COMENTÁRIO E SUBSÍDIO
I
INTRODUÇÃO
O Altíssimo revelou
para a Igreja um mistério oculto desde a fundação do mundo. Pelo Espírito
Santo, o Senhor trouxe luz para o seu povo usando os “seus santos apóstolos e
profetas” para mostrar que esse mistério é Cristo em nós, a esperança da
glória. Era a multiforme sabedoria do Pai manifestando-se para pessoas simples
como eu e você. – No
encerramento deste trimestre, estudaremos os dons espirituais e ministeriais,
os quais revelam que Deus tem muitas maneiras de agir e que a unidade da Igreja
é construída em meio à diversidade. “O
Senhor, com sabedoria, fundou a terra; preparou os céus com inteligência”
(Pv 3.19). A sabedoria de Deus e sua inteligência divina sempre agiram juntas
para que o Eterno alcançasse seus objetivos e propósitos, ao criar todas as
coisas. Encerrando o estudo dos dons espirituais, concluímos que a sabedoria de
Deus transcende a tudo o que nossa limitada percepção pode compreender. Ela é
multiforme, sendo manifestada desde a criação de todas as coisas, numa
demonstração de planejamento perfeito, jamais alcançado pela mente humana. Em
Salmos encontramos esta declaração: “Ó
Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria;
cheia está a terra das tuas riquezas” (SI 104.24). É por isso mesmo que o
incrédulo é chamado de néscio, porque em sua arrogância e presunção, não
percebe que Deus se mostra através da Revelação Geral - o universo, o
macrocosmo, a imensa complexidade do microcosmo, observado nos microuniversos
das células ou das moléculas dos elementos da natureza, não podem ter sido
fruto do acaso cego, mas de uma mente sobrenatural, dotada de sabedoria e
inteligência além da imaginação limitada do homem.
I. OS DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS
1. São diversos. Na passagem bíblica de 1 Coríntios 12.8-10 são mencionados
nove dons do Espírito Santo. Há outros dons espirituais noutras passagens da
Bíblia já mencionados em lições anteriores deste trimestre, como Romanos
12.6-8; 1 Coríntios 12.28-30; 1 Pedro 4.10,11 e Hebreus 2.4. São dons na esfera
congregacional. Em Efésios 4.7-11 e 2 Timóteo 1.6 vemos dons espirituais na
esfera ministerial da Igreja.
2. São amplos. A sabedoria de Deus é multiforme e plural. É manifesta em
seus dons espirituais e ministeriais nas mais variadas comunidades cristãs
espalhadas pelo mundo.
3. Dádivas do Pai. Outras excelentes dádivas de Deus dispensadas à sua Igreja
para comunicar o Evangelho a todos, são:
a) A dádiva do amor.
A grande manifestação de amor do Altíssimo para com a humanidade foi enviar o
seu Filho Amado para salvar o mundo (Jo 3.16). Este amor dispensado por Deus
desafia-nos a que amemos aos nossos inimigos e ao próximo, isto é, qualquer ser
humano carente da graça do Pai (Jo 1.14).
b) A dádiva da
filiação divina. Deus torna um filho das trevas em filho de Deus (Jo 1.12; 1Pe
2.9). É a graça do Pai indo ao encontro da pessoa, tornando-a membro da família
de Deus (Ef 2.19).
c) O ministério da
reconciliação. O apóstolo Paulo explica o milagre da salvação como resultado do
“ministério da reconciliação” (2Co 5.19). Todo ser humano pode ter a esperança
de salvação eterna, mas de salvação agora também. Quem está em Cristo é uma
nova criatura e o resultado disto é que Deus faz tudo novo em sua vida (2Co
5.17).
São
Diversos – Já
temos estudado acerca da quantidade dos dons espirituais na introdução do
trimestre, lá dissemos que Paulo nos oferece cinco listas de dons espirituais
listadas em Romanos 6.6-8; 1 Coríntios 12.8-10; 1 Coríntios 12.28; 1 Coríntios
14; Efésios 4.11-13. É muito provável que ainda haja dons não especificados no
NT, o certo é que não há crentes sem dom nem crente possua todos os dons
(12.29-31). É o Espírito Santo quem os distribui a cada um, como Ele quer,
visando um fim proveitoso: a edificação do Corpo de Cristo. São passagens como
a de 1Coríntios 12 e Romanos 12 que atribuem ao Espírito Santo a decisão sobre
quais dons distribuir e a quem dentre os convertidos, esses dons serão
confiados. “Há
diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos. A
cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum” (1Co
12.6-7). O maravilhoso disso é saber que não pode existir Igreja local sem o
exercício dos dons espirituais! Assim, manifesta-se o poder de Deus e sua
multiforme sabedoria, e somos os instrumentos usados por Ele para a edificação
e o fortalecimento espiritual da igreja: “Assim,
também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a
edificação da igreja” (1Co 14.12).
São
amplos – Os
dons são vários; a graça é uma só! Pneumatikon nos fala que os dons espirituais
são coisas caracterizadas pelo Espírito Santo, charisma nos ensina que eles são
dons da graça de Deus. A Bíblia King James, Versão Autorizada (KJV), em 1Co
12.1 menciona “dons espirituais”. No grego lemos simplesmente “espirituais”
(ton pneumatikon), significando “coisas caracterizadas ou controladas pelo
Espírito”. Dons espirituais são, portanto, em primeiro lugar, coisas controladas
ou caracterizadas pelo Espírito, logo, todos os dons são carismáticos, isto é,
todos os dons são livremente dados por um Deus gracioso. o Espírito distribui
cada um deles ao cristão (1 Co 12.11). Em 1Co 12.4-6, o Filho de Deus determina
ao cristão o modo específico como o dom é manifestado no corpo (1 Co 12.12-27);
no versículo 6, o Pai provê a força ao cristão no exercício do dom (1Co 12.28).
Deus opera Sua vontade por meio de Seu povo de muitas maneiras. Ninguém foi
colocado no corpo para ser igual a outro membro nem para exercer a mesma
função. O Espírito é o mesmo [...] o Senhor é o mesmo [...] o mesmo Deus.
Embora as pessoas recebam dons diferentes do Altíssimo, Deus e Sua obra estão
unidos. Sejam quais forem os dons que diversas pessoas tenham ou não, o único
Deus opera todas essas coisas (v. 11). O Reverendo Hernandes Dias Lopes
escreveu em Blog o seguinte sobre os dons espirituais à luz da Bíblia: “Os dons
espirituais são uma capacitação sobrenatural dada pelo Espírito Santo aos
membros do corpo de Cristo para o desempenho do ministério. Nós somos
individualmente membros do corpo de Cristo. Cada membro tem sua função no
corpo. Nenhum membro pode considerar-se superior nem inferior aos demais. Todos
os membros são importantes e interdependentes. Servem uns aos outros. Pelo
exercício dos dons espirituais as necessidades dos santos são supridas, de tal
forma que, numa humilde interdependência todos os salvos crescem rumo à
maturidade, à perfeita estatura do Varão perfeito, Cristo Jesus”.
Dádivas
do Pai – Deus
se compraz em dar presentes. É da natureza divina a generosidade para com sua
criação, e o mesmo pode ser dito no que concerne ao relacionamento de Deus para
com sua Igreja. Nesse caso específico, a Bíblia nos apresenta a expressão “dom”
como uma capacitação dada pelo próprio Deus para que seus servos possam atuar
de forma adequada nas esferas da igreja local. A salvação foi a maior dádiva
que Deus concedeu ao mundo (Jo 3.16). A dádiva da vida eterna, em Cristo Jesus.
1Co 12.7 diz:“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for
útil”, logo, essas manifestações visam à edificação e à santificação da igreja
(12.7; ver 14.26).
a) A
dádiva do amor – A maior manifestação do amor de Deus foi o ter enviado Seu
Filho a fim de que os eleitos fossem salvos. foi o eterno amor de Deus que
formulou o propósito de enviar Cristo, para que Ele obedecesse a Sua lei e
morresse pelos pecadores. A nossa salvação revela que a natureza de Deus é
amor.
b) A
dádiva da filiação divina – Através da fé no Filho, o Pai torna o pecador
justificado e o recebe por filho. João registrou esse fato: “Mas a todos
quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de DEUS-, aos que
creem no seu nome” (Jo 1.12). Lembrando que Dom é dado graciosamente, ninguém
pode conquistar esse poder (ou direito). Resultado da graça e do amor de Deus.
“Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos
Santos e da família de Deus” (Ef 2.19).
c) O
ministério da reconciliação – Em 2Coríntios, Paulo discorre sobre a nova vida
do salvo em Cristo e explica que o milagre da salvação, que inclui a
regeneração, a justificação e a santificação, “provém de Deus”, que nos
concedeu o “ministério da reconciliação”. “Assim que, se alguém está em Cristo,
nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo
isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos
deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da
reconciliação” (2 Co 5.17-19).
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, para
introduzira última lição do trimestre reproduza na lousa o esquema abaixo. Em seguida, faça uma revisão dos assuntos tratados ao longo do
trimestre. Cite e comente cada dom estudado. O propósito desta revisão é para
que fique claro ao aluno o caráter múltiplo de Deus em lidar com a sua amada
Igreja. Por isso, podemos perceber através dos estudos dos dons a multiforme
sabedoria do Pai sobre o seu povo. Boa aula!
II. BONS DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS
DIVINOS
1. Com sobriedade e
vigilância. O despenseiro
deve administrar a igreja local, retirando da “despensa divina” o melhor
alimento para o rebanho. Paulo destaca a sobriedade e a vigilância do candidato
ao episcopado como habilidades indispensáveis ao exercício do ministério (1Tm
3.2). Por isso, o apóstolo recomenda ao obreiro não ser dado ao vinho, pois a
bebida traz confusão, contenda e dissolução (1Tm 3.2 cf. Ef 5.18). O fiel
despenseiro é o oposto disso. Nunca perde a sobriedade e a vigilância em
relação ao exercício do ministério dado por Deus.
2. Amor e
hospitalidade. Os
despenseiros de Cristo têm um “ardente amor uns para com os outros, porque o
amor cobrirá a multidão de pecados” (1Pe 4.8). Mediante a graça de Deus, o
obreiro pode demonstrar sabedoria e amor no trato com as pessoas. Amar sem
esperar receber coisa alguma é parte do chamado de Deus para os relacionamentos
(1Jo 3.16). Esta atitude é a verdadeira identidade daqueles que se denominam
discípulos do Senhor Jesus (Jo 13.34,35). Aqui, também entra o caráter
hospitaleiro do obreiro, recomendado pelo apóstolo Pedro (1Pe 4.9). Isso se
torna possível para quem ama incondicionalmente, pois a hospitalidade é
acolhimento, bom trato com todas as pessoas — crentes ou não, pobres ou ricas,
cultas ou não etc. Este é o apelo que o escritor aos Hebreus faz a todos os
crentes (Hb 13.2,3).
3. O despenseiro
deve administrar com fidelidade. A graça derramada sobre
os despenseiros de Cristo tem de ser administrada por eles com zelo e
fidelidade. A Palavra de Deus nos adverte: “Cada um administre aos outros o dom
como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4.10).
Pregando, ensinando ou administrando o corpo de Cristo, tudo deve ser feito
para a glória do Senhor, a quem realmente pertence a majestade e o poder (1Pe
4.11). Paulo ensina-nos ainda que devemos ser vistos pelos homens como
“ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (1Co 4.1; Cl
1.26,27). Por isso, os despenseiros de Deus devem ser fiéis em tudo; “para que,
agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos
principados e potestades nos céus” (Ef 3.10).
Com
sobriedade e vigilância – Despenseiros são as pessoas que tomam conta da
despensa de uma casa, ou do lugar onde são guardados os alimentos e outros
itens necessários à manutenção da família. O apóstolo Pedro exorta os
destinatários da sua primeira carta, quanto à iminente vinda de Jesus, fazendo
solene advertência sobre como os cristãos devem comportar-se, “como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4.10). O Despenseiro deve
guardar a sobriedade e vigilância, em oração (1Pe 4.7); essa advertência
refere-se à simplicidade que deve caracterizar um servo de Deus, sobretudo
aquele que tem a liderança, na casa do Senhor. Fala da constante vigilância
sobre a vida cristã, ante os ataques diuturnos do Adversário. Ele anda como
leão, buscando destruir vidas preciosas. O que administra o rebanho de Deus
deve saber retirar da “despensa” de Deus o melhor alimento. E vigiar por suas
vidas. É Pedro quem dá idêntica advertência em sua primeira carta: “Sede
sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando
como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8; Mt 26.41).
Amor e
hospitalidade – O
DESPENSEIRO DEVE SER AMOROSO: - Em segundo lugar, o despenseiro de Cristo deve
ter “ardente amor uns para com os outros, porque o amr cobrirá a multidão de pecados”
(1 Pe 4.8); todo crente fiel deve ser despenseiro de Deus; mas, como já
refletimos, o obreiro, pastor, dirigente, ou líder de uma igreja, pastoreia
ovelhas que não são suas. E cada ovelha é diferente da outra, em temperamento,
formação, visão das coisas, e nem sempre é dócil e obediente. Há crentes que
dão muito trabalho aos líderes. Como despenseiro da graça de Deus, o obreiro
deve demonstrar amor em todas as ocasiões, no trato com todo o tipo de ovelha.
Com as mais fracas, deve ser mais compreensivo; com as mais fortes, deve ser
incentivador de sua fé e testemunho; com as feridas, deve ter sempre o bálsamo
do amor e da compreensão; e com as que pecam, fazer uso da disciplina com amor,
sem abuso de autoridade. Enfim, em qualquer situação o despenseiro deve ter
amor. É característica do verdadeiro discípulo de Jesus (Jo 13.34,35). O
DESPENSEIRO DEVE SER HOSPITALEIRO: - Deve ter hospitalidade para com “os
outros, sem murmurações” (1 Pe 4.9); já foi visto que hospitalidade é
acolhimento, bom trato com todas as pessoas, na administração da igreja local;
ou do crente com seus irmãos, familiares, amigos e pessoas em geral. “Não vos
esqueçais da hospitalidade, porque, por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram
anjos” (Hb 13.2). Há quem faça acepção de pessoas, discriminando os mais
humildes ou menos favorecidos na vida humana. Essa não é atitude do despenseiro
da casa de Deus. Esse deve ser sempre atencioso com todos, ajudando-os em suas
necessidades espirituais emocionais e físicas, dentro de suas possibilidades.
Não agir assim, é pecado (Dt 16.19; Tg 2.9).
O
despenseiro deve administrar com fidelidade – Sobre a necessidade de administrarmos com
fidelidade, transcrevo o comentário de Matthew Henry: (1) A regra é que,
qualquer que seja o dom, comum ou extraordinário, quaisquer que sejam o poder,
a habilidade ou a capacidade para fazer o bem que nos foram dados, devemos
administrar, ou servir, uns aos outros com eles, não nos considerando senhores,
mas somente “...bons despenseiros da multiforme graça”, ou dos diversos dons de
Deus. Aprenda: [1] Seja qual for a habilidade que tivermos para fazer o bem,
precisamos reconhecê-la como um dom de Deus e atribuí-lo à sua graça. [2]
Quaisquer dons que tenhamos recebido, devemos considerá-los como recebidos para
o uso uns aos outros. Não podemos tomá-los para nós mesmos, nem escondê-los num
lenço, mas servir com eles aos outros da melhor maneira que conseguirmos. [3]
Ao recebermos os multiformes dons de Deus, precisamos considerar-nos apenas
despenseiros, e agir de acordo com isso. Os talentos que nos são confiados são
bens do nosso Senhor, e precisam ser empregados de acordo com a orientação dele.
E se exige de um despenseiro que seja encontrado fiel. (2) O apóstolo
exemplifica as suas orientações acerca dos dons em dois aspectos particulares:
falar e administrar, acerca dos quais ele dá estas regras: [1] “Se alguém, seja
um ministro em público, seja um cristão numa reunião particular, falar ou
ensinar, precisa fazê-lo segundo as palavras de Deus”, que nos orientam acerca
dos assuntos da nossa fala. O que os cristãos em particular ou os ministros em
público ensinam e falam precisa ser a pura palavra e os oráculos de Deus.
Acerca da maneira de falar, precisa ser com seriedade, reverência e solenidade,
que convém à santa e divina palavra. [2] “Se alguém administrar, ou como um
diácono, distribuindo donativos da igreja e cuidando dos pobres, ou como pessoa
particular, por meio de dádivas e contribuições de caridade, administre segundo
o poder que Deus dá”. Aquele que recebeu abundância e habilidades de Deus deve
administrar com abundância, e de acordo com sua habilidade. Essas regras devem
ser seguidas e praticadas para este fim, “...para que em tudo, em todos os seus
dons, ministrações e serviços, Deus seja glorificado” (v.11), “...para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt
5.16), “...por Jesus Cristo” (v. 11), que obteve e concedeu esses dons aos
homens (Ef 4.8), e unicamente por meio de quem nós e nossos serviços são
aceitáveis a Deus (Hb 13.15), a quem, Jesus Cristo, “...pertence a glória e o
poder para todo o sempre. Amém.” Aprenda que, em primeiro lugar, é dever dos
cristãos em particular e dos ministros em público falar uns aos outros das
coisas de Deus (Ml 3.16; Ef 4.29; SI 145.10-12). Em segundo lugar, importa
seriamente a todos os pregadores do evangelho manter-se próximos da palavra de
Deus, e tratar essa palavra como os oráculos de Deus. Em terceiro lugar os
cristãos não devem somente cumprir com as suas obrigações, mas precisam
cumpri-las com vigor e de acordo com as suas melhores habilidades. Em quarto
lugar, em todos os deveres e serviços da vida devemos almejar a glória de Deus
como o nosso propósito principal; todas as outras coisas precisam ser
submetidas a isso, que vai santificar nossos atos e coisas comuns (1 Co 10.31).
Em quinto lugar, Deus não é glorificado por nada do que fazemos se não oferecermos
isso a Ele por meio da mediação e dos méritos de Jesus Cristo. Em tudo Deus
seja glorificado por Jesus Cristo, que é o único caminho para o Pai. Em sexto
lugar, a adoração que o apóstolo presta a Jesus Cristo e o fato de lhe atribuir
louvor e domínio eternos provam que Jesus Cristo é o Deus Altíssimo, bendito
acima de tudo para sempre. Amém.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"Em virtude do
fato de Paulo, Apoio e Pedro pertencerem aos crentes, os homens (gr. anthropos,
'pessoas', 'humanidade') devem considerá-los como servos de Cristo enviados
por Ele para ajudá-los.
A Paulo,
Apoio e Pedro são confiados os 'mistérios de Deus' (que eram mistérios não
revelados nos tempos do Antigo Testamento, mas que agora são revelados no
Evangelho).
A eles
são confiados não para guardar ou proteger esses 'mistérios', mas para
administrá-los a todos os crentes. Porque eles têm esta responsabilidade
exige-se que sejam fiéis, ou seja, eles têm de entregar-se à obra de disseminar
o Evangelho, apesar das dificuldades e das consequências.
Paulo foi incumbido
pelo Senhor de administrar os segredos de Deus. Portanto, ele era responsável a
Deus, não a algum tribunal humano com suas limitações humanas, e certamente não
aos coríntios que o estavam julgando (examinando, investigando,
criticando)" (HORTON, Stanley. I & II Coríntios: Os
Problemas da Igreja e Suas Soluções. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.46,45).
III. OS DONS
ESPIRITUAIS E O FRUTO DO ESPÍRITO
1. A necessidade dos
dons espirituais. Os dons
espirituais são indispensáveis à Igreja. Uma onda de frieza e mornidão tem
atingido muitas igrejas na atualidade, as quais não estão vivendo a real
presença e o poder de Deus para salvar, batizar com Espírito Santo e curar
enfermidades (Ap 3.15-20). Em tal estado, os dons do Espírito são ainda mais necessários.
É no tempo de sequidão que precisamos buscar mais e mais a face do Senhor,
rogando-lhe a manifestação dos dons espirituais para o despertamento espiritual
dos crentes em Jesus (Hb 3.2).
2. Os dons
espirituais e o amor cristão. Paulo termina
o capítulo sobre os dons espirituais, dizendo: “Portanto, procurai com zelo os
melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente” (1Co 12.31).
Em seguida abre o capítulo mais belo da Bíblia Sagrada sobre o amor — 1
Coríntios 13. Como já dissemos, não é por acaso que o tema do amor (capítulo
13) está entre os assuntos espirituais (capítulos 12 e 14). Ali, o apóstolo dos
gentios refere-se a vários dons, ensinando que sem o amor nada adianta tê-los.
3. A necessidade do
fruto do Espírito. Uma vida
cristã pautada pela perspectiva do fruto do Espírito (Gl 5.22) — o amor — é o
que o nosso Pai Celestial quer à sua Igreja. Uma igreja cheia de poder, que
também ama o pecador. Cheia de dons espirituais, mas que também acolhe o
doente. Zelosa da boa doutrina, mas em chamas pelo amor fraterno que, como diz
Paulo, “é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com
leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus
interesses, não se irrita, não suspeita mal” (1Co 13.4,5). O caminho do amor é
mais excelente que o dos dons espirituais (1Co 12.31).
A
necessidade dos dons espirituais – O Pr Elinaldo Renovato escreve em seu livro de
apoio a esta lição: No capítulo 2, vimos o Propósito dos Dons Espirituais.
Neste item, podemos identificar a necessidade dos dons para as igrejas em todos
os tempos e lugares. Hoje, mais do que nunca, com o esfriamento do amor e a
multiplicação da iniquidade (cf. Mt 24.12), a Igreja do Senhor Jesus necessita
de mais poder, de mais unção, de “mais demonstração do Espírito e de poder” (1
Co 2.4). Os teólogos cessacionistas, que ensinam que os dons espirituais
cessaram com o fechamento do Cânon do Novo Testamento, e não há mais
necessidade deles, cometem equívoco elementar em sua exegese sobre a atualidade
dos dons. O fechamento do Cânon nada tem a ver com doutrina. Quer dizer que não
se pode acrescentar mais nenhum livro ao Novo Testamento. No que concerne aos
dons espirituais, os ensinos cessacionistas não se firmam na boa interpretação
da Bíblia, porque carecem de fundamento escriturístico. Eles se baseiam em
premissas equivocadas, que aprenderam com seus mentores, nos seminários, ou em
seus tratados teológicos. Para esses teólogos, suas conclusões cessacionistas
tornaram-se dogmas, a exemplo do que ocorreu na teologia católica. São
postulados intocáveis, sagrados, infalíveis. Eles defendem, corretamente, o
postulado da “Sola Scriptura”, fundamento da Reforma, mas, em seus estudos,
valorizam mais a opinião dos teólogos do que a própria Palavra de Deus. Em
nenhum lugar, na Bíblia, está escrito que os dons espirituais deixaram de
operar na igreja. Os dons espirituais, hoje, são mais necessários do que no
tempo dos apóstolos. Há uma “frente fria”, passando pelos seminários, por
faculdades teológicas, e por muitas igrejas, em que não se vê a presença de
Deus, através dos dons espirituais, ou dos sinais do poder de Deus, na vida das
pessoas.
Os dons
espirituais e o amor cristão – A afirmativa de Paulo “Um caminho ainda mais
excelente” não é uma comparação negativa entre dons e amor, visto que o
advérbio ainda indica a continuação do assunto. Todas as manifestações do
Espírito devem, ao mesmo tempo, manifestar o lado do amor, pois o amor é a
questão definitiva que está por trás de todas as coisas. É o esteio, o apoio, o
início e o fim no que se refere ao uso dos dons. Paulo incentiva a Igreja
coríntia a buscar com zelo os dons Espirituais e orienta aqueles crentes a
buscarem algo ainda mais precioso. Paulo está mostrando aos coríntios em que
consiste a essência do cristianismo e porque ele é um “caminho” tão inusitado,
que sobrepuja a tudo.
A
necessidade do fruto do Espírito – Somente o Espírito Santo pode produzir no cristão o
fruto do Espírito. Quando o Espírito controla completamente a vida do cristão,
ele produz todas essas graças. Elinaldo Renovato escreve sobre isto: “O fruto
do Espirito — O amor (G1 5.22) — é o que faz a diferença entre um crente
correto e um crente que trabalha, mas não produz o que Deus espera dele. O que
tem dons de Deus, ou dons do Espírito Santo, necessita ser coberto pelo amor de
Deus em seu coração, e em suas ações. Por isso, Paulo diz que “A caridade [o
amor, em outras versões] é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a
caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com
indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal” (1
Co 13.4,5 — colchete inserido). A prática da caridade, ou do amor em ação, age
no caráter do crente. Não admite inveja, irresponsabilidade, orgulho,
indecência, e “não busca seus interesses”, ou seja, não é egoísta (1 Co 13.5),
“não se irrita”, ou seja, não permite que o crente viva irritado com os outros,
o tempo todo, e não dá lugar a suspeitas infundadas, como o texto citado em
evidencia. O dom do Espírito deve ser exercido com amor e humildade, sem
presunção ou orgulho (1 Co 13.4). O uso dos dons deve dar lugar a um exercício
constante em busca da maturidade cristã. A falta de maturidade leva os
detentores de dons a serem carnais e infantis na fé. A igreja de Corinto
possuía em seu seio todos os dons, mas os crentes não estavam maduros na fé. Diz
Paulo: “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a
carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei e não com manjar, porque
ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis; porque ainda sois carnais,
pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura,
carnais e não andais segundo os homens? (1 Co 3.1-3 — grifo nosso). Exortando a
igreja, Paulo diz da necessidade de deixarem de ser meninos na fé. “Quando eu
era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas,
logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” (1 Co 13.11). A
prática do fruto do Espírito, aliada ao exercício dos dons, é o que evita a
meninice espiritual, e leva o crente a alcançar a maturidade espiritual, como
diz Paulo: “logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino”. É a
falta do fruto do Espírito da temperança, da bondade, da benignidade e acima de
tudo do amor, que tem sido causa de escândalos e decepções nas igrejas.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"Paulo havia elogiado os coríntios, a quem não
faltavam nenhum dom espiritual (1 Co 1.7), e lhes mostrado a necessidade de
apreciar a variedade dos dons e a unidade do corpo. Agora ele quer destacar 'um
caminho mais excelente' para exercer os dons, o caminho do amor. Ele não sugere
que os dons sejam inferiores ao fruto do Espírito (que inclui-se todo no amor).
Nem quer dizer que os dons e as manifestações espirituais não sejam necessários
se eles têm o amor. Embora o amor de Deus e o amor de Cristo sejam a fonte de
nossa salvação e de tudo o que Deus tem para nós, o amor não é chamado de dom
espiritual (um dos charismata). Tudo o que foi dito no capítulo 12
mostra que os dons são necessários para a vida e ministério cristãos. Mas em
Corinto eles precisavam de correção. Os dons eram genuínos, mas em Corinto eles
precisavam de correção. Os dons eram genuínos, mas os motivos dos crentes eram
tudo o que deviam ser. Não nos esqueçamos de que Deus modelou este amor para
nós 'segundo sua pessoa e trabalho" (HORTON, Stanley. I & II Coríntios: Os
Problemas da Igreja e Suas Soluções. Rio de Janeiro: CPAD, 2017,
pp.124,25).
CONCLUSÃO
A multiforme
sabedoria de Deus manifesta-se na igreja através da intervenção sobrenatural do
Espírito Santo e a partir dos dons de Deus necessários ao crescimento
espiritual dos crentes. Sejam quais forem os dons, aqueles que os possuem devem
usá-los com humildade e fidelidade, não buscando os interesses próprios, mas
sobretudo o amor, pois sem amor de nada adianta possuir dons. Estes são para a
edificação dos salvos em Cristo Jesus. – Antes mesmo da criação do mundo, Deus tinha um
plano. Este plano foi feito em Cristo e reunirá em Cristo todas as coisas que
existem nos céus e na terra. Deus planejou tudo isto por causa da sua vontade,
ou para o seu prazer. Deus é o Número Um. Por isso todas as coisas são dele e
por meio dele. Efésios 3.10 nos apresenta o mistério da multiforme sabedoria de
Deus que agora é dada a conhecer por meio da igreja aos principados e
potestades. A Sabedoria de Deus é Cristo; portanto, o que se dá a conhecer por
meio da igreja é o próprio Cristo. Cada vez que a igreja se reúne, dá
testemunho e expressa o Senhor Jesus Cristo. Efésios 4.11 relaciona cinco
ministérios: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Através
deles, o Senhor capacita a igreja; mas na realidade, estes cinco ministérios
são cinco expressões de Cristo. Cristo é o verdadeiro Apóstolo, o verdadeiro
Profeta, o grande Evangelista, o bom Pastor, e o grande Mestre. Assim que cada
um destes cinco ministérios expressa cinco aspectos da maravilhosa pessoa de
Cristo. Deus nos salvou com seu sangue, nos deu Dons Espirituais, nos colocou
em uma igreja local e espera que sua face seja refletida através de cada um de
nós. Assim, encerramos este trimestre, cada aula desenrolou-nos mistérios
acerca dos dons e ministérios, acima de tudo, mostrou-nos que sua mola
propulsora é o amor e sua finalidade é a edificação do próximo. Agora, é só
colocarmos em prática.
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos, p.
135.
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
APLICAÇÃO PESSOAL. Rio de Janeiro: CPAD. p. 502.
HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Novo Testamento: Atos a Apocalipse. Edição completa. Rio de
Janeiro: CPAD. p. 260-262.
LIÇÕES BÍBLICAS. 2º
Trimestre 2021 - Lição 13. Rio de Janeiro: CPAD, 27, jun. 2021.
LIMA, Elinaldo Renovado
de. Dons Espirituais e Ministeriais: servindo a Deus e aos homens
com poder extraordinário. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.
PFEIFFER. Charles
F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1261-1262.
STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
W. E. Vine, Merril F.
Unger & William White Jr. Dicionário Vine. CPAD, Rio de Janeiro,
2002, p. 648.