INTRODUÇÃO
A Educação Cristã tem como finalidade a formação
espiritual e o desenvolvimento do caráter do cristão. A Escola Dominical (ED),
dentre outros, é uma agência educadora no contexto da Igreja. A fonte para o
ensino é a Bíblia Sagrada, autoridade suprema de fé e prática para o salvo em
Cristo. A leitura e o estudo das Escrituras servem de base para o conteúdo
programático da ED a ser observado tanto em sala de aula como fora dela. Seus
principais objetivos são ganhar almas, desenvolver o caráter e preparar o salvo
para o serviço cristão. Nesse propósito, enfatiza-se que seus alunos são
instruídos e motivados à leitura e ao estudo da Bíblia e, sobretudo, a pautar
suas vidas na autoridade das Escrituras Sagradas.
I – A BÍBLIA É O LIVRO TEXTO DA ESCOLA DOMINICAL
1. O Currículo Adotado. O vocábulo curriculum
é de origem latina e significa “pista de corrida”. Era um caminho ou uma trilha
que orientava o corredor até o seu objetivo final. O renomado teólogo e
educador Antonio Gilberto apresenta a seguinte definição para currículo: “É um
grupo de assuntos constituindo um curso de estudos, planejado e adaptado às
idades e necessidades dos alunos. Em outras palavras, são os meios educacionais
adotados, visando aos objetivos do ensino”. Nesse diapasão, o referido autor
estabelece as seguintes considerações sobre o currículo da ED:
(1) Deve abranger os principais assuntos bíblicos
necessários ao conhecimento e à experiência do crente; (2) Tal currículo deve
ser devidamente dosado, visando ao desenvolvimento de uma vida cristã ideal e
uma personalidade cristã que em tudo honre a Cristo, perante a Igreja e o
mundo; (3) Deve ser um currículo graduado, mas também, ao mesmo tempo
inter-relacionado, por ser a vida cristã um todo indivisível.
Nessa concepção, um bom currículo é o resultado de
um trabalho organizado e meticulosamente planejado. Na elaboração do currículo
da ED, observa-se sua conformidade com as doutrinas bíblicas, um programa
completo e abrangente de ensino das Escrituras e atividades de aprendizagem com
aplicação das verdades aprendidas. Ao contrário disso, escreve Antonio
Gilberto, “um simples conjunto de lições bíblicas sem sequência continuada, sem
relacionamento entre si e sem levar em conta os agrupamentos de idade, não pode
ser chamado de currículo, e não atingirá o alvo desejado no ensino da Palavra”.
Visando alcançar tais objetivos, a ED prima pela
excelência do “ensino bíblico”. As revistas que integram o currículo são de
lições bíblicas. A Bíblia é o livro base para todo o seu ensino[1]aprendizagem (Jo
5.39). O currículo da ED preserva a autoridade suprema da Palavra de Deus como
única regra infalível de fé e prática (2 Tm 3.14-17). Em vista disso, as
doutrinas bíblicas reproduzidas no material didático servem como padrão para o
viver diário e a formação do caráter cristão (Sl 119.105). O conteúdo expressa
a ortodoxia professada pelas Assembleias de Deus, contribui para manter a
unidade doutrinária da igreja e atua como antídoto contra as heresias.
2. A Prática Pedagógica. A prática pedagógica
é a expressão das atividades rotineiras que são desenvolvidas no âmbito da ED.
É o somatório de todas as atividades planejadas com o intuito de possibilitar o
processo educativo. As múltiplas dimensões da prática pedagógica compreendem,
entre outros: a gestão, os professores, os alunos, a metodologia, o material
didático, a avaliação e a relação professor[1]aluno.
Destaca-se que uma boa prática pedagógica requer o comprometimento de todos, em
especial, a capacitação e o preparo dos professores acerca de seus saberes e
deveres. É responsabilidade do corpo docente planejar as aulas de acordo com o
currículo estabelecido; dominar o assunto a ser ensinado; despertar e manter o
interesse dos alunos.
Nesse aspecto, convém ressaltar a importância e o
papel preponderante do professor da ED. A performance do corpo docente é
fundamental para conquistar a atenção, manter a frequência e assiduidade dos
alunos. Um professor despreparado ou desmotivado servirá de pedra de tropeço no
processo ensino- aprendizagem. Portanto, é da competência da gestão da ED a
responsabilidade da escolha e o compromisso da capacitação dos professores.
Nesse propósito, recomenda-se a promoção de eventos que possam contribuir na
qualificação dos professores, tais como seminários teológicos, cursos de
capacitação, congressos e conferências da ED. Nas atividades da igreja local,
faz-se necessário conhecer as principais limitações a fim de propiciar
atividades pedagógicas que possam equacionar as dificuldades e maximizar o
ensino das Escrituras.
Nessa perspectiva, no contexto da ED, cabe aos
gestores priorizar a excelência da prática pedagógica, e aos professores
compete o “fazer pedagógico” com qualidade. Dentre outros aspectos, enfatizamos
o uso de metodologia adequada às faixas etárias, bem como o objetivo a ser
alcançado em cada lição. Desse modo, torna[1]se
indispensável que o texto bíblico seja o referencial permanente da prática
pedagógica. Nesse sentido, o ensino não deve ser limitado a “transferência de
conhecimento”, mas, sobretudo, o estudo das verdades reveladas deve instruir,
expor e corrigir o erro (2 Tm 3.16), a fim de produzir verdadeira transformação
na velha natureza humana (Ef 4.22,23). A ED terá cumprido o seu papel
educacional cristão quando forem perceptíveis mudanças na vida dos alunos que
atestem o novo nascimento e o crescimento espiritual (1 Co 6.10-12).
3. O Padrão Ético e Moral. Historicamente o
conceito de ética surgiu na Grécia antiga (IV século a.C.). Quando os códigos
ainda não estavam escritos e positivados, a própria consciência estabelecia a
ética a ser observada (Rm 2.14-15). A palavra “ética” possui origem no vocábulo
grego ethos (costumes ou hábitos). No latim é usado o termo correspondente mos
(moral), com o sentido de “normas” ou “regras”. Assim, “ética e moral
referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como
tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros”.
Esses termos são muito próximos e na práxis diária são confundidos como
sinônimos. Porém, didaticamente é possível defini-los separadamente:
A ética trata dos princípios e valores que orientam a
conduta de uma pessoa. A moral é a prática dessa conduta ética. A ética trata
dos princípios e a moral da prática baseada nesses princípios. Sendo assim,
ética e moral não são a mesma coisa, mas estão conectadas – ética e moral são
como a teoria e a prática. Por exemplo, se eu tenho um princípio ético que me
orienta a dizer a verdade, minha conduta moral será mentir ou não.
Nesse enfoque, a ética cristã tem como objetivo
indicar a conduta ideal para a retidão do comportamento humano. O fundamento da
ética e da moral cristã são as Escrituras Sagradas. Desse modo, a ética cristã
não pode ser desassociada da moral e dos bons costumes preconizados nas
doutrinas bíblicas. É verdade que não se pode desprezar a tradição da Igreja,
as leis civis e criminais, as variadas literaturas e nem tampouco os bons
costumes adotados pela sociedade, entretanto, para o cristão, toda e qualquer
prática e conduta precisa passar pelo crivo e pelo aval da Palavra de Deus (Hb
4.12).
Por conseguinte, o texto bíblico é divinamente
inspirado e, portanto, permanece inalterado (Mt 24.35). Os valores cristãos são
permanentes, pois sua fonte de autoridade é imutável (1 Pe 1.25). Em suma, a
Palavra de Deus não pode ser relativizada, revogada ou ajustada aos interesses
humanos (Is 40.8). Assim, no propósito de cumprir o seu papel de instituição
educadora, a ED também atua como multiplicadora dos princípios éticos e dos
valores morais da fé cristã. A Igreja que zela pelo ensino sólido das lições
bíblicas não é influenciada pelo erro, mas estabelece o padrão moral e ético a
ser observado pelos cristãos (1 Tm 4.6; 2 Tm 3.10).
II – A EDUCAÇÃO CRISTÃ E A FORMAÇÃO DE LEITORES
DA BÍBLIA
1. Conceito de Educação Cristã. As palavras
“educação” e “educar” vêm do latim educare, que significa literalmente “guiar”,
“levar”, “tirar de”, “retirar”, “conduzir para fora”. No texto do Novo
Testamento, entre outros, destaca-se o emprego da palavra grega paideia, com o
sentido de “instruir”, “formar”, “ensinar” e “educar”. Na Grécia Antiga, a
paideia referia-se tanto ao modo como à meta da educação. O Dicionário Bíblico
Wycliffe assegura que, quando aplicada às crianças, “abrange todo o cultivo da
mente e da moral e o emprego de ordens, admoestações e censuras com o objetivo
de treinamento e correção” (Hb 12.5-11); e, no caso de adultos, “se refere
aquilo que desenvolve a alma, corrigindo erros e controlando as paixões (2 Tm 3.16)”.
Em termos gerais, a educação é um processo contínuo
de desenvolvimento e aperfeiçoamento do ser humano. No sentido formal, designa
o ensino como um sistema que compreende tanto a teoria quanto a prática. No
aspecto da Educação Cristã, entendemos que ela começa por Deus: “É Ele quem
prescreve o que deseja que saibamos e nos ensina por meio de sua Palavra, a fim
de vivermos, por graça, à altura do privilégio de nossa filiação”. O Dicionário
Teológico corrobora com essa definição nos seguintes termos: “programa
pedagógico que, tendo por base a Bíblia Sagrada, visa ao aperfeiçoamento
espiritual e moral dos que se declaram cristãos e daqueles que venham a
entender o chamado do Evangelho de Cristo”. Em suma, a Educação Cristã molda o
nosso viver segundo as Escrituras e produz crescimento e amadurecimento
espiritual.
Nesse entendimento, reiteramos que o
ensino-aprendizagem da Educação Cristã se fundamenta na revelação divina, cujo
livro texto é a Palavra de Deus. No âmbito eclesiástico, especialmente na ED e
no culto de doutrina, sua ocupação é o ensino sistemático e contínuo das
doutrinas bíblicas (Mt 28.20; At 15.35; Cl 1.28, 2 Tm 2.2). Na esfera da
sociedade civil, dedica-se à educação formal, como, por exemplo, colégios
confessionais e instituições de ensino superior que oferecem formação acadêmica
e intelectual com o embasamento e a práxis dos princípios cristãos (Mt 5.13-14;
Rm 12.1-2).
2. Objetivos da Educação Cristã. O Senhor
Jesus confiou à Igreja a tarefa da Grande Comissão (Mt 28.19-20; Mc 16.15).
Nesse aspecto, o ensino cristão sempre esteve relacionado ao IDE estabelecido
por Jesus. A incumbência é tanto de formação de indivíduos como de
transformação da sociedade. Trata-se de uma ordenança proclamadora e de um
mandato educacional. É responsabilidade dos discípulos de Cristo evangelizar e
ensinar as doutrinas bíblicas (1 Tm 4.13; 2 Tm 4.2). Em vista disso, Paulo
enfatiza a necessidade da dedicação ao ensino (Rm 12.7). O apóstolo aponta para
o indispensável “esmero” e “diligência” da Igreja no exercício do dom de
ensinar.
Desse modo, o ministério da Educação Cristã se
reveste de notável importância, uma vez que, bem estruturado, pode cabalmente
cumprir a missão ordenada à Igreja. Sua atividade é imprescindível no propósito
de evangelizar e ensinar. Os agentes da Educação Cristã nas Assembleias de Deus
são diversificados e possuem áreas de abrangência variadas, entre eles,
ratifica-se o culto de ensino e a ED, e, ainda, acrescenta-se a obra
evangelística e missionária, a formação teológica, bem como, já citado, a
atuação por meio de uma escola de cunho confessional da educação básica ou de
nível superior.
Nessa estrutura, destaca-se o papel de excelência da
ED como maior agência de Educação Cristã, porque evangeliza enquanto ensina,
atendendo os dois lados da ordem de Jesus: fazer discípulos e ensinar (Mt
28.19,20). Ao contrário do culto de doutrina, que reúne em um único auditório
todas as faixas etárias, o currículo da ED merece destaque pela sua abrangência
específica. Nesse mister, Antonio Gilberto enfatiza três principais objetivos
da ED, a saber: (a) Ganhar almas para Jesus, o que requer dedicação para
conduzir o aluno a aceitar a Cristo (2 Co 12.15); (b) Desenvolver a
espiritualidade e o caráter cristão, o que engloba empenho na formação dos hábitos
cristãos (Gl 5.22); e, (c) Treinar o cristão para o serviço do Mestre, o que
demanda propiciar oportunidades para a capacitação de obreiros (2 Tm 2.2,15).
3. A Capacitação dos Alunos Os processos
educativos, seus currículos e metodologias, como já observado, integram a
prática pedagógica adotada em uma instituição de ensino. O objetivo é fazer com
que as pessoas aprendam e modifiquem seu comportamento. Na Educação Cristã, o
procedimento não é diferente. Contudo, na esfera eclesiástica, a diferença se
fundamenta no livro texto adotado: a Palavra de Deus. Não obstante, o processo
da aprendizagem é o mesmo. O Manual da Escola Dominical define aprendizagem
como “a mudança de conduta do educando, pelo conhecimento adquirido, pela
prática, e pela experiência resultante de seu aprendizado. Não havendo mudança
de comportamento de quem está a aprender, não houve real aprendizagem”.
Em busca dessa excelência, a Educação Cristã
esmera-se em capacitar seus alunos. A capacitação é um processo permanente e
deliberado de aprendizagem com a finalidade de “tornar capaz”, “preparar” e
“qualificar” pessoas. O aprendizado cristão se alicerça nas Escrituras
Sagradas; por conseguinte, o aluno é orientado e incentivado à leitura da
Bíblia. Entretanto, a leitura bíblica não pode ter intenção meramente
intelectual de acúmulo de conhecimento. Nesse quesito, o Guia Cristão de
Leitura da Bíblia apresenta um triplo propósito: “descobrir os conteúdos;
compreender as verdades; e aplicar as mensagens”. Dessa forma, a formação continuada
de leitores da Bíblia se concentra em capacitar os alunos a “conhecer, entender
e viver a Palavra de Deus”.
Isso posto, reiteramos que, na Educação Cristã, o
processo de desenvolvimento do caráter e habilitação do cristão para servir no
Reino de Deus acontece por meio do estudo acurado da Bíblia. Assim sendo, os
alunos são formados não apenas como leitores do texto bíblico, mas qualificados
ao exame minucioso das Escrituras e habilitados para ensinar a outros (At
17.10,11; 2 Tm 2.2). Essa meta somente pode ser atingida por meio da leitura
diária das Escrituras Sagradas (Sl 1.1,2), sob a iluminação do Espírito Santo
(Ef 1.17,18), e da aplicação dos princípios hermenêuticos, tais como as regras
gramaticais e o contexto histórico e literário (1 Ts 5.21). 13 Para tanto, é
imprescindível manter a disciplina na leitura bíblica, no aprendizado e no
exercício do devocional diário.
III – É PRECISO LER A BÍBLIA DIARIAMENTE
1. A Leitura e a Disciplina Cristã. A
disciplina tem relação com “castigo” e “punição”, mas também significa “ordem”
e “obediência às regras”. O conceito se relaciona com a prática regular de
certos princípios que pautam a atividade diária e as metas de uma pessoa. Com
esse sentido, encontramos três símbolos na Bíblia que exemplificam a vida
disciplinada: (a) o Soldado — a disciplina na aflição: “Sofre, pois, comigo, as
aflições, como bom soldado de Jesus Cristo” (2 Tm 2.3); (b) o Lavrador — a
disciplina da paciência: “porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que
debulha deve debulhar com esperança de ser participante” (1 Co 9.10); (c) o
Atleta — a disciplina no treinamento: “os que correm no estádio, todos, na
verdade, correm, mas um só leva o prêmio” (1 Co 9.24).
Em resumo, a “disciplina” compreende abnegação,
regularidade, prioridade, metas e perseverança. Essas ações reivindicam
renúncia e compromisso. Dentre as “disciplinas cristãs”, citamos a oração, a
leitura da Bíblia e o jejum. Contudo, não podemos alcançar ou merecer o favor e
a justiça do Reino de Deus meramente observando as disciplinas cristãs. Quem
incorre nesse erro embarca no legalismo do qual Cristo já nos libertou (Rm
7.6). A disciplina cristã é um meio de nos aproximar de Deus. Paulo disse:
“Quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas quem
semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.8). Richard
Foster escreveu que “o mesmo acontece com as Disciplinas Espirituais — elas são
um meio de semear para o Espírito”.
Nesse sentido, o objetivo da disciplina cristã é
propiciar intimidade singular com Deus por meio da “oração incessante” (1 Ts
5.17); “exame das Escrituras” (Jo 5.39); e a “prática do jejum” (1 Co 7.5). Em
vista disso, o autêntico discípulo observa os exercícios espirituais. O termo
“discípulo” está relacionado com a “disciplina” e, por isso, todo o discípulo é
disciplinado. Em termos gerais, o zelo espiritual de um discípulo de Cristo
repousa na prática das disciplinas cristãs. Repete-se que a disciplina não é um
meio de salvação, mas por meio dela conhecemos a perfeita vontade de Deus (Rm
12.1,2). A disciplina cristã, ratifica-se, requer regularidade e prioridade na
busca da santificação (Rm 6.22). Portanto, a leitura bíblica, por exemplo, deve
ser diária (Sl 119.97; 1 Tm 4.13).
2. A Leitura e o Aprendizado. Como já
argumentado, a leitura bíblica é uma disciplina cristã. E, como todo o ato
disciplinado, a leitura requer dedicação. Como já afirmado, o termo “dedicação”
tem o sentido de “esmero” e “diligência” no exercício de alguma atividade. Para
bem trilhar esse caminho de crescimento e aprendizado, os objetivos do leitor
da Bíblia devem ser bem definidos e obedecidos à risca. Nesse diapasão,
corroboram-se as palavras do salmista que nos exorta ao exercício diário de
leitura e meditação da Bíblia: “Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na
sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2); “Oh! Quanto amo a tua lei! É a
minha meditação em todo o dia!” (Sl 119.97).
Na busca desse objetivo, se faz necessário:
planejamento, adoção de um cronograma de leitura e estabelecimento de metas.
Por exemplo: (a) definição do horário diário da leitura. Deve ser o horário em
que pessoa se encontra mais bem disposta; (b) tempo destinado à leitura. Deve
ser um tempo adequado para ao menos a leitura de um capítulo das Escrituras; e
(c) metas a ser alcançadas. A meta é um importante fator motivador, tais como
ler a Bíblia toda dentro de um determinado prazo que seja exequível. Não
obstante, a leitura não pode ser superficial ou centrada em um amontoado de
informações. A leitura deve promover acima de tudo o aprendizado.
O aprendizado é parte intrínseca de um discípulo.
Isso porque “discípulo” significa literalmente “aprendiz”. Uma máxima
pedagógica afirma que “ler é aprender”. Desse modo, por meio da leitura da
Bíblia, aprendemos acerca de Deus e de seu plano de salvação (Rm 1.2-4). Esse
aprendizado orienta o discípulo a tornar- se parecido com Cristo (Ef 4.13). Por
isso, o aprendizado deve ultrapassar a teoria e ser aplicado na vida diária.
Paulo repreende os “que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da
verdade” (2 Tm 3.7). Por essa razão, o apóstolo adverte Timóteo a observar o
aprendizado bíblico que o faria sábio para a salvação, pela fé em Cristo Jesus
(2 Tm 3.14,15).
3. A Leitura e o Devocional. A plena comunhão
com Deus é o aspecto mais importante para uma vida cristã espiritualmente
frutífera e bem-sucedida. Em vista disso, reforçamos que a leitura e o estudo
sistemático das Escrituras Sagradas nos auxiliam a manter a necessária
intimidade com Deus e a sua Palavra. Como afirmou o salmista, é possível
guardar a Palavra no coração e, dessa forma, não pecar contra Deus (Sl 119.11).
Significa que “ela deve ocupar os sentimentos, assim como o entendimento; toda
a mente precisa estar impregnada com a Palavra de Deus”. Por conseguinte, o
correto aprendizado bíblico conduz o crente à plena adoração. Aquele que se
dedica em aprender a Bíblia descobre que a verdadeira adoração é praticada “em
espírito e em verdade” (Jo 4.23).
Apesar de todo genuíno cristão concordar com essas
afirmações, nem sempre o dia a dia do crente reflete a prática do devocional e
da adoração devida. A falta de tempo, em virtude da agenda cheia e os mais
variados compromissos são o pretexto mais comuns apresentados por boa parte dos
evangélicos. No entanto, nenhuma atividade, seja eclesiástica, seja secular,
pode ser mais importante que nosso devocional com Deus. Não é salvo aquele que
conhece e até ensina a Bíblia, mas não mantém comunhão com o seu autor. É
preciso ter em mente a mesma preocupação paulina: “Antes, subjugo o meu corpo e
o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de
alguma maneira a ficar reprovado” (1 Co 9.27).
Portanto, recordamos que um dos aspectos da adoração
é o culto devocional (Jo 4.23,24). Não se refere ao culto público que prestamos
a Deus no templo, nem ao culto doméstico em família, mas aquele praticado de
forma individual e constante (Sl 55.17). Inclui a oração, o louvor, o jejum e a
leitura bíblica. Essa atividade fortalece a comunhão com Deus (Sl 119.11,15,24).
O devocional é também uma oportunidade para o estudo sistemático/indutivo das
Escrituras, que, por ação do Espírito Santo, abre o nosso entendimento (Jo
14.26). A intimidade com as Escrituras acontece, em primeiro lugar, com a
leitura diária dos textos sagrados. Depois, pela leitura de bons comentários da
Bíblia. Dicionários e tratados de teologia enriquecem o nosso conhecimento
bíblico tal como a nossa Declaração de Fé, que expressa a ortodoxia pentecostal
(Jd 1.3)
Fonte: BAPTISTA,
Douglas. A Supremacia das Escrituras: a inspirada, inerrante e infalível
Palavra de Deus. Rio de Janeiro, 2022, p. 145-154.
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