos a graça de CRISTO na perfeição da ressurreição (cf. Fp 3.7-16). A medida da estatura completa de CRISTO é o padrão de medida que determina a maturidade cristã. Hodge escreve: “A igreja se torna adulta, homem perfeito, quando alcança a perfeição de CRISTO”. A chave para interpretar o versículo é a expressão estatura completa de CRISTO. Qual é esta estatura? Salmond diz que é “a soma das qualidades que fazem o que ele é”. Quando a igreja está à altura da maturidade plena do seu Senhor, ela é perfeita. E à medida que cresce em direção a essa maturidade, ela fica mais próxima de sua meta em CRISTO. Precisamos também destacar que não há crescimento na igreja separadamente de nosso crescimento individual como crente. É cada um de nós individualmente que tem de se dirigir com empenho à estatura completa de CRISTO. (c) Estes ministérios são dados para garantir a estabilidade na igreja diante de doutrinas divergentes e do engano de homens (14). Esta é consequência natural da maturidade, como Paulo indica por sua frase introdutória: Para que não sejamos mais meninos. Uma das evidências claras de imaturidade é a incapacidade de resistir, de forma inteligente e espiritual, as declarações das falsas doutrinas. As palavras de Paulo são pitorescas. O termo inconstantes só ocorre aqui no Novo Testamento e é derivado de kludon (“vagalhão” ou “onda”). Por conseguinte, o verbo significa literalmente “ser lançado pelas ondas”. Cristãos imaturos são como barcos açoitados pela tempestade. Levados em roda vem da palavra gregaperiphero, que tem a ideia de oscilar violentamente. Boas traduções dos dois termos são: “levados de um lado para outro pelas ondas” e “jogados para cá e para lá por toda nova rajada de ensino” (cf. BJ, NVI). Atarefa dos ministros é pôr mão forte no leme da igreja, mantê-la firme e fornecer o lastro doutrinário mediante um ministério fiel de pregação e ensino. Aqueles que introduzem falsos ensinos, nos quais os crentes instáveis caem vítimas, enganam a si mesmos e também enganam fraudulosamente os outros. Esta fase é mais bem traduzida por “fazem uso de todo tipo de dispositivo inconstante para induzir ao erro” (Weymouth). Eles usam de engano (lit., “jogo de dados”). Metaforicamente, veio a significar “artimanha” (BJ, RA). Moule declara corretamente o aviso de Paulo: “Há pessoas próximas de vós que não só vos desviam, mas o fazem de propósito, pondo armadilhas premeditadas e organizando métodos bem elaborados, com o objetivo de afastá-los de CRISTO a quem eles não amam”. A única proteção adequada contra a sutileza da heresia é uma fé crescente e um conhecimento progressivo da verdade. Os ministros têm de proporcionar a oportunidade de tal maturação para assim garantir a estabilidade na igreja. (d) Estes ministérios são dados para possibilitar o crescimento em CRISTO. Seguindo a verdade (15) é derivado do verbo grego aletheuo, geralmente traduzido por “falar a verdade” (cf. CH, NTLH). Mas há mais no pensamento de Paulo do que proferir sons articulados. Ele pensa em termos de viver e agir. Dale comenta: “A verdade tem de ser a vida de todos os cristãos. A revelação de DEUS em CRISTO tem de influenciar e inspirar todas as atividades dos cristãos. A verdade tinha de se encarnar nos efésios, tinha de se corporificar neles. [...] Não era apenas para falar, mas para vivenciá-la”. E esta vida era para ser vivida em caridade (“em amor”, ACF, AEC, BAB, BJ, CH, NVI, RA), quer dizer, com os motivos e inclinações que o amor evoca. As pessoas confessam e vivem asperamente certa porção de verdade, mas a comunidade cristã sempre tem de se expressar em amor. O resultado será o movimento progressivo em direção à perfeição de CRISTO, a cabeça da igreja. Repare que esta ideia é essencialmente idêntica ao pensamento do versículo 13. Além disso, esta ação positiva é a melhor defesa contra os efeitos do erro descritos no versículo 14. No versículo 16, o apóstolo retorna à analogia do corpo e se serve disso para enfatizar a unidade que CRISTO, a cabeça, traz para a igreja. Ele visualiza a estrutura maravilhosa e intricada do corpo humano com suas partes unidas de modo bem ajustado e ligado (“bem unido e consolidado”, NEB). Na analogia, juntas referem-se aos ligamentos pelos quais as partes do corpo se unem. Quando o corpo está funcionando segundo ajusta operação de cada parte, quer dizer, quando cada parte é ativada de acordo com o seu propósito, a harmonia prevalece e o crescimento é certo. CRISTO é, obviamente, o centro e a origem de toda a vida espiritual. Ele dá “coesão e poder vital para o crescimento”.40 Este crescimento resulta na edificação ou “construção” (BAB) da igreja em amor (cf. 1.4; 3.17; 4.2; 5.2). A estrutura tem a ver principalmente com o desenvolvimento espiritual interno, mas quando a igreja é interiormente forte ela aumenta numericamente. Em suma, Paulo vê a unidade da igreja em termos orgânicos e não organizacionais. A verdadeira unidade é interior e resultado de um organismo saudável. O ESPÍRITO cria essa unidade; não é obra de homens, por mais inteligentes ou apessoados que sejam. Quando esta unidade prevalece, compartilhada por cada membro e motivada pela fidelidade de ministros talentosos, a igreja cresce em simetria e beleza, para espanto do mundo não crente. Willard H. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 160-163.]

2. Conhecendo os dons espirituais. "Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes" (I Co 12.1). Os dons listados em I Coríntios 12 são: Palavra da sabedoria; palavra da ciência; fé; curas; operação de maravilhas; profecia; discernimento de espíritos; variedades de línguas; interpretação de línguas.
Apesar de as manifestações sobrenaturais pertencerem ao mundo « espiritual, isto é. a uma categoria particular da experiência religiosa do crente, o apóstolo Paulo desejava que as igrejas, e em especial a de Corinto, conhecessem algumas considerações importantes sobre os dons espirituais. Uma característica predominante em Corinto, segundo o Comentário Bíblico Beacon (CPAD), era a vida pregressa dos membros envolvidos com idolatria. Muitas manifestações espirituais na igreja lembravam a experiência mística das religiões de mistérios. Os coríntios precisavam ser ensinados de forma correta sobre a existência dos dons e de sua utilização dentro do culto e fora dele. Por isso, à luz da Palavra de Deus, devemos ensinar a respeito dos dons espirituais para que a igreja seja edificada. A Bíblia traz os ensinos corretos sobre o uso dos dons, e se há distorções nessa esfera, estas acontecem por algumas igrejas não ensinarem de forma correta o que a Bíblia diz, e isso contribui para o surgimento do fanatismo religioso, da corrupção doutrinária dos movimentos estranhos e de muitas heresias. Portanto, o ensino correto das Escrituras nos orienta sobre a forma adequada da utilização dos dons e previne o surgimento de práticas condenáveis no culto. [Comentário:  Paulo oferece cinco listas de dons espirituais: Romanos 6.6-8; 1 Coríntios 12.8-10; 1 Coríntios 12.28; 1 Coríntios 14; Efésios 4.11-13. Não há crentes sem dom nem crente com todos os dons (12.29-31). Assim como não há membro auto-suficiente no corpo nem membro sem função. Há quem diga que só recebe dons espirituais aqueles que recebem o revestimento de poder, o batismo no Espírito Santo. Mas esse ensino é falacioso. Quem nasce de novo, recebe o Espírito Santo, e recebe o(s) dom (ns) conforme a soberania do Espírito na distribuição dos dons (1Co 12.11). O Espírito Santo distribui os dons a cada um, ou seja, não existe membro do corpo de Cristo sem pelo menos um dom espiritual! No Novo Testamento, passagens como a de I Coríntios 12 e Romanos 12 atribuem ao Espírito Santo a decisão sobre quais dons distribuir e a quem dentre os convertidos, esses dons serão confiados. “Há diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum” 1 Coríntios 12:6-7. Não pode existir Igreja local sem o exercício dos dons espirituais! Alguns estudiosos classificaram os dons registrados em 1 Coríntios 12 como dons de pregação, dons de sinais e dons de serviço. Tudo indica que Paulo, quando redigiu estas palavras em Ef 4, tinha em mente a lista dos ministérios relacionados em 1 Coríntios 12.28. A passagem coríntia compreende uma lista mais longa de dons espirituais (charismata). Mas nesta passagem, Paulo está interessado em apresentar os ofícios necessários para a expansão e sustento da igreja. Cristo deu à igreja os apóstolos: os ministros supremos, os doze que haviam visto o Senhor ressurreto e recebido suas tarefas diretamente dele. Os profetas têm posição proximal à dos apóstolos, e o seu dom especial era o de ministério inspirado. Foulkes afirma que a função primária dos profetas era similar à dos profetas do Antigo Testamento: “anunciar” a palavra de Deus. Porém, ocasionalmente prediziam acontecimentos futuros, como em Atos 11.28 e 21.9. Os evangelistas eram pregadores itinerantes, que iam de lugar em lugar para ganhar os incrédulos (cf. 2 Tm 4.5), de modo muito semelhante como se faz hoje. Certos intérpretes sugerem que as primeiras três categorias se aplicam à igreja universal, ao passo que as outras duas se ajustam especificamente à igreja local. Pastores são pastores de um rebanho de comunicantes; a palavra grega (poimen) empregada aqui significa, literalmente, “pastor de ovelhas”. A tarefa dos pastores é alimentar o rebanho e protegê-lo dos perigos espirituais. Doutores pode ser uma outra função do pastor. Bruce afirma que estes dois termos “denotam a mesma e uma única classe de homens”. Contudo, pode ser que os doutores representem uma classe de responsabilidade um tanto quanto menor que os pastores, mas que, mesmo assim, detêm lugar especial na igreja.]

3. Acerca dos dons ministeriais. A Epístola de Paulo aos Efésios classifica os dons ministeriais assim: Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores (4.11). Os propósitos de o Senhor concedê-los à Igreja, segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, são, em primeiro lugar, capacitar o povo de Deus para o serviço cristão; em segundo, promover o (crescimento da igreja local; terceiro, desenvolver a vida espiritual dos discípulos de Jesus (4.12-16). O Senhor deu a sua Igreja ministros para servi-la com zelo e amor (1 Pe 5.2,3).
O ensino do Novo Testamento acerca do exercício ministerial está ligado a concepção evangélica de serviço (Mt 20.20-28; Jo I3.I-II), jamais à perspectiva centralizadora e sacerdotal do Antigo Testamento. [Comentário: Mais uma vez, cito o Reverendo Hernandes Dias Lopes, que escreveu em Blog o seguinte sobre os dons espirituais à luz da Bíblia: “Os dons espirituais são uma capacitação sobrenatural dada pelo Espírito Santo aos membros do corpo de Cristo para o desempenho do ministério. Nós somos individualmente membros do corpo de Cristo. Cada membro tem sua função no corpo. Nenhum membro pode considerar-se superior nem inferior aos demais. Todos os membros são importantes e interdependentes. Servem uns aos outros. Pelo exercício dos dons espirituais as necessidades dos santos são supridas, de tal forma que, numa humilde interdependência todos os salvos crescem rumo à maturidade, à perfeita estatura do Varão perfeito, Cristo Jesus”. (3) Leia o artigo na íntegra clicando aqui]
SINOPSE DO TÓPICO (2)
Nenhum membro do corpo de Cristo é autossuficiente, dependemos de Cristo, assim como dependemos uns dos outros. Para que a Igreja, o corpo de Cristo, seja edificada pelos dons ministeriais é necessário que eles sejam utilizados para o benefício de todos.


III - CORINTO: UMA IGREJA PROBLEMÁTICA NA ADMINISTRAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS (1 Co 12.1-11)

1. Os dons são importantes. Um argumento utilizado pelos cesacionistas (pessoas que defendem a errônea ideia de que os dons espirituais cessaram no primeiro século), é que os crentes pentecostais tendem a se achar superiores uns aos outros por terem algum dom. Lamentavelmente, isto é verdade em muitos lugares. Entretanto, o apóstolo Paulo faz questão de tratar desse assunto com os crentes de Corinto que estavam supervalorizando alguns dons em detrimento de outros. Precisamos resgatar a noção de serviço que Jesus Cristo ensinou nos Evangelhos, pois todos os dons vêm diretamente de Deus para melhor servirmos à igreja de Cristo. [Comentário: Estamos muito parecidos à igreja de Corinto! É preciso ler as epístolas de Paulo àquela igreja para entendermos o fim da charismata. Os dons espirituais são recebidos de Deus e exercidos com Deus, por Deus e para Deus para que a igreja de Cristo tenha suas necessidades supridas e possa, assim, cumprir cabalmente sua missão no mundo. Não nos bastamos a nós mesmos. Nenhum membro do corpo de Cristo ficou sem dons e nenhum recebeu todos os dons. Devemos suprir as necessidades uns dos outros. Dependemos uns dos outros. No corpo há unidade, diversidade e mutualidade. Os membros não têm vida independente do corpo. Cada membro do corpo tem sua função. Cada membro precisa exercer o seu papel para que o corpo cresça de forma harmoniosa e saudável. O corpo cresce de forma harmoniosa e saudável quando servimos uns aos outros conforme o dom que recebemos.]

2. Diversidade dos dons. O que mais nos chama a atenção na lista de dons apresentada por Paulo em 1 Coríntios 12 não são os nove dons, mas a diversidade deles. Isto denota a unidade da Igreja de Cristo, mas simultaneamente a sua multiplicidade. O Comentário Bíblico PentecostaI Novo Testamento tem razão quando fala que "talvez Paulo tenha selecionado estes noves dons por serem adequados à situação que havia em Corinto", pois se compararmos a lista de 1 Coríntios com Romanos e também Efésios, veremos que outros dons são relacionados de acordo com as necessidades de cada igreja local. [Comentário: Geralmente, ao estudarmos os dons espirituais nos prendemos àqueles mencionados em 1Co 12. Mas há diferentes listas de dons no Novo Testamento:Romanos 12. 6-8: profetizar, ministrar, exortar, contribuir, presidir e exercer misericórdia. O contexto desses versículos enfatiza que todos somos membros do Corpo de Cristo e dependemos uns dos outros. Cada crente contribui para o crescimento do Corpo, usando o dom específico que tem recebido. Efésios 4. 11-16apóstolos, profetas, evangelistas, pastores-mestres. Através desses ministérios os crentes são equipados para o serviço. À proporção que cada um presta sua contribuição, todo o corpo vai sendo edificado, v. 12, e cada membro em particular vai crescendo e adquirindo maturidade espiritual, vv. 13-16.1Coríntios 12. 4-10palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, dons de curar, operações de milagres, profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas, interpretação de línguas. Essa passagem, juntamente com os vv. 28 a 31, se complementa ao narrar os dons do Espírito Santo. 1Coríntios 12. 28apóstolos, profetas, mestres, operadores de milagres, dons de curar, socorros, governar, variedades de línguas1Pedro 4.10-11falar, servir. O objetivo dessa passagem é acentuar que, se o crente  recebe um dom espiritual, deve empregá-lo a serviço dos outros membros, conforme o poder de Deus e para a glória do Senhor. Como exposto, podemos então relacionar tranquilamente, vinte dons da seguinte forma:
    1. Apóstolos (1 Coríntios 12:28; Efésios 4:11)
    2. Profetas (Romanos 12:6; 1 Coríntios 12:28; Efésios 4:11)
    3. Serviço (Romanos 12:7; 1 Pedro 4:11)
    4. Evangelistas (Efésios 4:11)
    5. Sabedoria (1 Coríntios 12:8)
    6. Conhecimento (1 Coríntios 12:8)
    7. Pastores (Efésios 4:11)
    8. Mestres (Romanos 12:7; 1 Coríntios 12:28; Efésios 4:11)
    9. Oratória (1 Pedro 4:11)
    10. Exortação (Romanos 12:8)
    11. Fé (1 Coríntios 12:9)
    12. Cura (1 Coríntios 12:9,28)
    13. Operação de milagres (1 Coríntios 12:10,28)
    14. Capacidade de discernir espíritos (1 Coríntios 12:10)
    15. Contribuição para suprir necessidades de outros (Romanos 12:8)
    16. Ajudar outros (1 Coríntios 12:28)
    17. Ter misericórdia (Romanos 12:8)
    18. Administração (1 Coríntios 12:28)
    19. Falar em línguas (1 Coríntios 12:10,28)
    20. Interpretação de outras línguas (1 Coríntios 12:10,30)]

3. Autossuficiência e humildade. Os dons espirituais são concedidos aos crentes pela graça de Deus, e não por méritos pessoais (Rm 12.6; I Pe 4.10). Não podemos orgulhar-nos e portar-nos de modo arrogante e autoritário no exercício dos dons, mas com humildade e temor a Deus. Portanto, não use o dom que Deus lhe deu com orgulho, visando à exaltação pessoal. Isto é pecado contra o Senhor e contra a Igreja! Use-o com um coração sincero e transbordante de amor pelo próximo (1 Co 13). Não foi por acaso que o capitulo 13 (Amor) de 1 Coríntios foi colocada entre o 12 (dons) e o do 14 (língua e profecia). [Comentário: Os dons espirituais têm dois propósitos: a glória de Deus e a edificação da igreja. Deus é mais glorificado em nós quanto mais nós nos deleitamos nele e servimos uns aos outros. Os dons espirituais não são dados para autopromoção. Nenhum membro da igreja pode gloriar-se por ter este ou aquele dom, pois os dons são recebidos não por mérito, mas por graça. Usar os dons para exaltação pessoal é dividir o corpo em vez de edificá-lo. A igreja de Deus não é uma feira de vaidades, mas uma plataforma de serviço. No reino de Deus maior é o que serve. No reino de Deus perdemos o que retemos e ganhamos o que distribuímos. Quando investimos nossa vida, recursos e dons para socorrer os aflitos, fortalecer os fracos, instruir os neófitos, ajudar os necessitados e encorajar os santos, o nome de Deus é exaltado, o mundo é impactado e a igreja é edificada. Quando usamos os dons espirituais da forma certa e com a motivação certa, Deus é exaltado no céu e os homens são abençoados na terra.]

SINOPSE DO TÓPICO (3)
Não existe um dom mais importante que o outro, todos vêm diretamente de Deus e são úteis para a edificação do Corpo de Cristo.


CONCLUSÃO
O estudo dos dons de Deus aos homens é amplo e nos apresenta recursos pelos quais podemos servir ao Senhor e a sua Igreja. Esses dons são para os nossos dias, pois não há na Bíblia nenhum versículo que diga que os dons espirituais deixaram de existir com a morte do último apóstolo. Portanto, busquemos os dons do Espírito Santo, pois estão à nossa disposição. Eles são um exemplo da multiforme graça de Deus em dispensar instrumentos espirituais para a Igreja na história. [Comentário: A Weekpédia define assim o Pentecostalismo: “é um movimento de renovação de dentro do cristianismo, que coloca ênfase especial em uma experiência direta e pessoal de Deus através do Batismo no Espírito Santo” (4). Esta ênfase no batismo no Espírito Santo é o que caracteriza o Pentecostalismo ou é a atualidade dos dons espirituais? Deixo este questionamento para reflexão e alerto que muitos pentecostais se autodefinem simplesmente por aceitarem esta atualidade, não necessariamente crendo no batismo com o Espírito Santo, na chamada segunda bênção ou revestimento de poder com o sinal inicial e visível do falar em línguas. A graça de Deus, por fim, é multiforme. Visualmente, isso seria como um cristal que reflete a luz em vários matizes e uma sempre nova e surpreendente combinação de cores e tons. Esse conceito é importante e tem sido desprezado na prática, muitas vezes, pelos cristãos. Está subentendido que a questão dos dons é sempre dinâmica. Não podemos deduzir uma lista fixa de dons a partir das passagens do N.T. que falam sobre o assunto, e mantê-los a todo custo como os únicos dons espirituais. Deus dá os dons de modo multiforme, de acordo com as características locais e as necessidades do momento. Quando a situação muda, quando novos quadros se apresentam, Ele dará os dons de forma apropriada à nova realidade, sempre nos surpreendendo com o Seu agir. Multiforme também significa, para um mundo dividido como o nosso em culturas e características regionais bastante diferenciadas, que o Espírito leva em conta essa diversificação e trabalha dentro dela. Indispensável nas relações entre os cristãos (também a nível internacional) é a eliminação de todo resquício de prepotência e espírito de julgamento, e a disposição ao amor e ao serviço ao outro como outro (respeitando-o e valorizando-o naquilo em que é diferente de mim ou de nós). (5)] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,

Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa




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