sexta-feira, 18 de abril de 2014

LIÇÃO 3 - DONS DE REVELAÇÃO





SUBSÍDIO I



INTRODUÇÃO

Os dons de revelação são classificados dentro dessa terminologia porque estão relacionados ao conhecimento. Mas tal ciência não depende de atributos meramente humanos, ditos naturais, mas de Deus, que sobrenaturalmente, descortina o desconhecido. Na aula de hoje aprenderemos sobre os seguintes dons de revelação, conforme listados por Paulo em I Co. 12.8-11: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento (ciência) e discernimento de espíritos.

1. PALAVRA DE SABEDORIA

Existem diferentes tipos de sabedoria, a sabedoria satânica, geralmente empregada para o engano, com propósitos malignos. A principal característica da sabedoria satânica é a inveja, e o sentimento faccioso, que resulta na desunião (Tg. 3.14-16). Satanás teve a pretensão de ser maior do que Deus, e de competir com Ele em posição (Ez. 28.12-17). Depois que Deus colocou Adão e Eva no jardim, Satanás semeou a dúvida no coração dos primeiros pais (Gn. 3.1), e os conduziu para a queda (Gn. 3.4,5). Existe também a sabedoria humana, resultante da investigação, na verdade, a sabedoria se distingue do conhecimento. Este se caracteriza pelo acúmulo de informações, enquanto que aquele diz respeito à aplicação apropriada do conhecimento. É nesse sentido que os autores de Provérbios encaminham seus leitores à obediência, no temor do Senhor, como princípio da sabedoria (Pv. 4.7). É essa mesma sabedoria que Tiago diz que Deus dá a todos aqueles que O pedirem, e a buscam (Tg. 1.5). O dom de sabedoria (gr. logos sophia), na instrução de Paulo aos coríntios, é uma manifestação por meio da qual Deus responde, através dos lábios do crente, a uma necessidade de orientação, que não pode ser realizada pelos meios naturais. A liderança da igreja pode conduzir o rebanho com a sabedoria que vem do alto, para solucionar um problema, tal como aquele que resultou na escolha dos diáconos para o serviço na igreja (At. 6.1-3,10). Por isso esse dom é manifesto através de uma palavra, isto é, de uma expressão, que nos é intuída, sobrenaturalmente, diante de um acontecimento e/ou interrogação. As respostas que Jesus deu aos seus opositores, durante seu ministério público, exemplificam a manifestação desse dom. Aos ser interrogado pela mulher samaritana, a respeito do lugar correto para a adoração, Jesus responde que os verdadeiros adoradores são buscados por Deus, e que esses o fazem em espírito e em verdade (Jo. 4.24). Existem várias passagens, ao longo dos evangelhos em que Jesus se utiliza da palavra de sabedoria: 1) pedido de partilha da herança ao irmão (Lc. 12.13); 2) indagação sobre a validade do batismo de João (Mt. 21.25); 3) questão a respeito do pagamento de tributo a Cezar (Mt. 22.21). e 4) debate sobre a ressurreição dos mortos (Mt. 22.32). Deus pode usar os irmãos da igreja para responder às perguntas de crentes e descrentes diante de situações adversas, assim como fez com Filipe, quando questionado pelo Eunuco, a respeito da salvação (At. 8.26-30).

2. PALAVRA DE CONHECIMENTO

Esse dom diz respeito à ciência, ao conhecimento de algo em ocorrência, ou que está para acontecer. Trata-se de uma manifestação de consciência que não poderia ser sabida pelas vias naturais, por meio de investigação ou pesquisa. Esse conhecimento não é educacional, resultado de estudos, nem mesmo o bíblico. Evidentemente não devemos nos opor à análise do texto bíblico, uma exegese apropriada evita equívocos interpretativos, e o surgimento de heresias no seio da igreja. Afinal Deus é a fonte do conhecimento espiritual, ninguém pode saber quem Ele é a menos que Ele mesmo queira se revelar (I Co. 2.4; 13.9). Quando estamos estudando a Bíblia, considerando os princípios de interpretação, dependendo do Espírito Santo, estamos conhecendo o que nos foi revelado na Palavra, que é inspirada pelo mesmo Espírito (II Tm. 3.16). Mas o dom da palavra do conhecimento (gr. logos gnoseos) é uma expressão instantânea resultante de uma revelação do Espírito (I Co. 12.8). Devemos partir do pressuposto que Deus é onisciente, que por esse motivo Ele conhece todas as coisas. É possível identificar exemplos no ministério de Jesus da manifestação da palavra de conhecimento. Ele tinha revelação de fatos que estavam ainda por acontecer, não precisava que alguém lhe dissesse determinados assuntos, nem mesmo a respeito das pessoas (Jo. 2.25). Jesus conhecia seus discípulos, por isso revelou-lhes que Lázaro estava doente, mas que tal enfermidade não seria para morte (Jo. 11.4-11). Os discípulos questionaram a respeito da Sua morte, mas Ele sabia, desde o princípio, que se fazia necessário padecer, morrendo e ressuscitando dentre os mortos (Mt. 16.21). Antes da Páscoa Jesus enviou Seus discípulos a uma aldeia, a fim de trazerem um jumentinho, no qual adentraria a cidade de Jerusalém (Mt. 21.2). Ele os enviou também para prepararem o lugar da Páscoa, dando orientações a respeito, que fora encontrada tal como Ele os dissera (Lc. 22.8-13). Quando Jesus encontrou Pedro, identificou-o como um futuro pescador de homens (Lc. 5.8-10; Jo. 1.42). Também se expressou em relação a Natanael como um homem em que não havia dolo (Jo. 1.47). Na conversa com a mulher samaritana, Ele revelou que ela tinha cinco maridos e o que tinha naquele momento não lhe pertencia (Jo. 4.18,18). Antes de ser crucificado, após ter sido preso pelas autoridades, Jesus antecipou a Pedro que este o trairia (Lc. 22.34). Como Cristo decidiu esvaziar-se da Sua glória (Fp. 2.7), não da divindade, fez a opção de depender do Espírito Santo em Seu ministério terreno, atuando através da capacitação do Espírito Santo (Lc. 4.1,18).

3. DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS

O dom de discernimento de espírito é uma capacitação sobrenatural, dada pelo Espírito Santo, para identificar manifestações que não procedem de Deus. Nada tem a ver com o julgamento humano, partindo de critérios analíticos, fundamentados na psicologia. Há quem pense que o dom de discernimento de espírito serve para identificar as falhas dos outros, ou que é uma antecipação do pensamento alheio, com base em técnicas humanas e/ou satânicas. O dom de discernimento de espíritos (gr. diakrisis pneumaton) é uma habilitação sobrenatural que permite a identificação da natureza e do caráter dos espíritos. Não podemos esquecer que Satanás pode se transformar em anjo de luz, para difundir o engano inclusive dentro da igreja (II Co. 11.14). Estamos diante de uma batalha espiritual, portanto, precisamos estar preparados, inicialmente com toda armadura de Deus, para vencer as hostes celestiais do Maligno (Ef. 6.11,12). Para tanto devemos cingir os lombos com a verdade, vestir a couraça da justiça, calçar os pés com a preparação do evangelho da paz, o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do Espírito (Ef. 6.13-17). Precisamos, para vencer as hostes satânicas, permanecer atentos quanto ao “espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef. 2.2). E saber que o espírito do Anticristo, está presente no mundo (I Jo. 4.1-3). Existem manifestações desse dom no ministério de Cristo, Ele revelava que seus opositores agiam pelo espírito do Diabo (Lc. 13.11-16), que algumas enfermidades eram provenientes de opressão maligna (Mt. 12.22; Mc. 9.25; Lc. 8.29). Paulo, que foi usado pelo Espírito para revelar que havia um espírito de adivinhação em uma jovem em Filipos (At. 16.16-18), admoesta os crentes, através de Epístola a Timóteo, quanto às falsas doutrinas dos últimos dias (I Tm. 4.1). O engano na igreja pode ser identificado através do ensinamento bíblico, por isso Paulo instrui Timóteo a ensinar (I Tm. 4.11). Mas em alguns casos, de modo sobrenatural e instantâneo, o Espírito Santo pode capacitar a igreja a identificar uma atuação enganosa. Isso evita que a igreja seja conduzida ao erro, e se deixe levar pelo ensino dos falsos mestres, que querem desvirtuar o rebanho de Deus (At. 20.30).

CONCLUSÃO

Os dons de revelação são imprescindíveis para a igreja cristã, por meio deles somos capacitados, sobrenaturalmente pelo Espírito Santo, para responder às indagações que nos são postas, através dos opositores da fé. Esse mesmo Espírito também pode nos capacitar para conhecer realidades que não poderíamos pelas vias naturais. Isso importante para demonstrar, para os descrentes, que Deus conhece todas as coisas. Por fim, o Espírito Santo, em algumas circunstâncias, pode dar aos crentes a capacitação para identificar o engano, evitando, assim, que sejamos desencaminhados pelos falsos mestres, que são guiados por Satanás e suas hostes celestiais.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa



 SUBSÍDIO II




INTRODUÇÃO

O teólogo pentecostal Stanley Horton afirma que “a maioria dos estudiosos classifica os dons de 1 Coríntios 12.8-10 em três categorias: revelação, poder e expressão, [tendo] três dons em cada categoria”. Na lição desta semana estudaremos a respeito dos dons da “primeira categoria”: os de revelação. Estes são concedidos aos servos de Deus para o aconselhamento e orientação da Igreja do Senhor. [Comentário: Os dons de revelação têm o propósito de manifestar a onisciência de Deus no meio da Igreja. Os dons espirituais formam a base do crescimento espiritual e capacita o crente para o serviço. Seu exercício é fundamental, tanto na adoração como na edificação da Igreja. Eles podem ser classificados em três grupos: primeiro, dons de revelação: palavra da sabedoria, palavra da ciência e discernimento dos espíritos. Segundo, dons de poder: fé, dons de cura e operação de maravilhas. Terceiro, dons de inspiração: profecia, variedades de línguas e interpretação de línguas. Os DONS DE REVELAÇÃO são assim chamados porque concedem ao crente poder para o saber, ou seja, recebemos do Espírito Santo informações e revelações de forma sobrenatural, com a finalidade de tornar-nos capazes de conhecer o pensamento divino e a intenção dos opositores da obra divina, em certos momentos, ou para fins específicos.] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. PALAVRA DA SABEDORIA

1. Conceito. O termo palavra exprime uma manifestação verbal ou escrita. Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss, sabedoria significa “discernimento inspirado nas coisas sobrenaturais e humanas”. A sabedoria abordada pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 12.8a refere-se a uma capacitação divina sobrenatural para tomada de decisões sábias e em circunstâncias extremas e difíceis. De acordo com Estêvam Ângelo de Souza, “a palavra da sabedoria é a sabedoria de Deus, ou, mais especificamente, um fragmento da sabedoria divina, que nos é dada por meios sobrenaturais”. [Comentário: O Pastor Elinaldo Renovato escreve em seu livro ‘Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário’, que “o s dons de revelação constituem parte da revelação de Deus, concedida ao homem salvo, para que, por eles, a “multiforme sabedoria” divina seja manifestada no meio da Igreja, e os crentes em Jesus sejam protegidos das sutilezas do Adversário e das maquinações humanas contra a fé cristã. Sem a presença física de Cristo, após sua Ascensão aos céus, os salvos, reunidos em igrejas locais, precisam, de maneira indispensável, dos dons espirituais, tanto para cumprirem a Missão confiada por Cristo, quanto para lutar e vencer “as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais” (Ef 6.12). Sem eles, a igreja local não passa de uma comunidade humana, uma associação religiosa, como um “vale de ossos”, transformados em corpos com tecidos humanos, mas sem vida. Tem estruturas humanas, ministeriais, denominacionais, intelectuais, políticas e administrativas, mas não tem o poder de Deus em sua vida institucional. Os dons espirituais propiciam a provisão divina para a igreja cumprir a sua missão, concedida por Cristo, de proclamar o evangelho por todo o mundo e a toda a criatura. Dentre esses, os chamados “dons de revelação” aparecem como categoria de grande valor e necessidade, no meio das igrejas locais. No tempo de Paulo, havia confusões, mistificações doutrinárias, ensinos heréticos e tantos outros tipos de informações, que chegavam aos ouvidos dos crentes, que muitos se desviaram, iludidos pelos “ventos de doutrina” (Ef 4.14). O gnosticismo ameaçava a integridade da fé cristã. Os judaizantes queriam impor seus ensinos legalistas e ultrapassados. A igreja precisava de recursos espirituais sobrenaturais para não ser esmagada pelas heresias, muitas delas travestidas de verdades absolutas. Só a revelação de Deus, manifestada de forma incisiva, poderia evitar a derrocada do cristianismo. E, nos dias presentes, será que não há necessidade da revelação especial de Deus, através de sua palavra e de dons ou carismas que façam a diferença, para que os cristãos saibam discernir o “joio do trigo”? Certamente hoje, mais do que nunca, a igreja de Jesus, em toda a parte, necessita desses recursos. Os dons de revelação podem identificar a origem, os meios e os propósitos de muitas falsas doutrinas que surgem a cada dia, no meio evangélico. Pela revelação sobrenatural, pode-se desmascarar os falsos pastores, os “obreiros fraudulentos”, “de torpe ganância”. Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 31-32.]

2. A Bíblia e a palavra de sabedoria. Embora na Antiga Aliança os dons espirituais não fossem plena e claramente evidenciados como na Nova, alguns episódios do Antigo Testamento vislumbram o quanto Deus conferia aos homens sabedoria do alto para executar tarefas ou tomar decisões. Um exemplo disso é a revelação e a interpretação dos sonhos de Faraó através de José, o filho de Jacó (Gn 41.14-41). Ele não apenas interpretou os sonhos de Faraó, mas trouxe orientações sábias para que o Egito se preparasse para o período de fome que estava para vir. A habilidade do rei Salomão em resolver causas complexas, igualmente, é um admirável exemplo de dom da sabedoria no Antigo Testamento (1Rs 3.16-28; 4.29-34). Em o Novo Testamento podemos tomar como exemplo de palavra da sabedoria a exposição da Escritura realizada pelo diácono e primeiro mártir cristão, Estevão. O livro de Atos conta-nos que os sábios da sinagoga, chamada dos Libertos, “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava” (At 6.9,10). [Comentário: A palavra da sabedoria e da ciência é a capacidade de saber e de aplicar as revelações são as principais virtudes da sabedoria e da ciência. A palavra da sabedoria é conhecimento dado pelo Espírito que capacita o crente a perceber, falar e agir em circunstâncias tais que os elementos naturais se tornam inúteis (Leia Tiago 3.17 e 1 Co 2.6-8). A palavra da ciência ou do conhecimento também não provém de habilidades humanas. Não é adivinhação; fenômeno psíquico, perceptivo ou telepático (leia Dt 18.9-12) e nem tão pouco é o resultado de um profundo conhecimento bíblico e teológico. No Antigo Testamento, temos alguns exemplos marcantes dessa revelação da sabedoria de Deus. José, na prisão, interpretou sonhos de servos de Faraó, os quais se cumpriram plenamente. Chamado ao palácio real, diante de todos os sábios, adivinhos e conselheiros do rei, interpretou os sonhos proféticos que Deus concedera ao monarca egípcio. Se não fosse a sabedoria do Espírito de Deus, jamais o jovem hebreu teria tamanha capacidade para interpretar os misteriosos sonhos das vacas gordas e das vacas magras, e foi elevado à posição de Governador do Egito (cf. Gn 41.14-41). Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 34-35.]

3. Uma liderança sábia. A palavra de sabedoria é de grande valor na tarefa do aconselhamento pessoal e em situações que demandam uma orientação no exercício do ministério pastoral. Entretanto, tenhamos cuidado para não confundir a manifestação desse dom com o nosso desejo pessoal. Lembremo-nos de que Deus manifesta os dons em nossas vidas segundo o conselho da sua sabedoria, não da nossa. Tenhamos maturidade e cuidado no uso dos dons! [Comentário: Há o conhecimento natural que um homem adquire no decorrer da sua vida, por experiências, estudos, leituras, convivência com outras pessoas, viagens, pesquisas, buscas constantes motivadas pela ânsia de saber. A palavra da ciência é uma revelação sobrenatural que Deus concede aos crentes em certos momentos de suas vidas, com a finalidade de socorrer os seus e manifestar sua glória e poder. As palavras da ciência e da sabedoria se completam. A primeira permite conhecer os segredos divinos; a segunda leva o crente a aplicar corretamente os conhecimentos revelados. O Espírito Santo revela de modo sobrenatural o plano e qual o propósito de Deus ao indivíduo para o futuro, através de uma Palavra de sabedoria. É uma palavra somente, e não toda a sabedoria de Deus, pois é impossível para o ser humano ter toda a sabedoria. Devemos entender que não se trata da sabedoria natural que o homem utiliza para o dia a dia, pois essa Tiago 1:5 diz que podemos pedir que Deus dá a todos liberalmente. A Bíblia fala de três tipos de sabedoria: l) Aquela que chamamos de Sabedoria humana para as questões da nossa vida; 2) A sabedoria Satânica usada para o mau e 3) A Sabedoria de Deus que usamos para engrandecer o Criador. De acordo com a Palavra de Deus esse dom atua em conjunto com o dom do conhecimento. (Atos: 9:10-16, 11:28-30) Sabemos que nos últimos dias o dom da palavra de Sabedoria estará atuando grandemente no seio da Igreja do Senhor.]

SINOPSE DO TÓPICO (1)
A sabedoria a que se refere 1 Coríntios 12.8 não é a humana, adquirida mediante os livros ou nas universidades, mas sim uma capacidade sobrenatural, divina, para tomar decisões sábias em circunstâncias extremante difíceis.

II. PALAVRA DA CIÊNCIA

1. O que é? Este dom muito se relaciona ao ensino das verdades da Palavra de Deus, fruto do resultado da iluminação do Espírito acerca das revelações dos mistérios de Deus conforme aborda Stanley Horton, em sua Teologia Sistemática (CPAD). Este dom também se relaciona à capacidade sobrenatural concedida pelo Espírito Santo ao crente para este conhecer fatos e circunstâncias ocultas. [Comentário: O Pastor Elinaldo Renovato escreve em seu livro: “É manifestação da ciência ou do conhecimento de Deus, concedido ao homem salvo. Pode ser dado por sonho, por visão, por revelação especial, por voz de Deus na mente, operando na esfera humana, no seio da igreja; sendo um conhecimento sobrenatural propiciado por Deus. Paulo fala de “todos os mistérios e toda a ciência” (1 Co 13.2), que só têm valor se for sob a graça do amor de Deus. Através desse dom, o crente penetra nas profundezas do conhecimento de Deus (cf. Ef 1.17-19). “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (1 Co 2.9). A Palavra de Deus mostra exemplos desse dom. Quando Jesus pregava para a mulher samaritana, soube detalhes da vida dela, que o conhecimento humano não teria condições de alcançar naquela circunstância de um encontro inesperado. Ele disse à mulher que chamasse seu marido. A mulher respondeu que não tinha marido e Jesus lhe disse que ela tivera “cinco maridos” e aquele com quem vivia não era seu marido. A mulher ficou admirada, e disse: “Senhor, vejo que és profeta” (Jo 4.16-19). A palavra da ciência não é adivinhação nem expressão de tentativa de erro e acerto. E dada pelo Espírito Santo”. Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 36-37.]

2. Sua função. O dom da palavra da ciência não visa servir a propósitos triviais, como o de descobrir o significado dos tecidos do Tabernáculo ou a identidade da mulher de Caim, etc. Isto é mera curiosidade humana, e o dom de Deus não foi dado para satisfazê-la. A manifestação sobrenatural deste dom tem a finalidade de preservar a vida da igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno. [Comentário: Esse dom revela coisas que não são percebidas pela visão natural (ver 1 Sm 16.7; Jo 2.24,25). É uma revelação sobrenatural do Espírito Santo ao ser humano de fatos e informações que seriam impossíveis de serem conhecidos se não fossem liberados da mente de Deus e pode envolver pessoas, lugares e objetos. É uma palavra de conhecimento do presente ou de alguma coisa do passado que Deus quer revelar, para que seu nome seja engrandecido e glorificado. Isso só pode acontecer pela ação do Espírito Santo. Este dom permite que a pessoa identifique fatos recentes, como cumprimento de profecias bíblicas antigas. Somente o conhecimento da Palavra de Deus, permitirá que a pessoa reconheça uma profecia e o seu cumprimento. Exemplos: • O jovem Samuel, foi chamado por Deus e recebeu uma palavra de conhecimento sobre o futuro da família do sacerdote Eli. I Samuel 3:1-14. • Mais tarde, Samuel recebeu a revelação de que Saul seria ungido rei de Israel, e que ele estava escondido entre as bagagens. I Samuel 9:15-16 e I Samuel 10:22. • O profeta Eliseu preveniu o rei de Israel para não seguir por determinado caminho, por onde o rei da Síria passaria. I Reis 6:8-12. • Eliseu prediz abundância de comida. II Reis 7:1. • Eliseu recebeu uma palavra sobre Geazi, seu ajudante, que desobedeceu recebendo presentes do general sírio. II Reis 5:25-26.]

3. Exemplos bíblicos da palavra da ciência. Ao profeta Eliseu foram revelados os planos de guerra do rei da Síria. Quando o rei sírio pensou em atacar o exército de Israel, surpreendendo-o em determinado lugar, o profeta alertou o rei de Israel sobre os planos inimigos (2Rs 6.8-12). Outro exemplo foi a revelação de Daniel acerca do sonho de Nabucodonosor, quando Deus descortinou a história dos grandes impérios mundiais ao profeta (Dn 2.2,3; 17-19). Em o Novo Testamento, esse dom foi manifesto quando o apóstolo Pedro desmascarou a mentira de Ananias e Safira (At 5.1-11). O dom da palavra da ciência não é adivinhação, mas conhecimento, concedido sobrenaturalmente, da parte de Deus. [Comentário: O profeta Eliseu sabia os planos de guerra do rei da Síria, mesmo à distância. Quando o rei pensava em atacar o exército de Israel de surpresa, em determinado lugar o profeta de Deus alertava ao rei de Israel dos planos do inimigo, por diversas vezes. O rei sírio ficou intrigado e desconfiou de que haveria um traidor no meio de suas tropas. Mas um dos servos do rei o fez saber o mistério: “E disse um dos seus servos: Não, ó rei, meu senhor; mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas na tua câmara de dormir” (2 Rs 6.8-12). Era um conhecimento muito mais aperfeiçoado do que todos os atuais sistemas de informação, com uso de tecnologia de ponta, usados no mundo atual. Eliseu não tinha informantes, nem sonhava com equipamentos de comunicação ou de satélites. Era a mensagem divina, diretamente do Espírito Santo ao seu coração. Quando o profeta Samuel disse a Saul que as jumentas do pai já haviam sido encontradas, foi pela ciência ou conhecimento de Deus (1 Sm 9.15-20). Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 37-38.]

SINOPSE DO TÓPICO (2)
O dom da palavra da ciência não é para servir a propósitos triviais. A manifestação sobrenatural deste dom tem a finalidade de preservar a vida da igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno.


III. DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS

1. O dom de discernir os espíritos. É uma capacidade sobrenatural dada por Deus ao crente para discernir a origem e a natureza das manifestações espirituais. De acordo com o termo grego diakrisis, a palavra discernir significa “julgar através de”; “distinguir”. Ela denota o sentido de “se penetrar da superfície, desmascarando e descobrindo a verdadeira fonte dos motivos”. Stanley Horton afirma que este dom “envolve uma percepção capaz de distinguir espíritos, cuja preocupação é proteger-nos dos ataques de Satanás e dos espíritos malignos” (cf. 1Jo 4.1). [Comentário: Como as palavras da ciência e da sabedoria, o dom de discernir os espíritos é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo que permite conhecermos a natureza e o caráter dos espíritos. Ajuda o crente a separar o falso do verdadeiro, o puro do impuro, o santo do pecador, o joio do trigo e, especialmente, a intenção dos corações (Leia 1 João 4.1). a. Exemplo do Antigo Testamento:- O profeta Elizeu, homem de Deus, desmascarou o espírito de engano em seu servo que desejou tomar de Naamã um talento de prata e duas mudas de roupa, como pagamento da cura de sua lepra. O pobre Geazi herdou apenas a lepra. Os que compram e vendem os dons de Deus morrem leprosos, mesmo que esta doença não seja visível no corpo, inunda a alma com a imundície deste pecado, chamado de simonia (2 Reis 5.20-27). b. Exemplo do Novo Testamento:- É no Novo Testamento que este dom se manifesta em todo o seu vigor, revelando os espíritos maus e enganadores dos últimos tempos. Em Atos 16.16-18, Paulo enfrentou uma situação na qual precisou discernir os espíritos. Ele conheceu a origem daquela bajulação e expulsou o demônio em nome de Jesus Cristo. Os crentes precisam exercer este dom na atualidade, quando o espírito de mentira está em muitos lábios, tanto ou mais que nos dias dos apóstolos.]

2. As fontes das manifestações espirituais. Ao longo das Escrituras podemos destacar três origens das manifestações espirituais no mundo: Deus, o homem e o Diabo. Uma profecia, por exemplo, pode ser fruto da ordem divina ou da mente humana ou ainda de origem maligna. Como saber? Aqui, o dom de discernir os espíritos tem o papel essencial de preservar a saúde espiritual da congregação. Segundo nos ensina o pastor Estêvam Ângelo, o “discernimento de espíritos não é habilidade para descobrir as faltas alheias”. O dom não é uma permissão para julgar a vida dos outros. [Comentário: Esta habilidade conferida pelo Espírito Santo para reconhecer a identidade dos espíritos que estão envolvidos nas atividades terrenas, bons ou maus. É um dom que traz clareza a igreja do Senhor, traz a luz as confusões e orienta. Tem como propósito proteger, guardar, guiar e alimentar os Filhos de Deus. (Atos 16.16-18). Hoje estamos passando por manifestações sobrenaturais e muitas vezes o povo de Deus não sabe de onde vem, se de Deus ou do diabo. Nem todo milagre está vindo de Deus pois Satanás também é um espírito sobrenatural. Este dom não é liberado para julgamento do próximo (Mt  7.1), nem para achar falhas de caráter nas pessoas, mas unicamente para discernir os espíritos. Não se engane, quem possui esse dom não fica a tentar conhecer as pessoas interiormente. É uma farsa! Este dom é acompanhado pela habilidade divina para resistir aos espíritos e sair vencedor.]

3. Discernindo as manifestações espirituais. A Palavra de Deus nos ensina que os espíritos devem ser provados (1Jo 4.1). Toda palavra que ouvimos em nome de Deus deve passar pelo crivo das Sagradas Escrituras, pois o Senhor Jesus nos advertiu sobre os falsos profetas. Ele ensinou-nos que os falsos profetas são conhecidos pelos “frutos que produzem”, isto é, pelo caráter (Mt 7.15-20). Jesus conhece o segredo do coração humano, mas nós não, e por isso precisamos do Espírito Santo para revelar-nos a verdadeira motivação daqueles que falam em nome do Senhor. O apóstolo João nos advertiu acerca do “espírito do anticristo” que já opera neste mundo (1Jo 4.3). [Comentário: Somos advertidos contra os falsos profetas. Devemos prestar atenção para não sermos enganados ou nos deixar impressionar por eles. Profetas são aqueles que preveem as coisas que vão acontecer. Existem alguns, mencionados no Antigo Testamento, que tinham a pretensão de fazer previsões, sem dar nenhuma garantia, e os acontecimentos desmentiram as suas pretensões; dentre eles, estão Zedequias (1 Rs 22.11) e um outro Zedequias (Jr 29.21). Os profetas também ensinavam ao povo o seu dever, de modo que os falsos profetas mencionados aqui também eram falsos mestres. Cristo, que além de Messias era um Profeta e um Mestre enviado por Deus com a missão de enviar outros mestres que com Ele aprendessem, está nos advertindo a prestar atenção nos impostores. Ao invés de terem a pretensão de curar as almas com tuna doutrina saudável, eles não fazem mais do que envenená-las. Paulo cita como exemplo digno de ser seguido os crentes de Beréia, os quais conferiam toda palavra de Paulo nas Escrituras. Aqui está uma grande necessidade da igreja hoje - muitos crentes são “analfabetos” bíblicos. Esta é a causa de tantas heresias infiltradas em nosso meio. Sem dúvida, o dom discernir os espíritos é uma urgência hoje, pois esta é uma das maneiras pelas quais os discípulos de Cristo poderão ser desviados do caminho ao céu, o que torna o fato uma advertência necessária. Tomai cuidado, conservai-vos longe, não tende nada a ver com pseudo-profetas, com profetas falsos. Até mesmo é loucura parar e discutir com eles. Pois, eles são profetas falsos. Falsificam, deliberadamente, a Palavra de Deus. Eles colocam suas próprias mentiras e a sabedoria de pessoas falíveis no lugar da verdade eterna. Chegam, sem serem convidados, sem chamado. Têm, como prática, ir àquelas pessoas que são membros duma igreja, com a intenção deliberada de induzi-las a abandonarem a verdade. São sábios em sua própria presunção e nas formas do engano. Chegam numa forma muito humilde, na vestimenta da inocência e inofensividade. Confessam ter autorização do próprio Deus, e são adeptos de fingida amabilidade. Mas seu verdadeiro caráter se mostrará depois, visto que, por inclinação e treinamento, são lobos vorazes. Sua natureza é devorar. São gananciosos por dinheiro, ambiciosos por poder, mas, acima de tudo, são ansiosos para destruir almas. São assassinos de almas humanas.]

SINOPSE DO TÓPICO (3)
O dom de discernimento dos espíritos é uma capacidade sobrenatural dada por Deus ao crente para discernir a origem e a natureza das manifestações espirituais.


CONCLUSÃO

A Igreja de Jesus necessita dos dons de revelação para discernir entre o certo e o errado, entre o legítimo e o falso. Os falaciosos ensinos e as manifestações malignas podem ser desmascarados pelo dom do discernimento dos espíritos. Que Deus conceda à sua igreja dons de revelação para não cairmos nas astutas ciladas do Maligno. [Comentário: O grande avivalista Edwin Orr, certa feita, pregava à uma grande multidão. Para espanto dos presentes, chamou um pastor imersionista e outro aspersionista e perguntou: “Qual de vocês usa mais água no batismo? Antes que o constrangimento se instalasse, ele disse: Não importa a quantidade de água. A água só lava o interior. É preciso receber o batismo com fogo, porque o fogo queima e purifica o exterior. Terminada essas palavras, ele voltou-se para a multidão e disse, vocês precisam ser batizados com fogo”. Os dons do Espírito são os meios pelos quais os membros do corpo de Cristo são habilitados e equipados para a realização da obra de Deus. Sem os dons do Espírito, ao invés de a Igreja ser um organismo vivo e poderoso, seria apenas mais uma organização humana e religiosa. É urgente clamarmos pelos dons, além daquele(s) que temos recebido, busquemos o dom de discernir os espíritos, a faculdade de perceber diferenças, distinguir entre a verdade e o erro e de julgar as coisas claramente. O discernimento será útil na seleção do que ouvimos, falamos, lemos, vemos. É uma questão de disciplina!  É ter percepção para reconhecer falsos profetas, espíritos enganadores e distinguir e separar entre o sobrenatural da parte de Deus e da parte das trevas. “Vede pois como ouvis” (Lc  8.18).  “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus” (Tg 1.5). “... todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar...” (Tg 1.19).  Na vida cristã prática, o discernimento, impedirá o desenvolvimento da raiz do mal, já cortada pela obra realizada na Cruz, mas arraigada na natureza humana. O discernimento favorecerá o crescimento espiritual, com a libertação dos desejos impuros da mente, da rebeldia e oposição à Palavra. “... tendo os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5.14). “Se alguém tem ouvidos ouça... atendei ao que ides ouvir” (Mc 4.23-24a).]  “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa

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