sexta-feira, 24 de agosto de 2018

LIÇÃO 9: JESUS, O HOLOCAUSTO PERFEITO


SUBSÍDIO I

JESUS, O HOLOCAUSTO PERFEITO

Só viremos a entender plenamente a obra da salvação, em Jesus Cristo, se nos voltarmos com devoção e temor à teologia do holocausto, o principal sacrifício levítico. Quando o ofertante apresentava essa oferta ao Senhor, encenava ele, de maneira vívida e dramática, a História Sagrada. Uma interface perfeita com João 3.16; sublime teologia. Quem melhor compreendeu a sua doutrina foi o autor da Epístola aos Hebreus. Inspirado pelo Espírito Santo, ele divisou, nos animais oferecidos periodicamente a Jeová, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Estudaremos, neste capítulo, a instituição do holocausto: história, teologia, referência simbólica e cumprimento em Jesus. Sem o sacrifício dos sacrifícios, não podemos entender o plano da nossa salvação. O presente estudo, por conseguinte, além de formalmente tipológico, é essencialmente soteriológico; requer uma exegese correta que harmonize profetas e apóstolos, pois estes jamais estiveram em desarmonia.
Que Deus nos permita a perceber a maravilhosa doutrina da salvação e a desenvolvê-la em nossa jornada terrena.

Holocausto, o Sacrifício por Excelência

Como já vimos, a religião noética gerou grandes santos e teólogos como Jó, Melquisedeque e Abraão. E, pelo que nos é permitido inferir do texto sagrado, cada um deles, em seu próprio turno, serviu a Deus com sacrifícios cruentos. Nesse sentido, o rei de Salém, por ter uma teologia bem mais messiânica e soteriológica, foi além das oferendas animais. Ao receber o pai dos hebreus, em seu domicílio, Melquisedec apresentou-lhe uma oferta que, em virtude de sua essência, unia o Antigo ao Novo Testamento. Neste tópico, mostraremos por que o holocausto é o ofertório por excelência.Testamento. Neste tópico, mostraremos por que o holocausto é o ofertório por excelência.

Definição de holocausto

O termo holocausto provém do vocábulo hebraico `olah, que significa ascender ou ir para cima. É uma referência tanto à fumaça da oferta queimada, em si, como à devoção e a entrega amorosa dessa mesma oferta ao subir à presença de Deus (Lv 1.9). Sacrifício dos sacrifícios. Foi por essa razão, que Paulo considerou o desprendimento dos irmãos filipenses, em favor da obra missionária, como um holocausto de cheiro suave ao Senhor (Fp 4.18).
O holocausto era o mais importante sacrifício do culto hebreu (Lv 1.1-3). Consistindo no oferecimento de aves e animais limpos, requeria a queima total da vítima; era pleno e incondicional (Lv 1.9). Tendo em vista a sua relevância, inaugurava todas as solenidades diárias, sabáticas, mensais e anuais do calendário litúrgico do Antigo Testamento.
O holocausto era conhecido também como oferta queimada.
Ao oferecê-lo ao Senhor, o crente hebreu fazia-lhe uma oração que, apesar da ausência de palavras, era eloquente e persuasiva; implicava em sua total submissão ao querer divino. Assim como a vítima do sacrifício dera-se ao altar sem resistência, assim também o fazia o adorador naquela instância; entregava-se resignadamente a Deus. Tal atitude remetia-o ao Calvário.
Jesus Cristo é o holocausto perfeito.
Quando nos conformamos plenamente à vontade do Filho, oferecemos ao Pai o mais sublime dos holocaustos; mostramos-lhe que, pela ação intercessora do Espírito Santo, já estamos crucificados com Cristo. A partir de agora, não sou eu quem vive, mas Jesus Cristo vive em mim.

A antiguidade do holocausto

O holocausto é também o mais antigo sacrifício da História Sagrada. Introduzido mui provavelmente por Abel, foi observado durante todo o período do Antigo Testamento. É o cerimonial que mais caracteriza o culto levítico; descreve, gestualmente, a peregrinação da alma penitente da Queda, no jardim do Éden, à Redenção, no monte Calvário.
Pelo que depreendemos da narrativa sagrada, após a morte de Jó, o holocausto, como o praticara os primeiros descendentes de Noé, não demoraria a desaparecer. Manter-se-ia, porém, no clã de Abraão, o ramo mais nobre de Sem; messiânico e soteriológico.
Em Canaã, se o holocausto noético foi alguma vez oferecido, não tardou a dar espaço a celebrações sórdidas, lascivas e criminosas. Naqueles templos e lugares altos, dominados por régulos tiranos e sanguinários, prostituição e homicídio litúrgico eram livremente praticados. Já no Egito, sacrifícios como o holocausto eram algo impensável. Se bovinos e ovinos eram deuses, por que lhes tirar a vida?
Nas escavações arqueológicas realizadas nos entornos das pirâmides, animais mumificados são descobertos em nichos e santuários. Aqui, um macaco; ali, um falcão. E quanto ao boi? Era intocável; personificava a Terra. Imolá-lo? Sacrilégio dos sacrilégios aos olhos egípcios.
No Cairo, capital do Egito, existe um museu em que é possível constatar que os ídolos, nos quais Faraó depositava toda a sua confiança, eram absurdamente esdrúxulos. Cada um deles, embora tivesse corpo de homem, carregava uma cabeça de animal. Até deus com cara de cachorro pode ser visto ali entre múmias de reis e carcaças de nobres.Cada um deles, embora tivesse corpo de homem, carregava uma cabeça de animal. Até deus com cara de cachorro pode ser visto ali entre múmias de reis e carcaças de nobres.
Já que a religião egípcia tinha o holocausto como algo abominável, como descrever-lhe a soteriologia? Para mim, semelhante religião nem soteriologia possui. O mais acertado seria qualificá-la de tanatologia: doutrina ou estudo da morte. Isso porque, no Egito, empregavam-se todos os recursos para dar a Faraó, após o seu falecimento, confortos, regalias e honras. O reino do Nilo mais parecia uma imensa casa funerária.
A bem da verdade, os egípcios não acreditavam na vida eterna, mas numa morte sem fim. No mundo além, dependiam do mundo aquém. Nem mesmo Aquenáton que, reinando no século XIV antes de Cristo, buscou estabelecer um culto monoteístico em ambos os Egitos (alto e baixo), logrou uma doutrina da salvação que tivesse a Deus como redentor. Adorando o Sol, ignorou o Criador dos Céus e da Terra.
Retornemos, agora, aos descendentes de Noé que perseveraram em seguir-lhe as pisadas.

O holocausto no período patriarcal

Se considerarmos o sacrifício que Abel ofereceu ao Senhor uma espécie de holocausto, então essa oferenda foi, de fato, a mais antiga da História Sagrada (Gn 4.4). O costume seria preservados pelos filhos de Abraão em Isaque e Jacó (Gn 8.20; 22.13).
A religião divina, como Adão e Noé a transmitiram a seus descendentes, foi preservada nos holocaustos que, sem interrupção, foram oferecidos ao Senhor desde Abel até a destruição do Templo de Esdras, no ano 70 de nossa era. Cada vez que um desses crentes imolava um animal, profetizava ele, tipologicamente, a morte de Cristo no Calvário. Em cada oferenda, sustentada pela fé, havia uma súmula da soteriologia que hoje professamos.

O holocausto no período mosaico

Após a saída dos filhos de Israel do Egito, o Senhor instruiu Moisés a sistematizar o culto divino, para evitar impurezas pagãs. Quanto ao holocausto, por exemplo, apesar de já ser uma tradição na comunidade de Israel, teria de observar preceitos e normas. A partir daquele momento, haveria um altar específico para as ofertas queimadas (Êx 31.9). Tudo deveria ser executado de acordo com as normas estabelecidas por Deus (Lv. 1—6).
Em sua peregrinação, os israelitas retornam livremente ao holocausto. Se, no Egito, era abominação imolar um animal a Jeová, agora, naquele deserto inóspito, o sacrifício de animais veio a constituir-se na parte mais bela e nobre da religião hebreia. Os sacerdotes, agora, ofereciam redis inteiros ao Senhor.
Como puderam eles criar tantos animais, não apenas consumo próprio, como também para oferecê-los a Deus? Se em prados verdejantes e junto a águas tranquilas já é difícil tanger bois e carneiros, o que fazer em regiões ermas e abrasadoras? Quando nos pomos a servir a Deus, tudo Ele dispõe a nosso favor. À noite, orvalhava o maná para o sustento do povo. Durante o dia, providenciava o pasto àqueles rebanhos que se esparramavam pelo Sinai.
A instituição e a continuidade do culto levítico, no deserto, constitui, em si, um grande milagre. Uma religião como a hebreia que, litúrgica e teologicamente, requer animais, perfumes, incensos e pães, não pode sobreviver sem uma logística perfeita. Num grande centro urbano, não haveria problemas; fornecedores de matérias-primas não faltam. Mas, no Sinai, já distante do Egito e ainda longe de Canaã, adorar ao Senhor, com os rigores e demandas do culto levítico, era um desafio cotidiano. Sem mencionar a construção do Tabernáculo em si.

O holocausto na Terra de Israel

Após a conquista de Canaã, os holocaustos continuaram a ser oferecidos livremente ao Deus de Abraão. Josué celebrou uma importante vitória sobre os cananeus com holocaustos e ofertas pacíficas (Js 8.31). Gideão, ao ser comissionado pelo Senhor para libertar Israel, ofertou-lhe um holocausto (Jz 6.26). Quanto a Samuel, ofereceu o mesmo sacrifício ao Poderoso de Jacó, antecipando uma grande vitória sobre os filisteus (1 Sm 13.9,10). A reforma de Ezequias foi marcada por generosos holocaustos (2 Cr 29.7-35). Após o retorno do exílio, os judeus, agradecidos a Deus pela restauração de seu culto, também ofereceram-lhe holocaustos que iam além de suas posses (Ed 8.35).
A essa altura, o que era tradição adâmica e noética torna-se instituição religiosa em Israel. Agora, o holocausto é visto como a principal liturgia do culto israelita. Se fizermos uma pesquisa no âmbito da história, da cultura e da antropologia, concluiremos que apenas a linhagem de Sem observou a prática de ofertas queimadas ao Senhor. Quanto aos camitas, que povoaram a África e partes do Oriente Médio, e aos jafetitas, que colonizaram a imensa região da Eurásia, temos evidências de que não deram continuidade a oferenda com que Noé inaugurara a segunda civilização humana.
As etnias acima citadas praticavam sacrifícios cruentos; nenhum desses, porém, assemelhava-se ao holocausto semítico. Entre os povos tidos como bárbaros, houve (e ainda há) abate ritual de animais e de seres humanos. Mas holocausto, semelhante ao hebreu e com a sua essência teológica, não; é algo exclusivo de Israel, a linhagem mais nobre e representativa de Sem. E, por se falar em sacrifícios humanos, veremos, daqui a pouco, por que esse tipo de oferenda jamais seria aceito por Deus. 
(Texto extraído da obra “Adoração, Santidade e Serviço: Os Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018”.)


ANDRADE, Claudionor de. Adoração, Santidade e Serviço: Os Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018. 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Apesar da glória e da simbologia do holocausto, os profetas não demoraram a revelar a transitoriedade desse ritual levítico. Eles sabiam que, embora a oferenda fosse eficiente como tipo de um sacrifício melhor e definitivo, não era eficaz, em si mesma, para redimir o pecador. Por isso, o holocausto tinha de ser oferecido, pela fé, com os olhos postos no Calvário. Conforme veremos nesta lição, o Senhor Jesus Cristo, ao encarnar-se, tornou-se o holocausto perfeito, para resgatar-nos de nossos pecados, tornando-nos propícios ao Pai. Ele é o Holocausto dos holocaustos. 
Definindo alguns termos, ‘oblação’, é uma oferta voluntária a Deus. É a tradução dos termos hebraicos MinhahTeruma e Qorban; no Novo Testamento aprendemos que o cristão deve ofertar o seu próprio corpo como um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12:1), e a forma com que devemos fazer isso é através do nosso culto racional. ‘Holocausto’ do grego Holos “todo” e kaustos “queimado”; Holocausto é toda oferta totalmente queimada pelo fogo. É a primeira oferta descrita por Deus. Quando a pessoa cometia um pecado deveria trazer um animal sem defeito para o sacerdote. O animal inocente simbolizava a perfeição moral, lembrando-nos do sacrifício futuro – Jesus Cristo. Este animal (boi, carneiro, bode ou pomba), serviria como substituto, levando o pecado da pessoa que o oferecia (Lv 1.3-4), era morto e seu sangue era derramado sobre o altar onde a carne era totalmente queimada (Êx 29.16-18) com o propósito de expiar os pecados em geral. Em Levítico, propriamente nos capítulos 1 ao 7, encontramos cinco oblações que descrevem totalmente as realizações do Calvário:
1º. O holocausto – envolvia sangue (Lv 1.1-17; 6.8-13): Cristo como Holocausto – Satisfaz a justiça. Adão desobedeceu a Deus. Jesus o glorificou. Pela cruz veio mais glória para Deus do que a que perdeu com a queda de Adão. Esta oferta vem em primeiro lugar.
2º. Oferta de Manjares – Sem sangue (Lv 2.1-16; 6.14-23): Cristo e a Oferta de Manjares – Revela a perfeição. Depois de apresentar o sangue precioso que nos deu a paz, ele alegra a Deus pelo que é em si mesmo.
3º. Oferta Pacífica – envolvia sangue (Lv 3.1-17; 7.11-34; 19.5-8; 22.21-25): Cristo e a Oferta Pacífica – Colocando-se entre Deus e os homens, Jesus trás a paz. Esta oferta significa reconciliação.
4º. Oferta pelo Pecado – envolvia sangue (Lv 4.1-35; 6.2430): Cristo e a Oferta pelo Pecado – Ele se ofereceu por nossos pecados e agora pode perdoar.
5º. Oferta pela Culpa – envolvia sangue (Lv 5.14-19; 7.1-17): Cristo e a Oferta pela Culpa – O pecado é considerado uma dívida a ser paga. É a sujeira ou impureza a ser lavada. Com sujeira não há como ir ao Santo dos Santos. Jesus se fez pecado por nós, para nos lavar. Seu sangue “os purifica de todo o pecado” (I Jo 1.7b). “Se alguém pecar, temos um advogado” (I Jo 2.1b). Dito isto, convido-o a pensarmos maduramente a fé cristã!

I. O HOLOCAUSTO, O SACRIFÍCIO MAIS ANTIGO
                                
O holocausto não foi estabelecido por Moisés, nem surgiu durante a peregrinação de Israel, no Sinai. Praticado desde a queda de Adão, foi observado até a destruição do segundo Templo em 70 d.C.
A palavra holocausto (em grego antigo: ὁλόκαυστον, ὁλον [todo] + καυστον [queimado]) tem origens remotas em sacrifícios e rituais religiosos da Antigüidade, em que animais (por vezes até seres humanos) eram oferecidos às divindades, sendo completamente queimados durante a noite para que ninguem visse. Nesse caso, holocausto quer dizer cremação dos corpos. Este tipo de sacrifício também foi praticado por tribos judaicas, como se evidencia no Livro do Êxodo capítulo 18, versículo 12: Então, Jetro, sogro de Moisés, trouxe holocausto e sacrifícios para Deus; (...).” (Cafetorah)

1. Definição de holocausto. O termo holocausto provém do vocábulo hebraico olah, que, entre outras coisas, significa: ascender ou ir para cima. É uma referência tanto à fumaça da oferta queimada que subia, como a essência dessa mesma oferta que se elevava às narinas do Senhor como cheiro agradável (Lv 1.9). O holocausto era o primeiro e mais importante sacrifício do culto divino no Antigo Testamento (Lv 1.1-3). Consistindo no oferecimento de aves e de animais, a oferenda implicava a queima total da vítima, como sacrifício incondicional ao Senhor (Lv 1.9). Era a oferta que abria as solenidades diárias, sabáticas, mensais e anuais do calendário levítico. A cerimônia era conhecida também como oferta queimada. Simbolicamente, Paulo considerou a atitude dos irmãos filipenses, em favor da obra missionária, como holocausto de aroma suave (Fp 4.18). 
A palavra original é derivada de uma raiz que significa ‘ascender’, ‘subir’, ‘elevar’, e aplicava-se à oferta que era inteiramente consumida pelo fogo e no seu fumo subia até Deus. Pertenciam à classe dos sacrifícios expiatórios, isto é, eram oferecidos como expiação daqueles pecados, que os ofertantes tinham cometido – eram, também, sacrifícios de ação de graças – e, finalmente, constituíam atos de adoração. Importante que se diga que os holocaustos, bem como as ofertas de manjares, e as ofertas de paz, eram sacrifícios voluntários, sendo diferentes dos sacrifícios pelos pecados, pois estes eram obrigatórios – e tinham eles de ser apresentados de uma maneira uniforme e sistemática. Até por isso mesmo encontramos Paulo afirmando dos donativos dos filipenses era um ato de culto agradável a Deus (Hb13.15-18).

2. Objetivos do holocausto. Dois eram os principais objetivos do holocausto: tornar o homem propício a Deus, e aprofundar a comunhão de Israel com o Senhor (Lv. 1.9). O holocausto não era oferecido apenas pela culpa do pecado; era ofertado também como ação de graças a Deus por uma vitória alcançada (Lv 1.4; cf. 1 Sm 6.14). O sacrifício representava, ainda, uma oração dramática que o adorador, através do sacerdote, endereçava ao Senhor (Sl 116.17). Todavia, o ritual, para ter validade, tinha de ser oferecido com fé e confiança na intervenção divina. 
No Templo de Jerusalém, os holocaustos eram oferecidos duas vezes ao dia (de manhã e à tarde). Algo interessante é que as pessoas podiam oferecer um holocausto como sacrifício privado, por intermédio dos sacerdotes. Eram utilizados bezerros, carneiros ou aves sem defeito. A escolha do animal era feita de acordo com a situação econômica do ofertante. Os israelitas entendiam que o animal ou ave que estavam sendo queimadas eram um presente a Deus, e assim subia a Deus como fumaça desde o altar (Lv 1.9), daí vem seu nome, Olah, aquilo que sobe.

3. A tipologia do holocausto. Os profetas sabiam que os sacrifícios do Antigo Testamento eram transitórios, e que uma aliança superior e definitiva já havia sido providenciada por Deus (Jr.31.31-33). Davi, por exemplo, estava ciente de que o holocausto apontava para um sacrifício melhor (Sl 40.6; Hb 10.8). Mais adiante, voltaremos ao assunto. 
A Bíblia ressalta que, no antigo tabernáculo, “quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue”, enfatizando que “sem derramamento de sangue não há remissão” (cf. Lv 17.11). Aqui, vemos a importância do sangue para a expiação do pecado, no Velho Testamento. Isso quer dizer que, quando um animal era oferecido em sacrifício pelo pecado, Deus aceitava a oferta por atribuir a ela o valor provisório do resgate do pecador Ofertante. O sangue era símbolo da outorga da vida, que era dada em expiação. Tal sacrifício apontava para o sangue de Cristo, que seria derramado em nosso lugar. As pessoas que ofertavam o holocausto impunham as mãos sobre o animal indicando que o sacrifício era um substituto para eles mesmos (Lv 1.4). O sangue do sacrifício era aspergido sobre o altar. A oferta e seu ritual realizados de maneira apropriada faziam expiação para os ofertantes, e eles se tornavam aceitáveis diante de Deus. O autor de Hebreus afirma que “era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem” (9.23), ou seja, deviam purificar-se com sangue. Cada animal morto, substituto do pecador, apontava para o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). 
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
                               
“A Origem dos Sacrifícios
 Em relação à origem dos sacrifícios, existem duas opiniões: (1) que eles têm sua origem nos homens, e que Israel apenas reorganizou e adaptou os costumes de outras religiões, quando inaugurou seu sistema sacrificial; e (2) que os sacrifícios foram instituídos por Adão e seus descendentes em resposta a uma revelação de Deus. É possível que o primeiro ato sacrificial em Gênesis tenha ocorrido quando Deus vestiu Adão e Eva com peles para cobrir sua nudez (Gn 3.21). O segundo sacrifício mencionado foi o de Caim, que veio com uma oferta do ‘fruto da terra’, isto é, daquilo que havia produzido, expressando sua satisfação e orgulho. Entretanto, seu irmão Abel ‘trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura’ como forma de expressar a contrição de seu coração, o arrependimento e a necessidade da expiação de seus pecados (Gn 4.3,4). Também é possível que a razão do sacrifício de Abel ter sido agradável a Deus, em contraste com sua rejeição ao sacrifício de Caim, tenha sido o fato de Abel ter trazido o que tinha de melhor enquanto Caim simplesmente obedeceu aos procedimentos estabelecidos. Em Romanos 1.21, Paulo refere-se à revelação e ao conhecimento inicial que os patriarcas tinham a respeito de Deus, e explica a apostasia e o pecado dos homens do seguinte modo: ‘Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças’. [...]Depois do Dilúvio, ‘edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa e ofereceu holocaustos sobre o altar’ (Gn 8.20). Muito tempo antes de Moisés, os patriarcas Abrão, Isaque e Jacó também ofereceram verdadeiros sacrifícios. Um grande avanço na organização e na diferenciação dos sacrifícios ocorreu com a entrega da lei no Monte Sinai. Um estudo dos diferentes sacrifícios indicados revela seu desenvolvimento final, visando atender às necessidades do indivíduo e da comunidade” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 7. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 1723).

II. O HOLOCAUSTO NA HISTÓRIA DE ISRAEL

A oferenda de holocaustos pode ser encontrada nos três principais períodos da história de Israel no Antigo Testamento: patriarcal, mosaico e nacional.
O sistema sacrificial era uma “sombra” da obra que Cristo realizaria na cruz, e, por isso, era inferior e incapaz de remover o pecado do adorador: Pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados (Hb 10:4). A repetição dos sacrifícios diários e o Dia da Expiação, ano após ano, revelavam a deficiência do sistema como um todo. [10] Os sacrifícios de animais eram um meio temporário de lidar com o pecado; não aperfeiçoavam o adorador, mas apenas o purificavam cerimonial e temporariamente. Podiam cobrir os pecados e adiar o julgamento, mas não traziam redenção definitiva. Aliás, essa nunca foi a intenção de Deus; esses sacrifícios eram temporários e apontavam para o futuro, para a vinda do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” (PC Amaral)

1. No período patriarcal. O sacrifício dos patriarcas Noé e Abraão (Gn 8.20; 22.13) foi apresentado de acordo com a oferenda, ou seja, um holocausto, que Abel ofereceu ao Senhor. Por isso a oferenda pode ser considerada a mais antiga da história sagrada (Gn 4.4). 
O termo patriarcal tem por objetivo dar o sentido de “pais”; Abraão, Isaque e Jacó são os pais do povo de Deus. Neste período, os patriarcas em sua estrutura social eram nômades e seminômades – peregrinavam pela terra que um dia o Senhor daria à sua semente. O primeiro ato de Noé ao sair da arca foi o de adorar a Deus oferecendo sacrifício. Instituições fundamentais da Lei – o sábado, o santuário ideal, e o sacrifício remontam à épocas pré-diluvianas. Abraão pré-figura de maneira límpida o sacrifício vicário (substitutivo) de Cristo. Em Gênesis 4.4 a palavra hebraica usada para oferta é o termo comum para tributo, o presente de um inferior para um superior; e neste caso, cada um dos irmão trouxe uma oferta apropriada à sua vocação. Esses sacrifícios purificavam cerimonialmente o pecador, mas não lhe satisfaziam os anseios da alma nem o aperfeiçoavam. O sangue dos animais dos sacrifícios, feitos dia após dia, pelos sacerdotes, cobria o pecado, “mas não o lavava, nem podia mudar o coração e a mente dos adoradores”.

2. No período mosaico. Após a saída dos filhos de Israel do Egito, o Senhor instruiu Moisés a sistematizar o culto divino, a fim de evitar impurezas e práticas pagãs. Quanto ao holocausto, por exemplo, apesar de já ser uma tradição na comunidade hebreia, teria de ser oferecido, a seguir, segundo critérios e normas bem definidos. Seria exigido, por exemplo, um altar apropriado para as ofertas queimadas (Êx 31.9). Como pode ser visto nas especificações da cerimônia nos capítulos de 1 a 6 de Levítico. Portanto, tudo seria executado de conformidade com as regras estabelecidas por Deus. Caso contrário, os israelitas corriam o risco de se enveredar pelas idolatrias egípcias e cananeias. 
período mosaico é uma referência ao tempo em que Moisés liderou o povo judeu, mais especificamente, no período de concessão da Lei de Deus - os Dez Mandamentos e toda a estrutura legal de Israel, recebida e assimilada no Sinai e durante a peregrinação pelo deserto.
2. Do Egito a Canaã. Esse senso de percepção imediata da presença de Deus é mostrado na experiência de Moisés com um arbusto em fogo — a sarça ardente (Êx 3.1-6). Ela o preparou para a sua confrontação com Faraó, e o culto foi a base de sua exigência de que os israelitas fossem libertos (Êx 5.1-3). A apoteótica experiência de libertação da escravidão egípcia foi celebrada na Festa da Páscoa (Êx 12.11; 34.25). Ela também era conhecida como Festa dos Pães Asmos, e tornou-se o mais importante dos festivais de Israel. Embora ela possa ser relacionada com observâncias pré-israelitas, a sua relação com o ato de Deus no Egito tomou-a central no culto a Yahweh. Sabemos muito mais a respeito de sua celebração da parte do Novo Testamento do que do Velho. Depois de atravessar o Mar Vermelho, Moisés e o povo de Israel cantou ao Senhor o cântico que consta em Êxodo 15.1-19. Era característico de Israel prestar louvor a Deus por seus atos poderosos. Eles não apenas cantaram, mas Miriã tomou o seu pandeiro e liderou as mulheres na dança. O período em que o povo de Deus ficou acampado nas cercanias do Monte Sinai foi também ocasião de memoráveis experiências de culto. O povo foi instruído a lavar as suas vestes e a evitar, a qualquer custo, qualquer contato com a montanha, depois que Moisés o consagrou (Êx 19.10-14). E, então, eles tremeram diante da dramática demonstração da presença de Deus antes de o Decálogo ser dado a Moisés. Depois disso, atos pactuais de culto foram executados (Êx 24.3-8). Antes de o povo deixar as fraldas do Sinai, o Senhor instruiu Moisés para fazer com que eles lhe construíssem “um santuário, para que eu habite no meio deles” (Êx 25.8), conforme disse. Essa tenda grande com o seu mobiliário são descritos em Êxodo 25 a 27. Este consistia em altares para ofertas queimadas e para incenso, entre outras coisas, mas o seu objeto mais reverenciado era a arca do pacto, que ficava em um compartimento separado da tenda, chamado o santo dos santos. Essa caixa coberta de ouro provavelmente continha o Decálogo ou alguma outra lista de requerimentos do pacto. Em cada ponta de sua tampa de ouro sólido ficava um querubim, com suas asas estendidas para o outro, e, entre os querubins, ficava o propiciatório, e o lugar de habitação de Yahweh ficava acima desse propiciatório. Sacrifícios, ofertas e observâncias dos tempos mosaicos são descritos em Êxodo 29.38-31.17. Depois que o tabernáculo havia sido edificado, tornou-se centro também de comunhão individual com Deus (Êx 33.7-11), bem como o foco nacional de culto. De acordo com o livro de Números, os homens da tribo de Levi foram escolhidos “para fazerem o serviço da tenda da revelação (8.15). Desta forma, o culto israelita foi uma questão de desenvolvimento, de acordo com a necessidade e com as ordens divinas. A entrada de Israel em Canaã e a queda de Jericó podem ser consideradas como pompa religiosa, tanto quanto procissões militares. Quando Israel se acampou em Gilgal, na margem oriental do Jordão, doze pedras de memorial foram carregadas do leito do Jordão, para lembrar, aos seus filhos, que Deus carregara o seu povo através do Jordão, como o fizera através do Mar Vermelho, “para que todos os povos da terra conheçam que a mão do Senhor é forte” (Js 4.24). Ê provável que Gilgal tenha sido o lugar do primeiro ato de culto de Israel na Terra Prometida. Desta forma, esse local tomou-se um santuário importante; muitos anos mais tarde, Saul foi coroado ali. Ã medida que conquistou a terra, Israel também capturou os santuários dos cananeus. Cada aldeia, por menor que fosse, tinha o seu “lugar alto”. Outros santuários notáveis, desse período, foram Dã, Berseba, Siquém e Siló. As práticas pagãs começaram a influenciar tanto o culto quanto a moralidade dos israelitas, mas, depois da terceira distribuição do território conquistado, o povo “se reuniu em Siló, e ali armou a tenda da revelação” (Js 18.1)”.(Adoração e Culto segundo Deus. Disponível em: http://botanicochurch.blogspot.com/2015/06/adoracao-e-culto-segundo-deus.html. Acesso em: 3 Jul, 2018).

3. No período nacional. Após a conquista de Israel, os holocaustos continuaram a ser oferecidos ao Senhor por vários motivos. Josué celebrou uma importante vitória sobre os cananeus com ofertas queimadas e pacíficas (Js 8.31). Gideão, ao ser comissionado pelo Senhor para libertar Israel, adorou-o com igual oferenda (Jz 6.26). Quanto a Samuel, ofereceu ao Senhor o mesmo sacrifício, antecipando uma grande vitória sobre os filisteus (1 Sm 13.9,10). A reforma de Ezequias também foi marcada por holocaustos (2 Cr 29.7-35). Após o retorno do exílio, os judeus, agradecidos a Deus pela restauração de seu culto, também apresentaram-lhe ofertas queimadas (Ed 8.35). Ao aproximar-se do Senhor com uma oferta queimada, o crente hebreu mostrava, através desse rito, a sua disposição de entregar, não somente a vítima ao Senhor, como também a si mesmo. O Salmo 51 revela tal voluntariedade no Rei Davi. Todos esses holocaustos prefiguravam a vinda de Jesus Cristo, o sacrifício vicário perfeito. 
3. O Culto nos Primórdios da Monarquia. A contenda com os pagãos foi difícil, tanto em termos de política quanto de religião. O livro de Juizes revela o quanto o culto a Baal minou a fé e o comportamento israelita. Na época de Samuel, a arca do pacto foi usada em vão, como fetiche, na tentativa de Israel de derrotar os filisteus. Quanto a arca foi capturada, Siló perdeu o seu significado como santuário de Deus. Culto regular em um lugar central não é mencionado desde Josué até I Samuel. E, então, em II Samuel, começou um reavivamento do culto a Yahweh, sob a direção de Davi. Ele levou a arca para Jerusalém (II Sm 6.15) e colocou-a em uma tenda especial. Mais tarde, ele comprou a eira de Omâ, como local para edificar um altar a Deus — e mais tarde o Templo de Salomão. Alguns eruditos acham que Davi combinou várias tradições religiosas para ajudar a fé de Israel a falar à sua época. Seja o que for que tenha acontecido, “ele elaborou os princípios, o espírito e algumas das formas” (Davies, p. 880) e foi o principal responsável pelo desenvolvimento da música no culto israelita (II Sm 6.5; I Cr 24-26) — desenvolvimento este de tremendo potencial espiritual.” (Adoração e Culto segundo Deus. Disponível em:http://botanicochurch.blogspot.com/2015/06/adoracao-e-culto-segundo-deus.html. Acesso em: 3 Jul, 2018).
O holocausto é a oferta por excelência, de onde todas as demais são decorrência. O holocausto significa dedicação integral (alma e corpo) a Deus, e tipifica a pessoa e obra de Cristo, ao se oferecer imaculado a Deus, a fim de cumprir completamente a vontade do Pai (veja Hb 9.14;Fp 2.6-8). O Templo de Salomão, o Primeiro Templo, destruído em 587 a. C. por Nabucodonosor II; fato narrado pelo historiador judeu Flávio Josefo que escreveu: "o templo foi queimado 470 anos, 6 meses e 10 dias depois de ter sido construído" [Josephus, Jew. Ant. 10.8.5]. Em sua inauguração, muitos sacrifícios pacíficos foram oferecidos, a tal ponto que foi necessário usar o átrio do templo porque o altar não comportava tudo. As festas duraram duas semanas, incluindo a festa dos tabernáculos, terminadas as quais o povo voltou feliz para casa.


SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Sacrifícios para todo Israel
Sacrifícios regulares deveriam ser realizados pelos sacerdotes do Tabernáculo, enquanto estavam no deserto e em Siló e, mais tarde, no Templo. Eram oferecidos de manhã e à tarde, e cada um deles consistia de um cordeiro de um ano como oferta queimada, um décimo de um efa de farinha como oferta de manjares, e um quarto de um him de vinho como libação (Nm 28.3-8).
No sábado, todas as ofertas diárias deveriam ser dobradas (Nm 28.9; Lv 24.8). Devemos nos lembrar de que todos os outros sacrifícios, para toda a nação de Israel, também faziam parte dos sacrifícios diários e não os suplementavam. Na lua nova as ofertas deveriam ser de dois bezerros, um carneiro, sete cordeiros, três décimos de um efa de farinha para cada bezerro, duas para o carneiro e uma para cada cordeiro, mais uma oferta líquida (libação), e um cabrito das cabras como oferta pelos pecados (Nm 28.11-15)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 7. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 1724).

III. JESUS CRISTO, O HOLOCAUSTO PERFEITO

A fim de que o Filho de Deus se tornasse o nosso holocausto perfeito, três coisas foram-lhe necessárias: a encarnação, o sofrimento e, finalmente, a morte e ressurreição.
Os animais nunca representaram o desejo final de Deus. Por isso mesmo, quando os israelitas começaram a sacrificar como mero ritual, enquanto viviam como bem desejavam, Deus não se agradou de seus sacrifícios. Rios de sangue de animais não podiam agradar a Deus. Ele não é ritualista. [11] Os animais tão somente apontavam para Cristo. Assim, quando Cristo veio ao mundo, disse: Sacrifício e oferta não quiseste, mas um corpo me preparaste; de holocaustos e ofertas pelo pecado não te agradaste (Hb 10:5-6). O que trouxe deleite a Deus, que já estava farto de sacrifícios vazios e superficiais, foi a disposição do Messias em fazer a sua vontade: Então eu disse: Aqui estou, no livro está escrito a meu respeito; vim para fazer a tua vontade, ó Deus (Hb 10: 7). Deus preparou um corpo humano para Cristo, que veio ser sacrificado pelo pecado”. (PC Amaral)

1. A encarnação de Cristo. A encarnação de Cristo foi o cumprimento cabal e perfeito da profecia de Davi: “Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste” (Sl 40.6). O Messias reconhece, através do Salmista, que os holocaustos são ineficazes, em si mesmos, para redimir o pecador. Eis por que Ele, o Filho de Deus, apresentou-se como a oferta e o ofertante, para resgatar eficazmente a humanidade (Hb 10.1-10). Nessa condição, Jesus Cristo foi provado em todas as coisas, exceto no pecado, a fim de mostrar a eficácia de seu maravilhoso, eterno e definitivo sacrifício (Hb 9.26).  
Em Hebreus 10, o autor começa ensinando sobre os sacrifícios anuais e como estes simbolizavam uma recordação anual de pecados. Essa foi a causa principal de Jesus ter vindo ao mundo. O sacrifício de Cristo é infinitamente melhor que os da lei, que não podiam conceder o perdão pelo pecado nem transmitir poder contra o pecado, o qual teria continuado sobre nós e teria domínio sobre nós. O crente sabe que seu Redentor vive e que o verá. Aqui está a fé e a paciência da Igreja, de todos os crentes sinceros.
Tendo mostrado que o tabernáculo e as ordenanças da aliança do Sinai eram somente emblemas e tipos do Evangelho, o apóstolo conclui que os sacrifícios que os sumos sacerdotes ofereciam continuamente não podiam aperfeiçoar os adoradores Enquanto ao perdão e a purificação de suas consciências, mas quando "Deus manifestado em carne" se fez sacrifício, e o resgate foi sua morte no madeiro maldito, então, por ser de infinito valor quem sofreu, seus sofrimentos voluntários foram de infinito valor. O sacrifício expiatório deve ser capaz de consentimento, e deve ser colocado pela própria vontade no lugar do pecador: Cristo fez assim. A fonte de tudo isso que Cristo tem feito por seu povo é a soberana vontade e graça de Deus. a justiça introduzida e o sacrifício oferecido uma só vez por Cristo são de poder eterno, e sua salvação nunca será eliminada. São de poder para fazer perfeitos a todos os que vão até Ele; eles obtêm do sangue expiatório a força e os motivos para obedecer e para o consolo interior.” Comentário de Hebreus 10.1-39. Disponível em: https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2013/05/hebreus-101-39-comentario-de-matthew.html. Acesso em 19 Ago, 2018)

2. O sofrimento de Cristo. Assim como a vítima do holocausto era, antes de ser queimada, repartida em pedaços, o Senhor Jesus foi submetido a todos os sofrimentos, angústias e dores (Is 53). Diz o profeta que o Ungido de Deus sabia o que era padecer. O autor da Epístola aos Hebreus afirma, por sua vez, que o Senhor Jesus, durante o seu ministério terreno, apresentou ao Pai, constantes clamores e lágrimas (Hb 5.7). Jesus Cristo foi duramente provado em todas as coisas. Mas, vencendo-as, apresentou um testemunho fiel e poderoso na Terra, nos Céus e no próprio Inferno (Fp 2.9-11). Na condição de Cordeiro de Deus, o Holocausto dos holocaustos, Ele reunia, em si, o cumprimento de todas as ofertas, oferendas e sacrifícios do livro de Levítico (Jo 1.29). No Apocalipse, o Leão da tribo de Judá ainda é glorificado como o Cordeiro que foi morto em nosso lugar (Ap 5.6). 
Neste tópico é importante afirmar que por mais horrível que tenha sido o sofrimento físico impingido a Jesus, não foi nada comparado ao grande sofrimento espiritual pelo qual Ele passou. 2 Coríntios 5.21 diz: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus." Jesus tinha o peso do pecado do mundo inteiro nos Seus ombros (1Jo 2.2). Foi o pecado que fez Jesus clamar: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mt 27.46). Então, por mais brutal que o sofrimento físico de Jesus tenha sido, não foi nada em comparação com o fato de que Ele teve que carregar os nossos pecados - e morrer pelos nossos pecados (Rm 5.8).
Nos dias de sua encarnação, Cristo se submeteu, Ele mesmo, à morte: teve fome; foi um Jesus tentado, sofredor e moribundo. Cristo deu o exemplo não somente de orar, senão de ser fervoroso para orar. Quantas orações secas, quão pouco umedecidas com lágrimas, oferecemos a Deus! Ele foi fortalecido para suportar o peso imenso do sofrimento carregado sobre Ele. Não há libertação real da morte senão ao ser levado através dela. Ele foi levantado e exaltado, e a Ele foi dado o poder de salvar até o sumo a todos os pecadores que vão a Deus por meio dEle.” Comentário de Hebreus 5.1-11. Disponível em: https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2013/05/hebreus-51-14-comentario-de-matthew.html. Acesso em 19 Ago, 2018)

3. A morte e ressurreição de Cristo. O auge do sofrimento de Jesus Cristo, como o nosso perfeitíssimo holocausto, foi a sua morte no Calvário. Ele foi morto e sepultado (Mt 27.59-66). Mas, no terceiro dia, eis que ressurge dos mortos como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Mt 28.1-10). Com a sua ressurreição, Jesus plenifica o sacrifício perfeito, como ofertante e oferta (Hb 9.27,28). Ele é o Holocausto dos holocaustos. Aleluia!
Todos os animais inocentes, sem mácula, que foram oferecidos como sacrifício no sistema levítico apontavam para o grande sacrifício, feito por Jesus Cristo na cruz do Calvário. João Batista introduziu a Cristo, dizendo “eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). O castigo que Deus impôs pelo pecado é ao mesmo tempo justo e de amor, por que o próprio Deus, na pessoa de seu Filho, pagou o preço por todos aqueles que o aceitam como seu Substituto (Rm 3.26).
O Salmo 40:7-9 foi usado aqui tipologicamente. Davi foi citado como tendo falado do Messias e Sua entrada no mundo em forma humana. A vontade de Deus para o Messias foi realizar uma completa expiação do pecado. Isto exigia sacrifício e derramamento de sangue e portanto um corpo preparado de modo que pudesse sofrer. No sofrimento e morte a vontade de Deus foi inteiramente matizada e a segunda ou a melhor aliança foi plenamente estabelecida. Como insultado, os crentes foram mudados porque foram purificados e santificados mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas (v. 10). Por meio desta oferta, foi feita a expiação, o que agradou perfeitamente a um Deus santo.” Interpretação de Hebreus 10. Disponível em:https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2014/11/interpretacao-de-hebreus-10.html. Acesso em 19 Ago, 2018)

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

Cristo a perfeita oferta
 “Foi ele, o consagrado, que disse: ‘Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração’ (Sl 40.8); ‘A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra’ (Jo 4.34); e ‘[...] porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou’ (Jo 5.30). Também em João 17.4, na grande oração sacerdotal, Ele disse: ‘Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer’. Na cruz, uma de suas últimas elocuções foi: ‘Está consumado’. Certamente, a Salvação estava completa para nós. Jesus foi a primeira oferta de holocausto perfeita trazida perante Deus.
Cristo foi a oferta de holocausto. Ele nasceu para que pudéssemos renascer, Ele morreu para que pudéssemos morrer para o pecado e viver nEle, Ele ressuscitou para que pudéssemos conhecer o poder de sua ressurreição em nossas vidas. ‘E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita’ (Rm 8.11)” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 1752).

CONCLUSÃO

Esta lição faz-nos refletir sobre o sacrifício perfeito de Jesus Cristo. Ele morreu eficazmente por mim e por você. Por essa razão, temos de viver uma vida de santidade e pureza. Somente assim, seremos vistos pelo Pai Celeste como fiéis testemunhas do Evangelho. Não podemos ignorar o sacrifício de Cristo. Se o fizermos, sobre nós recairá o justo e esperado juízo de Deus (Hb 10.26,27). 
A vida de santidade requerida do cristão é na verdade a demonstração e prova cabal de que ele realmente é salvo. A Bíblia retrata o homem sem salvação como um escravo do pecado e fala sobre libertá-lo da mesma maneira que um escravo era redimido no mundo antigo. Em Cristo "nós temos a redenção através de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas de sua graça" (Ef 1.7). "Porque vocês não foram redimidos através de coisas corruptíveis, como prata e ouro, do modo vão como vocês viviam … mas pelo precioso sangue de Cristo, como o Cordeiro sem defeito ou mácula" (1Pd 1.18-19).

“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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