sábado, 26 de março de 2022

LIÇÃO 13: A LEITURA DA BÍBLIA E A EDUCAÇÃO CRISTÃ

   



INTRODUÇÃO

A Educação Cristã tem como finalidade a formação espiritual e o desenvolvimento do caráter do cristão. A Escola Dominical (ED), dentre outros, é uma agência educadora no contexto da Igreja. A fonte para o ensino é a Bíblia Sagrada, autoridade suprema de fé e prática para o salvo em Cristo. A leitura e o estudo das Escrituras servem de base para o conteúdo programático da ED a ser observado tanto em sala de aula como fora dela. Seus principais objetivos são ganhar almas, desenvolver o caráter e preparar o salvo para o serviço cristão. Nesse propósito, enfatiza-se que seus alunos são instruídos e motivados à leitura e ao estudo da Bíblia e, sobretudo, a pautar suas vidas na autoridade das Escrituras Sagradas.

I – A BÍBLIA É O LIVRO TEXTO DA ESCOLA DOMINICAL

1. O Currículo Adotado. O vocábulo curriculum é de origem latina e significa “pista de corrida”. Era um caminho ou uma trilha que orientava o corredor até o seu objetivo final. O renomado teólogo e educador Antonio Gilberto apresenta a seguinte definição para currículo: “É um grupo de assuntos constituindo um curso de estudos, planejado e adaptado às idades e necessidades dos alunos. Em outras palavras, são os meios educacionais adotados, visando aos objetivos do ensino”. Nesse diapasão, o referido autor estabelece as seguintes considerações sobre o currículo da ED:

(1) Deve abranger os principais assuntos bíblicos necessários ao conhecimento e à experiência do crente; (2) Tal currículo deve ser devidamente dosado, visando ao desenvolvimento de uma vida cristã ideal e uma personalidade cristã que em tudo honre a Cristo, perante a Igreja e o mundo; (3) Deve ser um currículo graduado, mas também, ao mesmo tempo inter-relacionado, por ser a vida cristã um todo indivisível.

Nessa concepção, um bom currículo é o resultado de um trabalho organizado e meticulosamente planejado. Na elaboração do currículo da ED, observa-se sua conformidade com as doutrinas bíblicas, um programa completo e abrangente de ensino das Escrituras e atividades de aprendizagem com aplicação das verdades aprendidas. Ao contrário disso, escreve Antonio Gilberto, “um simples conjunto de lições bíblicas sem sequência continuada, sem relacionamento entre si e sem levar em conta os agrupamentos de idade, não pode ser chamado de currículo, e não atingirá o alvo desejado no ensino da Palavra”.

Visando alcançar tais objetivos, a ED prima pela excelência do “ensino bíblico”. As revistas que integram o currículo são de lições bíblicas. A Bíblia é o livro base para todo o seu ensino[1]aprendizagem (Jo 5.39). O currículo da ED preserva a autoridade suprema da Palavra de Deus como única regra infalível de fé e prática (2 Tm 3.14-17). Em vista disso, as doutrinas bíblicas reproduzidas no material didático servem como padrão para o viver diário e a formação do caráter cristão (Sl 119.105). O conteúdo expressa a ortodoxia professada pelas Assembleias de Deus, contribui para manter a unidade doutrinária da igreja e atua como antídoto contra as heresias.

2. A Prática Pedagógica. A prática pedagógica é a expressão das atividades rotineiras que são desenvolvidas no âmbito da ED. É o somatório de todas as atividades planejadas com o intuito de possibilitar o processo educativo. As múltiplas dimensões da prática pedagógica compreendem, entre outros: a gestão, os professores, os alunos, a metodologia, o material didático, a avaliação e a relação professor[1]aluno. Destaca-se que uma boa prática pedagógica requer o comprometimento de todos, em especial, a capacitação e o preparo dos professores acerca de seus saberes e deveres. É responsabilidade do corpo docente planejar as aulas de acordo com o currículo estabelecido; dominar o assunto a ser ensinado; despertar e manter o interesse dos alunos.

Nesse aspecto, convém ressaltar a importância e o papel preponderante do professor da ED. A performance do corpo docente é fundamental para conquistar a atenção, manter a frequência e assiduidade dos alunos. Um professor despreparado ou desmotivado servirá de pedra de tropeço no processo ensino- aprendizagem. Portanto, é da competência da gestão da ED a responsabilidade da escolha e o compromisso da capacitação dos professores. Nesse propósito, recomenda-se a promoção de eventos que possam contribuir na qualificação dos professores, tais como seminários teológicos, cursos de capacitação, congressos e conferências da ED. Nas atividades da igreja local, faz-se necessário conhecer as principais limitações a fim de propiciar atividades pedagógicas que possam equacionar as dificuldades e maximizar o ensino das Escrituras.

Nessa perspectiva, no contexto da ED, cabe aos gestores priorizar a excelência da prática pedagógica, e aos professores compete o “fazer pedagógico” com qualidade. Dentre outros aspectos, enfatizamos o uso de metodologia adequada às faixas etárias, bem como o objetivo a ser alcançado em cada lição. Desse modo, torna[1]se indispensável que o texto bíblico seja o referencial permanente da prática pedagógica. Nesse sentido, o ensino não deve ser limitado a “transferência de conhecimento”, mas, sobretudo, o estudo das verdades reveladas deve instruir, expor e corrigir o erro (2 Tm 3.16), a fim de produzir verdadeira transformação na velha natureza humana (Ef 4.22,23). A ED terá cumprido o seu papel educacional cristão quando forem perceptíveis mudanças na vida dos alunos que atestem o novo nascimento e o crescimento espiritual (1 Co 6.10-12).

3. O Padrão Ético e Moral. Historicamente o conceito de ética surgiu na Grécia antiga (IV século a.C.). Quando os códigos ainda não estavam escritos e positivados, a própria consciência estabelecia a ética a ser observada (Rm 2.14-15). A palavra “ética” possui origem no vocábulo grego ethos (costumes ou hábitos). No latim é usado o termo correspondente mos (moral), com o sentido de “normas” ou “regras”. Assim, “ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros”. Esses termos são muito próximos e na práxis diária são confundidos como sinônimos. Porém, didaticamente é possível defini-los separadamente:

A ética trata dos princípios e valores que orientam a conduta de uma pessoa. A moral é a prática dessa conduta ética. A ética trata dos princípios e a moral da prática baseada nesses princípios. Sendo assim, ética e moral não são a mesma coisa, mas estão conectadas – ética e moral são como a teoria e a prática. Por exemplo, se eu tenho um princípio ético que me orienta a dizer a verdade, minha conduta moral será mentir ou não.

Nesse enfoque, a ética cristã tem como objetivo indicar a conduta ideal para a retidão do comportamento humano. O fundamento da ética e da moral cristã são as Escrituras Sagradas. Desse modo, a ética cristã não pode ser desassociada da moral e dos bons costumes preconizados nas doutrinas bíblicas. É verdade que não se pode desprezar a tradição da Igreja, as leis civis e criminais, as variadas literaturas e nem tampouco os bons costumes adotados pela sociedade, entretanto, para o cristão, toda e qualquer prática e conduta precisa passar pelo crivo e pelo aval da Palavra de Deus (Hb 4.12).

Por conseguinte, o texto bíblico é divinamente inspirado e, portanto, permanece inalterado (Mt 24.35). Os valores cristãos são permanentes, pois sua fonte de autoridade é imutável (1 Pe 1.25). Em suma, a Palavra de Deus não pode ser relativizada, revogada ou ajustada aos interesses humanos (Is 40.8). Assim, no propósito de cumprir o seu papel de instituição educadora, a ED também atua como multiplicadora dos princípios éticos e dos valores morais da fé cristã. A Igreja que zela pelo ensino sólido das lições bíblicas não é influenciada pelo erro, mas estabelece o padrão moral e ético a ser observado pelos cristãos (1 Tm 4.6; 2 Tm 3.10).

II – A EDUCAÇÃO CRISTÃ E A FORMAÇÃO DE LEITORES DA BÍBLIA

1. Conceito de Educação Cristã. As palavras “educação” e “educar” vêm do latim educare, que significa literalmente “guiar”, “levar”, “tirar de”, “retirar”, “conduzir para fora”. No texto do Novo Testamento, entre outros, destaca-se o emprego da palavra grega paideia, com o sentido de “instruir”, “formar”, “ensinar” e “educar”. Na Grécia Antiga, a paideia referia-se tanto ao modo como à meta da educação. O Dicionário Bíblico Wycliffe assegura que, quando aplicada às crianças, “abrange todo o cultivo da mente e da moral e o emprego de ordens, admoestações e censuras com o objetivo de treinamento e correção” (Hb 12.5-11); e, no caso de adultos, “se refere aquilo que desenvolve a alma, corrigindo erros e controlando as paixões (2 Tm 3.16)”.

Em termos gerais, a educação é um processo contínuo de desenvolvimento e aperfeiçoamento do ser humano. No sentido formal, designa o ensino como um sistema que compreende tanto a teoria quanto a prática. No aspecto da Educação Cristã, entendemos que ela começa por Deus: “É Ele quem prescreve o que deseja que saibamos e nos ensina por meio de sua Palavra, a fim de vivermos, por graça, à altura do privilégio de nossa filiação”. O Dicionário Teológico corrobora com essa definição nos seguintes termos: “programa pedagógico que, tendo por base a Bíblia Sagrada, visa ao aperfeiçoamento espiritual e moral dos que se declaram cristãos e daqueles que venham a entender o chamado do Evangelho de Cristo”. Em suma, a Educação Cristã molda o nosso viver segundo as Escrituras e produz crescimento e amadurecimento espiritual.

Nesse entendimento, reiteramos que o ensino-aprendizagem da Educação Cristã se fundamenta na revelação divina, cujo livro texto é a Palavra de Deus. No âmbito eclesiástico, especialmente na ED e no culto de doutrina, sua ocupação é o ensino sistemático e contínuo das doutrinas bíblicas (Mt 28.20; At 15.35; Cl 1.28, 2 Tm 2.2). Na esfera da sociedade civil, dedica-se à educação formal, como, por exemplo, colégios confessionais e instituições de ensino superior que oferecem formação acadêmica e intelectual com o embasamento e a práxis dos princípios cristãos (Mt 5.13-14; Rm 12.1-2).

2. Objetivos da Educação Cristã. O Senhor Jesus confiou à Igreja a tarefa da Grande Comissão (Mt 28.19-20; Mc 16.15). Nesse aspecto, o ensino cristão sempre esteve relacionado ao IDE estabelecido por Jesus. A incumbência é tanto de formação de indivíduos como de transformação da sociedade. Trata-se de uma ordenança proclamadora e de um mandato educacional. É responsabilidade dos discípulos de Cristo evangelizar e ensinar as doutrinas bíblicas (1 Tm 4.13; 2 Tm 4.2). Em vista disso, Paulo enfatiza a necessidade da dedicação ao ensino (Rm 12.7). O apóstolo aponta para o indispensável “esmero” e “diligência” da Igreja no exercício do dom de ensinar.

Desse modo, o ministério da Educação Cristã se reveste de notável importância, uma vez que, bem estruturado, pode cabalmente cumprir a missão ordenada à Igreja. Sua atividade é imprescindível no propósito de evangelizar e ensinar. Os agentes da Educação Cristã nas Assembleias de Deus são diversificados e possuem áreas de abrangência variadas, entre eles, ratifica-se o culto de ensino e a ED, e, ainda, acrescenta-se a obra evangelística e missionária, a formação teológica, bem como, já citado, a atuação por meio de uma escola de cunho confessional da educação básica ou de nível superior.

Nessa estrutura, destaca-se o papel de excelência da ED como maior agência de Educação Cristã, porque evangeliza enquanto ensina, atendendo os dois lados da ordem de Jesus: fazer discípulos e ensinar (Mt 28.19,20). Ao contrário do culto de doutrina, que reúne em um único auditório todas as faixas etárias, o currículo da ED merece destaque pela sua abrangência específica. Nesse mister, Antonio Gilberto enfatiza três principais objetivos da ED, a saber: (a) Ganhar almas para Jesus, o que requer dedicação para conduzir o aluno a aceitar a Cristo (2 Co 12.15); (b) Desenvolver a espiritualidade e o caráter cristão, o que engloba empenho na formação dos hábitos cristãos (Gl 5.22); e, (c) Treinar o cristão para o serviço do Mestre, o que demanda propiciar oportunidades para a capacitação de obreiros (2 Tm 2.2,15).  

3. A Capacitação dos Alunos Os processos educativos, seus currículos e metodologias, como já observado, integram a prática pedagógica adotada em uma instituição de ensino. O objetivo é fazer com que as pessoas aprendam e modifiquem seu comportamento. Na Educação Cristã, o procedimento não é diferente. Contudo, na esfera eclesiástica, a diferença se fundamenta no livro texto adotado: a Palavra de Deus. Não obstante, o processo da aprendizagem é o mesmo. O Manual da Escola Dominical define aprendizagem como “a mudança de conduta do educando, pelo conhecimento adquirido, pela prática, e pela experiência resultante de seu aprendizado. Não havendo mudança de comportamento de quem está a aprender, não houve real aprendizagem”.

Em busca dessa excelência, a Educação Cristã esmera-se em capacitar seus alunos. A capacitação é um processo permanente e deliberado de aprendizagem com a finalidade de “tornar capaz”, “preparar” e “qualificar” pessoas. O aprendizado cristão se alicerça nas Escrituras Sagradas; por conseguinte, o aluno é orientado e incentivado à leitura da Bíblia. Entretanto, a leitura bíblica não pode ter intenção meramente intelectual de acúmulo de conhecimento. Nesse quesito, o Guia Cristão de Leitura da Bíblia apresenta um triplo propósito: “descobrir os conteúdos; compreender as verdades; e aplicar as mensagens”. Dessa forma, a formação continuada de leitores da Bíblia se concentra em capacitar os alunos a “conhecer, entender e viver a Palavra de Deus”.

Isso posto, reiteramos que, na Educação Cristã, o processo de desenvolvimento do caráter e habilitação do cristão para servir no Reino de Deus acontece por meio do estudo acurado da Bíblia. Assim sendo, os alunos são formados não apenas como leitores do texto bíblico, mas qualificados ao exame minucioso das Escrituras e habilitados para ensinar a outros (At 17.10,11; 2 Tm 2.2). Essa meta somente pode ser atingida por meio da leitura diária das Escrituras Sagradas (Sl 1.1,2), sob a iluminação do Espírito Santo (Ef 1.17,18), e da aplicação dos princípios hermenêuticos, tais como as regras gramaticais e o contexto histórico e literário (1 Ts 5.21). 13 Para tanto, é imprescindível manter a disciplina na leitura bíblica, no aprendizado e no exercício do devocional diário.

III – É PRECISO LER A BÍBLIA DIARIAMENTE

1. A Leitura e a Disciplina Cristã. A disciplina tem relação com “castigo” e “punição”, mas também significa “ordem” e “obediência às regras”. O conceito se relaciona com a prática regular de certos princípios que pautam a atividade diária e as metas de uma pessoa. Com esse sentido, encontramos três símbolos na Bíblia que exemplificam a vida disciplinada: (a) o Soldado — a disciplina na aflição: “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo” (2 Tm 2.3); (b) o Lavrador — a disciplina da paciência: “porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante” (1 Co 9.10); (c) o Atleta — a disciplina no treinamento: “os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio” (1 Co 9.24).

Em resumo, a “disciplina” compreende abnegação, regularidade, prioridade, metas e perseverança. Essas ações reivindicam renúncia e compromisso. Dentre as “disciplinas cristãs”, citamos a oração, a leitura da Bíblia e o jejum. Contudo, não podemos alcançar ou merecer o favor e a justiça do Reino de Deus meramente observando as disciplinas cristãs. Quem incorre nesse erro embarca no legalismo do qual Cristo já nos libertou (Rm 7.6). A disciplina cristã é um meio de nos aproximar de Deus. Paulo disse: “Quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.8). Richard Foster escreveu que “o mesmo acontece com as Disciplinas Espirituais — elas são um meio de semear para o Espírito”.

Nesse sentido, o objetivo da disciplina cristã é propiciar intimidade singular com Deus por meio da “oração incessante” (1 Ts 5.17); “exame das Escrituras” (Jo 5.39); e a “prática do jejum” (1 Co 7.5). Em vista disso, o autêntico discípulo observa os exercícios espirituais. O termo “discípulo” está relacionado com a “disciplina” e, por isso, todo o discípulo é disciplinado. Em termos gerais, o zelo espiritual de um discípulo de Cristo repousa na prática das disciplinas cristãs. Repete-se que a disciplina não é um meio de salvação, mas por meio dela conhecemos a perfeita vontade de Deus (Rm 12.1,2). A disciplina cristã, ratifica-se, requer regularidade e prioridade na busca da santificação (Rm 6.22). Portanto, a leitura bíblica, por exemplo, deve ser diária (Sl 119.97; 1 Tm 4.13).

2. A Leitura e o Aprendizado. Como já argumentado, a leitura bíblica é uma disciplina cristã. E, como todo o ato disciplinado, a leitura requer dedicação. Como já afirmado, o termo “dedicação” tem o sentido de “esmero” e “diligência” no exercício de alguma atividade. Para bem trilhar esse caminho de crescimento e aprendizado, os objetivos do leitor da Bíblia devem ser bem definidos e obedecidos à risca. Nesse diapasão, corroboram-se as palavras do salmista que nos exorta ao exercício diário de leitura e meditação da Bíblia: “Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2); “Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia!” (Sl 119.97).

Na busca desse objetivo, se faz necessário: planejamento, adoção de um cronograma de leitura e estabelecimento de metas. Por exemplo: (a) definição do horário diário da leitura. Deve ser o horário em que pessoa se encontra mais bem disposta; (b) tempo destinado à leitura. Deve ser um tempo adequado para ao menos a leitura de um capítulo das Escrituras; e (c) metas a ser alcançadas. A meta é um importante fator motivador, tais como ler a Bíblia toda dentro de um determinado prazo que seja exequível. Não obstante, a leitura não pode ser superficial ou centrada em um amontoado de informações. A leitura deve promover acima de tudo o aprendizado.

O aprendizado é parte intrínseca de um discípulo. Isso porque “discípulo” significa literalmente “aprendiz”. Uma máxima pedagógica afirma que “ler é aprender”. Desse modo, por meio da leitura da Bíblia, aprendemos acerca de Deus e de seu plano de salvação (Rm 1.2-4). Esse aprendizado orienta o discípulo a tornar- se parecido com Cristo (Ef 4.13). Por isso, o aprendizado deve ultrapassar a teoria e ser aplicado na vida diária. Paulo repreende os “que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade” (2 Tm 3.7). Por essa razão, o apóstolo adverte Timóteo a observar o aprendizado bíblico que o faria sábio para a salvação, pela fé em Cristo Jesus (2 Tm 3.14,15).

3. A Leitura e o Devocional. A plena comunhão com Deus é o aspecto mais importante para uma vida cristã espiritualmente frutífera e bem-sucedida. Em vista disso, reforçamos que a leitura e o estudo sistemático das Escrituras Sagradas nos auxiliam a manter a necessária intimidade com Deus e a sua Palavra. Como afirmou o salmista, é possível guardar a Palavra no coração e, dessa forma, não pecar contra Deus (Sl 119.11). Significa que “ela deve ocupar os sentimentos, assim como o entendimento; toda a mente precisa estar impregnada com a Palavra de Deus”. Por conseguinte, o correto aprendizado bíblico conduz o crente à plena adoração. Aquele que se dedica em aprender a Bíblia descobre que a verdadeira adoração é praticada “em espírito e em verdade” (Jo 4.23).

Apesar de todo genuíno cristão concordar com essas afirmações, nem sempre o dia a dia do crente reflete a prática do devocional e da adoração devida. A falta de tempo, em virtude da agenda cheia e os mais variados compromissos são o pretexto mais comuns apresentados por boa parte dos evangélicos. No entanto, nenhuma atividade, seja eclesiástica, seja secular, pode ser mais importante que nosso devocional com Deus. Não é salvo aquele que conhece e até ensina a Bíblia, mas não mantém comunhão com o seu autor. É preciso ter em mente a mesma preocupação paulina: “Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Co 9.27).

Portanto, recordamos que um dos aspectos da adoração é o culto devocional (Jo 4.23,24). Não se refere ao culto público que prestamos a Deus no templo, nem ao culto doméstico em família, mas aquele praticado de forma individual e constante (Sl 55.17). Inclui a oração, o louvor, o jejum e a leitura bíblica. Essa atividade fortalece a comunhão com Deus (Sl 119.11,15,24). O devocional é também uma oportunidade para o estudo sistemático/indutivo das Escrituras, que, por ação do Espírito Santo, abre o nosso entendimento (Jo 14.26). A intimidade com as Escrituras acontece, em primeiro lugar, com a leitura diária dos textos sagrados. Depois, pela leitura de bons comentários da Bíblia. Dicionários e tratados de teologia enriquecem o nosso conhecimento bíblico tal como a nossa Declaração de Fé, que expressa a ortodoxia pentecostal (Jd 1.3)

Fonte: BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus. Rio de Janeiro, 2022, p. 145-154.


sexta-feira, 18 de março de 2022

LIÇÃO 12: AS EPÍSTULAS INSTRUEM E FORMAM OS CRISTÃOS

INTRODUÇÃO

O termo grego epistole, traduzido para o português como “epístola”, indica uma comunicação escrita, uma carta ou missiva de natureza formal. As Epístolas da Bíblia apresentam instruções vitais para a compreensão da doutrina cristã, bem como para a formação dos cristãos. Elas correspondem 21 dos 27 livros do Novo Testamento. As treze escritas por Paulo são denominadas de “paulinas”. As oito epístolas restantes são de outros autores e designadas de “gerais”.

Esses livros são divinamente inspirados e representam quase 80% do cânon do Novo Testamento. Apenas os quatro Evangelhos, Atos e Apocalipse não são considerados Epístolas. O conjunto de doutrina dessas Epístolas, revelado aos seus diversos autores, continua a instruir o povo de Deus, a formar o caráter do crente salvo em Jesus e a preparar a Igreja para a vinda do Senhor. Neste capítulo, agrupamos as Epístolas por temas e autoria, e destacamos alguns de seus aspectos doutrinários.

I – COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM

1. Instruções Salvíficas Nesse grupo, enfatizamos os aspectos da doutrina da salvação. Em Romanos, destaca-se o texto: “Porque nele [Cristo] se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.17). Paulo ensina que, pela fé em Cristo que nos libertou do pecado mediante seu sacrifício remidor, somos declarados justos diante de Deus (Rm 3.23-25). A sentença “o justo viverá pela fé” remonta ao profeta Habacuque (Hb 2.4b) e aparece em Gálatas 3.11 e Hebreus 10.38, o que faz da declaração um preceito antigo que se cumpre na Nova Aliança. Essa expressão significa que “os cristãos viverão por causa da fidelidade de Deus, e por causa de sua resposta de fé a Deus: como resultado, eles terão vida eterna e experimentarão a plenitude de vida”.

Em Gálatas, ressalta-se que “o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo [...] porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada” (Gl 2.16). Na construção da última parte desse versículo, Paulo faz alusão a Salmos 143.2 e explica que a justificação do crente não vem por observar a Lei. A condição de ser declarado “não culpado” diante de Deus vem por meio da fé na obra redentora de Cristo. O apóstolo reitera que somente a fé em Cristo nos liberta do jugo da Lei (Gl 5.1). O ensino ratifica que pela fé em Cristo “o crente é colocado em um relacionamento direto com todos os requisitos da Lei, absolvido de todas as penalidades da Lei e consequentemente liberto da maldição da Lei”.

Em 1 Coríntios sublinha-se a mensagem do “Cristo crucificado” (1 Co 1.23). O texto informa que os judeus buscavam “sinais” e os gregos buscavam “sabedoria” (1 Co 1.22). Portanto, a mensagem de salvação por meio da cruz de Cristo era escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Não obstante, Paulo lhes assevera que Cristo é o “poder de Deus” e a “sabedoria de Deus” (1 Co 1.24), que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia (1 Co 15.3-4). Em 2 Coríntios, frisa-se o “ministério da reconciliação” (2 Co 5.18). Por causa do pecado, o homem vivia em inimizade com Deus. No entanto, Deus estava disposto a perdoar as ofensas e enviou um Mediador. Assim, Cristo levou os nossos pecados na cruz e nos reconciliou com Deus (2 Co 5.19-21).

2. Instruções a Respeito de Cristo. Nesse enfoque, o destaque são os aspectos da doutrina de Cristo. Em Efésios, observam-se dois polos: Cristo e a Igreja — ambos representados pela imagem simétrica de “Cristo, a cabeça” (Ef 1.22; 4.15; 5.23) e “Igreja, o corpo” (Ef 1.23; 4.12; 5.30). Paulo ensina que é exclusivamente em conexão com Cristo que somos abençoados com todas as bênçãos espirituais. Nesse sentido, a Igreja foi eleita em Cristo (Ef 1.4), redimida em Cristo (Ef 1.7) e para a glória de Cristo (Ef 1.12). Em Cristo passamos da morte para a vida (Ef 2.1) e, em Cristo, fomos libertos das concupiscências (Ef 4.22). Assim, a nova vida do crente é caracterizada pela salvação “em Cristo”.

Em Filipenses, a mensagem enfatiza que para o cristão “o viver é Cristo” (Fp 1.21). Matthew Henry descreve que “a glória de Cristo deve ser a finalidade da nossa vida, a graça de Cristo, o princípio dela, e a Palavra de Cristo, a regra dela. A vida cristã é derivada de Cristo e dirigida a Ele. Ele é o princípio, a regra e o fim dela”. Em vista disso, Cristo é o modelo de vida para o salvo. Assim sendo, o crente deve regozijar-se em Cristo diante de todas as circunstâncias (Fp 1.18; 2.2; 3.1; 4.4-13); por amor a Cristo, fugir de contendas e manter a comunhão com os irmãos (Fp 2,1-4); e andar nos mesmos passos de humildade de Cristo Jesus (Fp 2.5-11).

Em Colossenses, Paulo sublinha que a “vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3.3). Indica que Cristo é a vida do crente, e que essa nova vida é de Cristo. O Comentário Bíblico Beacon avalia que “trata-se de uma realidade para o crente e é realizada numa nova consciência e poder éticos para a justiça”. Quem recebe essa graça deve despojar-se do velho homem e das suas más obras, e revestir-se da nova natureza em Cristo (Cl 3.5-10). E, dessa forma, a igreja está unida com Cristo em Deus, morta para os pecados e para o mundo, e ressuscitada com Cristo (Cl 2.13-15; 3.1,2). Em suma, Cristo é tudo em todos, Ele é a suficiência para todo cristão (Cl 3.11).

3. Instruções sobre as Últimas Coisas. Essas orientações enfatizam os aspectos da segunda vinda de Jesus. Em 1 Tessalonicenses, Paulo ensina que, no retorno de Cristo, “os que ficarmos vivos, seremos arrebatados” (1 Ts 4.17). Quanto à vinda de Cristo, nossa Declaração de Fé professa que é um evento a ser realizado em duas fases:

A primeira é o arrebatamento da Igreja antes da Grande Tribulação (1Ts 1.10; 4.17; 5.9); a segunda fase é a sua vinda em glória depois da Grande Tribulação e visível aos olhos humanos (Ap 1.7). Nessa vinda gloriosa, Jesus retornará com os santos arrebatados da terra: “na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos” (1 Ts 3.13).

O arrebatamento é um termo que designa o rapto da Igreja da face da terra para o encontro com o Senhor nos ares. Nesse evento, os mortos em Cristo e os santos do Antigo Testamento ressuscitarão primeiro (1 Ts 4.16), seguindo-se a transformação dos salvos vivos e o simultâneo encontro de ambos os grupos com o Senhor nos ares (1 Ts 4.17). Acontecerá em fração de segundos, e nosso corpo será transformado num corpo glorioso, que estará revestido de incorruptibilidade e imortalidade (Fp 3.21; 1 Co 15.51,53). Será um evento repentino e secreto (Mt 24.36,44,50; 25.13). A condição para fazer parte desse glorioso evento é estar em Cristo. Enquanto aguarda o arrebatamento, o crente deve conservar irrepreensível o espírito, a alma e o corpo (1 Ts 5.23).

Em 2 Tessalonicenses, Paulo corrige o falso ensino de que Cristo já tinha vindo (2 Ts 2.1,2). Esclarece que somente após o arrebatamento da Igreja é que o “Dia do SENHOR” terá início com a manifestação do Anticristo (2 Ts 2.3,8). A expressão “Dia do SENHOR” também é designação para a Grande Tribulação (Is 13.6-9; 1 Ts 5.2,3), ocasião em que a ira de Deus será derramada sobre os moradores da terra. Após a Grande Tribulação se dará a segunda fase da Segunda Vinda de Cristo, que será visível e corporal com a sua Igreja glorificada (Lc 21.27). Enquanto o salvo aguarda, deve orar para que o evangelho tenha livre curso, e vigiar para não viver desordenadamente (2 Ts 3.1,11,12).

4. Instruções Pastorais e Pessoais. As Epístolas particulares abrangem instruções de natureza prática. Duas delas foram dirigidas a Timóteo, um jovem pastor em Éfeso, natural de Listra, filho de pai gentio e de mãe cristã judia (At 16.1). Após sua conversão, tornou-se um auxiliar de confiança na obra missionária. Paulo se refere a ele como “irmão” e “cooperador” (1 Ts 3.2); “filho amado” e “fiel no Senhor” (1 Co 4.17); “verdadeiro filho na fé” (1 Tm 1.2). As orientações são pessoais, mas servem para aplicação na vida espiritual e gestão da Igreja.

Dentre outros temas, em 1 Timóteo, Paulo orienta o combate às heresias por meio da “sã doutrina” (1 Tm 1.3,9,10). Timóteo deveria coibir o ensino de “outra doutrina” que minava a fé da Igreja, esmerando-se em ensinar a ortodoxia cristã (doutrina correta). Para tanto, precisava combater as inovações, tais como, “fábulas ou a genealogias intermináveis” (1 Tm 1.4). Refere-se a doutrinas espúrias permeadas de mitos, ficções, lendas e revelações falsas em contraste com a verdade do Evangelho. Em vista disso, depreende-se que o líder deve ser apto para ensinar (1 Tm 3.2; 4.13,16).

Em 2 Timóteo, destaca-se que o obreiro deve ser aprovado diante de Deus e manejar “bem a Palavra da verdade” (2 Tm 2.15). Paulo orienta o líder a esforçar-se para receber a aprovação divina, e não dos homens. O apóstolo aconselha tanto Timóteo como a Igreja a não participarem de falatórios vazios e profanos como faziam os hereges (2 Tm 2.14,16). Para isso, deveria estudar com zelo as Escrituras para não ser um obreiro despreparado, a fim de instruir aos que resistiam a sã doutrina (2 Tm 2.25).

As outras duas missivas pessoais de Paulo foram endereças a Tito e a Filemom. Tito era um grego convertido (Gl 2.3), que se tornou cooperador de confiança de Paulo, com as mesmas virtudes de Timóteo (Tt 1.4; 2 Co 2.13; 8.23; 12.18). Ele foi comissionado pelo apóstolo para pastorear em Creta (Tt 1.5). Na Epístola a Tito, enfatiza-se que o pastor deve contrapor os falsos ensinos (Tt 1.5,10,11) e, para tanto, é exortado a falar “o que convém à sã doutrina” (Tt 2.1). Nessa tarefa, cabe ao ministro reafirmar a autoridade da Palavra de Deus e manter-se fiel às doutrinas bíblicas.

Em Filemom, a mensagem enfatiza o perdão. O destinatário principal é Filemom e a Igreja em sua casa (Fm 1,2). Esse detalhe indica que a casa de Filemom era o lugar de cultos dos crentes de Colossos (Cl 4.8,9). O assunto gira em torno de Onésimo, um escravo fugitivo que Paulo converteu ao evangelho na prisão (Fm 10). Paulo aconselha Filemom a acolher Onésimo com brandura e apreço, e ainda se dispõe a pagar todo o prejuízo causado (Fm 17,18). O apóstolo ensina que o transgressor arrependido deve ser recebido não como servo, mas como irmão amado (Fm 16).

II – COMO AS EPÍSTOLAS GERAIS NOS FORMAM

1. As Epístolas de Pedro A 1ª Epístola de Pedro foi escrita aos irmãos dispersos no “Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1 Pe 1.1). Refere-se aos judeus convertidos a Cristo, mas principalmente aos gentios cristãos que habitavam em uma dessas cinco províncias romanas. Eles eram minoria em uma sociedade pagã, idólatra, injusta, pervertida e imoral. Estavam sofrendo pressões e perseguições por causa da sua fé em Cristo e de seu modo de viver e agir contrário a cultura predominante. Nesse contexto, ressalta-se que em 1 Pedro a abordagem enfatiza o sofrimento cristão (1 Pe 1.6).

O apóstolo ensina que as provações fortalecem a fé. Afirma que a fé é testada no fogo das adversidades (1 Pe 1.7). Exorta os cristãos a não ceder às concupiscências, mas manter uma vida de santidade (1 Pe 1.15). Orienta os crentes a suportar os agravos para a glória de Deus (1 Pe 2.19) e alegrar-se por serem participantes das aflições de Cristo (1 Pe 4.13). Assegura que o próprio Deus é quem aperfeiçoa, confirma, fortifica e estabelece o crente fiel (1 Pe 5.10). Essas verdades devem nos dar a confiança, paciência e esperança para perseverar, mesmo quando formos perseguidos.

A 2ª Epístola de Pedro foi destinada aos leitores da primeira missiva (2 Pe 3.1) e provavelmente a um grupo maior de cristãos. A ocasião da escrita revela um quadro bem desolador para os servos de Cristo. Nero, o imperador de Roma (54 d.C.-68 d.C.), promovia crescente perseguição à Igreja. Como já visto na primeira Epístola, Pedro advertiu e encorajou os crentes a manter a fidelidade e a esperança em meio ao sofrimento. Nessa segunda Carta, antes de morrer, Pedro escreve suas últimas orientações aos irmãos. Em 2 Pedro, a mensagem faz alerta aos ensinos dos falsos mestres (2 Pe 1.12-14).

O apóstolo exorta acerca das heresias que perturbavam a fé da Igreja, tais como a negação da divindade de Jesus e a negação da Segunda Vinda de Cristo (2 Pe 2.1; 3.4). Pedro vaticina que muitos seriam enganados (2 Pe 2.2), e que os hereges por avareza fariam da igreja um negócio para ganhar dinheiro (2 Pe 2.3). Para combater esses males, Pedro ratifica que Jesus é o Filho de Deus (2 Pe 1.16,17) e anima a Igreja a manter-se fiel e imaculada até a volta do Senhor (2 Pe 3.9-14). Assim, os escritos de Pedro estimulam as virtudes do discernimento, santidade e perseverança.

2. As Epístolas de João. A 1ª Epístola de João adverte sobre o falso ensino que negava a encarnação de Jesus (1 Jo 1.1; 4.2,3) e as demais heresias gnósticas (1 Jo 5.13-21). Os hereges ensinavam que Cristo só tinha a aparência de ser humano. Essa heresia é chamada de “docetismo” (do grego dokeo, “parecer”). O gnosticismo ligava a salvação a uma experiência de revelação esotérica (do grego gnosis, “conhecimento”). João esclarece que ele próprio era testemunha da encarnação (1 Jo 1. 1-4). Explica que o salvo deve viver em comunhão com os irmãos (1 Jo 1.6,7); afastar-se da prática do pecado (1 Jo 2.1; 3.7); amar uns aos outros (1 Jo 4.11); vencer o mundo por meio da fé (1 Jo 5.4); e permanecer no que é verdadeiro: Jesus Cristo (1 Jo 5.20).

Em 2 João, o apóstolo reitera a prática do amor como mandamento divino (2 Jo 1.5,6) e novamente refuta as heresias do docetismo e gnosticismo. João assegura que todo aquele que não confessa que Cristo veio em carne é enganador e anticristo (2 Jo 1.7). Portanto, a Igreja é exortada a não se deixar enganar, nunca ir além daquilo que está escrito, mas perseverar na doutrina de Cristo (2 Jo 1.9). A Epístola orienta os cristãos a não receber pessoas com falsos ensinos em casa (2 Jo 1.10). Nesse quesito, João declara que aquele que escuta um herege tem parte nas suas más obras (2 Jo 1.11).

Em 3 João, destaca-se em posições opostas a fidelidade e a infidelidade. A Epístola condena a soberba e a rivalidade mesquinha que coloca cristãos uns contra os outros. O apóstolo aprova o comportamento de Gaio e Demétrio, cujas virtudes são: “andar na verdade”, “proceder fielmente”, “exercitar o amor” e “dar verdadeiro testemunho” (3 Jo 1.4-8,12). De outro lado, Diótrefes é reprovado por “desejar a primazia”, “desprezar os líderes”, “ser maledicente” e “causar escândalos” (3 Jo 1.9,10). Nessa missiva, somos exortados a seguir o bom exemplo dos servos que são fiéis a Deus, a sua obra e a seus líderes.

3. As outras Gerais. A Epístola aos Hebreus foi provavelmente escrita aos judeus cristãos helenistas que são instados a manter firme a fé em Cristo (Hb 3.6,14; 4.14; 10.23). A ênfase da mensagem repousa na supremacia de Cristo: Ele é superior aos Pais e aos Profetas (Hb 1.1); superior aos anjos (Hb 1.4); superior a Moisés (Hb 3.3); e superior ao sacerdócio levítico (Hb 4.14). Ele é Mediador de uma melhor aliança (Hb 8.6); Ele é o Sumo Sacerdote de um maior e mais perfeito tabernáculo (Hb 9.11) e por seu próprio sangue executou uma eterna redenção (Hb 9.11,12). Desse modo, o crente é estimulado a olhar para Cristo, o “autor e consumador da fé” (Hb 12.2).

Tiago foi destinada aos judeus cristãos que tinham deixado a Palestina (Tg 1.1). O autor é meio-irmão de Jesus (Mc 6.3). Seus leitores estavam enfrentando pressão a respeito de seus valores e crenças (Tg 1.2-4). Em vista disso, entre outros conselhos, Tiago adverte que “a ira do homem não opera a justiça de Deus” (Tg 1.20); esclarece que “a fé sem obras é morta” (Tg 2.26); acentua que a fé deve ser mostrada em ações (Tg 2.14); enfatiza a importância de controlar a língua (Tg 3.2), e estimula os crentes a orar e ajudar uns aos outros (Tg 5.16-20). Para tanto, o texto adverte o cristão a ser praticante da Palavra, e não somente ouvinte (Tg 1.22).

Judas foi endereçada aos cristãos judeus espalhados pelo mundo (Jd 1b). O autor é também meio-irmão de Jesus (Jd 1a). Judas exorta o salvo a “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Isso por causa dos hereges infiltrados na igreja (Jd 4). Eles diziam que a liberdade em Cristo os isentava das regras morais; eram insubmissos aos líderes; e desprezavam o mundo espiritual (Jd 8). Em suma, ensinavam concupiscências e licenciosidade (Jd 18,19). Em vista disso, o crente é instruído a se firmar na fé, orar e a preservar a esperança da vida eterna (Jd 20,21).

III – AS EPÍSTOLAS CONTINUAM A FALAR

1. A Doutrina da Justificação. A doutrina da justificação pela fé ensina, em termos gerais, que o pecador é justificado (absolvido da punição e da condenação do pecado) unicamente pela fé na graça divina (Rm 5.1,2). Assevera que a salvação é dom gratuito e imerecido de Deus aos pecadores e que só pode ser recebida por meio da fé (Ef 2.8,9). Significa dizer que as obras humanas não podem salvar, mas apenas a fé em Cristo por meio da recepção da graça de Deus (Gl 2.16). Lutero afirmava que “a doutrina da justificação não é apenas mais uma doutrina; é o artigo fundamental da fé, pelo qual a igreja se firmará ou cairá e do qual depende toda a doutrina”. Desse modo, a doutrina da justificação pela fé é considerada como a grande verdade que a Reforma Protestante restituiu à Igreja.

Nossa Declaração de Fé professa crer na restauração do homem por meio do arrependimento e fé na obra expiatória e redentora de Cristo (Rm 3.23,24), no novo nascimento pela graça de Deus mediante a fé (Ef 2.8,9) e na justificação pela fé no sacrifício de Cristo (Rm 10.13; Hb 5.9; 7.25). Nosso documento doutrinário explica que a justificação é um ato da graça de Deus, o Supremo Juiz, pelo qual a justiça de Cristo é imputada a todo aquele que crê em Jesus declarando-o justo (Rm 3.24,28). O primeiro resultado da justificação é a paz com Deus (Rm 5.1). Juntamente com a salvação e a justificação, o pecador arrependido recebe a adoção de filho de Deus (Jo 1.12; Gl 4.4-6). Nesse entendimento, ratifica-se que essa é uma doutrina fundamental da fé cristã.

2. A Doutrina da Santificação. Etimologicamente (do hebraico kadosh e do grego hagios), o significado da palavra “Santo” é respectivamente “puro” e “separado para Deus”. Nesse sentido, a doutrina da santificação implica uma vida separada do pecado e dedicada a Deus (Rm 12.1,2). É um processo mediante o qual Deus purifica os que a Ele se achegam e passam a ser orientados pelo Espírito Santo (1 Jo 3.3). A Bíblia Sagrada ensina enfaticamente que Deus é “Santo”: Ele é o “Santo de Israel” (Is 1.4); “Deus, o Santo” (Is 5.16); o seu nome é “Santo” (Is 40.25; 57.15), dentre outros textos. Portanto, o Deus “Santo” requer que sua criação ande em santidade (1 Pe 1.15,16), isto é, o atributo comunicável de Deus da santidade é concedido a todos os que verdadeiramente são regenerados.

Nossa Declaração de Fé ensina que “já salvo e justificado, o novo crente entra de imediato no processo de santificação, pois assim o requer a sua nova natureza em Cristo (Rm 6.22; 1 Ts 4.3)”. Porém, essa transformação vai sendo aperfeiçoada durante a jornada do cristão (2 Co 3.18; Fp 1.6). Nesse aspecto, a santificação “é uma continuação do que foi começado na regeneração, quando então uma novidade de vida foi conferida ao crente e instilada dentro dele”. 15 Desse modo, o salvo precisa ser santificado pelo Espírito Santo (1 Pe 1.2). O fruto do Espírito nos é concedido para andarmos no mundo conservando a nossa santidade (Gl 5.16-17, 22). Portanto, o crente deve purificar-se tanto da carne como do espírito (2 Co 7.1), pois sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). 3. A Doutrina da Glorificação A Escritura Sagrada diz: “se é certo que com Ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8.17). Acerca desse texto, o Comentário Aplicação Pessoal sublinha que “só iremos gozar da nossa herança futura, se o nosso relacionamento com Cristo for suficientemente autêntico para podermos enfrentar o sofrimento em seu nome, por amor ao Senhor”. Indica que o cristão justificado pela fé e santificado pelo Espírito Santo ao sofrer perseguição por amor a Cristo, e suportar injustiças por causa de seus valores, está experimentando o sofrimento de Cristo para poder compartilhar de sua glória na eternidade. Paulo ratifica essa verdade ao declarar que aos que Deus “chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).

Desse modo, a doutrina da glorificação é a última etapa de nossa salvação. Nesse processo, o pecador é salvo pela graça, justificado pela fé, santificado pelo Espírito e prossegue até que todos cheguemos “a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13, ACF). Em nossa trajetória cristã, continuamos sendo aperfeiçoados, mas nunca chegaremos à perfeição até chegarmos ao céu. Quer dizer que, somente ao final do processo da salvação, a glória perdida no Éden pelo primeiro Adão será finalmente restaurada (1 Co 15.45). Trata-se de uma promessa da futura transformação de nosso corpo mortal em corpo glorioso (Fp 3.21), que se dará por ocasião da vinda do Senhor (1 Co 15.52-54; 2 Co 3.18). Esse novo corpo será eterno, imortal, imperecível.

Fonte: BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus. Rio de Janeiro, 2022, p. 135-144.

sábado, 12 de março de 2022

LIÇÃO 11: LUCAS-ATOS: O MODELO PENTECOSTAL PARA HOJE

INTRODUÇÃO

Lucas-Atos são dois volumes de autoria do médico amado (Cl 4.14). Os relatos são escritos a partir de premissas históricas e teológicas. Roger Stronstad anota que “apesar da particularidade histórica de cada livro, eles têm uma perspectiva teológica homogeneamente comum”. Assim sendo, Lucas é tanto historiador como teólogo. Desse modo, além da dimensão histórica, a obra lucana tem também uma dimensão didática. Essas narrativas servem de modelo para o comportamento cristão e a vida da Igreja em todos os tempos.

Lucas descreve a capacitação do Espírito Santo no ministério de Jesus e no ministério da Igreja. A unção do Espírito que repousava em Jesus também foi concedida à Igreja (At 2.33). Esse revestimento de poder na vida do crente não é apresentado como dom para salvação, mas como a unção dos salvos para o testemunho e o serviço cristão. Esse é o padrão bíblico adotado pelo pentecostal submisso ao ensino das Escrituras Sagradas. Desde o Pentecostes, o derramar do Espírito Santo permanece como modelo para a Igreja de Cristo.

I – O EVANGELHO DE LUCAS: O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DE CRISTO

1. O Espírito Santo no Evangelho. Lucas registra os fatos acerca da vida e obra de Cristo (Lc 1.1-3). A narrativa do Evangelho compreende o nascimento, ministério, morte e ressurreição de Jesus, bem como a promessa do derramamento do Espírito Santo. O evangelista enfatiza o papel e a importância do Espírito no advento do Messias. Nossa Declaração de Fé professa que o Espírito Santo não é apenas um atributo da divindade, mas possui a mesma essência do Deus Pai e do Deus Filho; Ele é a terceira pessoa da Trindade e foi enviado ao mundo pelo Pai e pelo Filho; Ele é “o Espírito que provém de Deus” (1 Co 2.12).

A ação do Espírito no Evangelho de Lucas é percebida em diversos eventos. De modo introdutório, destacamos os seguintes: na vida de João Batista, o precursor de Cristo, quando do anúncio do anjo de que ele seria “cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe” (Lc 1.15); na vida de Isabel e Zacarias — os pais de João Batista, quando, no sexto mês da gravidez, ao receber a visita de Maria, “a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo” (Lc 1.41); após o nascimento de João Batista, quando Zacarias “foi cheio do Espírito Santo e profetizou” (Lc 1.67).

E, no anúncio da concepção virginal de Maria, Lucas associa o Espírito Santo com o poder e a presença de Deus. No vocabulário empregado, percebe-se o conceito de Trindade: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35). Lucas também registra que após o nascimento de Jesus, Simeão, impulsionado pelo Espírito, foi ao Templo a fim de conhecer o Messias antes de morrer (Lc 2.25-32). O Evangelho ainda ressalta o poder e autoridade de Cristo em batizar no Espírito Santo e fogo (Lc 3.16).

2. O Espírito Santo e o Batismo de Cristo. Jesus foi batizado em águas por João Batista com a idade de “quase trinta anos” (Lc 3.23), a mesma com que os levitas iniciavam o ministério (Nm 4.3, 35). Jesus não precisava arrepender-se de pecado algum (1 Pe 2.22), mas submeteu-se ao batismo em águas para “cumprir toda a justiça” (Mt 3.15). Nossa Declaração de Fé ensina que a palavra “batismo” significa “mergulho, imersão” e que o batismo simboliza a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, deixando claro que se trata de uma prática realizada por meio da imersão do corpo inteiro (Mt 3.16; At 8.38-39; Rm 6.4).

Ao descrever o batismo no Jordão, Lucas informa que, estando o Senhor em oração, ocorreram três eventos extraordinários: (a) o céu se abriu (Lc 3.21); (b) o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba (Lc 3.22a); e (c) ouviu-se uma voz vindo do céu que estava aberto (Lc 3.22b). A abertura do céu significa que se segue uma revelação da parte de Deus. A expressão “forma corpórea, como pomba” enfatiza que a descida do Espírito Santo foi uma coisa real, não ilusão visionária. E, todos testemunharam a voz do céu que dizia a Jesus: “Tu és meu Filho amado” (Lc 3.22b).

O céu aberto, o evento da descida do Espírito e a voz que o identificava como Filho de Deus tinham como propósito marcar o início do ministério público de Jesus (Lc 4.1,14,18). O relato não indica que Jesus não tivesse o Espírito, isso porque Ele já tinha o Espírito desde a concepção (Lc 1.35). Esse evento simbolizava a unção real da messianidade de Jesus (Is 11.2; 42.1). Também serviram como sinal para João Batista confirmar que Jesus era de fato o Cristo (Jo 1.32,33). Percebe-se, também, na narrativa a presença e atuação da Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

3. O Espírito Santo e a Tentação de Cristo. Após o batismo nas águas e cheio do Espírito Santo (Lc 4.1a), Jesus foi impelido pelo Espírito ao deserto, e lá foi tentado pelo Diabo durante quarenta dias (Lc 4.1b; 4.2a). Depois de receber a unção do Espírito para o exercício público de sua messianidade, Jesus foi submetido a um severo teste de fidelidade para com o Pai. A articulação das trevas focou na frase dita por Deus a Jesus: “Tu és meu Filho amado” (Lc 3.22). Não somente uma vez, mas duas vezes o Diabo desafiou Jesus com respeito a essa declaração: “Se tu és o Filho de Deus [faz isso... faz aquilo]” (Lc 4.3,9).

Em todos os desafios da tentação, Jesus contra-ataca por meio das Escrituras. O Diabo sugeriu que Jesus provasse a sua filiação divina transformando pedra em pão (Lc 4.3), Cristo revidou citando Deuteronômio 8.3, e reafirmou que o homem não vive só de pão, mas de toda palavra que procede de Deus (Lc 4.4). O Adversário, para instigar o Senhor, distorce o livro de Salmos 91.11-12 e sugere que Jesus teste a sua condição de Filho de Deus atirando-se do pináculo do Templo (Lc 4.9-11). O Senhor o repele e ratifica o verdadeiro sentido das Escrituras: “não tentarás o Senhor, teu Deus” (Dt 6.16; Lc 4.12).

O Maligno também ofereceu todos os reinos do mundo em troca de ser adorado por Jesus (Lc 4.5-7). Porém, o Senhor cita Deuteronômio 6.13 e com firmeza lhe retruca: “Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás” (Lc 4.8, ACF). A postura adotada por Jesus sinaliza que Ele manteve a comunhão com o Pai fortalecido pela oração e o jejum (Lc 4.2b). A vitória do Senhor sobre a tentação demonstra que Ele estava capacitado para cumprir o seu ministério. Cristo venceu o Diabo pelo poder do Espírito e da Palavra de Deus (Lc 4.4,8,12,13).

4. O Espírito Santo e a Missão de Cristo. Vencida a tentação no deserto, Jesus voltou à Galileia, conduzido pelo Espírito (Lc 4.14). Aqui é importante pontuar a ação do Espírito Santo no ministério de Jesus. Ele foi conduzido ao deserto e de lá retornou, sempre no poder do Espírito. Lucas informa que, após ministrar em alguns lugares, o Espírito dirigiu o Senhor para Nazaré (Lc 4.15,16). Nazaré era uma aldeia situada a 24 quilômetros do mar da Galileia. Era um lugar depreciado pelos judeus (Jo 1.45,46), porém, foi ali que o anjo anunciou o nascimento de Jesus (Lc 1.26), o local onde Ele foi criado, e por isso chamado de Nazareno (Mt 2.23).

Na sinagoga de Nazaré, em um dia de sábado, Jesus levantou-se para ler (Lc 4.16). O rito litúrgico na sinagoga obedecia à leitura da Lei e dos profetas. A. T. Robertson esclarece que “sete pessoas eram convidadas a ler pequenos trechos da Lei. Essa primeira lição era seguida por uma leitura dos profetas e um sermão, a segunda lição”. Nesse dia, coube a Jesus fazer a leitura de um dos profetas e proferir o sermão. Não sabemos se o oficiante lhe entregou aleatoriamente o livro de Isaías ou se era a lição fixa do dia (Lc 4.17), mas sabemos que era ação providencial do Espírito de Deus.

Ao desenrolar o rolo de Isaías, Jesus leu a passagem que dizia: “O Espírito do Senhor é sobre mim” (Lc 4.18; cf. Is 61.1,2). Ao terminar a leitura, Jesus assentou-se no lugar do orador e a congregação fixou os olhos nEle (Lc 4.20). Então, o Senhor passou a explicar o texto e afirmou: “Hoje se cumpriu esta Escritura” (Lc 4.21). Aqui, Jesus declara que a unção do Espírito qualificava seu ministério para evangelizar os pobres, curar os quebrantados de coração, libertar os cativos e oprimidos, restaurar os cegos e anunciar aos pecadores o ano aceitável do Senhor (Lc 4.18,19).

II – ATOS DOS APÓSTOLOS: O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DA IGREJA

1. O Espírito Santo em Atos. Ao concluir o Evangelho, Lucas anota que Jesus instruiu os discípulos a esperar o revestimento de poder do alto (Lc 24.49). A promessa tem conexão com a palavra profética de Isaías direcionada a Israel — “derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade” (Is 44.3); de Ezequiel — “derramarei o meu Espírito sobre a casa de Israel” (Ez 39.29); e, mais precisamente, com a profecia de Joel que estende a promessa para todos os crentes — “E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne” (Jl 2.28). Após o Senhor ter sido elevado aos céus, o livro de Atos dá prosseguimento à narrativa da promessa do Espírito à Igreja (At 1.1-4).

O autor ratifica que o derramamento do Espírito era a capacitação necessária para a evangelização dos povos: “recebereis a virtude do Espírito Santo [...] e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). A palavra “virtude” ou “poder” significa “ser capaz” ou “ter força”. A promessa não era de poder político, mas de poder que procede da parte de Deus. A atribuição de testemunhar de Jesus não poderia ser executada por esforços humanos, os seguidores de Cristo deveriam aguardar o derramamento do poder do Espírito.

O livro de Atos relata que o Senhor apresentou aos discípulos muitas e infalíveis provas de sua ressurreição (At 1.3). Eles desfrutaram da companhia do Cristo ressurreto por 40 dias, tinham elementos suficientes para testemunhar do Filho de Deus, mas não deveriam fazer sem o poder de Deus. Assim, cerca de 120 discípulos voltaram a Jerusalém e, em oração, aguardaram o Espírito Santo (At 1.12-15). Portanto, Atos registra a ação do Espírito na inauguração histórica da Igreja como agência de Cristo. Trata-se da continuação da obra de Jesus por meio dos discípulos capacitados pelo Espírito Santo (At 2.38).

2. A Promessa Cumprida no Pentecostes Como já visto, a promessa do batismo no Espírito Santo remonta às profecias de Isaías, Ezequiel e Joel (Is 44.3; Ez 39.29; Jl 2.28). No Novo Testamento, João Batista, o precursor do Messias, confirma essa promessa que é registrada por todos os evangelistas (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.32,33; At 11.16). Em Lucas-Atos, Cristo a avalizou como sendo “a promessa do Pai” (Lc 24.49; At 1.4), isto é, feita pelo Pai por meio de seus santos profetas. Nossa Declaração de Fé ratifica que “o batismo no Espírito Santo é um revestimento de poder do alto, uma promessa divina aos salvos, uma experiência espiritual”. 

O cumprimento da promessa se deu no Dia de Pentecostes (At 2.1). O termo “pentecostes” refere-se à festa judaica que ocorria cinquenta dias após a Páscoa (Lv 23.15-21; Dt 16.9-12). Os judeus da Palestina tinham sua maior celebração na festa da Páscoa, ocasião em que Cristo foi crucificado e ressuscitou (Lc 22.1,2; 24.1,6). Porém, entre os judeus da dispersão, a festa do Pentecostes era a mais concorrida, ocasião da descida do Espírito Santo (At 20.16; 1 Co 16.8). Isso explica a variedade de idiomas presentes em Jerusalém na festividade (At 2.9-11). Lucas escreveu que, cumpindo-se o dia do Pentecostes, os discípulos reunidos no cenáculo foram cheios do Espírito Santo e falaram noutras línguas (At 2.1, 4).

A narrativa de Atos registra dois sinais sobrenaturais que marcaram o advento do Espírito Santo: o “som, como de um vento” (At 2.2) e as “línguas repartidas, como que de fogo” (At 2.3). Nossa Declaração de Fé ensina que “eram sinais particulares que não se repetiram posteriormente nos batismos no Espírito Santo subsequentes, pois se tratava de um evento solene e único, que marcou o início de uma nova dispensação”. 8 Somente o falar em línguas se repetiria nos demais registros de Atos. Desse modo, a partir do Pentecostes, os discípulos começaram a pregar pelo poder do Espírito. Muitas maravilhas e sinais eram operados e as almas eram alcançadas (At 2.43,47).

3. A Expansão da Igreja Primitiva. Conforme promessa do Senhor, o poder do Espírito capacitou os crentes para o serviço cristão. Já no primeiro sermão, Pedro, que outrora se acovardou e negou o Senhor (Lc 22.61,62), agora revestido de poder anunciou a Cristo com ousadia e intrepidez, e quase 3.000 almas se converteram (At 2.36,38,41). No sermão do Pentecostes, o apóstolo esclarece que os acontecimentos daquele dia são o cumprimento da profecia de Joel (At 2.16-18) e assevera que “a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39).

Dias depois, às três da tarde, Pedro e João sobem ao Templo para orar (At 3.1). Eles entram pela porta chamada Formosa, que era a passagem favorita para o pátio do Templo. Junto dela estava um homem com mais de 40 anos de idade, nascido coxo, a pedir esmolas (At 3.2). Pedro, cheio do Espírito Santo, em nome de Jesus, ordena que o homem se levante e o milagre acontece (At 3.6-8). A multidão se aglomera ao redor de Pedro e João, que lhes ministram a Palavra e o Cristo ressuscitado. Como resultado, quase 5.000 vidas se renderam ao Senhor (At 3.8,19; 4.4). Esse sinal miraculoso demonstra o poder sobrenatural do Espírito que os discípulos receberam no Dia de Pentecostes.

O avanço do evangelho irritou as autoridades judaicas que ameaçaram e proibiram os apóstolos de pregar em nome de Cristo (At 4.17-18). Mais tarde, lançaram os apóstolos na prisão pública, mas miraculosamente o anjo do Senhor os libertou (At 5.18,19). Enfurecidos, os religiosos condenaram Estêvão ao apedrejamento (At 7.59). A violência contra a Igreja foi tão grande que, com exceção dos apóstolos, todos foram expulsos de Jerusalém, e isso obrigou a Igreja a se tornar missionária (At 8.1).

Por conseguinte, Filipe, na virtude do Espírito, pregou em Samaria, expulsou os espíritos imundos, curou paralíticos e coxos, e muitas vidas foram salvas (At 8.5-13). Pelo mover do Espírito, também o gentio Cornélio e sua casa receberam o evangelho (At 10.24-29). Anos depois, Paulo, convertido e cheio do Espírito, alvoroçou o mundo e milhares de almas foram salvas e curadas pela pregação do evangelho (At 9.15,17; 17.6; 19.10; 24.5). Esses relatos e tantos outros demonstram a ação do Espírito Santo na propagação do Reino de Deus.

III – UM MODELO PENTECOSTAL PARA A IGREJA CONTEMPORÂNEA

1. O Revestimento de Poder do Alto. Como já observado, em Lucas-Atos o “batismo no Espírito Santo” (At 1.5) equivale a “revestimento de poder do alto” (Lc 24.49). Significa que o batismo no Espírito é dado ao crente como fonte de poder para o testemunho eficaz acerca da Palavra de Deus — as Boas-Novas da salvação. É a capacitação espiritual da parte de Deus para operação de atos miraculosos (Mc 16.17,18). O batismo no Espírito dinamiza a nossa vida de serviço a Cristo e a seu corpo — a Igreja. Nesse aspecto, o papel do Espírito Santo é equipar o crente para “saber o que dizer” em todas as situações (Lc 12.11,12; 21.15); “pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo” (Lc 10.19); fazer as mesmas obras que Cristo fez, porém maiores (Jo 14.12); e evangelizar os povos (Mt 28.19,20).

O apóstolo Pedro ensina que essa promessa está em vigor para todos os salvos em todas as épocas, independentemente da idade, sexo ou classe social (At 2.38,39). Robert Menzies enfatiza que “um dos grandes pontos fortes do movimento pentecostal é que lê a promessa de Pentecostes, contida na citação que Pedro faz de Joel (At 2.17-21) como modelo para a missão da Igreja”. 9 Nessa compreensão, o Pentecostes é um paradigma a ser observado pelos crentes. A experiência do Pentecostes corresponde à unção de Jesus com o Espírito Santo logo após o batismo em águas no Jordão (Lc 3.21, 22). Desse modo, tendo Jesus Cristo como modelo, e como aquEle que batiza no Espírito (Mc 1.8), após a capacitação recebida, temos o compromisso de fazer a obra do Senhor com diligência.

A experiência do batismo no Espírito Santo pode ocorrer junto ou após à regeneração. Entre os samaritanos, revestimento de poder aconteceu pós-conversão (At 8.15-17). Na casa de Cornélio, a experiência se deu durante o ato de conversão (At 10.44-46). Ressalta-se que no Pentecostes os discípulos já tinham o Espírito Santo (Jo 20.22). Todo salvo em Jesus recebe o Espírito Santo na conversão (Gl 3.2). Porém, o batismo no Espírito Santo é algo distinto do novo nascimento. Significa, como já frisado, poder espiritual para a obra de expansão do evangelho (At 1.8), para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e adoração mais profunda (1 Co 14.26). Em vista disso, a exemplo dos primeiros cristãos, a igreja hodierna deve buscar o revestimento de poder (Lc 11.13).

2. As Línguas como Evidência Inicial. No Pentecostes, os discípulos falaram noutras línguas conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (At 2.4). A palavra “glossolalia”, de origem grega, indica que as “línguas” concedidas pelo Espírito podem ser humanas ou celestiais (1 Co 13.1). Os intérpretes disputam se as línguas faladas em Jerusalém foram glossalalia (desconhecidas) ou xenolalia (conhecidas). Robert Menzies anota que, no Pentecostes, o fenômeno foi duplo, isto é, os discípulos falaram um idioma desconhecido e a multidão representada pelas diversas nações milagrosamente entenderam a glossolalia dos discípulos cada um em suas próprias línguas maternas.

Quanto ao conceito de “falar noutras línguas”, Donald Stamps esclarece que “como sinal do batismo no Espírito Santo é uma expressão verbal inspirada, mediante a qual o espírito do crente e o Espírito Santo se unem no louvor e/ou profecia em uma língua nunca aprendida”. Reitera-se que, no Pentecostes, os discípulos falaram “línguas” (At 2.4). Em Cesareia, o centurião Cornélio e a família falaram “línguas” (At 10.46). Os irmãos em Éfeso falaram “línguas” (At 19.6). Em Samaria, e na vida de Paulo, as “línguas” estão implícitas (At 8.17,18; 9.17). Em vista disso, nossa Declaração de Fé ratifica que “o derramamento do Espírito veio com um sinal específico, o falar em línguas (At 2.4)”. 

A Teologia Sistemática Pentecostal assegura que “o batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em línguas conforme o Espírito de Deus lhes concede que falem (At 2.4)”. Nessa assertiva, toda experiência desacompanhada do “falar línguas” não se caracteriza como “batismo no Espírito Santo”. O “falar línguas” repete-se na vida da Igreja (At 10.46; 19.6). Isso porque a experiência pentecostal não ficou restrita ao Dia de Pentecostes; ela acontece no cotidiano da Igreja de Cristo na terra ao longo dos séculos, conforme a promessa divina (At 2.39). As línguas só cessarão quando Cristo voltar (1 Co 13.8-10). Por isso, a instrução bíblica diz: “procurai, com zelo, profetizar e não proibais falar línguas” (1 Co 14.39).

3. A Plenitude do Espírito Santo. Ratifica-se que a experiência pentecostal não ficou restrita ao tempo dos apóstolos (At 2.39). A promessa não era exclusiva dos judeus e seus descendentes, mas alcança a todos que responderem ao chamado divino, inclusive os gentios. O emprego de Lucas da expressão “do meu Espírito derramarei” (At 2.17) aponta para o início da dispensação do Espírito e mostra que a efusão será contínua até “o grande e glorioso Dia do Senhor” (At 2.20). No Antigo Testamento, apenas algumas pessoas experimentaram o Espírito. A partir do Pentecostes, Deus tornou disponível a todos os seus filhos a plenitude do Espírito.

Somado ao revestimento de poder, a plenitude abrange o “fruto do Espírito” (Gl 5.22). O fruto do Espírito Santo se relaciona com o crescimento espiritual e o desenvolvimento do caráter do cristão. Refere-se à nova vida em Cristo, o modo de andar e proceder daqueles que pertencem a Cristo e são cheios do Espírito (Gl 5.16- 18; Ef 5.18). Jesus ensinou que é pelo fruto que se conhece a árvore (Mt 12.33). O Comentário de Aplicação Pessoal ensina que “os crentes exibem o fruto do Espírito, não porque eles trabalham nele, mas simplesmente porque o Espírito controla as suas vidas”.

A plenitude também compreende as manifestações espirituais, tais como: as profecias, as curas, os sonhos, as visões, os prodígios e os sinais (At 2.17,19). Assim, o Espírito permanece em ação na vida da Igreja. Ele é quem capacita e conduz o povo de Deus (Jo 16.13,14). Em razão disso, a Bíblia ensina: “enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Assim sendo, Lucas-Atos serve de modelo para a Igreja contemporânea. Portanto, que a nossa oração seja igual à da Igreja Primitiva: “Ó Senhor, [...] concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; enquanto estendes a mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus” (At 4.29,30).

Fonte: BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus. Rio de Janeiro, 2022, p. 125-134.

sábado, 5 de março de 2022

LIÇÃO 10: AS PROFECIAS DESPERTAM E TRAZEM ESPERANÇA

INTRODUÇÃO

Os livros proféticos do Antigo Testamento se dividem em “Profetas Maiores” e “Profetas Menores”. A designação serve para diferenciar o tamanho dos livros, e não o grau de importância de seus autores. Os profetas maiores são Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel, e os outros doze livros, de Oseias a Malaquias, são os profetas menores. No Novo Testamento, apenas o livro de Apocalipse é classificado como profético. A mensagem dos profetas é de suma importância para despertar o cristão. Nos livros proféticos, a soberania, a justiça e a misericórdia divina estão claramente reveladas. Os fatos narrados comprovam o poder, a autoridade e o controle divino sobre todas as coisas. Eles nos servem de experiência de fé e produzem esperança ao povo de Deus (Rm 5.4).

I – OS PROFETAS MAIORES

1. Os Profetas e a Profecia. A palavra grega prophetes significa proclamador e intérprete da revelação divina. No hebraico, a palavra mais frequente é nãbi, como sendo aquele que declara uma mensagem em nome de Deus. Gordon Fee conceitua os profetas como sendo “os mediadores, ou porta-vozes de Deus, no tocante à aliança. Através deles, Deus relembra às pessoas nas gerações depois de Moisés que, se a Lei for guardada, haverá bênçãos como resultado; senão, seguir-se-á o castigo”. Em vista disso, os profetas tinham acesso à presença dos reis, ofereciam-lhes assessoramento e, quando necessário, até censuravam os seus atos (Is 37.5-7; 2 Sm 12.7ss). Os profetas são identificados como servos do SENHOR (1 Rs 14.18; 2 Rs 9.7; 17.13; Jr 7.25). A Bíblia registra que Deus falou muitas vezes e de várias maneiras por meio dos profetas (Hb 1.1).

O termo grego empregado para profecia é propheteia, com o significado de “a declaração da mente e do conselho de Deus”. O Dicionário Vine enfatiza que “a profecia não é necessariamente, nem mesmo primariamente vaticinadora [...] é a descrição antecipada da vontade de Deus, quer com referência ao passado, presente ou futuro (Gn 20.7; Ap 1.19)”. A atividade profética na Bíblia tem a sua origem em Deus e a difere do “profetismo” das demais religiões. A profecia nas Escrituras é a manifestação do Espírito com o propósito de proclamar os desígnios divinos, exortar e levar o seu povo à obediência e à fidelidade com Deus e a sua Palavra.

O desenvolvimento da história profética em Israel é usualmente dividido como “profetas não escritores” e “profetas escritores”, ou “não literários” e “literários”. Essa divisão abrange os profetas do período pré-mosaico, mosaico, período de Samuel, do reino unido e do reino divido. Nesse aspecto, nossa abordagem enfoca os “livros proféticos” do período literário, a composição e a data aproximada  das profecias dos denominados “profetas maiores” e “profetas menores”. Como já visto no capítulo 4, essa classificação difere da coletânea hebraica, porém, sem prejuízo de conteúdo, autenticidade e canonicidade.

2. Os Profetas Isaías e Jeremias. Isaías profetizou no reino de Judá. Seu ministério ocorreu nos dias dos reis Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (Is 1.1 ss). Esse período equivale a mais de 60 anos de atividade profética. Isaías significa “salvação do Senhor”, e salvação é o tema central de seu livro. Ele denunciou a rebeldia do povo e apontou o cativeiro como juízo divino. O julgamento incluía fome, sede, morte, humilhação e vergonha (Is 5.13-17). Também predisse o retorno de Judá do exílio. Apesar dos pecados, a promessa a Davi se cumpriria, Deus iria livrar o seu povo, porém, os incrédulos não fariam parte desse livramento (Is 48.20-22). Ainda profetizou a respeito de Cristo, tal como seu nascimento de uma virgem (Is 7.14); sua descendência de Davi (Is 11.1); e seu ministério libertador (Is 61.1,2).

Jeremias atuou durante o reinado de Josias, Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias, reis de Judá (Jr 1.2ss). Seu ministério se estendeu por mais de quarenta anos. Seu nome significa “Yahweh estabelece”. O propósito predominante no livro é de conclamar o povo de Judá ao arrependimento. Ele profetizou 60 anos após a morte de Isaías. Judá permanecia em declínio espiritual. Enquanto os falsos profetas prediziam o bem, Jeremias vaticinou a queda da nação por causa do pecado, principalmente a rebeldia e a idolatria (Jr 1.14-16). Contudo, o profeta anunciou a restauração do remanescente. A maldade seria perdoada e o povo retornaria do cativeiro ao seu país nativo (Jr 50.19,20). Jeremias também profetizou a chegada de Cristo como um Renovo de justiça (Jr 33.15).

No livro das Lamentações, temos o registro do clamor de Judá pelo perdão divino (Lm 1.2; 5.1). As deportações da nação de Judá tiveram início em 597 a.C., não obstante, o povo permaneceu negligente e confiado nos falsos profetas (Jr 27.5). Então, no ano 586 a.C., após dezoito meses sitiada, Jerusalém caiu diante do exército de Nabucodonosor. Seus muros foram queimados, o Templo foi destruído, e o restante do povo foi deportado para a Babilônia (Jr 21.13,14; 52.28-20; Lm 2.7,8).

Mediante o cenário caótico, cinco poemas integram o livro das Lamentações. Os primeiros são canções de tristeza e o quinto se assemelha a uma oração. O Comentário Bíblico Beacon sublinha que “os poemas permitem ao povo confessar que Deus o havia tratado com justiça, e, ao fazê-lo, encontrariam forças para suportar o peso indescritível da angústia sem desesperar-se [...] apontavam o caminho para o arrependimento e fé e, deste modo, estimulavam esperança na misericórdia de Deus”. Nesse sentido, Isaias e Jeremias, além de juízo, anunciaram despertamento e esperança.

3. Os Profetas Ezequiel e Daniel. Ezequiel é um profeta do cativeiro que foi conduzido ao exílio na deportação promovida por Nabucodonosor em 597 a.C. (2 Rs 24.14- 16). Ele tinha sido sacerdote em Jerusalém (Ez 1.3) e na Babilônia foi chamado para ser profeta do Altíssimo (Ez 1.2). Seu ministério profético desenvolveu-se por cerca de 22 anos. O nome Ezequiel significa “aquele que Deus sustenta”. Embora Judá estivesse no exílio, o coração do povo era obstinado. Estavam seguindo o mesmo caminho de rebeldia de seus pais (Ez 2.3,4), mas Deus não desistiu de seu povo.

Ezequiel foi levantado para os admoestar: “quer ouçam quer deixem de ouvir” (Ez 2.5). A mensagem lembrava a todos de que a restauração requeria arrependimento. Sua função era advertir a nação para deixar a maldade, seguir a justiça e persistir no caminho da retidão (Ez 3.20,21). Ele também profetizou a restauração da nação (Ez 34.1-39.29), prenunciou a Cristo como pastor e rei (Ez 34.23,24) e como fonte de águas vivas (Ez 47.1,2). O tema preponderante no livro engloba a justiça e a misericórdia divina, a responsabilidade individual e a esperança para o futuro.

Daniel pertencia à alta nobreza judaica (Dn 1.3). Ainda muito jovem, foi enviado para a Babilônia por volta do ano 605 a.C., e tornou-se um dos oficiais da corte (Dn 5.29). O profeta exerceu seu ministério por aproximadamente 70 anos (605 a.C.-535 a.C.), desde o primeiro ano de Nabucodonosor (Dn 1.1) até o terceiro ano de Ciro (Dn 10.1). Seu nome significa “Deus é o meu juiz”. O livro denota que o Juiz dos judeus, embora tivesse permitido o cativeiro, iria restaurar o seu povo por obra de seu grande amor e compaixão.

Ao estudar as profecias de Jeremias (Jr 25.11,12; 29.10), Daniel soube que o cativeiro duraria 70 anos (Dn 9.2), reconheceu a culpa do povo e com oração, súplica, jejum e com pano de saco e cinzas, passou a clamar pela misericórdia divina (Dn 9.3,19). Como resposta, Deus lhe revelou o tempo da restauração da nação, a vinda de Cristo, o advento do anticristo e o julgamento final (Dn 9.24-27). Essas profecias ilustram que Deus está no controle de tudo e tem propósito para cada indivíduo. Portanto, promovem despertamento e esperança de reconciliação com Deus.

II – OS PROFETAS MENORES

1. Os Profetas do Reino do Norte. Dois profetas menores profetizaram para Israel: Amós e Oseias. Amós vivia em Tecoa, aldeia de Judá, mas foi chamado para profetizar em Samaria, no Reino do Norte (Am 1.1) nos dias do rei Jeroboão II (793-746 a.C.). Ele era boiadeiro e cultivador de sicômoros, a comida dos pobres. Não era membro da classe dos profetas, mas foi comissionado por Deus para o ministério profético (Am 7.14,15). Foi ameaçado por Amazias — sumo sacerdote de Betel —, e acusado pelo religioso de conspiração contra o rei Jeroboão II (Am 7.10,12,3). Amós não se intimidou e, destemido, cumpriu a sua chamada.

Ele profetizou quando Israel desfrutava paz e prosperidade econômica (Am 6.1). Esse crescimento material provocou ruptura na moralidade da nação. Deus reprovava as ações do povo, tais como: opressão aos pobres e injustiça social (Am 2.6-8; 6.3-6); o luxo e a ostentação (Am 3.10-15; 5.1-6); a idolatria e o culto a Baal (Am 4.4,5); o enriquecimento ilícito (Am 8.5); a corrupção e o suborno no sistema judiciário (Am 5.11-15). Em razão disso, Amós vaticinou o cativeiro como julgamento (Am 6.7; 7.11). Contudo, o profeta encerra suas profecias com a promessa de restauração (Am 9.11- 15).

Oseias registra que a Palavra lhe foi dirigida, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e de Jeroboão II, rei de Israel (Os 1.1). Esse período abrange cerca de 60 anos. Conjectura-se que Oseias fora padeiro (Os 7.4ss) ou até mesmo sacerdote em virtude de seu apreço ao sacerdócio (Os 4.7-9; 5.1; 6.9). A erudição veterotestamentária reconhece que ele era nativo do Reino do Norte. Sua abordagem profética enfoca a infidelidade de Israel, que, como uma meretriz, traiu e abandonou o Senhor, representado pelo casamento do profeta com uma mulher prostituta (Os 1.2).

Seu ministério denunciou a desintegração política em Israel e as alianças com o Egito e a Assíria (Os 5.13; 7.11; 8.9; 12.1; 14.3). Condenou a prática da idolatria (Os 10.5), da prostituição (Os 6.10), da luxúria (Os 4.10), do homicídio, do roubo, do engano e da opressão (Os 5.2; 7.1; 12.7). Denunciou o fracasso dos sacerdotes que aceitavam suborno do povo (Os 6.9). Como é possível perceber, era um tempo de crime, degradação moral e licenciosidade. Em consequência, a nação seria conduzida ao cativeiro pela Assíria (Os 9.3). Apesar dos erros, o profeta anunciou a restauração do povo (Os 14.4-9).

2. Os Profetas Pré-Exílio. Joel profetizou no reino de Judá por volta do ano 835 a.C., durante o reinado de Joás (2 Cr 22–24). Ele se identifica como “filho de Petuel” (Jl 1.1). O seu nome significa “Jeová é Deus”. Ele pregou o arrependimento nacional por meio do jejum, choro, pranto e santificação (Jl 2.12,13,16,17). O profeta anunciou o derramamento do Espírito Santo (Jl 2.28) que se cumpriu no dia de Pentecostes (At 2.17-21), e vaticinou o “dia do Senhor” como dia de salvação e de juízo (Jl 1.15; 2.1,11,31). Nesse sentido, Cristo veio para salvar o mundo (Jo 3.16), e um dia voltará para julgar (At 17.31).

Miqueias profetizou nos reinados de Jotão, Acaz e Ezequias (742– 687 a.C.), reis de Judá (Mq 1.1). Seu ministério durou cerca de 50 anos. Era da cidade de Moreste, um profeta humilde em Judá (Mq 1.1). Miqueias denunciou a falsa espiritualidade do povo. A nação participava dos ritos sagrados, mas sua religiosidade era meramente legalista (Mq 2.11; 3.11). Condenou a exploração dos pobres (Mq 2.1,2); lamentou a impiedade (Mq 1.9); anunciou a destruição de Jerusalém e o cativeiro babilônico (Mq 3.12). Ainda assim, Deus concederia esperança de restauração a um remanescente (Mq 2.12,13; 4.10).

Habacuque iniciou seu ministério por volta do ano 609 a.C., no governo de Jeoaquim, rei de Judá (2 Rs 23.30-34). Seu nome significa “abraço amoroso” e ainda “lutador”. Ele próprio se apresenta como sendo profeta (Hc 1.1). O texto é tecnicamente um “oráculo”. Ele recebeu orientação divina para escrever, em lugar de transmitir oralmente como era o usual (Hc 2.2). Ele reclamou da violência, do litígio e da sentença distorcida (Hc 1.1-4), e vaticinou que Deus usaria os babilônios para punir a nação (Hc 1.6). Por fim, Deus haveria de julgar os ímpios e restaurar o seu povo (Hc 3.13).

Sofonias afirma que foi chamado “nos dias de Josias, [...] rei de Judá” (Sf 1.1). A erudição bíblica concorda que o ano 632 a.C. marca o início de suas profecias. Ele condenou a degeneração religiosa que reinava em Judá: o culto a Baal, a astrologia e a profanação dos sacerdotes (Hc 1.4,5); a má conduta dos príncipes, o engano e a violência (Sf 1.8,9). Anunciou a invasão da cidade e a destruição no grande “Dia do Senhor” (Sf 1.10-11,14), e a restauração do remanescente (Sf 3.13-17). Como é possível notar, os profetas pré-exílio abordam o juízo, mas enfatizam a misericórdia divina em prover o livramento.

3. Os Profetas Pós-Exílio. Ageu era um homem idoso quando começou a profetizar (Ag 2.3). O início de seu ministério se deu no ano 520 a.C., correspondente ao “sexto mês do segundo ano do rei Dario” (Ag 1.1). Nesse tempo, após 17 anos de paralisação, a obra do Templo foi retomada. Ageu persuadiu o governador Zorobabel, o sumo sacerdote Josué, os líderes judeus e o povo a concluir a reconstrução do Templo de Jerusalém (Ag 1.2-9; 2.2,4). Deus prometeu prover os recursos da construção (Ag 2.8) e assegurou que a glória dessa casa seria maior do que a da primeira (Ag 2.9). O livro encerra com uma mensagem de esperança. Deus fará abalar céus e terra para abençoar o seu povo, e, numa referência a Cristo, estabelecerá o Reino messiânico para sempre (Ag 2.21-23).

Zacarias era membro da família sacerdotal (Ne 12.4). Foi comissionado profeta em 520 a.C., no segundo ano de Dario (Zc 1.1). Esdras registra que Zacarias e Ageu atuaram juntos para despertar o povo, Josué e Zorobabel a concluir o Templo (Ed 5.1,2; 6.14). Com a mensagem “não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito” (Zc 4.6) o profeta advertia que, embora fosse necessário o esforço humano, tanto o retorno do exílio, como a reconstrução da cidade e do Templo eram obras do poder divino. Zacarias é considerado o mais messiânico dos profetas menores. Ele anuncia a vinda do Messias como o renovo do Senhor (Zc 3.8), e, nos capítulos 1.7–6.8 apresenta uma profunda descrição acerca de Cristo.

Malaquias significa “mensageiro”, e seu ministério teve início por volta de 433 a.C. Nessa época, a reconstrução do segundo Templo de Jerusalém já estava concluída (Ml 1.10; 3.1,10). A mensagem do profeta consistia em exortar os repatriados do exílio a uma vida de adoração e santidade. Ele repreendeu o desleixo dos sacerdotes que apresentavam no altar do Senhor pão imundo e animais com defeito (Ml 1.7,8); os pecados do povo, tais como feitiçaria, adultério, falsidade, fraude, extorsão e exploração dos necessitados (Ml 3.5). Igualmente denunciou a negligência com os dízimos e ofertas (Ml 3.8,9). O livro encerra o cânon do Antigo Testamento e conclui com a promessa de que o Dia do Senhor estava vindo (Ml 4.5.6).

4. Os demais Profetas. Jonas era um profeta do Norte, mas foi enviado para pregar em Nínive, a capital da Assíria (Jn 1.2). Seu livro é datado por volta de 762 a.C., quando a Assíria ainda era dotada de poder e grandeza (Jn 1.2). A mensagem era de destruição por causa da maldade da nação (Jn 3.4). O império era inimigo implacável de Israel, e o nacionalismo de Jonas o levou a desobedecer à ordem divina (Jn 1.3; 4.1,2). No entanto, após ser punido e liberto do ventre do grande peixe (Jn 2.1,10), Jonas pregou aos ninivitas, a nação se converteu, e Deus cancelou o juízo sobre eles (Jn 3.8-10). A mensagem do livro demonstra o amor divino para com todas as nações. Ao tratar de sua morte e ressurreição, Jesus a comparou ao evento do profeta Jonas (Mt 12.39-41; Lc 11.29-32).

Naum era um profeta da vila de Elcós (Na 1.1) cuja localização é incerta, mas que provavelmente ficava em Judá. Ele profetizou a condenação de Nínive e dessa vez não houve arrependimento (Na 1.1,9). Pouco mais de um século antes, em 722 a.C., os assírios tinham deportado e torturado o reino de Israel. O reino de Judá também era atormentado pela tirania dos ninivitas. Por fim, Deus ordenou a destruição dos assírios pela insistência em praticar a crueldade (Na 3.1-4). Em 612 a.C., conforme vaticinado pelo profeta (Na 1.8), os babilônios sitiaram Nínive por três meses e a subjugaram quando o rio Tigre transbordou e destruiu os muros da cidade. Tinham se passado 150 anos desde o episódio envolvendo o profeta Jonas.

Obadias é o profeta menor com o registro da mensagem mais curta dos livros proféticos. São apenas 21 versículos com referência ao julgamento de Edom (Ob 1.1). A data do livro é muito disputada. No versículo 11, o profeta faz menção a um evento histórico envolvendo Jerusalém. A maior parte dos eruditos conservadores acredita que se trata da queda de Jerusalém em 586 a.C., assim a composição do livro teria ocorrido por volta de 585 a.C., um ano antes do exílio babilônico. Obadias denunciou a soberba e a arrogância dos edomitas (Ob 1.1-3). Eles eram descendentes de Esaú e praticavam violência contra Judá (Ob 1.8-11). Por essa razão, Deus os condenava à destruição (Ob 1.15-16), enquanto Judá recebia a promessa de restauração (Ob 1.17).

III – O LIVRO DO APOCALIPSE

1. Autoria, Propósito e Destinatários. O Dicionário Bíblico Wycliffe assevera que o termo grego apokalypsis significa “revelações especiais de Deus ao homem em Jesus Cristo” (Lc 17.30; Rm 8.18; 2 Ts 1.7; 1 Pe 1.13). A palavra é uma combinação de apo (da parte de) e kalupto (encobrir) com o sentido de “revelar algo que estava encoberto”. No versículo de abertura, o livro atesta ser a “revelação de Jesus Cristo” (Ap 1.1a), assegura que o propósito é “mostrar as coisas que brevemente devem acontecer” (Ap 1.1b). Como literatura apocalíptica, o livro “descreve a futura graça de modo a encorajar os obedientes, e descreve o futuro castigo para desencorajar os desobedientes”.

A obra apresenta o apóstolo João como seu autor (Ap 1.1, 22.8). No século III, Dionísio de Alexandria questionou a autoria joanina alegando diferenças de linguagem, vocabulário e estilo entre o Evangelho de João e o Apocalipse. Porém, os primeiros patriarcas da Igreja confirmaram que a autoria era de João. Por exemplo, Justino de Roma em seu “Diálogo com Trifão”, escrito por volta do ano 155 d.C., assegura que João recebeu a revelação acerca do milênio, da ressurreição universal e do juízo final. A data da escrita do Apocalipse ocorreu por volta do ano 95 d.C. João recebeu a revelação exilado na ilha de Patmos durante o reinado de Domiciano (81-96 d.C.).

Os destinatários são identificados pelas cidades das sete Igrejas da Ásia Menor (atual sudoeste da Turquia). Embora a mensagem sirva para todos os crentes, em todas as partes do mundo e em todos os tempos, especificamente os primeiros leitores habitavam em: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Filadélfia, Laodiceia e Sardes (Ap 1.11). Como essas cidades estavam localizadas em uma rota bastante movimentada com estradas que formavam uma conexão entre elas, acredita-se que o livro de Apocalipse pretendia ser uma carta circular a ser lida em cada uma dessas igrejas. O livro encerra o cânon do Novo Testamento, e revela a vitória final do Reino de Deus.

2. Uma Mensagem de Esperança. Cristo disse a João: “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” (Ap 1.19). Significa o registro do passado, presente e futuro. No passado, João “testificou da Palavra de Deus” (Ap 1.2). O tempo verbal grego empregado aqui, o aoristo (“testificou”) provavelmente refere-se a um “aoristo epistolar”, porque a escrita “das coisas que ele viu” estaria no passado quando seus leitores a recebessem. A declaração também aponta o testemunho de João para as coisas já acontecidas, tais como a visão do Filho de Deus (Ap 1.10-17) e até mesmo o nascimento e a ascensão de Jesus (Ap 12.1.17). Ainda, a expressão indica que as “palavras desta profecia” são verdadeiras, portanto, divinamente inspiradas (Ap 22.7).

As “coisas que são” sinalizam aquilo que estava acontecendo no tempo presente do autor. Diz respeito à situação das Igrejas mostrada nos capítulos 2 e 3 do livro, mas que também se aplicam às igrejas de todas as épocas, tal como o dever de guardar as palavras da profecia (Ap 1.3, 22.14). As “coisas que hão de acontecer” revelam o futuro. Com algumas exceções de presente e passado, referem-se aos eventos narrados a partir do capítulo 4 que antecedem a volta de Jesus (Ap 1.7), e as coisas que acontecem depois, tais como a instauração do milênio (Ap 20.2,3), o julgamento final (Ap 20.13), o novo céu e a nova terra (21.1) e a nova Jerusalém (Ap 21.2).

O Comentário Bíblico Pentecostal faz o seguinte resumo dessa mensagem:

(i) Deus está no controle, não Satanás; (ii) Espere pela volta do Cordeiro, e não pela Besta; (iii) Combata todas as suas batalhas com as armas do Espírito, e não com as do mundo; (iv) Quando estiver em dúvida, adore a Deus! A adoração é a maior e mais poderosa expressão de fé; (v) Você está sendo preparado para uma colheita; (vi) A noiva está quase pronta para as bodas com o Filho; (vii) Os preparativos para o casamento já foram feitos, as festividades do final da colheita começaram, e nenhum outro sinal é necessário. Ouça... a última trombeta vai soar.

Os temas acima enumerados devem refletir na maneira como vivemos. Sua mensagem apresenta a esperança de um presente e de um futuro com Deus. Ratifica-se que o livro nos ensina a viver com Deus no presente, a fim de participar da eternidade com Ele. As revelações do futuro atestam que Deus controla a história (Ap 14.7,8); Deus triunfará sobre o mal; Satanás será derrotado (Ap 20.10); o pecado será banido; e os eleitos herdarão a Nova Jerusalém (Ap 21.2-4). Por isso, somos encorajados a clamar “Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20).

Fonte: BAPTISTA, Douglas. A supremacia das Escrituras: a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p. 115-124.