sábado, 11 de setembro de 2021

LIÇÃO 11: O REINADO DE EZEQUIAS

 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

O reinado de Ezequias foi um dos melhores de Judá. Seu governo foi reto, justo, honesto e agradável aos olhos do Senhor. Ele fez importantes reformas no culto e na adoração a Deus. A partir da destruição dos ídolos de Judá, reestruturou todo o sistema religioso, o que culminou num grande avivamento para o povo de Deus.  – Ezequias começou a reinar com 11 anos de idade em 729 a.C. em corregência com o seu pai, Acaz, mas incrivelmente não foi influenciado pela apostasia espiritual promovida pelo seu pai. Aos 25 anos, quando finalmente assumiu o trono sozinho, a sua primeira iniciativa foi promover a reforma das instituições religiosas de Judá. Nos seus anos de corregência, Ezequias provavelmente discerniu que a forma como o seu pai reinou não agradava a Jeová, pois isso havia trazido sérias consequências para o povo de Deus, inclusive o Reino do Norte. Israel já estava em processo final como nação. Essa sensibilidade do rei ao que estava acontecendo com o Norte pode ter sido uma das influências que veremos adiante. – Boa parte do sucesso da reforma de Ezequias deu-se em virtude do impacto que o povo de Judá teve diante das ameaças assírias, bem como a derrota completa que o império estava infligindo no Reino do Norte, que, na época da reforma de Ezequias, estava sendo levado cativo pela Assíria. Mas, para muito além disso, o seu segredo estava em ele dar ouvidos ao seu grande conselheiro, o profeta Isaías (2 Rs 19.6; 20.1-6); ele fez um pacto com o Senhor (2 Cr 29.10); e começou a sua obra reformista assim que assumiu o trono (2 Cr 29.3).

 I. O JUSTO REINADO DE EZEQUIAS

1. Um rei reformista. Ezequias instaurou uma ampla renovação espiritual do povo de Deus, em Jerusalém. Reuniu os sacerdotes e levitas e lhes propôs uma nova aliança com Deus (2 Cr 29.4-11). Esta aliança incluiria uma reforma radical no comportamento e na espiritualidade do povo. O rei mandou destruir os altares pagãos; reabrir as portas do Templo; restabelecer as ofertas e os sacrifícios; reinstituir os ofícios sacerdotais e, ainda, celebrar a Páscoa. A despeito de tudo isso, o que mais se destaca nas atitudes de Ezequias é que ele “se chegou ao SENHOR, não se apartou de após ele e guardou os mandamentos que o SENHOR tinha dado a Moisés” (2 Rs 18.6).

Assim, o rei Ezequias tinha um coração disposto a fazer a vontade de Deus no Reino de Judá. Por isso ele reuniu os sacerdotes, demais levitas e lideranças para reconhecer o verdadeiro estado pecaminoso da nação (2 Cr 29.4-11). Ezequias tinha um coração quebrantado e, por isso, foi reformista.

2. A purificação dos lugares sagrados. Com a convocação de Ezequias, os sacerdotes e os levitas se reuniram e se prontificaram a purificar e santificar a casa do Senhor (2 Cr 29.3-5). Retiraram e jogaram fora todas as coisas impuras que estavam no Templo e restabeleceram o culto e os sacrifícios, conforme a Lei de Moisés (2 Cr 29.18-21). A purificação foi tão completa que, no relato do segundo livro de Crônicas, capítulo 29 e versículos 18 e 19, a palavra “todos” é repetida várias vezes no texto. Nada ficou de fora!

3. A adoração nacional. A fim de restabelecer o culto a Deus, Ezequias convocou os maiorais da cidade para estarem na Casa do Senhor (2 Cr 29.20). Ali foram oferecidos diversos sacrifícios para a reconciliação de todo o Israel. Foi nesse momento de muita comoção, que o rei, seus assessores, e toda a congregação de Israel se prostraram diante do Senhor (2 Cr 29.28,29). Que cenário maravilhoso! Uma nação inteira se prostrando e adorando àquEle que é digno de toda honra, glória e louvor.

Além de toda a reforma, Ezequias também mandou celebrar a Festa da Páscoa, que há muito tempo não se via (2 Cr 30.1). Todos foram convidados a participar, inclusive as tribos do Norte. Houve um grande ajuntamento de pessoas em Jerusalém. Depois, Ezequias, os sacerdotes e os levitas, oraram pela cura e santificação do povo (2 Cr 30.27).

A convocação do rei Ezequias ao povo para a santidade, adoração a Deus e amplas reformas espirituais ocasionou um dos maiores avivamentos do Antigo Testamento. Houve um impacto espiritual tão grande que, ao voltar para a casa, o povo destruiu as estátuas dos falsos deuses, rompeu com a idolatria. Deus ainda levanta líderes para promover verdadeiras reformas espirituais.

O projeto de reformas de Ezequias teve sucesso dentro de Judá, porém resultou em desavenças com o rei Sargão II da Assíria, sucessor de Tiglate-Pileser, pois, até então, as alianças entre Acaz e Tiglate-Pileser envolviam os judeus com os cultos pagãos da Assíria. Com a reforma religiosa de Ezequias e o abandono da idolatria, a principal consequência foi a quebra das relações políticas com o rei que governava naquele período, Sargão II. Nesse período, as relações entre os dois reinos ficaram cada vez mais melindrosas, as tensões internas aumentavam devido à instabilidade, e ameaças exteriores e o medo de que o mesmo que aconteceu no Norte pudesse acontecer ali era cada vez mais evidente. – Foi no reinado de Senaqueribe (705 a.C. a 681 a.C.) que aconteceu a independência da Babilônia diante da Assíria. Embora essa independência tenha sido por um breve período de tempo, deu-se o início de uma nova força política que viria dominar o Mediterrâneo, inclusive causar o exílio de Judá dando fim ao projeto e esforços do rei Ezequias. Foi no reinado de Manassés que Judá entrou em declínio total e foi subjugada pela Babilônia. Se os irmãos do Norte foram deportados no primeiro momento, a preocupação de Isaías dá-se em alertar o seu povo de que o mesmo sucederia com eles no Sul, pois eles estavam indo pelo mesmo caminho de abandono da Aliança com Jeová, tal como os irmãos do Norte. O profeta, além de exortar, profetizou sobre um futuro tenebroso que viria, mas também vaticinou que havia esperança no Messias vindouro. – Portanto, apesar do seu zelo religioso, a sua reforma pode também ter sido motivada por questões políticas. Quando do discurso de Rabsaqué no muro da cidade (2 Rs 18.19-25; 28-35), tentando intimidar o povo de Jerusalém a uma sublevação contra Ezequias, a reforma religiosa foi mencionada, o que faz supor que ela pode ter sido utilizada para frear a influência Assíria sobre Judá. A visita dos babilônios e o encantamento de Ezequias diante deles (2 Rs 20.12,13) é outra evidência em direção à sua motivação política na reforma religiosa. A verdade é que o Senhor pode utilizar-se de artifícios humanos para atingir os seus objetivos, como foi no caso da reforma, sem que isso lhe tire o mérito do milagre e da sua intervenção na história

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

O professor deve entender que a forma como conduz os trabalhos na classe e a linguagem utilizada são fundamentais no processo de aprendizagem. Portanto:

II. SENAQUERIBE INVADE JUDÁ

1. As ameaças de Senaqueribe. O Império Assírio estava em franco crescimento. Ele havia invadido várias nações do Oriente Médio, inclusive, Israel, que fora levado para o cativeiro (2 Rs 18.11,12). Agora, Senaqueribe, rei da Assíria, achava que poderia fazer o mesmo com Judá. Foi então que resolveu expedir seu poderoso exército para sitiar Jerusalém e ameaçar o rei Ezequias, visto que ele havia se rebelado contra o governo assírio (2 Cr 32.1).

Durante o cerco a Jerusalém, Senaqueribe, por meio de seus oficiais, usou como estratégia intimista a difamação de Ezequias e o afrontamento da grandeza de seu Deus (2 Cr 32.10-15). Como seu propósito era abalar o moral do rei e do povo, todas essas injúrias foram pronunciadas em hebraico.

2. O temor do rei Ezequias. As ameaças dos assírios pasmaram Ezequias e o medo se espalhou por toda a corte de Judá (2 Rs 18.3719.1); o que levou o rei a consultar o profeta Isaías (Is 37.1-7). E a palavra dele foi de vitória para o povo de Deus. Aqui aprendemos que a obediência a Deus não é sinônimo da ausência de problemas e enfrentamentos. Entretanto, a mão protetora do Altíssimo nunca deixa seu povo desamparado.

As ameaças inimigas sempre usam elementos conhecidos e de confiança tentando abalar a legitimidade da fé. Ameaças inimigas são inflacionadas, exageradas e eivadas de mentiras e meias verdades bem contadas e organizadas; tudo para gerar um clima de insegurança e desconfiança. Mas elas também contêm elementos de verdade para convencer. Por exemplo, Judá não tinha mesmo um poderio militar para fazer jus à Assíria. Segundo o pensamento pagão, se os deuses das nações conquistadas pela Assíria não lhes livraram, como Deus iria fazê-lo? Os oficiais assírios também disseram que o Senhor já havia autorizado a queda de Jerusalém, mas não sabiam eles que estavam afrontando o único Deus verdadeiro com aquelas palavras zombeteiras e difamatórias. – As ameaças causaram medo em toda corte de Ezequias e no povo (2 Rs 18.37; 19.1), ao que Ezequias consultou o profeta Isaías (Is 37.1-7), que vaticinou a vitória do povo de Deus e confortou o rei. Obediência a Deus não é sinônimo de ausência de problemas e enfrentamentos, porém a mão protetora do Senhor nunca deixou o seu povo desamparado.

SUBSÍDIO HISTÓRICO

“Rabsaqué adverte Ezequias (18.19-25). A mensagem de Rabsaqué era uma típica ostentação assíria planejada para destruir a confiança de Ezequias. Deve-se observar a partir de suas advertências que o rei de Judá estava, naquele momento, resoluto e determinado em sua revolta contra Senaqueribe. O grande rei, o rei da Assíria (19) é apenas parte do título frequentemente usado pelos reis da Assíria. Os anais deste rei têm início da seguinte forma: ‘Senaqueribe, o grande rei, o poderoso rei, rei do universo, rei da Assíria…’

A aliança estabelecida entre Judá e o Egito, era tão frágil quanto a palavra de lábios (20), com o bordão de cana quebrada como suporte (21). O Faraó é Tiraca (Taharqo), que foi co-regente com seu irmão a partir de 690/89. Ele era o líder das forças egípcias que Senaqueribe enfrentou (19.9)” (Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.376,77).

III. A ORAÇÃO DO REI E O LIVRAMENTO DO SENHOR

1. A oração confiante de Ezequias. Para intensificar ainda mais sua estratégia do medo, o rei assírio enviou cartas atrevidas e ameaçadoras ao rei Ezequias (2 Cr 32.17). A mensagem exigia a rendição de Jerusalém. Mas o rei de Judá apresentou essas cartas diante do Senhor, e orou fervorosamente (Is 37.14-20). Nessa oração Ezequias agradeceu a Deus e declarou sua soberania sobre tudo e todos. E, apresentando as afrontas de Senaqueribe, pediu ao Eterno que o livrasse daquele ímpio.

2. Deus conforta o rei. Deus usou o profeta Isaías para confortar o rei Ezequias e mostrar que estava com ele. O Senhor disse que tinha ouvido as orações do rei a respeito do atrevimento de Senaqueribe (Is 37.6,7,21,22). Aquele ímpio havia afrontado e blasfemado do verdadeiro e único Deus. Naquela mesma noite, sem que Ezequias usasse qualquer arma, o Senhor dos Exércitos lhe deu o livramento. Um anjo do Senhor foi enviado por Deus e matou, de uma só vez, cento e oitenta e cinco mil assírios (2 Rs 19.35). O fim de Senaqueribe não poderia ser mais trágico. Foi assassinado pelos próprios filhos (2 Cr 32.21).

Não se tem certeza se a Assíria cercou Jerusalém uma ou duas vezes no reinado de Ezequias. Alguns estudiosos dizem que o relato bíblico refere-se ao mesmo evento, mas também existem evidências que dizem o contrário, afirmando que a Assíria invadiu duas vezes Judá. Na primeira vez, foi convencida a abandonar o cerco por causa das altas taxas que Ezequias mandou para a Assíria (2 Rs 18.14-16), embora várias cidades tivessem sido tomadas. E a segunda vez foi pela intervenção divina (2 Rs 19.35,36). – A reação de Ezequias às ameaças do grande exército assírio é um modelo para todo crente que sabe que o socorro só pode vir do Senhor, não adiantando confiar em apoios humanos — no caso de Ezequias, a referência é do rei do Egito. Para intensificar as ameaças, o rei assírio enviou uma carta a Ezequias, que a tomou nas mãos e literalmente a apresentou na Casa do Senhor num gesto de fé simples, porém cheio de sinceridade, fazendo, assim, uma oração de quem confia em Deus mesmo em meio a maior angústia. Ezequias engrandeceu ao Senhor Deus, declarou o seu domínio e soberania sobre tudo e todos, apresentou as palavras de Senaqueribe e a afronta diante do Senhor e pediu a ajuda e livramento dEle. Entretanto, o mais importante é que Ezequias expressou a sua alma diante de Deus no singelo gesto de colocar as cartas na presença dEle. - 2. Deus Conforta o Rei Quase imediatamente, Deus enviou uma mensagem a Ezequias por intermédio do profeta Isaías, em forma de poesia, para confortar o rei e dar-lhe garantia de que o Senhor estava do seu lado. Naquela noite mesmo, Deus deu livramento sem que Ezequias tivesse que portar qualquer arma. Um anjo do Senhor matou 185 mil assírios e deu livramento ao seu povo (2 Rs 19.35). Dessa forma, a queda de Senaqueribe começou quando ele tentou afrontar ao Deus vivo e colocar-se como maior do que Ele. O fim de Senaqueribe foi trágico, sendo este assassinado pelos próprios filhos (2 Cr 32.21).

SUBSÍDIO BIBLIOGRÁFICO

“A palavra de Deus referente a Senaqueribe (19.20-28). A resposta de Deus à oração de Ezequias, mais uma vez, veio através de Isaías, o profeta. Para compreender claramente a mensagem, veja o texto bíblico completo. Era uma resposta de esperança para o rei de Judá e a angustiada Jerusalém. A atitude deles com relação a Senaqueribe poderia ser de desprezo e zombaria (21). Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti, isto é, ‘ela balança a cabeça detrás de ti’. O rei da Assíria não só zombava do povo de Jerusalém, mas de Deus, o Santo de Israel (22) – um título para o Senhor, usado principalmente por Isaías (cf. Is 5.24; 30.12, etc). Senaqueribe havia arrogantemente perseguido as suas muitas conquistas (23,24), e contava até mesmo com a aprovação de Deus – não ouvistes que já dantes fiz isto? (25, cf. Is 105-11). A difícil segunda parte do versículo 25 pode ser traduzida como: ‘E agora eu o executei, transformando as cidades fortes em ruínas’ (Moffatt). Entretanto, a Assíria foi além dos planos de Deus. Ela arrogantemente, perseguiu o seu desejo por conquistas, e assim Deus declarou a Senaqueribe: Eu te farei voltar pelo caminho por onde vieste (28, cf. Is 10.12-19)” (Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. Rio de Janeiro, CPAD, 2005, p.379).

CONCLUSÃO 

A lição que aprendemos nesta história é que ninguém pode afrontar e zombar do Todo-poderoso e ficar impune. O reinado de Ezequias foi muito diferente da maioria dos reis de Judá, pois ele foi temente ao Senhor e confiou nEle nos momentos mais difíceis de seu reinado. Ezequias nos deixou uma grande lição: Deus sempre ouve os sinceros de coração, que confiam nEle mesmo diante do medo e da insegurança. – O trágico fim de Senaqueribe mostra que ninguém pode zombar nem afrontar a Deus, pois os seus servos, mesmo em desvantagem, têm enorme vantagem quando confiam nEle. O reinado de Ezequias foi muito diferente da maioria dos reis de Judá, especialmente durante a reação às ameaças de Senaqueribe e às reformas que ele fez no culto ao Senhor. Ezequias foi temente a Deus, confiou nEle nos momentos de crise e deixou uma grande lição espiritual para todo crente: o Senhor sempre ouve um coração sincero que confia nEle mesmo nos momentos de medo e insegurança.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 535.

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 11. Rio de Janeiro: CPAD, 12, set. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010. 

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