COMENTÁRIO E SUBSÍDIO
INTRODUÇÃO
Josias foi o último dos reis justos de Judá. Nunca houve um rei
como ele que se voltasse para o Senhor de todo o coração. Este grande monarca e
fiel homem de Deus expurgou o país de todas as falsas divindades ali colocadas
por seus ancestrais. E ao saber que o livro da Lei havia sido encontrado dentro
do Templo, iniciou em seu reino a maior e mais impactante renovação espiritual
vista entre todas as tribos de Israel. – O nascimento
do rei Josias foi profetizado aproximadamente 300 anos antes, quando um profeta
anônimo foi enviado à Jeroboão enquanto este sacrificava aos seus falsos deuses.
Sob a perspectiva do autor de Reis e Crônicas, Josias foi um dos melhores reis
que Israel teve, pois limpou o Templo de muitas divindades, dos rituais e da simbologia
pagã que haviam colocado nele, a saber: a estaca sagrada (poste-ídolo), o
aposento das prostituições sagradas, lugar onde as mulheres teciam véus para
Aserá, os cavalos e o carro do deus Sol ali colocados pelos reis de Judá e os
altares que os reis de Judá tinham levantado no terraço (2 Rs 23.4-12). Ele
também destruiu os altares, os ídolos e os rituais em vários locais fora de Jerusalém
e nos lugares altos das cidades. Fez uma limpeza geral contra as formas de
adoração idólatras que se haviam instalado em Israel e que foram instituídas
pelos reis que o antecederam. Inclusive os altares a deuses que foram
introduzidos por Salomão também foram destruídos por Josias. Ele aniquilou toda
uma cultura idólatra e trabalhou para que os sacerdotes dessas divindades
também perdessem os seus postos.
I. JOSIAS REPARA O TEMPLO
1. “Achei o livro da Lei no Templo do Senhor”. Com seu desejo de
realizar reparos na Casa do Senhor, Josias ordenou a Safã, o escrivão, e a
outros assessores, que fossem ao encontro do sumo sacerdote Hilquias e
arrecadassem todos os possíveis recursos financeiros (2 Rs 22.4). Pode-se imaginar a enorme surpresa
que teve o escrivão do rei ao receber do sumo sacerdote Hilquias a notícia de
que o Livro do Senhor havia sido achado dentro da Casa do Senhor (2 Rs 22.8).
Por este relato percebe-se como era o nível de desinteresse das coisas de Deus
por quem deveria zelar, não apenas pelo sagrado Livro, mas pelo cumprimento das
leis divinas expressas nele.
2. O rei rasgou suas vestes. Ao saber do conteúdo
do livro, Safã, o escrivão, levou-o imediatamente ao rei Josias (2 Rs 22.10). O rei leu o livro tão avidamente,
e ficou tão pasmado diante da realidade de haver descumprido seu conteúdo, que
não tardou em rasgar suas próprias vestes em sinal de profunda tristeza e
consternação (2 Rs 22.11).
Ao ser impactado pela mensagem do livro,
Josias não se justificou em razão dos próprios pecados, como fazem os que não
querem conformar suas vidas à vontade soberana de Deus. O rei não culpou a
ninguém; simplesmente se humilhou rasgando suas vestes, demonstrando a piedade
do seu coração.
3. Entendendo a vontade de
Deus. Por ordem de Josias, o sumo sacerdote Hilquias e seus auxiliares
foram consultar a profetiza Hulda para saberem se os pecados de Judá tinham
atingido o nível do juízo divino (2 Rs 22.12-14; 2 Cr 34.22). Então a profetiza confirmou que
Jerusalém realmente seria destruída, mas que por amor a Josias, isso
aconteceria somente após a morte dele (2 Rs 22.18-20). Assim Deus demonstrou que ouviu
a oração do rei; embora, a condenação de Judá estivesse sendo apenas adiada (Jr 11.9-17; 13.27).
Quando
o escrivão do rei foi enviado a conversar com o sacerdote Hilquias, cujo nome
significa “Javé é minha porção”, para iniciar e organizar a reforma do Templo,
este lhe comunicou que havia achado o livro da Lei de Moisés. Hilquias achou o
livro, mas não se mostrou surpreso pelo seu conteúdo, pois tudo indica que
tivera contato com ele anteriormente. O achado do livro dentro do Templo obviamente
significa que ele estava perdido naquele lugar, mas isso parece muito incoerente.
Como o livro da Lei de Moisés poderia ter-se perdido dentro do Templo? Talvez
pelo motivo exposto adiante: de que um escriba zeloso propositadamente o
tivesse guardado; só que o real motivo foi, provavelmente, o descaso para com o
livro que a idolatria sistematizada ocasionou à liderança religiosa e civil. Dessa
forma, a lassidão espiritual e o relaxamento religioso daqueles que deveriam
zelar não apenas pela guarda, mas também pelo cumprimento da Lei fez com que o
mais precioso livro fosse perdido paradoxalmente dentro do lugar onde ele
deveria ser guardado e anunciado com veemência. – A perda do livro dentro do
Templo, portanto, é uma realidade factível ainda hoje. Seria impossível perder
a Palavra de Deus materialmente, pois a temos em milhões de cópias e, mais recentemente,
em meios digitais dos mais variados tipos e variações. Nunca nos faltarão
exemplares físicos ou eletrônicos da Bíblia, mas, assim mesmo, ela poderá ser
perdida cada vez que a negligenciamos, como bem afirmou Tiago: “E sede cumpridores
da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque,
se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla
ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e
logo se esqueceu de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita
da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da
obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.” (Tg 1.22-25) – Portanto, é
preciso proatividade em relação à observância, ao cumprimento e à obediência
àquilo que a Palavra de Deus diz; não uma observância exterior e hipócrita, mas
uma observância que parte de um coração adorador. O cerne do entendimento da
Palavra de Deus é estabelecer um relacionamento com o seu autor para compreendê-la
espiritualmente, pois o seu conteúdo é relacional, porque contamos com a
presença do seu autor, o Espírito Santo. As principais mudanças tomadas em
nossa vida são feitas num relacionamento espiritual com a Palavra de Deus e o
seu autor. A Palavra de Deus serve-nos primordialmente de duas maneiras: (1)
através do confronto, com a sua voz moral e ética, e (2) através do conforto,
com a sua voz amorosa e consoladora. Muitas pessoas veem a Palavra de Deus
apenas como conforto em tempos de angústia, mas ela não serve somente para
isso. A sua função também é causar desconforto diante do pecado e dos desvios
da própria Palavra. Assim, para que ela, de fato, produza conforto permanente, na
maioria dos casos precisará produzir desconforto ao confrontar a miserabilidade
do pecador. A Palavra de Deus cria algo novo em nossas entranhas e gera
mudanças de comportamentos, hábitos, vícios e abandono de pecados. Dessa forma,
é preciso deixar a Palavra ler a alma humana, invertendo-se a forma natural de
leitura. Por isso, o salmista escreveu: “Guardei no coração a tua palavra para não
pecar contra ti” (Sl 119.11, NVI). A versão bíblica A Mensagem substitui “pecar
contra ti” por “entrar em falência”, o que demonstra a impossibilidade de
prosperidade humana sem ter a Palavra de Deus como bússola infalível.
Quando
o escrivão Safã recebeu o livro das mãos de Hilquias, ele imediatamente tomou
um tempo para lê-lo. Não se sabe se ele fez isso apenas por curiosidade ou se
já queimava no seu coração o desejo por um avivamento, visto ser ele
funcionário do rei, que, anos antes, começara a adorar a Deus no Templo.
Certamente, toda a corte real já havia sido influenciada pela devoção do rei. –
Depois de tomar conhecimento do seu conteúdo, Safã levou o livro ao rei, que o
leu tão avidamente e causou-lhe tanto impacto que, diante da percepção concreta
de que haviam falhado grandemente em cumprir o seu conteúdo, ele rasgou as
vestes, o que, na antiguidade, era um sinal de profunda consternação e
tristeza. Isso mostra um profundo arrependimento e contrição por parte desse
rei piedoso, mas também coragem de lutar contra aquilo que o seu pai e,
principalmente, o avô haviam instituído. O rei sabia que não seria um trabalho
fácil, pois toda a sociedade e todas as camadas dela estavam tomadas pela
idolatria e, além disso, não estavam há tempos fazendo o culto a Deus
corretamente. – A reação do rei não foi a de justificar-se diante dos seus
pecados, como muitos fazem quando não querem deixar a vida que não se conforma
com a vontade de Deus. Ele nem mesmo culpou a ninguém; simplesmente se humilhou
e, em sinal exterior do que já havia acontecido no seu coração, rasgou as suas
vestes.
O rei
Josias entendeu com exatidão o que a Lei de Moisés dizia, pois compreendeu que
o Senhor estava irado com eles porque, da mesma forma como os seus
antepassados, haviam negligenciado vários preceitos da Lei. Assim, ele enviou
os seus mensageiros a consultarem a profetisa Hulda. Naquela época, era normal
as pessoas servirem-se de alguém com dons especiais para saberem a vontade de
Deus. Hoje, embora esses dons ainda operem livremente pelo Espírito Santo, é
salutar que a comunhão íntima de cada um com o Senhor seja tão estimada que não
se precise buscar ajuda de outros para ouvir a voz de Deus, pois o Espírito
Santo testifica no coração de cada crente sobre qual é a vontade de Deus (Rm
8.16), da mesma forma como Paulo era guiado pelo Espírito Santo (At 13.2; 16.7).
– A profetisa Hulda confirmou a certeza que o rei já tinha, e, de fato, o
veredito celestial já estava feito: Jerusalém seria destruída, mas, por amor a
Josias e pela sinceridade do seu arrependimento, isso aconteceria somente
depois da sua morte, demonstrando, assim, que o Senhor ouviu a oração do rei e
atentou para o seu arrependimento genuíno. Neste texto, a palavra hebraica para
arrependimento (2 Rs 22.19) é rakak, que significa ser amolecido ou
enternecido. – Arrependimento é um ataque sem tréguas contra toda impiedade e
idolatria, a começar pela própria pessoa, como foi o caso de Josias. Só depois
é que ele colocou em prática as maneiras de alcançar o maior número de pessoas
para um novo pacto com o Senhor Deus.
SUBSÍDIO
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Para
alcançarmos os objetivos fundamentais que formulamos, quais deverão ser os
nossos objetivos imediatos? O que planejamos fazer neste trimestre, neste mês,
nesta lição? Esses planos variam com as situações. Os interesses e as
necessidades de nossos alunos deverão determinar nossos objetivos para cada
lição em particular. Muitas vezes o comentarista da lição sugere as metas em
conexão com ela. Essas metas poderão ou não coincidir com as necessidades da
classe. Por isso, deve o professor determinar seus objetivos de acordo com a
realidade de sua classe. Tendo em mente o assunto da lição a ser ensinada, o
professor poderá perguntar-se:
· Quais conhecimentos desejo que meus alunos adquiram?
· Quais situações desejo que eles enfrentem?
· Quais atitudes e decisões desejo que eles tomem?
II. A RENOVAÇÃO DO PACTO COM O SENHOR
1. A leitura do livro diante do povo. Josias, como um
líder zeloso pelo cumprimento da Palavra de Deus, sabia que a reforma não teria
êxito se todos não fossem envolvidos. Por isso convocou todas as autoridades de
Judá e de Jerusalém, e todo o povo; do mais simples ao
mais importante, para se reunirem no Templo do Senhor e ouvirem a leitura da
Lei de Deus (2 Rs 23.1,2).
Ouvindo a mensagem, o povo preparou o coração para uma nova aliança com o
Senhor.
O verdadeiro avivamento começa com a escuta da Palavra de Deus. Quando a Bíblia passa ser ouvida com seriedade, o coração é quebrantado, a nossa vida é avivada e o Espírito Santo faz morada. O avivamento por meio da Palavra é duradouro.
2. A destruição dos ídolos. No início de sua
reforma, quando tinha completado oito anos de reinado, o rei Josias reparou o
Templo, tirando todos os utensílios que tinham sido feitos para Baal (2 Rs 22.1; 23.2). Além disso, ele expurgou as imundícies
idolátricas de todas as cidades de Judá, e só voltou à Jerusalém quando todo o trabalho de
limpeza havia terminado (2 Rs 23.4-20).
O coração de Josias fervia de amor pelo Deus de Abraão, tão ultrajado por seu
povo.
O
achado do livro era um argumento muito convincente que Josias poderia usar
diante do povo e para incrementar ainda mais as reformas que já haviam iniciado
anos antes. O mesmo impacto que Josias teve ao ler o livro ele também queria o
povo tivesse. O livro foi lido primeiramente por Safã, depois pelo rei e, por
último, pelo povo. Como um líder zeloso pelo cumprimento da Palavra de Deus, a
reforma não teria êxito se todos não fossem envolvidos. Ele chamou os
principais líderes civis e religiosos, e todos foram juntos ao Templo,
mostrando unidade de propósitos, desde a pessoa mais humilde a mais ilustre.
Essa leitura do livro preparou o coração do povo para a proposta que Josias fez
de fazer uma nova aliança com Deus, ao que todo povo concordou e
comprometeu-se.
Imediatamente
após a leitura do livro e a nova aliança com Deus, começou uma reforma ainda
mais radical do que a que já havia sido iniciada quando Josias tinha 16 anos.
Agora não sobraria nenhum ídolo em Judá. A reforma passou por todo o Israel,
incluindo algumas tribos do Reino do Norte, que, a essa altura, já estavam no
exílio por conta da idolatria. Por todas as cidades ele promoveu total
limpeza das imundícies idolátricas e só voltou para Jerusalém após terminado
esse expurgo. O coração de Josias estava fervendo de amor ao Deus de Abraão,
tão tristemente ultrajado pelo seu povo. Que maravilha! Que nos dê homens como
Josias, tementes e zelosos pelas coisas de Deus.
Uma
reforma tão radical como essa custou um alto preço tanto para Josias quanto
para os envolvidos nos cultos pagãos, pois ele demitiu — e alguns até matou —
os sacerdotes falsos, os prostitutos sagrados, os médiuns e os adivinhos. O
próprio rei percorreu todo o reino numa limpeza total sem precedentes na
história de Israel. Para ter certeza de que os altares e lugares sagrados
idólatras não seriam usados novamente, mandou queimar ossos humanos dos
sacerdotes pagãos sobre todos esses lugares, profanando-os e tornando-os imprestáveis
para o culto.
Josias
foi tomado de profunda convicção e zelo para levar a cabo a sua reforma. Por
isso, diz-se que ele foi o melhor rei de Judá depois de Davi, no sentido de
agradar a Deus em todas as coisas (2 Rs 22.2). A própria Bíblia afirma que
Josias andou nos caminhos do seu pai Davi, embora fosse filho do idólatra Amom.
Isso demonstra a nova paternidade espiritual de Josias, que abriu mão da
perversa herança dos seus antepassados idólatras.
SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO
“O
compromisso religioso inicial de Josias foi demonstrado por seus esforços para
reparar o Templo do Senhor. Ele estava desorientado, pois aparentemente durante
o reinado de Manassés a maioria das cópias das Escrituras do Antigo Testamento
foi destruída. Então uma cópia da lei, que alguns acreditam compreender todos
os cinco livros de Moisés, foi achada. Um Josias abalado percebeu quão
desobediente Judá tinha sido.
Perguntas dirigidas a Hulda, uma profetisa, trouxe
de volta a palavra de que o destino de Judá estava selado. Mas em razão de
Josias ter sido humilde e sensível a Deus, o desastre viria apenas depois de
sua morte.
Deus ainda está à procura de pessoas que estão
abaladas pelo abandono da sociedade sobre os princípios bíblicos de santidade e
de justiça. Quando formos humildes e sensíveis, Deus nos abençoará
individualmente a despeito do que possa acontecer a nossa terra.
O zelo de Josias era tão grande que ele começou a
livrar Judá de todas aquelas práticas contra as quais a Palavra de Deus falava.
A lista das suas ações sugere a extensão da apostasia de Judá.
O que podemos apreciar sobre Josias é o seu exemplo
de total compromisso. Nenhum de nós poderia fazer um pedido mais importante do
que sermos como Josias, que ‘se [converteu] ao Senhor com todo o seu coração, e
com toda a sua alma, e com todas as suas forças’ (23.25).
O reinado de 31 anos de Josias sobre Judá não mudou
a direção da sua nação. Mas os seus constantes esforços para servir ao Senhor
lhe renderam a honra divina. Deus não exige que sejamos bem-sucedidos. Ele nos
chama, porém, para sermos totalmente comprometidos”
(RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro:
CPAD, 2013, pp.226,27).
III. A CELEBRAÇÃO DA
PÁSCOA
1. A celebração da Páscoa e a restauração do culto e dos ofícios do
Templo. Somente depois de dezoito anos de reinado foi que Josias conseguiu
comemorar a primeira Páscoa. Esta foi a maior celebração desde os tempos do
profeta Samuel (2 Rs 23.21-23).
Josias também reestabeleceu a liturgia do culto, o sacerdócio, e diversos
ofícios que eram praticados no Templo; tais como, sacerdotes, levitas,
cantores, guardas do Templo etc.
2. A maior páscoa da
monarquia. A Páscoa era uma das maiores festas do povo de Israel. Relembrava a
proteção divina e o livramento da escravidão no Egito. Deveria ser sempre
festejada, pois permitia ao povo recordar as obras que o Senhor realizara no
passado (Êx 12.14,24-27). No entanto, devido ao pecado,
o povo se esqueceu dos feitos e promessas de Deus.
Após achar o livro da Lei do
Senhor, derrubar os altares a deuses pagãos e destituir os sacerdotes que
realizavam tais abominações, Josias deu ordem para que o povo retornasse à
celebração da Páscoa ao Senhor. Ele realizou o maior festejo do seu tempo. Nunca
houvera Páscoa tão fervorosa (2 Rs 23.21-23).
O rei Josias
restituiu o ofício dos sacerdotes, dos levitas, dos cantores e dos guardas do
Templo e ofereceu sacrifícios e holocaustos conforme manda a Lei. Foram
oferecidos muitos animais em sacrifício, que foram comidos pelo povo. Ao todo,
foram oferecidos 37.600 carneiros e cabritos e 8.500 touros. Foi uma grande
festa sem precedentes que durou sete dias. Interessante observar que a Arca da
Aliança não estava no seu devido lugar no Santo dos Santos do Templo, mas havia
sido negligenciada nos tempos de adoração dos falsos deuses. Algum rei anterior,
em conivência com os sacerdotes e de forma relapsa, havia tirado a Arca do seu
lugar, mas a reforma de Josias foi abrangente, pois todos os detalhes foram
observados. Assim, a Arca da Aliança voltou para o seu lugar, e a reforma
estava completa, e, durante o reinado de Josias, o povo de Israel adorou
somente a Deus, o Senhor.
Como já
afirmado, a Páscoa comemorada por Josias foi a maior da época da monarquia. Não
há detalhes quanto à época que Josias comemorou a Páscoa, mas ela era celebrada
todos os anos na primavera em 14 de Nisã (originariamente, Abib). Nela, os
israelitas relembravam o modo milagroso pelo qual Deus operou a salvação do
seu povo, livrando-os da opressão, do sofrimento, da angústia e da escravidão
promovidos pelos egípcios. Era a lembrança da fidelidade de Deus à sua
promessa, do seu amor libertador e do seu cuidado em favor do seu povo. – O
nome hebraico para referir-se à páscoa é Pesah, que pode significar pular,
passar por cima, saltar por cima ou, também, passar de largo, no sentido de
poupar a vida, pois o anjo destruidor passou de largo na noite da fuga do Egito
e poupou os primogênitos das casas onde havia sido aplicado o sangue nas
ombreiras e na verga das portas (Êx 12.7). Essa determinação havia sido dada por
Deus, diante da teimosia de Faraó, para que o povo de Israel não fosse atingido
pela última praga lançada sobre o Egito, que era a morte dos primogênitos de
homens e animais. Portanto, na casa dos israelitas onde houvesse sido
sacrificado um cordeiro e o sangue deste aspergido nos locais indicados, não
sucederia a mortandade. Assim, trata-se do misericordioso cuidado do Senhor em
preservar os filhos de Israel quando um poder destruidor “passou por cima” deles
sem causar-lhes dano. A festa passou a ser celebrada. A festa passou a ser
celebrada, mais tarde, de modo alegre. Na primeira noite do Seder (ordem ou
liturgia), a família israelita festejava a liberdade que o Senhor Deus dera ao
povo
SUBSÍDIO DEVOCIONAL
“[…]
Somos informados de que nunca se celebrou tal páscoa como esta em nenhum dos
reinados anteriores, não, desde os dias dos juízes (v.22), o que, a propósito,
insinua que, embora o relato que o livro de Juízes dá do estado de Israel sob
aquela dinastia pareça apenas melancólico, ainda houve, então, alguns dias
dourados.
Parece que essa páscoa foi extraordinária por causa
do número e da devoção dos participantes, de seus sacrifícios e ofertas, e de
sua exata observância das leis da festa. E não ocorreu agora como na páscoa de
Ezequias, quando participaram muitos que não estavam limpos de acordo com a purificação
do santuário, e foi permitido aos levitas fazerem o trabalho dos sacerdotes.
Nós temos motivos para pensar que durante todo o restante do reinado de Josias
a religião floresceu e as festas do Senhor foram muito cuidadosamente
observadas. Mas nessa páscoa, a satisfação que eles tiveram no concerto
recentemente renovado, a reforma no prosseguimento dela, e o renascimento de
uma ordenança cujo original divino eles tinham encontrado recentemente no livro
da Lei, e que tinha sido negligenciado por muito tempo ou guardado sem cuidado,
os colocou em grande entusiasmo de santa alegria. E Deus ficou satisfeito em
recompensar o zelo que tiveram em destruir a idolatria com sinais incomuns da
sua presença e favor. Tudo isso concorreu para fazer dessa páscoa uma festa de
destaque” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo
Testamento: Josué a Ester Edição Completa. Rio de Janeiro: CPAD, 2010,
p.632).
CONCLUSÃO
Josias fez uma limpeza geral em Israel, eliminando todas as formas
de idolatria instituídas pelos reis que o antecederam, inclusive o rei Salomão.
Este grande monarca e figura do Messias, foi a promessa de Deus sobre Judá, de
que o paganismo não prevaleceria sobre seus reis, mas que a raiz de Jessé
voltaria a brotar (Is 11.1-4; Rm 15.12). – Josias,
portanto, foi a promessa de Deus sobre Judá, bem como uma figura do Messias
vindouro, de que a idolatria não teria prevalência sobre os seus reis, mas a
raiz de Jessé brotaria ainda que a nação fosse um monte de troncos queimados
(ver Is 6.12,13). Infelizmente, Josias foi morto em campo de batalha contra o
Egito, batalha esta que ele não precisava ter-se envolvido. O profeta Jeremias
compôs um lamento pela morte de Josias, que foi entoado durante um longo tempo
pelos judeus (2 Cr 35.25).
REFERÊNCIAS
BÍBLIA, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995,
p. 535.
LIÇÕES BÍBLICAS. 3º
Trimestre 2021 - Lição 12. Rio de Janeiro: CPAD, 19, set. 2021.
POMMERENING, Claiton Ivan. O
plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro:
CPAD, 2021.
STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010.
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