sábado, 25 de setembro de 2021

LIÇÃO 13: O CATIVEIRO DE JUDÁ

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

A fase final do reino de Judá foi protagonizada por quatro reis: Joacaz, filho do rei Josias (2 Cr 36.1); Jeoaquim, que reinou por ocasião do primeiro grupo de prisioneiros levados para Babilônia, em 605 a.C. (2 Cr 36.5,6); Joaquim, que com apenas três meses de reinado, vivenciou o cerco de Jerusalém por Nabucodonosor, que resultou em dez mil pessoas presas, em 597 a.C. (2 Cr 36.9,10); e Zedequias, o rei entronizado por Nabucodonosor no lugar de Joaquim (2 Cr 36.10,11). Nesta lição, veremos Zedequias rebelando-se contra o rei de Babilônia, causando um novo cerco que durou dezoito meses e, finalmente, resultou na queda definitiva de Jerusalém, em 586 a.C. – Observamos que o estágio final do Reino de Judá, também chamado de Reino do Sul, foi protagonizado por quatro reis vassalos, que agiram malignamente segundo a avaliação religiosa do autor dos Reis, e por um bom último governador. O primeiro rei foi Jeoacaz, filho do reformador Josias. Jeoacaz praticou muitas iniquidades, a despeito do zelo do seu pai. Como início do declínio do reino, foi feito vassalo do Faraó-Neco, que impôs pesados tributos sobre Judá, na quantia de três toneladas e meia de prata e 35 quilos de ouro. O Faraó ainda o tirou do trono, levou-o para o Egito e, no seu lugar, colocou Jeoaquim, que impôs uma carga de impostos sobre o povo para dar conta dos tributos do Faraó. Igualmente, Jeoaquim foi um mau rei no sentido de não servir ao Senhor. Com a morte de Jeoaquim, o seu filho Joaquim assumiu o trono. Com três meses de reinado, Nabucodonosor veio debelar a rebelião que o seu pai havia iniciado, fazendo o cerco a Jerusalém em 597 a.C., levando cativas dez mil pessoas entre nobres e artesãos, pessoas que tivessem alguma utilidade e das classes mais altas. Dentre eles, foi deportado o profeta Ezequiel, mas o seu ministério iniciaria somente na Babilônia. Nabucodonosor levou todos os tesouros do Templo de Salomão e da casa do rei. – No lugar de Joaquim, Nabucodonosor estabeleceu como rei vassalo a Zedequias, parente de Joaquim, cujo nome significa “Jeová é justo” ou “justiça de Jeová”, numa alusão ao que Jeová estava fazendo com Judá de forma justa. Zedequias, porém, rebelou-se contra a Babilônia, o que acarretou num novo cerco babilônico, que durou 18 meses; e, finalmente, a terceira leva de cativos ocorreu em 586 a.C. com a queda final de Jerusalém. A Babilônia também levou todo o restante das riquezas do Templo e de Jerusalém, bem como os utensílios do Templo. – É sobre esse assunto que vamos estudar nesta última lição deste trimestre.

 I. O DECLÍNIO ESPIRITUAL DE JUDÁ

1. As advertências dos profetas. Os profetas do Antigo Testamento foram unânimes e incansáveis em denunciar as injustiças e as terríveis transgressões do povo e dos líderes da nação (Jr 11.9-12). Todos foram taxativos em dizer que aquelas vindicações, especialmente contra o pecado de idolatria, já estavam excedendo as medidas de Deus.

2. Previsão dos acontecimentos que levaram Judá ao exílio. O ministério de Jeremias foi o mais importante desse período. Ele iniciou suas atividades proféticas no reinado de Josias e deu continuidade durante os quatro reinos seguintes (Jr 1.1-3).

No tempo desse grande profeta, havia muita discórdia e confusão sobre o que era a verdadeira e a falsa palavra de Deus. Por isso precisamos estar atentos para discernirmos a Palavra do Senhor. Ao advertir o povo sobre os pseudoprofetas, Jeremias o fez de modo tão peculiar, que parece estar se referindo aos falsos profetas dos nossos dias (Jr 23.16,17).

3. Motivos que levaram Judá ao cativeiro. O cativeiro aconteceu especialmente por causa da obstinada desobediência da liderança judaica. Essa posição é consolidada por vários outros profetas, dentre eles, Miqueias (Mq 3.9-11). Além da idolatria, pecados abomináveis foram cometidos contra Deus: derramaram sangue inocente (2 Cr 24.17-22); cometeram todo tipo de corrupção e injustiça social (Hc 1.2-4); não observaram o descanso sabático e ainda mataram muitos dos seus profetas (Mt 23.35).

A situação de Judá é uma triste realidade para um povo que recebeu tantas profecias, avisos e oportunidades de arrependimento, mas decidiu pela apostasia. Ao olhar para a história de Judá, cultivemos o sentimento de humildade em nosso coração (cf. Rm 20.21) para que o temor a Deus nos previna de toda apostasia (Hb 12.16,17). Andar com Ele é a melhor maneira de remover os obstáculos da alma, que nos atrapalham na caminhada cristã.

As advertências dos profetas. Vários profetas haviam predito a ruína de Jerusalém, incitando o povo ao arrependimento para que a justiça divina não agisse contra o povo, a Cidade Santa e o Templo, mas todos os avisos foram em vão. Dentre os profetas pré-exílicos do Reino do Sul, podemos citar Miqueias, Sofonias, Naum e Habacuque. Joel e Obadias profetizaram bem antes do exílio. Isaías foi o maior profeta em período anterior ao exílico de Judá, e Jeremias anunciou, acompanhou e relatou todas as atrocidades dos cercos babilônicos e da sorte dos cativos. Ezequiel e Daniel atuaram no exílio. – Os profetas tinham um caráter de denúncia da injustiça, da opressão e do pecado e apelavam à consciência do povo, mas especialmente aos líderes, indicando que os fatos denunciados, bem como a idolatria, estavam chegando na medida de Deus enviar o seu juízo, o que, de fato, aconteceu com o cativeiro babilônico. A necessidade deles no Antigo Testamento é pela quase ausência da palavra escrita, necessitando-se de arautos orais dos oráculos divinos.

Previsão dos acontecimentos que levaram Judá ao exílio. O profeta Habacuque previu detalhes de como seria o exército babilônico e as suas estratégias de guerra, conforme está descrito no capítulo 1 dos versículos 5-11. Entretanto é concebível que o ministério de Jeremias foi o mais importante durante os episódios do cativeiro. Iniciou-se durante o reinado de Josias e esteve ativo durante os próximos quatro reis; portanto, acompanhou cinco reis. Ele profetizava na porta do Templo (cap. 7), tanto para o povo, quanto para a classe dominante. A sua formação para ser sacerdote permitiu-lhe ser um homem culto; por isso, os seus escritos são de uma literatura rica e cheia de trocadilhos, como este: em 23.10, ele usa um trocadilho no hebraico para profetas = nebî’îm (sing. navi) e adúlteros = mena’pîm, referindo-se aos muitos profetas falsos que antecederam a última leva de cativos em 586 a.C., que anunciavam que a Babilônia não voltaria mais, o que encorajou alguns reis a rebelarem-se contra o império. O falso só existe porque há o verdadeiro; o falso só se manifesta no meio do verdadeiro, tomando a forma deste. Nem sempre a maioria e a liderança estão certas nas suas opiniões — é o caso de Jeremias, pois ele era minoria. O próprio Jesus cita as palavras de Jeremias, mostrando como ele pode ser contemporâneo até para nossos dias ainda: “É, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isso, diz o Senhor” (Jr 7.11; ver Mt 21.13; Mc 11.17; Lc 19.46). – Havia muita confusão no tempo de Jeremias entre o que era, de fato, Palavra de Deus e o que era falso. Havia muitas vozes discordantes, exatamente como é hoje. Assim, precisamos prestar muita atenção para discernir a Palavra de Deus. – A proliferação de falsos profetas ocorre por causa de crentes e líderes que não conhecem verdadeiramente o Senhor em uma sociedade consumista e hedonista. Não foram libertos da ganância e, por isso, querem ouvir palavras de prosperidade da parte do Senhor. Jesus referiu-se a esses falsos profetas quando disse: “Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” (Mt 7.20-23). – Jeremias foi muito enfático e assertivo nas suas predições: “Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jr 2.13).

Motivos que levaram Judá ao cativeiro – O cativeiro aconteceu especialmente por causa da liderança. Em todo o livro dos Reis, o autor sagrado deixa isso transparecer, culminando a ideia num momento de esperança frustrada com a reforma de Josias, que enfatizava que o problema da perdição não estava no povo, mas na liderança. Essa ideia é corroborada por vários profetas como visto neste capítulo; dentre eles, está Miqueias: “Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e vós, maiorais da casa de Israel, que abominais o juízo e perverteis tudo o que é direito, edificando a Sião com sangue e a Jerusalém com injustiça. Os seus chefes dão as sentenças por presentes, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá. Portanto, por causa de vós, Sião será lavrado como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa, em lugares altos de um bosque.” (Mq 3.9-12) – Jeremias também evidencia a liderança como causadora do cativeiro: “Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheceram, e os pastores prevaricaram contra mim, e os profetas profetizaram por Baal e andaram após o que é de nenhum proveito” (Jr 2.8). – A situação de rebeldia era tão periclitante que, quando Deus mandou o profeta Jeremias registrar pela primeira vez as suas profecias em um rolo de livro, e após Baruque, o ajudante de Jeremias, ler o seu conteúdo na porta do Templo diante de todo o povo, embora tenha caído um grande temor sobre os príncipes, o mesmo não aconteceu com o rei, pois mandaram Jeremias e Baruque esconderem-se com receio de serem mortos (Jr 36.23,24). – O autor de Reis afirma: “O Senhor não o quis perdoar” (2 Rs 24.4), porque já havia chegado a um tal nível de deterioração que seria impossível o povo voltar-se novamente para Deus, a não ser que fossem severamente castigados para refletirem sobre o mal cometido. Outra afirmação forte de Reis é que o Senhor rejeitou-os da sua presença (2 Rs 24.20), o que também é corroborado pelo profeta Jeremias (6.20). Deus chegou a chamar Jerusalém de Gomorra (Jr 23.14; Is 1.9,10)! Se Ele chamou assim a sua cidade escolhida, então vale a pena atentarmos para nossa situação de enxertados na oliveira e vivermos uma vida digna da glória de Deus (Rm 11.17,18,21).

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

A fim de estimular o raciocínio e a participação em sua classe, leve seus alunos a discutir um ponto relacionado com a lição ou com um texto bíblico, usando o seguinte plano:

Dê a cada membro da classe uma cópia do ponto a ser discutido ou texto a ser interpretado. Dê alguns minutos para que cada um possa escrever suas ideias. Depois distribua a classe em grupos de três ou quatro, a fim de falarem do que escreveram. Cada grupo deverá escolher um membro para apresentar as opiniões do grupo, quando a classe se juntar novamente. Depois de quatro ou seis minutos, junte a classe e deixe que os grupos falem da conclusão a que chegaram. À medida que cada representante expuser suas ideias, anote-as no quadro de escrever. Conclua a discussão fazendo um resumo do trabalho apresentado pelos grupos. Esta dinâmica de grupo envolve toda a classe e promove valiosas ideias para o desenvolvimento da lição.

A situação de Judá é uma triste realidade para um povo que recebeu tantas profecias, avisos e oportunidades de arrependimento, mas decidiu pela apostasia.

II. A OBSTINAÇÃO DE ZEDEQUIAS E SUA QUEDA

1. A teimosia de Zedequias. Zedequias, o último rei de Judá, não entendeu bem a exata conjuntura em que a nação se encontrava; e, por sua própria conta, resolveu não dar ouvidos à voz do profeta (Jr 38.14-28). Zedequias fez constantes ameaças a Jeremias e até tentou mantê-lo submisso aos seus caprichos. Mas, Jeremias, como homem de Deus, não se deixou corromper, antes, proferiu toda a palavra do Senhor (Jr 38.17,18).

2. Surdos aos avisos dos profetas. Jeremias advertiu ao rei Zedequias dizendo que, caso se rendesse à Babilônia, sua integridade seria preservada. Todavia, o rei não deu ouvidos ao profeta, razão de acontecer o que estava previsto. O poderoso exército babilônico invadiu e destruiu Jerusalém (Jr 39.1). Zedequias e povo de Judá estavam tão confiantes em sua religiosidade e escolha divina em relação às demais nações, que nem pensavam na hipótese de serem quase aniquilados (Jr 7.4).

A teimosia de Zedequias. Zedequias, o último rei de Judá, não entendeu a situação em que estava Judá, não ouviu o profeta Jeremias (38.14-28), nem mesmo discerniu que o tempo do fim havia chegado, que Judá iria para o cativeiro, que a potência mundial da época, a Babilônia, não pouparia uma nação enfraquecida e teimosa, com rebeliões facilmente sufocadas. Vejamos quais os males de Zedequias: (i) Ele não estava disposto a ouvir a palavra de Deus através de Jeremias; (ii) ele quebrou um juramento feito em nome de Javé como vassalo da Babilônia; (iii) ele não estava arrependido e nem falou em impedir os líderes e sacerdotes de profanar o templo com a reintrodução de práticas de idolatria. Além disso, Zedequias fez constantes ameaças a Jeremias e tentou manter o profeta sob as suas ordens. Todavia, o homem de Deus não se deixa corromper. Jeremias não omitiu nenhuma palavra do Senhor para o rei. Ele pagou um alto preço, ficou por um tempo preso no pátio da guarda real e um tempo atolado na lama de uma cisterna recebendo apenas pão para comer.

Surdos aos avisos dos profetas. Tanto o rei Zedequias quanto o povo de Judá estavam tão confiantes na sua religiosidade e preferência divina em relação às demais nações, porque tinham instituições religiosas fortes e um templo magnífico, que achavam que nunca seriam destruídos, ao que o profeta vaticinou: “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor” (Jr 7.4). Havia uma falsa segurança baseada no magnífico Templo de Salomão. Da mesma maneira, hoje em dia, não é a grandiosidade de uma religião, ou a solidez das suas instituições, ou mesmo a linhagem real dos seus líderes que poderão prevalecer, a não ser que a vontade de Deus seja feita em todas as coisas e Ele esteja entronizado em detrimento dos falsos deuses, que entram sorrateiramente em qualquer estrutura religiosa, por mais pura e santa que ela seja.

SUBSÍDIO HISTÓRICO

“Zedequias, entretanto, era o rei de facto de todo o Judá deixado na terra em 597. Mau como foram seus irmãos, ele não atentou para as admoestações do profeta Jeremias, para aceitar a soberania dos babilônicos como a vontade de Deus para a nação. Rebelou-se contra Nabucodonosor, ocasionando o desastre fatal para o reino. Não é possível precisar esta data (ver Ez 17.11-18), mas em 588, Nabucodonosor lançou um ataque contra Jerusalém, por meio de um cerco que culminou na queda da cidade e no fim da monarquia judaica, em julho de 586 (2 Rs 25.2-7). Zedequias conseguiu escapar por uma abertura na muralha da cidade e fugiu para os lados de Jericó, mas logo foi capturado e conduzido à presença de Nabucodonosor que, na ocasião, estava alojado na Síria, na cidade de Ribla. Nesta cidade, o rei de Jerusalém teve de presenciar a execução de seus filhos. Depois, vazaram-lhe os olhos e conduziram-no assim para Babilônia” (MERRILL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 480).

III. JERUSALÉM É CERCADA E LEVADA CATIVA

1. A destruição da Cidade Santa e do Templo. Após as investidas dos assírios, dos egípcios, e de três ofensivas dos babilônios, a forte e imponente cidade de Davi se encontrava completamente arrasada. Durante o cerco de Jerusalém, que durou dezoito meses, ninguém podia entrar nem sair. Os víveres estocados foram sendo rapidamente consumidos, e os animais eram abatidos e oferecidos como alimento; até que não restou mais nada. A cidade santa estava em extrema pobreza e miséria (Lm 4.1-6). Foi nesse momento que o poderoso exército de Babilônia rompeu uma brecha no muro e invadiu a cidade. O Templo Sagrado, erigido há 380 anos, foi saqueado, destruído e queimado. A glória de Israel se foi.

2. A matança, o cativeiro, a peste e a pobreza. No livro de Lamentações de Jeremias, o profeta descreve, com riqueza de detalhes, as deploráveis cenas que assistiu (Lm 4.3-10). A fome chegou a tal ponto que as mães cozinhavam e serviam os próprios filhos como comida. Até os sacerdotes perderam as esperanças; e as virgens, ficavam assentadas, sem forças, à beira do caminho. As crianças morriam de sede e fome; ninguém podia saciá-las.

3. A esperança profetizada. A mensagem de Jeremias deixou todos desesperados. Em Lamentações, o profeta desvela toda a sua tristeza. Mas, mesmo assim, não deixou de se lembrar e registrar o quanto Deus é misericordioso e o tamanho da sua fidelidade (Lm 3.22,23). Portanto, assim como Jeremias mudou sua desolação para um estado de esperança, também o cristão deve desenvolver uma atitude de fé diante de suas dificuldades e enfrentamentos. O maior motivo da nossa esperança é a ressurreição de Cristo: “Cristo em vós, esperança da glória” (Cl 1.27b).

A destruição da Cidade Santa e do Templo. Nada os detinha os babilônios. Eles conquistaram as nações de uma forma que nunca havia ainda sido vivenciado no mundo antigo. Eles estavam determinados a tornarem-se os senhores do mundo e podiam fazê-lo não somente pela grandeza do seu exército e instituições sólidas, mas também porque eram autossuficientes. Foi esse poderio babilônico que cercou, invadiu, destruiu e reduziu Jerusalém a cinzas e lembranças. Essa destruição foi profetizada e permitida pelo Senhor Deus: “E, na verdade, conforme o mandado do Senhor, assim sucedeu a Judá, que o tirou de diante da sua face [...]” (2 Rs 24.3).

Jerusalém caiu, apesar dos esforços de Yahweh por meio de seus profetas, de restaurar o seu povo. Mas eles escarneceram de suas palavras até que não mais houve remédio senão a destruição e deportação (2 Cr 36.15,16). Havendo rejeitado a postura de filhos da aliança servos de Yahweh, a comunidade judaica espalhada pelo cativeiro agora cumpriria o papel de escravos em terra estranha. Somente quando se cumprisse o tempo da disciplina, o povo poderia sonhar com o retorno à sua terra. Então reassumiria a responsabilidade de ser verdadeiramente a nação santa e o povo de Deus. – A visão de Ezequiel dá conta de que a tragédia principal não foi apenas a deportação. Foi pior do que isso, pois a glória de Deus havia sido retirada do Templo e para lá nunca mais voltaria. “E a glória do Senhor se alçou desde o meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade” (Ez 11.23). Somente na era escatológica é que a glória do Senhor voltará ao Templo, dessa vez na própria presença do Senhor Deus da glória por meio do Messias: “[...] e virá o Desejado de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz o Senhor dos Exércitos. [...] A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.7,9). – A destruição final de Jerusalém aconteceu após a terceira investida babilônica, com a queima do Templo, do palácio real e dos edifícios importantes, bem como a leva dos restantes, inclusive os sacerdotes.

A matança, o cativeiro, a peste e a pobreza. A situação de Jerusalém e dos habitantes de Judá ficou deplorável com a última invasão babilônica. Todos os nobres, príncipes e ricos foram deportados para a Babilônia, ficando somente os pobres na terra que não tivessem condições de incitar uma rebelião. O profeta Jeremias foi levado cativo até uma parte do caminho. Depois, por benevolência de Nabucodonosor, pôde escolher entre ser levado cativo ou voltar para Jerusalém. Como ele não tinha forças emocionais para decidir-se diante de tamanha desolação, o general babilônico ordenou-lhe que voltasse para Jerusalém. Nessa caminhada de cativos, Jeremias contemplou com tristeza as correntes com que as pessoas nobres e mais influentes de Judá estavam sendo oprimidas e humilhadas. Estavam todos atados, de cabeça baixa, moribundos e sendo conduzidos como animais para longe de Jerusalém, a cidade amada. – Os pobres que sobraram na terra foram liderados, por ordem de Nabucodonosor, por Gedalias, mas, após o assassinato deste, todo o restante do povo apavorado fugiu para o Egito. Nessa fuga, forçaram o profeta Jeremias a ir junto para que a sua vida fosse poupada, embora Jeremias fosse pró-babilônia e Nabucodonosor soubesse disso. Jeremias foi levado a contragosto e advertiu severamente os principais líderes que sobraram para que não fugissem para o Egito, pois lá sim seriam mortos; se ficassem em Jerusalém, seriam poupados da espada e da fome (Jr 42.7-43.13). – Assim, quatro flagelos caíram sobre todo o povo, sem escapar ninguém: morte por causa da guerra, do cerco babilônico e da invasão de Jerusalém; os nobres e artesãos que sobraram foram levados cativos para a Babilônia; os que ficaram eram os mais pobres, que empobreceram mais ainda; e a peste vitimou muita gente por causa das péssimas condições de alimentação e abandono. Um dos livros bíblicos que retrata esse cenário com muita propriedade é Lamentações de Jeremias.

A esperança profetizada. O desespero retratado por Jeremias tomou conta de todos, que, no caso de Judá, foi o lamentável ocorrido da destruição da cidade e da ida para o exílio. Mas o desespero pode ser a simples e silenciosa ausência de sentido, de perspectiva, de futuro, de ideal ou de sonhos. Embora ele tenha lamentado profundamente a destruição da cultura, da religião, dos lugares sagrados e da habitação do povo de Judá, a princípio, num gesto de autocomiseração e autopiedade, ele depois se lembrou de algo bom que aconteceria adiante. Ele escreveu um dos livros mais tristes de toda a Bíblia, Lamentações, mas nas suas lamentações ele lembrou-se do Senhor, o que lhe permitiu praticar a resiliência presente na esperança: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. [...] Bom é o Senhor para os que se atêm a Ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor”. (Lm 3.22-23, 25-26)

SUBSÍDIO DEVOCIONAL

“Contrariamente a súplica de Jeremias e Ezequiel, que convocaram à submissão, os últimos reis de Judá se opuseram aos babilônios. A terceira vez que as forças babilônicas apareceram diante de Jerusalém, Nabucodonosor ordenou que a cidade e o seu povo fossem destruídos, e que a maior parte do seu povo fosse levada para o cativeiro. Os poucos que restaram assassinaram o governador babilônio e sua guarnição, e fugiram para o Egito, deixando a terra vazia dos descendentes de Abraão.

Superficialmente, o cativeiro babilônico parece uma grande tragédia. No entanto, ele provou ser uma bênção incomum. Na Babilônia os judeus se voltaram para as Escrituras a fim de entender o que lhes acontecera. De forma decisiva rejeitaram a idolatria; depois do cativeiro a nação nunca mais foi atraída para a adoração a falsos deuses. E enquanto estavam na Babilônia, o sistema de estudo e oração nas sinagogas foi instituído; um sistema que manteve o foco de Israel nas Escrituras até o dia de hoje.

Mesmo no mais terrível dos juízos Deus permaneceu verdadeiro ao seu compromisso em fazer o bem ao seu povo. Não obstante o que acontecer a você e a mim, sabemos que Deus tem um compromisso conosco. Ele nos ama, e nos fará o bem” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 227).

CONCLUSÃO 

A experiência do reino de Judá no cativeiro é uma triste lição para todos os crentes. Quando os “falsos deuses” ocupam o coração de uma pessoa, ela se torna cativa de suas escolhas erradas. A boa notícia é que, pela misericórdia de Deus, Judá retornou à sua Terra Prometida. Deus ainda usa suas misericórdias para com seu povo. Elas não têm fim. “Novas são cada manhã” (Lm 3.23). Assim como Jeremias mudou a sua desolação para um estado de esperança, também o cristão, diante das suas dificuldades e enfrentamentos, desenvolve essa mesma atitude esperançosa, pois a falta de esperança produz a tristeza, que leva ao abatimento e à frustração, que leva a fraqueza, ao desânimo e ao cansaço de não querer ser o que Deus pensa que podemos ser. Paulo sabia dos sofrimentos que todo o universo enfrenta por causa do pecado, mas também manifestou a esperança da redenção: “Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.22-25).

REFERÊNCIAS

BÍBLIA, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 535.

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 13. Rio de Janeiro: CPAD, 26, set. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010. 

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