SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Os dons de revelação são classificados
dentro dessa terminologia porque estão relacionados ao conhecimento. Mas tal
ciência não depende de atributos meramente humanos, ditos naturais, mas de
Deus, que sobrenaturalmente, descortina o desconhecido. Na aula de hoje
aprenderemos sobre os seguintes dons de revelação, conforme listados por Paulo
em I Co. 12.8-11: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento (ciência) e
discernimento de espíritos.
1. PALAVRA DE SABEDORIA
Existem diferentes tipos de sabedoria, a
sabedoria satânica, geralmente empregada para o engano, com propósitos
malignos. A principal característica da sabedoria satânica é a inveja, e o
sentimento faccioso, que resulta na desunião (Tg. 3.14-16). Satanás teve a
pretensão de ser maior do que Deus, e de competir com Ele em posição (Ez.
28.12-17). Depois que Deus colocou Adão e Eva no jardim, Satanás semeou a
dúvida no coração dos primeiros pais (Gn. 3.1), e os conduziu para a queda (Gn.
3.4,5). Existe também a sabedoria humana, resultante da investigação, na
verdade, a sabedoria se distingue do conhecimento. Este se caracteriza pelo
acúmulo de informações, enquanto que aquele diz respeito à aplicação apropriada
do conhecimento. É nesse sentido que os autores de Provérbios encaminham seus
leitores à obediência, no temor do Senhor, como princípio da sabedoria (Pv.
4.7). É essa mesma sabedoria que Tiago diz que Deus dá a todos aqueles que O
pedirem, e a buscam (Tg. 1.5). O dom de sabedoria (gr. logos sophia), na
instrução de Paulo aos coríntios, é uma manifestação por meio da qual Deus
responde, através dos lábios do crente, a uma necessidade de orientação, que
não pode ser realizada pelos meios naturais. A liderança da igreja pode
conduzir o rebanho com a sabedoria que vem do alto, para solucionar um problema,
tal como aquele que resultou na escolha dos diáconos para o serviço na igreja
(At. 6.1-3,10). Por isso esse dom é manifesto através de uma palavra, isto é,
de uma expressão, que nos é intuída, sobrenaturalmente, diante de um
acontecimento e/ou interrogação. As respostas que Jesus deu aos seus
opositores, durante seu ministério público, exemplificam a manifestação desse
dom. Aos ser interrogado pela mulher samaritana, a respeito do lugar correto
para a adoração, Jesus responde que os verdadeiros adoradores são buscados por
Deus, e que esses o fazem em espírito e em verdade (Jo. 4.24). Existem várias
passagens, ao longo dos evangelhos em que Jesus se utiliza da palavra de
sabedoria: 1) pedido de partilha da herança ao irmão (Lc. 12.13); 2) indagação sobre
a validade do batismo de João (Mt. 21.25); 3) questão a respeito do pagamento
de tributo a Cezar (Mt. 22.21). e 4) debate sobre a ressurreição dos mortos
(Mt. 22.32). Deus pode usar os irmãos da igreja para responder às perguntas de
crentes e descrentes diante de situações adversas, assim como fez com Filipe,
quando questionado pelo Eunuco, a respeito da salvação (At. 8.26-30).
2. PALAVRA DE CONHECIMENTO
Esse dom diz respeito à ciência, ao
conhecimento de algo em ocorrência, ou que está para acontecer. Trata-se de uma
manifestação de consciência que não poderia ser sabida pelas vias naturais, por
meio de investigação ou pesquisa. Esse conhecimento não é educacional,
resultado de estudos, nem mesmo o bíblico. Evidentemente não devemos nos opor à
análise do texto bíblico, uma exegese apropriada evita equívocos
interpretativos, e o surgimento de heresias no seio da igreja. Afinal Deus é a
fonte do conhecimento espiritual, ninguém pode saber quem Ele é a menos que Ele
mesmo queira se revelar (I Co. 2.4; 13.9). Quando estamos estudando a Bíblia,
considerando os princípios de interpretação, dependendo do Espírito Santo,
estamos conhecendo o que nos foi revelado na Palavra, que é inspirada pelo
mesmo Espírito (II Tm. 3.16). Mas o dom da palavra do conhecimento (gr. logos
gnoseos) é uma expressão instantânea resultante de uma revelação do Espírito (I
Co. 12.8). Devemos partir do pressuposto que Deus é onisciente, que por esse
motivo Ele conhece todas as coisas. É possível identificar exemplos no
ministério de Jesus da manifestação da palavra de conhecimento. Ele tinha
revelação de fatos que estavam ainda por acontecer, não precisava que alguém
lhe dissesse determinados assuntos, nem mesmo a respeito das pessoas (Jo.
2.25). Jesus conhecia seus discípulos, por isso revelou-lhes que Lázaro estava
doente, mas que tal enfermidade não seria para morte (Jo. 11.4-11). Os
discípulos questionaram a respeito da Sua morte, mas Ele sabia, desde o
princípio, que se fazia necessário padecer, morrendo e ressuscitando dentre os
mortos (Mt. 16.21). Antes da Páscoa Jesus enviou Seus discípulos a uma aldeia,
a fim de trazerem um jumentinho, no qual adentraria a cidade de Jerusalém (Mt.
21.2). Ele os enviou também para prepararem o lugar da Páscoa, dando
orientações a respeito, que fora encontrada tal como Ele os dissera (Lc.
22.8-13). Quando Jesus encontrou Pedro, identificou-o como um futuro pescador
de homens (Lc. 5.8-10; Jo. 1.42). Também se expressou em relação a Natanael
como um homem em que não havia dolo (Jo. 1.47). Na conversa com a mulher
samaritana, Ele revelou que ela tinha cinco maridos e o que tinha naquele
momento não lhe pertencia (Jo. 4.18,18). Antes de ser crucificado, após ter
sido preso pelas autoridades, Jesus antecipou a Pedro que este o trairia (Lc.
22.34). Como Cristo decidiu esvaziar-se da Sua glória (Fp. 2.7), não da
divindade, fez a opção de depender do Espírito Santo em Seu ministério terreno,
atuando através da capacitação do Espírito Santo (Lc. 4.1,18).
3. DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS
O dom de discernimento de espírito é uma
capacitação sobrenatural, dada pelo Espírito Santo, para identificar
manifestações que não procedem de Deus. Nada tem a ver com o julgamento humano,
partindo de critérios analíticos, fundamentados na psicologia. Há quem pense
que o dom de discernimento de espírito serve para identificar as falhas dos
outros, ou que é uma antecipação do pensamento alheio, com base em técnicas
humanas e/ou satânicas. O dom de discernimento de espíritos (gr. diakrisis
pneumaton) é uma habilitação sobrenatural que permite a identificação da
natureza e do caráter dos espíritos. Não podemos esquecer que Satanás pode se
transformar em anjo de luz, para difundir o engano inclusive dentro da igreja
(II Co. 11.14). Estamos diante de uma batalha espiritual, portanto, precisamos
estar preparados, inicialmente com toda armadura de Deus, para vencer as hostes
celestiais do Maligno (Ef. 6.11,12). Para tanto devemos cingir os lombos com a
verdade, vestir a couraça da justiça, calçar os pés com a preparação do
evangelho da paz, o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do Espírito
(Ef. 6.13-17). Precisamos, para vencer as hostes satânicas, permanecer atentos
quanto ao “espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef. 2.2). E
saber que o espírito do Anticristo, está presente no mundo (I Jo. 4.1-3).
Existem manifestações desse dom no ministério de Cristo, Ele revelava que seus
opositores agiam pelo espírito do Diabo (Lc. 13.11-16), que algumas
enfermidades eram provenientes de opressão maligna (Mt. 12.22; Mc. 9.25; Lc.
8.29). Paulo, que foi usado pelo Espírito para revelar que havia um espírito de
adivinhação em uma jovem em Filipos (At. 16.16-18), admoesta os crentes,
através de Epístola a Timóteo, quanto às falsas doutrinas dos últimos dias (I
Tm. 4.1). O engano na igreja pode ser identificado através do ensinamento
bíblico, por isso Paulo instrui Timóteo a ensinar (I Tm. 4.11). Mas em alguns
casos, de modo sobrenatural e instantâneo, o Espírito Santo pode capacitar a
igreja a identificar uma atuação enganosa. Isso evita que a igreja seja
conduzida ao erro, e se deixe levar pelo ensino dos falsos mestres, que querem
desvirtuar o rebanho de Deus (At. 20.30).
CONCLUSÃO
Os dons de revelação são imprescindíveis
para a igreja cristã, por meio deles somos capacitados, sobrenaturalmente pelo
Espírito Santo, para responder às indagações que nos são postas, através dos
opositores da fé. Esse mesmo Espírito também pode nos capacitar para conhecer
realidades que não poderíamos pelas vias naturais. Isso importante para demonstrar,
para os descrentes, que Deus conhece todas as coisas. Por fim, o Espírito
Santo, em algumas circunstâncias, pode dar aos crentes a capacitação para
identificar o engano, evitando, assim, que sejamos desencaminhados pelos falsos
mestres, que são guiados por Satanás e suas hostes celestiais.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O teólogo pentecostal Stanley Horton afirma que “a maioria dos
estudiosos classifica os dons de 1 Coríntios 12.8-10 em três categorias:
revelação, poder e expressão, [tendo] três dons em cada categoria”. Na lição
desta semana estudaremos a respeito dos dons da “primeira categoria”: os de
revelação. Estes são concedidos aos servos de Deus para o aconselhamento e
orientação da Igreja do Senhor. [Comentário:
Os dons de revelação têm o propósito de manifestar a onisciência de Deus
no meio da Igreja. Os dons espirituais formam a base do crescimento espiritual
e capacita o crente para o serviço. Seu exercício é fundamental, tanto na
adoração como na edificação da Igreja. Eles podem ser classificados em três
grupos: primeiro, dons de revelação: palavra da sabedoria, palavra da ciência e
discernimento dos espíritos. Segundo, dons de poder: fé, dons de cura e
operação de maravilhas. Terceiro, dons de inspiração: profecia, variedades de
línguas e interpretação de línguas. Os DONS DE REVELAÇÃO são assim chamados
porque concedem ao crente poder para o saber, ou seja, recebemos do Espírito
Santo informações e revelações de forma sobrenatural, com a finalidade de
tornar-nos capazes de conhecer o pensamento divino e a intenção dos opositores
da obra divina, em certos momentos, ou para fins específicos.] Tenhamos todos uma excelente e abençoada
aula!
I. PALAVRA DA SABEDORIA
1. Conceito. O termo
palavra exprime uma manifestação verbal ou escrita. Segundo o Dicionário
Eletrônico Houaiss, sabedoria significa “discernimento inspirado nas coisas
sobrenaturais e humanas”. A sabedoria abordada pelo apóstolo Paulo em 1
Coríntios 12.8a refere-se a uma capacitação divina sobrenatural para tomada de
decisões sábias e em circunstâncias extremas e difíceis. De acordo com Estêvam
Ângelo de Souza, “a palavra da sabedoria é a sabedoria de Deus, ou, mais
especificamente, um fragmento da sabedoria divina, que nos é dada por meios
sobrenaturais”. [Comentário: O Pastor Elinaldo Renovato escreve em seu livro
‘Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder
extraordinário’, que “o s dons de revelação constituem parte da revelação de
Deus, concedida ao homem salvo, para que, por eles, a “multiforme sabedoria”
divina seja manifestada no meio da Igreja, e os crentes em Jesus sejam
protegidos das sutilezas do Adversário e das maquinações humanas contra a fé
cristã. Sem a presença física de Cristo, após sua Ascensão aos céus, os salvos,
reunidos em igrejas locais, precisam, de maneira indispensável, dos dons
espirituais, tanto para cumprirem a Missão confiada por Cristo, quanto para
lutar e vencer “as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais” (Ef
6.12). Sem eles, a igreja local não passa de uma comunidade humana, uma
associação religiosa, como um “vale de ossos”, transformados em corpos com
tecidos humanos, mas sem vida. Tem estruturas humanas, ministeriais,
denominacionais, intelectuais, políticas e administrativas, mas não tem o poder
de Deus em sua vida institucional. Os dons espirituais propiciam a provisão
divina para a igreja cumprir a sua missão, concedida por Cristo, de proclamar o
evangelho por todo o mundo e a toda a criatura. Dentre esses, os chamados “dons
de revelação” aparecem como categoria de grande valor e necessidade, no meio
das igrejas locais. No tempo de Paulo, havia confusões, mistificações
doutrinárias, ensinos heréticos e tantos outros tipos de informações, que
chegavam aos ouvidos dos crentes, que muitos se desviaram, iludidos pelos
“ventos de doutrina” (Ef 4.14). O gnosticismo ameaçava a integridade da fé
cristã. Os judaizantes queriam impor seus ensinos legalistas e ultrapassados. A
igreja precisava de recursos espirituais sobrenaturais para não ser esmagada
pelas heresias, muitas delas travestidas de verdades absolutas. Só a revelação
de Deus, manifestada de forma incisiva, poderia evitar a derrocada do
cristianismo. E, nos dias presentes, será que não há necessidade da revelação
especial de Deus, através de sua palavra e de dons ou carismas que façam a
diferença, para que os cristãos saibam discernir o “joio do trigo”? Certamente
hoje, mais do que nunca, a igreja de Jesus, em toda a parte, necessita desses
recursos. Os dons de revelação podem identificar a origem, os meios e os propósitos
de muitas falsas doutrinas que surgem a cada dia, no meio evangélico. Pela
revelação sobrenatural, pode-se desmascarar os falsos pastores, os “obreiros
fraudulentos”, “de torpe ganância”. Elinaldo Renovato. Dons
espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder
extraordinário. Editora CPAD. pag. 31-32.]
2. A Bíblia e a palavra de sabedoria. Embora na
Antiga Aliança os dons espirituais não fossem plena e claramente evidenciados
como na Nova, alguns episódios do Antigo Testamento vislumbram o quanto Deus
conferia aos homens sabedoria do alto para executar tarefas ou tomar decisões.
Um exemplo disso é a revelação e a interpretação dos sonhos de Faraó através de
José, o filho de Jacó (Gn 41.14-41). Ele não apenas interpretou os sonhos de
Faraó, mas trouxe orientações sábias para que o Egito se preparasse para o
período de fome que estava para vir. A habilidade do rei Salomão em resolver
causas complexas, igualmente, é um admirável exemplo de dom da sabedoria no
Antigo Testamento (1Rs 3.16-28; 4.29-34). Em o Novo Testamento podemos tomar
como exemplo de palavra da sabedoria a exposição da Escritura realizada pelo
diácono e primeiro mártir cristão, Estevão. O livro de Atos conta-nos que os
sábios da sinagoga, chamada dos Libertos, “não podiam resistir à sabedoria e ao
Espírito com que falava” (At 6.9,10). [Comentário: A palavra da sabedoria e da ciência é a
capacidade de saber e de aplicar as revelações são as principais virtudes da
sabedoria e da ciência. A palavra da sabedoria é conhecimento dado pelo
Espírito que capacita o crente a perceber, falar e agir em circunstâncias tais
que os elementos naturais se tornam inúteis (Leia Tiago 3.17 e 1 Co 2.6-8). A
palavra da ciência ou do conhecimento também não provém de habilidades humanas.
Não é adivinhação; fenômeno psíquico, perceptivo ou telepático (leia Dt
18.9-12) e nem tão pouco é o resultado de um profundo conhecimento bíblico e
teológico. No Antigo Testamento, temos alguns exemplos marcantes dessa
revelação da sabedoria de Deus. José, na prisão, interpretou sonhos de servos
de Faraó, os quais se cumpriram plenamente. Chamado ao palácio real, diante de
todos os sábios, adivinhos e conselheiros do rei, interpretou os sonhos
proféticos que Deus concedera ao monarca egípcio. Se não fosse a sabedoria do
Espírito de Deus, jamais o jovem hebreu teria tamanha capacidade para
interpretar os misteriosos sonhos das vacas gordas e das vacas magras, e foi
elevado à posição de Governador do Egito (cf. Gn 41.14-41). Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 34-35.]
3. Uma liderança sábia. A palavra de
sabedoria é de grande valor na tarefa do aconselhamento pessoal e em situações
que demandam uma orientação no exercício do ministério pastoral. Entretanto,
tenhamos cuidado para não confundir a manifestação desse dom com o nosso desejo
pessoal. Lembremo-nos de que Deus manifesta os dons em nossas vidas segundo o
conselho da sua sabedoria, não da nossa. Tenhamos maturidade e cuidado no uso
dos dons! [Comentário: Há o
conhecimento natural que um homem adquire no decorrer da sua vida, por
experiências, estudos, leituras, convivência com outras pessoas, viagens,
pesquisas, buscas constantes motivadas pela ânsia de saber. A palavra da ciência
é uma revelação sobrenatural que Deus concede aos crentes em certos momentos de
suas vidas, com a finalidade de socorrer os seus e manifestar sua glória e
poder. As palavras da ciência e da sabedoria se completam. A primeira permite
conhecer os segredos divinos; a segunda leva o crente a aplicar corretamente os
conhecimentos revelados. O Espírito Santo revela de modo sobrenatural o plano e
qual o propósito de Deus ao indivíduo para o futuro, através de uma Palavra de
sabedoria. É uma palavra somente, e não toda a sabedoria de Deus, pois é
impossível para o ser humano ter toda a sabedoria. Devemos entender que não se
trata da sabedoria natural que o homem utiliza para o dia a dia, pois essa
Tiago 1:5 diz que podemos pedir que Deus dá a todos liberalmente. A Bíblia fala
de três tipos de sabedoria: l) Aquela que chamamos de Sabedoria humana para as
questões da nossa vida; 2) A sabedoria Satânica usada para o mau e 3) A
Sabedoria de Deus que usamos para engrandecer o Criador. De acordo com a
Palavra de Deus esse dom atua em conjunto com o dom do conhecimento. (Atos:
9:10-16, 11:28-30) Sabemos que nos últimos dias o dom da palavra de Sabedoria
estará atuando grandemente no seio da Igreja do Senhor.]
SINOPSE DO TÓPICO (1)
A sabedoria a que se refere 1 Coríntios
12.8 não é a humana, adquirida mediante os livros ou nas universidades, mas sim
uma capacidade sobrenatural, divina, para tomar decisões sábias em
circunstâncias extremante difíceis.
II. PALAVRA DA CIÊNCIA
1. O que é? Este dom
muito se relaciona ao ensino das verdades da Palavra de Deus, fruto do
resultado da iluminação do Espírito acerca das revelações dos mistérios de Deus
conforme aborda Stanley Horton, em sua Teologia Sistemática (CPAD). Este dom
também se relaciona à capacidade sobrenatural concedida pelo Espírito Santo ao
crente para este conhecer fatos e circunstâncias ocultas. [Comentário: O Pastor
Elinaldo Renovato escreve em seu livro: “É manifestação da ciência ou do
conhecimento de Deus, concedido ao homem salvo. Pode ser dado por sonho, por
visão, por revelação especial, por voz de Deus na mente, operando na esfera
humana, no seio da igreja; sendo um conhecimento sobrenatural propiciado por
Deus. Paulo fala de “todos os mistérios e toda a ciência” (1 Co 13.2), que só
têm valor se for sob a graça do amor de Deus. Através desse dom, o crente
penetra nas profundezas do conhecimento de Deus (cf. Ef 1.17-19). “Mas, como
está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram
ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus
no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas,
ainda as profundezas de Deus” (1 Co 2.9). A Palavra de Deus mostra exemplos
desse dom. Quando Jesus pregava para a mulher samaritana, soube detalhes da
vida dela, que o conhecimento humano não teria condições de alcançar naquela
circunstância de um encontro inesperado. Ele disse à mulher que chamasse seu
marido. A mulher respondeu que não tinha marido e Jesus lhe disse que ela
tivera “cinco maridos” e aquele com quem vivia não era seu marido. A mulher
ficou admirada, e disse: “Senhor, vejo que és profeta” (Jo 4.16-19). A palavra
da ciência não é adivinhação nem expressão de tentativa de erro e acerto. E
dada pelo Espírito Santo”. Elinaldo Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora
CPAD. pag. 36-37.]
2. Sua função. O dom da
palavra da ciência não visa servir a propósitos triviais, como o de descobrir o
significado dos tecidos do Tabernáculo ou a identidade da mulher de Caim, etc.
Isto é mera curiosidade humana, e o dom de Deus não foi dado para satisfazê-la.
A manifestação sobrenatural deste dom tem a finalidade de preservar a vida da
igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno. [Comentário: Esse dom revela coisas que não são percebidas
pela visão natural (ver 1 Sm 16.7; Jo 2.24,25). É uma revelação sobrenatural do
Espírito Santo ao ser humano de fatos e informações que seriam impossíveis de
serem conhecidos se não fossem liberados da mente de Deus e pode envolver
pessoas, lugares e objetos. É uma palavra de conhecimento do presente ou de
alguma coisa do passado que Deus quer revelar, para que seu nome seja
engrandecido e glorificado. Isso só pode acontecer pela ação do Espírito Santo.
Este dom permite que a pessoa identifique fatos recentes, como cumprimento de
profecias bíblicas antigas. Somente o conhecimento da Palavra de Deus,
permitirá que a pessoa reconheça uma profecia e o seu cumprimento. Exemplos: •
O jovem Samuel, foi chamado por Deus e recebeu uma palavra de conhecimento
sobre o futuro da família do sacerdote Eli. I Samuel 3:1-14. • Mais tarde,
Samuel recebeu a revelação de que Saul seria ungido rei de Israel, e que ele
estava escondido entre as bagagens. I Samuel 9:15-16 e I Samuel 10:22. • O
profeta Eliseu preveniu o rei de Israel para não seguir por determinado
caminho, por onde o rei da Síria passaria. I Reis 6:8-12. • Eliseu prediz
abundância de comida. II Reis 7:1. • Eliseu recebeu uma palavra sobre Geazi, seu
ajudante, que desobedeceu recebendo presentes do general sírio. II Reis
5:25-26.]
3. Exemplos bíblicos da palavra da
ciência. Ao profeta
Eliseu foram revelados os planos de guerra do rei da Síria. Quando o rei sírio
pensou em atacar o exército de Israel, surpreendendo-o em determinado lugar, o
profeta alertou o rei de Israel sobre os planos inimigos (2Rs 6.8-12). Outro
exemplo foi a revelação de Daniel acerca do sonho de Nabucodonosor, quando Deus
descortinou a história dos grandes impérios mundiais ao profeta (Dn 2.2,3;
17-19). Em o Novo Testamento, esse dom foi manifesto quando o apóstolo Pedro
desmascarou a mentira de Ananias e Safira (At 5.1-11). O dom da palavra da
ciência não é adivinhação, mas conhecimento, concedido sobrenaturalmente, da
parte de Deus. [Comentário: O profeta Eliseu
sabia os planos de guerra do rei da Síria, mesmo à distância. Quando o rei
pensava em atacar o exército de Israel de surpresa, em determinado lugar o
profeta de Deus alertava ao rei de Israel dos planos do inimigo, por diversas
vezes. O rei sírio ficou intrigado e desconfiou de que haveria um traidor no
meio de suas tropas. Mas um dos servos do rei o fez saber o mistério: “E disse
um dos seus servos: Não, ó rei, meu senhor; mas o profeta Eliseu, que está em
Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas na tua câmara de
dormir” (2 Rs 6.8-12). Era um conhecimento muito mais aperfeiçoado do que todos
os atuais sistemas de informação, com uso de tecnologia de ponta, usados no
mundo atual. Eliseu não tinha informantes, nem sonhava com equipamentos de
comunicação ou de satélites. Era a mensagem divina, diretamente do Espírito
Santo ao seu coração. Quando o profeta Samuel disse a Saul que as jumentas do
pai já haviam sido encontradas, foi pela ciência ou conhecimento de Deus (1 Sm
9.15-20). Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo
a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 37-38.]
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O dom da palavra da ciência não é para
servir a propósitos triviais. A manifestação sobrenatural deste dom tem a
finalidade de preservar a vida da igreja, livrando-a de qualquer engano ou
artimanha do maligno.
III. DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS
1. O dom de discernir os espíritos. É uma
capacidade sobrenatural dada por Deus ao crente para discernir a origem e a
natureza das manifestações espirituais. De acordo com o termo grego diakrisis,
a palavra discernir significa “julgar através de”; “distinguir”. Ela denota o
sentido de “se penetrar da superfície, desmascarando e descobrindo a verdadeira
fonte dos motivos”. Stanley Horton afirma que este dom “envolve uma percepção
capaz de distinguir espíritos, cuja preocupação é proteger-nos dos ataques de
Satanás e dos espíritos malignos” (cf. 1Jo 4.1). [Comentário: Como as palavras
da ciência e da sabedoria, o dom de discernir os espíritos é uma capacitação
sobrenatural do Espírito Santo que permite conhecermos a natureza e o caráter
dos espíritos. Ajuda o crente a separar o falso do verdadeiro, o puro do
impuro, o santo do pecador, o joio do trigo e, especialmente, a intenção dos
corações (Leia 1 João 4.1). a. Exemplo do Antigo Testamento:- O profeta
Elizeu, homem de Deus, desmascarou o espírito de engano em seu servo que
desejou tomar de Naamã um talento de prata e duas mudas de roupa, como
pagamento da cura de sua lepra. O pobre Geazi herdou apenas a lepra. Os que
compram e vendem os dons de Deus morrem leprosos, mesmo que esta doença não
seja visível no corpo, inunda a alma com a imundície deste pecado, chamado de
simonia (2 Reis 5.20-27). b. Exemplo do Novo Testamento:- É no Novo
Testamento que este dom se manifesta em todo o seu vigor, revelando os
espíritos maus e enganadores dos últimos tempos. Em Atos 16.16-18, Paulo
enfrentou uma situação na qual precisou discernir os espíritos. Ele conheceu a
origem daquela bajulação e expulsou o demônio em nome de Jesus Cristo. Os
crentes precisam exercer este dom na atualidade, quando o espírito de mentira
está em muitos lábios, tanto ou mais que nos dias dos apóstolos.]
2. As fontes das manifestações
espirituais. Ao longo das
Escrituras podemos destacar três origens das manifestações espirituais no
mundo: Deus, o homem e o Diabo. Uma profecia, por exemplo, pode ser fruto da
ordem divina ou da mente humana ou ainda de origem maligna. Como saber? Aqui, o
dom de discernir os espíritos tem o papel essencial de preservar a saúde
espiritual da congregação. Segundo nos ensina o pastor Estêvam Ângelo, o
“discernimento de espíritos não é habilidade para descobrir as faltas alheias”.
O dom não é uma permissão para julgar a vida dos outros. [Comentário: Esta habilidade conferida pelo Espírito Santo
para reconhecer a identidade dos espíritos que estão envolvidos nas atividades
terrenas, bons ou maus. É um dom que traz clareza a igreja do Senhor, traz a
luz as confusões e orienta. Tem como propósito proteger, guardar, guiar e
alimentar os Filhos de Deus. (Atos 16.16-18). Hoje estamos passando por
manifestações sobrenaturais e muitas vezes o povo de Deus não sabe de onde vem,
se de Deus ou do diabo. Nem todo milagre está vindo de Deus pois Satanás também
é um espírito sobrenatural. Este dom não é liberado para julgamento do próximo
(Mt 7.1), nem para achar falhas de caráter nas pessoas, mas unicamente
para discernir os espíritos. Não se engane, quem possui esse dom não fica a
tentar conhecer as pessoas interiormente. É uma farsa! Este dom é acompanhado
pela habilidade divina para resistir aos espíritos e sair vencedor.]
3. Discernindo as manifestações
espirituais. A Palavra de
Deus nos ensina que os espíritos devem ser provados (1Jo 4.1). Toda palavra que
ouvimos em nome de Deus deve passar pelo crivo das Sagradas Escrituras, pois o
Senhor Jesus nos advertiu sobre os falsos profetas. Ele ensinou-nos que os
falsos profetas são conhecidos pelos “frutos que produzem”, isto é, pelo
caráter (Mt 7.15-20). Jesus conhece o segredo do coração humano, mas nós não, e
por isso precisamos do Espírito Santo para revelar-nos a verdadeira motivação
daqueles que falam em nome do Senhor. O apóstolo João nos advertiu acerca do
“espírito do anticristo” que já opera neste mundo (1Jo 4.3). [Comentário:
Somos advertidos contra os falsos profetas. Devemos prestar atenção para
não sermos enganados ou nos deixar impressionar por eles. Profetas são aqueles
que preveem as coisas que vão acontecer. Existem alguns, mencionados no Antigo
Testamento, que tinham a pretensão de fazer previsões, sem dar nenhuma
garantia, e os acontecimentos desmentiram as suas pretensões; dentre eles,
estão Zedequias (1 Rs 22.11) e um outro Zedequias (Jr 29.21). Os profetas
também ensinavam ao povo o seu dever, de modo que os falsos profetas
mencionados aqui também eram falsos mestres. Cristo, que além de Messias era um
Profeta e um Mestre enviado por Deus com a missão de enviar outros mestres que
com Ele aprendessem, está nos advertindo a prestar atenção nos impostores. Ao
invés de terem a pretensão de curar as almas com tuna doutrina saudável, eles
não fazem mais do que envenená-las. Paulo cita como exemplo digno de ser
seguido os crentes de Beréia, os quais conferiam toda palavra de Paulo nas
Escrituras. Aqui está uma grande necessidade da igreja hoje - muitos crentes
são “analfabetos” bíblicos. Esta é a causa de tantas heresias infiltradas em
nosso meio. Sem dúvida, o dom discernir os espíritos é uma urgência hoje, pois
esta é uma das maneiras pelas quais os discípulos de Cristo poderão ser
desviados do caminho ao céu, o que torna o fato uma advertência necessária.
Tomai cuidado, conservai-vos longe, não tende nada a ver com pseudo-profetas, com
profetas falsos. Até mesmo é loucura parar e discutir com eles. Pois, eles são
profetas falsos. Falsificam, deliberadamente, a Palavra de Deus. Eles colocam
suas próprias mentiras e a sabedoria de pessoas falíveis no lugar da verdade
eterna. Chegam, sem serem convidados, sem chamado. Têm, como prática, ir
àquelas pessoas que são membros duma igreja, com a intenção deliberada de
induzi-las a abandonarem a verdade. São sábios em sua própria presunção e nas
formas do engano. Chegam numa forma muito humilde, na vestimenta da inocência e
inofensividade. Confessam ter autorização do próprio Deus, e são adeptos de
fingida amabilidade. Mas seu verdadeiro caráter se mostrará depois, visto que,
por inclinação e treinamento, são lobos vorazes. Sua natureza é devorar. São
gananciosos por dinheiro, ambiciosos por poder, mas, acima de tudo, são
ansiosos para destruir almas. São assassinos de almas humanas.]
SINOPSE DO TÓPICO (3)
O dom de discernimento dos espíritos é
uma capacidade sobrenatural dada por Deus ao crente para discernir a origem e a
natureza das manifestações espirituais.
CONCLUSÃO
A Igreja de Jesus necessita dos dons de revelação para discernir entre o
certo e o errado, entre o legítimo e o falso. Os falaciosos ensinos e as
manifestações malignas podem ser desmascarados pelo dom do discernimento dos
espíritos. Que Deus conceda à sua igreja dons de revelação para não cairmos nas
astutas ciladas do Maligno. [Comentário:
O grande avivalista Edwin Orr, certa feita, pregava à uma grande
multidão. Para espanto dos presentes, chamou um pastor imersionista e outro
aspersionista e perguntou: “Qual de vocês usa mais água no batismo? Antes que o
constrangimento se instalasse, ele disse: Não importa a quantidade de água. A
água só lava o interior. É preciso receber o batismo com fogo, porque o fogo
queima e purifica o exterior. Terminada essas palavras, ele voltou-se para a
multidão e disse, vocês precisam ser batizados com fogo”. Os dons do Espírito
são os meios pelos quais os membros do corpo de Cristo são habilitados e
equipados para a realização da obra de Deus. Sem os dons do Espírito, ao invés
de a Igreja ser um organismo vivo e poderoso, seria apenas mais uma organização
humana e religiosa. É urgente clamarmos pelos dons, além daquele(s) que temos
recebido, busquemos o dom de discernir os espíritos, a faculdade de perceber
diferenças, distinguir entre a verdade e o erro e de julgar as coisas
claramente. O discernimento será útil na seleção do que ouvimos, falamos,
lemos, vemos. É uma questão de disciplina! É ter percepção para
reconhecer falsos profetas, espíritos enganadores e distinguir e separar entre
o sobrenatural da parte de Deus e da parte das trevas. “Vede pois como ouvis”
(Lc 8.18). “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus”
(Tg 1.5). “... todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar...” (Tg
1.19). Na vida cristã prática, o discernimento, impedirá o
desenvolvimento da raiz do mal, já cortada pela obra realizada na Cruz, mas
arraigada na natureza humana. O discernimento favorecerá o crescimento
espiritual, com a libertação dos desejos impuros da mente, da rebeldia e
oposição à Palavra. “... tendo os sentidos exercitados para discernir tanto o
bem como o mal” (Hb 5.14). “Se alguém tem ouvidos ouça... atendei ao que ides
ouvir” (Mc 4.23-24a).] “NaquEle que me garante: "Pela
graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus"
(Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco Barbosa
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