COMENTÁRIO E SUBSÍDIO
INTRODUÇÃO
O cativeiro de Israel ocorreu durante o reinado
do rei Oseias. Nessa época, a Assíria começava a crescer e a se tornar um
grandioso império, controlando várias nações, inclusive Israel. Durante os
últimos trinta anos de Israel, o país foi acometido de muitas tragédias,
injustiças e assassinatos, em razão de desprezarem e desobedecerem aos
mandamentos de Deus. A nação israelita entrou em decadência política, social,
econômica e religiosa. – As advertências de
Deus para que os israelitas abandonassem a idolatria e fossem poupados não
surtiu efeito. A nação afundava-se nos seus pecados cada vez mais. A solução de
Deus para o seu povo escolhido foi a dispersão por meio do cativeiro, não sem
antes agir com misericórdia e amor, como demonstrado pelo profeta Oseias. Por
causa da sua recusa ao chamado do Senhor e a sua constante idolatria eles
experimentaram o cativeiro da Assíria. A Assíria foi um dos primeiros grandes
impérios e ficou conhecida pela sua força bélica e a sua crueldade desferida
contra os seus inimigos, cortando os seus lábios, língua, membros sexuais,
orelha e nariz e, ainda por cima, obrigando-os a trabalhar como escravos. Além
disso, eles tinham métodos de matança ainda mais cruéis: os inimigos eram
esfolados vivos, queimados ou espetados numa estaca até ficarem totalmente
exauridos. Os assírios espalhavam o horror por onde passavam, causando muito
medo em todas as nações e fazendo com que quase ninguém lhes oferecesse
resistência. O poderio de terror assírio somente seria vencido quando surgiu Nabopolassar
e o seu filho Nabucodonosor, que venceram o Império Assírio e fortaleceram o
Império Babilônico.
I. SAMARIA É CERCADA PELO REI DA
ASSIRIA
1. Israel sob o reinado de
Jeroboão II. A nação de Israel
experimentou prosperidade econômica e reconquistas de territórios perdidos para
a Síria que, durante algum tempo, dominava a Palestina. Mas infelizmente,
conforme nos adverte os profetas Amós e Oseias, esses resultados foram
alcançados através de corrupção, injustiça social, hipocrisia religiosa e
sincretismo (2 Rs 17.2,29-33). Os períodos de
prosperidade não fizeram o povo retornar a Deus para adorá-lo, conforme a Lei.
2. A traição do rei
Oseias. O rei da Assíria, Salmaneser,
descobriu que Oseias, seu vassalo, o traíra ao buscar apoio do Egito e
interromper o pagamento dos tributos ao seu reino (2 Rs 17.3,4). Enfurecido, o soberano mandou prender Oseias, marchou
com seus exércitos contra Samaria, e a sitiou por três anos (2 Rs 17.5). A partir daí, Israel não teria mais chances de negociação;
só lhe restaria a guerra e a consequente deportação.
3. A advertência dos
profetas. O aumento da
riqueza nacional, especialmente sob o reinado de Jeroboão II, fez com que
pequenos proprietários fossem espoliados pelos mais ricos, até que se tornassem
pobres e servos desses usurpadores. Enquanto os mais abastados viviam na
extravagância, os pobres eram vilipendiados e permaneciam na miséria. Essas
injustiças fizeram com que os profetas Amós e Oseias formalizassem graves
denúncias (Am 5.6-9). Todos estes
brutais pecados da nação de Israel foram apontados pelos profetas com pesadas
advertências ao arrependimento, e apelos à misericórdia e ao amor de Deus (Os 7.11-14).
O Todo-Poderoso sempre abominou o sincretismo
em Israel, em que o povo adorava os ídolos e ao mesmo tempo oferecia cultos a
Deus. Foi por isso que o profeta Amós advertiu àquela obstinada nação com tanta
severidade (Am 5.21-27). Deus não se
deixa escarnecer, e não tolera um coração dividido com outros deuses ou objetos
de adoração. Esses falsos deuses influenciavam o coração do povo, inclinando-o
contra a vontade de Deus declarada em sua Palavra.
Oseias foi considerado
um rei rebelado quando buscou apoio do Egito e interrompeu o pagamento dos
tributos de reino vassalo. Isso enfureceu tanto o rei Assírio Salmeneser V que
ele fez um cerco a Samaria que durou três anos. Agora, Israel não teria mais
chances nem negociações, e somente a guerra e a deportação resolveriam a situação.
– Os cercos a qualquer cidade na Idade Antiga eram repletos de muitos
sofrimentos, pois as entradas da cidade eram fechadas; ninguém podia sair; os
campos ficavam sem cultivo; as mercadorias necessárias não entravam na cidade,
prejudicando, assim, o comércio e o escambo; a água muitas vezes era racionada
e extremamente escassa, de forma que uma pesada angústia era infligida ao povo.
Essa estratégia de guerra era utilizada pelo exército inimigo para esvair as
forças de resistência da cidade a ser conquistada; portanto, três anos de cerco
foi um longo tempo de desespero para uma nação que já fazia tempo que não se
importava mais com o culto a Deus.
Incansavelmente, Deus
enviou os seus profetas, em especial Amós e Oseias no Reino do Norte, com
apelos para que a terrível sentença fosse revogada pelo arrependimento. “Buscai
o Senhor e vivei, para que não se lance na casa de José como um fogo, e a consuma,
e não haja em Betel quem o apague” (Am 5.6). Deus abominou o sincretismo que o
povo estava praticando, adorando os ídolos, sendo injustos e infiéis e, ao
mesmo tempo, querendo oferecer culto a Deus, misturando a sua devoção com outros
deuses. Por isso, o profeta Amós advertiu: “Aborreço, desprezo as vossas
festas, e as vossas assembleias solenes não me dão nenhum prazer. E, ainda que
me ofereçais holocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei delas, nem atentarei
para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito
dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos. Corra,
porém, o juízo como as águas, e a justiça, como o ribeiro impetuoso.
Oferecestes-me vós sacrifícios e oblações no deserto por quarenta anos, ó casa
de Israel? Antes, levastes a tenda de vosso Moloque, e o altar das vossas
imagens, e a estrela do vosso deus, que fizestes para vós mesmos. Portanto, vos
levarei cativos, para além de Damasco, diz o Senhor, cujo nome é Deus dos
Exércitos”. (Am 5.21-27)
Deus não se deixa
escarnecer. Ele especialmente não tolera quando o coração está dividido com
outros deuses que disputam lugar e dão ordens ao coração humano; ou seja, o ser
humano passa a fazer escolhas segundo o seu falso deus em detrimento das sábias
escolhas da Palavra de Deus, que são vida.
SUBSÍDIO
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
O professor deve ser capaz de escolher, usar e
eventualmente desenvolver métodos de ensino. Há dois componentes nessa tarefa.
Primeiro, o docente deve ser capaz de trabalhar de forma independente com os
métodos pedagógicos habituais, abrangendo os seguintes componentes: objetivos,
conteúdo, recursos, modo de operar, formas de prover acompanhamento,
organização de ensino e avaliação. Segundo, também deve conhecer as diversas
formas de se conceber um método pedagógico.
Espera-se do professor que:
• Escolha objetivos pedagógicos e didáticos
coerentes com a sua identidade, seu trabalho e com o programa de sua Escola
Dominical;
• Escolha e maneje com eficácia as diferentes formas
de trabalho e atividades didáticas;
• Conheça diferentes tipos de métodos pedagógicos;
• Assegure um bom manejo de classe.
II. OS PECADOS DO POVO E SUA QUEDA
1. O terrível pecado da
idolatria. Desde que o reino
de Israel foi dividido, o Norte se inclinou mais intensamente à idolatria que o
Sul. Provavelmente esta foi a razão de Israel ter sido levado para o cativeiro
algumas dezenas de anos antes de Judá.
Apesar do caos espiritual e rejeição de Israel,
Deus queria salvar o povo. Foi então que o Senhor convocou o profeta Oseias
para uma situação bastante estranha. Pediu que ele se casasse com uma
prostituta e tivesse filhos com ela (Os 1.2). Essa prostituta representaria a nação de Israel.
Oseias cumpriu a ordem do Senhor e se casou com
Gômer (Os 1.3) e teve três
filhos. Cada filho que o profeta tinha com a prostituta mostrava a desaprovação
divina com o povo de Israel. Deus colocou o casamento do profeta Oseias como
uma lição prática da infidelidade do reino do Norte. Nesta metáfora, a
prostituta (Israel) deixa seu marido (Deus) para se deleitar com seus amantes
(Egito e Assíria) e ainda pagava para estar com eles. Hoje se pode ver o mesmo
padrão de vida imoral sempre que o povo de Deus se desvia da genuína dedicação
ao Todo-poderoso (Pv 5.3).
2. Outras causas do
cativeiro. Os pecados
relacionados à exploração e indiferença para com o pobre foram duramente
criticados pelos profetas. Percebe-se que tais iniquidades são colocadas em pé
de igualdade com a idolatria. O profeta Amós condenou estas transgressões de
maneira implacável: “Ouvi esta palavra, vós, vacas de Basã, que estais no monte
de Samaria, que oprimis os
pobres, que quebrantais os necessitados […] Ouvi isto, vós que anelais o
abatimento do necessitado e destruís os miseráveis da terra (Am 4.1; 8.4). A situação era
tão grave que até os sacerdotes fizeram um conluio com os governantes para
extorquir o povo (Os 6.9,10). Deus fez um
juramento dizendo que jamais se esqueceria das maldades de Israel (Am 8.4-7).
Para mostrar o seu grande amor pelo povo escolhido, Deus chamou o profeta
Oseias como um exemplo vivo daquilo que Ele estava fazendo com Israel. Casou-se
com uma prostituta, muito amada por ele, mas o relacionamento deles aconteceu
entre as fugas da esposa e os apelos para que voltasse que Oseias fez incansavelmente.
A metáfora da sua própria vida que Oseias utiliza é que a prostituta (Israel)
deixa o seu marido (Deus) para deleitar-se com os seus amantes (Egito e
Assíria) e ainda pagava para estar com eles. Da união com Gômer, nasceram-lhes
filhos, cujos nomes que o profeta colocou indicavam o momento em que Israel
estava vivendo com Deus por causa dos seus pecados. Assim, os adultérios de Gômer,
esposa de Oseias, eram uma ilustração do que Israel estava vivendo em relação a
Deus. Ao primeiro filho, Oseias colocou o nome de Jezreel, que significa “Deus
semeia”, referindo-se ao local onde Deus julgou os filhos idólatras de Acabe,
cumprindo-se a profecia de Elias; ou seja, Deus trataria com a nação idólatra
como tratou com Acabe. A segunda filha foi chamada de Lo-ruhamah, que significa
“desfavorecida”, simbolizando o sofrimento de Israel por causa da
desobediência, mas o Senhor não teria compaixão dela. A terceira filha
chamou-se Lo-ammi, que significa “não-meu-povo”, simbolizando que Deus estava
rejeitando Israel por causa do seu pecado.
Desde que o reino foi dividido entre o Norte e o Sul, a
opção do Reino do Norte foi aplicar-se à idolatria. Além da inclinação natural
a esse mal, havia um receio de que o povo do Norte nostalgicamente quisesse ir
adorar a Jeová em Jerusalém, o que seria um grave problema político, pois
poderia ocasionar a fragilização por meio da religião ao Reino do Norte. Dessa
forma, assim que ocorreu a divisão, houve uma preocupação em estabelecer locais
de culto a Jeová como em Betel, Gilgal e Jericó, mas também em aproveitar a
inclinação à idolatria do povo, e, nesses mesmos locais e em outros de Israel,
foram erguidos locais de culto para divindades pagãs. Assim, havia várias
opções para o povo não se dirigir a Jerusalém. Essa política foi iniciada por
Jeroboão I, motivo pelo qual ele tornou-se referência principal para a
idolatria e o sincretismo religioso em todo o livro de Reis. – A inclinação de
Israel para a idolatria foi muito maior que a do Reino de Judá. Certamente,
esse foi o motivo por que o cativeiro de Israel aconteceu algumas dezenas de
anos antes do de Judá. A lista de reis de Israel que constam no livro de Reis
não tem nenhum que tenha sido bom no sentido de encaminhar o povo para um
compromisso com Deus. A maioria deles praticou idolatria abertamente e ainda
incentivou o povo a fazê-lo; já outros adoravam os ídolos e a Deus como se
fossem divindades de um mesmo páreo (2 Rs 17.33).
O profeta Oseias faz um brilhante trocadilho com a falsidade
existente na adoração aos deuses, referindo-se ao fato de que os falsos deuses
adorados por Israel não lhes socorreram no momento de maior aflição. Tais
deuses, ante os quais a nação de Israel prostrava-se com rituais, cultos e
sacerdotes, eram impotentes para socorrê-la: “Os moradores de Samaria serão
atemorizados pelo bezerro de Bete-Áven, porquanto o seu povo se lamentará por
causa dele, como também os seus sacerdotes (que nele se alegravam), e por causa
da sua glória, que se apartou dela.” (10.5) – Especialmente grave era a forma
como os sacerdotes entraram em conluio com os administradores e governantes
para extorquir o povo. Vejamos o que escreveu Oseias sobre isso: “Como hordas
de salteadores que espreitam alguém, assim é a companhia dos sacerdotes que
matam no caminho para Siquém; sim, eles têm praticado abominações. Vejo uma
coisa horrenda na casa de Israel: ali está a prostituição de Efraim; Israel é contaminado.”
(Os 6.9,10)
Tempo depois, o profeta Jeremias profetizou algo parecido
para Judá: “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas
profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo
assim o deseja; e que fareis no fim disso?” (Jr 5.30,31). Jeremias aponta para
um faz-de-conta, como num acordo coletivo silencioso e subjetivo, em que o
clero e o povo fazem de conta que servem a Deus. Além das causas morais,
sociais e espirituais descritas anteriormente e que ocasionaram o cativeiro,
outras causas também podem ser apontadas, mas que certamente são consequências
do declínio moral e espiritual: “A divisão do reino deixou Israel enfraquecido
e este não pode enfrentar sozinho os seus inimigos. As alianças que Israel fez com
as nações vizinhas também o enfraqueceram, pois muitas vezes ele teve que pagar
elevados tributos. Além do mais, enfraqueceu-se lutando contra Judá. Sobretudo,
os reis do norte eram indignos. Houve várias revoltas, acompanhadas muitas vezes
de regicídios e mudanças de dinastia. Dezenove reis e nove dinastias reinaram
nos dois séculos de sua existência, e dentre estes reis, dez morreram de forma
violenta.
Essa situação espiritual calamitosa de Israel atraiu a indignação
divina, até que, conforme relato de Reis, Ele expulsou-os da sua presença. Os
israelitas foram levados cativos pela Assíria em 722 a.C., ao final do cerco a
Samaria, que durou três anos. Segundo os registros do rei assírio Sargão II,
foram exilados 27.280 cativos. Os deportados nunca mais voltaram, exceto alguns
poucos para repovoar Samaria; certamente, os exilados desapareceram para sempre,
absorvendo as práticas pagãs e misturando-se com os demais povos.
SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO
“A Aversão de Deus à Idolatria. Deus não tolerará
nenhuma forma de idolatria.
(1) Ele advertia frequentemente contra ela no AT.
(a) Nos dez mandamentos, os dois primeiros mandamentos são
contrários diretamente à adoração a qualquer deus que não seja o Senhor Deus de
Israel (ver Êx 20.3,4 notas). (b) Esta ordem foi repetida por Deus
noutras ocasiões (e.g., Êx 23.13,24; 34.14-17; Dt 4.23,24; 6.14; Js 23.7; Jz
6.10; 2 Rs 17.35,37,38). (c) Vinculada à proibição de servir outros
deuses, havia a ordem de destruir todos os ídolos e quebrar as imagens de
nações pagãs na terra de Canaã (Êx 23.24; 34.13; Dt 7.4,5; 12.2,3).
(2) A
história dos israelitas foi, em grande parte, a história da idolatria.
Deus muito se irou com o seu povo por não destruir
todos os ídolos na Terra Prometida. Ao contrário, passou a adorar os falsos
deuses. Daí Deus castigar os israelitas, permitindo que seus inimigos tivessem
domínio sobre eles. (a) O livro de Juízes apresenta um ciclo
constantemente repetido, em que os israelitas começavam a adorar deuses-ídolos
das nações que eles deixaram de conquistar. Deus permitia que os inimigos os
dominassem; o povo clamava ao Senhor; o Senhor atendia o povo e enviava um juiz
para libertá-lo. (b) A idolatria no Reino do Norte continuou sem
dificuldade por quase dois séculos. Finalmente, a paciência de Deus esgotou-se
e Ele permitiu que os assírios destruíssem a capital de Israel e removeu dali
as dez tribos (2 Rs 17.6-18). (c) O Reino do Sul (Judá) teve vários
reis que foram tementes a Deus, como Ezequias e Josias, mas por causa dos reis
ímpios como Manassés, a idolatria se arraigou na nação de Judá (2 Rs 21.1-11).
Como resultado, Deus disse, através dos profetas, que Ele deixaria Jerusalém
ser destruída (2 Rs 21.10-16). A despeito dessas advertências, a idolatria
continuou (e.g., Is 48.4-5; Jr 2.4-30; 16.18-21; Ez 8) e, finalmente, Deus
cumpriu a sua palavra profética por meio do rei Nabucodonosor de Babilônia, que
capturou Jerusalém, incendiou o templo e saqueou a cidade (2 Rs 25).
(3) O Novo Testamento também adverte todos os crentes contra a idolatria. (a) A idolatria manifesta-se de várias formas hoje em dia. Aparece abertamente nas falsas religiões mundiais, bem como na feitiçaria, no satanismo e noutras formas de ocultismo. A idolatria está presente sempre que as pessoas dão lugar à cobiça e ao materialismo, ao invés de confiarem em Deus somente. Finalmente, ela ocorre dentro da igreja, quando seus membros acreditam que, a um só tempo, poderão servir a Deus, desfrutar da experiência da salvação e as bênçãos divinas, e também participar das práticas imorais e ímpias do mundo. (b) Daí, o NT nos admoestar a não sermos cobiçosos, avarentos nem imorais” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.447).
III. OS ESTRANGEIROS
OCUPAM SAMARIA
1. A mistura de gente e o
sincretismo. Após o exílio,
alguns israelitas pobres permaneceram em Samaria e região. A política dos assírios era que os
territórios espoliados fossem reocupados por povos de outras etnias e origens;
promovendo assim, uma grande migração e reassentamento de pessoas. O objetivo
era misturar as nacionalidades para evitar possíveis rebeliões e enfraquecer as
províncias. Essa mistura de gente (Ne 13.3; Jr 25.20) fez com que o povo de Israel, que restou em Samaria junto aos deportados de outras nações, tornasse a
religião israelita ainda mais sincrética. É por isso que lemos no Evangelho de
João: “os judeus não se comunicam com os samaritanos” (Jo 4.9).
2. Jesus e os samaritanos. Apesar do antagonismo entre judeus e samaritanos, Jesus os
contemplou com muito amor. Ele deu atenção à mulher samaritana e lhe anunciou o
Reino, fazendo-a conhecedora da Fonte de Água que sacia a sede humana de forma
definitiva (Jo 4.13,14). E, em razão da
dúvida daquela mulher sobre o legítimo lugar de adoração a Deus, Jesus foi
enfático em dizer que o lugar não é físico ou geográfico, e sim espiritual: o
coração do homem (Jo 4.23,24).
Na parábola do “bom samaritano”, Jesus
contrasta a religiosidade excessiva dos líderes religiosos judeus com a natural
espiritualidade de um samaritano. Foi aquele homem, considerado indigno, que
mostrou compaixão para com o ferido à beira do caminho: “Mas um samaritano que
ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lc 10.33). O Mestre quebrou paradigmas de religiosidade e
espiritualidade ao se relacionar de forma amável e acolhedora com os
samaritanos.
Havia sobrado uns
poucos israelitas pobres que ficaram após o exílio em Samaria e região. A
política Assíria era de que o território espoliado e vencido seria reocupado
por povos de outras regiões e etnias, provocando, assim, uma grande migração e
reassentamento de pessoas, misturando-se às nacionalidades para evitar
rebeliões e enfraquecer as províncias. – Esse procedimento do império fez com
que o povo que restou em Samaria, aliado aos que foram para ali deportados
pelos assírios, tornasse a religião ainda mais sincrética. Veja a lista de
deuses que eram adorados nesse novo momento da história samaritana:
Sucote-Benote, Nergal, Asima, Nibaz, Tartaque, Adrameleque e Anameleque (2 Rs
17.30-31). – Essa mistura de gente em Israel após o cativeiro assírio deu
início ao povo samaritano, uma raça mista e odiada pelos judeus, em que qualquer
pessoa era nomeada sacerdote ao bel-prazer daquele que tinha condições de
sustentar um sacerdote. Como a terra ficou muito menos habitada do que era
antes, leões começaram a proliferar e atacar as pessoas. Foi daí que surgiu a
lenda de que atacaram pelo motivo de que não estavam adorando o deus da terra.
Por causa disso o imperador assírio enviou um sacerdote a Betel que conhecia os
costumes judaicos para tentar aplacar a ira de Deus. Israel, no entanto, já não
adorava mais ao Senhor Deus fazia muito tempo. “Mesmo quando esses povos
adoravam o Senhor, também prestavam culto aos seus ídolos. Até hoje seus filhos
e seus netos continuam a fazer o que os seus antepassados faziam” (2 Rs 17.41, NVI).
A mistura de etnias,
culturas e religiosidades em Samaria após o cativeiro assírio gerou uma mistura
de gente e um sincretismo tão grande que Judá, o Reino do Sul, passou a não
suportar mais essa situação e condenou tal atitude — embora alguns reis
posteriores tenham chamado algumas pessoas do Norte para adorarem a Deus em
Jerusalém. É por esse motivo que a Bíblia afirma que “os judeus não se
comunicam com os samaritanos” (Jo 4.9). Embora houvesse uma preocupação com a
mistura e a adoração a falsos deuses por parte dos judeus, isso também criou
uma cultura de intolerância religiosa que Jesus Cristo utilizou para denunciar
muitas práticas hipócritas dos judeus da sua época. – O antagonismo com os
samaritanos era tão grande que as autoridades religiosas de Israel dos tempos
de Jesus afirmaram: “[...] Não dizemos nós bem que és samaritano e que tens
demônio?” (Jo 8.48). Essa afirmação foi feita pelas autoridades quando Jesus
falou-lhes que tinham por pai o Diabo e que lhes faziam as vontades, e não a
vontade do seu Pai (Jo 8.42-47). - Apesar desse antagonismo entre judeus e
samaritanos, Jesus olhou com muito carinho para estes. Certa vez, Ele intentou
passar a noite numa aldeia samaritana, mas foi impedido por eles (Lc 9.52,53).
– Apesar disso, Ele recebeu com carinho a mulher samaritana e anunciou a ela o
Reino de Deus, mostrando a fonte da água que sacia a sede de forma a nunca mais
ter sede. Jesus também a informou sobre qual é o verdadeiro lugar de adoração
diante da dúvida dela quando afirmou que o coração é o lugar mais ideal para praticar
a adoração, e não um lugar geográfico específico. Jesus desmontou o antagonismo
entre judeus e samaritanos que existia há séculos quando afirmou que até mesmo
os sincretistas samaritanos seriam aceitos por Deus se o adorassem em espírito e
em verdade. – Outro episódio de Jesus que envolve samaritanos é a parábola do Bom
Samaritano. Nesse caso, Jesus está contrastando a religiosidade excessiva dos
líderes religiosos judeus com a espiritualidade cotidiana do samaritano, que,
indigno e idólatra aos olhos da liderança religiosa judaica, mostrou compaixão
para com o ferido à beira do caminho, contrastando com o cerimonialismo
religioso do levita e do sacerdote. “Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao
pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lc 10.33). Jesus quebrou
paradigmas de religiosidade e espiritualidade quando contou essa parábola e,
por conseguinte, quando se relacionou de forma acolhedora com os samaritanos.
SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO
“Israel é levada cativa. Finalmente, Israel teve de
pagar pelos seus pecados. Deus permitiu que a Assíria derrotasse e dispersasse
o povo. Eles foram levados em cativeiro, engolidos pelo poderoso e ímpio
Império Assírio. O pecado sempre traz disciplina, e as consequências do pecado
são, às vezes, irreversíveis.
O Senhor julgou o povo de Israel, porque ele havia
copiado os maus costumes das nações vizinhas, adorando falsos deuses, adotando
costumes pagãos, e seguindo seus próprios desejos. Aqueles que criam sua
própria religião tendem a viver de maneira egoísta. E viver para si mesmo, como
Israel aprendeu, traz sérias consequências da parte de Deus. Às vezes, seguir a
Deus é difícil e doloroso, mas considere a alternativa. Você pode morrer com
Deus, ou morrer sozinho. Decida ser uma pessoa de Deus, e fazer o que ele diz,
independentemente do custo que isso lhe traga. O que Deus pensa a seu respeito
é infinitamente mais importante do que pensam os que estão à sua volta.
A destruição veio a Israel, tanto por causa de seus
pecados públicos como pelos secretos. Os israelitas não apenas toleravam a
iniquidade e a idolatria em público, como cometiam pecados ainda piores em
particular. Os pecados secretos são aqueles que não desejamos que os outros
conheçam, porque são vergonhosos ou incriminadores” (Veja Rm 12.1-2; 1 Jo
2.15-17)” (Bíblia de Estudo
Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 830).
CONCLUSÃO
Não faltou advertências para que Israel
abandonasse a idolatria e fosse poupado do cativeiro. Todavia, nada surtiu efeito.
Cada vez mais a nação afundava em seus pecados. A maneira drástica, porém
misericordiosa e amorosa, de Deus retornar seu povo ao aconchego do seu amor,
foi, infelizmente, conduzi-lo ao cativeiro e à dispersão. – Que Deus nos ajude
a atentarmos mais para a sua Palavra a fim de não colhermos os amargos frutos
da desobediência. – Como
os profetas de Deus haviam advertido, Israel foi levado ao exílio. Tudo aquilo
que o Senhor prediz acontece. Isto é claro, é uma boa notícia para aqueles que
confiam nEle e lhe obedecem – podem acreditar em suas promessas; porém é uma
triste notícia para aqueles que o ignoram e lhe desobedecem. Tanto as promessas
como as advertências que Deus tem apresentado em sua palavra seguramente se
cumprirão.
REFERÊNCIAS
BÍBLIA, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995,
p. 535.
LIÇÕES BÍBLICAS. 3º
Trimestre 2021 - Lição 9. Rio de Janeiro: CPAD, 29, ago. 2021.
POMMERENING, Claiton Ivan. O
plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro:
CPAD, 2021.
STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
WIERSBE, Warren W. Comentário
Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos,
p. 449. Santo André: Geográfica, 2010.
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