SUBSÍDIO I
MINISTROS CHEIOS DO ESPÍRITO
SANTO
Tendo em vista os exemplos
lamentáveis e vergonhosos da História Sagrada, o Novo Testamento faz-nos
severas advertências quanto ao uso do vinho.
1. Recomendações aos ministros. O candidato ao Santo
Ministério, na Igreja Primitiva, não podia ser um homem escravizado pelo vinho
(1 Tm 3.3,8; Tt 1;7). Como confiar o rebanho de Jesus Cristo a um
alcoólatra? O que governa tem de abster-se das bebidas alcoólicas (Pv
31.4). Se você, querido obreiro, tem algum problema com o alcoolismo,
procure ajuda. Há sempre um bom homem de Deus disposto a ouvir-nos e a
auxiliar-nos. Não leve tal fardo à sepultura. Por mais difícil e vexatória que
seja a sua situação, não se conforme. O Senhor Jesus está ao nosso lado. Ele o
resgatará do alcoolismo, guindando-o novamente às regiões celestiais.
2. Recomendações à Igreja. A recomendação quanto aos
prejuízos decorrentes do vinho não se limita aos ministros do Evangelho. Ela
diz respeito, também, a toda a Igreja. Que o verdadeiro cristão, afastando-se
do vinho, busque a plenitude do Espírito Santo (Ef 5.18). A embriaguez não é um
mero adorno cultural; é algo sério que tem ocasionado sérios transtornos à
Igreja de Cristo.
Voltemos ao
cenáculo. Busquemos novamente a plenitude do Consolador. Que as nossas reuniões
sejam marcadas por conversões, batismos com o Espírito Santo, curas divinas,
sinais e maravilhas. E que jamais nos esqueçamos de que o Senhor Jesus, em
breve, virá buscar a sua Igreja. Aleluia!
3. Ministros usados pelo
Espírito Santo. No dia de
Pentecostes, o Espírito Santo foi copiosamente derramado sobre os discípulos
(At 2.1-4). De início, eles foram tidos como bêbados (At 2.13). Mas, após o
sermão de Pedro, todos vieram a conscientizar-se de que eles falavam e operavam
no poder de Deus (At 2.40,41).
Na sequência de
Atos, deparamo-nos com os apóstolos e discípulos proclamando o Evangelho sempre
na virtude do Espírito Santo (At 4.8, 31; 7.55; 13.9).
Como Agir Diante de Tantos Perigos
Entre o final de 2017 e o início
de 2018, chegaram-me alguns relatos de pastores, alguns ainda jovens, que
vieram a suicidar-se. Confesso que tais relatos deixaram-me bastante
preocupado. O que levaria um homem de Deus a cometer semelhante desatino? Por
isso, gostaria de deixar, aqui, alguns conselhos para nos prevenirmos quanto a
tais desfechos.
1. Aprenda a confiar em Deus. Entre a Obra de Deus e o
Deus da Obra, não tenha dúvidas. Que o Senhor tenha completa prioridade em sua
vida. Quando nos damos por completo ao Deus da Obra, a Obra de Deus sempre
prospera em nossas mãos. Por essa razão, trabalhe com ousadia e amor, mas não
perca a paz se a sua igreja não prospera como esta ou não cresce como aquela.
Quem dá o crescimento é Deus. Não perca o sono. Enquanto você dorme, Ele cuida
de sua Seara.
2. Não se consuma pela
ansiedade. Não leve
para o Santo Ministério as disputas e vícios do mundo corporativo. No âmbito do
Reino de Deus, nem sempre o mais veloz chega primeiro. E, se logra algum êxito,
envergonha-se como Aimaás; não tem mensagem alguma. Então, peregrine com o
Evangelho.
Quando a depressão
bater-lhe à porta, siga o conselho do apóstolo: “Não andeis ansiosos de coisa
alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições,
pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Fp 4.6, ARA).
Cuidado com as
metas que contemplam apenas as finanças. Mire-se na humildade e na pobreza do
Nazareno; resgate-lhe as almas preciosas que, todos os dias, vemos nas ruas,
praças e logradouros. O dinheiro sempre vai. Quanto às almas, que cada uma
delas chegue aos pés do Salvador.
3. Não se dê às drogas. Previna-se quanto aos que,
sutil e perversamente, preceituam-nos pílulas e compridos mágicos. Na Vinha do
Senhor, não se requer nenhum psicoestimulante. A assistência do Espírito Santo
nos basta.
Não se vicie. Você
não precisa de tais artifícios. O mesmo Deus que fortaleceu a Sansão e animou a
Davi está ao seu lado. Coragem e ânimo. A feitiçaria destes últimos dias está
levando muita gente para o inferno.
4. Cuidado com o álcool. Fuja dos colegas de
ministério que, por serem já alcoólatras, querem induzi-lo a esse vício maldito
e perverso. Mantenha-se continuamente sóbrio. A caminhada ainda é longa. Nessa
peregrinação, não podemos andar tropegamente. Sejamos firmes em cada
passo.
5. Tem cuidado de ti mesmo e da
doutrina. A recomendação
do apóstolo nunca foi tão atual e urgente: “Tem cuidado de ti mesmo e da
doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti
mesmo como aos teus ouvintes” (1 Tm 4.16, ARA).
Conclusão
Certa vez um jovem obreiro
perguntou-me se algum padre chegará ao céu. Vendo-lhe a ânsia de espírito,
fiz-lhe outra pergunta: “Algum pastor corre o risco de ir para o inferno?”.
Diante das agruras
que nos espreitam aqui e ali, todos corremos sérios riscos. Não podemos
vacilar. Se não nos dermos à leitura da Palavra, à oração e ao jejum, não
subsistiremos. O fato de sermos obreiros não nos torna invulneráveis quanto às
tentações, às angústias e às arremetidas de Satanás.
Cuidemos de nós
mesmos. Zelemos pela doutrina que nos confiou o Senhor. Ele é poderoso para
guardar-nos até o dia de sua vinda. E que jamais venhamos a ter o mesmo destino
de Nadabe e Abiú.
Amém. Cuida de nós
Jesus.
ANDRADE,
Claudionor de. Adoração,
Santidade e Serviço: Os
Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2018.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na lição anterior, acompanhamos
a trágica história de Nadabe e Abiú, filhos do sumo sacerdote Arão. Embora
cientes de sua responsabilidade, eles não temeram entrar no lugar santo para
oferecer fogo estranho ao Senhor. Por causa disso, Deus os fulminou ali mesmo,
diante do altar do incenso. O que os levou a agir de maneira tão irreverente e
profana? Pelo contexto da narrativa sagrada, podemos concluir que ambos estavam
embriagados (cf. Lv 10.8,9). Por isso, profanaram insolentemente a glória
divina. Guardemo-nos, pois, do álcool, das drogas e de outros vícios igualmente
nocivos e destruidores. O ministro cristão tem de ser um exemplo de temperança,
sobriedade e domínio próprio.
Além de todas as orientações que encontramos na lei
de Deus sobre como os sacerdotes deveriam se portar, temos também em especial
uma lei que determinava o tipo de incenso que deveria ser usado no tabernáculo,
a origem do fogo para acendê-lo, quem deveria entrar no Santíssimo para
oferecer incenso. Estes filhos de Arão não observaram nada disso, e pelo que se
entendo do resto da narrativa, estavam embriagados. A consequência imediata foi
que saiu fogo vindo de Deus e os matou imediatamente (Lv 10.2). Talvez alguém
se pergunte ‘porque da severidade de Deus?’. A punição não acontece sem aviso
prévio. Deus já havia orientado quanto a forma de cultuar no tabernáculo;
acrescente-se a isso o fato deles terem sido negligentes quanto ao uso da
bebida alcoólica e, dessa forma, desonraram as leis de Deus. Estão na história
como exemplo de que as coisas de Deus não devem ser feitas negligentemente, de
qualquer maneira. As exigências de Deus devem ser cumpridas. Além desses fatos,
temos também a questão de que os líderes são mais cobrados, devido ao seu
conhecimento sobre Deus e a missão que Deus deu a
eles. Dito isto, convido-o a pensarmos maduramente a fé
cristã!
I. O VINHO
NA HISTÓRIA SAGRADA
Nas Sagradas Escrituras, o vinho, juntamente
com o pão e o azeite, é visto como bênção de Deus (Os 2.22). Aliás, o vinho era
usado até mesmo como remédio (Lc 10.34). No entanto, o seu mau uso levou homens
santos a cometerem escândalos, torpezas e até crimes, haja vista os casos de
Noé, Ló e Davi.
No Antigo Testamento encontramos três vocábulos
distintos para designar o vinho: Yayin - usada indistintamente
para o vinho fermentado ou não (Gn 9.21); Tirôsh - para o
vinho não fermentado, vinho novo ou mosto (Dt 12.17), e Shekar -
bebida forte. A tradução da Torah para o grego em 270 a.C., a Septuaginta,
traduziu Yayin e Tirôsh por Oinos.
Interessante notar que, nas Escrituras tanto yayin (Êx 29.38)
como shekar (Nm 28.7) foram usados como oferta a Deus. Isso é
importante por duas razões: 1º: essas bebidas (alcoólicas) haviam sido
produzidas para adoração, e 2º: elas eram oferendas aceitáveis a Deus.
“O “vinho” era usado para dar alegria, para fazer
a pessoa se sentir bem sem ficar intoxicada (2 Sm 13.28). Segundo, o “vinho”
era usado na alegria perante o Senhor. Uma vez por ano todo o Israel tinha de
se reunir em Jerusalém. O dinheiro percebido (sic) pela venda do dízimo de toda
a colheita seria gasto “por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por
ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma;
come-o ali perante o SENHOR, teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa” (Dt
14.26). (...) O termo yayin descreve claramente uma bebida intoxicante” (Vine,
W. E.; F. Unger, Merril; White Jr., William. Dicionário Vine – O Significado
Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento, pág. 326,
2ª Edição/2003. Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil).
1. A embriaguez de Noé. Após o Dilúvio, Noé voltou-se ao ofício de lavrador, e
pôs-se a plantar uma vinha (Gn 9.20). E, após ter preparado o seu vinho,
bebeu-o até embriagar-se. Já fora de si, desnudou-se, expondo-se
vergonhosamente em sua tenda (Gn 9.20-29). A intemperança do patriarca
trouxe-lhe sérios problemas familiares. O álcool foi capaz de transtornar até
mesmo um dos três homens mais piedosos da História Sagrada (Ez 14,14). É por
isso que devemos precaver-nos quanto aos seus efeitos (Pv 20.1; 23.31).
As Escrituras vêem o vinho favoravelmente, isso
inferimos de textos como Nm 15.5-10; Dt 14.26; Sl 104.15 e Jo 2.1-11, e ao
mesmo tempo, advertem sobriamente do seu perigo (Is 5.22; Pv 21.17; 23.20-21,
29-35; Is 28.7), particularmente no desleixo moral exemplificado pela autoexposição
(Lm 4.21; Hc 2.15). Noé embriagado, desnuda-se e assim como Adão, o cabeça
original da raça humana, pecou no comer (Gn 3.6), Noé, o cabeça da raça
pós-diluviana, pecou no beber. A exposição da nudez é desmoralizante
publicamente (2Sm 6.16) e incompatível com uma vida na presença de Deus. Alguns
sugerem vários tipos de males que tiveram lugar na tenda de Noé. Enquanto a
linguagem empregada pode deixar espaço para certos pecados sexuais (Lv 18),
pessoalmente não encontro nenhuma razão para presumir qualquer má conduta por
parte de Noé, além da indiscreta bebedeira e sua consequente nudez. O pecado de
Cam consistiu em não honrar, nem respeitar seu pai; ao invés de cobri-lo, ele
expôs a sua condição deplorável. A posição exegética de que o pecado de Cam
tenha sido contemplar de modo desrespeitoso a nudez do pai, encontra sua
confirmação no versículo 25 que atesta que Sem e Jafé se aproximaram do pai
andando de costas, para não recair no mesmo erro. Talvez a melhor descrição
para a conduta e condição de Noé seja a palavra “impróprio”.
2. A devassidão das filhas de
Ló. Dizendo-se preocupadas com a
descendência do pai, as filhas de Ló embebedaram-no em duas ocasiões (Gn
19.31,32). Em seguida, tiveram relações com o próprio pai, gerando dois povos
iníquos (Gn 19.33-38). Quem se entrega ao vinho está sujeito a dissoluções como
essa (Ef 5.18). Um servo de Cristo não pode cair nessa situação.
É interessante notar que encontramos em todas as
culturas proíbem e condenam o incesto. Nas Escrituras, sobretudo em Levíticos
18 e 20, e com maior ênfase, Levíticos 20.12: “Se um homem se deitar com a
nora, ambos serão mortos; fizeram confusão; o seu sangue cairá sobre eles”.
Também Paulo, quando escreve aos habitantes de Coríntios, condena com força um
caso na comunidade, de alguém que tem relações com a “esposa do próprio pai”
(1Co 5.1-5). O incesto é enfaticamente denunciado em muitas passagens bíblicas
(Lv 18.6; 20.17). De fato, o Senhor declarou: “Maldito aquele que se deitar
com sua irmã, filha de seu pai, ou filha de sua mãe” (Dt 27.22). Norman
Geisler comenta o seguinte sobre a problemática: “Não há dúvida alguma de
que Ló pecou de diversas maneiras, para não dizer nada quanto à violação das
leis do incesto que mais tarde Moisés deu como mandamentos a Israel. Ló
embebedou-se e pecou com suas duas filhas. A alma reta dele tinha sido
perturbada com os muitos pecados por sua longa permanência junto com o povo de
Sodoma. Mas nenhum desses pecados recebe aprovação nesta passagem. De fato, a
narrativa seca do episódio, sem nenhum comentário positivo do escritor, indica
que não se pretendeu esconder o horror desses pecados. Eis aqui um bom exemplo
do princípio de que nem tudo que a Bíblia narra ela aprova”. O
comportamento das filhas de Ló, sem dúvida, merece uma sentença de condenação.
As ações incestuosas presentes nas narrações bíblicas não são louváveis, mas
fruto de erros de comportamento (CACP).
3. O vinho como instrumento de
corrupção. Para encobrir o
seu adultério com Bate-Seba, o rei Davi convocou Urias, que estava na frente de
batalha, embriagou-o, e induziu-o a deitar-se com a esposa adúltera e já
grávida (2 Sm 11.13). Se o seu plano houvesse dado certo, aquela criança
ficaria na conta de Urias, o heteu. A que ponto chega um homem fora da
orientação do Espírito Santo. O rei de Israel usou o vinho para corromper um de
seus heróis mais notáveis. Nossas atitudes devem sempre ser dirigidas pelo
Espírito Santo.
É bom que se diga que o fato de Davi embriagar Urias
num ato de desespero para encobrir seu pecado não é o foco da narrativa
bíblica. O foco é o adultério, a traição – por que Davi sabia quem era o esposo
de Bate-Seba. Importante, ainda, ressaltar que, nos reinos vizinhos a Israel,
tudo pertencia ao rei, não era assim com Israel, onde tudo pertencia ao Senhor,
Davi não tinha o direito de agir como os reis pagãos, ele usurpou a mulher, não
de Urias, mas em última instância, do Senhor! Davi em sua ânsia de esconder o
adultério, sabendo que o excesso de bebida tira um homem da sua razão e rompe
com os limites sociais, vê a possibilidade de fazer com que o fiel soldado
deite com sua mulher. A determinação de Urias frustra a estratégia de Davi.
Apesar da embriaguez não ser o foco, fica aqui suas lições: quando queremos
esconder o nosso pecado, pecamos ainda pior. O pecado escondido frutifica em
mais pecados. O argumento não deu certo, a embriaguês também não, sou restou o
assassinato...
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“O padrão de comportamento requerido por Deus para
os reis e governantes do seu povo, especialmente no tocante a beber vinho
fermentado e bebidas inebriantes, era elevado. (1) O hebraico diz literalmente
aqui: ‘Que não haja ingestão’. Nada há nessa passagem que permita alguém beber
com moderação. (2) A razão que os reis e os governantes não devem beber bebidas
inebriantes é que, afetados pela bebida, eles podiam esquecer-se da lei. A
bebida os faria normalmente fracos e os levaria a desobedecer à lei de Deus e a
perverter a justiça. Esse texto levou os rabinos judaicos a decretar que o juiz
que bebesse um renuth (um copo de vinho) não poderia tomar assento no juízo,
nem numa escola, nem podia ensinar em tais circunstâncias. (3) O mesmo
princípio regia os sacerdotes, que no Antigo Testamento ministravam perante o
Senhor a favor do povo (Lv 10.8-11). (4) Todos os salvos do Novo Testamento são
feitos reis e sacerdotes de Deus, pertencentes ao reino espiritual de Deus (1
Pe 2.9). Logo, o padrão de Deus para os reis e sacerdotes quanto a não
ingerirem bebidas embriagantes é igualmente aplicável a nós (ver Nm 6.1-3; Ef
5.18)” (Bíblia de Estudo Pentecostal
1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 962).
II. O VINHO
NO OFÍCIO DIVINO
1. No Antigo Testamento. Em sua oferta de manjares ao Senhor, os israelitas faziam-lhe também a
libação de um quarto de him (Lv 13.13). Nessa oferenda, o adorador reconhecia
que tudo quanto existe pertence ao Senhor. Em razão disso, deveria usar de
forma santa e responsável tudo quanto Ele deixou-nos (Pv 20.1). Quanto aos
ministros do altar, eram severamente advertidos sobre o uso do vinho. Leia com
atenção Levítico 10.8-11. Esta passagem deve ser aplicada também aos crentes de
hoje. Tanto ontem quanto hoje, o álcool pode levar-nos à ruína.
Já vimos que as Escrituras ensinam que tanto yayin (Êx
29.38) como shekar (Nm 28.7) foram usados como oferta a Deus,
apesar de alcoólicas, foram produzidas para adoração, e eram ofertas aceitáveis
a Deus. De fato, o salmista atribui a Deus a produção de yayin, o
qual alegra o coração do homem (Sl 104.14-15). Certamente a provisão de Deus
tem em vista um emprego justo da bebida alcoólica. Além disso, a Escritura fala
da satisfação da vida em termos de comer do pão e beber do yayin com
alegria (Ec 9.7). Vimos também que devido ao potencial das bebidas alcoólicas
para corromper, Deus ordenou que todos os sacerdotes de Israel se abstivessem
de vinho e doutras bebidas fermentadas, durante sua vida ministerial. Deus
considerava a violação desse mandamento suficientemente grave para motivar a
pena de morte para o sacerdote que a cometesse (Lv 10.9-11). Salomão adverte: “O
vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles
errar nunca será sábio” (Pv 20.1). As bebidas alcoólicas podem levar o
usuário a zombar do padrão de justiça estabelecido por Deus e a perder o
autocontrole no tocante ao pecado e à imoralidade. Aarão e todos os sumos
sacerdotes que lhe sucederam também tinham que viver conforme as normas
pessoais mais elevadas.
2. No Novo Testamento. O primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho (Jo 2.1-11).
E, ao instituir a Santa Ceia, Ele fez uso desse mesmo produto, a fim de
simbolizar o seu sangue redentor (Mt 26.26-30). Desde então, a Igreja de Cristo
vem utilizando o fruto da vide para oficiar a sua maior celebração: a Ceia do
Senhor (1 Co 11.23-32).
Algo interessante para destacarmos aqui: o vinho de
João 2.1-11 era inebriante? Era o mesmo de Mateus 26.26-30? Paulo faz
referência ao vinho inebriante para uso na Ceia? O tópico não é simples e evoca
muitas discussões. Perceba que Jesus em Caná (Jo 2.6) transformou uma
quantidade significativa de vinho (yayin) para a festa de casamento, do
qual testemunhou o responsável pelo cerimonial - o mestre-sala, como um vinho
de excelente qualidade (Jo 2.10); ainda, segundo inferimos de Lucas 5.39,
preferiam-se o “vinho velho”, fermentado, porque ele era bom. Notável é o fato
distinguidor entre ele e João Batista: “Pois veio João Batista, não comendo
pão, nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio! Veio o Filho do Homem, comendo e
bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e
pecadores!” (Lc 7.33-34). Este primeiro milagre de Jesus tinha um objetivo:
ao transformar água em vinho nosso Senhor demonstrou a todos quanto
testemunharam este fato ou leram dele, que Ele era verdadeiramente o Messias
esperado, o Filho do Deus vivo. Ainda, com este milagre, Jesus manifestou sua
glória levando seus discípulos a crerem nele (Jo 2.20). É importante, então,
que se diga, que este vinho não era o tirôsh ‘mosto’ como
muitos afirmam, mas o Yayin, dizer o contrário é afirmar que o
primeiro milagre de Jesus foi transformar água em suco.
Este primeiríssimo milagre de Jesus tem sido
completamente distorcido por inúmeros teólogos que tentam justificar sua ideia
religiosa, de que não poderia Jesus transformar água em vinho, pois isso
estaria estimulando os convidados à bebedice, o que não se coadunaria com a
santidade de Jesus. O texto não se refere a vinho novo ou suco, pois o vinho
bom, o melhor, sempre foi considerado o velho, Jesus mesmo o considera como melhor
(Lc 5.39).
3. Advertência quanto ao uso do vinho. É bem possível que Nadabe e Abiú tenham entrado no lugar santo do
Tabernáculo sob o efeito do álcool. E, sem qualquer temor ou reverência a Deus,
apresentaram fogo estranho no altar divino. Logo após a morte de ambos, o
Senhor fez séria advertência a Arão: “Vinho ou bebida forte tu e teus filhos
contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não
morrais” (Lv 10.9). Tal aviso serviu para que, no futuro, tragédias como essa não
viessem a ocorrer. Por isso, o Senhor proibiu incisivamente, a partir daquele
momento, a ingestão de vinho e de bebidas fortes no ofício sagrado. Aos
desobedientes, a punição seria a morte.
É importante frisar, outra vez, que a proibição
aqui é restrita ao ofício sagrado, isto é, os levitas que estivessem
dispensados dele, poderiam usufruir do fruto da vide. "E falou o SENHOR
a Arão, dizendo: Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos
contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que
não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações; E para fazer
diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, E para ensinar
aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado por meio
de Moisés." (Lv 10.8-11)
Esse mandamento possuía alguns objetivos:
a. Para que Deus não os mate.
b. Trata-se de um mandamento perpétuo.
c. Para que possam determinar a diferença entre o santo e o profano.
d. Para que possam determinar a diferença entre o limpo e o imundo.
e. Para que possam ensinar o que Deus disse.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Advertência aos
sacerdotes (Lv 10. 8-11)
Pelo fato de Arão ter sido muito obediente ao que
Deus lhe dizia, por intermédio de Moisés, agora Deus lhe dá a honra de falar
consigo diretamente (v. 8): ‘E falou o Senhor a Arão’, possivelmente porque o
que seria dito agora poderia ser mal interpretado se dito por Moisés, como se
Moisés suspeitasse de que Arão era glutão e beberrão, pois somos capazes de
interpretar advertências como acusações. Por isso disse diretamente a Arão:
‘Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes
na tenda da congregação, para que não morrais’, v. 9. Provavelmente eles tinham
visto o mau resultado disto em Nadabe e Abiú, e por isto deviam ser avisados
através do exemplo deles. Observe aqui: 1) A proibição, propriamente dita:
‘Vinho ou bebida forte [...] não bebereis’. Alguns entendem que talvez em
alguma outra ocasião tivessem permissão de beber (não se esperava que cada
sacerdote fosse um nazireu), mas durante o período do seu serviço isto lhe era
proibido. Esta era uma das leis no templo de Ezequias (Ez 44.21), e desta
maneira é exigido, dos ministros do Evangelho, que não sejam dados ao vinho, 1
Timóteo 3.3. Observe que a embriaguez é ruim para qualquer pessoa, mas é
especialmente escandalosa e perniciosa nos ministros, que, dentre todos os
homens, devem ter as mentes mais esclarecidas e os corações puros” (HENRY,
Matthew. Comentário Bíblico Antigo
Testamento: Gênesis a Deuteronômio. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.
384).
III. MINISTROS
CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO
Tendo em vista os exemplos lamentáveis e
vergonhosos da História Sagrada, o Novo Testamento faz-nos severas advertências
quanto ao uso do vinho.
1. Recomendações aos ministros. O candidato ao Santo Ministério, na Igreja Primitiva, não podia
ser um homem escravizado pelo vinho (1Tm 3.3,8; Tt 1.7). Não se pode confiar o
rebanho de Jesus Cristo a alguém dominado pela embriaguez. Quem governa tem de
abster-se das bebidas alcoólicas (Pv 31.4).
“É necessário, portanto, que o bispo seja
irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto,
hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho” (1Tm
3.2-3); “Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como
despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho”
(Tt 1.7). Esta qualificação aparece nos dois textos. O termo grego é um só (paroinos, Strongs -
dado ao vinho, bêbado) e identifica uma pessoa que tem uma relação especial,
idolátrica e de dependência com o vinho – um viciado. Segundo D. A. Carson, “isso
não significa só estar livre de embriaguez, mas também livre da dependência. O
servo de Jesus Cristo não deve ser escravo de qualquer outra coisa”.
2. Recomendações à Igreja. A recomendação quanto aos prejuízos decorrentes do vinho não se limita
aos ministros do Evangelho. Ela diz respeito, também, a toda a Igreja.
Portanto, que o verdadeiro cristão, afastando-se do vinho, busque a plenitude
do Espírito Santo (Ef 5.18). A embriaguez não é um mero adorno cultural; é algo
sério que tem ocasionado graves transtornos à Igreja de Cristo.
O abuso do vinho e da bebida forte é condenado em
Provérbios 20.1; 23.29-35. Embora a total abstinência não seja exigida
literalmente, há uma situação na qual se requer moderação; por exemplo, quando
a ingestão de vinho ofenderia um irmão mais fraco ou levaria a tropeço (Rm
14.21). Essa é a principal consideração que leva muitos cristãos a se absterem
completamente do álcool. E é essa questão cultural de que “crente” não bebe que
deve ser levada em conta no momento de exigir-se a abstinência, não o perverter
textos ou interpretá-los a bel prazer com o pretexto de impor esta regra à
comunidade. Temos que ser sinceros, o uso de bebida alcoólica não é condenado
nas escrituras, mas ele tem potencial para tornar-se facilmente um ídolo. Por
este motivo é importante a abstinência, sem no entanto, afirmar que a abstinência
é exigida. Em Efésios 5.18, não parece à primeira vista que Paulo esteja
proibindo os irmãos de beberem vinho em si, embora a abstinência seja uma boa
disciplina contra a possibilidade da embriaguez. Ele faz aqui, primeiramente,
uma comparação rasa e superficial entre a embriaguez e a plenitude; entendemos
assim que uma pessoa embriagada estará sob o domínio do álcool, assim como uma
pessoa cheia do Espírito Santo estará dominada pelo Espírito. Outro contraste
muito interessante é quando entendemos que a embriaguez conduz à dissolução, à
vergonha, ao vexame, à destruição dos vínculos, entre outras, a plenitude do
Espírito leva à uma vida de bem aventurança, equilíbrio, glorificação ao nome
de Deus, a ser um instrumento nas mãos de Deus para abençoar a sociedade e o
mundo.
3. Ministros usados pelo Espírito Santo. No dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi generosamente derramado
sobre os discípulos (At 2.1-4). De início, eles foram tidos como bêbados (At
2.13). Mas, após o sermão de Pedro, todos vieram a conscientizar-se de que eles
falavam e operavam no poder de Deus (At 2.40,41). Na sequência de Atos,
deparamo-nos com os apóstolos e discípulos proclamando o Evangelho sempre no
poder do Espírito Santo (At 4.8,31; 7.55; 13.9,10).
Confundidos com pessoas embriagadas (o grego
original acrescenta “com vinho doce”, ainda em processo de fermentação),
sendo aquele momento, como diz o texto, a terceira hora do dia, cerca das nove
horas da manhã.
"Os capítulos iniciais do Livro de Atos
definem os alicerces do explosivo crescimento da jovem igreja. Por cerca de
quarenta dias os discípulos foram ensinados, por Jesus, sobre o Reino de Deus e
sua responsabilidade de difundir a mensagem de Jesus até aos confins da
terra" (1.1-8). A ascensão visível de Cristo ao céu foi seguida por um breve
período de espera, durante o qual os discípulos escolheram um fiel seguidor de
Jesus para assumir o lugar de Judas Iscariotes (1.9-26). Esta espera terminou
no dia de Pentecostes.
Os primeiros capítulos de Atos apresentam os temas
que percorrem todas as epístolas do Novo Testamento, e são vitais para nós
hoje. O primeiro tema é o Espírito Santo. Sua vinda inaugura a igreja. O
segundo tema é a evangelização. Os primeiros cristãos são levados a proclamarem
o Senhor [...]. O terceiro motivo é a comunhão. Os membros da jovem igreja são
unidos por comprometimento compartilhado com Jesus. Eles adoram, estudam,
repartem e oram juntos, em unidade que inspira profundo carinho de uns pelos
outros. Embora devamos encarar o Livro de Atos como documento descritivo que
retrata o que aconteceu no século I, em lugar de encará-Io como um documento
prescritivo que nos instrui sobre como devemos viver hoje, estes três temas nos
lembram de como dependência do Espírito, paixão pela evangelização e
comprometimento com a comunhão são vitais para qualquer pessoa que procure
seguir a Jesus Cristo em nossa época"(RICHARDS, Lawrence O.
Comentário Histórico-Cultural, do Novo Testamento. 1. ed. Rio de, Janeiro:
CPAD. 2007. pp. 251-2).
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Ser um líder na igreja
“1 Tm 3.1 – Ser um líder da igreja (‘bispo’) é uma grande
responsabilidade, porque a igreja pertence ao Deus vivo. A palavra bispo pode
ser uma referência a um pastor, a um líder da igreja, ou a um supervisor. É bom
desejar ser um líder espiritual, mas os padrões são elevados. Aqui, Paulo
enumera algumas qualificações. Os líderes da igreja não devem ser escolhidos
por serem populares, nem devem ter condições de procurar progredir até o topo.
Em vez disso, eles devem ser escolhidos pela igreja por causa do seu respeito
pela verdade, tanto no tocante àquilo em que creem como à maneira como vivem.
Você tem uma posição de liderança espiritual, ou você gostaria de ser um líder,
um dia? Compare-se com o padrão da excelência de Paulo. Os que tem grandes
responsabilidades devem atender elevadas expectativas” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2015, p. 1752).
CONCLUSÃO
Quanto ao uso do vinho, sigamos o exemplo dos
recabitas. Voluntariamente, abstinham-se de qualquer bebida forte para que a
aliança de seus ancestrais permanecesse firme (Jr 35.6-10). E, por causa de sua
fidelidade, foram honrados pelo Senhor. Portanto, fujamos das bebidas
alcoólicas e de outros vícios igualmente graves, a fim de que possamos
ministrar ao Senhor com todo zelo e cuidado. Deus não mudou. Lembremo-nos de
Nadabe e Abiú.
Os recabitas eram um clã dos queneus. Este povo se
juntou aos hebreus em sua caminhada para a terra de Canaã. Um de seus
descendentes, Jonadabe trabalhou com Jeú, quando esse rei se empenhou na
destruição dos seguidores de Baal em Israel. Jonadabe convocou seus
descendentes a um novo tipo de vida, exortando seu clã para conservar uma vida
simples, sem consumo de bebida alcoólica, sem edificar casas. Este povo foi
exemplo a Jeremias e Israel por sua fidelidade ao seu antepassado, recusando
beber vinho. Apesar de não haver proibição nas Escrituras, o cristão deve
abster-se de bebidas alcoólicas por diversos fatores:
- Antecedentes Bíblicos (Gn 9.20-25)
- Consagração a Deus (Nm 6.1-4)
- Excelência ministerial (Lv 10.8-11)
- Carnalidade (Pv 20.1; Gl 5.19-21)
- Decência (Pv 23.29-35)
- Dependência (1Co 3.16,17)
- Exemplo (2Co 6.3,4)
- Consciência (Hb 4.13; 13.17; Rm 14.11-13).
Vale ressaltar que o autor do artigo-estudo
define-se hoje como um abstêmio não fazendo uso de qualquer bebida alcoólica,
inclusive o vinho fermentado, em qualquer graduação alcoólica, em qualquer
lugar e por qualquer justificativa ou pretexto de ordem social, terapêutica ou
religiosa. Outros textos para leitura e reflexão: Isaías 5.11,22 / Isaías
28.1-7 / Oséias 4.11 / Efésios 5.18 (Extraído do sitehttp://cristianismocomcristo.blogspot.com.br)
“Achando-se as tuas palavras, logo as
comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo
teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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