INTRODUÇÃO
Estaremos agora adentrando a quinta ilustração dita por Cristo Jesus, conforme leitura
de Mateus 5.38-42.
Vamos analisar essa seção de Mateus, primeiramente, para descobrir o porquê de
constar na Lei mosaica e de ser reforçada
por Cristo Jesus.
Antes de prosseguirmos com nossa análise textual, de
imediato podemos dizer que cumprir o que Jesus ensina só é possível
pela nova natureza implantada pelo seu Santo Espírito, dependendo constantemente
dEle. Se assim não for, jamais conseguiremos evidenciar amor para com as pessoas perversas e inimigas. Nas páginas anteriores, expusemos que o pecado
nos tornou seres de natureza maléfica,
de modo que quando sofremos uma ofensa, um ataque
de qualquer pessoa, logo estamos prontos para reagir com todo o ímpeto, não somente isso, queremos um revide maior para
tal erro cometido.
Para seguirmos a recomendação de Cristo: “Não resistas ao perverso”,
que do grego é o ponerós, uma pessoa de natureza ou
condição má, só mesmo se for uma nova criatura (2Co 5.17), caso contrário, logo que
for ofendido por alguém buscará
vingança, o que pode envolver
tanto perdas no campo físico
como até mesmo a própria vida. Na essência de uma natureza não transformada aloja-se a ira carnal, que
busca de imediato reagir sem medir as consequências, uma vez que
deseja a retaliação custe o que custar.
É possível, para o cristão, ter um padrão elevado como consta em Mateus 5.38-42 porque nosso coração e nossa mente estão dominados pelos verdadeiros ensinos de Jesus Cristo. Aquele que aprende dEle torna-se manso e humilde (Mt 11.28,29), de modo que no seu coração não há espaço para que o homem velho com suas concupiscência e atos pecaminosos de ódio e vingança reine; pelo contrário, pela presença do novo homem somos impulsionados a ter disposição de amor, justiça, santidade, verdade e bom tratamento para com o próximo.
A VINGANÇA NÃO É NATUREZA DO REINO
A Lei de Talião – O texto bíblico de Mateus 5.38-42, que comumente é chamado de lei de talião, na verdade, trata-se da lei da vingança. A exposição que será feita por Cristo novamente irá contrastar com seus opositores, mostrando o espírito real da Lei de Moisés: “Olho por olho, dente por dente” (Mt 5.38), cuja base é o texto de Êxodo 21.24. Em Levítico 24.17-21, vemos detalhadamente a lei da vingança, a qual dizia: quem matar, seja morto; quem matar um animal, substitua-o por outro; quem desfigurar o próximo, seja desfigurado.
Interessante observar que a prática dessa lei era desenvolvida não somente pelos judeus, mas também por outros povos, como os romanos e os gregos, com exceção da cidade de Atenas, que, no caso de alguém levar um homem a perder um de seus olhos, então teria que pagar com os seus dois olhos.
Compreendemos que havia um motivo especial da parte de Deus para a aplicação da lei de talião¸ que era controlar os excessos provocados pela ira para se buscar vingança. Isso era muito relevante porque não somente evitava os excessos, mas não deixava que a pessoa agisse descontroladamente, pois desse modo provocava uma desordem no meio da sociedade. Essa lei viria como uma forma de limitar os abusos por parte do homem, assim, podemos notar o quanto Deus é maravilhoso, bondoso e deseja o bem da humanidade. Ele não quer que vivamos
sem ordem e sem equilíbrio nem dominados por um espírito
de vingança descontrolada, por uma tirania cruel, mas que vivamos seguindo preceitos, normas,
as quais visam gerar equilíbrio, igualdade
e equidade.
Quem deveria aplicar essa lei não eram as pessoas
individualmente, mas, sim, os juízes
de Israel; a eles caberia o julgamento para evitar a vingança excessiva e manter tudo dentro dos
limites, em especial, a boa ordem. Esses homens não somente
eram os guardadores da Lei, mas cumpridores dela. Eles deveriam
analisar se de fato ela estava sendo
cumprida na íntegra. É maravilhoso quando os poderes legais agem dentro das normas buscando fazer
justiça de modo correto, julgando sem imparcialidade; isso gera confiança e um senso
de bem-estar entre a sociedade
Havia dois grandes erros na interpretação dos escribas e
dos fariseus feita nesse particular no tocante à Lei. Em primeiro lugar, eles levavam essa vingança para o lado pessoal, esquecendo-se de que cabia aos juízes tal responsabilidade. A outra questão é que eles só pensavam na execução, o que revelava um
espírito legalista, sem qualquer ato
de misericórdia para com o próximo. Jesus interpreta de modo bem diferente e diz que seus seguidores não devem nunca agir
dominados pelo sentimento de ódio, vingança, pelo contrário, eles devem manifestar atitudes que revelem um
espírito cheio de amor, generosidade e compassividade para com quem precisa.
Só podemos entender
perfeitamente a interpretação de Cristo quando chegamos em Mateus 5.39 (ARA): “Eu, porém, vos digo:
não resistais ao perverso[...]”. Os que agora vivem em Cristo
Jesus e que adotaram a política do
seu Reino possuem um novo espírito (Mt 5.8), de modo que não ficam
presos à letra da Lei (2Co 3.6), mas irão manifestar novas atitudes:
não resistir aos perversos.
Os perversos são homens que vivem ainda na velha natureza e que são instigados por Satanás a praticarem o mal. Eles manifestam atitudes violentas, sem amor, ao contrário do cristão, cuja vida já foi mudada por Cristo, e, por isso, não reage com o espírito vingativo. Obviamente, o cristão poderá defender-se deles.
A política do mundo dos homens – Quando nos detemos ao termo política (pólis, cidade-Estado), em sua definição não há nada de errado ou feio, pois expressa a atividade humana em relação à cidade, ao Estado e às coisas de interesse público. O clássico aristotélico A Política, um dos primeiros tratados sobre o assunto, diz que a política é a arte e a ciência de governar a pólis. Por meio dessa obra, no Ocidente esse termo teve grande destaque. É de Aristóteles que se compreende o homem como um ser político. Ele dizia: “O homem é por natureza um animal social”. À luz do que falou Aristóteles, entendemos que a política não tem problema algum, mas se nota que, pelos seus ideais, ainda que sejam os mesmos da sociedade atual, não tem alcançado seu propósito.
Quando estudamos a ciência política, ela fala sobre o poder
dos homens sobre os outros, o que é chamado de poder social.
Interessante analisar que aqueles que detém o
poder procuram de todas as formas
exercer domínio sobre os outros, o que se faz por meio de três poderes: econômico, social e ideológico. Pelo poder econômico, faz-se uso de bens que são socialmente necessários para induzir as pessoas a ter determinado tipo de comportamento. No poder político, faz-se uso da coerção social,
que é a força física,
e, no poder ideológico, faz-se uso de ideias, doutrinas, valores, com o propósito de induzir
as pessoas a pensar e agir de determinada forma.
Nessa dispensação não haverá governo perfeito e nenhum
deles irá melhorar o mundo. Nem mesmo um líder cristão, caso assuma o poder, irá mudar isso. O mundo caminha para sua destruição; a real mudança só irá acontecer quando Cristo assumir o poder (Dn 2.44,45; Mq 4.7; Lc 1.33; Is 60.12;
1Co 15.24).
Não rejeitamos a política nem os políticos, pois, como bem falou Paulo, as autoridades são constituídas por Deus e para o nosso bem (Rm 13.1-6), e que enquanto estivermos neste mundo devemos cumprir com nossas responsabilidades como cidadãos e jamais adotarmos uma postura anarquista; no demais, cabe à igreja, como agente espiritual e farol da verdade, orar pelas autoridades.
O cristão e a vingança – Para o homem que vive na esteira natural, na carnalidade, conforme consta em Gálatas 5.19-21, suas obras sempre serão perversas. Quando sofre qualquer ofensa, procura logo agir com vingança, e, não somente isso, ele quer que a pessoa que lhe causou algum dano sofra muito mais. Os que fazem parte do Reino de Cristo não manifestam tais sentimentos nem atitudes, pois são dominados pela humildade e pureza de coração (Mt 5.3,8). Além disso, aprenderam com o Senhor Jesus a proceder de modo misericordioso com o seu próximo. Quando sofrem algum tipo de mal, não agem com vingança, porque sabem que ela pertence a Deus (Rm 12.19), por isso, estão prontos para sofrer com paciência.
Esse comportamento só é possível para quem vive a política do Reino e tem no seu ser as beatitudes. Partindo dessa visão, tem-se a chave para entender e poder cumprir as ordens de Cristo, como bem ensina. Os bem-aventurados são pobres de espíritos, choram seus pecados, são mansos, querem justiça, são misericordiosos, limpos de coração, pacificadores, sofrem perseguições. Os que vivem essas verdades espirituais não adulteram, não traem, não mentem, não se vingam, em razão disso vivem o verdadeiro nível de espiritualidade.
O AMOR É A EXPRESSÃO NATURAL DO REINO
As quatro ilustrações usadas por Cristo para ensinar o amor - O salvo em Cristo é consciente de que as pessoas do mundo têm atitudes totalmente diferentes das suas, pois vivem plenamente dominados pelo pecado, são cegos, de modo que o cristão não pode responder semelhantemente a eles. As pessoas do mundo sempre irão priorizar seus interesses; por esse motivo, são a favor da vingança, querem proteger seus interesses pessoais, pois são dominados pelo eu. O cristão não vive mais no eu; sua mente e coração são dominados pelo evangelho, suas propriedades são as do Reino (Mt 6.33), por isso, às vezes, perdem os seus direitos por causa de Cristo.
Vamos começar com o versículo 39 (ARA) que diz: “a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra”. Não é nada fácil receber uma bofetada e virar a outra face, mas é preciso que entendamos o que realmente Jesus quis dizer com esse ensino. Literalmente, uma bofetada na face queria dizer sofrer um golpe dado por uma pessoa no rosto de outra. Esse ato era visto como grande ofensa. Pela lei judaica, o ato de se ferir ou bater no rosto de alguém logo seria punido com uma multa e castigo. No texto em questão, Jesus estava dizendo que era preciso oferecer a outra face e não procurar os meios legais disponíveis naquele tempo para buscar justiça. Jesus não era um mestre teórico; o que ensinava e pregava Ele praticava. Quando atingiram sua face, sofreu calado (Mt 26.67; Is 50.6; 1Pe 2.23).
O ensino de Jesus, além de não ser tão fácil aos olhos humanos, não soava muito bem aos ouvidos dos judeus. Isso porque, no ambiente que viviam, queriam libertar-se do poder dos romanos, e colocavam Jesus na posição de não ser o Messias, pois quem dispusesse sua face jamais iria opor-se ao poder de Roma. Na verdade, o que os judeus queriam era alguém que se revoltasse contra os seus inimigos, aqueles a quem odiavam. Jesus queria que cada discípulo seu não fizesse nenhuma exigência de direitos, que prontamente desistisse de contendas, brigas, e procurasse ser justo e misericordioso.
Para agir da forma como Jesus ensinou no versículo 40 (ARA), que diz: “e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa”, só mesmo quem já nasceu de novo e não vive dominado pelo eu, e que em seu coração tem o amor de Deus. Por vezes, uma pessoa tem muita compreensão das Escrituras Sagradas, mas não consegue pôr em prática esse ensino. Isso ocorre porque é preciso ter uma mente transformada, receber a mente de Cristo Jesus (Rm 12.2; 1Co 2.16) e colocar o amor em prática.
Pelo versículo exposto acima, Jesus estava falando de um processo da Lei. Estudiosos sugerem que, ao fazer uso dessa expressão, o Mestre estivesse ligando com Êxodo 22.6. Nos tempos antigos, quando um credor fazia suas cobranças, poderia levar a roupa inteira do devedor como forma de afiança, o que seria a túnica. Contudo, caso se apropriasse da capa, que era a parte externa, antes do pôr do sol teria que ser entregue, pois dela se apropriava o devedor para se proteger contra o frio.
O que Jesus ensina nesse primeiro versículo é que, caso uma pessoa levantasse um processo contra outra, era melhor que aquele que sofresse tal processo desse o que a pessoa que demandou contra ela estivesse pedindo. Não somente isso, mas até alguma coisa mais valiosa que tivesse. Essa ação só faz quem tem o amor de Deus no coração, pois deseja logo que a situação seja resolvida, e nem quer viver com um sentimento de vingança, de egoísmo e de maldade dentro do seu coração, pois já é uma nova criatura em Cristo Jesus.
A segunda lição que expressa um viver diferente e cheio de amor como ensinou Cristo Jesus vem no versículo 41 (ARA): “Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas”. Era costume no tempo de Jesus, ou seja, quando os romanos dominavam, que ao enviarem algum emissário de um lugar para o outro, quando alguém do local fosse ao seu encontro, carregasse suas bagagens até chegar ao local determinado. Diz-se que os habitantes daquele lugar teriam que disponibilizar seus animais e carruagens para o tal estranho. Desenvolver tal missão não era fácil, envolvia tempo e dinheiro.
Com esse ensino, Jesus queria dizer aos seus discípulos que eles deveriam estar prontos em toda e qualquer situação para servir aos outros, quer a situação fosse agradável, quer não, mesmo que não envolvesse lucro, e sim perda. Para eles, tudo deveria ser feito com alegria e amor, e não somente isso, eles deveriam fazer mais do que aquilo que as pessoas estivessem pedindo. Isso pode ser compreendido perfeitamente por meio da palavra milha, medida romana de distância, igual a quase 1,5 km (1.479 m), equivale a 8 estádios, ou melhor, mil passos, isto é, 1478 metros.
A terceira colocação vem do versículo 42 (ARA), que diz: “Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”. Não é fácil dar, mas Jesus diz que seus servos deveriam atender àqueles que pedissem. É bom levar em consideração que aqui o princípio exposto por Cristo é geral, e quem age dessa forma não está resistindo aos perversos.
Devemos atender às necessidades dos outros porque Deus nos concede coisas sem que de fato mereçamos. Seu exemplo de bondade é singular, pois mais adiante podemos ler que Ele faz nascer o sol e concede a chuva para justos e injustos (Mt 5.45). Isso faz porque em sua natureza Ele é bom (Sl 34.8). Tiago diz que dEle vem toda boa dádiva (Tg 1.17). Podemos ver a superioridade do ensino de Cristo quanto à lei antiga, pois ela dizia que entre os judeus não se poderia emprestar com juros, mas pelo ensino de Jesus todos são iguais, têm os mesmos direitos, não podem ser tratados de modo diferente. Enfim, nosso Senhor queria dizer que quem é verdadeiramente seu discípulo tem um coração banhado pela generosidade, pelo amor.
BUSCANDO A PERFEIÇÃO DE CRISTO
Uma justiça mais elevada – Para entendermos o que é uma justiça mais elevada, conforme ensinou Jesus, simplesmente devemos atentar para Mateus 5.44 (ARA), que diz: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. Os que vivem a justiça de Cristo passam a ter um padrão de vida mais elevado, especialmente no relacionamento para com os outros. Nesse caso, o amor será a base de tudo, ele será o teste de caráter, o bem que se deseja para si mesmo, também se deseja para o outro. Quando estamos no eu carnal, tudo o que fazemos é pensando em nós mesmos, em nossos familiares, em nossos amigos mais próximos, em nossa saúde, em nosso dinheiro, em nosso futuro, nada além disso. Porém, desde o momento em que somos constrangidos pelo amor de Cristo (2Co 5.14), transferimos esse amor não apenas para os nossos amigos mais íntimos, mas também para o nosso inimigo. O amor de Deus que está em nossos corações não exclui ninguém, não é segregacionista, mas procura acolher, agregar a todos, inclusive aquele que é nosso inimigo.
É forte e impossível aos olhos humanos cumprir o que Jesus disse: “Amai os vossos inimigos...”, pois com essas palavras Ele queria dizer que devemos desejar o bem para os nossos inimigos assim como desejamos o bem para nós mesmos. Devemos cuidar deles assim como cuidamos de nossas próprias vidas. Todo ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26). O pecado inverteu tudo, porém, quando essa imagem espiritual é restaurada por Cristo em nós, então o que parece impossível, amar um inimigo, agora sim é possível, pois passamos a ver nosso amigo ou inimigo como a nós mesmos (Rm 8.29).
Deus é a base por meio da qual o amor do cristão para com o inimigo se torna possível. Tudo começa com o Pai e depois se manifesta no Filho. O maior exemplo que o Pai deu a toda a humanidade foi seu amor pelos pecadores (Jo 3.16; Rm 5.8). Esse amor divino não exclui ninguém, e Jesus viveu esse amor (Rm 5.5-10). Ciente dessas verdades, a ordem de Cristo de amar o inimigo torna-se mais fácil, porque foi assim que Deus e seu Filho nos amaram, ou seja, quando éramos inimigos.
O amor mais perfeito – Pela leitura que se faz de Mateus 5.43, tem-se a última ilustração de Cristo. É bem provável que, ao fazer essa citação, o Mestre divino estivesse fazendo alusão ao texto de Levítico 19.18, que para os judeus o compreensivo era amar aqueles que eram seus iguais, a sua gente. O odiarás foi um acréscimo feito pelas autoridades religiosas de Israel. Os judeus amavam os seus irmãos e não buscavam ter muito contato com os gentios, os quais poderiam ser vistos como inimigos. Na verdade, quem seria o próximo para os judeus eram os seus irmãos, gente de sua própria família. Basta uma leitura tanto no Antigo como no Novo Testamento para que se comprove a forma que outras pessoas eram tratadas pelos judeus, com total desprezo.
No aspecto geral, a lei judaica nunca incentivou o desprezo para com uma pessoa, que se manifestasse ódio para com alguém, mas o amor era a regra necessária em tudo. O verbo grego agapáo fala de se tratar as pessoas com respeito, recebê-las com alegria, acolhê-las com amor terno, sem qualquer diferença, quer sejam de outras nações, quer sejam inimigos pessoais, quer sejam religiosos. Esse tipo de amor só é possível quando vem de Deus para o nosso coração.
Perfeitos como o Pai – Vamos começar esse último ponto com uma interrogação: é possível sermos perfeitos como Deus é? De imediato queremos dizer que não, mas na vida cristã o alvo colimado é esse: ser como Jesus é. Isso é bem compreensível quando Paulo diz que o crente transformado tem a imagem de Cristo, e o apóstolo João falou que nós o veremos e seremos semelhantes a Ele (1Jo 3.2). O adjetivo perfeito, como aparece no versículo, no grego é téleios, quer dizer, levado a seu fim, finalizado, que não carece de nada necessário para estar completo, integridade e virtude humana consumadas, adulto, maduro, maior idade.
Essa perfeição é um processo também presente na salvação, o que envolve tanto o amor como a santidade. É claro que não iremos alcançá-la plenamente nesta vida, mas prosseguimos para o alvo, sabendo que brevemente a perfeição absoluta se concretizará como o dia perfeito (Pv 4.18). Por isso Paulo nos aconselha a prosseguir (Fp 3.12,13). Vemos que até João era consciente de que a perfeição absoluta não se conseguiria nesta vida, mas na futura (1Jo 1.8), porém, todo cristão conhecedor da Palavra e que tem o Espírito em sua vida é consciente de que brevemente participará da perfeição divina, ser com Jesus é, em tempos bem breves (2Co 3.18; 1Pe 1.4; Cl 2.10).
Assim, meus irmãos, se quisermos trilhar na perfeição de Cristo para futuramente desfrutarmos da perfeição absoluta, precisamos viver e caminhar no amor de Cristo Jesus, imitando-o em tudo, porque é um mandamento dEle (Jo 15.12), e quem vive esse amor nunca expressa atitudes odiosas, palavras grosseiras, desprezo para com alguém, jamais pratica o mal nem mesmo para o pior inimigo (Rm 13.10). (GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus: a relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2022. p. 79-88.)
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